Crise Global vista como
um furacão que se aproxima:
A
uma análise das três frentes que
convergem para sua formação.
Versão em português de uma apresentação
muito interessante de Paul Chefurka.
http://www.paulchefurka.ca (janeiro, 2008).
Tradução: Enrique Ortega (março, 2008).1
Convergindo para a crise
Ecologia, Energia, Economia
2
Em 1970, Jay W. Forrester do Grupo
de Dinâmica de Sistemas do Instituto
Tecnológico de Massachussets (MIT)
apresentou em uma reunião um
modelo de simulação do planeta que
mostrava as interações entre seus
principais componentes e explicou
como a modelagem em computador
permitiria prever o comportamento do
sistema.
Essa apresentação levou a realização do projeto “A
Problemática da Humanidade”, desenvolvido pelo
grupo de pesquisa do MIT, sob a direção de
Dennis Meadows e o patrocínio do Clube de Roma. 3
4
Flow of political, economic and military pressures
Investiment
X
Local
Pop
Industrial
Capital
Depreciation
Minerals
Genetic
information
Forests
Source
Other
Water
geological eras
photosynthesis
Preserved
Ecosystems
Capital
Flow of natural
resources to
industry
Military
Expenditures
Industrial
Output
Environmental
services
Pollution
Average
Lifetime
Agric
Capital
Food
Health +
Education
Source
Agroecological
Systems
Goods
Flow of natural resources and services to
agro-industry and cities
Chemical
agriculture
and agroindustry
Goods
Growth
Services
Population
Births
Deaths
Decay
O mesmo desenho usando a metodologia dos diagramas sistêmicos de
fluxos de energia, materiais e informação de H. T. Odum (1994, 1996).
http://www.unicamp.br/fea/ortega/creta/HTObooks.htm
5
O diagrama ilustra as complicadas inter-relações
entre 19 elementos do modelo. Ainda que o modelo
seja uma “simplificação do mundo” ele coloca “que
os principais problemas globais tem raízes num
conjunto simples de interações.”
Os resultados foram publicados no livro
Os Limites do Crescimento.
6
Nos encontramos aqui!
Os gráficos obtidos nas simulações predizem o que iria a
ocorrer se continuassem a crescer exponencialmente o uso
de recursos naturais, a industria, a produção de alimentos
por via química, a degradação do ambiente e a população.
7
O livro conclui dizendo que o crescimento
por si mesmo causa problemas e que por
tanto o desenvolvimento humano é limitado.
Na raiz dos problemas humanos esta a
crença (daqueles que estão no poder) de
que “o crescimento é a solução”.
De acordo com eles, tudo tem que crescer
sempre: infra-estrutura, energia, população,
produção, exportações e consumo.
Não haveria limites para o crescimento. Um
conceito que contradiz a ciência (Ecologia).
8
A versão mais recente do livro foi
publicada em 2004 com o título
Limits to Growth: The 30-Year
Update em português Limites do
Crescimento: a atualização de 30
anos.
Donnella Meadows, Jorgen
Randers e Dennis Meadows
após atualizar os dados e
aprimorar a análise
confirmaram os resultados já
apontados na versão original.
http://www.qualitymark.com.br/product.aspx?product_id=9788573037364
9
As soluções adotadas pela comunidade
internacional que toma decisões (as elites
dos países ocidentais do Hemisfério Norte)
geraram os problemas globais, afetam toda a
humanidade e as outras espécies.
Como os sistemas se entrelaçam, ao tentar
solucionar o problema de um grupo humano
se afetam de forma indesejada outros grupos
humanos e as espécies de outros sistemas. 10
O furacão que se aproxima tem três forças
(ou frentes) principais convergindo:
• O colapso ecológico, originado pela
depleção dos recursos naturais e a
mudança do clima global.
• A falta de energia, devido ao
esgotamento do petróleo e do gás.
• A perda da estabilidade econômica
provocada pela dívida norte-americana e
um complexo e insustentável sistema
financeiro internacional.
11
A seguir se examina a crise e se discute como os
indivíduos e as comunidades podem responder.
12
O problema ecológico é causado pelo estilo
de vida da civilização ocidental que se
caracteriza pelo consumo excessivo de
produtos industriais (produzidos a partir do
petróleo) que geram uma imensa massa de
resíduos sólidos, líquidos e gasosos.
Um modelo de desenvolvimento se torna
insustentável quando o ritmo das atividades
humanas é tão rápido que os processos
naturais não conseguem absorver o impacto
produzido - por falta de área de ecossistemas
preservados e tempo de recuperação.
13
E os sistema econômico global continua
crescendo intensamente utilizando os
recursos não renováveis como fonte
principal de energia e materiais.
Os processos dos ecossistemas naturais já
sobrecarregados ainda têm que lidar com
mais resíduos, tais como o CO2, os
escorrimentos dos jazidas minerais e dos
processos da mineração, os resíduos das
industrias e dos aterros, etc.
14
Usamos o termo Ecologia em lugar de “Meio
Ambiente” de forma proposital, pois em vez de
pensar o entorno do ser humano, a visão
ecológica o coloca como uma componente ativo
da Biosfera: membro de uma rede de vida interdependente.
Nossas ações têm conseqüências maiores do
que imaginamos, longe de afetar apenas a
qualidade do ar, da água e da terra que usamos
estamos afetando outras espécies que fazem
parte da rede de sustentação da vida no planeta.
A extrapolação dessa tendência nociva pode
colocar a vida humana em risco de extinção.
15
16
Hoje a população mundial está ciente de
que o caos climático é a ameaça mais
importante ao ser humano.
O aquecimento global era visto como uma
ameaça de longo prazo, porém as
pesquisas recentes indicam que o clima
global pode mudar dramaticamente em
uma ou duas décadas. O CO2 atmosférico
já chegou a 394 ppm.
17
As mudanças climáticas se intensificarão
e afetarão com maior força aos outros
problemas globais que se tornarão mais
difíceis de resolver.
Al Gore disse no Foro Econômico Mundial
em Davos que o mais recente relatório do
IPCC da ONU era excessivamente
otimista. Ele informou que a taxa de
mudança real é muito mais rápida do que
as a maioria de projeções pessimistas
previam.
18
O Ártico some!
Esta acontecendo mas rápido do que o esperado 19
Nos últimos dois anos a calota de gelo do Ártico
perdeu uma área equivalente a duas vezes o
tamanho da França.
O Oceano Ártico pode ficar sem gelo no verão em
2015. Os cientistas climáticos esperavam que isto
viesse a ocorrer em 2040 ou 2050.
A Antártica está perdendo grandes volumes de
gelo. O desgarramento de glaciares está
aumentando dramaticamente devido a lubrificação
pela água derretida.
As geleiras das cordilheiras (fontes de água) estão
entre os sistemas mais afetados. Por exemplo:
o planalto tibetano e os Andes.
20
21
Nos oceanos, desde 1950, o número de peixes
caiu 90%. E 90% de todas as espécies de peixe
poderão desaparecer antes de 2050.
Os estoques de bacalhau do Norte do Canadá
caíram 99% em 25 anos até a moratória de 1992 e
não mostram sinais de recuperação após 15 anos.
O problema é sobre-pesca.
Estamos comendo tudo o que se produz nos
oceanos. E não se trata apenas de peixes: a morte
dos recifes de coral no mundo inteiro indica que
estamos destruindo os oceanos. E eles não se
recuperarão se continuarmos a usá-los, ao mesmo
tempo, como deposito de lixo e uma despensa que
se usa sem mesura.
22
23
Nós estamos vivendo no meio de uma
grande extinção. Os biólogos estão
chamando a este fenômeno como a
“Extinção da era geológica do Antropoceno”.
A humanidade tem reduzido biodiversidade
e causando extinções durante dezenas de
milênios. Esse comportamento aumento
muito depois do descobrimento da
agricultura, e se acelerou com o advento de
combustíveis fósseis.
24
As espécies estão agora se extinguindo
mais rapidamente que durante as prévias
cinco Grandes Extinções – a uma taxa 1000
vezes mais rápida que o esperado.
Nós estamos emitindo dióxido de carbono
10 vezes mais rápido que uma das maiores
erupções vulcânicas conhecidas – que 65
milhões de anos atrás participaram do
evento de extinção do Cretáceo - Terciário.
25
A poluição se difunde em todas partes
26
O mundo está com um problema ecológico
provocado pelo homem. Ficamos sabendo dos
problemas ambientais através de várias fontes:
• Vários livros, entre eles “Primavera Silenciosa” de
Rachel Carson, as notícias de jornal sobre
chuvas ácidas, o derramamento de petróleo do
barco cargueiro Exxon Valdez.
• No caso do Canadá, o país enfrenta um
problema de poluição crescente devido ao
processamento do piche.
• A visível poluição da água, assim como o lixo
abundante jogado na terra e no mar (resíduos de
plástico jogados em todas partes).
27
28
O mundo perde 150,000 quilômetros
quadrados de área agrícola anualmente,
em função da urbanização, desmatamento
e desertificação.
Esse valor corresponde a mais de
15,000,000 de quarteirões cada ano.
Um bilhão das pessoas em 110 países são
afetadas pela desertificação.
29
30
Desde o fim da segunda Guerra mundial, um
terço da terra agrícola foi danificada pela
ação dos produtos químicos tóxicos sobre a
micro-biota e na estrutura do solo.
A fertilidade do solo é a metade do que era
cem anos atrás.
Os aqüíferos estão sendo drenados 100
vezes mais rápido do que sua taxa de
recarga por percolação pois os agricultores
perfuram milhões de poços de água usando
a tecnologia dos poços de petróleo.
31
As Mudanças Climáticas aumentarão a
magnitude e concentração dos fenômenos
climáticos (secas e inundações variáveis).
Já estamos observando esses fenômenos,
os quais piorarão nos próximos anos.
O aumento da produção de biocombustíveis
(etanol a partir de milho ou materiais
celulósicos) acelerará o processo de falta de
água e terra e a poluição do ar, do solo e da
água.
32
33
Em 1986, os estoques mundiais de grão
garantiam 30 dias de consumo, hoje
somente 53 dias. A provisão de grãos per
habitante no mundo caiu de 340 kg em
1984 a 300 kg hoje.
Após uma etapa de maximização do
rendimento na produção de grãos, a
Mudança Climática está diminuendo a
produtividade, e o uso de milho para etanol
está reduzindo a disponibilidade desse grão
para a alimentação humana e animal.
34
As Nações Unidas, através da FAO,
advertem sobre a falta de comida
potencialmente catastrófica na África
dentro de 15 anos.
A realidade atual indica que Thomas
Malthus tinha motivos suficientes para
estar preocupado.
35
36
A capacidade de suporte é a população que
um ambiente pode sustentar sem degradarse. Quando a população está abaixo desse
patamar tende a aumentar; se a população
estiver acima da capacidade de suporte é
compelida a diminuir.
O fenômeno de excesso de crescimento
(“overshooting”) ocorre quando a população
excede a capacidade de suporte. Uma
situação deste tipo degrada o meio ambiente
o que faz diminuir ainda mais a capacidade
de suporte.
37
Se nessa situação a população se mantém
(ou cresce) ocorre erosão do meio e se reduz
a capacidade de suporte. Um “overshoot”
prolongado pode causar um colapso.
O fato da Mudança Climática estar sendo
causada pelo CO2 mobilizado pelo homem é
uma prova de que estamos em situação de
excesso de crescimento (de 25% a 100%).
Esse “overshoot” foi conseguido uso maciço
do petróleo.
38
39
Resiliência = poder de recuperação = capacidade de
absorver impactos.
Ao crescer os sistemas aumentam sua produtividade,
primeiro se expandindo, depois se tornando mais
complexos, finalmente eliminando elementos
redundantes (diversidade). Depois muitos colapsam.
Como a resiliência é uma função de diversidade,
quando os sistemas perdem a diversidade eles
perdem também a capacidade de recuperação.
Nesse caso, os impactos que sofrem causam
quebras de funcionamento que se transmitem por
todo o sistema (não são amortecidas no local de
impacto).
40
Imagine um sistema com biodiversidade com vários
mecanismos de ação atuando em paralelo, se um
falha os outros o substituem. A diversidade gera
robustez e flexibilidade. Os impactos são
amortecidos por vários mecanismos.
Se por uma decisão econômica desaparece a
biodiversidade e se estabelece a monocultura ocorre
degradação e o sistema se torna frágil.
Sem rotas alternativas, as transformações biológicas
diminuem e os serviços ecossistêmicos se perdem.
Processos indesejados como a criminalidade e o
tráfico de drogas aparecem e a população emigra.
A civilização industrial é o maior, mais produtivo,
mais dependente (insustentável) e mais complexo
sistema já visto na Terra.
41
Como se perde a resiliência?
Tudo aquilo considerado como uma qualidade na
indústria constitui uma fragilidade ecológica, como:
• A agricultura feita em monocultura,
• Os procedimentos “on time”,
• A distribuição das manufaturas pelo mundo todo,
• O frenesi de atividades econômicas.
42
A noticia da primeira página é que o preço do barril
de petróleo ultrapassou US $100.
O que está atrás dessa manchete?
43
Quais são as implicações para o futuro?
44
45
A energia é o que permite o crescimento
da população e da atividade econômica.
Usamos para crescer a energia mecânica, a
térmica, a elétrica e também a energia da
água e da comida (calórica, funcional e
nutricional).
As energias básicas da atual civilização são:
petróleo, gás e eletricidade.
46
Hoje a energia renovável
fornece menos de 1% do
consumo de energia da
47
civilização industrial.
48
49
Esse volume de energia de petróleo corresponde a:
• 300 hidroelétricas gigantes;
• 6,000 usinas termoelétricas;
• 6,000,000 turbinas de vento, ou
• 100,000,000,000 painéis solares.
Um barril de petróleo contém energia equivalente a
20,000 horas de trabalho humano (dez anos de 250
dias de 8 horas de trabalho por dia).
O consumo mundial anual de petróleo (85 milhões
de barris) equivale ao trabalho de 200 bilhões de
seres humanos! 30 vezes a população mundial!
50
51
A eletricidade não consegue substituir ao
petróleo em todos os seus usos. O petróleo
é o recurso fundamental de nossa
civilização.
Tudo que o que é feito na civilização
industrial depende, diretamente ou
indiretamente, da disponibilidade de
petróleo barato.
52
53
A curva da taxa de extração de um campo
petroleiro com o decorrer do tempo apresenta
uma forma de sino.
A extração, pequena no início, aumenta ao se
melhorar a infra-estrutura e ao melhorar a
capacitação e a tecnologia de extração, até
chegar a um máximo e depois diminui e
termina.
A taxa de extração mostra uma inflexão
depois que a metade do recurso foi extraído.
Isto se aplica a todos aos poços de extração
de petróleo, aos países e ao mundo.
54
O fenômeno do Pico na Extração de Petróleo
(“Peak Oil”) é um problema que surge
quando foi usada a metade da reserva e
aparece a taxa de fluxo decrescente.
Para manter a civilização funcionando, é
preciso providenciar uma certa quantia de
petróleo todo dia. Ocorre que essa quantia
é imensa! Não é o tamanho do tanque que
importa, é o tamanho da abertura da torneira.
Nós já usamos a metade do petróleo
disponível no mundo!.
55
Todos os poços de petróleo apresentam
um pico de produção
Note como todas as taxas de produção recuam depois de atingir
o máximo. O princípio subjacente do “Peak Oil” é que o mundo
crescerá até atingir o máximo de produção, depois entrará em um
56
processo de declínio permanente.
O consumo já é maior que
as reservas descobertas
57
As descobertas de petróleo tiveram um pico 40 anos
atrás. Desde 1985 o consumo de petróleo é maior
58
que o achado.
O petróleo tem sido explorado quase
completamente, é improvável que sejam
descobertas jazidas com petróleo suficiente
para acompanhar o consumo.
Hoje se consumem 5 barris por cada barril
descoberto.
59
O Pico de extração está ocorrendo!
60
61
Especialistas destacados da indústria do petróleo
tais como Matthew Simmons, T. Boone Pickens,
Samsam Bakhtiari, Ken Deffeyes acreditam que
o pico na extração de petróleo já aconteceu.
A produção de petróleo cru tem se mantido no
mesmo patamar nos últimos dois anos. Algumas
das regiões produtoras de petróleo (EUA, México,
Mar do Norte) estão em declínio agudo.
Como nenhuma nação produtora de petróleo diz a
verdade sobre sua produção e suas reservas é
difícil ter certeza do pico de petróleo. Saberemos
que aconteceu dois ou três anos depois do evento.
62
A questão da energia líquida ou neta
63
Ao subir o preço do petróleo a economia dos países
exportadores crescerá assim como seu consumo
interno. Os governos desses países tendem a
satisfazer primeiro a demanda doméstica e exportar
o remanescente. Quando sua produção comece a
diminuir, as exportações cairão rapidamente.
Embora a produção se reduza, não cairá a zero e
as exportações vão cessar num dado momento.
Existem sinais que isto já está ocorrendo: China
está deixando de comprar no mercado livre para
estabelecer contratos de compra de longo prazo
com os provedores.
64
O mercado mundial de petróleo pode ficar sem
produto em 2030.
A falta de petróleo afetará os importadores
importantes como a Europa e os EUA que
estão procurando o fornecimento de suas
necessidades de energia em Canadá. Isso
significa mais pressão.
Que classe de pressão?
A princípio política, depois econômica,
finalmente militar através do exército norteamericano.
65
Biocombustíveis: pouca energia líquida,
competem com a produção de alimentos, trabalho
escravo, poluição, emissão de gases de efeito estufa.
Carvão convertido em líquidos: poluição, escala
de produção.
Hidrogênio: não é uma energia primária é obtido
a partir do gás natural, que já está em declínio.
Eletricidade: uma redução de 4% na produção de
petróleo = 250,000 turbinas de vento?
Todas estas opções apresentam graves problemas
com escala de produção, margem de tempo para
implementar as soluções, subsídios, infra-estrutura
necessária e conseqüências ambientais.
66
Milhões de barris
A era do petróleo
A era do petróleo será breve.
Completou 100 anos e levara
50 anos para acabar.
Não ficaremos completamente
“sem petróleo”, pois ao ficar
escasso ele se tornará caro,
excessivamente caro.
Anos DC
67
A Economia supõe que o crescimento perpétuo
é possível. O crescimento vai até certo limite.
68
A economia do mundo é instável
69
Para atender a demanda contínua de energia e
materiais para o crescimento do sistema capitalista
o mundo financeiro criou um sistema altamente
complexo de crédito e dívida cuja situação é
insustentável. A dívida dos EUA está em um nível
máximo, algo nunca antes visto.
Derivados: são instrumentos financeiros que
derivam seu valor de um recurso subjacente (por
exemplo: um conjunto de hipotecas). Eles são
ações com valores virtuais que superestimam
excessivamente o valor do recurso subjacente. O
valor da produção mundial bruta (GDP) é 65
trilhões dólares, mas o mercado dos derivativos
tem um valor nominal de 750 trilhões de dólares!
70
Existe um problema com as reservas dos bancos
dos EUA: a partir de 16 de janeiro de 2008, a
quota de 10% do empréstimo que os bancos
teriam que manter disponível (a mão) deve ser
conseguida através de um empréstimo solicitado a
Reserva Federal (o banco central americano).
O mercado de valores está no início de uma
reorganização maciça (queda da bolsa).
Como o mecanismo financeiro dos EUA se
espalhou pelo mundo, se torna cada vez mais
provável uma depressão global. A economia daqui
a 10 anos dificilmente se assemelhará a atual.
71
A economia modela a sociedade
72
A diferença entre ricos e pobres atingiu níveis
nunca antes vistos, e continua aumentando.
A diferença da renda per capita entre países
ricos e pobres é de 30:1.
O número de estados falidos cresce: Zimbábue,
Coréia do Norte, Haiti, Sudão, Nigéria, Chade,
Iraque, Congo, Afeganistão, Somália, Bangladesh,
Uganda, Egito, Mianmar, Paquistão, Uzbequistão.
Nesses países surgem violentos conflitos religiosos
e culturais. A população sofre com o aumento dos
preços mundiais de comida e energia.
Neste momento há 33 milhões de refugiados sob
proteção da ONU. Esse número aumentará
dramaticamente nas próximas duas décadas.
73
Todos os problemas estão interligados.
Pico de extração = + carvão = + caos climático;
Caos climático = secas e alagamentos =
declínio da produção agrícola;
Declínio da produção agrícola =
+ terra aberta para agricultura = desertificação e perda
de biodiversidade + CO2 das queimadas;
+ terra para a agricultura = + produtos industriais + N2O
Declínio da economia = + uso de carvão = + poluição.
74
Podemos prevenir
a crise convergente?
Podemos fazer recuar as marés do Caos Climático?
Podemos achar alternativas para o petróleo?
Podemos re-estruturar a economia mundial?
75
Podemos mudar os caminhos?
• As tendências naturais de consumir, competir e
reproduzir são incentivadas e reforçadas pelas
instituições sociais e políticas;
• Os indivíduos e os grupos pequenos reagirão
antes, os grupos grandes não;
• Os políticos necessitam ser eleitos por grupos
grandes que apresentam muita inércia; portanto
não espere nada deles.
76
O comportamento humano é influenciado por
imperativos genéticos resultantes de sua evolução:
as forças psicológicas para reproduzir-se, consumir,
competir e buscar status, como também as
tendências para ajudar a família e aos membros da
tribo quando estão em apuros, e de cooperar com
aliados para obter sucesso na obtenção de
alimento e em competições grupais.
As instituições sociais, econômicas, políticas,
industriais e educacionais surgiram para dar suporte
aos anseios de estruturação hierárquica,
competição e crescimento em vez de atender os
anseios de cooperação, altruísmo e
77
sustentabilidade (interação positiva com a natureza).
Essas instituições têm como objetivo divulgar
os valores da competição, o crescimento e o
individualismo e conseguir que a maioria da
população os aprove e os incorpore.
Não é de seu interesse alterar esse
posicionamento. Elas lutarão até a morte para
ficar no comando da situação.
A população terá que se organizar para as
mudanças desejadas, ... como sempre!
78
Não há muito tempo para se preparar
• Os problemas estão ocorrendo hoje;
• Eles estão acontecendo mais rápido do que
estava sendo espertado;
• São piores que o previsto;
• Estarão no foco nos próximos 15 anos;
• Não podemos evitá-los, mas podemos nos
proteger deles. Como?
79
Como proteger-se do furacão:
O que podem fazer os cidadãos
e as comunidades
80
Os políticos eleitos pela via democrática
tradicional não tem condições de enfrentar
esta crise.
Explicação:
Os líderes são eleitos por grupos com
interesses convencionais.
Caso os políticos passem a se interessar
em atender outros interesses eles devem
conseguir antes o consentimento dos
governados, senão serão eliminados por
discordância e resistência de seu eleitorado.
81
Na democracia as pessoas que discordam
não podem ser excluídas do debate, mas na
prática as idéias que propõem são abafadas
pela burocracia.
Ainda que os líderes entendam a gravidade
da crise global eles serão impotentes perante
a inércia do aparelho administrativo.
Alguns indivíduos com bastantes méritos
(como Al Gore) podem influir no debate, mas
tem pouca capacidade para alterar as coisas
porque eles atuam como indivíduos solitários,
estão fora dos corredores do poder.
82
Existem dois caminhos de ação efetiva:
1. Os autocratas que não dependem
do consentimento da sociedade;
2. Os grupos consensuais que autoselecionam seus integrantes tendo
como valores fundamentais o
altruísmo e a percepção crítica da
realidade (consciência).
83
Na consciência e na ação individual está a
base de toda mudança. Isolados os
indivíduos isolados têm pouca influência.
Para superar esse impasse, os indivíduos
capazes de pensamento crítico, diálogo
cooperativo e um pouco de conhecimento e
sabedoria podem (e devem) se integrar em
comunidades com interesses específicos.
84
Estas comunidades podem focar e amplificar
as ações de seus membros, porém é
importante reduzir os conflitos internos e as
vezes é preciso excluir pessoas que se opõem
as metas e aos métodos. Como resultado
algumas inovações podem ser realizadas, pelo
menos dentro da esfera de influência desses
grupos. Criam-se exemplos interessantes.
As comunidades pequenas (com menos de 150
pessoas) têm sido muitas vezes os pilares da
mudança da sociedade humana.
85
As dicas tradicionais:
• Troque as lâmpadas, melhore o isolamento térmico
• Adquira um gerador de células foto-elétricas
• Reduza, re-use, recicle, repare
• Evite o excesso de população
• Compre comida, bens e serviços locais
• Inicie seu jardim e horta
• Coma menos carne
• Não assuma dívidas
• Atue politicamente ou em comunidades locais
• Promova festas de rua (conheça seus vizinhos)
86
Um lugar: Kerala na Índia (30 milhões de pessoas)
Em 1957 um governo socialista progressista procurou
implementar uma reforma social mais do que uma reforma
econômica.
Resultados:
Fertilidade de 1,7 (não 2,9)
Mortalidade infantil de 12 em 1000 (não 64)
Expectativa de vida de 73 anos (não 64)
Alto nível de educação
Cuidados médicos excelentes
Valores sociais matriarcais
É uma prova de que é possível a coexistência de alta
qualidade de vida e baixo consumo.
87
As pessoas se preocupam com o fato da crise
reduzir a qualidade de vida e o padrão de consumo.
O estado indiano de Kerala é evidência que isto
não é inevitável. Com as políticas sociais
adequadas e comunidades fortes, a qualidade de
vida pode ser mantida ainda que a renda caia
substancialmente.
“O dinheiro não compra felicidade.” numerosos
estudos mostraram isso.
O convívio com a família, com a comunidade e
um bom sono reparador traz mais felicidade as
pessoas do que o dinheiro.
88
O movimento de todos
• Há no mundo dois milhões de grupos locais e
independentes de cidadãos, dedicados as
questões de justiça social e proteção do
ambiente;
• Denomina-se “o maior movimento social na
história do mundo”;
• Não é um movimento organizado;
• É a resposta natural aos problemas da sociedade
e da biosfera;
• São chamados “os anti-corpos de Gaia”.
89
O movimento já existe.
• Foi descrito por Paul Hawken em
seu livro “Bendito Desassossego”
(“Blessed Unrest”).
• Cada grupo trabalha em assuntos
locais de sua própria escolha.
• Estes grupos existem em toda
cidade e em cada país na Terra
não importa quão tirânica ou
democrática, rica ou pobre seja
esse sistema político.
90
O movimento:
• Não existe nenhuma organização ou
liderança global.
• Há lideres temporários e não “o líder”
dizendo o que fazer.
• Sua independência gera resiliência; sua
ampla distribuição significa que eles
sobreviverão aos tempos difíceis.
• Estão prontos para ser as sementes de
uma civilização sustentável nova, se tal
coisa é possível.
91
Porque é importante este movimento?
Ele possui resiliência e é fortemente matriarcal,
trabalha com os valores da sustentabilidade:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
Cooperação, não competição;
Nutrir e cultivar, não explorar predatoriamente;
Consenso, não hierarquia;
Reconhecer a interdependência;
Respeito pela vida dos outros;
Aceitação de limites;
Justiça universal.
92
• As pessoas que integram este movimento
passam a atuar como um coletivo.Eles
ajudam mitigar os problemas existentes.
• São a reserva de conhecimento para o
renascimento de uma civilização
verdadeiramente sustentável. Constituem
a melhor esperança da humanidade.
• E o que mais importante: todos podemos
fazer parte desse movimento
93
A rede: “Cidades em transição”
No Reino Unido, foi fundada uma rede que se
propõe buscar e integrar comunidades para
preparar-se para os câmbios que acompanharão
o Pico do Petróleo e as Mudanças Climáticas;
Trata-se de uma rede para compartilhar idéias e
técnicas adequadas para a transição a uma nova
etapa de vida com menos uso de combustíveis
fósseis. Encontra-se ainda no estágio de
formação e já conta com a adesão de 24
comunidades.
Colocou informações na internet a disposição do
público: www.transitiontowns.org
94
Uma filosofia: a Permacultura:
Uma teoria de desenho agro-ecológico;
• Práticas de agricultura sustentável;
• Expansão da biodiversidade;
• Redução do impacto ecológico;
• Integra as necessidades humanas com a
capacidade produtiva do ecossistema;
• Holística, com enfoque sistêmico, respeita limites;
• Um conjunto bem desenvolvido de princípios;
• Um conceito: paisagem alimentícia;
• Movimento mundial com grupos em Norte
América, Sul-América, Europa e Oceania.
95
Uma tecnologia: Terra Preta
O milagre do carvão:
Melhora a fertilidade do solo;
Seqüestra carvão;
Simples e capaz de aumento de
escala.
96
Precisa ser feito de material lenhoso, inclusive
plantas que crescem rapidamente como bambu.
Exige o cultivo de árvores, que são convertidas em
carvão. Parte desse carvão coloca-se na terra
onde as árvores cresceram para replantar novas
árvores. Esse método constitui um modo efetivo de
reduzir o gás carbônico na atmosfera.
Um hectare de terra pode isolar até 10 toneladas
de carbono na forma de carvão todo ano.
Isso reduziria as necessidades de fertilizante e
melhoraria os rendimentos da colheita. Tente fazer
isto em seu jardim junto com seu composto.
97
Terra Preta é o uso intencional de carvão no
solo para melhorar terras. Trata-se de uma
descoberta tecnológica surpreendente e
muito estimulante – melhor que os painéis
solares, melhor que as turbinas de vento,
muito melhor que soja geneticamente
modificada.
Terra preta ou terra preta de índio
significa “terra escura” em português. Se
refere a áreas de solo muito escuro e fértil,
achadas na Bacia Amazônica. Seu nome já
indica alto conteúdo de carvão.
98
O carvão fornece um ambiente hospitaleiro para
enorme número de micróbios e fungos que
melhoram a fertilidade da terra. Também age como
um melhorador de solo – ele é alcalino e com o
passar do tempo melhora a consistência da terra
agrícola.
Os solos de terra preta são 2 a 3 vezes mais
férteis que terra comum, sem a adição de
fertilizantes químicos. O carbono no carvão
permanece subterrâneo por milhares de anos.
Essa é a definição de “seqüestro de carbono”.
O carvão pode ser feito em qualquer escala,
desde um quintal até uma fábrica.
99
Uma economia: escambo e moedas locais
» Uma moeda local ou da comunidade:
Uma comunidade pode estabelecer seu próprio
médio de intercâmbio, isso permite a troca de bens
de forma mais ágil que a troca ou escambo;
» Escambo:
Bens e serviços são trocados diretamente.
É mais fácil de realizar no caso de trocas informais
entre duas pessoas, o consenso sobre o valor é
conseguido rapidamente.
» São legais mas não do gosto do governo.
100
As moedas locais e a economia de permutas
podem dar aos indivíduos e as comunidades
mais controle sobre suas próprias atividades
econômicas. Estes conceitos e procedimentos se
tornam extremamente importantes em tempos de
crise econômica. Os computadores e a Internet
podem facilitar sua adoção e administração.
Muitas moedas locais já existem (por exemplo: o
Dólar de Toronto) mas a maioria delas está
atrelada ao sistema monetário nacional.
Se os sistemas internacional e nacional falharem
então as moedas locais podem ser facilmente
desacopladas para funcionar sozinhas.
101
Uma estrutura social:
co-moradia
• As pessoas viveriam em pequenas comunidades;
• Elas necessitam de privacidade e coisas próprias;
• O grupo consegue obter energia e alimentos mais facilmente;
• “Cuidar das crianças exige a colaboração da vila inteira”.
102
A co-moradia tem características de vários
sistemas: das cooperativas, dos condomínios e
das comunidades.
Os membros decidem como se estruturarão, o
que o importante, os requisitos para a copropriedade.
As co-moradias são difíceis de começar, mas
pode fazer comunidades excelentes.
Um exemplo notável é a Eco-Aldeia EarthSong
na Nova Zelândia que conta com uma página
na Web: http://www.earthsong.org.nz/ .
103
Uma atitude: Eu ajudo
» Envolva-se: Seja um anti-corpo de Gaia
» Ultrapasse suas limitações!
» Amizade: Forme laços fortes com os demais;
» Junte-se: O trabalho em equipe rende mais;
» Utilize os recursos locais, conserve e recicle;
» Doe seu tempo livre. Evite o transporte.
» Organize-se para produzir parte de sua
alimentação e da energia que consume.
(E eles me ajudam!)
Um simples mnemônico faz
lembrar as coisas que devemos
pensar e fazer nos anos adiante.
104
Conclusões:
» A crise ecológica, da energia e da economia já
chegou, esta aqui;
» Precisamos nos adaptar as mudanças e nos
proteger de seus piores efeitos;
» Os políticos não poderão fazer os esforços
necessários com a rapidez necessária, na
magnitude necessária;
» A solução está no esforço dos indivíduos
conscientes e solidários e das comunidades.
105
Os Beatles escreveram a canção tema
para as próximas mudanças:
I can get it with a little help from my friends.
(Posso! .. com ajuda dos meus amigos).
Adaptação de uma apresentação de
Paul Chefurka, que mora em Ottawa
no Canadá. Ele tem um site:
http://www.paulchefurka.ca .
O e-mail dele é:
[email protected]
106
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