A história do filósofo Sylvain Clement
Ateu e desesperado, apareceulhe o seu anjo da guarda e
disse-lhe “segue-me”… Tudo
mudou na sua vida
Primeiro foi uma estranha aparição, logo descobriu a Eucaristia e mais tarde o
perdão. Do sem sentido, Sylvain Clement passou à fascinação pela Verdade.
Actualizado 30 de Junho de 2013
Javier Lozano / ReL
Que Deus pode aparecer às pessoas das maneiras mais insuspeitadas e nos
lugares mais estranhos é algo indubitável. Se não que o contem a Sylvain
Clement, um filósofo que viveu uma conversão radical vindo desde o ateísmo, o
desespero e o niilismo. Mas Deus aconteceu de maneira fulgurante e mudou-lhe o
coração e apesar de que no princípio resistiu uma vez que experimentou o
verdadeiro amor, a sua vida recobrou um sentido tal que nunca quis voltar ao
anterior.
O sem sentido na sua vida
A história começa em Setembro de 1994 quando este jovem tinha apenas 22
anos, idade suficiente para ter experimentado já o sem sentido da vida de tal
forma que até o suicídio rondava já a sua cabeça.
Sylvain caminhava pela basílica de Nossa Senhora de Longpont sur Orge
junto com a sua amiga Emmanuelle, a qual conheceu num centro para pessoas
inválidas no qual trabalharam juntos. “No fundo desejava percorrer um longo
caminho de vida juntos mas isto requeria um compromisso. Além disso, ela
tinha decidido, antes de nos conhecermos, retirar-se durante nove meses para
uma comunidade religiosa para pensar sobre uma possível vocação”.
“Este era o nosso passeio de despedida. Era um dos primeiros católicos que
conheci. Eu não acreditava em Deus nem no diabo – e para dizê-lo todo, não
acreditava nem na boa gente nem em mim mesmo -, empenhava-me em pôr-lhe
mil objecções ainda que fui tocado pela simplicidade da sua alegria e a
sinceridade da sua fé”, recorda Sylvain Clement em Famille Chretienne.
Qual é o sentido da vida?
Sem dúvida, sobre ele espreitavam muitos anos de desesperança. “Sobretudo,
nesse dia em mim manifestava-se a sombra do desespero que havia tido
durante anos. Estava absorvido pelo abismo do nada tal como um meteorito é
sugado por um buraco negro”.
O seu passado atormentava-a. Deste modo, recorda que “desde os 16 anos sem
descanso assaltavam-me as seguintes preguntas: qual é o sentido da minha
vida? Que fazer com ela? Porque merece a pena ser vivida? Porquê o
sofrimento? Essas perguntas chegavam-me até ao coração e à mente”.
Inclusive afirmava que a “morte me fascinava mais” e “meditava vagando nos
cemitérios”. Mas um facto começa a mudar-lhe um pouco a percepção da
vida. Foi o suicídio de um amigo. Nesse momento, este jovem francês dizia:
“não quero viver a médias, quero uma vida plena, que valha a pena de ter
sido vivida”. Mas o problema é que “não sei como”.
A busca na filosofia
Nesta busca sentia-se no meio de nenhuma parte pelo que tentou encontrar a
felicidade na sua mente. “Procurei entre os poetas e os filósofos, li dezenas de
livros. Este desejo de entender, esta procura de um sentido empurrou-me a fazer
Filosofia na Sorbonne". Ainda este caminho levou-o à decepção: "a filosofia se via
como um supermercado com as suas estantes, os ´grandes pensadores´, cada
um com o seu programa que tinha a chave de tudo. Mas, qual era a correcta?".
Neste sentido, Sylvain recorda que houve três autores que lhe chamaram
particularmente a atenção: Kant, Nietzsche e Freud. Com os seus escritos,
conta, "inteirei-me de que a verdade não é acessível, a procura é melhor
que o resultado. Cultivei a dúvida e a suspeita e caí no desespero do niilismo.
Tive a horrível experiência do vazio, um abismo parecia abrir-se debaixo dos
meus pés".
Tudo isto foi calando neste jovem que "inclusive cheguei a não crer no amor –
porque o amor está associado à verdade -. Se não existe, então, que é o
amor?". Por tudo isso, o amor não poderia ser outra coisa que "egoísmo
disfarçado".
Um anjo aparece-lhe
Com este sentimento e história voltamos ao passeio com Emmanuelle pela
basílica. Vão caminhando pelos seus maravilhosos passeios. Nesse momento
separam-se por diferentes passeios. E aqui chegou o estranho momento que
mudou a sua existência. “Passava diante de uma estátua do bispo Dionísio. E
de repente, vi no seu coração o rosto de um menino. Parecia um desses
anjos com o cabelo crespo. Esta cara voltou-se para mim e olhou-me como
dizendo ‘vem, segue-me’. Detive-me assombrado, voltei à estátua mas o
menino tinha desaparecido”.
Não conseguia explicar aquilo. Era uma alucinação? Não encontrava nenhuma
explicação racional para isso. Ao encontrar-se com Emmanuelle foi pressuroso
a contar-lhe o que se havia passado. “Passou-se algo que parece uma
loucura!”, disse-lhe. Ela, com alegria disse-lhe muito contente que era algo
“genial” pois “é o teu anjo da guarda”. O problema para Sylvain é que “não
acreditava nos anjos, nem sequer acreditava em Deus”, que foi o que lhe disse
quase zangado à sua jovem amiga.
“A palavra de Deus fala-me pessoalmente”
Depois disto, ambos sentaram-se num banco enquanto ela rezava em silêncio por
ele. No caminho de regresso, Sylvain começa a sentir-se mais ligeiro e ao
despedir-se da sua amiga, que ia fazer uma experiência no convento está triste
mas sereno. Sem sabê-lo, esse dia ia supor um ponto de inflexão na sua
vida.
Ele mesmo reconhece que desde aquele dia tudo foi muito rápido. No dia
seguinte desta “aparição” sentiu-se atraído a ir à igreja do seu bairro de Paris. “Eu
que não era baptizado, ia viver uma das primeiras missas da minha vida. A
palavra de Deus fala-me a mim pessoalmente. Tinha a impressão de que os
meus ouvidos se abrem. As palavras do sacerdote também me tocavam. Não
assistia à missa, vivi-a”.
Experimenta algo que nunca havia tido. “Chega a mim a paz, se impõe em mim
uma doçura”. De facto, conta que nesse momento “pela primeira vez estou
bem”. E o que mais incomodava este jovem é que essa paz “não vinha de mim”
e “fazia-me livre”. Ele que procurava tudo isto com a sua cabeça e a sua razão
o tinha encontrado de repente “convertido na Presença de Deus”.
Redescobrir o perdão
“Que semana!”, pensava Sylvain. “Em poucos dias: uma cara de menino
aparece no coração de uma estátua de um bispo; uma hóstia que oculta
uma Presença inaudita; no dia seguinte umas lágrimas vindas das
profundidades relendo cartas dos meus pais; dois dias depois, um perdão
libertador e que pacifica descobrindo a confissão…”.
Apesar disto, a luta durante a sua conversão foi grande. “Conheci o combate
real”, afirma. “Não é fácil porque o adversário não gosta que se
renuncie a um caminho de morte para ir ao de Deus”.
Mas esse grande dia chegou. “Fui baptizado na Igreja Católica em Pentecostes de
1995. Dia de júbilo e de vitória”. A sua vida se iniciou também aí. “Sobre esta
pedra construí a minha vida” e começa a tomar decisões na sua vida de acordo
com esta vida. Casou-se com Emmanuelle, teve três filhos e no final dos seus
estudos de filosofia serviram-lhe para partilhar classe e mostrar a beleza da união
entre fé e razão.
“Na Igreja encontrei-me com Cristo vivo e descobri surpreendido o Deus dos
Evangelhos, que nos ama e quer salvar a todos os homens. Tenho muitas
razões para dizer ‘graças’ a Aquele que me salvou do desespero e a
eternidade não seria suficiente para dar-lhe graças”.
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Ateu e desesperado, apareceu- lhe o seu anjo da guarda e disse