O maior tesouro de todos Há muitos anos atrás, não, não são muitos, há milhares de anos atrás que se conta esta história. Ninguém sabe ao certo se aconteceu mesmo, mas eu tenho a certeza daquilo que me contaram e que também vos posso contar. Ora, como eu dizia, há milhares de anos atrás, no reino Simplicidade, vivia um casal muito pobre. O homem e a mulher sobreviviam apenas dos restos da comida do palácio real, que iam para o lixo. Já estavam habituados a viver assim e a contentar-se com muito pouco, tão pouco que às vezes não era nada. Um dia, a mulher disse ao homem que o melhor dia das suas vidas haveria de chegar, pois ela carregava no seu ventre um filho que nasceria em breve. E assim o tempo foi passando, até o grande dia chegar. O bebé nascera. À medida que os anos passavam, o rapaz ia crescendo. Assim como também a princesa do palácio, que o rapaz admirava cada vez mais, a cada dia que passava. No seu vigésimo aniversário, Guilherme (foi assim que os pais o batizaram), um rapaz alto, bonito, elegante, e muito apaixonado pela princesa, decidiu ir viajar pelo mundo em busca de tesouros e riquezas para dar à princesa assim que chegasse da sua viagem. Pois só assim ela casaria com ele, o homem mais rico do mundo. Uma semana depois, Guilherme partiu em busca da riqueza. Passou por terras longínquas e distantes, até que o cansaço se apoderou dele e teve de parar numa taberna ali perto. Entrou, estava cheia de gente, olhou em volta e reparou num pobre homem como ele, que estava sentado a um canto, só, a beber uma bebida alcoólica, cujo nome não sei ao certo. Caminhou até junto dele e sentou-se a seu lado. – Posso, senhor? – Perguntou Guilherme, timidamente. O homem permaneceu calado durante algum tempo, até que lhe disse: – O que queres de mim? Não tenho nada para te dar. – Sou tão pobre como você, apenas quero a sua companhia. – Está bem… conta-me de ti, o que te traz por aqui? – Quero conquistar a minha princesa – começou Guilherme – mas para isso preciso de encontrar riqueza, a maior riqueza de todas… Então, antes de Guilherme recomeçar a falar, o homem apontou-lhe para o coração. O rapaz não percebeu o gesto e continuou o que dizia. – Rubis, esmeraldas, ouro, tudo e mais alguma coisa hei-de dar à minha princesa! – Tu não percebes mesmo qual é a maior riqueza – murmurou o homem. – O que é que está para aí a dizer? – Nada, nada… Os dois beberam, conversaram e beberam mais um bocadinho. O homem perguntou a Guilherme: – Com que então, queres um tesouro riquíssimo, não é? – Sim, sim. – Respondeu o jovem, sem hesitar. O pobre senhor tirou do bolso um velho mapa, que desdobrou e mostrou ao rapaz. – Aqui tens. Este mapa levar-te-á ao tesouro… mas cuidado, vão ser muitos os perigos que irás enfrentar. Para os ultrapassar, terás de pensar. – Muito obrigado, senhor, prometo que vou ter muito cuidado. Adeus!!! E Guilherme saiu. Cavalgava há algumas horas e já se fazia tarde. Por isso, parou nuns estábulos abandonados e lá passou a noite. Na manhã seguinte, acordou ao nascer do sol, bebeu e lavou-se na água fresca e límpida de um ribeirinho que ali passava. Comeu uma maçã e montou no seu cavalo. Seguiu todas as coordenadas do mapa durante vários dias, até que, ao terceiro dia, deparou com um enorme monstro de duas cabeças, preto, de olhos amarelos reluzentes a olhar para ele com um ar bastante zangado e assassino. Guilherme permanecia no lugar, imóvel, paralisado de susto, até que lhe ocorreu a ideia de pegar numa corda (que alguém deixara ali caída) e andar à volta do monstro até ele se sentir demasiado tonto e cair no chão. E assim sucedeu. Ao oitavo dia, enquanto trotava no seu cavalo, encontrou, mesmo à sua frente, uma ravina, um precipício mesmo muito alto. Pensou, pensou, até que se virou para trás. À sua frente estava uma enorme árvore, que decidiu deitar abaixo para fazer de ponte para atravessar o obstáculo. Depois de ter conseguido, Guilherme sentiu-se estafado e deixou-se levar pelo sono. Acordou, no dia seguinte, com o piar dos pássaros. Levantou-se e ficou encostado ao seu cavalo a pensar na riqueza toda que daria à sua princesa. Caminhou, caminhou, até que desta vez, sim, tinha chegado ao destino. Estava uma cruz vermelha desenhada no chão. E Guilherme, sem pensar duas vezes, começou a escavar até que chegou ao fundo. Apressou-se a tirar o baú e a abri-lo. Lá dentro estava uma folha que dizia: A maior riqueza de todas, não é o ouro, mas sim o amor que sentimos pela outra pessoa” Então, o jovem lembrou-se do murmúrio do homem que lhe dera o mapa e de todas as outras conversas. Cavalgou apressadamente até ao castelo. Quando chegou, foi ter com a princesa e disse-lhe tudo, exatamente como estava escrito na carta. A princesa concordou. Casaram e viveram juntos até a morte os separar. Escola Básica de Mafra Concurso literário "Palavras aos Contos" Ano letivo de 2014/15 3º lugar Conto escrito por uma aluna do 7º A