Maria João Lopo de Carvalho visita o D. Duarte Alguns alunos da Escola Secundária D. Duarte concorreram no concurso do Diário de Notícias, designado por DN Escolas. Em consequência de os alunos participantes terem passado à segunda fase do projecto DN Escolas, pois as suas notas biográficas eram de qualidade, no dia 30 de Abril de 2010 veio à nossa escola a conceituada escritora Maria João Lopo de Carvalho. Às 9:45h os alunos dirigem-se para o ginásio onde tudo estava preparado. Nas cadeiras estavam colocados jornais do próprio dia oferecidos pelo DN e os alunos sentaram-se, 12º ano nas filas da frente e 10º nas de trás. Recebemos algumas indicações enquanto aguardávamos a nossa convidada. Quando a tão esperada figura chegou, eram 10h45m, recebemo-la com uma enorme salva de palmas e esta dirigiu-se para a mesa principal onde se sentou juntamente com a professora Luísa Quintela, que nos orientou em toda a nossa participação no concurso. A professora Luísa faz um discurso de apresentação e finaliza com a leitura de uma nota biográfica feita pelos alunos que participaram no concurso do DN. Inicia-se então um momento de entretenimento que é caracterizada por uma entrevista onde Maria João Lopo de Carvalho é “esmiuçada” pelo aluno Nuno Tavares do 12ºA que desempenha o papel brilhante de um dos protagonistas da série “Gato Fedorento” e onde este lhe faz as perguntas com o característico sentido de humor, onde esta afirma que não sabe viver sem escrever e tanto gosta de escrever para crianças como para adultos pois é fácil escrever para ambos “quando se faz com paixão e alegria”. Para Maria João, nada é impossível já que “se no século XV e XVI fomos capazes de descobrir o mundo, agora também somos capazes de tudo”. É uma pessoa que trabalhou muito para obter aquilo que tem hoje e nem sempre a vida lhe sorriu mas o “empenhamento, dedicação e produtividade são essências no mercado de trabalho” e se não formos nós a esforçarmo-nos pelo que realmente queremos, não conseguimos. Considera que “somos felizes por aquilo que somos por dentro”, a aparência não importa assim tanto. “Esmiuçada” por completo em pouquinhos minutos, alguns alunos têm a oportunidade de fazerem outras perguntas à escritora. A primeira aluna interroga-a sobre “Adopta-me” e a escritora informa-a de que é o livro menos fictício que escreveu até hoje pois retrata uma realidade que pôde observar enquanto fazia trabalho autárquico na Câmara Municipal de Lisboa e acrescenta que “a vida não faz sentido sem ajudarmos quem mais precisa”. Retrata um pouco as funções hierárquicas que exerceu, o dia-a-dia no seu trabalho camarário, os obstáculos que teve de superar, as burocracias “chatas” que tinha de fazer e diz que é possível mudar a vida das pessoas com muito pouco, sem conjugar o verbo desistir. Baseou-se num acontecimento que enfrentou no seu trabalho, a restauração de 40 recreios de escolas desfavorecidas, e sem dinheiro para o fazer, mas a escritora encontra solução e consegue o que lhe é pedido. Com a segunda pergunta, que outro aluno lhe fez, acaba por contar um pouco mais da sua vida, falando da família ditadora que tinha e ainda referindo como a avó marcou o seu caminho, - que a descreve como autoritária, filha única, e que nos primeiros cinco anos de casamento vive em Coimbra - pois era muito próxima dela sendo que o relacionamento com a sua mãe não era muito bom. A avó pretendia que a neta seguisse Medicina já que nenhum dos seus descendentes o quis fazer antes. O seu pai, que era Director do Jornal do Comércio e que convivia com Sophia de Mello Breyner, Miguel Torga, e muitos mais, que eram seus amigos e frequentadores da casa. Maria João gostava de ouvir as conversas que eles tinham por detrás da porta e começa a escrever poemas “horríveis”, como refere. Quando o cita ao seu pai este vê que a filha tem apreço para letras e não para medicina como queria sua avó. Quando estava no 12º ano, percebeu que não conseguia, e na realidade não era o que desejava ser, então um dia o pai – Afonso Lopo de Carvalho – chama-a ao “escritório onde era o sítio das conversas pesadas” e diz-lhe para esquecer a Medicina e seguir Letras pois era para o que realmente tinha jeito. Porém seu pai diz-lhe que para ser uma boa escritora tinha de ler muito. A escritora hoje assume que nada se faz sem esforço e que “Só há um sítio onde o S de sorte vem antes do T de trabalho: no dicionário”. Numa altura em que não tinha muito trabalho, começa a escrever, surgindo então o seu primeiro livro – “Virada do Avesso” -, mas não foi assim tão fácil porque a primeira vez que o apresenta ao editor ele diz que “está uma porcaria”. Decidida, então a levar a sua avante, passa dias a fio em redor do livro até que quando volta ao editor, este lhe diz que está bastante bom. Depois de muito trabalho, o seu livro é publicado e por seu espanto teve o 1º lugar no top da fnac com 17 edições e 60 mil livros vendidos, o que a deixa realmente espantada pois pensava só vender dois: á mãe e á irmã. Sente-se realizada pois pensa assim: “tive um filho, plantei uma arvore e publiquei um livro por isso já fiz tudo na vida”. Questionam-na sobre o tema de romance no seu livro e a autora justifica este tema por ter sido a fase em que se separou, com dois filhos pequenos em que se encontrava inquieta, a pensar que iria ficar sozinha, como uma adolescente, já que “a paixão e o amor é o que nos move sempre”. É por isso que ainda hoje acha que este foi o pior livro que escreveu, mas isso ensinou-a que “uma pessoa não nasce mulher, torna-se mulher”. Este foi o livro que fez parte do seu crescimento. A escrita é algo que tem de se treinar, “não se escreve bem de um dia para o outro, 90% é transpiração e 10% inspiração”. Faz semanalmente uma crónica para adultos, mas hoje em dia não se vê sem escrever para crianças e adolescentes, gosta de tentar sentir o que eles sentem. Mas “tudo é com prazer!”. Quando fala do seu livro “A Minha Mãe é a Melhor do Mundo” realça mais uma vez o mau relacionamento com a mãe em virtude de feitios semelhantes e também é devido a isso e a atitudes dos filhos que cria este livro. Deve ser lido como uma mensagem para a criança e não para a mãe, enuncia a autora. A última questão proposta aborda algo de novo em debate, o seu blog que na coluna “Remar contra a maré” esta faz referência ao menino Leandro. A escritora diz que foi um tema que lhe tocou e que acha que os próprios professores devem tomar atenção aos seus alunos, terem mais tempo para eles e menos para as burocracias. Após isto, fala das críticas que os comentadores, como Miguel Sousa Tavares, lhe fazem por ser uma escritora light, mas refere que ao ouvir isto sempre pensou da seguinte forma: “light quer dizer luz, então sou uma escritora iluminada”. Para além disso ainda dá alguns conselhos aos alunos presentes e agradece o facto de a terem recebido tão bem. Luísa Quintela finaliza este encontro com uma nota pessoal, fazendo referência ao livro “Bebé XXS” e lendo um extracto simbólico da obra “Adopta-me”. Passa a palavra à directora da Escola, Isabel Veiga Simão, que procede a mais um agradecimento geral. A equipa do DN também não deixou de fazer o seu agradecimento e atribui lembranças à professora, Luísa Quintela, à escritora Maria João Lopo de Carvalho, à directora da escola e tem à disposição livros para os alunos que quiserem levar. São 11h50m quando a secção termina. Grupo: Comunicação (Adriana Sousa, Catarina Rosas e Ana Fonseca)