Fábulas
de
Esopo
Prefácio
A Fábula
A "repreensão", as vezes violenta, cria mágoa, não convence e, até tem efeito de reação contrária
- O "Conselho, se fosse bom, não se daria", diz o provérbio.
Para educar, criar bons hábitos, ensinar a refletir sobre os comportamentos que levam ao
sucesso na vida, precisa convencer. Para convencer, precisa mostrar exemplos concretos de
sucesso, dar testemunho de vida.
O homem para se expressar, se fazer entender e convencer, tem diversos gêneros literários, isto
é, formas de ensinar e passar seus conhecimentos aos outros, com a finalidade de levá-los a
adquirir hábitos para o seu próprio bem. Entre os gêneros literários temos a "prosa", a parábola,
a alegoria, a anedota, o provérbio...
Na antiga Grécia foi usada, com eficácia, a "fábula" e, mais tarde, imitada em Roma e, mais
perto de nós, na França. É um exemplo de vida que vem da natureza, como um ensinamento
do próprio Criador para os seres humanos inteligentes e que em a capacidade de refletir.
A fábula é um conto, uma linguagem que encanta as crianças, mas que se adapta muito bem aos
adultos.
Que um animal fale, nãoi é nenhuma surpresa para a criança! Ela, com a sua fantasia "anima"
todas as coisas e, até empresta a sua voz a todos os objetos e animais, fazendo ela mesma
perguntas e respostas ao mesmo tempo. O animal se move pelo instinto, é a linguagem da
natureza, ninguém pode contradizer ou se ofender pela lição que passa, mas pode chegar a
convencer.
Era o verão! Tempo de possibilidades! A formiguinha, trabalhadeira, sempre disposta a superar
dificuldades e que se junta, a enxame de sua família para um trabalho de sobrevivência. Tratase de vida ou de morte. Preciso providenciar o futuro e cada um sente o dever de dar a sua
contribuição. Então, mãos à obra! è um vai e vem preocupado, tudo tem que dar certo, A
linguagem entre si é de entendimento.
Em cima da árvore, à sombra de um ramo, a Cigarra canta feliz, desde a manhã até a noite, a
todo peito!
Chegou o inverno frio e chuvoso. Todos precisam se recolher. A Cigarra cantou todo o verão,
mas descuidou das provisões para o inverno. Do alto da árvore tinha visto a formiguinha juntar
provisões para o inverno e foi para ela que a cigarra recorreu nas horas da necessidade.
"Formiguinha, disse a Cigarra, me socorra, por favor, estou sem nada para comer".
A Formiguinha com toda a calma respondeu: "O que você fez durante o verão?" Cantei,
respondeu a Cigarra, ao que a formiguinha retrucou: "Agora dança!".
A fábula é um conto simples, mas convincente para ensinar a viver corretamente.
A vida não é só diversão, mas também trabalho para a hora da necessidade.
Padre Ascenzo Venditti.
A Formiga e a Cigarra
A Cigarra folgou durante todo o verão, gastou todo o seu tempo cantando e
tocando o seu violão. E enquanto cantarolava, a formiga trabalhava, levou para a
sua casa abundantes provisões. Quando chegou o inverno a Cigarra nada havia
guardado, por não ter nada para comer, foi falar com a Formiga que morava
perto dela.
- Amiga, disse a Cigarra - empresta-me algum grão para manter-me até chegar o
verão, prometo pagar até Agosto o que me emprestar com juros.
A Formiga, que nunca empresta e nunca dá, por isso muito junta, perguntou a
Cigarra.
- No verão o que fazias amiga Cigarra?
- Eu cantava noite e dia, a toda hora - disse a Cigarra envergonhada.
- Oh bravo - respondeu a Formiga - antes cantava, agora dança!
Devemos sempre fazer as nossas responsabilidades, desde as mais pequenas em
casa até as mais nobres, para não sofrermos como a cigarra preguiçosa.
A Galinha dos Ovos de Ouro
Tinha certa velha uma galinha que lhe punha ovos de ouro; era raro de
aparecerem, mas davam-lhe para viver em abastança. Um seu afilhado
continuamente lhe dizia: "Como pode minha madrinha esperar pelos ovos desta
galinha? Se põe ovos de ouro, é por certo toda de ouro; matemo-la. A velha por
fim cedeu. Morta a galinha, era por dentro como todas as galinhas.
Contentemo-nos, agradecidos, com os presentes que Deus nos dá no tempo e nos
períodos que sua sabedoria entende convenientes.
A Formiga e a Pomba
Uma formiga foi à margem do rio para beber água e foi arrastada pela forte
correnteza. Quando estava prestes a se afogar, uma pomba que estava numa
árvore sobre a água, arrancou uma folha e a deixou cair na correnteza perto dela.
A formiga subiu na folha e flutuou em segurança até a margem.
Tempos depois, um caçador de pássaros veio por baixo da árvore e se preparava
para colocar varas com visgo perto da pomba que repousava nos galhos alheia ao
perigo.
A formiga, percebendo sua intenção, deu-lhe uma ferroada no pé. Ele
repentinamente deixou cair sua armadilha e, isso deu chance para que a pomba
voasse para longe a salvo. Quem faz o bem, recebe o bem na medida necessária e
no momento certo.
O cão e a carne
Ia um cão atravessando um rio, ele levava na boca um bom pedaço de carne. No
fundo da água viu a sombra da carne e lhe pareceu muito maior. A sua alegria
pelo pedaço de carne que tinha logo passou e ele a esqueceu pois queria ter a
outro, muito maior. Cobiçoso, soltou a que tinha na boca para agarrar na outra,
porém por mais que mergulhasse não conseguiu. De todas as fraquezas, a cobiça
é uma das mais comuns, e por ela, deixamos de nos alegrar pelo que temos e nos
entristecemos por aquilo que não temos.
O Galo e a Pérola
Um galo estava remexendo em um montinho de lixo. Ele estava em busca de
alimento, bichinhos ou migalhas, não só porque ele tinha fome, mas também
porque ele sabe que o alimento o deixará forte, o alimento para ele é algo
importante, é algo que fará bem.
Logo, em vez de comida ele encontrou uma bela pérola. Olhou encantado por
alguns instantes para a beleza dela e exclamou:
- Aha se fosse achada por alguém em busca de fortuna! A mim, porém de que
vales? Antes um grão de milho ou algum bichinho".
Disse e seguiu adiante buscando o seu alimento. Afinal, a pérola por mais
atraente que seja, não lhe fará diferença. E ficar admirando ela só faria perder
tempo na busca daquilo que realmente importa. O valor das coisas não é medido
pelo preço, mas pela importância que terá em nossa vida.
O lobo e o cordeiro
Estava um cordeiro bebendo água na parte baixa de um rio; chegou um lobo, e
cravando nele um olhar aterrador, disse-lhe com voz cheia de ameaça:
- "Quem te deu o atrevimento de sujar a água que pretendo beber?
- Senhor, respondeu humilde o cordeiro, repare que a água desce para mim :
assim não a posso turvar.
- E ainda me responde, insolente! tornou o lobo arreganhando os dentes; já o
ano passado falaste mal de mim.
- Como o faria, se não tenho seis meses então ainda não tinha nascido.
- Pois se não foi você, foi o teu pai, teu irmão, algum dos teus e por ele pagarás.
E atirando-se ao cordeiro, o devorou.
Foge do mau, com ele não converse. As melhores razões não poderão nos livrar
da sua fúria. Evita-o fugindo.
A raposa e a cegonha
A Raposa quis pregar uma peça na Cegonha, então um dia a convidou para jantar
e serviu-lhe sopa em um prato raso. A Raposa tomou toda a sua sopa sem o
menor problema, mas a Cegonha, com o seu longo bico, mau pode provar a
sopa. A raposa fingiu que estava preocupada, perguntou se a sopa não estava do
gosto da cegonha, mas a cegonha não disse nada. Quando foi embora faminta,
agradeceu muito a gentileza da raposa e disse que fazia questão de retribuir o
jantar no dia seguinte.
Assim que chegou, a raposa se sentou lambendo os beiços de fome, curiosa para
ver as delícias que a outra ia servir. O jantar veio para a mesa numa jarra alta, de
gargalo estreito, onde a cegonha podia beber sem o menor problema. A raposa,
amoladíssima, só teve uma saída: lamber as gotinhas de sopa que escorriam pelo
lado de fora da jarra. Cuidemos dos outros como queremos ser cuidados, assim,
o bem que fazemos também nos fará bem.
A gralha vaidosa
Júpiter deu a notícia de que pretendia escolher um rei para os pássaros e marcou
uma data para que todos eles comparecessem diante de seu trono. O mais
bonito seria declarado rei.
Querendo arrumar-se o melhor possível, os pássaros foram tomar banho e alisar
as penas às margens de um arroio. A gralha também estava lá no meio dos outros,
só que tinha certeza de que nunca ia ser a escolhida, porque suas penas eram
muito feias.
"Vamos ter que dar um jeito", pensou ela.
Depois que os outros pássaros foram embora, muitas penas ficaram caídas pelo
chão; a gralha recolheu as mais bonitas e prendeu em volta do corpo. O resultado
foi deslumbrante: nenhum pássaro era mais vistoso que ela. Quando o dia
marcado chegou, os pássaros se reuniram diante do trono de Júpiter; Júpiter
examinou todo mundo e escolheu a gralha par rei. Já ia fazer a declaração oficial
quando todos os outros pássaros avançaram para o futuro rei e arrancaram suas
penas falsa uma a uma, mostrando a gralha exatamente como ela era.
A beleza que nasce na mentira é passageira e quando acaba, sobra somente o
vazio da tristeza.
A águia e a flecha
Uma águia pousada num penhasco olhava com muita atenção para todos os lados
procurando uma presa. Um caçador, escondido numa fenda da montanha e em
busca de caça, viu a águia lá em cima e lançou uma flecha. A haste da flecha
penetrou no peito da águia e atravessou seu coração. Pouco antes de morrer, a
águia fixou os olhos na flecha:
- Ah, sorte ingrata! exclamou. Morrer desse jeito... Mas o mais triste é ver que a
flecha que me mata tem penas de águia!
Mais profunda é a nossa dor quando o mal que nos ataca foi gerado por nós.
Transformemos os nossos pecados em virtudes.
O Cão e a máscara
Procurando por um osso para roer, encontrou um cão uma máscara. Era muito
formosa e de cores tão belas quanto animadas. O cão farejou e, reconhecendo o
que era, desviou com desdém e seguiu o seu caminho pensando:
- A cabeça é muito bonita, mas que pena, não tem miolos. Quem somos é
medido pelas nossas atitudes e decisões que tomamos, para o nosso bem e para o
bem das outras pessoas, e é assim que nasce a verdadeira beleza, a da alma.
Download

Fábulas Volume 01 - Voltar para Ascendi