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AS DEFICIÊNCIAS NA PRODUÇÃO DO TEXTO ESCRITO: UM
ESTUDO DE CASO REFERENTE AOS GRADUANDOS DE
COMUNICAÇÃO SOCIAL
Prof. Ms. Rogerio do Amaral1
Faculdade de Comunicação Social “Jornalista Roberto Marinho” de Presidente Prudente
Universidade do Oeste Paulista
Resumo
A presente pesquisa objetivou levantar os principais problemas de escrita dos
graduandos de Comunicação Social, apontando possíveis soluções para tais
deficiências; buscou os motivos que levam o graduando a ingressar na Faculdade com
tais deficiências; analisou os erros mais frequentes e sua motivação. Para a execução
dessa proposta adotou-se a entrevista como técnica de coleta de dados e o estudo de
caso e a pesquisa qualitativa como método de análise dos resultados. Ao final da
investigação constatou-se que os principais erros cometidos pelos discentes na produção
textual referem-se ao uso da acentuação, ortografia e construção de frases. Percebeu-se
também que o ensino de língua portuguesa centra-se no ensino das regras gramaticais,
com pouco enfoque para a prática textual. Assim, a pesquisa conclui que essa deve ser a
principal mudança no ensino da língua portuguesa, a substituição do ensino técnico das
regras por aulas mais práticas, onde as regras aparecem dentro de um contexto.
Palavras-chave: produção de texto; deficiência; graduação; comunicação social.
Resumen
La presente pesquisa objetivó levantar los principales problemas de la escrita de los
graduandos de Comunicación Social, apuntando posibles soluciones para tales
deficiencias; buscó los motivos que llevan el graduando a ingresar en la facultad con
estas deficiencias; analizó los errores más frecuentes y su motivación. Para la ejecución
de esa propuesta se ha adoptado la entrevista como técnica de colecta de datos y el
estudio de caso y la pesquisa cualitativa como método de análisis de los resultados. Al
final de la investigación se ha constatado que los principales errores de los alumnos en
la producción textual están relacionados con el uso de la acentuación, ortografía y
construcción de las frases. Se ha visto también que la enseñanza de la lengua portuguesa
está centrada en las reglas gramaticales, con pocas actividades de práctica textual. Así,
la pesquisa concluye que ese debe ser el principal cambio en la enseñanza de lengua
portuguesa, la sustitución de la enseñanza técnica de reglas por clases prácticas, con el
uso de las reglas en un contexto.
Palabras-llave: producción textual; deficiencia; graduación; comunicación social.
1
Professor e Coordenador de Pesquisa da Faculdade de Comunicação Social “Jornalista Roberto
Marinho” de Presidente Prudente, na Universidade do Oeste Paulista. Doutorando em Educação pela
Universidade Estadual Paulista (Unesp / Presidente Prudente).
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Introdução
Nos últimos anos, cresceram assustadoramente os comentários sobre o péssimo nível da
educação básica brasileira. Tanto educadores como pais de alunos mostram-se
insatisfeitos com esse quadro, mas os órgãos responsáveis nada fazem para mudar essa
drástica situação. Diante desse quadro negro do ensino, a falta de atitude gera um
problema tão grande, que o mesmo não se refere mais somente à educação básica, mas
atingiu também o ensino superior.
O autor desse trabalho é professor universitário há dez anos, e a cada novo
semestre percebe o aumento no número de alunos que não dominam técnicas básicas de
produção e interpretação de texto. Como professor da área de Língua Portuguesa em
curso de Comunicação Social, o pesquisador mostra-se preocupado com os rumos que a
educação tomará se tais problemas não forem resolvidos rapidamente.
Quanto à área de atuação, a Comunicação Social forma profissionais, cuja
principal ferramenta de trabalho é o texto. Dessa forma, qual será o futuro dessa área se
os graduandos continuarem apresentando tantos problemas de uso da língua materna.
Já a problematização surge da seguinte realidade, o ensino básico brasileiro
exige que o aluno frequente doze anos de escola, dividido em duas etapas, o ensino
fundamental (nove séries) e o ensino médio (três séries). Durante todo esse período, as
matérias mais enfatizadas são a língua portuguesa e a matemática, pois nosso sistema
educacional vigente considera preponderante que os alunos desenvolvam a capacidade
de produção de texto e cálculo.
No entanto, experiências em sala de aula de cursos de graduação mostram que
cada vez mais cresce o número de alunos com deficiências na produção textual, área de
atuação do pesquisador. Dessa forma, surge a intenção de realizar tal investigação,
objetivando responder os seguintes questionamentos: por que o número de alunos com
dificuldades na escrita aumenta cada vez mais nos cursos de graduação? E, quais são as
principais causas dessa defasagem?
A partir dessa problematização, a pesquisa propõe os seguintes objetivos:
levantar os principais problemas de escrita dos graduandos de Comunicação Social,
apontando possíveis soluções para tais deficiências; buscar os motivos que levam o
graduando a ingressar na Faculdade com tais deficiências; analisar os erros mais
frequentes e sua motivação; e, verificar as principais maneiras para sanar tal deficiência.
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Dessa forma a presente pesquisa pretende contribuir com a sociedade e com a
comunicação social, levantando as principais causas para que a cada ano os alunos
repitam erros básicos no uso da língua materna. Já o pesquisador alcançará
conhecimento que permitirá sanar algumas deficiências apresentadas pelos seus alunos,
assim como rever sua metodologia de ensino, para que tais erros sejam eliminados do
cotidiano da clientela acadêmica.
Referencial teórico
Na atualidade, com a globalização e os avanços tecnológicos, seria praticamente
impossível para o homem se relacionar sem a existência da escrita. Assim, esse capítulo
faz um pequeno recorte sobre a história da escrita e sua importância para a
comunicação.
A escrita como conhecemos hoje tem origem na Grécia, quando os gregos
agregam as vogais ao sistema de escrita fenício dando origem ao sistema alfabético.
Esse sistema foi adaptado pelos romanos originando o sistema alfabético grego-romano,
do qual se tem origem o nosso alfabeto.
Com a consolidação do sistema alfabético, a escrita também se consolida e
transforma-se num método de registro da memória cultural, política, artística, religiosa e
social de um povo. Através dela tornou-se possível instrumentalizar a reflexão, a
expressão e a transmissão de informações, entre outras necessidades sociais. Segundo
Neves (2008, p. 113) a escrita “é algo tão importante na história que, para alguns, só
existe história quando existe escrita [...].”
Atualmente, os meios de comunicação também desempenham um papel
preponderante na sociedade moderna. Tal papel, de certa maneira, constrói-se a partir da
escrita, pois a produção textual é essencial na prática da comunicação, e seja com a
intenção de informar um fato ou vender um produto, cabe ao texto influenciar o
leitor/consumidor.
Dessa forma, compreendendo o texto como a principal ferramenta de trabalho
do comunicólogo, torna-se necessário analisar o papel da escrita na sociedade. Sobre
isso, Vanoye (1998, p. 69) afirma que a escrita trata-se de “um sistema simbólico de
representação da fala”. O autor ainda afirma que a evolução da escrita está dividida em
três etapas: a escrita sintética; a escrita analítica e a escrita fonética.
Para Vanoye (1998), a escrita sintética refere-se a um signo que representa toda
a frase. A escrita analítica reduz a frase global a elementos mais simples a palavra,
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enquanto a escrita fonética marca os sons, ou seja, temos a passagem do ideograma ao
sistema fonético. Mas, apesar dessa evolução, o autor aponta que não existe nenhum
sistema puro atualmente, isto é, que se utilize de um único tipo de escrita. Na verdade,
compreende-se então que a comunicação atual está pautada na convivência harmoniosa
de imagem, palavras e sons.
No entanto, é exatamente nessa falta de harmonia que residem os principais
erros cometidos pelos alunos ingressantes do ensino superior, e que se tornam o objeto
central da presente investigação sobre as dificuldades da aquisição da linguagem, pois
escrever é fundamental para o desenvolvimento de qualquer profissional, tanto que
Halliday (apud LANDSMANN, 1998, p. 15), afirma que “a escrita [...] cria um novo
tipo de conhecimento: o conhecimento científico; e uma nova forma de aprendizagem,
chamada ensino”. Para Marques (1997, p. 41) é “o escrever que imprime significância à
escrita; mas, antes necessitou o homem descobrir que os traços depositados em algum
suporte material podem sinalizar para algo outro que eles mesmos, para uma ação
humana reconhecível nas marcas que deixou após si [...]”, ou seja, essas marcas podem
ser entendidas como o conhecimento transmitido de uma geração para outra através da
escrita.
A partir dessa importância adquirida pela escrita, ela tornou-se um processo
indispensável na alfabetização, assim por muito tempo considerava-se alfabetizado
somente aquela pessoa que tinha domínio pleno da escrita e da leitura. Para Cagliari
(1998, p. 12) “quem inventou a escrita inventou ao mesmo tempo as regras de
alfabetização, ou seja, as regras que permitem ao leitor decifrar o que está escrito,
entender como o sistema da escrita funciona é saber como usá-lo apropriadamente.”
Assim, observada a importância da escrita para a formação pessoal e porque
não dizer profissional, passa-se para a exposição dos procedimentos metodológicos
adotadas no presente trabalho.
Materiais e métodos
O universo investigado refere-se ao Tronco Comum, ou seja, os quatro termos iniciais
de um curso de Comunicação Social, local em que o pesquisador trabalha como
professor de disciplinas da área de língua portuguesa. Os discentes investigados foram
abordados a partir das disciplinas ministradas pelo pesquisador, a partir dos trabalhos
desenvolvidos em sala e em cujo conteúdo verificou-se a recorrência de erros que
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prejudicam a produção escrita. Os textos foram selecionados de forma aleatória ao
longo de dezoito meses nas aulas de língua portuguesa e interpretação de textos.
Para nortear tal investigação optou-se pelo método do estudo de caso, pois
segundo Goldenberg (1997, p. 34), “o estudo de caso reúne o maior número de
informações [...] por meio de diferentes técnicas [...], com o objetivo de apreender a
totalidade de uma situação e descrever a complexidade de um caso concreto”, que nesse
trabalho refere-se ao levantamento do porquê os alunos ingressam na faculdade com
tamanha deficiência no quesito da produção textual, mesmo depois de frequentar os
bancos escolares por doze anos e tendo a língua portuguesa como o conteúdo mais
estudado.
Ainda segundo Goldenberg (1997, p. 35), “o pesquisador precisa estar
preparado para lidar com uma grande variedade de problemas teóricos e com
descobertas inesperadas, e, também, para reorientar seu estudo”. Mas, essa possibilidade
de trabalhar com fatos inesperados é o que move a pesquisa, pois dessa forma podem-se
levantar os motivos de tais deficiências textuais.
Além do estudo de caso, opta-se também pela pesquisa qualitativa, isso porque
os dados qualitativos “consistem em descrições detalhadas de situações com o objetivo
de compreender os indivíduos em seus próprios termos” (GOLDENBERG, 1997, p. 53).
Tais descrições serão aferidas a partir da identificação dos erros dentro das salas onde o
professor ministra aula semanalmente.
A escolha da pesquisa qualitativa também se justifica pela possibilidade
oferecida ao pesquisador de colocar em prática a sua capacidade de analisar e refletir
sobre os dados elencados, uma vez que os dados qualitativos obrigam o pesquisador
“[...] a ter flexibilidade no momento de coletá-los e analisá-los. [...] o bom resultado da
pesquisa depende da sensibilidade, intuição e experiência do pesquisador”
(GOLDENBERG, 1997, p. 53).
Quanto às técnicas de pesquisa, em primeiro lugar, empregou-se a pesquisa
bibliográfica que segundo Marconi e Lakatos (2005, p. 183), “abrange toda bibliografia
já tornada pública em relação ao tema de estudo.”, sendo nesse caso as teorias acerca da
escrita e dos mecanismos corretos de produção do texto.
Para Manzo (apud MARCONI; LAKATOS, 2005, p. 183), a bibliografia
pertinente “oferece meios para definir, resolver não somente problemas já conhecidos,
como também explorar novas áreas onde os problemas não se cristalizaram
suficientemente”.
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Outra fonte de coleta de dados empregada foi a entrevista, cujo escolha recaiu
sobre o tipo padronizada ou estruturada, definida por Marconi e Lakatos (2005, p. 197),
como: “aquela em que o entrevistador segue um roteiro previamente estabelecido, as
perguntas feitas ao indivíduo são pré-determinadas. [...] é efetuada de preferência com
pessoas selecionadas de acordo com um plano”.
Quanto à análise dos resultados, está foi pautada na análise qualitativa, pois a
presente pesquisa teve a pretensão de compreender as motivações para a ocorrência de
tais erros, buscando também soluções capazes de sanar essa deficiência, pois o autor
compreende que quando alunos chegam ao ensino superior com deficiências básicas,
tais deficiências são também de responsabilidade de todos os docentes, já que é papel
desses profissionais capacitar o aluno.
Resultados
Os resultados levantados e analisados por esta pesquisa foram coletados de duas formas.
Num primeiro momento realizou-se uma entrevista com sessenta e cinco alunos
escolhidos de maneira aleatória nas disciplinas ministradas pelo pesquisador. O objetivo
dessa entrevista era observar como os discentes avaliavam o ensino básico frequentado
por eles.
Na sequência, o segundo passo consistiu em recolher alguns textos produzidos
por esses discentes e observar a existência de erros, e nesse caso, identificar os erros
cometidos com mais frequência. Foram analisados cento e oitenta e sete textos
escolhidos também de maneira aleatória a partir das produções discentes realizadas num
período de doze meses entre maio de 2010 e abril de 2011.
Tais informações geraram os dados que serão fornecidos no próximo tópico,
cuja apresentação se dará da seguinte forma, primeiro serão apresentados os dados
colhidos na entrevista com os alunos e posteriormente apresentam-se os dados obtidos a
partir da análise de textos produzidos pelos discentes em sala de aula.
Visão discente sobre o ensino de língua portuguesa
O primeiro questionamento feito aos discentes tinha a intenção de saber o tipo de escola
frequentada por eles, assim quanto ao local onde os entrevistados estudaram durante o
ensino fundamental e médio, a realidade levantada é a seguinte:
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FIGURA 1 - Onde cursou ensino fundamental e médio
Escola
pública e
particular
23%
Colunas1
Escola
pública
57%
Escola
particular
20%
A partir da identificação da situação de ensino vivenciada pelos discentes foi
possível também averiguar a quantidade de escolas frequentadas pelos discentes em
cada uma das situações apresentadas acima, conforme se observa nas figuras 2, 3 e 4.
FIGURA 2 – Número de escolas públicas frequentadas
Mais de duas
escolas
20%
Duas
escolas
40%
Uma escola
40%
FIGURA 3 – Número de escolas particulares frequentadas
Mais de duas
escolas
16%
Uma
escola
31%
Duas escolas
42%
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FIGURA 4 - Número de escolas públicas e particulares frequentadas
Duas
escolas
40%
Mais de
duas
escolas
60%
Na sequência, os discentes foram questionados sobre como eram as aulas
ministradas durante o ensino fundamental e médio. As respostas obtidas foram as
seguintes:
FIGURA 5 - Como eram as aulas de língua portuguesa na visão dos discentes
Não
responderam
0%
8%
Outras
respostas
29%
Aulas boas
no
Fundamental
e básicas no
Médio…
0%
Aulas
boas
29%
Aulas
ótimas ou
excelentes
8%
Aulas com
muita
gramática
8%
Aulas
razoáveis ou
regulares
14%
O questionamento seguinte objetivou perceber como os alunos avaliavam a si
mesmos como produtores de textos. Para essa pergunta os resultados foram estes:
FIGURA 6 - Os discentes se consideram bons produtores de texto
5%
21%
Sim
40%
Não
Razoável
34%
Outras respostas
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A partir dessa avaliação dos alunos sobre o trabalho com textos, os
questionamentos seguintes pretendiam identificar os principais erros cometidos na
produção textual, os motivos para tal ocorrência e quais as formas mais adequadas na
visão deles para sanar essas deficiências, conforme se observa nas figuras 7, 8 e 9.
FIGURA 7 - Maior dificuldade para produzir um texto
Organização
Introdução
Gramática
Criatividade
Repertório
Desenvolvimento
Não responderam
Outras Respostas
19%
38%
15%
5%
8%
3%
6%
6%
FIGURA 8 – O discente identifica os motivos dos erros cometidos
Não
31%
32%
Falta de leitura
11%
17%
Ensino ruim na base
5% 4%
FIGURA 9 - Visão discente para sanar as dificuldades textuais
Leitura
12%
25%
17%
Treinar mais
5%
5%
Produzir mais textos
21%
6%
9%
Ensino mais interativo
Melhorar o ensino na
base
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A entrevista com os discentes foi encerrada com os questionamentos sobre o
conteúdo predominante durante o ensino básico, e se com esse ensino recebido eles se
sentem preparado para exercer a profissão de comunicólogo, que tem a produção textual
como a base profissional. As respostas são apresentadas nas figuras 10 e 11.
FIGURA 10 - Conteúdo enfatizado no ensino básico
8%
Gramática
40%
Organização de ideias
Não responderam
41%
Outras respostas
11%
FIGURA 11 - O conhecimento adquirido no ensino básico permite
exercer a profissão de comunicólogo
3% 6%
Não
46%
45%
Sim
Não responderam
Outras respostas
Dados coletados em exercícios produzidos pelos discentes
Quanto aos dados coletados em sala de aula, eles foram extraídos de cento e oitenta e
sete textos, escolhidos em atividades aleatórias e produzidas nas disciplinas ministradas
pelo autor desse trabalho.
Essa coleta permitiu o levantamento do número de textos que apresentam erros,
assim como, quais são os tipos de erros cometidos e em que quantidade isso ocorre
durante a produção textual do universo investigado, conforme se observa nas figuras 12
e 13.
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FIGURA 12 - Situação dos 187 textos analisados
16%
Corretos
Errados
84%
FIGURA 13 - Quantidade e tipos de erros cometidos
3
Locução…
Marcas…
1
1
1
Coloquialis…
4
Neologismo
6
Conceito
7
Troca de…
8
Crase
Gerundismo
Redundância
Substantiv…
Pontuação
Ortografia…
16 15 12 10 10 9
Ausência…
32
Concordân…
Construçã…
Ortografia
Acentuação
55 55
Concordân…
96
187 textos analisados
Discussão
O objetivo desse estudo não é julgar a qualidade do ensino oferecido na base e muito
menos afirmar que escolas particulares são melhores que as públicas e vice-versa.
Assim, o que deve ser observado nas figuras de 1 a 4 (ver item 4.1) é que a realidade
dos discentes investigados mostra pouca mobilidade entre escolas, ou seja, os alunos
permanecem todo o ciclo de ensino numa única escola, frequentando no máximo duas
escolas durante o período de ensino fundamental e médio, e esse fato é fruto da nova
política educacional paulista que tem concentrado os ciclos educacionais em escolas
distintas, por isso muitas vezes os alunos são obrigados a trocar de escola ao término do
ensino fundamental.
Dessa forma, a possibilidade das deficiências dos discentes estarem
relacionadas ao trânsito escolar fica descartada, pois a pesquisa mostra que a realidade
vigente aqui é outra. Assim, o próximo passo seria julgar o trabalho desenvolvido nas
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salas de aula, mas esse também, segundo os alunos não é causa para os erros, pois na
figura 5 (ver item 4.1) tem-se a visão dos alunos sobre as aulas no ensino básico, e pelo
menos metade considerou as aulas como excelentes, boas ou razoáveis.
Já a partir da figura 6 (ver item 4.1), a discussão torna-se mais acentuada, pois
na visão da maioria dos alunos eles são bons redatores de texto, no entanto, a análise
dos materiais produzidos por eles mostram uma realidade um pouco diferente, onde na
visão do pesquisador a porcentagem atribuída para bons produtores deveriam ser
invertida com a porcentagem de produtores razoáveis de texto.
Quanto ao assunto abordado nas figuras 7 e 8 (ver item 4.1) referentes às
dificuldades para produzir um texto e os motivos dessas dificuldades, as respostas
refletem a realidade dos trabalhos, pois os discentes apresentam problemas de
organização de ideias, dificuldades para introduzir um assunto, assim como ainda
cometem muitos erros gramaticais básicos, como acentuação, ortografia e concordância
verbal e nominal, principalmente. E, tais deficiências estão atreladas ao fato dos alunos
lerem pouco, como eles mesmos relataram na pesquisa. Quem lê pouco, tem
conhecimento restrito e dessa forma apresenta muito mais dificuldade para escrever
sobre um assunto externo ao seu cotidiano.
Diante de tais dificuldades, os argumentos apresentados pelos alunos para
sanar essas questões, onde predomina uma prática maior de leitura e de produção
textual, conforme figura 9 (ver item 4.1), realmente parece ser a maneira mais efetiva
para ajudá-los a escrever melhor. Já quanto ao fato do ensino básico enfatizar o ensino
da gramática, como mostra a figura 10 (ver item 4.1), esse parece ser um ponto para
reflexão, pois se as maiores deficiências estão atreladas a organização de ideias, me
parece que o mais indicado seria uma revisão do conteúdo de língua portuguesa, onde o
excesso no ensino de regras gramaticais fosse substituído pelo ensino da prática de
produzir textos, e a partir desses exercícios os professores poderiam trabalhar as regras
gramaticais, mostrando para o aluno qual a forma correta dentro de um determinado
contexto escolhido por ele e não a partir dos exemplos soltos oferecidos pelos livros
didáticos.
Já na figura 11 (ver item 4.1) reitero a consideração feita para a figura 6, os
textos produzidos e analisados apresentam uma realidade distinta, pois os discentes
investigados, até o momento apresentam uma porcentagem menor de pessoas
capacitadas para o mercado de trabalho com comunicação, área que exige uma redação
textual eficiente e com o menor número de erros possível.
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Quanto aos trabalhos analisados, o objetivo da investigação consistiu em
identificar a ocorrência de erros básicos da língua portuguesa. Nesse âmbito percebeu-se
que a grande maioria dos textos apresenta pelo menos um desses erros, conforme
mostra a figura 12 (ver item 4.2).
Já na figura 13 (ver item 4.2) temos a distribuição desses erros, onde
predominam os erros de acentuação, que nesse caso referem-se tanto à falta de acento,
como a colocação de acento em palavras que não o levam, conforme os exemplos
“democrácia" e “econômia". Tal erro pode ser compreendido a partir de dois motivos, o
primeiro existe uma desatenção dos discentes durante a produção do exercício, mas com
certeza esse erro de acentuação aumenta a partir do momento que os discentes têm um
contato maior com os computadores, pois como essas máquinas têm programas que
corrigem automaticamente o erro, o aluno não tem mais a preocupação de corrigir o
texto, transferindo a responsabilidade para o programa de computador, mas ao produzir
um texto manuscrito os erros aparecem, uma vez que não existe programa para ajudá-lo.
Na sequência nos deparamos com a mesma quantidade de erros de ortografia e
construção de frases, tais erros estão atrelados à questão da falta de leitura por parte dos
alunos, assim como ao excesso do ensino de gramática na base e à falta de exercícios
práticos. No tocante à ortografia, os erros mais comuns são “opniões”, “relegendo”,
“apartir”, “nessecita”, entre outros. Já a construção de frases apresenta os seguintes
erros, “estão deixando de ser ditadura para um país democracia onde o cidadão possa
tomar partido, relegendo novos governos.” Ou “nada do que é feito é na pura
democracia, é cobrado e é mostrado isso para a sociedade mais se olharmos com o olhar
democrático teremos a visão de...”, ou seja, a construção empresa é totalmente
desprovida de sentido, e configura-se como um amontoado de palavras apenas.
Além desses erros apresentados aqui, os trabalhos confirmaram a existência de
outros erros relatados pela maioria dos professores de língua portuguesa, são eles a
concordância verbal e nominal, pontuação, redundância, uso da crase, entre outros como
mostra a figura 13 (ver item 4.2). Mas, a discussão a respeito desse erro deve estar
atrelada a uma mudança de postura no ensino de língua portuguesa, onde a gramática
deve se transformar numa parte do conteúdo e não no seu guia, pois o guia do ensino de
língua portuguesa deve ser a organização de ideias, isto é, o ensino deve cobrar mais a
prática textual e inserir dentro dessa prática o ensino das regras gramaticais, para que os
discentes as aprendam a partir do uso e não de forma solta, como é a prática dos livros
didáticos de hoje.
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Considerações finais
Ao final dessa investigação pode-se afirmar que os objetivos propostos foram
contemplados, pois foi possível identificar quais são as maiores deficiências cometidas
pelos discentes de um curso de comunicação social durante a produção textual, com
predominância para os erros de acentuação, ortografia, construção de frases e
concordância verbal. No entanto, identificou-se também mais catorze tipos de erros num
grau menor de ocorrência, fato que mostra a necessidade dos professores da área de
língua portuguesa terem uma atenção maior com esses desvios de norma apresentados
pelos discentes.
Quanto às motivações para a ocorrência dessas deficiências textuais, elas estão
atreladas ao tipo de proposta de ensino colocada em prática no Brasil e que prioriza um
ensino fragmentado, pautado em modelos sem contextualização e voltados mais para a
chamada “decoreba” do que o aprendizado real e prático, ou seja, falta uma abordagem
mais prática, cujas regras gramaticais sejam ensinadas num contexto específico, de
acordo com a realidade de cada discente.
Assim, ao concluir esse estudo a consideração final sugere aos professores de
língua portuguesa uma mudança de paradigma. Deve-se ocorrer a substituição
tradicionalista da gramática por um ensino que vise à atividade prática, o uso corrente
da língua. Dessa forma, a produção textual se transformará em algo mais natural para o
aluno, pois fará parte do seu cotidiano e cobrará seu conhecimento, sua capacidade de
resolver problemas, sem a necessidade de decorar regras, mas aprendendo a usá-las de
maneira efetiva.
REFERÊNCIAS
CAGLIARI, Luis Carlos. Alfabetizando sem o Bá-Bé-Bi-Bó-Bu. São Paulo:
Scipione, 1998.
GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em
ciências sociais. Rio de Janeiro: Record, 1997.
LANDSMANN, Liliana Tolchinsky. Aprendizagem da linguagem escrita – processos
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Ática, 1998.
MARQUES, Mário Osório. Escrever é preciso: o princípio da pesquisa. Ijuí:
Unijuí, 1997.
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Deficiências na produção do texto escrito
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MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de
metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
NEVES, Iara. Ler e Escrever: Compromisso de todas as áreas. Porto Alegre:
Editora da UFRGS, 2003.
VANOYE, Francis. Usos da linguagem: problemas e técnicas na produção oral e
escrita. Tradução de Clarisse Madureira Sabóia et al. 11. ed. São Paulo: Martins Fontes,
1998.
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Identidade Científica, Presidente Prudente-SP, v. 2, n. 2, p. 221-235, jul./dez. 2011
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