Interpretação de Textos Colher Eu minto O beco Que me importa a paisagem, a baía, [a Glória, a linha do horizonte O que eu vejo é o beco. Manuel Bandeira Fatores de Textualidade • Coerência • Coesão Funções de Linguagem Prof. Reginaldo Machado 1) Função Referencial ou Denotativa – a mensagem centrada na informação. (o quê) É aquela função voltada para a informação, ou seja, para o próprio contexto. 2) Função Conativa ou Apelativa – a mensagem centrada no interlocutor. (para quem) É quando se tem a intenção de influenciar, persuadir, convencer, seduzir e /ou encantar o interlocutor. Ex: Anúncios de publicidade, comícios políticos 3) Função Fática – testando o canal. (onde) A preocupação do falante é manter contato com o interlocutor, prolongando uma comunicação ou testando o funcionamento do canal de comunicação com frases que vão buscar a confirmação e entendimento da mensagem. 4) Função Metalinguística – a mensagem centrada no código. (com o quê) Ocorre função metalinguística quando o falante utiliza o código para explicar o próprio código, ou então o código é o tema da mensagem. 5) Função Poética – lapidação das palavras (como) Toda a construção do texto está voltada para a mensagem e o que ela tem de concreto, quer na sua estrutura, quer na seleção e combinação de palavras. Estão sempre presentes, no texto poético, o ritmo, a sonoridade, o belo e o inusitado das imagens. A poesia é imagética e tem a função de dizer o indizível. 6) Função Emotiva ou Expressiva – o texto em primeira pessoa (quem) Existe função emotiva quando a intenção do locutor é posicionar-se em relação ao tema de que está sendo tratado, expressando seus sentimentos, emoções, produzindo um texto subjetivo, escrito em primeira pessoa. É muito comum nesse tipo de texto o aparecimento de interjeições, pontos de exclamação e reticências. Vícios de Linguagem Prof. Reginaldo Machado 1) Barbarismos – São erros que atentam contra a forma da palavra. 1.1. Cacoépia – erro de pronúncia (‘adevogado’ em vez de advogado) 1.2. Cacografia – erro de grafia (‘meretíssimo’ em vez de meritíssimo) 1.3. Cacofonia – duas palavras que, juntas, fazem-nos lembrar de uma terceira palavra que nada tem a ver com o contexto. (um por cada; lá tinha duas pessoas) 2) Solecismos – São erros que atentam contra as normas de concordância, regência ou colocação pronominal. Ex: Fazem dois anos que cheguei. Assisti o filme. Me empresta o livro? 3) Arcaísmos – São palavra ou expressões que já pertencem ao passado da língua. Ex: físico em vez de médico. 4) Plebeísmos – gírias, chavões e expressões populares. Ex: troço, broto, arrebentar a boca do balão, bacana, etc.) 5. Hiato – é o acúmulo de vogais ao longo do período. Ex: Já há alguns dias não chove. 6. Colisão – é a sequência das mesmas consoantes ao longo do período. Ex: No mato, tu matarás o tatu. 7. Eco – é a rima inserida num texto em prosa. Ex: O Clemente enfrentou o valente tenente. 8. Neologismo – é a invenção de palavras. Ex:Precisamos oportunizar uma educação de qualidade a todos. 9. Estrangeirismo - é o uso de palavras estrangeiras dentro do português. É considerado um problema quando se tem a palavra no idioma, e, por uma questão qualquer, deixa de utilizá-la. Ex: business, em vez de negócios; carnet, em vez de carnê 10. Ambiguidade ou anfibologia – é a extração de mais de uma interpretação dentro de um determinado contexto. Ex: A menina viu o incêndio do prédio. O médico operou o paciente calmo. O motorista avisou ao guarda que não tinha documento. A girafa Josefina não morreu por causa dos sacos plásticos encontrados em seu estômago. 11. Pleonasmo – é a repetição desnecessária de palavras ou expressões dentro de um determinado contexto. Pode se dividir em pleonasmo vicioso ou enfático. O primeiro, como o próprio nome já diz, é um vício de linguagem e como tal conta como erro no português padrão, devendo • Ex: O governo precisa encarar o problema dos menores de frente. • O projeto é um elo de ligação entre empresa e escola. • O preço da gasolina aumentou ainda mais. • O arquipélago de ilhas estava na rota do furacão. • Dividiu o bolo em duas metades iguais. • Clotilde é parte integrante do primeiro período. • “Eu nasci há dez mil anos atrás”. (Raul Seixas) • Exemplos de pleonasmos enfáticos • É um assunto que compete a nós mesmos. • A grande maioria votou nas últimas eleições. • 12. Gerundismo – é o uso exacerbado do gerúndio sem que o contexto expresse uma ação que estava, está ou estará acontecendo em um determinado momento. • Exemplo: Eu vou estar te ligando amanhã. Figuras de Linguagem Prof. Reginaldo 1. Recursos sintáticos 1.1 Assíndeto – Consiste na coordenação de termos ou orações sem utilização de conectivos. Esse recurso costuma imprimir lentidão ao ritmo narrativo. Exemplo: Vim, vi, venci. 1.2. Polissíndeto – é a repetição por várias vezes da mesma conjunção. Esse recurso costuma acelerar o ritmo narrativo. Ex: Passam homens, e mulheres, e cachorros, e crianças. 1.3. Inversão – Como o próprio nome sugere, há uma inversão da ordem normal dos termos da oração ou frase. Também conhecida como anástrofe ou hipérbato (inversão mais complexa). Exemplo: “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas De um povo heróico o brado retumbante.” 1.4. Silepse – é uma concordância estabelecida com o ideia veiculada pelo contexto e não com aquilo que, efetivamente, está escrito (concordância ideológica). Pode ser de gênero, número ou pessoa. Ex: “Inútil, a gente somos inútil.” 1.5. Elipse – é a supressão de um determinado termo sem que isso possa interferir na interpretação do contexto. Quando o termo omitido é o verbo, a elipse também é conhecida como zeugma. Poeta sou; pai, pouco; irmão, mais. 2. Recursos semânticos 2.1.Figuras de Palavras 2.1.1. Metáfora - é uma espécie de comparação, em que se nota uma aproximação se sentidos afins. Consiste na transferência de um termo para o âmbito de significação que não é o seu. Exemplos: Ela é rosa, poeta. (V. Moraes) 2.1.2. Comparação É um tipo especial de metáfora em que é feita uma comparação constituída com algum conectivo. Também conhecida como símile. Ex: “O favo da jati não era doce como o seu sorriso e nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado”. (José de Alencar) 2.1.3. Alegoria – É uma sequência de metáforas que significam uma coisa nas palavras e outra no sentido Ex: Mais vale um pássaro na mão do que dois voando. 2.1.4. Metonímia Também conhecida como sinédoque, consiste na ampliação do âmbito semântico de uma palavra ou expressão. É uma substituição de uma palavra por outro com sentido equivalente. Pode se desdobrar da seguinte forma: a) O todo pela parte As velas do Mucuripe vão sair para pescar b) O autor pela obra No cinema espanhol prefiro Almodóvar. c) O recipiente pelo conteúdo Comeram três pratos de canjiquinha e beberam dois copos de caipirinha. d) A marca pelo produto Preciso de uma gilete para me barbear. e) a matéria pelo objeto Ao longe soava o bronze f) o singular pelo plural Todo homem é mortal. g) o abstrato pelo concreto Devemos respeitar a velhice. 2.1.5. Sinestesia – é quando o contexto provoca uma mistura de duas ou mais sensações numa só unidade. Exemplos: Ouvi sua tosse gorda. 2.1.6. Perífrase – também conhecida como antonomásia , é a substituição de um nome por uma expressão que o identifique ou um fato notável pelo qual são conhecidos. Ex: Naquela jaula, estava o rei dos animais. (leão) II) Figuras de Pensamento 2.1.7. Paradoxo ou oxímoro – é um tipo especial de antítese em que há uma fusão de ideias contrárias, gerando um resultado ilógico ou até mesmo absurdo. Exemplos: Claro enigma – (Drummond) 2.1.8. Antítese - oposição de duas ou mais ideias ou termos opostos, marcadas principalmente por meio da oposição dessas palavras. Ex: “Amor é fogo que arde sem se ver é ferida que dói e não se sente é um contentamento descontente é dor que desatina sem doer. (Camões) 2.1.9. Hipérbole – é a figura que engrandece ou diminui exageradamente a verdade. Ex: Repeti um milhão de vezes e ela ainda não entendeu? 2.1.10. Eufemismo – é a suavização ou abrandamento de expressões rudes, chocantes, repugnantes. A arma verbal da diplomacia. Tal ideia, transmitida de outra forma, poderia causar sensações desagradáveis.Ex: Ela adormeceu para sempre. 2.1.11. Ironia – é a figura que diz o contrário daquilo que se queria dizer. Reconhecida pelo tom de voz ou pela situação daquele a quem se dirige. Ex: “Nhá Loló, moça graciosa, um tanto acanhada a princípio, mas só a princípio.” (Machado de Assis) 2.1.12. Gradação É o acúmulo de imagens ou ações que se dão de maneira progressiva. Apresentase em ordem direta (clímax – aumento de intensidade) e inversa (anticlímax – diminuição de intensidade). Exemplos: “Chega de tentar dissimular e disfarçar e esconder (...) Nascendo, rompendo, rasgando, tomando o meu corpo e eu Chorando,sofrendo, gostando, adorando, gritando” (Gonzaguinha) 2.1.13. Personificação ou prosopopeia – é a atribuição a seres inanimados ou a animais características ou ações exclusivas dos humanos. Muito comum em fábulas. Exemplos: “De repente o cortiço acorda.” (Aluísio Azevedo) 2.1.14. Zoomorfização É o processo inverso da personificação. É quando se atribui ao ser humano características e ações de animais. Exemplo: “Agora Fabiano era vaqueiro. Entocarase feito um bicho, mas criara raízes e estava plantado. (Graciliano Ramos) III) Recursos Fonológicos 2.1.15. Onomatopeia – figura que resulta de quando se repetem ou combinam palavras cujos sons, numa espécie de harmonia imitativa, dão ideia exata ou aproximada do objeto da ação a que se refere o texto. Ex: Sinos de Belém fazem blém, blém, blém 2.1.16. Aliteração Consiste na repetição de fonemas consonantais na mesma frase ou verso. 2.1.17. Assonância - consiste na repetição de fonemas vocálicos na mesma frase ou verso. Exemplos: “Na messe que enlourece, estremece a quermesse... o sol, o celestial girassol esmorece...” (Eugênio de Castro) Exercícios Prof. Reginaldo 01) Considere o fala a seguir e marque a alternativa incorreta: “Avisa que o vovô está só dormindo... E não quer doar os órgãos.” a) O interlocutor é o avô, pois é ele que desencadeia a conversação. b) Para uma efetiva comunicação precisamos de elementos, como por exemplo, o emissor, o receptor e a mensagem. c) O código utilizado na mensagem é a língua portuguesa. d) O contexto é toda a informação que foi passada. 02) Todas as alternativas abaixo são incoerentes, EXCETO: a) O dia está tranquilo, as pessoas circulam normalmente pelas vielas do morro, mas os dois policiais continuam calmamente tomando café no bar da esquina. b) Apesar de terem a mesma estrutura e a mesma compleição física, os atletas não apresentaram grande diferença de peso. c) Não obstante o marido e a mulher não se entendessem, com o passar do tempo resolveram trilhar novos caminhos, separando-se definitivamente. d) De acordo com o laudo médico, os pacientes podem prescindir do oxigênio extra e, por essa razão, o equipamento será desconectado. 03) (TJ) "Num restaurante de classe média, pessoas torcem o nariz [...] porque, na mesa ao lado, se senta um casal negro..." É CORRETO afirmar que a expressão destacada nessa frase é usada, habitualmente, na linguagem a) acadêmica. b) informal. c) oratória. d) poética. 04) (Fundep) “A idéia de que o Poder Público deve garantir um mínimo de renda a todos os cidadãos [...] deixa ainda muita gente arrepiada...” É CORRETO afirmar que, nessa frase, a expressão destacada configura o emprego de uma linguagem a) erudita. b) figurada. c) hermética. d) incorreta. 05) Todas as alternativas abaixo apresentam função metalinguística, EXCETO: a) Um filme que ensina como fazer cinema e revela todos os seus bastidores. b) A leitura de um livro que narra as aventuras de uma pessoa em férias. c) Uma música que retrata o ato de compor e dá boas dicas aos compositores iniciantes. d) Um poema que fala da arte de escrever poemas. 06) Considere os seguintes versos da música de Rita Lee: “Alô, alô, Marciano Aqui quem fala é da terra” Podemos enquadrá-los na função: a) metalinguística b) fática c) Emotiva d) Jornalística 07) Considere as frases abaixo: I - Naquela terrível luta muitos adormeceram para sempre. (ironia) II - O bonde passa cheio de pernas. (metonímia) III - O importante é achar as palavras que o violão pede e deseja. (personificação) Estão corretamente classificadas as frases: a) I e II b) I e III c) II e III d) I, II e III 08) Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: “Como estava o defunto?”. “Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!” Neste fragmento, Frei Betto utiliza duas figuras de linguagem bastante recorrentes. São elas: a) antítese e metáfora. b) metonímia e pleonasmo. c) metonímia e ironia. d) metáfora e ironia. 09) (Fumarc) Em todas as frases verifica-se ambiguidade, EXCETO: a) Só depois de tanta confusão, soube que mataram a vaca da minha sogra. b) Teresa disse à irmã que sua amiga fugira com seu namorado. c) Na festa, havia homens e jovens mulheres. d) A cadela comeu a carne e seu filhote também. 10) (Fumarc) Assinale a alternativa em que não haja palavra supérflua: a) Marajó é uma ilha fluvial banhada pelos rios Amazonas e Tocantins. b) À medida que nos afastamos do Equador, as estações do ano vão ficando mais definidas. c) Para dar mais segurança aos moradores, os cacos de garrafas quebradas foram fixados no topo do muro. d) O governo realizou um plebiscito popular a fim de consultar a população quanto à proibição do comércio de armas de fogo. Tipologia Textual Prof. Reginaldo 1. Carta 1.1. Partes principais a) Local e data b) Vocativo c) Texto propriamente dito d) Desfecho e) Assinatura 2. Descrição 2.1. Subjetiva – apresenta ponto de vista pessoal. 2.2. Objetiva – transmite imagens concretas e precisas, destacando nitidamente os detalhes que a caracterizam. Expressa ainda uma imagem bastante próxima à realidade, evitando o juízo de valor. 3. Narração 3.1. Partes principais a) Enredo b) Clímax c) Desfecho 3.2. Tempo da narrativa a) Cronológico b) Anacrônico 3.3. Ambiente 3.4. Personagens a) Principais (protagonista e antagonista) b) Secundários (coajuvantes) c) Terciários (figurantes) d) Caricaturais 3.5. Narrador a) Primeira pessoa – personagem b) Terceira pessoa – onisciente 3.6. Tipos de discurso a) Direto Ex: Lavador de carros, Juarez de Castro, 28 anos, ficou desolado, apontando para os entulhos: “Alá minha frigideira, alá meu escorredor de arroz. Minha lata de pegar água era aquela. Ali meu outro tênis” b) Indireto Ex: Juarez, desolado, dizia que não tinha tido tempo de apanhar suas coisas e que agora não possuía mais nada. c) Indireto livre Ex: O desolado Juarez tinha perdido tudo. E agora, cadê dinheiro para comprar tudo de novo? 3.7. Principais tipos de narração a) Romance – texto longo, dotado de um núcleo principal e outras tramas; b) Novela – texto menos longo que o romance, mas também com tramas paralelas; c) Conto – narrativa curta, com tempo reduzido e poucos personagens; d) Crônica – texto que narra fatos do dia a dia e situações presenciáveis por todos; Exemplo de narrativa com descrição: Camilo quis sinceramente fugir, mas já não pôde. Rita, como uma serpente, foi-se acercando dele, envolveu-o todo, fez-lhe estalar os ossos num espasmo, e pingou-lhe o veneno na boca. Ele ficou atordoado e subjugado. Vexame, sustos remorsos, desejos, tudo sentiu de mistura; mas a batalha foi curta e a vitória delirante. 4. Dissertação 4.1. Características principais a) Texto no âmbito das ideias b) Linguagem formal e denotativa c) Objetividade d) Função referencial e conativa 4.2. Tipos de dissertação a) Dissertativo-argumentativo b) Dissertativo-expositivo 4.3. Partes da dissertação a) Introdução b) Desenvolvimento c) Conclusão Ex 01 - (texto argumentativo-expositivo) A medicina é uma das muitas áreas do conhecimento ligada à manutenção e restauração da saúde. Ela trabalha, num sentido amplo, com a prevenção e cura das doenças humanas e animais num contexto médico. (...) A atual prática da medicina utiliza em seu favor conhecimentos obtidos por diversas ciências, por exemplo, biologia, química, física, antropologia, epidemiologia. Em um conceito estrito, a medicina busca a saúde por meio de estudos, diagnósticos e tratamentos, e no conceito mais amplo, aliviar o sofrimento e manter o bem estar global.(Wikipédia) Ex. 02 - (Texto dissertativo-argumentativo) A face da medicina brasileira que temos hoje é tão perniciosa que já provoca o sentimento de que as doenças seriam menos perniciosas se elas não existissem. Esse sentimento não tem base científica, mas o fato é que ele existe. (...) No Brasil, opera-se menos da metade dos pacientes que se pode operar, e opera-se mal. Enquanto isso, há gente que poderia ser salva, mas morre sem conseguir sequer um diagnóstico. (Francisco Theófilo) 5. Textos injuntivos O texto injuntivo é destinado sobretudo à instrução. Trata-se de um tipo textual construído para despertar uma ação no leitor / ouvinte e pode se apresentar de maneira explícita ou não. Bulas de medicamentos, receitas culinárias, manuais de instrução são exemplos de textos injuntivos explícitos. 6. Charge É uma crítica político-econômicosocial feita por intermédio de desenhos caricaturais, visando a evidenciar algum acontecimento atual de modo satírico e com certa dose de humor. Na charge, a linguagem apresentada, geralmente, é verbal e não-verbal. Quando há uma sequência de quadros, geralmente, chamamos de ‘tirinhas’. Ex: Charge Intertextualidade Prof. Reginaldo Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida. (Drummond) Quando nasci, veio um anjo safado o chato d’um Querubim e decretou que eu estava predestinado a ser errado assim. (Chico Buarque) Quando nasci, um anjo esbelto desses que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira. (...) vai ser coxo na vida é maldição pra homem mulher é desdobrável. Eu sou. (Adélia Prado) 1. Paráfrase Reafirma-se com palavras diferentes o mesmo sentido, a mesma essência do texto. Assim, o texto dá uma continuidade semântica ao modelo imitado. 2. Paródia Ocorre uma desconstrução da imagem anterior. Há um rompimento da temática, pervertendo-se o que foi dito anteriormente. 3. Citação Pode ser utilizada em qualquer tipo de texto. Deve ser sempre anunciada. 4. Alusão É uma citação indireta, não textual. 5. Epígrafe Citação, geralmente, feita sob o título de um determinado capítulo e de maneira recuada à esquerda da página. 6. Pastiche Tipo de intertextualidade em que há não apenas uma apropriação textual, mas também de tudo aquilo que diz respeito ao autor e à obra. Semântica Professor Reginaldo 1) Sinonímia – Características de determinadas palavras assumirem, num dado contexto, significação semelhante. Tais palavras são chamadas de sinônimos. Ex: branco – alvo; forte – robusto; longo – comprido. 2) Antonímia – Palavras com sentidos opostos. São chamadas de antônimos. Ex: alto – baixo; gordo – magro; cedo – tarde. 3) Homonímia – Propriedade do que é homônimo, ou seja, que possui a mesma grafia ou a mesma pronúncia, ou mesmo as duas coisas a um só tempo. Os homônimos podem ser: a) Homófonos – mesma pronúncia, grafia diferente. (Cela – sela; seção – sessão) b) Homógrafos – mesma grafia, pronúncia diferente. {acordo (subst) e acordo (verbo)} c) Perfeitos – mesma pronúncia e mesma grafia. {são (verbo) e são (adj)} 4) Paronímia – Propriedade do que é parônimo, isto é, muito parecido. Os parônimos não possuem nem a pronúncia nem a grafia igual. Ex: Comprimento / cumprimento fragrante / flagrante 5) Hipônimo – É uma relação estabelecida entre dois termos com base na maior especificidade do significado de um deles. Ex: mesa (mais específico) e móvel (mais genérico). 6) Hiperônimo – É uma relação estabelecida entre dois termos, sendo que, um deles apresenta sentido mais amplo, englobando o outro termo. Ex: felino está numa relação de hiperonímia com gato. Exercícios II Professor Reginaldo 01) (Fumarc) A série de itens – adágio, anexim, dito popular, ditado, rifão, máxima – apresenta a estratégia metalinguística denominada: a) paronomásia b) hiperonímia c) hiponímia d) sinonímia 02) Assinale a opção em que as palavras grifadas mantêm, entre si, a relação semântica indicada entre parênteses. a) A Todos os réus foram julgados sem discriminação. Nos processos não houve ato algum de descriminação. (paronímia) b) A lei caracteriza algumas ações e as define como crimes. Esses delitos são classificados de acordo com o tipo de bem que atingem, material ou imaterial. (hiperonímia/hiponímia) c) O crime já foi definido como toda conduta humana que infringisse a lei penal. Nesse sentido, o indivíduo que transgredisse essa lei deveria ser punido. (homonímia) d) A dissidência nem sempre impossibilita a conciliação. (sinonímia) e) A delação constrangeu os jurados, o que motivou a dilação do julgamento pelo juiz. (antonímia) 3)Assinale a proposição correta respeito dos homônimos perfeitos: a) O acordo será firmado através de palavras orais e escritas / Acordo sempre no horário previsto. b) Os juízes e os tribunais, em suas sentenças, acórdão e arestos decidem mediante palavras / A mãe não soube ensinar as sentenças à filha. c) O que se critica, de agora em diante, não pode ficar impune / A crítica que ela fez ao tribunal não tinha respaldo. d) O estudante tropeça nas palavras, durante o discurso de paraninfo / O tropeço do advogado, quando discursava, levou-o ao chão. 4) (Fumarc) Leia os textos: Texto I É olhar para o horizonte, ver o que todos veem, mas enxergar o que poucos enxergam. É dar-se o direito de sonhar e agir para concretizar o sonho. E, acima de tudo, aliar persistência ao bom senso de se divertir enquanto vai em busca do que tanto deseja. (MELO, Ricardo) Texto II Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de tão visto, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam, no dia a dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença. O procedimento intertextual entre ambos se dá por meio de a) Paródia b) Epígrafe c) Paráfrase d) Plágio 05) Seguem abaixo alguns versos do poema de Roberto Pompeu de Toledo e, entre parênteses, uma indicação do recurso textual utilizado pelo autor. Assinale a opção que traz a correlação INCORRETA: a) “Engulo mosca além da conta, / giro como barata tonta.” (comparação) b) “Aceito o abraço do urso, vacilo / às lagrimas de crocodilo.” (ironia) c) “prossigo, e ao dar com os macacos ordeno: / cada um no seu galho!” (intertextualidade) d) “Agora chove, e é em vão que falo: / por favor, tirem o cavalo” (polifonia) 06)“Um jovem é diagnosticado como tal exatamente pela sua potência romântica, seu coração destemido e quixotesco e pela sua confiança na própria capacidade de mudar o mundo.” Nesse fragmento, com o uso do adjetivo ‘quixotesco’ temos uma estratégia argumentativa bastante recorrente, denominada: a) Metalinguagem b) Denotação c) Ironia d) Intertextualidade 07) (FCC – 2012) O par grifado que constitui exemplo de parônimos está em: a) No espaço de uma noite, o rio havia transbordado e inundado o quintal da casa. • Pela manhã, foi possível constatar a força destrutiva das águas. b) O rio se convertera em um caudaloso fluxo de águas sujas. • O menino se assustou com a violência barrenta das águas. c) Famílias eminentes podiam ir para o campo, fugindo do bulício da cidade. • Eram iminentes os riscos causados pela inundação das águas barrentas do rio. d) Era urgente a necessidade de obras para a contenção do rio. • Havia heroísmo na concentração dos homens que lutavam conta a corrente. e) No Pomar atrás da casa havia frutas, entre elas, mangas e cajus. • Em mangas de camisa, homens tentavam salvar o que as águas levavam. Considerações Finais Professor Reginaldo 1) A questão do aquecimento global foi discutida novamente. E essa será também a tônica do próximo Congresso sobre o meio ambiente. 2) Pais e professores discutiram o problema em reunião. Aqueles não concordaram com a posição adotada na escola e estes tentavam dar explicações. 3) As crianças que estavam descalças assentaram-se no meio da sala. • As crianças, que estavam descalças, assentaram-se no meio da sala. Outros exemplos: • Só, Clemilda vez o trabalho de Hermenêutica. (sozinha) • Só clemilda fez o trabalho de Hermenêutica. (apenas ela) • Josenilton canta Garçom, de Reginaldo Rossi. (pratica a ação de cantar) • Josenilton, canta Garçom, de Reginaldo Rossi. (é chamado para cantar) • Os alunos dedicados passaram no concurso. (somente aqueles que se dedicaram) • Os alunos, dedicados, passaram no concurso. (todos eram dedicados)