A INFLUÊNCIA DE “MODOS DE VIDA” RURAIS NA CIDADE DE ITUIUTABA - MG Rogério Gerolineto Fonseca – UFU [email protected] Joelma Cristina dos Santos – UFU [email protected] Resumo O objetivo central deste trabalho é discutir as manifestações de práticas e costumes tipicamente rurais, que ainda ocorrem com muita força nas cidades de todo o Brasil, mais especificamente no município de Ituiutaba-MG. Isto se deve ao fato de que desde as décadas de 1950 e 1960, se intensificou o processo de transferência da população do campo para a cidade devido à penetração do capitalismo no campo, através do processo de modernização da agricultura. O processo de modernização da agricultura contribuiu sobremaneira para o desemprego, uma vez que torna desnecessária a presença constante do trabalhador rural no campo. Esta população, ao se transferir para as cidades, não abandona tão rapidamente os hábitos rurais. Pelo contrário, estas práticas conseguem resistir até mesmo por décadas, gerando contrastes nos modos de vida das cidades. Ao lado de atividades comerciais e industriais, passam a ser preservadas características rurais. Este quadro é observado com mais intensidade nas pequenas cidades, ou em cidades médias do interior, fortemente ligadas ao campo, que tem na produção agropecuária a base de sua economia. Atualmente, verifica-se que o processo de urbanização da população ainda não parou; continuam ocorrendo transferências de população do campo para a cidade, implicando no aumento das ruralidades nas zonas urbanas, e na constatação de que, apesar das altas taxas de urbanização das cidades brasileiras, em muitas dessas ainda se manifestam atividades tipicamente rurais, fazendo com que o Brasil não seja um país tão urbano quanto parece. Palavras-chave: ruralidades, rural, modernização agrícola, população, Ituiutaba. LA INFLUENCIA DE “MODOS DE VIDA” RURALES EN LA CIUDAD DE ITUIUTABA – MG Resumen El objetivo central del presente trabajo es discutir las manifestaciones de prácticas y costumbres típicamente rurales que ocurren aún con mucha fuerza en las ciudades de todo Brasil, más específicamente en el municipio de Ituiutaba-MG. Esto se debe al hecho de que desde las décadas de 1950 y 1960 se intensificó el proceso de transferencia de la población del campo para la ciudad, debido a la expansión del capitalismo en el campo, por el proceso de modernización de la agricultura. El proceso de la modernización de la agricultura contribuyó sobremanera para el desempleo, ya que torna innecesaria la presencia constante del trabajador rural en el campo. Esta población no abandona tan rápido los hábitos rurales al transferirse para las ciudades. Al contrario, estas prácticas logran resistir incluso por décadas, generando contrastes en los modos de vida de las ciudades. Al lado de actividades comerciales e industriales, pasan a ser preservadas características rurales. Este cuadro es observado con mayor intensidad en ciudades pequeñas o en ciudades medianas fuertemente ligadas al campo, que tienen la base de su economía en la producción agropecuaria. Actualmente, se verifica que el proceso de urbanización de la población no se detuvo aún; continúan ocurriendo transferencias de población del campo para la ciudad, implicando un aumento de las ruralidades en las zonas urbanas y una constatación de que a pesar de las altas tasas de urbanización de las ciudades brasileñas, en muchas de ellas todavía se manifiestan actividades típicamente rurales, haciendo que Brasil no sea un país tan urbano como parece. Palabras clave: ruralidades, rural, modernización agricola, población, Ituiutaba. INTRODUÇÃO No Brasil, após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), verificou-se uma inversão do local de residência da população. O país, que, até a primeira metade do século XX possuía a maioria de sua população residindo no campo, passou a transferir-se para as cidades, fazendo com que, no final da década de 1960, o Brasil já apresentasse a maioria de sua população vivendo nas cidades. Vários fatores influenciaram essa transferência da população: o campo passou a não mais fornecer as condições necessárias para a permanência dessa população; o uso de máquinas nas atividades agrícolas tomou o lugar de milhares de trabalhadores; e o próprio Estado incentivou a migração para as cidades, pois, as áreas urbanas necessitavam de trabalhadores para sustentar o crescimento industrial que o país começou a apresentar. A massa de trabalhadores que ao longo das décadas da segunda metade do século XX se transferiam para as cidades não substituiu totalmente os hábitos rurais pelos urbanos. Isso fez com que as cidades brasileiras passassem a apresentar certos costumes tradicionalmente ligados ao campo, como a presença nos fundos das casas do cultivo de algumas árvores frutíferas e hortaliças, criar alguns animais, cozinhar com o fogão a lenha etc. Atualmente, a população brasileira ainda continua se transferindo do campo para as cidades, porém, em proporções menores. Como a população que ainda reside nas zonas rurais apresenta-se bastante reduzida, os fluxos migratórios sentido campo-cidade também têm apresentado números menores de pessoas que deixam o campo. Contudo, a porcentagem de população rural que se transfere para as cidades continua elevada. Dessa forma, este trabalho tem o objetivo de discutir sobre as transformações ocorridas no campo brasileiro nas últimas décadas e as conseqüências dessas transformações, principalmente, a respeito da transferência de população para as cidades, e a influência dos costumes rurais que acompanharam essas pessoas, mesmo após se fixarem em áreas urbanas. O levantamento das causas da migração de população para as cidades serviram aqui como base para explicar o contexto da migração de população do campo para a cidade de Ituiutaba, discutindo-se, também, os hábitos tipicamente rurais que acompanharam essas pessoas, e que ainda se fazem muito presentes no cenário urbano de Ituiutaba. Para a realização deste trabalho, inicialmente, foi realizada uma revisão bibliográfica acerca de temas como relação cidade-campo, migração, influências dos meios rural e urbano, industrialização e modernização agrícola. Também foi realizada uma pesquisa junto ao site do IBGE para se conhecer como se deu a evolução da população rural e urbana no Brasil e no município de Ituiutaba (MG). A realização de pesquisas em campo, por meio de entrevistas junto a pessoas que moram na área urbana de Ituiutaba, mas que apresentam em suas práticas cotidianas características tipicamente rurais, também foram fundamentais para se conhecer como se apresentam os “modos de vida” rurais na cidade de Ituiutaba, que se constitui como foco deste trabalho. A INDUSTRIALIZAÇÃO URBANA E A MODERNIZAÇÃO AGRICOLA Um dos grandes motivos que desencadearam a transferência de população do campo para as cidades foi a industrialização do país, que, na metade do século XX, tomou força no Brasil. O Estado era um grande interessado na industrialização, pois, enxergava nessa atividade a chance para que o Brasil se modernizasse através da atração de investimentos estrangeiros, do aumento de valor agregado às exportações, e da conquista de uma posição de destaque no cenário internacional, acreditando-se, desta forma, se alcançar o desenvolvimento do país. A este respeito, Santos (2007, p.58) destaca que [...] Dessa forma, na década de 1950 o Estado criou as condições para o crescimento industrial e, na década de 1960, a agricultura, que representada pelas elites rurais se beneficiou dos incentivos governamentais à modernização da agricultura, que excluiu um grande número de produtores e trabalhadores. Assim, podemos constatar que a saída da população do campo foi desencadeada pelo início do processo de industrialização das cidades brasileiras. Além da industrialização crescente nas cidades, a modernização da agricultura também foi responsável pela saída de população das áreas rurais, pois, o uso de máquinas no campo passou a tomar o lugar dos trabalhadores nas atividades agrícolas, não sendo mais necessário manter uma quantidade muito grande de trabalhadores nas propriedades. A modernização da agricultura ocorreu em um cenário de aliança entre a indústria e a agricultura, cujas repercussões se dão tanto na crescente utilização de máquinas no campo, como no esgotamento do solo e nas dificuldades de reprodução social da classe trabalhadora. Podemos ainda afirmar que esse processo de modernização foi seletivo e discriminatório, beneficiando a categoria de produtores que tinha facilidades de acesso ao crédito e a fundos de financiamento para determinadas atividades agroindustriais. (SANTOS, 2007, p.58). Como apontado acima pela autora, os incentivos à modernização, proporcionados pelo Estado, não se estenderam a todos. Os pequenos produtores não foram beneficiados pelos auxílios do governo, como empréstimos e financiamentos, e ficaram impedidos de acompanhar o progresso agrícola do país. O interesse do Estado era privilegiar os grandes produtores, visando alcançar uma maior produtividade no setor agrícola e aumentar a participação do Brasil no mercado internacional via exportações. Também na política oficial o rural tem sido percebido como agrícola (ligado apenas à produção); a agricultura de exportação, tecnicamente avançada, tem sido privilegiada, enquanto a agricultura de mercado interno foi chamada de “agricultura de subsistência” e considerados os pequenos agricultores (proprietários ou não) como incapazes de acompanhar o progresso técnico, econômico e social. (RUA, 2005, p.48). Outro fato que se constitui em empecilho histórico para a ocupação das áreas rurais no Brasil é a dificuldade de acesso à terra. Historicamente, os pequenos proprietários sempre encontraram entraves para adquirirem terras. Isto, para garantir a dominação por parte das elites rurais, que sempre fizeram parte do controle do Estado. Ao contrário de países como Inglaterra, França e Estados Unidos, onde as antigas estruturas latifundiárias foram substituídas por uma maior democratização da terra, no Brasil, observa-se que, com o passar do tempo, ocorreu a manutenção de uma ruralidade autoritária e monopolizadora da terra. (RUA, 2005). [...] A grande propriedade agrária exerce domínio sobre o território e tem, até agora, imposto sua força política em sucessivos pactos com os setores dominantes do bloco hegemônico, sem, entretanto, deixar esse bloco. Basta lembrar o contexto da promulgação da Lei de Terras de 1850 e os arranjos institucionais posteriores à Revolução de 1930, ao golpe de 1964 e à regulamentação da Constituição de 1988. É a força dessa hegemonia traduzida nas relações econômicas, políticas, culturais e simbólicas que vai marcar aquilo a que alguns chamam de modernização conservadora que privilegia alguns setores e algumas parcelas do espaço (de acordo com os agentes sociais nele intervenientes) em detrimento de outras. Pode se perceber que o capitalismo integra sem homogeneizar espacialmente ou socialmente. (RUA, 2005, p.47). O mesmo quadro é constatado por Noronha, que completa afirmando que, no campo, o […] processo de avanço do capitalismo significou tanto a permanência do latifúndio como principal elemento da estrutura fundiária do país, como também a exclusão e proletarização de uma massa de produtores, os quais não conseguiram acompanhar o rápido processo de modernização e tecnificação da produção agropecuária. (NORONHA, 2003, p.5). Segundo Alentejano (2003), o modelo de modernização da agricultora implantado no Brasil a partir da segunda metade do século XX tem dificultado as condições de permanência no campo mesmo para os que possuem terras, principalmente para os pequenos proprietários. Estes são os mais prejudicados, pois, o modelo de modernização da agricultura em questão [...] tem produzido resultados sociais e ambientais perversos – como ressalta a maioria dos autores –, assim como econômicos, dado que os índices de produtividade têm se mostrado decrescentes e os custos – pelo contrário – crescentes, assim como a dependência de financiamentos cada vez mais elevada, tornando o agricultor cada vez mais vulnerável, seja às grandes indústrias fornecedoras de insumos e sementes, aos bancos, ou às processadoras e intermediários. (ALENTEJANO, 2003, p.27). Rua (2005, p.48) expõe que, “[...] o Estado, ao viabilizar os chamados “complexos agroindustriais” e favorecer o empresariado rural em detrimento dos produtores familiares camponeses tem mantido os velhos pactos entre os setores do bloco hegemônico. [...]”. Sendo esses setores em questão, aqui compreendidos como as elites rurais e industriais beneficiadas pelas ações do Estado. Sobre a relação entre o processo de modernização da agricultura e a transferência da população rural para as cidades, é importante atentar para a reflexão de Santos (2004, p.177), pois para o autor, “[…] o processo de modernização implicou uma redução de trabalhadores rurais e de pequenos produtores, em particular daqueles que detinham formas precárias de acesso à terra, como os posseiros, arrendatários, parceiros e agregados nas propriedades rurais.” Sobre essa relação estabelecida no campo, modernização da agricultura-migração, Resende (2007) se posiciona da mesma forma que Santos, afirmando que Com o avanço do capitalismo no campo, substituindo o homem pela máquina e/ ou intensificando a exploração da mão-de-obra, uma enorme corrente migratória passou a procurar as cidades em busca de novas oportunidades de vida e trabalho. A concentração fundiária, dessa forma, se acentua e a sazonalidade do trabalho na agricultura moderna não permite a manutenção de muitas famílias rurais no campo. (RESENDE, 2007, p.24). Os residentes em áreas rurais passaram a ter mais problemas, no que diz respeito à sua permanência no campo, a partir da união dos interesses do setor agrícola e do setor urbano-industrial. A respeito desse contexto, Resende (2007) considera que o processo de modernização do campo brasileiro ocorrido nas últimas décadas [...] atrelou, fortemente, o setor agrícola ao setor urbano-industrial. Por um lado, ao se prover alguns setores do rural brasileiro com tecnologias modernas, mecânicas, químicas e biológicas constituiu-se um mercado consumidor de produtos industriais para a agricultura, cirando, por conseguinte, novos setores para a acumulação de capitais urbano-industriais. Por outro lado, esse processo alterou as relações sociais na agricultura, desestabilizando antigas relações de trabalho como a dos parceiros, meeiros, agregados e, também, trabalhadores rurais assalariados. (RESENDE, 2007, p.23). Completando, faltava ainda a indústria chegar até o campo. Isto ocorreu por meio da implantação dos Complexos Agroindustriais, o que contribuiu sobremaneira para extinguir, em consideráveis extensões de terra, as características marcadamente rurais, e provocar um esvaziamento demográfico ainda maior. O campo passou a incorporar as características industriais tipicamente urbanas. Como aponta Graziano da Silva (1999 apud NORONHA, 2003, p.15) “[...] o meio rural brasileiro se urbanizou nas últimas décadas em virtude do intenso processo de industrialização do campo, com o surgimento dos Complexos Agroindustriais e o transbordamento do mundo urbano em relação ao espaço rural.” Como resultado, observamos a situação dos camponeses desterritorializados se agravar ainda mais. Quando a cidade se industrializa, a sociedade tende a se tornar urbana. Nos países em desenvolvimento, o fenômeno da industrialização provoca grandes alterações na estrutura agrária, e atrai para as cidades uma grande quantidade de camponeses, que passam a se instalar nas periferias das cidades e a viver em condições precárias. O QUE É URBANO, O RURAL É RURAL NO BRASIL? A distinção entre o que é urbano e o que é rural é muito complexa, pois não se pode concordar que as áreas rurais sejam relacionadas apenas ao atraso e ao rústico e que as cidades contenham apenas os símbolos da modernidade e de atividades tipicamente consideradas urbanas. Hoje, o campo é dotado de vários serviços e atividade que, até pouco tempo atrás, eram exclusivos das cidades como energia elétrica, conexões via satélite (como a TV a cabo e a internet) e a presença da própria indústria. Por sua vez, na cidade se fazem presentes o estilo country na moda, nas músicas sertanejas e em festas juninas e feiras agropecuárias. A modernização levou ao campo elementos e hábitos considerados urbanos, ao mesmo tempo em que a transferência da população do campo para as cidades, levou para estas, hábitos e estilos rurais. Daí, tornou-se mais difícil distinguir o que é urbano do que é rural, de modo que, as características do campo e das cidades passaram a dividir os mesmo espaços. Em uma proposta de classificar os espaços como urbanos ou rurais, verificamos que o campo ainda se encontra muito presente no Brasil. Veiga (2002 apud MARQUEZ, 2002) com base em critérios como a densidade demográfica e o tamanho populacional, considera que, no Brasil, 90% do território, ou, 80% dos municípios, ou ainda, 30% de toda a população do país, sejam essencialmente rurais. Ainda com base nos mesmos critérios, o autor classifica uma porção da população brasileira (13%) em uma categoria intermediária, que mescla características rurais e urbanas, sendo denominada como uma população “rurbana”. Em Marquez (2002), encontramos uma proposta de classificação formulada pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a qual determina se uma área é rural ou urbana a partir do local de residência da população. Deste modo, áreas • essencialmente rurais: são aquelas em que mais de 50% da população regional habitam em unidades de base rurais; • relativamente rurais: são aquelas em que entre 15% e 50% da população regional habitam em unidades de base rurais; e • essencialmente urbanizadas; são aquelas em que menos de 15% da população regional habitam em unidades de base rurais. (OCDE ou, 1994 apud MARQUEZ, 2002, p.98). Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que classifica oficialmente a população do país, os critérios são estabelecidos a partir da densidade populacional e/ou de residências que uma área concentra. Não importando o volume populacional, toda e qualquer sede de município é considerada como urbana, bem como toda a população concentrada neste distrito sede. Há autores que discordam desses critérios de classificação, por poderem, facilmente, apresentar resultados diferentes do que ocorre na realidade das áreas analisadas, pois, esses critérios não consideram as atividades realizadas e os hábitos presentes nesses locais. Dessa forma, mesmo localidades muito pequenas e totalmente dependentes de atividades agrícolas pouco modernizadas seriam consideradas, assim como sua população, urbanas. “[...] Assim, o Brasil não seria tão urbano quanto parece, uma vez que toda e qualquer sede municipal é considerada urbana, independentemente da atividade predominante, e das características socioculturais do local. […]” (ROSA; FERREIRA, 2006, p.189). Atualmente, classificar uma área como rural ou urbana é uma tarefa muito difícil, pois, as atividades entre as duas áreas se apresentam bastante integradas. Se levarmos em consideração que as regiões agrícolas contêm cidades, as regiões urbanas contêm atividades rurais. Mesmo levando em conta de que isso é um esquema genérico, as cidades devem adaptar-se às demandas da zona rural e das atividades agrícolas, no que se refere tanto ao consumo das famílias quanto ao consumo produtivo... Assim sendo, teríamos áreas agrícolas contendo cidades adaptadas às suas demandas e, nas áreas urbanas, zonas rurais adaptadas às demandas urbanas. (SILVA, 1998 apud NORONHA, 2003, p.11). Nas bordas das cidades, verifica-se que não existe uma separação muito nítida entre o urbano e o rural, mas sim, uma passagem gradual de um elemento para outro. “Segundo Lefébvre, as periferias urbanas podem se estender muito, a tal ponto que quem as atravessa não compreende bem onde começa ou termina a cidade. [...]” (MARQUEZ, 2002, p.106). Em Lefebvre (1969), Marquez (2002) identifica que o processo de urbanização não provoca apenas o surgimento das cidades, mas também, o envolvimento dos tecidos urbanos sobre os espaços rurais, que passam a se apresentar cortados por espaços construídos para a circulação de mercadorias e pessoas. Porém, o avanço generalizado da urbanização não consegue extinguir totalmente os espaços rurais, de modo que, Apesar de haver uma tendência geral para a urbanização do planeta, esse processo não se dá de forma homogênea. As ondas de urbanização nem sempre conseguem eliminar todos os elementos da vida rural com a expansão de sua malha territorial. E o campo, mesmo sendo “urbanizado”, não se deixa eliminar por completo, havendo sempre as resistências, “sobrando” sempre elementos da vida rural. Existem especificidades entre cada um desses espaços. Realmente, eles são diferentes em sua paisagem e em seu modo de vida. O que se quer mostrar é que, mesmo sendo diferentes, eles fazem parte de uma mesma trama territorial que se relaciona a todo momento. [...] (RESENDE, 2007, p.25-26). Como apontado acima, essa forte relação entre os espaços urbanos e rurais, fez com que Sposito (2006) indicasse que, em espaços onde encontram-se dificuldades de se distinguir os limites entre as morfologias urbanas e rurais, reconhece-se, portanto, a existência de um contínuo “cidade/campo”. Nesses espaços, ocorre um compartilhamento, ou interseção, de usos do solo, atividades socioculturais e interesses políticos e econômicos associados ao rural e ao urbano. A URBANIZAÇÃO DA POPULAÇÃO O fenômeno de transferência de população do campo para a periferia das cidades é um fato que, lembrado por Sposito (2006), já ocorria na Inglaterra durante a primeira metade do século XIX, em que a população vinda do campo se instalava nos novos bairros da periferia, ao redor da cidade primitiva, a fim de dedicarem-se a ocupações fabris. Os dados que se observam em relação à população brasileira, mostram que, a partir da industrialização urbana e da modernização agrícola, houve uma inversão do local de moradia da população. A década de 1960 pode ser considerada um marco dessa inversão, pois, ela iniciou-se com a maioria da população residindo no campo e terminou com a maioria da população residindo nas cidades. Os resultados dos censos demográficos do IBGE (gráficos 1 e 2) comprovam esta situação. O recenseamento de 1950 mostra que, em uma população total de 51.944.397 habitantes, 18.782.891 de pessoas (36%) residiam em áreas urbanas e 33.161.506 de pessoas (64%) residiam em áreas rurais. Em 1960, quando algumas cidades brasileiras já se apresentavam industrializadas, observa-se que, em um total de 70.992.343 habitantes, 32.004.817 de brasileiros (45%) moravam em cidades e 38.987.526 (55%) moravam no campo. Já o recenseamento de 1970 apresenta uma inversão do local de moradia da maioria dos brasileiros: com um total de 94.508.583 habitantes, 52.904.744 (56%) eram urbanos e 41.603.839 (44%) eram rurais. Em 1980, após o início da modernização do campo, o Brasil continuou acentuando o crescimento da população urbana e o decréscimo da população rural; com um total de 121.150.573 habitantes, 82.013.375 (67%) eram urbanos e 39.137.198 (33%) eram rurais. No censo demográfico de 1991, quando os Complexos Agroindustriais já se espalhavam pelo país, a população total era de 146.917.459 habitantes, com 110.875.826 (75%) de pessoas morando nas cidades e 36.041.633 (25%) morando no campo. No último censo demográfico, realizado no ano 2000, o Brasil possuía 169.590.693 de habitantes, sendo que destes, 137.755.550 (81%) residiam nas cidades e 31.835.143 (19%) residiam no campo. Gráfico 1: Brasil: evolução da população de 1950 até 2000 Fonte: IBGE – Censo Demográfico – 1950-1960-1970-1980-1991-2000 Org. FONSECA, R.G., 2009. Gráfico 2: Brasil: evolução da população (em porcentagem) de 1950 até 2000 Fonte: IBGE – Censo Demográfico – 1950-1960-1970-1980-1991-2000 Org. FONSECA, R.G., 2009. No caso de Ituiutaba, os dados encontrados para demonstrar a evolução da população se estendem de 1970 a 2000. Os resultados dos Censos Demográficos de Ituiutaba mostram a mesma tendência observada no país, a diminuição da população rural e o aumento da população urbana, o que indica a transferência de população do campo para a cidade. Como observado nos gráficos 3 e 4, em 1970, Ituiutaba possuía uma população total de 64.656 habitantes, sendo 47.021 (73%) residentes na cidade e 17.635 (27%) residentes no campo. Em 1980, a população total do município era de 74.240 habitantes, com 65.133 (88%) pessoas morando na área urbana e 9.107 (12%) pessoas morando nas áreas rurais. Em 1991, Ituiutaba possuía 84.577 habitantes, 78.205 (92%) na cidade e 6.372 (8%) no campo. No ano 2000, o município passou a contar com uma população total de 89.091 habitantes, residindo, desses, 83.853 (94%) na cidade e 5.238 (6%) no campo. Gráfico 3: Ituiutaba: evolução e distribuição da população entre 1970 a 2000 Fonte: IBGE – Censo Demográfico – 1970-1980-1991-2000 Org. FONSECA, R.G., 2009. Gráfico 4: Ituiutaba: distribuição da população (em porcentagem) entre 1970 a 2000 Fonte: IBGE – Censo Demográfico – 1970-1980-1991-2000 Org. FONSECA, R.G., 2009. Hoje, os governos assumem que a transferência de população rural para as cidades têm sido responsável por boa parte dos problemas sociais que atingem os centros urbanos, como a ocupação desordenada das periferias e o inchaço das cidades. Mesmo as tentativas de retornar parte da população para o campo tem se mostrado ineficientes, uma vez que, o modelo de reforma agrária praticado deixa os assentados sem condições de permanecer no campo. Alentejano (2003) aponta que o atual modelo de sociedade urbano-industrial dotado de modernas tecnologias da informática e da robótica, não é capaz de incluir a enorme quantidade de trabalhadores que habitam as periferias carentes das cidades brasileiras. O autor sugere uma solução para corrigir tal problema através da realização de uma reforma agrária que não apenas tire das cidades uma enorme massa de população carente, mas que dê assistência e condições aos assentados, para que esses possam produzirem e se reproduzirem socialmente com dignidade. Dessa forma, evitar-se-ia, assim, “[…] uma reforma agrária que fizesse esses trabalhadores retornarem à situação da qual muitos saíram, isto é, o minifúndio sem qualquer infra-estrutura e submetido aos mais sórdidos controles por parte de comerciantes e grandes proprietários. [...]” (ALENTEJANO, 2003, p.36). A ATRAÇÃO EXERCIDA PELAS CIDADES A polarização nas cidades, constituídas nas últimas décadas, concentrou nela poder político, capital, cultura, moda, etc. e projetou um modo de viver, pensar e agir urbano que, cada vez mais, tem atribuído ao campo idéias de atraso e rusticidade. Acontece que faz tempo que a cidade não só venceu como absorveu o campo, o agrário, a sociedade rural. Acabou a contradição entre cidade e campo, na medida em que o modo urbano de vida, a sociabilidade burguesa, a cultura do capitalismo, o capitalismo como processo civilizatório invadem, recobrem, absorvem ou recriam o campo com outros significados. (RUA, 2002 apud RUA, 2005, p.49). Wirth (1979 apud ENDLICH, 2006) considera o urbano como um modo de vida que encanta e influencia por meio do poder de suas instituições e personalidades, meios de comunicação e transporte, atingindo e superando o rural. Singer (1978 apud NORONHA, 2003, p.7) enfoca que, a partir do processo de industrialização, “[...] a cidade passa a incorporar uma gama cada vez maior de infra-estrutura e serviços, que a torna o lugar de realização de todas as atividades, inclusive aquelas que anteriormente eram realizadas nas áreas rurais”. Isto faz com que a cidade passe a ser um local, cada vez mais, necessário, tendo as populações que buscarem nos centros urbanos produtos e serviços os quais necessitam como assistência médica, educação, produtos industrializados e até mesmo alimentos, visto que, o campo, no mundo moderno, não consegue mais oferecer às populações rurais as condições para sua subsistência. […] realmente, torna-se difícil afirmar se é o campo que expulsa ou a cidade que atrai, pois não havendo condições ideais no campo, a população se vê atraída, através dos meios de comunicação, pelo conforto das cidades, o que nem sempre corresponde aos seus anseios. (MARTINS; VANALLLI, 2004, p.84). Osório e Siqueira (2001, apud NORONHA, 2003) destacam que à medida que as cidades foram surgindo, essas foram concentrando cada vez mais funções, como o comércio e serviços, por exemplo. As cidades adquiriram relativa importância a partir do modo de produção capitalista, tendo na Revolução Industrial o marco que concretizou essa importância das cidades, e a aceleração do processo migratório de pessoas originárias do campo. OS MODOS DE VIDA RURAIS NA CIDADE DE ITUIUTABA As mudanças do modo de vida e de ocupação (trabalho) das populações que se transferiram nas últimas décadas, do campo para as cidades, só não são maiores devido ao fato de os hábitos e ocupações urbanos terem atingido essas pessoas antes mesmo delas deixarem o campo. Ainda residindo nas áreas rurais, tornou-se comum algumas pessoas ocuparem funções não-agrícolas. Como, para os assalariados e pequenos proprietários, a remuneração (ou renda) obtida nas atividades agrícolas não tem sido suficiente para atender às necessidades familiares, a busca por ocupações que complementem a renda tem gerado uma “[…] crescente heterogeneidade de atividades e opções de emprego e renda não-agrícolas, que tem contribuído para que a população residente no meio rural busque maior estabilidade econômica e social.” (CAMPANHOLA; GRAZIANO DA SILVA, 1999 apud ALENTEJANO, 2003, p.35) estabelecendo, desta forma, forte ligação com os modos de vida urbanos. Mesmo tendo contato com hábitos urbanos, ao se transferirem para as cidades, essa população não abandona tão facilmente os hábitos rurais. Para grande parte da população que mora nas cidades, principalmente para a população que tem origem no campo, hábitos urbanos são incorporados, porém, mantendo-se alguns hábitos rurais mais valorizados (OLIVEIRA; SILVA; PAULA, 2006). Em entrevista realizada com moradores da cidade de Ituiutaba que se transferiram da área rural para a urbana deste município, ficou evidente que o passar das décadas não os fezeram substituir totalmente os hábitos rurais pelos urbanos. As famílias se transferiram para a cidade devido a dificuldades de reprodução social no campo e, com o intuito principal de garantir educação para os filhos e também ter acesso a certos serviços como energia elétrica e assistência médica. Mesmo morando na cidade, muitos se dedicam a práticas rurais para garantir seu sustento. Exemplo disso é a senhora Beatriz Rodrigues, há 49 anos na cidade, não cria mais animais em seu quintal, mas cultiva árvores frutíferas e mantém um canteiro reservado para verduras e condimentos. “Casa tem que tê um quintal de terra pra podê plantá alguma coisa, num dô conta de morá numa casa de quintal cimentado de jeito nenhum.” (Beatriz Rodrigues, 88 anos, dona de casa). Muitas pessoas, ao se transferirem para as áreas urbanas, não conseguem uma ocupação em atividades industriais ou no comércio, tendo que continuar desempenhando nas cidades as mesmas atividades que desempenhavam no campo. Em Santos (1988 apud NORONHA, 2003) observamos que, entre as novas características surgidas a partir da modernização do campo e da transferência de população para as cidades, está o surgimento do agricultor urbano e dos trabalhadores rurais volantes, que desenvolvem sues trabalhos no campo, mas moram nas cidades. Além de milhares de migrantes - a maioria nordestinos que já moraram no campo - que se estabeleceram em Ituiutaba a fim de se tornarem trabalhadores rurais volantes nas usinas de cana de açúcar da região, os migrantes que abandonaram o campo na própria região de Ituiutaba preferem se dedicar a trabalhos que exigem menor esforço físico, como capinar quintais, realizar pequenos fretes em carroças e cultivar em terrenos baldios. […] o campo, não se limita a ocupar as bordas do seu tecido, mas adentra pela malha, através de vazios urbanos, das margens dos vales dos rios e/ou das vias que o cortam […] Nestes espaços verificamos a existência de currais, estábulos, vacarias, granjas, chácaras e pocilgas onde se desenvolve a prática de atividades tipicamente rurais. Estes subespaços rurais, ora ocupado sob um certo agrupamento em uma porção da cidade, ora são pontos isolados dentro deste 'tecido urbano' que se expande. (MAIA, 2001 apud NORONHA, 2003, p.10). A entrevistada Rosa Gusmão, 65 anos, é outro exemplo de migrante que preserva modos de vida rurais. Em sua casa, no bairro Setor Sul, localizado em uma área central de Ituiutaba, a entrevistada complementa a renda da família com a criação e venda de galinhas e ovos. No campo, a renda não era sendo suficiente para sustentar a família. Além de criar galinhas, outro hábito rural preservado é o de cozinhar com fogão a lenha. “Tenho fogão a gás mas uso muito poco, a comida do fogão de lenha tem muito mais sabor.” (Rosa Gusmão, 65 anos, criadora de animais no perímetro urbano). Além das pessoas entrevistadas, milhares de outras pessoas que saíram do campo e se estabeleceram em Ituiutaba conferem à cidade um “ar” rural, através das atividades e dos modos de vida que exercem. Essas características se fazem mais presentes nas periferias da cidade, onde essas populações vivem, geralmente, em condições precárias. Ao mesmo tempo em que o urbano se expande no meio rural, este se estende também na periferia das cidades, passando a formar grandes arruados, conjunto de casebres para pessoas de baixa renda, em áreas que subsistem algumas atividades agrícolas, beneficiadas com a proximidade do mercado urbano. Estas, porém, vão sendo paulatinamente destruídas face a pressão urbana e a elevação do preço do solo. (ANDRADE, 1995 apud NORONHA, 2003, p.9). Mesmo com a tendência de que os espaços que apresentam características rurais em áreas urbanas diminuam com o passar do tempo, não se pode afirmar que esses espaços sejam extintos, pois […] a proporção que a cidade vai expandindo-se, esta configuração espacial vai absorvendo o campo, dissolvendo-o em alguns momentos, anulando-os em outros, mas também permitindo a manutenção e a recriação de subespaços rurais, ou mesmo convivendo de forma 'harmoniosa' ou em conflitos, com a sua configuração historicamente antagônica. (MAIA, 2001 apud NORONHA, 2003, p.10). A presença do rural é tão forte em Ituiutaba, que consegue até mesmo conquistar pessoas que nunca moraram no campo. Isto ocorre devido à “cultura rural” que é tão divulgada na cidade: rádios que se dedicam a tocar exclusivamente músicas sertanejas, festas juninas que ocorrem anualmente e fazem com que rural continue sendo lembrando de uma forma quase folclórica, e a realização da Exposição Agropecuária de Ituiutaba (EXPOPEC), que também se realiza anualmente na semana do aniversário da cidade, a qual se constitui como o maior evento de Ituiutaba, onde se realizam negócios envolvendo o setor agropecuário e também se comemora o aniversário da cidade com a apresentação de shows dos mais importantes artistas da música sertaneja nacional. Por outro lado, podemos perceber também, para além da dimensão física e visível, a dimensão cultural e simbólica na manutenção do “rural dentro do urbano”, do campo dentro da cidade. Esse fato se expressa, por exemplo, na chamada cultura country que está, cada dia mais, presente nas cidades, nas grandes festas agropecuárias, nos rodeios universitários, nos “bailes do cawboy” etc. Todavia, o tipo caipira, o estereotipado “Jeca Tatu” de Monteiro Lobato, hoje, foi substituído pelo tipo cowboy, na definição da ruralidade brasileira. (RESENDE, 2007, p.27). Percebe-se que, até o vestuário das pessoas sofrem influencia da moda country. Para comparecer aos eventos citados acima, a população se prepara com indumentárias como botas, chapéus, cintos, fivelas etc. dando a impressão que habitam ou que trabalham no meio rural. Diante de tudo o que foi exposto, percebe-se que, apesar de toda a pressão que a cultura e os modos de vida rurais sofrem por parte das atividades capitalistas urbano-industriais, os mesmos resistem fortemente, dando a entender que ainda permanecerão por muito tempo presentes na vida dos brasileiros. A respeito de todas as pressões sobre o rural, Resende (2007, p.28) afirma que “Mesmo assim, o mundo rural continua presente nas cidades, nas ruas e nos quintais, na atividade dos carroceiros e suas carroças, prestando serviços para a cidade, nas pequenas hortas e criações de animais na periferia, nas festas do Divino e de Santos Reis.” CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do exposto, é possível compreender que vários foram os fatores que provocaram, a partir da metade do último século, a saída de população do campo em direção às cidades: industrialização, propaganda de um estilo de vida urbano, modernização agrícola e surgimento dos Complexos Agroindustriais ligados a uma estrutura fundiária e auxílios governamentais que sempre privilegiaram apenas as elites rurais, ficando os pequenos produtores e trabalhadores rurais esquecidos pelo Estado. Com a maciça transferência de população para as cidades, em geral, bem como observado em Ituiutaba, essas absorveram e passaram a reproduzir alguns elementos, até então, considerados rurais como agricultura, criação de animais, realização de tarefas como capina de quintais e fretes utilizando-se carroças, e disseminação das músicas sertanejas e das festas agropecuárias. Ao mesmo tempo em que os novos moradores das cidades adquiriam hábitos urbanos, preservavam seus hábitos rurais mais fortes, fazendo resistir e perdurar, no meio urbano, a cultura rural. Os signos do rural se fazem muito presentes em Ituiutaba pelo fato de o município ainda enviar um contingente populacional muito alto do campo para a cidade, e também, pelo fato de atrair uma enorme população com forte ligação com o meio rural que migra de outras regiões do Brasil, em especial o Nordeste, para trabalharem no campo como volantes nas usinas de cana de açúcar da região. Como a cidade possui uma atividade industrial urbana muito modesta, o campo tem se destacado por empregar um contingente de trabalhadores muito alto, principalmente de trabalhadores que moram nas cidades, os “volantes”. Dessa forma, devido ao grande número de habitantes que tem como local de origem o campo, a cidade de Ituiutaba manifesta alguns “modos de vida” rurais, visto que algumas relações foram desorganizadas e outras (re) organizadas, diferencialmente, conferindo, uma (re) significação do urbano e do rural no município de Ituiutaba. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALENTEJANO, Paulo Roberto Raposo. As relações campo-cidade no Brasil do século XXI. Terra Livre, São Paulo, v. 2, n. 21, p. 25-39, 2003. CORRÊA, Roberto Lobato. O espaço urbano. 4. ed. São Paulo: Ática, 2005. 94p. ENDLICH, Ângela Maria. Perspectivas sobre o urbano e o rural. In: SPOSITO, Maria Encarnação Beltrão; WHITACKER, Arthur Magon (Org). Cidade e Campo: relações e contradições entre urbano e rural. 1.ed. 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