APLICAÇÃO DO GÁS OZÔNIO NA DESINFECÇÃO DE OVOS IN NATURA Luiz dos Santos Arrifano, Adriana Barrinha Fernandes, Carlos José de Lima. Unicastelo/Instituto de Engenharia Biomédica, Parque Tecnológico de São José dos Campos Estrada Dr. Altino Bondesan, 500, Distrito Eugênio de Melo, São José dos Campos [email protected], [email protected], [email protected] Resumo- Este trabalho apresenta método alternativo para a desinfecção da casca do ovo por meio do emprego de Gás Ozônio aplicado diretamente sobre a superfície a ser tratada. A busca visou principalmente em sua análise microbiológica quantitativa detectar buscar informações sobre as contaminações, por meio de colônias detectadas antes e pós-tratamento. Os resultados foram altamente satisfatórios, atingindo-se índice de descontaminação da ordem de 99% em média para ambos ágares utilizados. Palavras-chave: Gás Ozônio, processo de desinfecção, ovos, análise microbiológica. Área de Conhecimento: Engenharia Biomédica e Bioengenharia Introdução O ovo está para a mesa do consumidor na mesma proporção em que seu custo, q que, aliado à sua concentração de proteínas o tornam um alimento de consumo permitido à toda população brasileira. A produção de 2010 foi de aproximadamente 29 bilhões de unidades tendo um consumo per capita de 148,85 unidades/ano. Da produção nacional, 98% destinam-se ao consumo interno enquanto que, 2% são exportados. O maior estado produtos é São Paulo com cerca de um terço da produção total. (UBABEF, 2011). Os ovos devem chegar à mesa do consumidor livres de qualquer contaminação e, portanto, medidas de segurança devem ser tomadas para que se alcance o objetivo e vêm sendo discutidas, quer por setores públicos quanto privados. O exterior apresenta-se geralmente contaminado por microrganismos cujas fontes comuns de infecção são matéria fecal, maquinário e o próprio homem. O ovo possui barreiras naturais contra a invasão desses microrganismos, pois além da casca há uma cutícula que a recobre além das membranas, que podem ocasionalmente serem vencidas. (CAMARGO, 1984). Novas formas de desinfecção vêm sendo estudadas e o Gás Ozônio é uma delas. O ozônio é um gás instável de odor característico. Sua taxa de decomposição é afetada pelo tipo de água, pura ou não, e sua meia vida restringe-se a 20 minutos quando em temperatura de 20°C. (RICE, 1982) Recentemente, devido às várias enfermidades associadas a microrganismos vem despertando novas formas de sanitização e, entre estes métodos, o emprego do gás ozônio vem obtendo um ganho neste cenário por sua comprovada eficiência, pelo fácil manuseio e por não gerar resíduos tóxicos (CARDOSO et al, 2003). Suas aplicações sanitizantes já vêm sendo discutidas a muito tempo, mas não se tem em literaturas aplicações à desinfecção de ovos e sua eficiência. Dos ovos produzidos por um lote, aqueles que se destacam como livres de defeito são tidos como adequados. Definem-se ovos de boa qualidade todo aquele de formato ovóide, casca com boa textura, tamanho regular e cor constante e limpos. Devem ser mantidos livros de material fecal que ao manchar a casca contaminam com graves prejuízos para o ovo. A qualidade é mantida com simples atitudes tais como permitir a postura em ninhos limpos, coleta frequente para se evitar contatos mais prolongados com os meios transmissores de contaminação, e manter sempre desinfetados todos os materiais que estão em contato direto com os ovos, tais como esteiras, bandejas, máquinas, etc. A medida tida como de melhor prevenção é a de proceder a desinfecção após a coleta como descrevemos a seguir. Metodologia O valor da massa do ovo definirá sua classificação pelo Tipo, segundo o Decreto 56.585 de 20 de setembro de 1961, conforme a tabela 1. Tabela 1. Classificação dos ovos de acordo com a sua massa Classificação massa (g) Jumbo > 66 Extra 60 a 65 Grandes 55 a 60 Pequeno 45 a 40 FONTE: Decreto 56 585 de 20/09/65 Para a realização destes métodos foram coletados ovos na região de Itaquera e na grande São Paulo, como os municípios de Mogi das Cruzes, Arujá e Ferraz de Vasconcelos que foram pesados, tiveram seus diâmetros, equatorial e polar tomados por meio de paquímetro digital. Encontro de Pós-Graduação e Iniciação Científica – Universidade Camilo Castelo Branco 313 Em seguida todos foram submetidos ao ovoscópio (figura 1) para verificação das condições da casca, tais como fissuras ou microfissuras, verificação das condições da câmera de ar, nitidez e aparência e mobilidade da gema. Todos os ovos que apresentaram fissuras ou estavam com a casca quebrada foram excluídos deste estudo, para que se evitasse a quebra total durante o ensaio e assim contaminar os demais. Os que se apresentaram gema em grande mobilidade também foram descartados. (a) (b) Figura 1 – Ovoscópio: (a) vista superior; (b) Ovo sendo analisado onde se pode notar a fissura. Para a análise microbiológica foram utilizados dois meios de cultura: Ágar Sangue e Ágar Müeller Hinton. Foram coletadas amostras com swab embebido numa solução de cloreto de sódio a 0,9% nos ovos antes da realização do processo e o mesmo procedimento logo após. As placas permaneceram em estufa a 37°C por 24 horas para todas as análises realizadas. O processo adotado consistiu em submeter dois grupos com 6 ovos cada por 10 minutos á ação do gás ozônio dentro de recipiente de 4 litros, fechado e com geração constante do gás. Foi realizada a equalização do recipiente por 5 minutos dadas as suas características volumétricas. A dose utilizada foi de 155 mg/L. Resultados O processo de aplicação de Gás Ozônio foi um grande sucesso, obtendo-se valores de 99,29% para as placas com Ágar Müller Hinton e de 99,34% para o Ágar Sangue de carneiro. Os resultados são apresentados na tabela 2. Tabela 2. Obtenções nos ovos antes e pós-tratamento Qtde. de ovos 12 12 Ágares utilizados Müller Hinton Sangue Número de colônias totais Antes Depois 565 4 1813 12 Índice de redução % 99,28 99,34 Discussão de alta produção diária, além de que, se pode com investimentos menores obter produtividades maiores. Sabemos que não existe no Brasil levantamentos realizados para a obtenção de dados de análises microbiológicas, que deveriam ser realizadas de forma contínua e sistemática, visando a determinação da qualidade dos ovos “in natura” consumidos pela população Processos como os atualmente utilizados, com aplicação de água clorada, amônia quaternária, cresol, fenol, dentre outros, muitas vezes se mostram também deficientes. Tendo encontrado variações altamente conflitantes entre os números de colônias, pode-se supor que, embora estes ovos tivessem tido algum, e até mesmo nenhum, tratamento, as condições das posturas também diferiram em muito entre elas o que sugere, deveria haver um maior controle das granjas e de suas operações para que se evitasse a contaminação de forma tão presente como o constatado. Conclusão No presente estudo verificou-se o efeito do Gás Ozônio sobre as cascas dos ovos para eliminação de microrganismos naturalmente presentes. Referências BRASIL. Ministério da Agricultura. decreto 56.585 de 20/07/1965. CAMARGO, R.; FONSECA, H.; PRADO FILHO, L.G.; ANDRADE, M.O.; CANTARELLI, P.R., OLIVEIRA, A.J., et.al. Tecnologia dos produtos agropecuários – alimentos. Piracicaba: Nobel, 1984 CARDOSO, C. C., et al. Avaliação microbiológica de um processo de sanificação de galões de água com a utilização do ozônio. Ciênc. Tecnol. Aliment. 23.1 (2003): 59-61. RICE, RG, & Netzer, A. (1982). Manual de tecnologia de ozônio e aplicações. 1 Volume. Ann Arbor Science Publishers Inc. Ann Arbor, Michigan, (23 A RIC), 1982, 396. UBABEF – União Brasileira de Avicultura. Relatório Anual 2010/2011. Disponível: <http://www.abef.com.br/ubabef/exibenoticiaubabef.ph p?notcodigo=2761> Acesso em: 19/07/2012 Este trabalho mostrou que o processo sugerido, para a desinfecção do ovo, que é a aplicação de ozônio diretamente no produto foram obtidos resultados altamente satisfatórios, eliminando quase que totalmente a contaminação existente anteriormente em tempo e dose baixos, que podem se reverter em ganho de tempo para os mini e pequenos granjeiros até para as granjas Encontro de Pós-Graduação e Iniciação Científica – Universidade Camilo Castelo Branco 314