UNIÃO DINÂMICA DE FACULDADES CATARATAS
FACULDADE DINÂMICA DAS CATARATAS
CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL
AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO DO
ATERRO SANITÁRIO DE SANTA TEREZINHA DE ITAIPU
PARANÁ
ANTONIO DE CAMPOS JUNIOR
FOZ DO IGUAÇU - PR
2008
ANTONIO DE CAMPOS JUNIOR
AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO DO
ATERRO SANITÁRIO DE SANTA TEREZINHA DE ITAIPU
PARANÁ
Trabalho de Conclusão de Curso,
Apresentado à banca examinadora da
Faculdade Dinâmica das Cataratas –
UDC, como requisito parcial para
obtenção de grau de Engenharia
Ambiental.
Prof. Orientador: Profº. Dr. Elídio Lobão
Co-orientador: Eng. Ambiental Leandro
Tonin
FOZ DO IGUAÇU - PR
2008
TERMO DE APROVAÇÃO
UNIÃO DINÂMICA DE FACULDADES CATARATAS
AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO DO
ATERRO SANITÁRIO DE SANTA TEREZINHA DE ITAIPU
PARANÁ
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE
BACHAREL EM ENGENHARIA AMBIENTAL
Acadêmico: Antonio de Campos Junior
Orientador: Profº. Dr. Elídio Lobão
Co-orientador: Eng. Ambiental Leandro Tonin
NOTA FINAL
BANCA EXAMINADORA:
Profª: Dra. Luciane Mello
Profº: Éderson Luiz Laurindo
Foz do Iguaçu, _________________ de 2008
IV
DEDICATÓRIA
Este projeto dedico primeiramente a
Deus, a minha família e aos meus
amigos, que direta ou indiretamente
colaboraram para a sua conclusão,
também aos meus Orientadores e
professores que me apoiaram na
sua elaboração.
V
AGRADECIMENTOS
Ao Profº. Orientador Elídio Lobão por sua dedicação e comprometimento
no decorrer do curso e acompanhamento do projeto.
Ao
Co-orientador
Eng,
Ambiental
Leandro
Tonin
pelo
apoio
e
esclarecimentos durante a elaboração do projeto.
A minha família por ter me proporcionado o privilegia de poder cursar
uma faculdade, não somando os esforços necessários para que eu pudesse
permanecer estudando.
Aos
professores
e
orientadores
pela
dedicação,
paciência
e
companheirismo para com todos nós acadêmicos.
Aos colegas de curso pelo companheirismo, amizade e apoio ao longo de
todo o curso.
A todos os que colaboraram para a realização desta importante etapa da
minha vida, todos os amigos e familiares. Sem um motivo, sem um apoio ou
sem a motivação de viver, não seria necessário enfrentarmos as dificuldades.
Sem a participação de todos, a comemoração de uma vitória não tem o mesmo
sentido.
VI
LISTA DE TABELAS
Tabela 01: Responsabilidades pela destinação dos resíduos............................Pág.20
Tabela 02: Economia de energia com a reciclagem...........................................Pág.29
Tabela 03: Valores de C e α em função da declividade e do tipo de solo..........Pág.39
Tabela 04: Quantidade de Água Disponível (mm de H2O de Solo)...................Pág.40
VII
LISTA DE FIGURAS
Figura 01: Catadores em lixões..........................................................................Pág.31
Figura 02: Coleta e Recirculação de Chorume...................................................Pág.43
Figura 03: Travessia / Circulação da rede de coleta de Chorume......................Pág.43
Figura 04: Seção Longitudinal – Detalhe da Drenagem Secundária..................Pág.45
Figura 05: Perfil esquemático do poço de monitoramento.................................Pág.46
Figura 06: Escavação da Trincheira...................................................................Pág.48
Figura 07: Depósito de Resíduos Sólidos Urbanos............................................Pág.49
Figura 08: Empilhamento de Resíduos Sólidos Urbanos...................................Pág.49
Figura 09: Cobertura dos Resíduos Sólidos Urbanos........................................Pág.50
Figura 10: Cobertura Final da Trincheira............................................................Pág.50
Figura 11: Sistema de coleta das águas pluviais................................................Pág.62
Figura 12: Bomba utilizada na recirculação do chorume....................................Pág.64
Figura 13: Dispersão do chorume sobre a vala..................................................Pág.65
VIII
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 13
2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................ 17
2.1 Resíduos Sólidos no Brasil......................................................................... 17
2.2 Classificação do Lixo.................................................................................. 19
2.3 Características do Lixo ............................................................................... 21
2.4 Classes dos Resíduos................................................................................ 22
2.5 Normas para o Descarte ............................................................................ 24
2.5.1 Aterro Sanitário ....................................................................................... 24
2.5.2 Aterro Controlado .................................................................................... 25
2.5.3 Incineração.............................................................................................. 26
2.5.4 Co-processamento .................................................................................. 28
2.5.4.1 Resíduos Passíveis de Co-Processamento ......................................... 28
2.5.4.2 Resíduos não Passíveis ....................................................................... 28
2.5.4.3 Vantagens do Co-Processamento........................................................ 29
2.5.5 Blendagem .............................................................................................. 29
2.5.6 Reciclagem.............................................................................................. 29
2.5.7 Problema dos Lixões ............................................................................... 33
2.5.8 Tipos de Aterros Sanitários ..................................................................... 35
3 PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DO ATERRO SANITÁRIO DE SANTA
TEREZINHA DE ITAIPU................................................................................... 37
3.1 Escolha da Área Preliminar ........................................................................ 37
3.2 Critérios Ambientais para a Escolha da Área ............................................. 37
3.3 Licença Prévia do IAP (LP) ........................................................................ 38
3.4 Levantamento Planialtimétrico ................................................................... 38
3.5 Sondagens ................................................................................................. 38
3.5.1 Dimensionamento das Trincheiras .......................................................... 39
IX
3.5.1.1 Valores Adotados para Cálculo ............................................................ 39
3.5.1.2 Considerações ..................................................................................... 39
3.5.1.3 Cálculos................................................................................................ 40
3.5.1.4 Comprimento das Etapas das Trincheiras............................................ 40
3.5.1.5 Cálculo do Volume de Líquidos Percolados ......................................... 41
3.5.1.6 Parâmetros a serem Utilizados ............................................................ 41
3.5.2 Lay-Out.................................................................................................... 45
3.5.3 Isolamento da Área do Aterro.................................................................. 45
3.5.3.1 Sistema de Coleta e Recirculação de Chorume................................... 45
3.5.4 Sistema de drenagem de Águas Superficiais.......................................... 47
3.5.5 Poço de Monitoramento .......................................................................... 48
3.5.6 Procedimentos para Operação dos Aterros Sanitários ........................... 50
3.5.6.1 Nos Procedimentos de Manutenção dos Aterros Sanitários, devem
Receber Especial Atenção das Administrações Municipais os Seguintes Itens:50
3.5.6.2 Abertura e Fechamento de Trincheira .................................................. 51
3.5.6.3 Sequência de Abertura e Fechamento de Trincheiras ......................... 51
4 ANÁLISE E ACOMPANHAMENTO DA IMPLANTAÇÃO DO ATERRO
SANITÁRIO DE SANTA TEREZINHA DE ITAIPU ........................................... 54
4.1 Critérios Ambientais para a Escolha da Área ............................................. 54
4.2 Licença Prévia do IAP (LP) ........................................................................ 55
4.3 Levantamento Planialtimétrico ................................................................... 56
4.4 Sondagens ................................................................................................. 56
4.4.1.1 Dimensionamento das Trincheiras ....................................................... 57
4.4.2 Parâmetros.............................................................................................. 57
4.4.3 Vida Útil do Aterro ................................................................................... 58
4.4.4 Cálculo do Volume de Líquidos Percolados: ........................................... 59
4.4.4.1 Isolamento da Área do Aterro............................................................... 61
4.4.4.2 Operação do Aterro Sanitário............................................................... 62
X
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 64
5.1 Drenagem Pluvial ....................................................................................... 64
5.2 Pesagem .................................................................................................... 65
5.3 Recirculação do Chorume .......................................................................... 66
6 CONCLUSÃO................................................................................................ 69
XI
JUNIOR, Antonio de Campos. Avaliação da Implantação e Operação do
Aterro Sanitário de Santa Terezinha de Itaipu – Paraná. Foz do Iguaçu, 2008.
Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Engenharia Ambiental) Faculdade Dinâmica de Cataratas.
RESUMO
O presente trabalho trata da avaliação, implantação e operação de Aterros
Sanitários, para municípios de pequenos e médios portes com aterros em
trincheiras, utilizando as normas e resoluções vigentes no Estado do Paraná, tendo
como estudo de caso o Aterro Sanitário de Santa Terezinha de Itaipu, Paraná.
Levando-se em conta a eficácia do sistema adotado e as possíveis alterações para a
otimização do projeto existente, foram propostas soluções simplificadas visando à
facilidade na implantação dos métodos, e um baixo custo para a alteração, bem
como a implantação de uma balança no Aterro Sanitário para o controle da entrada
dos resíduos sólidos, a drenagem das águas pluviais evitando possíveis problemas
na operacionalização das máquinas e percolação da água na trincheira aumentando
volume na geração de resíduos drenados para a caixa de coletora de chorume,
também a otimização do sistema de recirculação do chorume buscando facilitar a
reinjeção do liquido percolado novamente nas trincheiras do Aterro Sanitário, e uma
possível implantação de uma rede para recirculação efetuando o encanamento
antes do fechamento de cada trincheira para que ocorra a recirculação mesmo após
o término do tempo de vida útil do Aterro Sanitário.
PALAVRAS-CHAVE: Resíduos Sólidos, Aterro Sanitário, Recirculação de Chorume.
XII
JUNIOR, Antonio de Campos. Assessment of the Implementation and Operation
Landfill in Santa Terezinha de Itaipu - Parana. Foz do Iguacu, 2008. Completion of
course work (Bachelor of Environmental Engineering) - Faculty Dynamics of cataract.
ABSTRACT
Due to modernization in industrial production and optimization in the form of
manufacturing and packaging products, aimed at convenience for the population that
has become consumerist. The products end up generating a large amount of waste
from its production until its disposal. These wastes also called Urban Solid Waste,
formerly were arranged so inadequate in places known as lixões, were places
without any kind of structure, engineering or a protection for the environment and
population living on their surroundings. With the passage of time and awareness of
the bodies responsible at the disposal of such waste has been done in a way more
accurate, aimed at protecting the environment, population and reuse of materials, the
economy and reducing the extraction of natural resources, in addition to expenditures
of energy for their production. The sites for the disposal of these wastes are called
Sanitary Landfill, places with an appropriate infrastructure for the handling of
municipal solid waste using techniques to protect soil and water table, drainage of
rain water and recycling of manure generated by garbage. This project addresses the
evaluation of the implementation and operation of a landfill in trenches, using the
existing rules and resolutions for municipalities of small and medium sizes. Taking
into account the effectiveness of the system adopted and possible amendments to
the optimization of the project, becoming more economically viable and
environmentally for municipalities.
KEYWORDS: Solid Waste, landfill, recirculation of manure.
13
1
INTRODUÇÃO
O presente trabalho irá tratar da avaliação que permitirá uma análise
prévia dos pontos positivos e negativos que ocorreram ao longo da implantação do
Aterro Sanitário de Santa Terezinha de Itaipu Paraná, buscando assim, alternativas
mais eficazes utilizando as normas estabelecidas pelos órgãos ambientais. Será
levada em conta também a capacidade financeira do município, que tem uma
arrecadação baixa, também destinada para outras áreas, suprindo as necessidades
da população.
Segundo Lindenberg (1997), um aterro sanitário não é a
mesma coisa que um lixão, tendo em vista que no lixão os resíduos são
dispostos sem nenhum critério de proteção ao meio ambiente ou à saúde
pública. A implantação de aterros sanitários só traz benefícios para sociedade
em geral, pois acaba com a agressão ao meio ambiente, evita o risco de
poluição de mananciais ou de lençóis freáticos, impede a proliferação de
vetores (moscas, baratas, ratos, etc.), além de possibilitar a utilização dos
gases gerados pela decomposição da matéria orgânica como fonte de energia.
É necessário um local adequado para a disposição final dos resíduos
não considerados recicláveis ou reutilizáveis, com um cuidado para que não ocorram
contaminações, como a proliferação de insetos e geração de doenças, ficando longe
da população. Antes de se projetar o aterro, são feitos estudos topográficos,
geotécnicos e hidrológicos para selecionar a área a ser utilizada para sua instalação,
assim
não
comprometendo
o
meio
ambiente.
É
feita
inicialmente,
a
impermeabilização do solo através de combinação de argila e geomembrana para
evitar infiltração dos líquidos formados pela percolação no solo. Os líquidos
percolados são captados por drenos através de tubulações e escoados para lagoa
de tratamento ou para uma caixa onde ocorre a recirculação ou então para sistemas
de tratamento. Para evitar o acúmulo das águas de chuva, são implantados sistemas
14
de escoamento em volta das trincheiras ou células evitando que esta água se
impermeabilize entre os resíduos e seja contaminada.
É ainda a melhor solução para o lixo que não pode ser reaproveitado
ou reciclado. Trata-se de áreas de terreno preparadas para receber o lixo, com
tratamento para os gases e líquidos resultantes da decomposição dos materiais, de
maneira a proteger o solo, a água e o ar da poluição. Todos os municípios deveriam
ter um aterro para colocação do seu lixo. Dependendo do volume de lixo gerado,
existem aterros que podem ser implantados sem a necessidade de um grande
investimento de recursos, sendo acessíveis a qualquer orçamento municipal. O que
este estudo de viabilidade quer apresentar são as maneiras técnicas eficazes e com
menor custo de implantação para os municípios com população inferior ou igual a
trinta mil habitantes, considerados municípios de pequeno e médio porte.
Objetivo Geral
Análise
da
RESOLUÇÃO
CONJUNTA
Nº.
01/2006
–
SEMA/IAP/SUDERHSA para implantação de aterro sanitário em municípios de
pequeno porte, que se caracteriza segundo a resolução como municípios com
população entre 10.000 e 30.000 habitantes, utilizando como estudo de caso o
aterro sanitário do município de Santa Terezinha de Itaipu – PR. Estudo de
viabilidade econômica e sócio-ambiental para a implantação de um aterro sanitário,
tomando como parâmetro a eficiência do projeto já implantado. Este projeto
identificará os melhores procedimentos para que a implantação do aterro seja com
condições de proteção ambiental visando à qualidade de vida da população
juntamente com a proteção dos recursos naturais que na área se encontra, evitando
quaisquer tipos de impactos.
15
Objetivos Específicos
•
Análise do sistema proposto pelo manual de implantação
•
Verificação da situação atual do aterro sanitário de Santa
Terezinha de Itaipu – PR
•
Avaliação entre o sistema proposto pela resolução e o aterro em
operação no município de Santa Terezinha de Itaipu
•
Levantamento de possíveis problemas existentes no aterro
sanitário de Santa Terezinha de Itaipu
•
Propor medidas de regularização de possíveis problemas
Justificativa
Com o aumento da população nas áreas urbanas e o seu
consumismo desenfreado, temos como conseqüência um aumento excessivo na
produção de bens de consumo pelo ser humano, associado à escassez de recursos
não-renováveis e a contaminação do meio ambiente, que o levou a se tornar o maior
predador dos recursos naturais. Ecol News (abril de 2008), comenta que a falta de
água potável e de esgotamento sanitário é responsável, hoje, por 80% das doenças
e 65% das internações hospitalares. Além disso, 90% dos esgotos domésticos e
industriais são despejados sem qualquer tratamento nos mananciais de água. Os
lixões, muitos deles situados às margens de rios e lagoas, são outro foco de
problemas. O debate sobre o tratamento e a disposição de resíduos sólidos urbanos
muitas vezes ainda é negligenciado pelo Poder Público.
Como conseqüência deste fato, temos nos deparado com realidades
não conhecidas pela maioria da população, fatos como a má disposição dos
16
resíduos gerados por ela, em locais sem qualquer tipo de estruturação, ocasionando
a contaminação do solo, lençóis freáticos, rios e proliferação de vetores, e que ainda
existem pessoas vivendo no meio deste local sem qualquer tipo de segurança e
condições de trabalho, tirando seu sustento da coleta de materiais recicláveis em
meio a outros resíduos, correndo risco de se contaminarem por diversos tipos de
doenças. Este problema tem despertado no ser humano um pensar mais
profundamente sobre a maneira que estes resíduos devem ser dispostos no meio
ambiente.
Na revista Emporium (maio de 2008), o problema da decomposição
do lixo, que libera o metano gás nocivo ao meio ambiente e aos
seres humanos, além de colaborar para a proliferação de moscas,
baratas e ratos, que são responsáveis pela transmissão de várias
doenças. Segundo a Fundação Nacional de Saúde do Ministério da
Saúde, o armazenamento inadequado do lixo colaborou para a
incidência de duas recentes epidemias no Brasil. Em 1982, foram
registrados 12 mil casos de dengue no Norte do país e, em 1998,
mais 527 mil casos em todo o Brasil. A cólera também gerou
números alarmantes. Entre 1991 e 1994 foram verificados cerca de
53 mil casos de pessoas infectadas pelo vibrião colérico.
17
2
REFERENCIAL TEÓRICO
O problema dos resíduos sólidos existe desde quando os homens
começaram a se fixar em determinados lugares, abandonando a vida nômade. Desde as
civilizações antigas, os resíduos gerados pelos seus consumos eram dispostos em áreas
afastadas (lixões), também em cursos d’água. Há menção, na história antiga ao uso do fogo
para destruição dos restos inaproveitáveis, bem como ao seu aterramento. Há
aproximadamente um século, é que surgiram soluções consideradas racionais para solução
dos resíduos sólidos. O acentuado crescimento populacional (principalmente urbano), o
desenvolvimento industrial e tecnológico ocorrido no último século e acentuado após a 2ª
guerra mundial, trouxe novas opções de produtos aos consumidores, gerando assim muitos
problemas para o meio ambiente e consequentemente ao ser humano, dentre os quais os
resíduos, que ocasionam a poluição do meio ambiente. Quando exploramos os recursos da
terra e não os reutilizamos ou reciclamos, o meio ambiente se polui com o refugo desses
produtos, pois a poluição impede que os ciclos naturais se realizem apropriadamente.
Segundo Lixomil (2008), poluição do solo é caracterizada principalmente pela lei da entropia
ou desordem (2ª lei da termodinâmica), onde nas transformações de energia, seja natural ou
artificialmente sempre há degradação da energia, ou seja, a energia torna-se cada vez
menos utilizável à proporção da sua utilização.
2.1
Resíduos Sólidos no Brasil
Os resíduos sólidos no Brasil segundo a Pesquisa Nacional de
Saneamento Básico – PSNB (2000). Houve mudança de Governo no nível federal, e
novos programas e temas passaram a ter destaque nos debates e abordagem sobre os
resíduos sólidos. De acordo com esses dados, estimou-se que são gerados no país perto de
18
157 mil toneladas de lixo domiciliar e comerciais por dia. Entretanto 20% da população
brasileira ainda não contam com os serviços regulares de coleta. Os resíduos sólidos
urbanos (RSU) coletados têm a seguinte destinação.
Dados extraídos da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, pelo IBGE
(2000):
•
47% aterro sanitário;
•
23,3% aterros controlados;
•
30,5% lixões;
•
0,4% compostagem;
•
0,1% triagem.
Esses números se referem à porcentagem do lixo coletado, se for
observada a porcentagem relativa ao número de municípios, verificaremos que a maioria
dos municípios ainda tem lixões. As porcentagens indicadas pela pesquisa apontam que:
•
59% dos municípios dispõem seus resíduos sólidos em lixões;
•
13% em aterro sanitário;
•
17% em aterros controlados;
•
0,6% em áreas alagadas;
•
0,3 têm aterros especiais;
•
2,8% têm programa de reciclagem;
•
0,4% provêm de compostagem;
•
0,2% incineração.
19
2.2
Classificação do Lixo
A classificação do lixo tem como objetivo uma destinação correta
para uma melhor técnica de tratamento ou para uma destinação final adequada
evitando o desperdício de matéria prima reutilizável, evitando o acúmulo
desnecessário dos resíduos na sua destinação final, assim sendo reduzida a sua
quantidade de espaço ocupada no aterro.
Sua classificação segundo o livro Ecologia de A a Z (2000), pequeno
dicionário de ecologia é subdividida como:
Seco: papéis, plásticos, metais, couros tratados, tecidos, vidros, madeiras,
guardanapos e tolhas de papel, pontas de cigarro, isopor, lâmpadas, parafina, cerâmicas,
porcelana, espumas, cortiças.
Molhado: restos de comida, cascas e bagaços de frutas e verduras, ovos,
legumes, alimentos estragados, etc.
Quanto à composição química:
Orgânico: é composto por pó de café e chá, cabelos, restos de alimentos,
cascas e bagaços de frutas e verduras, ovos, legumes, alimentos estragados, ossos, aparas
e podas de jardim.
Inorgânico: composto por produtos manufaturados como plásticos, vidros,
borrachas, tecidos, metais (alumínio, ferro, etc.), tecidos, isopor, lâmpadas, velas, parafina,
cerâmicas, porcelana, espumas, cortiças, etc.
Quanto à origem:
Domiciliar: originado da vida diária das residências, constituído por restos
de alimentos (tais como cascas de frutas, verduras, etc.), produtos deteriorados, jornais,
revistas, garrafas, embalagens em geral, papel higiênico, fraldas descartáveis e uma grande
diversidade de outros itens. Pode conter alguns resíduos tóxicos.
20
Comercial: originado dos diversos estabelecimentos comerciais e de
serviços, tais como supermercados, estabelecimentos bancários, lojas, bares, restaurantes,
etc.
Serviços Públicos: originados dos serviços de limpeza urbana, incluindo
todos os resíduos de varrição das vias públicas, limpeza de praias, galerias, córregos, restos
de podas de plantas, limpeza de feiras livres, etc., constituído por restos de vegetais
diversos, embalagens, etc.
Hospitalar: descartados por hospitais, farmácias, clínicas veterinárias
(algodão, seringas, agulhas, restos de remédios, luvas, curativos, sangue coagulado, órgãos
e tecidos removidos, meios de cultura e animais utilizados em testes, resina sintética, filmes
fotográficos de raios X). Em função de suas características, merece um cuidado especial em
seu acondicionamento, manipulação e disposição final. Deve ser incinerado e os resíduos
levados para aterro sanitário.
Portos, Aeroportos, Terminais Rodoviários e Ferroviários: resíduos
sépticos, ou seja, que contém ou potencialmente podem conter germes patogênicos.
Basicamente originam-se de material de higiene pessoal e restos de alimentos, que podem
hospedar doenças provenientes de outras cidades, estados e países.
Industrial: originado nas atividades dos diversos ramos da indústria, tais
como: o metalúrgico, o químico, o petroquímico, o de papelaria, da indústria alimentícia, etc.
O lixo industrial é bastante variado, podendo ser representado por cinzas, lodos,
óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras, borracha, metal,
escórias, vidros, cerâmicas. Nesta categoria, inclui-se grande quantidade de lixo tóxico.
Esse tipo de lixo necessita de tratamento especial pelo seu potencial de envenenamento.
Radioativo: resíduos provenientes da atividade nuclear (resíduos de
atividades com urânio, césio, tório, radônio, cobalto), que devem ser manuseados apenas
com equipamentos e técnicos adequados.
21
Agrícola: resíduos sólidos das atividades agrícola e pecuária, como
embalagens de adubos, defensivos agrícolas, ração, restos de colheita, etc. O lixo
proveniente de pesticidas é considerado tóxico e necessita de tratamento especial.
Entulho: resíduos da construção civil: demolições e restos de obras,
solos de escavações. O entulho é geralmente um material inerte, passível de
reaproveitamento.
2.3
Características do Lixo
A caracterização do lixo tem uma importância fundamental devido o
fato da separação por tipos de lixo encontrados, que em sua maioria podem ter um
destino determinado para reciclagem ou reutilização. Fundamental participação na
programação para a mobilização de coleta na área urbana, a importância direta na
decomposição da matéria orgânica, influência no peso específico da matéria
orgânica e no cálculo da produção de Chorume e dimensionamento da drenagem
dos resíduos percolados.
Suas características físicas segundo o site da ambiente Brasil são as
seguintes:
Composição gravimétrica: traduz o percentual de cada componente em
relação ao peso total do lixo.
Peso específico: é o peso dos resíduos em função do volume por eles
ocupado, expresso em kg/m³. Sua determinação é fundamental para o dimensionamento de
equipamentos e instalações.
22
Teor
de
umidade:
esta
característica
tem
influência
decisiva,
principalmente nos processos de tratamento e destinação do lixo. Varia muito em função
das estações do ano e da incidência de chuvas.
Compressividade: também conhecida como grau de compactação, indica
a redução de volume que uma massa de lixo pode sofrer, quando submetida a uma pressão
determinada.
A compressividade do lixo situa-se entre 1:3 e 1:4 para uma pressão
equivalente a 4 kg/cm2. Tais valores são utilizados para dimensionamento de equipamentos
compactadores.
Chorume: substância líquida decorrente da decomposição de material
orgânico.
2.4
Classes dos Resíduos
A classificação dos resíduos tem por objetivo identificar os riscos que
pode ocasionar ao meio ambiente e a saúde da sociedade, essa classificação é
estabelecida em função das substâncias identificadas nos resíduos que são
classificados por três categorias, perigosos, não-inertes e inertes, esta classificação
possibilita um gerenciamento adequado dos resíduos, assim ocorrendo um correto
manuseio, transporte, armazenamento e tratamento ou destinação final.
A especificação das classes dos resíduos segundo a NBR 10.004 –
MAIO 2004 - resíduos sólidos, classificação ABNT (1987b) são as seguintes:
Classe 1 - Resíduos Perigosos: são aqueles que apresentam riscos à
saúde pública e ao meio ambiente, exigindo tratamento e disposição especiais em função de
suas
características
patogenicidade.
de
inflamabilidade,
corrosividade,
reatividade,
toxicidade
e
23
Classe 2 - Resíduos Não-inertes: são os resíduos que não apresentam
periculosidade, porém não são inertes; podem ter propriedades tais como: combustibilidade,
biodegradabilidade ou solubilidade em água. São basicamente os resíduos com as
características do lixo doméstico.
Classe 3 - Resíduos Inertes: são aqueles que, ao serem submetidos aos
testes de solubilização NBR-10.007 – MAIO 2004 da ABNT, não têm nenhum de seus
constituintes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de potabilidade da
água. Isto significa que a água permanecerá potável quando em contato com o resíduo.
Muitos destes resíduos são recicláveis. Estes resíduos não se degradam ou não se
decompõem quando dispostos no solo (se degradam muito lentamente). Estão nesta
classificação, por exemplo, os entulhos de demolição, pedras e areias retirados de
escavações.
Tabela 01: Responsabilidades pela destinação dos resíduos
Origem
Possíveis
Responsável
Classes
Domiciliar
2
Prefeitura
Comercial
2, 3
Prefeitura
Industrial
1, 2, 3
Público
2, 3
Serviços de saúde
Gerador do resíduo
Prefeitura
1, 2, 3
Gerador do resíduo
1, 2, 3
Gerador do resíduo
Agrícola
1, 2, 3
Gerador do resíduo
Entulho
3
Gerador do resíduo
Portos,
aeroportos
ferroviários
Fonte: Ambiente Brasil.
e
terminais
24
2.5
Normas para o Descarte
As formas de disposição desses resíduos têm um tratamento
diferenciado de acordo com as classificações a qual eles pertencem, sendo assim
disponibilizados
de
uma
forma
adequada,
as
formas
mais
simples
de
disponibilização conforme a Universo Ambiental (2007) são:
2.5.1 Aterro Sanitário
É um processo utilizado para a disposição de resíduos sólidos no solo,
particularmente, lixo domiciliar que fundamentado em critérios de engenharia e normas
operacionais específicas, permite a confinação segura em termos de controle de poluição
ambiental, proteção à saúde pública; ou, forma de disposição final de resíduos sólidos
urbanos no solo, através de confinamento em camadas cobertas com material inerte,
geralmente, solo, de acordo com normas operacionais específicas, e de modo a evitar
danos ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais.
Antes de se projetar o aterro, são feitos estudos geológico e topográfico
para selecionar a área a ser destinada para que sua instalação não comprometa o meio
ambiente. É feita, inicialmente, impermeabilização do solo através de combinação de argila
e lona plástica para evitar infiltração dos líquidos percolados, no solo. Os líquidos
percolados são captados (drenados) através de tubulações e escoados para lagoa de
tratamento. Para evitar o excesso de águas de chuva, são colocados tubos ao redor do
aterro, que permitem desvio dessas águas, do aterro.
A quantidade de lixo depositado é controlada na entrada do aterro através
de balança. É proibido o acesso de pessoas estranhas. Os gases liberados durante a
25
decomposição são captados e podem ser queimados com sistema de purificação de ar ou
ainda utilizados como fonte de energia (aterros energéticos).
Segundo a Norma Técnica NBR 8419 ABNT (1984), o aterro sanitário não
deve ser construído em áreas sujeitas à inundação. Entre a superfície inferior do aterro e o
mais alto nível do lençol freático deve haver uma camada de espessura mínima de 1,5 m de
solo insaturado. O nível do solo deve ser medido durante a época de maior precipitação
pluviométrica da região. O solo deve ser de baixa permeabilidade (argiloso).
O aterro deve ser localizado a uma distância mínima de 200 metros de
qualquer curso d’água. Deve ser de fácil acesso. A arborização deve ser adequada nas
redondezas para evitar erosões, espalhamento da poeira e retenção dos odores. Devem ser
construídos poços de monitoramento para avaliar se estão ocorrendo vazamentos e
contaminação do lençol freático: no mínimo quatro poços, sendo um a montante e três a
jusante, no sentido do fluxo da água do lençol freático. O efluente da lagoa deve ser
monitorado pelo menos quatro vezes ao ano.
2.5.2 Aterro Controlado
É uma técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem
causar danos ou riscos à saúde pública e a sua segurança, minimizando os impactos
ambientais. Este método utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos,
cobrindo-os com uma camada de material inerte na conclusão de cada jornada de trabalho.
Esta forma de disposição produz, em geral, poluição localizada, pois similarmente ao aterro
sanitário, a extensão da área de disposição é minimizada. Porém, geralmente não dispõe de
impermeabilização de base (comprometendo a qualidade das águas subterrâneas), nem
sistemas de tratamento de Chorume ou de dispersão dos gases gerados. Este método é
preferível ao lixão, mas, devido aos problemas ambientais que causa e aos seus custos de
operação, a qualidade é inferior ao Aterro Sanitário.
26
Na fase de operação, realiza-se uma impermeabilização do local, de modo
a minimizar riscos de poluição, e a proveniência dos resíduos é devidamente controlada. O
biogás é extraído e as águas lixiviantes são tratadas. A deposição faz-se por células que
uma vez preenchidas são devidamente seladas e tapadas. A cobertura dos resíduos faz-se
diariamente. Uma vez esgotado o tempo de vida útil do aterro, este é selado, efetuando-se o
recobrimento da massa de resíduos com uma camada de terras com 1,0 a 1,5 metro de
espessura. Posteriormente, a área pode ser utilizada para ocupações "leves" (zonas verdes,
campos de jogos, etc.).
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico - PNSB - 1989,
realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE - e editada em 1991, a
disposição final de lixo nos municípios brasileiros assim se divide: 76% em lixões; 13% em
aterros controlados e 10% em aterros sanitários; 1% passa por tratamento (compostagem,
reciclagem e incineração).
2.5.3 Incineração
A incineração é um processo de decomposição térmica, onde há redução
de peso, do volume e das características de periculosidade dos resíduos, com a
conseqüente eliminação da matéria orgânica e características de patogenicidade
(capacidade de transmissão de doenças) através da combustão controlada. A redução de
volume é geralmente superior a 90% e em peso, superior a 75%.
Para a garantia do meio ambiente a combustão tem que ser continuamente
controlada. Com o volume atual dos resíduos industriais perigosos e o efeito nefasto quanto
à sua disposição incorreto com resultados danosos à saúde humana e ao meio ambiente, é
necessário todo cuidado no acondicionamento, na coleta, no transporte, no armazenamento,
tratamento e disposição desses materiais.
27
Segundo a ABETRE (Associação Brasileira de Empresas de Tratamento,
Recuperação e Disposição de Resíduos Especiais) no Brasil, são 2,9 milhões de toneladas
de resíduos industriais perigosos produzidos a cada 12 meses e apenas 600 mil são
dispostas de modo apropriado. Do resíduo industrial tratado, 16% vão para aterros, 1% é
incinerado e os 5% restantes são co-processados, ou seja, transformam-se, por meio de
queima, em parte da matéria-prima utilizada na fabricação de cimento.
O extraordinário volume de resíduo não tratado segue para lixões, conduta
que acaba provocando acidentes ambientais bastante graves, além dos problemas de saúde
pública. Os 2 milhões de resíduos industriais jogados em lixões significam futuras
contaminações e agressões ao meio ambiente, comenta Carlos Fernandes, presidente da
Abetre. No Estado de São Paulo, por exemplo, já existem, hoje, 184 áreas contaminadas e
outras 277 estão sob suspeita de contaminação.
A recente Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB)
realizada pelo IBGE (2000), colheu dados alarmantes quanto ao destino das 4.000
toneladas de resíduos produzidos pelos serviços de saúde, coletadas diariamente e
provenientes dos 5.507 municípios brasileiros. Apenas 14% das prefeituras
pesquisadas afirmaram tratar do lixo de saúde de forma adequada. Este tipo de lixo
“é um reservatório de microorganismos potencialmente perigosos, afirma documento
da OMS (Organização Mundial da Saúde)”.
Para os resíduos de saúde classificados como patogênicos, por
exemplo, uma das alternativas consideradas adequadas pelo Conselho Nacional do
Meio Ambiente – CONAMA é a incineração. A redução de passivos ambientais
constituídos por resíduos perigosos tem encontrado na incineração em alta
temperatura, a melhor técnica disponível e mais segura, confirma engenheiro
químico de uma empresa.
28
No Brasil, a destruição de resíduos pela via do tratamento térmico
pode contar com os incineradores industriais e com o co-processamento em fornos
de produção de clinquer (cimenteiras). A Resolução CONAMA 264/99 não permite
que os resíduos domiciliares brutos e certos resíduos perigosos venham a ser
processados em cimenteiras, tais como os provenientes dos serviços de saúde, os
rejeitos radioativos, os explosivos, os organoclorados, os agrotóxicos e afins.
2.5.4 Co-processamento
O Co-Processamento é a destruição térmica de resíduos em fornos de
cimento. Seu diferencial em relação as demais técnicas de queima está no aproveitamento
do resíduo como potencial energético ou substituto de matéria-prima na indústria cimenteira,
sem qualquer alteração na qualidade do produto final.
2.5.4.1 Resíduos Passíveis de Co-Processamento
Resíduos líquidos, sólidos e pastosos, como os originados das seguintes
atividades industriais: petroquímica, química, montadoras, autopeças, eletroeletrônica,
siderurgia, metalurgia, metal-mecânica, celulose e papel, entre outras.
2.5.4.2 Resíduos não Passíveis
Resíduos
organoclorados,
domiciliares, pesticidas e explosivos.
organofosforado,
radioativos,
hospitalares,
29
2.5.4.3 Vantagens do Co-Processamento
•
Destruição total dos resíduos;
•
Emissão atmosféricas totalmente controladas;
•
Tecnologia consagrada internacionalmente;
•
Economia de recursos naturais não renováveis;
•
Atendimento a ampla gama de resíduos;
•
Armazenamento de resíduos.
2.5.5 Blendagem
É a mistura de resíduos com o objetivo de homogeneizar os diversos
resíduos que serão utilizados de uma mesma forma na unidade de destinação final,
garantindo melhor desempenho operacional e qualidade do produto fabricado. A destruição
térmica ocorre em alta temperatura e com alto tempo de residência dos gases,
proporcionando a destruição total dos resíduos.
2.5.6 Reciclagem
A reciclagem é um processo industrial que converte o lixo descartado
(matéria-prima secundária) em produto semelhante ao inicial ou outro. Reciclar é
economizar energia, poupar recursos naturais e trazer de volta ao ciclo produtivo o que é
jogado fora. A palavra reciclagem foi introduzida ao vocabulário internacional no final da
década de 80, quando foi constatado que as fontes de petróleo e outras matérias-primas
não renováveis estavam e estão se esgotando. Reciclar significa = Re (repetir) + Cycle
(ciclo).
30
Para compreendermos a reciclagem, é importante "reciclarmos" o conceito
que temos de lixo, deixando de enxergá-lo como uma coisa suja e inútil em sua totalidade. O
primeiro passo é perceber que o lixo é fonte de riqueza e que para ser reciclado deve ser
separado. Ele pode ser separado de diversas maneiras, sendo a mais simples separar o lixo
orgânico do inorgânico (lixo molhado/ lixo seco).
Na natureza nada se perde. Seres vivos chamados decompositores
"comem” materiais sem vida ou em decomposição. Eles dividem a matéria para que ela
possa ser reciclada e usada de novo. Esse é o chamado material biodegradável. Quando
um animal morre, ele é reciclado pela natureza. Quando um material é dividido em
pequenas peças, as bactérias e fungos, os mais importantes decompositores, já podem
trabalhar.
A decomposição aeróbia é mais completa que a anaeróbia por gerar gás
carbônico, vapor de água e os sais minerais, substâncias indispensáveis ao crescimento de
todos os vegetais, o qual gera o húmus, ótimo adubo para o solo.
No processo anaeróbio, são gerados os gases (metano e sulfídrico), que
causam um odor desagradável; a decomposição anaeróbia produz um líquido escuro
denominado Chorume (líquido com grande quantidade de poluentes) encontrado
normalmente no fundo das latas de lixo. Este Chorume é o principal causador da
contaminação dos rios e do lençol freático.
A reciclagem traz os seguintes benefícios:
•
Contribui para diminuir a poluição do solo, água e ar;
•
Melhora a limpeza da cidade e a qualidade de vida da população;
•
Prolonga a vida útil de aterros sanitários;
•
Melhora a produção de compostos orgânicos;
•
Gera empregos para a população não qualificada;
•
Gera receita com a comercialização dos recicláveis;
31
•
Estimula a concorrência, uma vez que produtos gerados a partir dos
reciclados são comercializados em paralelo àqueles gerados a partir
de matérias-primas virgens;
•
Contribui para a valorização da limpeza pública e para formar uma
consciência ecológica.
No Brasil, seria importante que as pequenas e médias empresas
recicladoras tivessem apoio financeiro e tecnológico para melhorar suas tecnologias de
reciclagem, pois assim estariam contribuindo na geração de empregos, na diminuição de
lixo e na produção de produtos de melhor qualidade com tecnologia "limpa".
A grande solução para os resíduos sólidos é aquela que prevê a máxima
redução da quantidade de resíduos na fonte geradora. Quando os resíduos não podem ser
evitados, deverão ser reciclados por reutilização ou recuperação, de tal modo que seja o
mínimo possível o que tenha como destino final os aterros sanitários.
A reciclagem surgiu como uma maneira de reintroduzir no sistema uma
parte da matéria (e da energia), que se tornaria lixo. Assim desviados, os resíduos são
coletados, separados e processados para serem usados como matéria-prima na manufatura
de bens, os quais eram feitos anteriormente com matéria prima virgem. Dessa forma, os
recursos naturais ficam menos comprometidos.
O levantamento feito pelo IBGE (2000), dos 5.507 municípios
brasileiros, apenas 451 possui coleta seletiva e 352 contam com serviço de
reciclagem de lixo. No Brasil ainda reciclamos pouco, mas o cenário dá sinais de
melhora. A associação Brasileira dos Produtores de PET (Abipet) relata que cerca
de 120 mil toneladas de embalagens PET (plástico resistente usado em embalagens
de refrigerantes, água e sucos, entre outros) usadas foram recicladas em 2003,
registrando um crescimento de 18% em relação ao ano anterior. A entidade calcula
que, até o final de 2004, o volume de reciclagem deve crescer de 15% a 20% com o
32
trabalho de catadores e de iniciativas realizadas em conjunto com as prefeituras. De
acordo com a Plastivida (comissão da Abiquim - Associação Brasileira da Indústria
Química), 17,5 % do plástico produzido no Brasil é reciclado, enquanto 41% do
papel fabricado é reaproveitado.
Segundo a Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas
de Vidro – Abividro, o campo da reciclagem de vidro, temos muito que comemorar, já
que 45% do que produzimos foi reciclado em 2003. Em 1991 esse índice era de
apenas 15%. A reciclagem de vidro permite aproveitamento total: com um quilo do
material fabrica-se a mesma quantidade de vidro novo, sem poluir o meio ambiente.
Redução no uso de recursos naturais para a fabricação dos produtos
e embalagens e no grau de poluição ambiental, quando se compara a reutilização do
material já existente que ao invés de ser descartados como lixo, pode passar por um
processo de reciclagem e retornar ao consumidor, evitando que sejam utilizados
mais recursos naturais para a fabricação das embalagens e produtos novamente
utilizando o processo normal de conversão da matéria prima em produto como
explica a tabela abaixo:
Tabela 02: Economia de energia com a reciclagem
Redução em:
Alumínio (%)
Aço (%)
Papel (%)
Vidro (%)
Uso de energia
90-97
47-74
23-74
4-32
Uso de água
95
85
74
20
Poluição do ar
97
-
35
-
Poluição da água
-
97
-
80
Restos na mineração
-
40
58
50
Fonte: Corson, 1993inGROSSIeVALENTE.
No Jornal da Boa Notícia (abril, 2008), o Brasil é o segundo no
mundo em reciclagem de PET, com um índice de 51%, perdendo apenas para o
33
Japão. Segundo dados divulgados pelo Cempre – Compromisso Empresarial para
Reciclagem, em São Paulo as garrafas de plástico representam 15% do lixo urbano
e no Rio de Janeiro, 33%. O PET reciclado ainda tem um custo alto. Por isso, o
movimento PET Consciente defende uma moratória nas licenças de envase para
novas bebidas, até que atinja a marca de 90% em reciclagem.
2.5.7 Problema dos Lixões
Segundo Lima (1983). o fato mais preocupante é que a população
mundial esta crescendo em rítmo acelerado, esperando-se que
duplique nos próximos vinte anos. Nos últimos 30 anos, o Brasil
mudou muito seu tipo de lixo. O crescimento acelerado das cidades
ao mesmo tempo as mudanças de consumo das pessoas,
trouxeram fatores que vêm gerando um lixo muito diferente daquele
que as cidades brasileiras produziam há 50 anos atrás. O lixo atual
é diferente em quantidade e qualidade, em volume e em
composição. Hoje cada vez mais, as populações presentes nos
municípios brasileiros concentram-se como tendência nas grandes
cidades. Assim, é quase impossível encontrar uma destas cidades
que já não tenham, por exemplo, uma grande quantidade de
diversas embalagens em seus lixos, cada vez mais volumosas.
Muitos municípios pequenos incrustados dentro das regiões
metropolitanas vivem os mesmos problemas que as capitais dos
grandes centros.
A industrialização trouxe consigo, naturalmente, materiais a serem
descartados, assim como o aumento do consumo atrelado ao crescimento
populacional geram também cada vez mais lixo para ser descartado. O fato de o
homem existir traz consigo a existência do lixo na mesma proporção. O primeiro tipo
de lixo que geramos são as fraldas descartáveis que um dia usamos. Já nascemos
gerando descartes, um numero crescente de pessoas e administrações municipais
vem se esforçando na busca das melhores soluções para as questões do lixo
urbano. Esses problemas são realmente novos se comparados a cinco décadas
atrás e, infelizmente, não se resolvem sozinhos.
34
Os lixões também são depósitos de lixo, sem nenhum tratamento,
com a diferença de que são institucionalizados, isto é, autorizados pelas Prefeituras.
No Brasil esse problema é gravíssimo, pois mais de 40% dos municípios deposita
seu lixo em lixões, segundo a pesquisa de saneamento ambiental do IBGE (2000).
Esses depósitos causam poluição do solo, das águas que bebemos e do ar, pois as
queimas espontâneas são constantes. Muita gente pensa que, se o lixão está longe
de sua casa, ele não está lhe causando problemas. Isso é um grave engano. A
poluição causada por um lixão atinge muitos e muitos quilômetros em volta, ou até
mais, já que as águas e o ar movimentam-se.
Como diz o Instituto Gea, o lixão traz ainda mais um problema: atrai a
população mais carente e desempregada, que passa a se alimentar dos restos
encontrados no lixo e a sobreviver dos materiais que podem ser vendidos. Esse tipo
de degradação humana não pode mais ser permitida e somente a erradicação total
dos lixões vai solucionar essa situação.
Figura 01: Catadores em lixões
Fonte: Instituto Gea.
35
2.5.8 Tipos de Aterros Sanitários
As formas técnicas de disposição dos resíduos sólidos urbanos no
solo, pelo intermédio da técnica de Aterro Sanitário e Aterro Controlado.
O Aterro Sanitário é um processo utilizado particularmente para a
disposição de lixo domiciliar que, fundamentado em critérios de engenharia e
normas operacionais especificas, permite um confinamento seguro em termos de
controle de poluição ambiental e proteção a saúde publica. Evitando danos ou riscos
a saúde publica e a segurança, minimizando os impactos ambientais.
Seguindo a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR
8419, Apresentação de Projetos de Aterros Sanitários de Resíduos Sólidos Urbanos.
Esta Norma fixa as condições mínimas exigíveis para a apresentação de projetos de
Aterros Sanitários de Resíduos Sólidos Urbanos, nesta Norma se encontra todos os
procedimentos exigidos para a implantação. Técnicas de disposição de resíduos
sólidos urbanos no solo, sem causar danos a saúde publica e a sua segurança,
minimizando os impactos ambientais, método este que utiliza princípios de
engenharia para confinar os resíduos sólidos á menor área possível e reduzi-los ao
menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de
cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores se necessário.
O trabalho será desenvolvido inicialmente por meio de pesquisa em
Manuais e normas da ABNT/NBR, Bibliografia, Artigos e Internet. Alem da análise do
projeto do Aterro Utilizado como estudo de caso.
Baseado nos dados fornecidos pelo projeto do município de Santa
Terezinha de Itaipu avaliando os métodos utilizados, analisando a viabilidade o custo
para implantação e também às características do terreno escolhido para ser
36
efetuado o projeto. Sendo assim, comparando com as normas estabelecidas pelos
órgãos competentes como a NBR8419/1994 e também a resolução conjunta
N°01/2006 – SEMA/IAP/SUDERHSA (Manual para Implantação de Aterros
Sanitários em Valas de Pequenas Dimensões, Trincheiras e em Células).
37
3
PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DO ATERRO SANITÁRIO DE SANTA
TEREZINHA DE ITAIPU
3.1
Escolha da Área Preliminar
Há necessidade de condições favoráveis, tanto no que se refere aos
aspectos ambientais, quanto aos construtivos. Assim, o tipo de solo e a profundidade do
lençol freático, são elementos decisivos na escolha da área; pois terrenos com lençol
freático aflorante ou muito próximos da superfície são impróprios para a construção deste
tipo de aterro.
O espaço mínimo, recomendado entre o lençol freático e o fundo da vala
escavada, é de 3,0m (três metros).
Da mesma forma os terrenos rochosos não são indicados, devido às
dificuldades de escavação.
3.2
Critérios Ambientais para a Escolha da Área
•
Mapa de localização da atividade e do seu entorno com raio de
1.500m, a partir do perímetro da área;
•
Fora da área de influencia direta do manancial de abastecimento;
•
200m distante de rios e nascentes do perímetro da área;
•
Deve ser observada a profundidade do lenço freático e tipologia de
solo;
•
300m de distância do perímetro da área de residências isoladas.
38
3.3
Licença Prévia do IAP (LP)
Obter junto aos técnicos do IAP, autorização para o uso da área destinada
para o aterro sanitário.
Seleção da Área
3.4
•
Integração com o sistema de coleta e disposição;
•
Estudos topográficos;
•
Estudos geotécnicos;
•
Estudos hidrológicos;
•
Estudos anemológicos;
•
Compatibilidade com a rede viária e serviços públicos;
•
Estudos legais.
Levantamento Planialtimétrico
Elaborar o levantamento planialtimétrico nas escalas 1:500 ou 1:250, com
curvas de nível de metro em metro especificando as distancias dos divisores de água e
indicação dos acessos, e georeferenciada de acordo com a lei federal n° 10.267 de
28/08/2001.
3.5
Sondagens
As sondagens de reconhecimento do subsolo deverão ser realizadas a
trado manual, com profundidade entre 6 e 12m. O numero de furos será determinado em
39
função da área do aterro e devera variar entre no mínimo 5 (cinco) e no maximo 15 (quinze),
distribuídos equitativamente na área em estudo.
3.5.1 Dimensionamento das Trincheiras
3.5.1.1 Valores Adotados para Cálculo
•
Li = Largura superior da trincheira;
•
Ls = Largura superior da trincheira;
•
H = Profundidade da trincheira = 3,0m á 5,00m, dependendo da profundidade
do lençol freático e da tipologia do solo;
•
δ = Peso especifico do lixo no interior da trincheira = 0,5 t/m³;
•
P = Produção diária de lixo por habitante (0,6 kg/hab.dia x população
atendida).
3.5.1.2 Considerações
•
Produção diária de lixo = 0.6kg x população – kg/dia – ton/dia;
•
C = Comprimento de cada etapa de uma trincheira;
•
VL = Volume diário de lixo gerado na área urbana;
•
Vt = Volume de terra para cobertura de resíduos;
•
Taxa de cobertura = 15%.
40
3.5.1.3 Cálculos
•
Volume diário das valas
VL = P/ δ
•
Volume Total Diário (VT)
VT = 1,15 x VL
3.5.1.4 Comprimento das Etapas das Trincheiras
O comprimento das etapas das trincheiras é decorrente do volume diário
total de lixo, podendo ter uma vida útil de 60 a 180 dias.
Volume da trincheira = Cx H x (Li + Ls)/2
C.H> (Li + Ls)/2 = VT x Vida útil da trincheira
- Volume diário das valas (VL)
VL = P x Pr/D
ℓ
- Volume total das valas (VT)
VT = 1,15 x VL
C = VT 30(m)
H.L
41
3.5.1.5 Cálculo do Volume de Líquidos Percolados
Para a determinação do volume de líquidos percolados, foi adotado o
método do balanço hídrico. Este método procura expressar o fluxo de água num aterro,
considerando:
•
A quantidade de água precipitada sobre o aterro;
•
A fração que escoa superficialmente, em função do tipo de cobertura e
da declividade;
•
A parte devolvida de água que se infiltra;
•
A quantidade de água que fica na camada de cobertura, em função da
espessura e do tipo de solo utilizado;
•
A quantidade de água que atinge os resíduos, podendo gerar líquidos
percolados.
Os elementos componentes do calculo devem ser calculados mês a mês, a
partir de valores médios mensais, para o maior número possível de anos de observação.
3.5.1.6 Parâmetros a serem Utilizados
P = Índice de Precipitação Pluviométrica (mm)
EP = Evapotranspiração Potencial
Obs: Os dados de P e EP podem ser obtidos através das estações
climatológicas da COPEL (caso seu município não tenha uma estação, utilizar os dados do
município mais próximo).
42
ES = Escoamento Superficial. É obtido aplicando-se o escoamento
superficial (C’), ás médias mensais de precipitação.
ES = C’ x P onde
C’ = α x C, sendo que C depende do tipo do solo, da declividade e da
estação do ano, conforme o demonstrado na Tabela.
Fonte: RESOLUÇÃO CONJUNTA N°01/2006 – SEMA/IAP/SUDERHSA pág.19
I
– P = Diferença entre as
quantidades de
água infiltrada
e
evapotranspirada. Valores negativos significam perda de potencial de água armazenada no
solo. Valores positivos representam recarga de água no solo, podendo resultar em
percolação, se for ultrapassada a capacidade de campo do solo.
Σ Neg (I - P) = Perda de potencial de água acumulada. Representa a
quantidade de água armazenada no solo que é perdida pela evapotranspiração. É obtida
somando-se mês a mês apenas os valores negativos de (I – P), começando-se pelo primeiro
mês que apresente valor negativo. Esse procedimento supõe que no final da estação úmida,
correspondente ao ultimo mês que apresenta valor positivo para (I – P), a capacidade de
campo de solo foi plenamente atingida, mesmo que na pratica isso não se verifique. Para os
meses que apresentam valores positivos para (I – EP) é atribuído o valor 0 (zero) para Σ
Neg (I – P).
AS = Armazenamento de Água no Solo. Representa a quantidade de água
presente no solo. É obtida da seguinte forma:
43
a)
Inicialmente, calcula-se a quantidade de água disponível pela
capacidade de campo da camada de solo de cobertura (ASc), que é obtida
multiplicando-se a água disponível por metro de solo pela profundidade da
zona de raízes (considerada igual a espessura da camada de cobertura). A
tabela 3 apresenta a quantidade de água disponível em função do tipo de
solo e cobertura:
Fonte: RESOLUÇÃO CONJUNTA N°01/2006 – SEMA/IAP/SUDERHSA pág.20
b)
O valor obtido para ASc representa a quantidade de água armazenada
no solo não devendo, portanto, ser ultrapassado.
c)
Para os meses que apresentam valores negativos de (I – EP), o valor
de As é obtido nas tabelas 4, 5 e 6.
d)
Em seguida, soma-se o valor de AS do ultimo mês que apresentam Σ
Neg (I – P) diferente de zero ao valor positivo de (I – EP) do mês seguinte,
obtendo-se AS para esse mês.
e)
Neg
O procedimento é repetido para todos os meses que apresentam Σ
(I – P) igual à zero, até que seja atingido o valor máximo de ASc,
que não deve ser ultrapassado.
44
f)
∆AS = Troca de armazenamento de água no solo, mês a mês. É a
diferença entre a quantidade de água armazenada em um mês e
armazenada no mês anterior.
∆AS = ASn – ASn-1
g)
ER = Evapotranspiração Real. Representa a quantidade real de perda
de água durante dado mês. Para os meses em que a infiltração é maior que
a evapotranspiração potencial (I – EP) > 0, a evapotranspiração ocorre no
seu máximo nível, sendo que ER = EP.
Nos meses em que a infiltração é menor que a evapotranspiração potencial
(I – EP) < 0, a evapotranspiração real é condicionada ao grau de umidade
do solo, podendo ser determinada pela expressão:
ER = EP + [(I – EP) – ∆AS]
Que pode ser resumida na seguinte expressão:
ER = I – ∆AS
h)
PER = Percolação. A percolação é calculada pela seguinte expressão:
PER = P – ES – ∆AS – ER
i)
QM = Vazão Mensal. Os valores mensais de vazão de liquido
percolado são calculados a partir da expressão abaixo:
QM = PER . A cont
2.592.000
Onde:
QM = vazão mensal de liquido percolado (l/s)
PER = altura mensal percolada (mm)
A cont = área de contribuição da seção considerada (m²)
45
3.5.2 Lay-Out
No lay-out reservado ao aterro, deverá ser previsto um acesso principal e
os acessos provisórios ás trincheiras. A distribuição das trincheiras e dos acessos deverá
ser estudada de maneira a proporcionar o melhor aproveitamento possível do terreno.
3.5.3 Isolamento da Área do Aterro
Além da cortina arbórea ou cerca viva, recomenda-se ainda que a área do
aterro seja isolada por cerca de arame farpado (12 fios) com 1.80 m de altura, com uso de
postes de concreto ou madeira (a critério do município) com colocação de portão de entrada
com guarita, que deverá ser mantido fechado. Essa providência visa evitar a entrada de
animais e/ou pessoas estranhas na área. Recomenda-se a colocação de uma placa
identificadora das atividades ali desenvolvidas (por exemplo: Prefeitura Municipal de Santa
Terezinha de Itaipu, Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente, Aterro Sanitário
de Resíduos Sólidos Urbanos, recomendações, etc.).
3.5.3.1 Sistema de Coleta e Recirculação de Chorume
Deverá ser previsto um sistema de coleta e recirculação de Chorume, com
a finalidade de preservar o lençol freático de qualquer contaminação, por menor que venha
a ser. O sistema a ser projetado devera ser constituído de drenos de brita (inclusive geotextil
e dreno flexível), implantados no fundo da vala, rede de tubos em PVC, que levarão o
Chorume drenado até um poço de captação, para armazenamento provisório do Chorume.
46
Para dar destino ao Chorume coletado, deverá ser projetada a sua
recirculação dentro das valas existentes, onde será implantada tubulação de PVC perfurada
manualmente, que distribuirá homogeneamente o Chorume, pela superfície da vala.
Figura 02: Coleta e Recirculação de Chorume
Fonte: RESOLUÇÃO CONJUNTA N°01/2006 – SEMA/IAP/SUDERHSA pág.36
Figura 03: Travessia / Circulação da rede de coleta de Chorume.
Fonte: RESOLUÇÃO CONJUNTA N°01/2006 – SEMA/IAP/SUDERHSA pág.38
47
3.5.4 Sistema de drenagem de Águas Superficiais
Deverá ser projetado o seguinte sistema:
Drenagem Secundária – constituído de canaletas escavadas no solo,
localizadas em posições estratégicas, para auxiliar o escoamento superficial internamente a
área do aterro, direcionando o fluxo para o sistema de drenagem principal. (ver detalhe 3).
Drenagem Principal – constituído de canaletas em concreto simples
moldado “in loco” como de caixas de passagem (PVS), responsáveis pela coleta das
contribuições da área externa ao aterro sanitário, do escoamento superficial da área de
projeto, direcionando este fluxo até as bacias de detenção ou galeria de águas pluviais
publicas. (ver detalhe 3). Na área de circulação de veículos, adotar pranchão de maneira
para proteção de canaleta de concreto.
Bacias de Detenção – estrutura projetada com a finalidade de regular a
vazão e velocidade das águas coletadas pelo sistema de drenagem, quando não houver
possibilidade técnica de destiná-las a galerias publicas, a gim de evitar processos de
erosão.
Vazões provenientes da Bacia de Detenção, deverão ser conduzidas
através de dispositivos que minimizem os processos erosivos a jusante. A solução a ser
implantada, fica a cargo do projetista, mediante observação local e especial atenção a
regiões de ocorrência de solos arenosos.
48
Figura 04: Seção Longitudinal – Detalhe da Drenagem Secundária
Fonte: RESOLUÇÃO CONJUNTA N°01/2006 – SEMA/IAP/SUDERHSA pág.40
3.5.5 Poço de Monitoramento
Para se verificar a eficiência dos dispositivos de impermeabilização deverá
ser executado um sistema de monitoramento, constando basicamente de: execução de 3
(três) poços de monitoramento, revestidos com diâmetro mínimo DN 50, sendo que um
localizado a montante e dois a jusante na cota mais baixa da área, com profundidade
máxima de 12 (doze) metros em função da profundidade do nível do lençol freático. (ver
detalhe 5).
Nos casos em que a profundidade do lenço freático for superior a 12m,
deverá ser apresentada proposta de auto-monitoramento em pontos do raio do entorno,
entre a área do empreendimento e o corpo d ’água mais próximo de influência direta, tais
como: poços tubulares, poços cacimba, minas, fontes, “olhos d ’ água”, nascentes e
córregos.
49
Figura 05: Perfil esquemático do poço de monitoramento.
Fonte: RESOLUÇÃO CONJUNTA N°01/2006 – SEMA/IAP/SUDERHSA pág.45
50
3.5.6 Procedimentos para Operação dos Aterros Sanitários
A responsabilidade pela manutenção e operação doa aterros sanitários,
após a entrega oficial da obra pela SUDERHSA às prefeituras municipais, passa a ser das
respectivas administrações municipais. O IAP tem como responsabilidade a fiscalização da
operação desses aterros e, caberá à SUDERHSA sempre que solicitada pelo IAP, prestar
auxílio técnico quanto a operacionalização dos aterros sanitários. Buscando agilizar os
procedimentos, as solicitações para realização de vistorias técnicas conjuntas deverão ser
encaminhadas, via oficio, pelos representantes da área de resíduos dos escritórios regionais
do IAP aos da SUDERHSA diretamente, encaminhando na seqüência cópias aos
respectivos departamentos da SUDERHSA e do IAP locados em Curitiba, para
conhecimento da situação e dos resultados obtidos.
3.5.6.1 Nos Procedimentos de Manutenção dos Aterros Sanitários, devem Receber
Especial Atenção das Administrações Municipais os Seguintes Itens:
•
Cobertura;
•
Drenagem e recirculação do Chorume / Bombas de recalque;
•
Drenagem de águas pluviais;
•
Drenagem de gases;
•
Vias de acesso;
•
Segurança / Isolamento da área;
•
Cortina arbórea e sua reposição.
51
3.5.6.2 Abertura e Fechamento de Trincheira
O presente manual tem por objetivo fornecer diretrizes para elaboração de
projetos de aterros sanitários em trincheiras, de acordo com o artigo 3° da RESOLUÇÃO
CONJUNTA N°01/2006 – SEMA/IAP/SUDERHSA.
3.5.6.3 Sequência de Abertura e Fechamento de Trincheiras
•
A trincheira em operação será aberta, de montante para jusante, em
etapas consecutivas, com capacidade para receber volume de resíduos
produzido pelo período de 60 a 180 dia, conforme dimensionamento de projeto
(módulos de operação);
Figura 06: Escavação da Trincheira
Fonte: RESOLUÇÃO CONJUNTA N°01/2006 – SEMA/IAP/SUDERHSA pág.10
•
Na operação diária os resíduos serão descarregados diretamente na
vala pelo veiculo coletor, que deverá acessá-la cuidadosamente por uma rampa
com 15% de inclinação, em marcha ré, com o auxilio de um ajudante, o qual
sinalizará o ponto de descarga;
52
Figura 07: Depósito de Resíduos Sólidos Urbanos.
Fonte: RESOLUÇÃO CONJUNTA N°01/2006 – SEMA/IAP/SUDERHSA pág.10
•
Na praça de descarga, será possível efetuar duas linhas de descarga,
uma ao lado da outra;
•
Será necessária a presença de uma pá carregadeira no aterro ao
menos três vezes por semana, para empilhar os resíduos coletados na cidade e
cobri-los, liberando assim a frente de descarga. O material usado para cobertura,
é o solo escavado na abertura da própria trincheira, acumulado lateralmente;
Figura 08: Empilhamento de Resíduos Sólidos Urbanos
Fonte: RESOLUÇÃO CONJUNTA N°01/2006 – SEMA/IAP/SUDERHSA pág.11
•
Ao menos uma vez a cada 15 dias, será necessário um trator de
esteiras para rampear, compactar e nivelar o resíduo na trincheira, em uma cota
20 cm abaixo da superfície da mesma, reaterrando até o nível de greide (série
de cotas que caracterizam seu perfil longitudinal) de projeto com material de
cobertura estocado ao lado da trincheira;
53
Figura 09: Cobertura dos Resíduos Sólidos Urbanos.
Fonte: RESOLUÇÃO CONJUNTA N°01/2006 – SEMA/IAP/SUDERHSA pág.11
•
No final de cada dia de trabalho, os resíduos na praça de descarga
deverão ser cobertos com lona de PVC, espessura 4 mm, evitando o contato
com as águas da chuva, reduzindo a produção de Chorume;
•
A regularidade do comparecimento de máquina para empilhar e
compactar os resíduos deve ser cobrado rigorosamente da municipalidade. A
periodicidade do comparecimento das máquinas, representa uma adequação a
realidade econômica – financeira dos municípios e não uma liberalidade.
•
Para a recirculação do percolado, será necessário que um funcionário
treinado faça a inspeção visual no poço de coleta do Chorume, especialmente
em períodos chuvosos. Caso haja necessidade de bombeamento, o mesmo fará
a interligação do poço à trincheira onde se pretende injetar o líquido percolado.
Figura 10: Cobertura Final da Trincheira.
Fonte: RESOLUÇÃO CONJUNTA N°01/2006 – SEMA/IAP/SUDERHSA pág.12
54
4
ANÁLISE E ACOMPANHAMENTO DA IMPLANTAÇÃO DO ATERRO
SANITÁRIO DE SANTA TEREZINHA DE ITAIPU
4.1
Critérios Ambientais para a Escolha da Área
A área escolhida para a implantação do aterro tem um total de
48.400m², adquiridos pela municipalidade sendo que o mesmo está localizado a
uma distância de 7.800m do perímetro urbano. Esta área encontra-se a 1.700m do
corpo receptor mais próximo, assim como a 2.100m do Lago Artificial de Itaipu. O
aterro sanitário será instalado a distância de 2.600m da comunidade Três Fazendas
que, de acordo com o Senso de IBGE (2000), contava com 141 habitantes. O uso
dos solos da área de abrangência do empreendimento é basicamente de exploração
agrícola, a malha viária de acesso ao aterro recebe manutenção constante
considerando a utilização da mesma, por parte de produtores rurais que possuem
áreas de exploração agrícola nas imediações, o que exige a execução de obras de
conservação permanente, garantindo assim o escoamento da safra agrícola gerada
e por conseqüência o acesso ao aterro. Na área de instalação do aterro já existe
rede de eletrificação e rede de água para lavagem. Tendo em vista a inexistência de
fonte de água potável será necessária a instalação de rede de distribuição com o
ponto de captação na Comunidade Três Fazendas, a qual conta com água potável.
Possui solo do tipo terra roxa estruturada, o que indica boa aceitação de
mecanismos de compactação, sendo esta característica essencial neste tipo de
empreendimento.
55
As edificações do empreendimento serão feitas de acordo com os
projetos e vida útil estimada para o aterro municipal, as definições de áreas e
edificações serão calculadas para a execução de 50% das trincheiras, ficando o
restante da área existente para a instalação do aterro municipal, disponível e
liberado para sua utilização imediatas sendo as metragens conforme segue:
1- Área do aterro
2- Área das trincheiras (18 de 44,5 x 12m)
48.400,00 m²
9.612,00 m²
3- Área administrativa
4- Área quebra-vento/cortina verde
25,00 m²
9.680,00 m²
5- Área sistema de captação Chorume
4.2
10,24 m²
TOTAL ÁREA UTILIZADA NESTE PROJETO
19.327,24 m²
ÁREA RESTANTE DISPONÍVEL
29.072,76 m²
Licença Prévia do IAP (LP)
Possui licenciamento ambiental estando com a licença de operação
desde 2003.
Obtido junto aos técnicos do IAP autorização para o uso da área
destinada para o aterro sanitário.
Seleção da Área
•
Integração com o sistema de coleta e disposição;
•
Estudos topográficos;
•
Estudos geotécnicos;
•
Estudos hidrológicos;
•
Estudos anemológicos;
56
4.3
•
Compatibilidade com a rede viária e serviços públicos;
•
Estudos legais.
Levantamento Planialtimétrico
O município de Santa Terezinha de Itaipu situa-se, no Oeste
Paranaense, tendo como coordenadas:
Latitude Sul
25°.26’
Longitude Oeste Greenwich
54°.25’
Seus limites:
Norte
Lago de Itaipu
Sul
Parque Nacional do Iguaçu
Leste
São Miguel do Iguaçu
Oeste
Foz do Iguaçu
Toda a área apresenta terrenos levemente ondulados, sem grandes
formações marcantes. A altitude da sede é de 270 metros acima do nível do mar.
4.4
Sondagens
As sondagens de reconhecimento do subsolo deverão ser realizadas
a trado manual, com profundidade entre 6 e 12 m. O número de furos será
determinado em função da área do aterro e deverá variar entre no mínimo 5 (cinco)
e no máximo 15 (quinze), distribuídos equitativamente na área em estudo.
57
4.4.1.1 Dimensionamento das Trincheiras
As trincheiras em número de 18 (dezoito) foram projetadas nas
seguintes dimensões:
QUANTIDADE
18
COMPRIM (m)
44.5
LARGURA (m)
12
PROFUNDIDADE MÉDIA (m)
4
VOL.ÚTIL (m³)
38.448
4.4.2 Parâmetros
Capacidade da Trincheira:
População: 18.361 habitantes
Taxa de produção per capita: 0.500kg/hab/dia
Peso específico de lixo compactado: 0.39 t/m³
Quantidade de lixo =
Volume de lixo =
18.361 x 0,500 = 9.18 t/dia
1.000
9.18 t/dia = 23,5 m³/dia
0.39 t/m³
Volume de terra para cobertura (30%) = 6,5 m³/dia.
Volume total a ser aterrado = vol. Lixo + vol. Terra para cobertura.
V = 23,5 + 6,5
58
V = 30 m³/dia
4.4.3 Vida Útil do Aterro
Como o comprimento (C) calculado, e tendo a área do aterro
previamente licenciada pelo IAP, pode-se calcular a vida útil do aterro.
A vida útil é determinada em anos, sendo obtida, dividindo o numero
de valas possível de dispor no aterro por 12 meses. O ideal é alcançar uma vida útil
para o aterro de valas de pequenas dimensões em torno de 10 anos.
Geração do lixo atual = A x B x Co
Geração futura = {[A ((1 + D)¹)] x [B((1 + E)¹)] x [Ct]} , onde:
A – população atual.
B – geração per capta de lixo kg/hab/dia
Co – nível de atendimento da coleta de lixo
Ct – nível de atendimento da coleta após 15 anos
N – intervalo de tempo considerado = 15 anos
Aplicando a fórmula acima se obteve a quantidade de lixo gerada
neste período, qual seja, 7.413.150 toneladas de lixo.
O número e tamanho das trincheiras projetadas permitem fazer a
estimativa da vida útil do aterro superior a 15 anos (quinze anos). Dado o uso atual
do solo e considerando que paralelo á implantação do aterro sanitário haverá a
implantação da coleta seletiva de lixo e também que a fase de operação seja
correta, há a consolidação deste dado tendo em vista a significância real destes dois
fatores na otimização da vida útil de um aterro sanitário.
59
4.4.4 Cálculo do Volume de Líquidos Percolados:
A estimativa do Chorume gerado, para efeito de projeto, é feita pela
utilização da fórmula abaixo, que leva em conta exclusivamente a percolação na
massa do lixo das águas pluviais que penetram na trincheira. Ressalta-se que esta
sistemática é bastante genérica e questionável, tendendo sempre o superdimensionamento da geração de Chorume. Após a construção do posto de coleta do
chorume não foi detectado nenhum problema com a capacidade de armazenamento
do resíduo, devido ao fato da recirculação ser efetuada assim que o nível é
excedido.
Q=PxAxK
T
Q = vazão dos líquidos percolados (l/s)
T = tempo (equivalente a 1 ano e expresso em segundos) = 31.536.000 s
P = precipitação média anual local (1.500 mm/ano)
A = área das trincheiras (m²) = m²
K = coeficiente que depende do grau de compactação do lixo (foi usado o valor
médio de 0,35)
Por este método, estima-se uma vazão de 0,20 l/s (720 l/dia), quando
todas as trincheiras estiverem preenchidas.
A captação do Chorume será feita por um dreno principal, que deverá
ser construído na parte mais baixa, ao pé do talude lateral da trincheira e por drenos
secundários (transversais ao principal) com inclinação de 1%. Os drenos de
Chorume deverão ser construídos e interligados na medida em que a célula de lixo
for avançando. O dreno deverá conduzir o Chorume para uma caixa de acumulação
60
construída no interior da trincheira, de onde deverá ser bombeado quando
necessário para o tanque de equalização e recirculação.
O Chorume acumulado deverá ser recirculado periodicamente sobre
as trincheiras já preenchidas.
Este procedimento poderá contribuir para a manutenção de uma
umidade adequada em toda a massa de lixo além de adicionar na massa em
decomposição carga microbiológica específica para os materiais presentes, ou seja,
adiciona à massa em decomposição microorganismos naturalmente selecionados
para degradar os materiais, logo acelerando a decomposição da parte orgânica.
A caixa de acumulação de Chorume deverá ser fechada com tampa
de concreto, sobre a qual está ligada um tubo de espera de 100 mm. Na medida em
que a trincheira for sendo preenchida, deve-se conectar outro tubo ao já existente,
evitando assim que a célula de lixo sobreponha o mesmo. Este tubo deverá
possibilitar a introdução da válvula de sucção da bomba para o esgotamento
periódico da caixa de acumulação do Chorume, após o preenchimento total da
trincheira.
A recirculação do Chorume na trincheira (ou parte da trincheira) já
preenchida deverá ser feita através de segmentos de tubo, com comprimento de
aproximadamente 1,0m, de forma a possibilitar a reinjeção do Chorume
imediatamente abaixo da camada de terra selante.
Sugere-se uma malha de tubos de injeção de Chorume de 20x20m,
aproximadamente. Os dados disponíveis sobre precipitação pluviométrica (1.500
mm/ano) e evapotranspiração em torno de 1.000 mm/ano demonstram que a
sistemática de recirculação proposta poderá solucionar inteiramente a questão de
61
Chorume não necessitando construir sistema de tratamento de líquidos em
dimensionamento maior.
A recirculação tem por função distribuir o Chorume na massa de
resíduos. Este material por ser rico em microorganismos beneficiará e poderá
acelerar o processo de decomposição dos materiais existentes nos R.S.U.
4.4.4.1 Isolamento da Área do Aterro
O isolamento da área será feito por uma densa cortina arbórea em
toda a área circundante do aterro totalizando 9.680,00m² , considerando-se espécies
vegetais de porte variados (grande, médio e pequeno), cumprindo os 20% exigidos
para reserva legal, sendo o Horto Municipal o responsável pelo fornecimento das
mudas das espécies a serem plantadas. A necessidade de executar o
encortinamento da área deve-se a viabilizar o isolamento visual do local de trabalho
durante a implantação bem como da operação, assim como evitar que ocorra, em
caso de ventos, a movimentação de partículas sólidas e ou elementos presentes no
lixo para os lotes circunvizinhos que, apesar de não ter moradias, há a exploração
agrícola. Para tanto, recomenda-se a utilização de espécies de rápido crescimento e
a implantação dessa etapa imediatamente após a liberação da área. Recomenda-se
o uso de espécies nativas consorciadas a espécies exóticas.
Alem da cortina arbórea, a área será isolada por cerca de arame
alambrado, com uso de postes de concreto e a colocação de portão de entrada, o
qual deve ser mantido fechado para evitar a entrada de pessoas estranhas bem
como de animais na área. Deverá ser instalada na entrada do empreendimento uma
placa de identificação das atividades ali desenvolvidas, alertando as pessoas da
62
necessidade de identificarem-se, proibindo a presença de catadores no interior da
área, nas trincheiras e demais informações que se fizerem necessárias.
O monitoramento do volume de material depositado no aterro poderá
ser executado através de planilhas com dados obtidos em função da capacidade dos
caminhões.
4.4.4.2 Operação do Aterro Sanitário
O procedimento de operação a ser realizado no município de Santa
Terezinha de Itaipu Paraná, cumpre as seguintes etapas estabelecidas pela
RESOLUÇÃO CONJUNTA N°01/2006 – SEMA/IAP/SUDERHSA:
a) A abertura das trincheiras deve ser realizada com retroescavadeira
e o acúmulo de terra deve ser depositado em apenas um dos lados da trincheira;
b) Os resíduos devem ser descarregados pelo lado livre das
trincheiras, sem o ingresso de veículos no seu interior, iniciando por uma das
extremidades da mesma;
c) Os resíduos devem ser descarregados em um único trecho da
trincheira, até que a mesma esteja totalmente preenchida;
d) Á medida que forem depositados os resíduos devem ser cobertos
com uma camada de terra compactada, utilizando-se da terra acumulada ao lado da
trincheira;
e) O nivelamento e a cobertura dos resíduos devem ser realizados
diariamente, tolerando-se freqüências menores apenas em circunstâncias especiais;
f) Assim que o primeiro trecho da trincheira estiver totalmente
preenchido, passa-se para outro, repetindo-se as mesmas operações. A vala deverá
63
estar numa cota superior à do terreno quando estiver completamente coberta, pois
existirá a acomodação do lixo com o tempo.
g) A espessura da geomenbrada utilizada é de 0,3mm. Considerado
o procedimento utilizado na operação com os resíduos que são despejados ao pé da
trincheira e posteriormente compactados pela máquina e deixando o fundo para
preenchimento após a compactação dos resíduos na entrada, evitando o trânsito do
caminhão do lixo e das máquinas encima da geomenbrana, assim não ocorrendo o
rompimento da mesma por excesso de peso e outras.
h) A drenagem dos gases é feita por tubos de PVC 75mm com
perfurações em todo o seu comprimento, com uma cobertura de rochas fixadas por
uma tela
em seu entorno para que não ocorra o bloqueio com os resíduos
despejados na trincheira.
64
5
5.1
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Drenagem Pluvial
Através da análise da situação local, foi constatada a não existência
da drenagem de águas pluviais, o que pode ocasionar uma deficiência na
operacionalização e trânsito das máquinas no local, podendo interromper o trabalho
em dias chuvosos, como também a permeabilização dessas águas no solo
aumentando a carga de líquidos percolados por conseqüência acarretando em um
maior volume de chorume a ser destinado para o poço de coleta, assim ocorrendo a
necessidade de um aumento na sua dimensão.
Para a solução deste problema será necessária a implantação de
canaletas no entorno das trincheiras que se encontram terminadas. Sendo
direcionadas sobre declividade a um sumidouro. As canaletas serão implantadas de
acordo com o fechamento das trincheiras.
65
Figura 11: Sistema de coleta das águas pluviais
Fonte: O autor
5.2
Pesagem
A pesagem dos resíduos na entrada do aterro é de suma
importância para o controle e acompanhamento da vida útil prevista para o aterro
sanitário, para o levantamento de volume gerado a cada mês acompanhando a
quantidade de entrada dos resíduos sólidos, e a eficiência do sistema de coleta
seletiva do município, que tem uma presente participação para a redução do volume
enviado para o aterro sanitário, possibilita ainda a verificação da tomada de decisões
quanto ao melhoramento das formas de sistematização da coleta seletiva para
aperfeiçoar a coleta, buscando a redução dos materiais que possivelmente possam
ser destinados à reciclagem.
66
5.3
Recirculação do Chorume
A recirculação de Chorume no aterro sanitário de Santa Terezinha de
Itaipu atualmente ocorre no sistema manual de moto-bomba que é utilizada para
bombear o Chorume novamente encima do lixo da vala que está em operação,
acelerando o processo de decomposição do lixo e tornando ainda um sistema
fechado, o qual evita a possibilidade de contaminação através de oscilações nos
demais sistemas de tratamento, pois o mesmo se constitui do sistema de tratamento
fechado, evitando assim a necessidade de lançamento em rios ou lagos, que por
sua vez podem ser contaminados devido as variações de eficiência no tratamento.
Mesmo após o Chorume passar pelo tratamento, o efluente continuará possuindo
ainda uma determinada carga de poluentes.
Para aperfeiçoar ainda mais o sistema de recirculação do Chorume,
se faz necessário a implantação de um sistema automatizado de recirculação,
composto por bomba de 2cv elétrica com sistema em bronze para evitar a corrosão
ocasionada pela circulação do Chorume que possui um ph baixo, com bóias de nível
para ativar e desativar a bomba de acordo com o nível estabelecido como padrão
para o funcionamento da bomba. Podendo ainda ser instalada uma tubulação para a
dispersão do Chorume nas trincheiras. O encanamento implantado antes do
fechamento de cada trincheira possibilitando a recirculação do Chorume após seu
fechamento, ou em caso de um acúmulo excessivo de Chorume no poço de coleta
por motivos diversos como chuva e etc. O Chorume tem como ponto positivo o
auxílio na decomposição da matéria orgânica. As bactérias que atuam na
decomposição do lixo são nutridas pelo Chorume, produzindo e aumentando a
atividade bacteriana e assim auxiliando na diminuição da carga orgânica do
67
Chorume e em sua produção, além da melhoria na qualidade do gás produzido com
maior porcentagem parcial de metano.
Figura 12: Bomba utilizada na recirculação do chorume
Fonte: Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente
68
Figura 13: Dispersão do chorume sobre a vala
Fonte: Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente
69
6
CONCLUSÃO
Conclui-se que para o bom funcionamento de um aterro sanitário,
todas as medidas previstas pelo Manual de Implantação de Aterro Sanitário em
Municípios de Pequeno e Médio Porte devem ser cumpridas, estabelecendo um
rigoroso acompanhamento na escolha do local de implantação bem como sua
operação, devido ao fato de qualquer falha comprometer a eficácia e o
funcionamento do aterro sanitário. Através da análise do funcionamento do
aterro sanitário de Santa Terezinha de Itaipu foram levantadas possíveis
alterações que podem melhorar sua operação, como a implantação de uma
balança para o controle de entrada dos resíduos, o sistema de drenagem de
águas pluviais evitando que a água percole no aterro para que ocorra um bom
funcionamento em dias de chuva e evitando um acréscimo no volume de
Chorume gerado.
A preocupação com o meio ambiente em relação a disposição dos
resíduos sólidos urbanos têm sido vista como um problema a ser resolvido, para
que este processo se concretize é necessário o estudo de métodos para a
implantação de Aterros Sanitários com um custo menor para os municípios de
pequeno e médio porte, este trabalho demonstrou a possibilidade da disposição
correta dos resíduos de uma maneira eficaz com um custo reduzido, levando em
conta a qualidade de vida dos seres humanos e a proteção dos recursos
naturais, além da escassez desses recursos imensuráveis e importante para a
continuidade das nossas gerações.
70
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<http://revistagalileu.globo.com> Acesso em: 15 Abr. de 2008.
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NBR 10.004 – Maio 2004 - resíduos sólidos, classificação.
NBR 10.007 – Maio 2004 Amostragem de Resíduos Sólidos.
71
NBR 8419/94 – Abr 1992 - Apresentação de Projetos de Aterros de Resíduos
Sólidos Urbanos.
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Santa Terezinha de Itaipu, Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente Projeto de
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Implantação de Aterros Sanitários em Valas de Pequenas Dimensões,
Trincheiras e em Células.
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Avaliação da Implantação e Operação do Aterro Sanitário de