IDENTIDADE BRASILEIRA
O que você entende por Identidade?
Existem várias maneiras de explicar o tema, no
entanto é mais fácil entender e analisar os
aspectos que geram a identidade de um povo a
partir de dois caminhos: o primeiro é buscando o
que nos diferencia enquanto brasileiros dos
povos de outras nações. Podemos verificar
como são nossos hábitos, valores, folclore,
manifestações
artísticas,
nosso
esporte,
crenças...
O sincretismo religioso, por exemplo, é marcante no Brasil,
basta lembrar das fusões de elementos ritualísticos
africanos com outros cristãos católicos e indígenas
brasileiros, como a umbanda.
BRASIL = MULTIETNIA
Arte marajoara – quando os europeus aqui chegaram, já
encontraram povos com suas tradições, seu costumes, sua
arte, ainda que essencialmente ritualística e utilitária, mas
carregada de informações valorosas para a compreensão
da importância das diversas etnias indígenas para a
formação de nossa cultura e identidade.
Embora descoberto no auge do Renascimento Cultural, o Brasil
teve uma colonização nos moldes do Barroco, buscando
reafirmar dogmas e doutrinas católicas. As Missões Jesuíticas
exerceram um papel crucial para a implantação do Cristianismo
em nosso país. O uso de imagens sacras decorre do próprio
apelo visual/emotivo da arte barroca.
A outra maneira de encontrarmos nossa
identidade é buscando o que nos une.
Observe nossas regiões, estados, cidades,
vilarejos... Em cada lugar um costume, um
sotaque, um folclore, um prato típico. Um
conjunto de ritmos, danças, conversas,
símbolos...
Um país de cores e sabores...
O Brasil visto por estrangeiros
O Brasil visto por estrangeiros
Albert Eckhout (1610-1666) chegou
ao Nordeste do Brasil em 1637 a
convite do príncipe Mauricio de
Nassau, onde permaneceu até 1644,
com missão de registrar a paisagem
brasileira. Apesar de sua habilidade,
notamos a falta de realismo e
mesmo forte idealização dos nativos
e mestiços. Tente descobrir o erros
nas imagens apresentadas...
Observe essa pintura – A
Mameluca - , a pose e o
figurino
clássico
são
condizentes
com
o
ambiente dos trópicos e
com a posição social da
representada? E o céu,
note que a influência de
sua nacionalidade (Nova
Zelândia) e o fato de ser
habituado ao trabalho em
ateliê são entraves sérios.
Falta nosso azul, a luz de
nosso país.
BARROCO BRASILEIRO
O Brasil nunca conseguiu produzir uma arte
essencialmente nacional, o que temos de mais
autêntico está no Barroco surgido em Minas Gerais,
nas obras de Antonio Francisco Lisboa (o aleijadinho),
marcadas pelo forte expressionismo e a encarnação
das figuras em madeira, barro e pedra sabão.
•
Isaias, jeremias, Baruc, Ezequiel, Daniel, Oséias
Temos três fases distintas em nosso Barroco, todas em
função do ouro, e suas diferenças são notadas principalmente
pelas diferenças presentes nas fachadas e interiores das
igrejas.
• 1ª FASE: Sabará-MG,
caracterizada pelo
contraste entre a
simplicidade da fachada
com a ostentação e
riqueza do interior
ornamentado com ouro
e prata, tendo clara
influência oriental nas
chamadas “chinesices”.
• Nossa Sra do Ó, 1720
Chama a atenção
nessa fase a falta
de
autoria
das
construções e das
obras de arte, e a
presença
de
elementos
como
colunas
torsas
(árabes) e motivos
chineses (dragões,
pessoas, etc), o
que é um sério
prejuízo à memória
nacional.
A SEGUNDA FASE abraça nomes como Aleijadinho e Mestre
Ataíde. Aqui as igrejas perdem em riqueza de ouro, mas
ganham em arte, com plantas bem elaboradas, fachadas
ornamentadas e interior mais econômico.
• Teto da nave
central da
igreja.
• Obra de
Mestre
Ataíde
• A segunda
fase envolve
a maior parte
do Barroco
Brasileiro,
destacando
Minas
Gerais, Rio
de Janeiro e
Bahia.
3ª FASE: Fim do ouro, simplicidade na fachada e no interior
Matriz de Nossa Sra do Rosário, Pirenópolis-GO
A IDENTIDADE NACIONAL NO SÉCULO XIX
Alguns acontecimentos foram fundamentais para a
busca pela história e formação da identidade nacional.
São eles:
-Independência do Brasil (1822);
-Criação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
(1838);
-Abolição dos escravos (1888);
-Proclamação da República (1889)
-Desenvolvimento do ROMANTISMO brasileiro, corrente
que, em sua primeira fase, marcada pelo romance
indianista, foi responsável pela busca por nossa
história (ainda que fantasiosa) e pelos elementos
constituintes de nossa cultura.
ROMANTISMO
NACIONALISMO E IDENTIDADE
• No Brasil não teve a expressividade e a força do
movimento francês, sendo voltado para o gosto
acadêmico.
• Entre os temas, vale destacar
as histórias
indígenas durante a primeira fase e a fantasia
quanto às narrativas do descobrimento.
• Ausência de denúncia social ou preocupação com
questões relevantes.
• Surgiu em decorrência dos trabalhos do IHGB e da
tese de Carl Von Marthius em relação formação de
nosso povo, na qual o índio era mitificado, o negro
negado e o branco enaltecido.
• Note que nas pinturas o índio é idealizado na forma
e nos valores; o negro não aparece e o branco
predomina.
Note a idealização
do índio, observe
seus traços... A que
etnia pertence? O
heróico
indígena
associado
aos
brasões do império.
Assim foi forjada
nossa identidade.
José Maria de Medeiros, iracema
Augusto Rodrigues Duarte – a morte de Atalá
Rodolfo Amoedo - Marabá
Vítor Meireles – a primeira missa
REALISMO
Ao contrário do romantismo, o realismo
brasileiro teve grandes semelhanças ao
modelo francês, principalmente nas obras
de
Almeida
Jr.,
voltadas
para
a
representação verídica, fiel da etnia
brasileira, principalmente do “caipira”, do
trabalhador braçal, do mestiço.
Almeida Jr. Busca o realismo também na
representação de cenas cotidianas, no
entanto seu trabalho não tinha o devido
reconhecimento, tendo em vista o gosto da
elite por temática clássica.
Almeida Jr. –
o derrubador
brasileiro
Almeida Jr. – Apertando o lombilho
A realidade brasileira mostrou-se presente
nas litografias e desenhos de artistas
estrangeiros como Rugendas e Debret,
cujos trabalhos, ao contrário dos de
Eckout, são registros fiéis da paisagem e
da maneira como viviam as diversas
camadas sociais e etnias que compunham
o povo brasileiro. Note que são gravuras,
ilustrações de pesquisa, e não arte oficial
da época.
Rugendas
• Botocudos
Casa de negros
• Criolos
Debret
O modernismo brasileiro e o resgate da identidade nacional
A
exposição
do
lituano
LASAR
SEGAL
em 1914 despertou o interesse de intelectuais para a
vanguarda artística européia, e sua paixão imediata pelo
Brasil inspiraria mais tarde os modernistas nacional.
Navio de imigrantes e menino com lagartixas.
Anita Malfatti foi a primeira modernista brasileira. Sua
exposição (1917) foi marcada por um misto de surpresas,
elogios e críticas.
A Boba, 1915
O Homem Amarelo, 1916
Comentários de Monteiro Lobato acerca de Anita
Malfatti e da arte moderna que desencadearam a
reação de nomes como Oswald de Andrade, Mário de
Andrade, Graça Aranha, Villa Lobos, entre outros:
• Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que
vêem normalmente as coisas(..) A outra espécie é
formada pelos que vêem anormalmente a natureza e
interpretam-na à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão
estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como
furúnculos da cultura excessiva. (...) Embora eles se
dêem como novos, precursores de uma arte a vir, nada é
mais velho do que a arte anormal ou teratológica: nasceu
com a paranóia e com a mistificação.(...) Essas
considerações são provocadas pela exposição da
senhora. Malfatti onde se notam acentuadíssimas
tendências para uma atitude estética forçada no sentido
das extravagâncias de Picasso e companhia.
Monteiro Lobato
A SEMANA DE ARTE MODERNA, de 1922, ocorreu
justamente no centenário da independência do país,
simbolizando a busca de artistas por uma nova independência: a
intelectual. São Paulo foi seu berço, e não poderia ser diferente,
uma vez que o estado abrigava imigrantes europeus vindos por
motivos diversos e, entre eles, também artistas. Esses imigrantes
prosperaram, tornaram-se fazendeiros e industriais; seus filhos
tiveram contato com a arte de vanguarda na Europa e Estados
Unidos.
Verificamos que, ao contrário do que se pensa, a Semana não
foi um movimento popular, e sim elitizado e intelectualizado. Na
época não ganhou grande divulgação, mas seus gritos ecoam
até hoje, quando analisamos sua verdadeira importância.
Embora tenha envolvido a música, a pintura e a literatura,
linguagens como o teatro e a arquitetura não estiveram
representadas, ou pelo menos não apresentaram trabalhos.
Di Cavalcanti
A vanguarda européia
influenciou diretamente
o modernismo brasileiro.
Observe a geometria
cubista,
as
cores
fovistas e a distorção
expressionista aplicados
nas
obras
de
Di
Cavalcanti, porém com
temática essencialmente
nacional.
Carnaval
Etnias outrora negadas agora são valorizadas. É
a cara de nosso país, nosso povo nas telas.
mulheres
Certamente um dos principais nomes do Modernismo Brasileiro,
TARSILA DO AMARAL traduz por meio do primitivismo das cores
e simplicidade das formas fovistas a beleza da paisagem
interiorana do país.
A fase PAU BRASIL, por volta de 1925, traz a vida no interior do
Brasil, a paisagem, o cotidiano, as personagens, com cores
típicas como o azul, o rosa, o verde, em tons desprezados pela
arte acadêmica. Foi um grito de libertação da artista que, apesar
de não ter participado da Semana de 1924, melhor sintetizou
suas propostas.
A Feira, 1924
A lagoa
Fase antropofágica – 1928 –
A obra Abaporu foi o marco para
a proposta antropofágica de Oswald de Andrade, que consistia em
devorar, assimilar o que as culturas de outros países, as correntes
de vanguarda ofereciam e conduzir para uma temática
essencialmente nacional. Na obra abaixo vemos o índio, o
expressionismo da forma ressalta o tema: o contato do nativo com a
terra. Observe a paisagem, você enxerga o Brasil? Como?
Na obra A Negra temos a real valorização das diversas etnias
africanas tão negadas no século anterior. Trabalho semelhante
somente com o espanhol Modesto Broccos e seu realismo pósabolição, retratando o negro com dignidade e crítica quanto ao
descaso do governo para com o recém libertos.
A redenção de
Can, 1895.
Lembram da
análise dessa
obra?
A obra ANTROPOFAGIA une o o Abaporu e A Negra. Olhe
com cuidado e encontre o que há de Brasil aqui.
Fase socialista
Ao retornar ao Brasil após uma viagem à URSS, por participar de reuniões
políticas de esquerda, Tarsila é considerada suspeita e é presa, acusada de
subversão. Em 1933, ao pintar o quadro Operários (abaixo), passa por uma fase
de temática mais social. Veja os tipos nacionais representados.
PORTINARI marca a segunda
geração de modernistas. Sua
temática
expressionista
voltada
para
retirantes,
trabalhadores e miseráveis
aproxima sua obra da
corrente
expressionista
européia. Note as linhas
fortes, a deformação das
personagens, a ênfase no
tema. Vargas viu na obra de
Portinari a denúncia social, o
lado triste do Brasil que seu
governo iria combater, logo
Portinari tornou-se o artista
símbolo de sua era.
Portinari – colheita de arroz
• Retirantes
• Menino morto
Portinari – o enterro
Lavadeiras. Observe que não há diálogo com o espectador, estão
submersas em seu mundo de trabalho, como máquinas; a criança é
magra e de aspecto sofrível; as linhas marcantes dos braços, as mãos
enormes traduzem o esforço de sua atividade.
Mulher com criança.
Experimente
analisar esta
imagem. O que ela
transmite? Qual a
função das linhas?
Qual a classe social
das personagens
representadas? A
que corrente de
vanguarda remete?
As imagens a seguir trazem seu lado lúdico. São
memórias de sua infância em Brodowski - SP
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Identidade?