Polymnia sonchifolia Família: Asteracea YACON Raiz peruana é alternativa para diabéticos e dieta O Peru, o país que deu as batatas ao mundo, é o lar do yacon, uma raiz saborosa que, segundo cientistas, é boa para o sistema digestivo, combateria o câncer, ajuda na absorção de cálcio e vitaminas e pode manter baixos os níveis de glicose no sangue. O yacon possui uma cor marrom escura e se parece com uma batata comprida O yacon, que aparece na região andina, da Venezuela ao norte da Argentina, possui uma textura crocante e é doce e suculento. Deixado ao sol, fica mais doce ainda e pode ser comido como uma fruta, ou consumido em sucos, xaropes, bolos, em conserva ou frito. O principal apelo da planta, em termos de benefícios para a saúde, é o fato de que o açúcar contido nela é a oligofrutose, que não é absorvida pelo corpo. Isso significa que o yacon contém poucas calorias e seu açúcar não eleva os níveis de glicose no sangue. Além disso, a oligofrutose ajuda o desenvolvimento de uma bactéria benéfica no cólon. "Esse é um alimento para quem está de dieta e para os diabéticos", afirmou Michael Hermann, um especialista na planta. Nos ano 1980, o yacon foi introduzido na Nova Zelândia e, de lá, chegou ao Japão. A planta é hoje cultivada em outros países como o Brasil e a Tailândia. O Peru possui a maior variedade de yacon e é o seu maior produtor. Mas foi no Japão, segundo Hermann, que as qualidades salutares do yacon foram descobertas. Clique na foto para ampliá-la Origem: Regiões andinas da Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e noroeste da Argentina em altitudes entre 2000 a 3100 metros. Descrição botânica : Espécie do tipo perene que apresenta sistema subterrâneo complexo. Os caules são cilíndricos, de coloração esverdeada, apresentam pilosidades em toda superfície, e chegam a medir até 2,5m de altura. As folhas brotam de gemas do caule aéreo, são opostas e delgadas, apresentam as bordas lobuladas e formam uma ala em cada lado do pecíolo. As flores apresentam-se agrupadas nas extremidades dos ramos e podem ser de dois tipos, as liguladas, que se encontram nos bordos e as tubulares na parte central da inflorescência. O sistema subterrâneo é constituído de três partes distintas: - Os tubérculos, que são ricos em frutanos e fibras não digeríveis e apresentam um aglomerado de massa contendo gemas que dá origem a uma nova planta. - As raízes de absorção e fixação. - As raízes tuberosas ou de reserva, ricas em frutano, são suculentas, translúcidas, chegam a pesar até 2 kg e são preferidas para o consumo. Aspectos climáticos: O Yacon é uma espécie adaptável quanto ao clima, altitude e tipo de solo. É altamente resistente ao frio em regiões temperadas e seca, pois seus tubérculos regenerarão nova planta a cada ano após o inverno. É descrita como sendo neutra ao fotoperiodismo. Alcança a maturidade a partir de 7 meses após o plantio, quando tem início a floração, seguida da fase de senescência de toda parte aérea. Entre 10 a 12 meses após o plantio, quando a parte aérea está totalmente seca é realizada a colheita das raízes tuberosas para consumo e os tubérculos, que serão utilizados como material de propagação para o próximo plantio. A propagação do Yacon pode se dar tanto por meio de sementes como pelos tubérculos, porém o material introduzido no Brasil não produz sementes viáveis. Técnicas de cultivo: A cultura do Yacon é implantada em áreas bem preparadas, com aração profunda, e sobre canteiros com 1 metro de largura e 0,40 metros de altura. O plantio é feito através de tubérculos pesando entre 60 a 80 gramas, com espaçamento de 1,4 m entre linhas e 0,90 m entre plantas, a uma profundidade de aproximadamente 15 cm. O solo é corrigido com calcário dolomítico (ou cinza) objetivando manter o PH por volta de 6.0. É recomendado adubação no plantio. A irrigação é feita por aspersão e pelo menos duas capinas manuais durante o ciclo da cultura. A colheita das folhas é realizada três vezes durante o ciclo. A colheita das raízes e tubérculos é feita aos 12 meses após o plantio, manualmente, porém vem sendo testado equipamentos utilizados na colheita da mandioca. Há relato de rendimento de até 120 ton./ha de raízes tuberosas. Técnica pós colheita: Das folhas: As folhas colhidas da parte mediana das plantas são desidratadas, moídas e embaladas em potes ou sacos plásticos. - Das raízes: As raízes para consumo "in natura", são armazenadas em câmara fria á temperatura de 4 C até a sua distribuição. As raízes também podem ser desidratadas após a colheita, depois de serem lavadas em água corrente, descascadas e fatiadas na forma de "ships". Na desidratação a temperatura não deve ultrapassar 60 C . A porcentagem de perda de peso das raízes foi de aproximadamente 50%, independente dos tratamentos a que foram submetidas. Utilização: - As folhas são utilizadas pela população, principalmente da colônia japonesa no Brasil, na forma de chás contra diabetes, altas taxas de colesterol (diminuição da taxa de colesterol) no sangue, além de indícios na queda dos teores de glicose no sangue. - As raízes são consumidas tanto "in natura" como desidratadas para o mesmo fim. - Exercem efeito favorável na flora intestinal. - São considerados açucares de baixa calorias (frutanos), pois atravessam o trato digestivo humano sem serem metabolizados ou são metabolizados sem a necessidade de insulina no processo, podendo ser consumido por diabéticos e pessoas em dietas. - A frutose, que está presente no Yacon é considerada um açúcar menos cariogênico. Informações complementares: Em análises qualitativas demonstraram que as raízes de Yacon contém frutanos do tipo inulina, assim com os encontrados em Helianthus tuberosus, com GP de aproximadamente 12 (oligofrutanos). Os frutanos são compostos do metabolismo primário, reconhecidos como carboidratos de reserva a mais de 200 anos. Depois do amido e da sacarose, são os de maior ocorrência entre as plantas. Hendry e Walace (1993) relacionam o acúmulo de frutanos ao mecanismo de evolução das plantas superiores. 36 mil espécies vegetais apresentam os frutanos como carboidratos de reserva, principalmente as pertencentes as famílias Asteracea e Gramíneas. São encontrados nos órgãos vegetais de natureza armazenadora como os rizomas, bulbos, tubérculos, raízes tuberosas, e em menor quantidade em caules, folhas, frutos, sementes e inflorescências. Os frutanos são polímeros de frutose, relacionados estrutural e metabolicamente a sacarose. Consistem em séries homólogas de oligo e polissacarídeos não redutores, cada um contendo um resíduo a mais de frutose que o membro anterior da série. Esses resíduos estão interligados por ligações glicosídicas 2-1 ou 2 -6 em cadeia linear ou ramificada. Os frutanos são classificados de acordo com sua estrutura em: - Frutanos do tipo inulina: apresentam ligação 2 -1, principalmente na família Asteracea. Ex: Helianthus tuberosus, Dalia sp, Chichorium sp, e Polimnia sonchifolia (Yacon) - Frutanos do tipo fleanos ou levanos ; apresentam ligações do tipo 2 -6 em cadeia ramificada e são encontrados em monocotiledoneas, principalmente em gramíneas. Ex: Triticum sp (trigo), Hordeon sp (cevada). - Frutanos mistos: apresentam ligação tanto 2-1 como 2-6 em cadeias ramificadas e são encontradas em Liliaceas. Ex: Allium, Aspargus e bulbos de Tulipa. Importância fisiológica do acumulo do frutanos: Espécies que acumulam frutano tem grande tolerância ao congelamento em regiões frias. Toleram o dessecamento em regiões com déficit hídrico. Importante agente na conservação das espécies em condições adversas. Por serem solúveis em água, e se encontrarem nos vacúolos celulares, alteram a pressão de tugor das células, interferindo assim, em seu potencial osmótico por rápida polimerização e despolimerização.