CONTROLE DA DEMANDA DE ENERGIA PARA MELHOR APROVEITAMENTO DA FRENAGEM REGENERATIVA DOS TRENS Luís Henrique Sales Oliveira Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica-USP Ana Paula Camargo Larocca Departamento de Engenharia de Transportes da Escola de Engenharia de São Carlos-USP RESUMO O reaproveitamento da energia cinética de frenagem (frenagem regenerativa) é usado em diversos tipos de veículos elétrico (Tavares et al., 2010), visando reutilizar a energia cinética que seria desperdiçada na desaceleração desses veículos, tornando-os mais eficientes e sustentáveis. Nesse estudo, a aplicação dessa tecnologia volta-se para trens de passageiros aliada a um moderno sistema de comunicação e controle para otimizar a utilização da frenagem regenerativa. 1. OBJETIVOS O estudo tem como objetivos apresentar o processo de geração de energia elétrica através da frenagem regenerativa, a integração com um sistema eficiente de sinalização de trens (comunicação e controle) e seu uso em companhias de transporte ferroviário de pessoas no Brasil e no mundo. 2. METODOLOGIA Os componentes básicos relacionados ao tema desse relatório são descritos baseados na leitura do conteúdo bibliográfico, de forma a orientar e estruturar a pesquisa e servir como base para obter os resultados esperados. Num segundo momento é feita a análise dos resultados esperados da implantação do sistema apresentado baseando-se em dados de casos reais em outros países. 3. PRINCIPAIS RESULTADOS OBTIDOS 3.1. Uso da Energia da Frenagem Regenerativa A integração da frenagem regenerativa com um sistema de sinalização e controle dos trens permite que as operadoras dos sistemas ferroviários possam aproveitar da forma mais eficiente uma quantidade de energia que seria descartada, reduzindo assim o consumo de energia elétrica para movimentação dos trens e consequentemente reduzindo custos financeiros e impactos ambientais. A integração dos sistemas de frenagem regenerativa e o sistema de sinalização CBTC (Communication Based Train Control) é necessária para que haja uma sincronização entre os momentos de frenagem de um determinado trem e a partida de outro no mesmo circuito elétrico da via férrea. Isso é preciso, pois a energia de frenagem gerada por um trem deve ser consumida imediatamente depois da sua produção, pois embora existam equipamentos de armazenamento de energia no mercado, eles possuem uma razão custo/benefício muito elevado, sendo atualmente inviável a sua utilização. Como o CBTC é um sistema que opera com a troca de informações continuamente e de forma rápida e inteligente (Timóteo e Ragognette), é possível que esse sistema de sinalização permita um controle otimazado da oferta e demanda da energia regenerada e ainda manter a qualidade da prestação do serviço de transporte de passageiros, com pequenos intervalos de tempos entre os trens. 3.2. Cenário Internacional A utilização da frenagem regenerativa não é uma novidade nos sistemas metroviários em alguns países. Atualmente, países mais desenvolvidos criam novos protótipos baseados nos conceitos de energia regenerativa para tornar seus sistemas de transporte mais eficientes e sustentáveis. Alguns países da Europa e Ásia e os Estados Unidos realizam o reaproveitamento de energia, visando sempre à redução no consumo de energia (alcançando até 30% (Bocharnikov et al., 2007)) e consequentemente reduzindo a emissão de gases do efeito estufa. 3.3. Aproveitamento da Energia Regenerativa no Brasil No sistema ferroviário urbano nacional ainda há uma considerável defasagem tecnológica em relação a outros países desenvolvidos e emergentes. O Brasil, além de possuir uma pequena malha ferroviária urbana, ainda sofre com o atraso tecnológico e a falta de infraestrutura adequada em todas as vias. Em 2012, o Metrô de São Paulo começou a implantar o sistema de sinalização CBTC em um trecho da Linha 2 – Verde e que operará depois da fase de teste em paralelo ao sistema antigo de sinalização, pois a frota é composta por trens adaptados e não adaptados para operar com CBTC e apenas a linha 4 – Amarela opera com o sistema CBTC completo, atuando como sistema de sinalização para o driveless. Praticamente todos os novos trens adquiridos pelas companhias operadoras de trens urbanos já possuem o sistema de regeneração de energia, devido ao padrão tecnológico das empresas estrangeiras construtoras do material rodante. Porém como as vias brasileiras não possuem a infraestrutura adequada para reaproveitamento da energia (não possuem rede aérea / rede elétrica compatível para receber a energia produzida pelos trens, subestações elétricas adaptadas e sistema de sinalização), a tecnologia não é utilizada. 4. CONCLUSÕES O trabalho apresentou duas tecnologias empregadas no sistema de transporte ferroviário que visam tornar mais eficiente as funções para as quais foram criadas. Com a integração dessas duas tecnologias, pode-se implantar um modo operacional de maneira a reaproveitar o máximo possível da energia gerada na frenagem dos trens, atendendo assim uma das principais demandas da política mundial: a necessidade de sistemas mais sustentáveis, que aproveitem os recursos disponíveis de forma mais inteligente, consumam menos energia e reduzam gastos materiais sem perda da qualidade do serviço prestado. Observa-se também o grande atraso em que se encontra esse setor no Brasil. Esse contexto permite concluir que existe um grande caminho pela frente para desenvolver o transporte ferroviário, nesse caso, o de pessoas, fato que serve como motivação para novas pesquisas na área visando contribuir com desenvolvimento ferroviário nacional, se revertendo em ganhos econômicos, sustentáveis e na qualidade de vida da população brasileira. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS TAVARES, A. M.; FILHO, A. F. F.; OSÓRIO J. O. M.; BLAUTH, Y. B.; Um estudo sobre a frenagem regenerativa de trens utilizando gerador linear de indução. XVIII Congresso Brasileiro de Automática, Bonito – MS, 2010. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense TIMÓTEO, C. A. de F.; RAGOGNETTE, F. de B.; Soluções e inovações na modernização de sistemas de sinalização metro-ferroviários. São Paulo: Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô. 8 p. Y.V. BOCHARNIKOV, A.M. TOBIAS, C. ROBERTS, S. HILLMANSEN; C.J. GOODMAN; Optimal driving strategy for traction energy saving on DC suburban railways. Vol. 1, No. 5, Setembro 2007. IET Electric Power Application.