Nome dos Autores: Luiz Fernando da Silva Gouveia - Bolsista da FAPESP Leonardo Pereira da Costa Cruz Orientador: Claudio Aguinaldo Buzzi Instituição: Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (IBILCE - UNESP), São José do Rio Preto Título do Trabalho: O Teorema de Grobman-Hartman Sessão Temática: Sistemas Dinâmicos Resumo: O Teorema de Grobman-Hartman é um dos mais importantes resultados da teoria qualitativa das equações diferenciais ordinárias. Este teorema nos diz que dado um sistema não linear do tipo X ′ = f (X) e sua linearização em torno de um ponto singular hiperbólico, então o teorema de GrobmanHartman garante a existência de um homeomorfismo que faz uma conjugação topológica entre esses dois sistemas. Dessa forma, estudando o comportamento qualitativo da linearização do sistema original em torno dos pontos singulares hiperbólicos, podemos inferir também sobre o comportamento deste. Na verdade, se X ′ = AX é a linearização do sistema original, então seu fluxo é eAt X0 , e o teorema garante a existência de um homeomorfismo H que leva órbitas de um sistema no outro, isto é, H(φt (X0 )) = eAt H(X0 ), onde φt (X0 ) é o fluxo do sistema X ′ = f (X). Antes de enunciarmos o Teorema de Grobman-Hartman, faremos a seguinte definição: Definição. Dois sistemas autônomos de equações como ẋ = f (x) (1) e ẋ = Ax (2) são ditos topologicamente equivalentes em uma vizinhança da origem ou possuem a mesma estrutura qualitativa próxima a origem se existe um homeomorfismo H de um aberto U contendo a origem em um aberto V contendo a origem cuja as trajetórias do sistema ẋ = f (x) de U são enviadas nas trajetórias do sistema ẋ = Ax de V e tem orientações preservadas. Se o homeomorfismo H preserva a parametrização pelo tempo, então os sistemas acima são chamados topologicamente conjugados na vizinhança da origem. 1 Teorema. (Teorema de Grobman-Hartman) Seja E um aberto do Rn contendo a oriem, f ∈ C 1 (E), φt o fluxo do sistema não linear (1). Suponha f (0) = 0 e que a matriz A = Df (0) não possua nenhum autovalor com parte real nula. Então, existe um homeomorfismo H de um aberto U contendo a origem em um aberto V contendo a origem tal que para cada x0 ∈ U, existe um aberto I0 ⊂ R contendo 0 tal que para todo t ∈ I0 Hoφt (x0 ) = eAt H(x0 ), isto é, as trajetórias de (1) próximas a origem são levadas em (2) próximas a origem e o tempo é preservado. Iremos fazer a seguir um esboço da prova do Teorema de GrobmanHartman. Para uma demonstração completa ver [4]. Considere o sistema não linear (1), f ∈ C 1 (E), f (0) = 0 e A = Df (0). (1) Suponha que a matriz A é escrita na forma P 0 , A= 0 Q onde os autovalores de P tem parte real negativa e os autovalores de Q tem parte real positiva. (2) Usandos o fluxo do sistema não-linear no tempo 1 e dositema linear By no tempo 1 para definir as transformações L(y, z) = e T (y, z) = Cz By + Y (y, z) , isto é, localmente L(x) = eA x e T (x) = φ1 (x). Cz + Z(y, z) Lema. Existe um homeomorfismo H0 de um aberto U contendo a origem em um aberto V contendo a origem tal que H0 oT = LoH0 . Vamos usar o método das aproximações sucessivas para demonstrarmos o lema acima. φ(y, z) n . Então H0 oT = LoH0 é equivaPara x ∈ R , temos H0 (x) = ψ(y, z) lente ao par de equações Bφ(y, z) = φ(By + Y (y, z), Cz + Z(y, z)) Cψ(y, z) = ψ(By + Y (y, z), Cz + Z(y, z)) 2 (3). Defina agora as aproximações sucessivas para a segunda equação por ψ0 (y, z) = z ψk+1 (y, z) = C −1 ψk (By + Y (y, z), Cz + Z(y, z)) (4) Segue por indução que ψk (y, z) é uma sequência de funções contínuas de Cauchy no qual converge uniformemente para ψ(y, z) quando k → ∞. Tomando os limites em (4), mostra-se que ψ(y, z) é solução da segunda equação em (3). A primeira equação em (3) pode ser escrita como B −1 φ(y, z) = φ(B −1 y + Y1 (y, z), C −1z(y, z)) (6), onde as funções Y1 e Z1 são definidas pela inversa de T −1 B y + Y1 (y, z) −1 . T (y, z) = C −1 + Z1 (y, z) Então, a equação (6) pode ser resolvida pelo método da aproximções sucessivas com φ0 (y, z) = y. Logo, obtemos a aplicação contínua φ(y, z) . H0 (y, z) = ψ(y, z) Pode-se provar que H0 é um homeomorfismo de Rn em Rn . Tome H0 o homeomorfismo definido no lema acima e seja Lt e T t duas famílias de trasformações a um parâmetro definidas por Lt (x0 ) = eAt x0 e T t (x0 ) = φt (x0 ). R1 Defina H = 0 L−s H0 T s ds. Do lema acima, segue que existe uma vizinhança da origem tal que, para Z 1 Z 1−t t t−s s−t t LH= L H0 T dsT = L−s H0 T s dsT t = 0 Z =[ 0 −t −s s L H0 T ds + −t Z 1−t −s s t L H0 T ds]T = 0 Z 0 3 1 L−s H0 T s dsT t = HT t. Assim, HT t = Lt H ou equivalentemente Hoφt (x0 ) = eAt H(x0 ) e pode-se mostrar que H é um homeomorfismo de Rn . Bibliografia: [1] Dumortier, F., Llibre, J. e Artés, J. C., Qualitative Theory of Planar Differential Systems. Springer-Verlag, Berlin Heidelberg, 2006. [2] Palis, J. e Melo, W., Introdução aos sistemas dinâmicos. Projeto Euclides, 6, IMPA, Rio de Janeiro, 1978. [3] Arrowsmith, D. K. e Place, C. M., An introduction to dynamical systems. Cambridge University Press, Cambridge, 1990. [4] Perko, L., Differential equations and dynamical systems. Texts in Applied Mathematics, 7, Springer-Verlag, New York, 1991. 4