1 FACULDADE ASSIS GURGACZ FERNANDA SCHUROFF SILVA COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA: LEVANTAMENTO DOS PRINCIPAIS MEDICAMENTOS ESPECIALIZADOS DISPENSADOS NA CIDADE DE CAFELÂNDIA - PR CASCAVEL 2015 2 FERNANDA SCHUROFF SILVA COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA: LEVANTAMENTO DOS PRINCIPAIS MEDICAMENTOS ESPECIALIZADOS DISPENSADOS NA CIDADE DE CAFELÂNDIA - PR Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Faculdade Assis Gurgacz, FAG, Farmácia. Professor Orientador: Yara Jamal CASCAVEL 2015 Curso de 3 FERNANDA SCHUROFF SILVA COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA: LEVANTAMENTO DOS PRINCIPAIS MEDICAMENTOS ESPECIALIZADOS DISPENSADOS NA CIDADE DE CAFELÂNDIA - PR Trabalho apresentado no Curso de Farmácia da Faculdade Assis Gurgacz, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Farmácia, sob a orientação da Professora Yara Jamal. BANCA EXAMINADORA __________________________ Professora Yara Jamal Mestre __________________________ Giovane Douglas Zanin Mestre __________________________ Patrícia Stadler Rosa Lucca Mestre Cascavel, 29 de Junho de 2015. 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho principalmente a Deus, por ter me permitido seguir firme por toda essa trajetória, caminho esse que irá me levar á realização dos meus sonhos! Mãe, pai, irmãos, sem vocês nada disso seria possível. Obrigado pelo amor, apoio, carinho e compreensão, pois essa vitória não é só minha, é nossa! 5 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida, por ter iluminado o meu caminho durante todos estes anos e pela força nas horas difíceis.. Aos meus pais, Hélio e Valéria, pelo amor, dedicação e por terem me proporcionado essa oportunidade de um futuro promissor. A minha querida e sempre tão dedicada mãe pelo seu exemplo de força e perseverança, que por tantas vezes abriu mão das suas vontades para realizar as minhas, pelas tantas orações em meu favor. Amo vocês! Aos meus irmãos Higor e Fabiana, pelo carinho, incentivo e apoio. A toda a minha família que é a base da minha vida, sinônimo de amor, compreensão e dedicação. Agradeço a minha orientadora Professora Yara Jamal, pela atenciosa orientação, apoio, amizade e confiança durante o desenvolvimento deste trabalho. A professora e coordenadora do curso de Farmácia Patricia Stadler Rosa Lucca, pelo empenho dedicado a elaboração deste trabalho. Ao professor e coordenador Giovane Douglas Zanin, pela fiel e sempre dedicação. Obrigada por seus ensinamentos que foram muito além da sala de aula, pois tivemos aprendizados importantes para a vida. Agradeço а todos os professores por proporcionar о conhecimento não apenas racional, mas а manifestação do caráter е afetividade da educação no processo da formação profissional, por tanto qυе se dedicaram а mim, não somente por terem ensinado, mas por terem feito aprender. А palavra mestre, nunca fará justiça аоs professores dedicados аоs quais sem nominar terão os meus eternos agradecimentos. A farmacêutica Magali, da Farmácia Básica de Cafelândia, pelo atendimento e disposição para a realização deste trabalho. A minha amiga Renata pela sincera amizade, pelas palavras de apoio e carinho, e pela disponibilidade em me ajudar sempre que precisei. As minhas amigas, Marcela, Fernanda e Solange por sempre estarem presentes não só na vida acadêmica, mas também na minha vida pessoal. Muito obrigada pela amizade, companheirismo e apoio ao longo desses cinco anos, levarei para sempre vocês no meu coração. 6 A todos os meus amigos que de uma forma ou de outra contribuíram para a realização desse sonho. E por fim, agradeço a todos os meus colegas de turma, pelos cinco anos de companheirismo, diversão e de muita luta, pois cada um sabe o quão difícil e ao mesmo tempo prazerosa foi essa caminhada. 7 “Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas Graças a Deus, não sou o que era antes”. Marthin Luther King 8 LISTA DE ABREVIATURAS AF – Assistência Farmacêutica AIDS - Síndrome da Imunodeficiência Adquirida ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária CAP - Caixas de Aposentadoria e Pensão CMDE - Componente de Medicamentos de Dispensação Excepcional CEME - Central de Medicamentos CID – Código Internacional de Doenças CID-10 - Classificação Internacional de Doenças, 10ª revisão CNS - Conselho Nacional de Saúde CFT - Comitê de Farmácia Terapêutica DAF - Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos DCB - Denominação Comum Brasileira DCI - Denominação Comum Internacional DST – Doença Sexualmente Transmissível DNPS - Departamento Nacional de Saúde Pública GM - Gabinete do Ministro/MS HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana INPS - Instituto Nacional de Previdência Social MS - Ministério da Saúde OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico OMS - Organização Mundial da Saúde ONUBR - Organização das Nações Unidas no Brasil OPAS - Organização Pan-Americana de Saúde PCDT - Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 9 PFB - Programa Farmácia Básica PNM - Política Nacional de Medicamentos PNAF - Política Nacional de Assistência Farmacêutica RENAME – Relação Nacional de Medicamentos SUS - Sistema Único de Saúde 10 SUMÁRIO 1 - REVISÃO DA LITERATURA....................................................................................... 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................ 30 2 - ARTIGO........................................................................................................................... 35 NORMAS DA REVISTA CIENTÍFICA............................................................................ 56 11 REVISÃO DA LITERATURA CONCEITO DE SAÚDE A palavra “Saúde” em português provém de salude, do vocabulário do século XIII (1204), salud em espanhol (século XI), e vem do latim salus (salutis), que significa salvação, conservação da vida, cura, bem estar. O étimo francês Santé, do século XI, incide de sanitas (sanitatis), do latim sanus: são, o que está com saúde, aproximando-se mais da concepção grega de higiene, ligada a deusa Hygea (LUZ apud MAIA; SOUSA; OLIVEIRA, 2011). Luz (2009) refere-se ao termo saúde como uma afirmação positiva da vida e uma forma de existir harmônica, excluindo dessa forma o universo da doença. Sendo assim se pode dizer que saúde em sua origem etimológica é um estado positivo do viver, aplicável a todos os seres vivos, especialmente a espécie humana. Nas civilizações mais antigas os homens utilizavam pensamentos mágicos e sobrenaturais para explicar os acontecimentos a sua volta, pois eles acreditavam que as doenças eram resultados de causas externas e a saúde recompensa pelo seu bom comportamento. O receio do desconhecido e da possibilidade de violação de uma crença ou preceito cultural religioso causava superstições e maus presságios, um acidente ou qualquer acontecimento externo que atingisse o homem era decorrente da influência de forças sobrenaturais (LINDEMBERG, 2006). O pai da medicina ocidental, Hipócrates, definiu a saúde como fruto do equilíbrio dos humores sendo a doença, por oposição, resultado do desequilíbrio dos mesmos. Hipócrates postulou a existência de quatro fluidos (humores) principais no corpo: bile amarela, bile negra, fleuma e sangue. A metodologia proposta por ele consistia no conhecimento da natureza humana e na distinção da individualidade, sendo assim a saúde fundamentada no equilíbrio desses elementos (elementos da natureza, da região, da organização social e dos hábitos). Ele via o homem como uma unidade organizada e entendia a doença como uma desorganização desse estado e o seu equilíbrio total resultaria na saúde (SCLIAR, 2007; AIUB, 2005). 12 DIREITO A SAÚDE NO BRASIL Os direitos sociais, onde também se enquadra o direito à saúde, foram concretizados no início do século XX, e “se caracterizam como verdadeiras liberdades positivas, de observância obrigatória em um Estado Social de Direito, tendo por finalidade a melhoria das condições de vida aos hipossuficientes, visando à concretização da igualdade social” (MORAES, 2005, p.476). Dentre os direitos sociais, o direito à saúde deve ser entendido como um direito de todos, ou seja, um direito de caráter universal, e não apenas de brasileiros e estrangeiros residentes no país, como poderiam alguns literalmente interpretar o caput do artigo 5º da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (WANDERLEI, 2010). De acordo com o artigo 196 da Constituição da República Federativa de 1988, a saúde é um direito de todos e dever do Estado, e deve ser garantida sem distinções, a toda a população, ou seja, de forma universal, através de politicas públicas estatais sociais e econômicas, de modo planejado, coordenado e articulado, de caráter preventivo, promocional e assistencial com a participação da comunidade (MERLONE, 2014). Ao tratar do direito a saúde e das politicas públicas relacionadas Luiz Alberto David Araújo traz que: Como consequência primeira do direito à saúde (direito de estar são), deve- se agregar o direito à prevenção de doenças (direito de permanecer são). Assim, o Estado é responsável, tanto por manter o indivíduo são, desenvolvendo políticas de saúde, como para evitar que ele se torne doente. O direito à prevenção de doenças é, consequentemente, parte do direito à saúde. O direito à saúde não significa, apenas, o direito de ser são e de se manter são. Não significa apenas o direito a tratamento de saúde para manter-se bem. O direito à saúde engloba o direito à habitação e à reabilitação, devendo-se entender saúde como o estado físico e mental que possibilita ao indivíduo ter uma vida normal, integrada socialmente (ARAÚJO, 2006). O Estado é responsável não só por prever o direito, mas sim de garantir que ele seja cumprido, e em relação a isso, Gonçalves (2011) afirma que o direito a saúde não pode ser negado de forma alguma e ainda exige cada vez mais proteção e envolvimento do Estado. 13 HISTÓRICO DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL Nos tempos de Brasil Colônia, a assistência à saúde praticamente não existia. O pajé com suas ervas e cantos, e os boticários que viajavam pelo Brasil eram os únicos responsáveis pela assistência à saúde, já que médicos na época eram somente quatro no Rio de Janeiro (VARGAS, 2008). Foi através da colonização, que os brancos trouxeram doenças, transmitindo principalmente a varíola e o sarampo aos nossos indígenas. Mais tarde com a chegada dos negros vieram também doenças como a filariose e a febre amarela, caracterizando o assim o período colonial, que não possuía medicamentos e nem profissionais médicos e hospitais que eram como verdadeiros depósitos de doentes (POLIGNANO, 2011) Em 1808, com a chegada da família real portuguesa é que se criou a necessidade de uma estrutura sanitária mínima, a fim de dar suporte ao poder que se instalava no Rio de Janeiro (POLIGNANO, 2011). Até o final do século XIX, o Estado brasileiro não tinha uma forma de atuação sistemática na saúde de seus habitantes, e apenas atuava em situações de epidemia (VARGAS, 2008). Com a falta de saneamento básico, várias doenças graves como a malária, varíola, febre amarela e peste se espalhavam facilmente pelo Rio de Janeiro. O presidente da época Rodrigues Alves nomeou então o médico Oswaldo Cruz, como Diretor do Departamento Federal de Saúde Pública, o que hoje conhecemos como Ministro da Saúde, para solucionar esse problema. O sanitarista convocou cerca de 1.500 pessoas para realizar ações que invadiam as casas, queimavam roupas e colchões, sem nenhum tipo de ação educativa. Com isso a população foi ficando cada vez mais indignada e o auge do conflito foi a instituição de uma vacinação obrigatória, anti-varíola. A população resolveu sair às ruas e assim se iniciou a Revolta da Vacina, que acabou por afastar Oswaldo Cruz (INDRIUNAS, 2008). Mas apesar dos do fim conflituoso, o sanitarista conseguiu resolver parte dos problemas e coletar informações que auxiliaram seu sucessor, Carlos Chagas, a estruturar uma campanha rotineira de ação e educação sanitária (GRILLO, 2013). Em 1920 ocorre a Reforma Carlos Chagas que cria o Departamento Nacional de Saúde Pública (DNPS), separando a organização da saúde em saúde pública e previdência 14 social. E, em 1923 é criada a Lei Elói Chaves, que regulamentou a criação de Caixas de Aposentadoria e Pensão – CAP – um modelo restrito ao âmbito de grandes empresas e que possuíam administrações próprias para seus fundos (BERTOLLI FILHO, 2008). Com a Revolução de 1930 ocorre a reestruturação nos órgãos do Estado. São criados o Ministério da Educação e Saúde Pública e o Ministério do Trabalho, que cuidava da medicina previdenciária e saúde ocupacional, coexistindo com medicina privada, hospitais beneficentes, filantrópicos (BRASIL, 2007). Em 1933 surgiu a Previdência Social, atuando por meio dos Institutos de aposentadorias e Pensão (IAP) das diversas categorias profissionais, para trabalhador formal, surgindo assim a medicina previdenciária (MACHADO, 2012). Transformação importante nesse cenário só ocorreu por volta de 1950, com aprofundamento do desenvolvimento capitalista, que possuía como objetivo principal a completa realização da lógica de eficiência da produção de bens e serviços. O hospital adquiriu fundamental importância na prestação de serviços de saúde, tanto que no final da década de 50 era tido como local de encontro das diversas especialidades médicas, como detentor de infra-estrutura e dos equipamentos necessários para a prestação de serviços de saúde (BRASIL, 2007; BERTOLLI FILHO, 2008; VIANNA; LIMA, 2011). Na década de 1950 inicia-se no Brasil um novo processo de transformação caracterizado por um movimento de modernização do setor saúde, com aprofundamento do desenvolvimento capitalista, tendo como objetivo principal a plena realização da lógica de eficiência da produção de bens e serviços. O hospital assumiu a posição central na prestação dos serviços de saúde e no final da década de 50 definia-se como local de encontro das diversas especialidades médicas, como detentor da infra-estrutura e dos equipamentos necessários para a prestação dos serviços de saúde (BERTOLLI FILHO, 2008; VIANNA; LIMA, 2011). Em 1987 foi implantado o Sistema Único e Descentralizado da Saúde (SUDS) que tentou incorporar alguns elementos centrais da proposta de reforma sanitária: universalização, descentralização (estadualização) e democratização das instâncias gestoras. Em 1988 foi promulgada a constituição cidadã que consagrou a saúde como produto social e estabeleceu as bases legais dos municípios como responsáveis pela elaboração da política de saúde. Cria-se o SUS (MACHADO, 2012). 15 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS O Sistema Único de Saúde (SUS) foi instituído pela Constituição Federal Brasileira em 1988 para atender toda a população brasileira, garantindo assistência integral e completamente gratuita para a totalidade da população, inclusive aos pacientes portadores do HIV, sintomáticos ou não, aos pacientes renais crônicos e aos pacientes com câncer (SOUZA, 2002). A Constituição Federal de 1988 definiu a implantação do SUS, estruturado de maneira descentralizada, hierarquizada e regionalizada, de acesso universal. A Lei n. 8.080/90, que organiza o SUS em direção única em cada esfera de governo, define o Ministério da Saúde como gestor na esfera da União, no art. 9° do seu Capítulo III – Da Organização, da Direção e da Gestão (BRASIL, 1990). O sistema é denominado “único”, pois todas as esferas da federação têm obrigações mútuas e permanentes em relação à saúde, de forma que se uma delas não desempenha suas obrigações, a outra deverá fazê-lo, tornando assim linear a responsabilidade de todos os entes federativos, com responsabilidade comum e solidária ante a população: A regionalização indica a necessidade da criação de regiões de saúde, no âmago das quais deve haver hierarquização do atendimento. Deste modo, o sistema público deve criar uma rede de referências e contra referências em matéria de saúde. Além disso, o sistema passou, com a Constituição de 1988, a ser unificado, e não mais difundido por vários órgãos e ministérios, mas com direção única, gerida, em nível Federal, pelo Ministério da Saúde, a quem compete a direção da política nacional, e nos Estados e Municípios pelas respectivas Secretarias de Saúde. Desta forma, todas as ações e recursos públicos na área de saúde, por uma designação direta da Constituição, integram o Sistema Único de Saúde, devendo, pois, formar uma rede regionalizada e hierarquizada, com participação necessária de todos os entes da federação (SERRANO, 2009, p. 34). Segundo a Organização Mundial da Saúde, o Brasil é atualmente referência internacional em área de saúde pública e exemplo para outros países que almejam por sistemas mais igualitários de saúde. Com a criação do SUS, o Brasil foi um dos primeiros e poucos países fora da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) a prever na legislação o acesso universal aos serviços de saúde, reconhecendo a saúde como direito do cidadão e dever do Estado (ONUBR, 2013). O Sistema Único de Saúde é composto por três esferas de atenção a saúde: atenção básica, atenção de média complexidade e atenção de alta complexidade. A atenção básica é a 16 porta de entrada do sistema de saúde, que engloba ações voltadas para a promoção da saúde, prevenção de doenças, diagnóstico, tratamento e reabilitação dos pacientes, a fim de garantir condições adequadas de prevenção e enfrentamento de doenças para o prolongamento da vida (GAVRONSKI et al., 2008, p.47). Já na atenção de média complexidade Gavronski et al (2008, p.48-49)., mencionam que este tipo de atenção compõe-se de ações e serviços que visam atender os principais problemas de saúde e seus agravos, cuja prática clínica necessite de profissionais especializados e uso de recursos tecnológicos de apoio diagnóstico e terapêutico. Ainda para Gavronski et al (2008, p.50) em relação a atenção de alta complexidade, estão os procedimentos que embora em menores quantidades, demandam alto custo financeiro, como ocorre com os procedimentos de diálise, radioterapia, quimioterapia e da hemoterapia. POLÍTICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS Os progressos em relação à saúde pública nos últimos anos no Brasil foram muito significativos, sobretudo no tocante dos progressos tecnológicos da indústria farmacêutica, proporcionando medicamentos cada vez mais eficazes e seguros. O uso de medicamentos tornou-se prática imprescindível na contribuição para o aumento da qualidade e da expectativa de vida da população (BUSS, 2000). Garantir o acesso aos medicamentos tidos como essenciais e, ainda, o seu uso racional são alguns dos aspectos que contribuem para a valorização e o aperfeiçoamento do serviço de Assistência Farmacêutica como estratégia característica da atenção básica à saúde (DE BERNARDI et al., 2006). Da mesma forma, percebe-se que o abastecimento satisfatório de medicamentos expressa qualidade e efetividade nos serviços de saúde, evitando a desmotivação dos profissionais e a insatisfação da sociedade (OLIVEIRA et al., 2006). Buscando tais realizações, o setor farmacêutico brasileiro tem passado por enormes transformações, nos últimos quarenta anos, ressaltando entre elas a criação da Central de Medicamentos (CEME), a regulamentação do SUS, a aprovação da Política Nacional de Medicamentos (PNM), a criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a Lei dos Genéricos e, mais recentemente, a realização da Conferência Nacional de Medicamentos e Assistência Farmacêutica, a criação do Departamento de Assistência 17 Farmacêutica e Insumos Estratégicos (DAF), e a aprovação da Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF) (OPAS, 2005). A Ceme, criada em 1971, surgiu da preocupação do Estado em relação ao acesso ao medicamento pelos estratos da população de poder aquisitivo diminuído, com a finalidade de promover e organizar as atividades de assistência farmacêutica direcionada a esta população; identificação de indicadores de saúde por região e faixa etária; verificação da competência de produção dos laboratórios farmacêuticos oficiais e nacionais; controle de mecanismos de distribuição e venda de medicamentos em todo o território nacional. Os recursos financeiros eram oriundos do convênio consolidado entre a Ceme e o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), e a sua gestão era centralizadora, sendo que estados e municípios encontravam-se excluídos de todo o processo decisivo (BERMUDEZ, 1992). Os medicamentos disponibilizados pela Ceme, incluídos na Rename, eram destinados ao uso nos níveis primário, secundário e terciário de atenção à saúde. Cujo de financiamento permaneceu até o início dos anos 90, quando ocorreu a extinção do INPS e a sua inclusão ao Ministério da Saúde (MS). Desde então, a compra de medicamentos se deu por meio do Ministério da Saúde, secretarias estaduais e municipais de saúde que mantinham convênios com a Ceme (ACURCIO, 2003). Diversos programas especiais foram criados, entre eles o Programa Farmácia Básica (PFB), em 1987, que tinha como objetivo racionalizar a disponibilidade de medicamentos essenciais na atenção básica a saúde. Este programa foi traçado como um módulo padrão de suprimento de medicamentos selecionados da Rename. Os módulos contavam com 48 medicamentos, necessários para atender às necessidades de um grupo de três mil pessoas por um período de seis meses. No entanto, devido a problemas decorrentes, principalmente, da centralização dos processos de programação e aquisição, que não correspondiam ao perfil de demanda das populações atendidas, o programa foi extinto em 1988 (CONSEDEY, 2000). A década de 1990 foi marcada por uma crise na Ceme em virtude de atritos entre a instituição e os laboratórios oficiais e escândalos de corrupção que resultaram em sua extinção, em 1997. Ressalta-se, também nesta década, a regulamentação do SUS, através da Lei nº 8.080/90, o que reforçou a necessidade cada vez mais emergente da formulação de uma política nacional de medicamentos, consoante com o novo sistema de saúde do país (BRASIL, 1990; BERMUDEZ, POSSAS, 1995). 18 Nesse contexto, houve a reedição do PFB, semelhante ao modelo do programa anterior de mesmo nome, destinado somente a municípios de até 21.000 habitantes de todo o país, com exceção dos municípios dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná que já haviam iniciado um processo de reorganização da Assistência Farmacêutica. Consedey (2000), ao avaliar a implantação deste programa em cinco estados brasileiros, constatou falhas, principalmente no abastecimento, em razão do não atendimento das necessidades específicas das populações de diferentes localidades (OLIVEIRA, 2010). A implementação de um novo modelo de assistência farmacêutica básica, pautado no atendimento de necessidades e prioridades locais, é um dos importantes resultados alcançados com a Política Nacional de Medicamentos - PNM, cuja operacionalização teve início no primeiro semestre de 1999, onde até abril do corrente ano, 98,5% dos municípios - 5.424 foram qualificados a receber os recursos financeiros para o cumprimento das metas estabelecidas para a assistência farmacêutica. (INFORMES TÉCNICOS INSTITUCIONAIS, 2000). O Ministério da Saúde repassou aos municípios, em recursos financeiros ou em medicamentos, via direta ou por intermédio das Secretarias Estaduais, um total estimado de R$1,3 bilhão. Tais recursos foram destinados à assistência farmacêutica básica; à aquisição de medicamentos essenciais de saúde mental, de alto custo e de todos aqueles adquiridos diretamente pelo Ministério para programas estratégicos (AIDS, hanseníase, tuberculose etc.). (INFORMES TÉCNICOS INSTITUCIONAIS, 2000). A Política Nacional de Medicamentos, aprovada pela Portaria 3.916/98, tem como finalidade garantir a necessária segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos, a promoção do uso racional e o acesso da população àqueles considerados essenciais. Abrange diferentes aspectos, entre os quais figuram, por exemplo, aqueles inerentes ao perfil epidemiológico do País, que apresenta doenças características de países em desenvolvimento e agravos típicos de países desenvolvidos. Assim, ao mesmo tempo em que são prevalentes as doenças crônico-degenerativas, aumenta a morbimortalidade decorrente da violência, especialmente dos homicídios e dos acidentes de trânsito. Além disso, emergem e reemergem outras doenças, tais como a cólera, a dengue, a malária, as doenças sexualmente transmissíveis e a AIDS. (INFORMES TÉCNICOS INSTITUCIONAIS, 2000). 19 A POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NO SUS Todo cidadão independentemente da sua condição social e econômica, tem direito ao acesso a todos os níveis de atenção à saúde, inclusive Assistência Farmacêutica (MARIN et al, 2003), Marin et al (2003), comentam que a Assistência Farmacêutica envolve um grupo de atividades que abrange o medicamento e que podem ser desempenhadas de forma sistêmica, ou seja, articuladas e sincronizadas, tendo como beneficiário maior, o paciente. Brasil (2011a) destaca a Assistência Farmacêutica, como Política Pública, tendo início em 1971, com a criação da Central de Medicamentos (CEME), que apresentava como missão, o fornecimento de medicamentos à população sem condições econômicas para adquiri-los e se caracterizava por manter uma política centrada na aquisição e distribuição de medicamentos. A CEME foi responsável pela Assistência Farmacêutica no Brasil até o ano de 1997. De acordo com Brasil (2004) a Política Nacional de Assistência Farmacêutica corresponde a um grupo de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto de forma individual como coletiva, tendo o medicamento como insumo fundamental e visando o acesso a seu uso racional. Este conjunto de ações envolve pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, assim como sua seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua utilização, na perspectiva da obtenção de resultados sólidos e da melhoria da qualidade de vida da população. O ciclo da Assistência Farmacêutica inclui a seleção, programação, aquisição, armazenamento, distribuição e dispensação de medicamentos, bem como o acompanhamento, da avaliação e da supervisão das ações. 20 Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica, 2001b. 1. Seleção de medicamentos: que possui como objetivo proporcionar ganhos terapêuticos e econômicos e deve ser feita criteriosamente. É desempenhada por uma Comissão ou Comitê de Farmácia Terapêutica (CFT) ou Comissão de Padronização de Medicamentos. 2. Programação de medicamentos: seu objetivo é garantir a disponibilidade dos medicamentos previamente selecionados, nas quantidades apropriadas e no tempo adequado para atender as necessidades da população. 3. Aquisição de medicamentos: tem como objetivo disponibilizar os mesmos em quantidades, qualidade e menor custo, ter em vista, manter a regularidade e o funcionamento do sistema. A Lei 9.787/99 define que: as aquisições de medicamentos, sob qualquer modalidade de compra e as prescrições médicas e odontológicas de medicamentos do SUS, adotarão obrigatoriamente a Denominação Comum Brasileira (DCB) ou na sua falta, a Denominação Comum Internacional (DCI), (art. 3º), sendo que “nas aquisições de medicamentos a que se refere o caput desse artigo, o medicamento genérico quando houver, 21 terá preferencia sobre os demais em condições de igualdade de preço”. O transporte deve ser feito de forma segura, onde devem ser avalizados pela autoridade sanitária em conformidade a Boas Práticas de fabricação e controle de produtos farmoquímicos. 4. Armazenamento: deve garantir a preservação das características físico-químicas e microbiológicas dos produtos. 5. Distribuição: deve garantir a rapidez da entrega, segurança e eficiência no sistema de informações, controle e transporte adequado conforme as necessidades dos solicitantes. 6. Dispensação de Medicamentos: tem o objetivo de garantir a entrega do medicamento certo ao usuário na dosagem e na quantidade prescrita (BRASIL, 2011a, p, 27-29). COMPONENTES DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Segundo a Portaria GM no 2.048, de 3 de setembro de 2009, a aquisição de medicamentos e insumos é financiada por meio do bloco de financiamento da assistência farmacêutica, constituído por três componentes i) básico; ii) estratégico; e iii) especializado (BRASIL, 2009). Cada componente do bloco de financiamento da assistência farmacêutica (básico, estratégico e especializado) engloba um conjunto de programas para agravos específicos (AUREA et al, 2011). O componente básico da assistência farmacêutica é destinado ao custeio de medicamentos e insumos de assistência farmacêutica no âmbito da atenção básica em saúde e daqueles relacionados a agravos e programas de saúde específicos. Os programas inclusos nesse componente são: programa de hipertensão e diabetes, programa de asma e renite, programa de saúde mental e o programa de saúde da mulher (AUREA et al, 2011). Na atenção básica em saúde, os medicamentos enquadrados são chamados de “essenciais”, ou seja, aqueles utilizados para satisfazer as necessidades da maioria da população (WANDERLEI, 2010). Tais medicamentos de acordo com a OMS devem ser selecionados de acordo com a sua importância na saúde pública, com ênfase na eficácia, segurança e nos estudos comparativos de custo efetividade. “Segundo a OMS, medicamentos essenciais são aqueles de 22 máxima importância, que são básicos, indispensáveis e acessíveis em todo o momento, nas doses apropriadas, a todos os segmentos da sociedade” (OLIVEIRA et al.; 2007). Por conseguinte, o componente estratégico da assistência farmacêutica utiliza-se de medicamentos estratégicos, ou seja, medicamentos utilizados para doenças que configuram problemas de saúde pública (BRASIL, 2006). O componente estratégico da assistência farmacêutica é destinado ao financiamento dos programas de controle das endemias de abrangência nacional ou regional, DST/AIDS, sangue e hemoderivados, imunobiológicos, programa de alimentação e nutrição e programa de combate ao tabagismo (AUREA et al, 2011). Em relação ao componente especializado, o “Programa de Medicamentos de Dispensação em Caráter Excepcional”, é o responsável pelos medicamentos destinados ao tratamento de patologias específicas, complexas, que atingem um número restrito de pacientes, os quais são de uso prolongado na maioria dos casos. O programa financia, adquire e distribui medicamentos segundo os seguintes critérios: a) doença rara, ou de baixa prevalência, com indicação de uso de medicamentos de alto valor unitário ou que, em caso de uso crônico ou prolongado, seja um tratamento de custo elevado; e b) doença prevalente, com uso de medicamento de alto custo unitário ou que, em caso de uso crônico ou prolongado, seja um tratamento de custo elevado, desde que: b.1) haja tratamento previsto para o agravo no nível de atenção básica, ao qual o paciente apresentou necessariamente intolerância, refratariedade ou evolução para quadro clínico de maior gravidade, ou b.2) o diagnóstico ou estabelecimento de conduta terapêutica para o agravo estejam inseridos na atenção especializada (DANTAS, 2006). A Portaria GM/MS no 2.981, publicada em novembro de 2009 aprovou o Componente Especializado da Assistência Farmacêutica para substituir e melhorar o Componente de Medicamentos de Dispensação Excepcional. Assim, os medicamentos de alto custo, onde a aquisição em sua grande maioria é de responsabilidade dos estados serão abordados como medicamentos do componente especializado, ainda que em todas as portarias anteriores a de 26 de novembro de 2009 esses medicamentos fossem denominados medicamentos de dispensação excepcional (AUREA et al, 2011). MEDICAMENTOS DE CARÁTER “EXCEPCIONAL” 23 Antes de definir medicamento excepcional é importante entender o que são os medicamentos comuns, também chamados de essenciais, que compõem uma farmácia básica, geralmente de baixo custo unitário, destinados ao tratamento da maior parte das enfermidades que acometem a população brasileira (DANTAS, 2006). Os medicamentos comuns, que compõem uma farmácia básica, normalmente de baixo custo unitário, e que, em seu conjunto são destinados ao tratamento da maior parte das enfermidades que acometem a população brasileira, denominam se medicamentos essenciais (DANTAS, 2006). Os medicamentos essenciais são a regra quando comparados aos medicamentos excepcionais, contudo, não quer dizer que os medicamentos excepcionais não são essenciais, visto que, dentro de sua excepcionalidade, asseguram a vida e o bem estar dos usuários (DANTAS, 2006). O termo “excepcional” nos remete a algo incomum, ou seja, a utilização do termo (excepcional) para medicamentos revela que tais são exceções a serem utilizados em doenças que, embora nem sempre raras, atingem um número reduzido da população. Sendo assim esses medicamentos despertam menor interesse da indústria farmacêutica, que, por sua vez, os produzem em menor escala. Devido à reduzida procura e baixa produção, a indústria farmacêutica seguindo a lei da oferta e da demanda, acabam por agregar um preço elevado, o que resulta em um tratamento de alto custo para o paciente (WANDERLEI, 2010). Segundo Dantas (2006, p. 19), os medicamentos excepcionais ou de alto custo ou de dispensação em caráter excepcional, são conceituados na terminologia da Política Nacional de Medicamentos, como aqueles utilizados em doenças raras, geralmente de custo elevado, cuja dispensação atende a casos específicos. Entre os usuários dos medicamentos excepcionais estão os transplantados, portadores de insuficiência renal crônica, hepatite viral crônica B e C, esclerose múltipla, esquizofrenia refratária e epilepsia, fibrose cística, doença de Gaucher, e tantas outras (WANDERLEI, 2010). Atualmente “medicamento excepcional é chamado de Medicamento Especializado da Assistência Farmacêutica, porém o termo “excepcional” ainda se encontra em boa parte da literatura e em vários trabalhos. HISTÓRICO DO PROGRAMA DE “MEDICAMENTOS EXCEPCIONAIS” 24 O Programa de Medicamentos de Dispensação Excepcional implementado no âmbito do SUS apresenta como objetivo a entrega de medicamentos de alto custo a indivíduos que necessitam de tratamento baseado no emprego de tais medicamentos, usualmente fármacos de uso contínuo com elevado valor unitário direcionados ao apoio de pacientes portadores de doenças crônicas (CONASS, 2004). O Programa de Medicamentos de Dispensação em Caráter Excepcional teve início em 1982 e tem como finalidade realizar o fornecimento de medicamentos para o tratamento de doenças específicas, que atingem número limitado de pacientes, geralmente por períodos prolongados (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008). SILVA (2000) relata que até 1993, o programa fornecia medicamentos apenas para pacientes transplantados e renais crônicos, e que, somente a partir desse ano, os moldes atuais começam a ser adotados, com uma lista de 15 fármacos, em 31 apresentações farmacêuticas. Outra mudança de grande importância ocorreu somente em 2002, através da Portaria GM/MS n° 1.318 que incluiu 64 fármacos em 155 apresentações farmacêuticas, modificando completamente o cenário desse Programa (CONASS, 2007). A partir da Portaria GM/MS 254 (BRASIL, 1999a), estabeleceu-se a obrigatoriedade de dispensação pelo governo de medicamentos para pacientes que fossem usuários crônicos de determinados medicamentos, como indivíduos submetidos a transplantes. No mesmo ano, foi publicada outra portaria, Portaria SAS/MS 409 (BRASIL, 1999b), que vinculava a autorização de medicamentos às respectivas patologias indicadas, ou seja, cada medicamento deveria ser dispensado somente nos casos de indicação de uso constantes em uma lista de morbidades. Por meio da Portaria GM 1318 (BRASIL, 2002), incrementou-se a diversidade de fármacos incluída na listagem, sendo o conjunto de medicamentos dispensados nomeado como Programa de Medicamento Excepcional. O programa compreende um conjunto de procedimentos constituídos por medicamentos dispensados apenas para sua respectiva indicação terapêutica, segundo consta na 10ª. Edição do Código Internacional de Doenças (CID-10). Ainda nesse cenário de grandes mudanças, o Ministério da Saúde divulgou protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas, objetivando o estabelecimento de critérios de diagnostico de cada doença, bem como critérios de inclusão e exclusão de pacientes ao 25 tratamento, doses corretas dos medicamentos indicados, e ainda mecanismos de controle, acompanhamento e avaliação. Na época, 30 doenças foram contempladas (CONASS, 2007). O Programa de Medicamentos de Dispensação em Caráter Excepcional foi regulamentado pela Portaria GM/MS nº 2.577, de 27 de outubro de 2006, estabelecendo, entre outros, a lista de medicamentos, as doenças para as quais sua prescrição é autorizada, conforme a CID-10, e as normas de acesso ao Programa. Ocorreu também a inclusão de novos medicamentos e novas doenças a serem atendidas pelo Programa, realizada em setembro de 2008, modificando o anexo da Portaria 2.577, por meio da publicação da Portaria GM/MS n° 1.869 (CARIAS et al, 2011). Em 2009, a Portaria GM/MS n° 2.981, aprovou o Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF), definido como “uma estratégia de acesso a medicamentos no âmbito do Sistema Único de Saúde, caracterizado pela busca da garantia da integralidade do tratamento medicamentoso, em nível ambulatorial, cujas linhas de cuidado estão definidas em Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas publicados pelo Ministério da Saúde” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). Através da nova portaria, o acesso aos medicamentos, bem como o seu financiamento foram modificados, garantindo que a distribuição seja feita mediante acordo ente a União, Estados, Distrito Federal e municípios com responsabilidades diferentes. Com isso, passam a existir no programa, três grupos de medicamentos de acordo com a sua responsabilidade: Grupo 1: medicamentos sob responsabilidade da União, constituído por medicamentos que representam elevado impacto orçamentário ao programa. O subgrupo 1A inclui medicamentos de aquisição centralizada pelo Ministério da Saúde e o subgrupo 1B inclui medicamentos financiados com transferência de recursos do Ministério da Saúde e aquisição pelas Secretarias Estaduais de Saúde; Grupo 2: medicamentos sob responsabilidade das Secretarias de Estado da Saúde; Grupo 3: medicamentos que constam na Relação Nacional de Medicamentos (RENAME), considerados fármacos de primeira linha, ou seja, integrantes do Componente Básico da Assistência Farmacêutica, cuja responsabilidade de aquisição e dispensação recai nos municípios (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). Foram feitas ainda, inclusões e exclusões de medicamentos e doenças contempladas, divulgados novos formulários para solicitação dos medicamentos distribuídos pelas 26 secretarias estaduais de saúde e vários dos protocolos existentes passaram por revisão (CARIAS et al, 2011). Todas essas modificações que aconteceram ao longo dos anos, proporcionaram o tratamento de doenças que antes não eram tratadas no SUS. O atendimento passou de três principais classes de doenças (transplantados, renais crônicos e portadores de nanismo hipofisário) para 288 doenças atendidas pelo Programa, conforme a CID-10 (CARIAS et al, 2011). DIREITO AO “MEDICAMENTO EXCEPCIONAL” O acesso a medicamentos é um direito de qualquer pessoa que necessite, e é objetivo central da política de medicamentos da Organização Mundial da Saúde (OMS), que define acesso a medicamentos como a disponibilidade e a capacidade financeira para sua obtenção de forma equitativa (WHO, 2003). Os medicamentos tornam-se parte importante de determinados esquemas terapêuticos previstos no âmbito do SUS e, segundo resultados de estudos recentes, representam significativo gasto adicional dentro do orçamento da maioria da população brasileira (VIEIRA, 2009). Os medicamentos são considerados primordiais na atenção à saúde, pois não só salvam vidas e promovem a saúde, como previnem epidemias e doenças. Os medicamentos essenciais são os principais utilizados para promover a saúde equitativa, por serem um dos elementos mais custo-efetivos nos cuidados a saúde (KAR et al 2010). Apesar dos medicamentos essenciais constituírem maior custo-efetivo nos cuidados a saúde, ainda assim é necessário o acesso da população a outros tipos de medicamentos. No Brasil, as responsabilidades pelo financiamento dos medicamentos no SUS são das três esferas de governo (federal, estadual e municipal) nos três níveis de atenção (primária, secundária e terciária) que estão organizados nos diversos programas, com destaque para: Medicamentos para Atenção Básica, Programa de Saúde Mental, Medicamentos Antiretrovirais, Medicamentos Excepcionais, dentre outros. O Programa de Medicamentos Excepcionais abrange medicamentos de uso ambulatorial com elevado custo unitário ou que, 27 pela cronicidade do tratamento, tornam-se demasiadamente caros para serem adquiridos pela população (BLATT; FARIAS, 2007). O Ministério da Saúde considera que a politica de dispensação de medicamentos excepcionais é bem abrangente, atingindo todas as classes sociais e que se não fossem distribuídos de forma gratuita seriam acessíveis a um pequeno número de pessoas devido ao seu alto custo. Dessa forma os gestores estaduais do SUS se empenham para garantir o acesso gratuito a tais medicamentos (BRASIL, 2002). O SUS tem a obrigação de oferecer gratuitamente os medicamentos excepcionais necessários para o tratamento específico de doenças como diabetes, hipertensão arterial, tuberculose, hanseníase, malária, distúrbios mentais etc. além das doenças de alto custo. Acne Grave, Acromegalia, Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenia Constitucionais, Anemia Aplástica Adquirida, Anemia Hemolítica Autoimune, Anemia/Leucopenia, Anemia na Insuficiência Renal Crônica, Angioedema Hereditário, Aplasia Pura Adquirida da Série Vermelha, Artrite Psoriásica, Artrite Reativa – Doença de Reiter, Artrite Reumatoide, Asma, Deficiência do Hormônio de Crescimento – Hipopituitarismo, Dermatomiosite e Polimiosite, Diabete insípido Diabetes Mellitus tipo 1, Dislipidemia, Distonias e Espasticidade, Doença de Alzheimer, Doença de Crohn, Doença de Gaucher, Doença de Paget – Osteíte Deformante, Doença de Parkinson, Doença de Wilson, Doença Falciforme, Doença Renal, Doença Reumatoide do Pulmão, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, Dor Cônica, Endometriose, Epilepsia, Esclerose Lateral Amiotrófica, Esclerose Múltipla, Esclerose Sistêmica, Espondilite Ancilosante e Sacroileíte, Esquizofrenia Fenilcetonúria, Fibrose Cística – Insuficiência Pancreática e Manifestações Pulmonares, Ganciclovir em Pacientes Transplantados, Glaucoma (Atenção: estes medicamentos só estarão disponíveis a partir de janeiro/2015), Hemangioma Infantil, Hepatite Autoimune, Hepatite Viral Crônica B, Hepatite Viral C - Genótipo 1 Com uso de Inibidor da Protease, Hepatite viral C, Hiperfosfatemia na Insuficiência Renal Crônica, Hiperplasia Adrenal Congênita, Hiperprolactinemia, Hipertensão Pulmonar - Para CID I27.0 E I27.2, Hipoparatireoidismo, Ictioses, Imunodeficiência Primária com Predominância de Defeitos de Anticorpos, Insuficiência Adrenal Primária - Doença de Addison, Insuficiência Pancreática Exócrina, Leiomioma Uterino, Lupus Eritematoso, Miastenia Gravis, Osteodistrofia Renal, Osteoporose, Profilaxia da Reinfecção pelo Vírus da Hepatite B Pós Transplante, Psoríase, Puberdade Precoce, Púrpura Trombocitopênica Idiopática, Raquitismo e, Osteomalácia, Retocolite Ulcerativa, Síndrome de Felty, Síndrome de Guillain – Barré, Síndrome de Ovários Policísticos, Síndrome de Turner, Síndrome Nefrótica primária em adultos, Síndrome Nefrótica primária em crianças e adolescentes, Sobrecarga de Ferro, Tacrolimo no Transplante de Pulmão e Coração, Tacrolimo no Transplante de Medula Óssea, Transplante Renal, Transplantes Uveítes, Vasculite Reumatoide. (BRASIL, 2001a). Sendo assim o SUS tem se empenhado em assegurar o fornecimento gratuito de tais medicamentos inclusos no Programa de Medicamentos Excepcionais a indivíduos que necessitem de tratamento (CONASS, 2004) 28 GASTOS COM “MEDICAMENTOS EXCEPCIONAIS” O acesso a medicamentos é de fundamental importância para garantir o direito constitucional à saúde individual. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), um terço da população mundial não possui acesso a medicamentos essenciais (NWOBIKE, 2006; BLATT et al., 2012). O Brasil não é o único país atingido com o elevado aumento de gastos com medicamentos. De acordo com uma estimativa internacional apresentada pelo Fórum Global para a Pesquisa em Saúde, em 2006, apontou que a saúde respondeu por 20% da despesa mundial de setores públicos e privados, onde atividades de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico claramente indicaram uma das áreas mais dinâmicas do mundo (ÍNTEGRA BRASIL, 2011). No Brasil os gastos com medicamentos básicos e especializados, demonstra o nível crescente e alarmante de gastos com medicamentos ao passar dos anos (GADELHA, 2011). Em 2010 os gastos gerais com medicamentos foram de 12,5% do orçamento do Ministério da Saúde, atingindo cerca de R$ 6,5 bilhões de reais, que apesar de ser um valor muito alto, não é suficiente para atender a demanda crescente. As estimativas apontavam que para o ano de 2014 os gastos deveriam chegar próximos a 10 bilhões de reais para concretizar a Politica de Assistência Farmacêutica para atender a realidade brasileira (BRASIL, 2010). Porém, o aumento nos gastos com medicamentos também aconteceram em outros países, como Reino Unido e Canadá, onde os valores gastos aumentaram de 10% e 6% respectivamente (VIEIRA, 2009). No Programa de Medicamentos Excepcionais, os gastos com medicamentos têm demostrado um crescimento contínuo. Em 2003, foram gastos aproximadamente R$1,05 bilhões e em 2005 estes recursos já somavam R$1,92 bilhões (CONASS, 2007). Um estudo realizado por Brandão et al (2012) indicou que o número de pessoas atendidas pelo programa no período de 2000 –2004 foi de 611.419 e o gasto total com medicamentos foi de R$2.931.351.490,21; gasto total per capita de R$4.794,34. Dentre as regiões que mais utilizam recursos destinados a medicamentos especializados, a região Sudeste se destaca, com gastos de 891 milhões de reais somente no ano de 2007 (CARIAS et al., 2011). 29 Nos anos de 2009 e 2010, o Governo gastou respectivamente R$ 2,6 bilhões de reais e R$ 3,2 bilhões de reais com os medicamentos especializados e somente até o mês de abril do ano de 2011 o valor gasto com especializados já atingia o mesmo patamar do ano anterior, com R$ 3 bilhões de reais (GADELHA, 2011). Para Dantas (2006), a falta de recursos financeiros é uma realidade nacional, o que talvez seja infinita e inevitável. Com a evolução tecnológica, implicaria na redução de custos, mas no ramo de fármacos a inovação é acompanhada pelo incremento de novos custos como as patentes e as pesquisas. 30 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACURCIO, F.A. Medicamentos e Assistência Farmacêutica. Belo Horizonte: Coopmed; 2003. AIUB M, NEVES, L.P. Saúde: uma abordagem filosófica. Cadernos do Centro Universitário São Camilo [Online]. 2005; 11(1) 94-102. Disponível em: http: //www.institutointersecao.com/saude.doc. Acesso em 17 de novembro de 2014. ARAÚJO, L. A. D. Defesa dos direitos das pessoas portadoras de deficiências. São Paulo: RT, 2006. p. 53-54. AUREA, A. P.; MAGALHÃES, L. C. G. de; GARCIA, L. P.; SANTOS, C. F. dos; ALMEIDA, R. F. de. Programas de Assistência Farmacêutica do Governo Federal: Estrutura atual, evolução dos gastos com medicamentos e primeiras evidências de sua eficiência, 2005-2008. Brasília, 2011.. BERMUDEZ, J.Á.Z, POSSAS, C.A. Análisis crítico de la política de medicamentos em el Brasil. 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O Presente estudo teve como objetivo principal realizar um levantamento dos principais medicamentos especializados dispensados pelo CEAF em Cafelândia – Pr, bem como apresentar dados quantitativos quanto ao número de pacientes atendidos, bem como as doenças ou agravos de maior incidência relacionados ao uso dos principais medicamentos e seus respectivos CID-10. Os resultados da pesquisa apresentaram como principais medicamentos Formoterol + Budesonida 12/400 mcg (43%), Azatioprina 50 mg (10%), Metotrexato 2,5 mg (7%), Alfaepoetina 4.000 UI (4%) e Mesalazina 500 mg (4%) e em relação as principais doenças associadas ao uso desses medicamentos se destacam a Asma, Doenças Renais, Artrite Reumatóide e Enterocolite ulcerativa. UNITERMOS: Medicamentos, Componente Especializado, Assistência Farmacêutica. * Correspondência: Fernanda Schuroff Silva. Bairro Parque São Paulo, Rua Irene Pauletti n° 210. CEP: 85415-000. Cafelândia Paraná. E-mail: [email protected]. 36 INTRODUÇÃO A Constituição Federal define no Artigo 196, a saúde como direito de todos e dever do Estado e que tal direito deve ser assegurado através de políticas sociais e econômicas que tendam à redução do risco de doença e de outros agravos, proporcionem acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação da saúde (Brasil, 2006). Neste contexto, os medicamentos são instrumentos fundamentais da atenção à saúde, pois não só salvam vidas e promovem a saúde, como previnem epidemias e doenças. Os medicamentos essenciais que são aqueles utilizados para tratar a maioria das enfermidades da população brasileira são os principais utilizados para promover a saúde equitativa, por serem um dos elementos mais custo-efetivos nos cuidados a saúde (Kar et al, 2010). Contudo, apesar dos medicamentos essenciais constituírem maior custo-efetivo nos cuidados a saúde, ainda assim é necessário o acesso da população a outros tipos de medicamentos. No Brasil, as responsabilidades pelo financiamento dos medicamentos no SUS são das três esferas de governo (federal, estadual e municipal) nos três níveis de atenção (primária, secundária e terciária) que estão organizados nos diversos programas, com destaque para: Medicamentos para Atenção Básica, Programa de Saúde Mental, Medicamentos Antiretrovirais, Medicamentos Excepcionais, dentre outros. O Programa de Medicamentos Excepcionais abrange medicamentos de uso ambulatorial com elevado custo unitário ou que, pela cronicidade do tratamento, tornam-se demasiadamente caros para serem adquiridos pela população (Blatt; Farias, 2007). A Portaria GM/MS no 2.981, publicada em novembro de 2009 aprovou o Componente Especializado da Assistência Farmacêutica para substituir e melhorar o Componente de Medicamentos de Dispensação Excepcional. Assim, os medicamentos de alto 37 custo, onde a aquisição em sua grande maioria é de responsabilidade dos estados serão abordados como medicamentos do componente especializado, ainda que em todas as portarias anteriores a de 26 de novembro de 2009 esses medicamentos fossem denominados medicamentos de dispensação excepcional (Aurea et al, 2011). O termo “excepcional” no que se refere a medicamentos revela que tais são exceções a serem utilizados em doenças que, embora nem sempre raras, atingem um número reduzido da população. Sendo assim esses medicamentos despertam menor interesse da indústria farmacêutica, que, por sua vez, os produzem em menor escala. Devido à reduzida procura e baixa produção, a indústria farmacêutica seguindo a lei da oferta e da demanda, acabam por agregar um preço elevado, o que resulta em um tratamento de alto custo para o paciente (Wanderlei, 2010). Os usuários destes medicamentos são pacientes transplantados, portadores de insuficiência renal crônica, osteoporose, esclerose múltipla, hepatite viral crônica B e C, epilepsia, esquizofrenia refratárias, doenças genéticas como a fibrose cística, doença de Gaucher, entre outras (Brasil, 2006). Em relação aos gastos com esses medicamentos, nos anos de 2009 e 2010, o Governo gastou respectivamente R$ 2,6 bilhões de reais e R$ 3,2 bilhões de reais com os medicamentos especializados e somente até o mês de abril do ano de 2011 o valor gasto com especializados já atingia o mesmo patamar do ano anterior, com R$ 3 bilhões de reais (Gadelha, 2011). O presente trabalho foi desenvolvido a partir de uma pesquisa descritiva quantitativa com objetivo de realizar um levantamento dos principais Medicamentos Especializados dispensados pelo CEAF na cidade de Cafelândia – PR. 38 MATERIAIS E MÉTODOS Os dados referentes à pesquisa foram coletados no mês de Maio de 2014 a Maio de 2015, através de tabelas disponibilizadas pela Farmácia Básica de Cafelândia-Pr, contendo o nome do medicamento, dosagem do princípio ativo, forma farmacêutica, quantidade mensal dispensada e patologia associada ao uso de cada medicamento através do CID-10. O processamento e a tabulação dos dados foram realizados através do Microsoft Office Excel 2007, representando os resultados referentes ao número de pacientes atendidos pelo Componente Especializado da Assistência Farmacêutica, principais medicamentos especializados dispensados, doenças ou agravos relacionados ao uso dos principais medicamentos, bem como a sua Classificação Internacional de Doenças (CID). RESULTADOS E DISCUSSÃO O município de Cafelândia pertence a 10ª Regional de Saúde de Cascavel que por sua vez abrange mais 24 municípios. A Farmácia Especializada da 10ª Regional é responsável pela dispensação dos medicamentos especializados, a qual atende pacientes da cidade de Cascavel, além de farmacêuticos dos municípios de abrangência da mesma, os quais em geral retiram a medicação necessária para a população. A maior parte dos pacientes atendidos pela Farmácia Especializada da 10ª Regional pertence a Cascavel (66%), uma vez que possui maior população em relação aos demais municípios de abrangência juntos. Entre os meses de Abril de 2014 a Abril de 2015 a Farmácia Especializada da 10ª Regional registrou um aumento de aproximadamente 30% do número de pacientes, o que representa cerca de 1700 pessoas. 39 No município de Cafelândia, como mostra a Figura 1, o número total de pacientes atendidos pela Farmácia Especializada da 10ª Regional, aumentou de 133 pacientes em Maio de 2014 para 153 em Maio de 2015, ou seja, um aumento de aproximadamente 13%. Dados nacionais também demonstraram uma elevação do numero de pacientes e processos cadastrados para este grupo de medicamentos em todos os estados (Brasil, 2004). O aumento do número de pacientes pode ser naturalmente explicado pelo aumento da população e/ou número de casos, ou ainda maior divulgação do Programa de Medicamentos Especializados. FIGURA 1: Número de pacientes atendidos em Cafelândia pela Farmácia Especializada da 10ª Regional de Saúde de Cascavel. Cascavel, Maio de 2014 a Maio de 2015. A Tabela I mostra a distribuição por sexo do número de pacientes atendidos pelo CEAF na Farmácia Básica de Cafelândia entre o mês Maio de 2014 e Maio de 2015. Nesta tabela pode se observar que, dos 138 pacientes atendidos, 50,72% são do sexo feminino e 49,28% do sexo masculino, demonstrando ainda que, de maneira discreta, uma maior utilização dos medicamentos por parte das mulheres. 40 Um estudo realizado por Arrais (2005) no Município de Fortaleza no Ceará sobre o consumo de medicamentos aponta que aproximadamente 56% das pessoas em estudo são mulheres, resultado este semelhante ao nosso. Acurcio et al (2009) em uma pesquisa realizada através da Universidade Federal de Minas Gerais quanto ao perfil demográfico, epidemiológico e de utilização de medicamentos dos indivíduos atendidos pelo Programa de Medicamentos de Dispensação Excepcional do Ministério da Saúde no Brasil, observou que a maioria dos pacientes pertencem ao sexo feminino (61,96%). Santos (2009) comenta que a diferença entre homens e mulheres pode ser relacionada aos aspectos socioculturais e biológicos que provocam maior adoecimento, maior autocuidado, maior busca por serviços de saúde e maior exposição a medicamentos entre as mulheres. TABELA I: Quantidade de pacientes do sexo feminino e masculino. Sexo Quantidade de pacientes Feminino 70 Percentual (%) 50,72% Masculino 68 49,28% Total 138 100% Os dados coletados durante um ano de dispensação dos medicamentos especializados em Cafelândia demonstraram que foram dispensadas 49 especialidades farmacêuticas diferentes. Com relação à quantidade de medicamentos especializados utilizados pelo mesmo paciente constatou-se que a maioria (75%) utiliza apenas 1 medicamento, enquanto que 19% utiliza 2 medicamentos, 5% utiliza 3 medicamentos e 1% utiliza 4 medicamentos, conforme demonstrado na Figura 2. 41 FIGURA 2: Percentual sobre a quantidade de medicamentos diferentes utilizados por paciente. Cafelândia, Maio de 2014 a Maio de 2015. A Tabela 3 demonstra os medicamentos especializados mais utilizados, verificandose que 43% dos pacientes utilizam o Formoterol+Budesonida, Azatioprina (10%), Metotrexato (7%), Alfaepoetina (4%) e Mesalazina (4%). Estudos realizados em outros municípios brasileiros demonstram dados variados em comparação com os nossos. Um desses estudos foi realizado por Sousa (2014) na cidade de Cajazeiras – PB a respeito da Dispensação de Medicamentos do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica da 9a Regional de Saúde e apresentou como principais medicamentos especializados dispensados o Calcitriol (26%), Risedronato (25%), Formoterol 12 mcg + Budesonida (16%), Isotretinoína (13%), Leflunomida (6%), Risperidona (5%), Rivastigmina (5%) e Olanzapina (4%). Pode-se notar que o único medicamento em comum foi o Formoterol+Budesonida que em Cajazeiras foi utilizado por 16% dos pacientes estudados, enquanto que em Cafelândia foi utilizado por 43%. Acurcio et al (2009), constataram por meio da pesquisa realizada através da Universidade Federal de Minas Gerais quanto ao perfil demográfico, epidemiológico e de 42 utilização de medicamentos dos indivíduos atendidos pelo Programa de Medicamentos de Dispensação Excepcional do Ministério da Saúde no Brasil, que os medicamentos mais utilizados, foram a Eritropoetina Humana Recombinante (11,86%), Alendronato (10,89%) e Calcitriol (6,59%). Os resultados ainda apontaram a Azatioprina (3,07%) entre os medicamentos utilizados pelos pacientes envolvidos na pesquisa. Nesse casoos dados mais próximos ao nosso foi em relação à presença da Azatioprina, porém não entre os mais utilizados. TABELA II: Relação dos medicamentos especializados mais dispensados em Cafelândia. Medicamentos Quantidade de pacientes 59 Percentual (%) 43% Azatioprina 50 mg – Comprimido 14 10% Metotrexato 2,5 mg – Comprimido 9 7% Alfaepoetina 4.000 UI – Injetável 6 4% Mesalazina 500 mg – Comprimido 6 4% Formoterol 12 mcg + Budesonida 400 mcg – Pó inalante Pode-se observar que dentre os medicamentos mais dispensados está Formoterol + Budesonida, que apresenta o maior índice de utilização por parte dos pacientes em Cafelândia. Um possível motivo que colabora com a elevada proporção de utilização desse medicamento é o fato deste não se encontrar na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais e sendo assim, disponibilizado de forma gratuita na lista de Componentes Especializados da Assistência Farmacêutica. Outro motivo relaciona-se com a aplicação desse medicamento em doenças como a asma que é uma das doenças crônicas mais comuns que afeta tanto crianças quanto adultos, sendo um problema mundial de saúde que acomete cerca de 300 milhões de indivíduos (Gina, 2010). 43 Dentro dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas, o Formoterol+Budesonida é dispensado para o tratamento da Doença pulmonar obstrutiva crônica com infecção respiratória aguda do trato respiratório inferior (J440), Doença pulmonar obstrutiva crônica com exacerbação aguda não especificada (J441), Outras formas especificadas de doença pulmonar obstrutiva crônica (J448), Asma predominantemente alérgica (J450), Asma nãoalérgica (J451) e Asma mista (J458). Em relação à patologia associada ao uso do Formoterol + Budesonida, 54,24% dos pacientes de Cafelândia o utilizam para o tratamento da Asma mista, enquanto que 45,76% o utilizam para o tratamento da Asma predominantemente alérgica (Tabela III). Limberger et al (2013) em um estudo realizado em Porto Alegre - RS sobre medicamentos para asma e associações medicamentosas mais fornecidas por uma Farmácia Especializada, aponta o Formoterol + Budesonida como o responsável pelo maior número de retiradas pelos pacientes em comparação com os outros medicamentos para o controle a longo prazo dos sintomas da asma, estando presente no tratamento de 532 indivíduos (90,3%). Já o Salbutamol foi indicado como o mais retirado para o alívio dos sintomas agudos do broncoespasmo, correspondendo a 45 usuários (7,6%). Sendo assim em pesquisa realizada por Limberger et al (2013) encontram-se resultados semelhantes ao estudo em questão. TABELA III: Percentual de utilização do Formoterol+Budesonida em relação à Asma Predominantemente Alérgica e Asma mista. CID-10 Doença ou Agravo Quantidade de Percentual pacientes (%) J450 Asma predominantemente alérgica 27 45,76% J458 Asma mista 32 54,24% 59 100% Total 44 Em relação à Azatioprina, os resultados obtidos revelam que 14 pacientes fazem uso da mesma para 7 tipos diferentes de patologias. Este fármaco tem sido utilizado durante várias décadas como base para a prevenção da rejeição de enxerto após transplante renal e de outros órgãos. Mesmo que a disponibilidade de formas alternativas de imunossupressão tenham reduzido seu uso, ainda assim, a Azatioprina continua sendo amplamente prescrita para evitar a rejeição de transplante e ainda desempenha um importante papel no tratamento de uma vasta variedade de doenças imunologicamente mediadas, incluindo lúpus eritematoso sistêmico, polimiosite, doença intestinal inflamatória, esclerose múltipla e penfigóide bolhoso (Parslow, 2004), doença de Crohn e na manutenção de aloenxertos renais e também podem ser de grande valia no transplante de outros tecidos, bem como em anemias hemolíticas autoimunes (Katzung, 2003). Quanto à utilização pelos pacientes em estudo, as patologias associadas ao uso da Azatioprina que apresentaram maior incidência foram o Rim transplantado (35,71%), Enterocolite ulcerativa crônica (21,42%) e a Doença de Crohn do intestino delgado (14,28%) (Tabela IV). A Tabela IV ainda demonstra que 7,14% dos pacientes utilizam a Azatioprina para o tratamento de Outra forma de Doença de Crohn; 7,14% para Ileocolite ulcerativa crônica; 7,14% para Retossigmoidite ulcerativa crônica e 7,14% para o tratamento do Lúpus eritematoso sistêmico Em relação aos transplantes renais, o SUS financia todos os procedimentos, incluindo os exames, os medicamentos e até o acompanhamento pós-transplante. O número de transplantes realizados no país é crescente graças aos investimentos feitos pelo Ministério da Saúde nessa área (Brasil, 2004). 45 Os pacientes submetidos ao transplante renal devem fazer uso no período póstransplante de imunossupressores que evitam ou tratam a rejeição do órgão transplantado (Riella, 2003). Em estudo realizado por Arruda & Renovato (2012) em Dourados – MS sobre o uso de medicamentos em transplantados renais, verificou-se que dentre os imunossupressores mais utilizados encontravam-se a Prednisona (12), Micofenolato de Sódio (10), Ciclosporina (6), Tacrolimus (5), Micofenolato de Mofetila (4), Azatioprina (4), Sirolimus (2) e Everolimus (1). O número em parênteses refere-se à quantidade de pacientes que utilizaram o medicamento citado. Em relação às doenças inflamatórias intestinais (Enterocolite ulcerativa crônica e Doença de Crohn do intestino delgado), estas são enfermidades crônicas que afetam a qualidade e expectativa de vida dos pacientes. São doenças mais freqüentes em países desenvolvidos e há poucos dados epidemiológicos desse tipo de afecção na América do Sul, inclusive no Brasil. Portanto, sabe-se pouco sobre o perfil dos pacientes brasileiros e suas peculiaridades em relação aos pacientes estudados mundialmente (Souza et al.; 2002). Kleinubing et al (2011) em uma pesquisa realizada em Joinville – SC com 171 pacientes, constatou que entre as doenças inflamatórias intestinais de maior incidência encontravam-se a Enterocolite ulcerativa crônica (58,5%) e em seguida a Doença de Crohn (41,5). Dessa forma tanto os resultados encontrados na nossa pesquisa como os encontrados na pesquisa de Kleinubing et al (2011) apontaram uma maior prevalência da Enterocolite ulcerativa crônica. 46 TABELA IV: Percentual de utilização da Azatioprina em relação às doenças ou agravo. CID-10 Doença ou Agravo Quantidade de Percentual pacientes (%) Z940 Rim transplantado 5 35,71% K510 Enterocolite ulcerativa crônica 3 21,42% K500 Doença de Crohn do intestino delgado 2 14,28% K508 Outra forma de Doença de Crohn 1 7,14 % K511 Ileocolite ulcerativa crônica 1 7,14 % K513 Retossigmoidite ulcerativa crônica 1 7,14 % M321 Lúpus eritematoso disseminado com 1 7,14 % 14 100% comprometimento de outros órgãos e sistemas Total O Metotrexato é empregado no tratamento de uma grande variedade de condições inflamatórias, incluindo artrite reumatóide, psoríase, espondiloartropatias, polimiosite, lúpus eritematoso sistêmicos, esclerose múltipla, doença de Crohn, vasculite e doença do enxertoversus-hospedeiro, no entanto, é mais comumente usado em artrite reumatóide (Parslow, 2004). Quanto às doenças de maior prevalência relacionadas ao uso do Metotrexato encontram-se as Artrites Reumatóides Soro-Positivas (56%), Síndrome de Felty (22%), Outras artrites reumatóides especificadas (11%) e Artrite reumatóide juvenil (11%). Com este dado pode se observar que todos os pacientes que fazem uso do Metotrexato possuem algum tipo de Artrite Reumatóide (Figura 3). 47 A artrite reumatóide é uma doença autoimune inflamatória sistêmica, crônica e progressiva, que acomete preferencialmente a membrana sinovial das articulações periféricas, podendo levar à destruição óssea e cartilaginosa. Eventualmente, pode haver acometimento de outros sistemas (Mota et al, 2010, p. 227). O aparecimento da Artrite Reumatóide decorre de vários fatores, os quais incluem predisposição genética, exposição a fatores ambientais e possivelmente infecções. A causa mais importante é a tendência genética, e acredita-se que alguns genes possam interagir com os outros fatores causais da doença. Apesar desse conhecimento, sabe-se que alguns pacientes com a doença não apresentam estes genes e a presença destes genes não significa que a doença irá sempre aparecer. Fatores hormonais também estão relacionados com Artrite Reumatóide e isto justifica o fato de a doença ocorrer três vezes mais em mulheres (Mariano, 2011, p. 7). Conforme a literatura, as mulheres são mais acometidas pela Artrite Reumatóide, numa proporção de cerca de 3:1 em relação aos homens (Jawaheer et al., 2006; Sokka et al., 2009), sendo que alguns estudos destacam pior prognostico relacionado ao sexo feminino (Sokka et al., 2009; Puolakka et al., 2006), embora tais dados sejam considerados controversos por alguns autores (Van Vollenhoven, 2009). O fardo da doença é significativo e os custos socioeconômicos da artrite reumatóide são bastante elevados e por esse motivo, os medicamentos para artrite são disponibilizados pelo SUS (Braun et al.; 2008, p. 73). 48 Figura 3: Percentual de utilização do Metotrexato em relação à patologia. Cafelândia, Maio de 2014 a Maio de 2015. Os resultados apresentados na Tabela V, mostram que apenas 5 pacientes fazem uso da Alfaepoetina, sendo que 3 pacientes (60%) são portadores da Doença renal em estádio final, enquanto que 2 pacientes (40%) sofrem de algum outro tipo de Insuficiência renal crônica. Os resultados obtidos merecem atenção especial já que a Doença Renal Crônica representa, atualmente, um importante problema de saúde pública no Brasil (Romão Júnior et al, 2003). No Brasil quase um milhão de pessoas sofrem de problemas renais e 70% não são diagnosticados. As doenças renais levam ao óbito no mínimo 15 mil pessoas por ano no país. Os custos da atenção aos pacientes portadores de nefropatias são de R$ 1,4 bilhão por ano, o que representa 10% de toda a verba destinada à saúde. Cerca de 60 mil pessoas fazem diálise no Brasil e 25 mil iniciam o tratamento dialítico por ano, entretanto, pelo menos 150 mil deveriam ser submetidos ao tratamento. Somente três mil pacientes recebem um transplante renal por ano e 25 mil transplantados estão em acompanhamento. Trinta e quatro milhões de 49 brasileiros sofrem de diabetes ou hipertensão e 6,6% destes são doentes renais (Sociedade Brasileira de Nefrologia, 2006). A Alfaepoetina é fornecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) através do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF), sendo que o diagnóstico com critérios de inclusão, exclusão e monitoramento são regidos pelos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PDCT) para tratamento da anemia na IRC (Brasil, 2010). Este medicamento é utilizado no tratamento da anemia provocada pela Insuficiência renal crônica, onde de acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (2010) seu uso entre os anos de 2008 e 2009 apresentaram um percentual de 80% em pacientes submetidos à diálise. Ronsani (2012) em estudo realizado em Criciúma (SC) demonstra que a Alfaepoetina encontra-se entre os principais medicamentos utilizados pelos pacientes (5%), percentual este parecido com o da pesquisa em questão, sendo assim, pode-se afirmar que a presença de Doenças Renais Crônicas ocorre em diversas partes do país. TABELA V: Percentual de utilização da Alfaepoetina em relação às doenças ou agravo. CID -10 Doença ou Agravo Quantidade de pacientes Percentual (%) N180 Doença renal em estádio final 3 60% N188 Outra insuficiência renal crônica 2 40% 5 100% Total Quanto aos pacientes que utilizam o medicamento Mesalazina, mais da metade (67%) apresentam a doença Enterocolite ulcerativa, enquanto que 16,5% apresentam Ileocolite ulcerativa crônica e 16,5% Retossigmoidite ulcerativa crônica. 50 O número de pacientes que apresentam doenças intestinais crônicas tanto em Cafelândia como em vários outros lugares poderia ser bem maior, visto que muitos indivíduos não aderem ao tratamento medicamentoso e dessa forma são difíceis de serem rastreados. Um fator que pode estar relacionado à menor adesão é a receptividade das informações, uma vez que a gravidade da condição e a intensidade dos sintomas influenciam a receptividade das informações e, conseqüentemente, afetam a intenção de seguimento do tratamento (Glickman, 1998). As doenças inflamatórias intestinais são afecções crônicas com incidência crescente em todo o mundo. A adesão ao tratamento medicamentoso nas doenças inflamatórias intestinais apresenta grande importância clínica e social. Porém, são escassos os estudos sobre este tema em nosso meio (Dewulf, 2005). Segundo Elia et al (2007), o aumento da incidência das doenças intestinais inflamatórias tem sido associado com maior grau de industrialização das regiões estudadas e à ocidentalização no estilo de vida, incluindo hábitos alimentares e estilo de vida. De acordo com Ikeda (2007), a prevalência aumentada nas últimas décadas se deve não só a mudanças nos hábitos de vida, mas principalmente se deve ao fato de que pacientes com doença inflamatória intestinal sobrevivem mais tempo do que antes, devido à evolução dos tratamentos. No Brasil são poucos os estudos epidemiológicos que permitem conhecer a incidência e a prevalência das doenças intestinais inflamatórias. No entanto, essas enfermidades não são tão raras como se acreditava há alguns anos (Elia et al., 2007). A determinação da incidência e da prevalência das doenças intestinais inflamatórias no Brasil, como em todos os países em desenvolvimento, é difícil em função das deficiências dos 51 sistemas de registro de dados, bem como da impossibilidade do acesso às informações de fora do sistema público de saúde. Assim sendo, não se dispõe de informações precisas sobre todos os novos casos dessas doenças, nem sobre as dimensões da própria população de referência (Souza et al., 2002). Apesar de se desconhecer a real incidência das doenças intestinais inflamatórias no Brasil, sabe-se que ela é maior nas regiões sul e sudeste, provavelmente devido ao estresse, ingestão de alimentos industrializados contendo grande variedade de xenobióticos, como conservantes e aditivos (Damião & Vasconcelos, 2001) A Mesalazina é um antiinflamatório que atua na parede intestinal do aparelho digestivo, agindo nos sintomas das doenças inflamatórias intestinais crônicas (Brasil, 2010). TABELA VI: Percentual de utilização da Mesalazina em relação às doenças ou agravo. CID -10 Doença ou Agravo Quantidade de pacientes Percentual (%) K510 Enterocolite ulcerativa (crônica) 4 67% K511 Ileocolite ulcerativa (crônica) 1 16,5% K513 Retossigmoidite ulcerativa (crônica) 1 16,5% 6 100% Total CONCLUSÃO Diante do presente estudo concluiu-se que o número de pacientes atendidos tanto pela Farmácia Especializada da 10a Regional de Saúde, como em Cafelândia vem tendo um aumento significativo apesar da baixa divulgação junto a população em relação à gratuidade de alguns medicamentos para determinadas doenças ou agravos. 52 Em relação aos principais medicamentos dispensados e utilizados pelos pacientes, estão o Formoterol+Budesonida, Azatioprina, Metotrexato, Alfaepoetina e Mesalazina. Sendo que as principais doenças ou agravos com maior prevalência, relacionadas ao uso dos medicamentos foram a Asma, Doenças renais, Artrite Reumatóide e Enterocolite ulcerativa (crônica). Abstract: The Federal Constitution states that health is a universal right and duty of the State to be guaranteed through social and economic policies aimed at reducing the risk of disease and other health problems and the universal and equal access to actions and services for its promotion, protection and recovery. According to the National Assistance Policy, the Specialized Pharmaceutical Assistance Component is a strategy for access to medicines geared to the attention of medium and high complexity, under the National Health System, which seeks to ensure the completeness of drug treatment. The present study aimed to conduct a survey of the leading specialized drugs dispensed by CEAF in Cafelândia - Pr and present quantitative data on the number of patients seen, as well as diseases or higher incidence of injuries related to the use of major drugs and ICD-10 their own. Research results show Budesonide + formoterol main drugs mcg 12/400 (43%) Azathioprine 50 mg (10%), methotrexate 2.5 mg (7%), 4,000 IU epoetin alfa (4%) and 500 mg Mesalazine ( 4%) and for major diseases associated with the use of these drugs stand Asthma, Kidney Disease, rheumatoid arthritis and ulcerative enterocolitis. Keywords: Medicines, Component Specialized, Pharmaceutical Services. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACURCIO, F. de A., et al. Perfil demográfico e epidemiológico dos usuários de medicamentos de alto custo no Sistema Único de Saúde. Revista Brasileira de Estudos de População. vol.26 no.2 São Paulo July/Dec. 2009. ARRAIS, P.S.P.; BRITO, L.L.; BARRETO, M.L.; COELHO, H.L.L. Prevalência e fatores determinantes do consumo de medicamentos no Município de Fortaleza, Ceará, Brasil. Cad Saúde Pública 2005; 21:1737-46. ARRUDA, Guilherme Oliveira de and RENOVATO, Rogério Dias. Uso de medicamentos em transplantados renais: práticas de medicação e representações. Rev. Gaúcha Enferm. 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W. de Lima. Efetivação do direito fundamental á saúde: fornecimento de medicamentos excepcionais. [Dissertação]. Marília, 2010. 56 NORMAS DA REVISTA CIENTÍFICA A REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS/Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences tem por finalidade publicar os seguintes tipos de publicação: Artigos originais relacionados com as áreas de conhecimento das Ciências Farmacêuticas, Trabalhos de atualização ou de revisão, que serão incluídos quando solicitados a especialistas pela Comissão de Publicações ou quando submetidos em forma de Abstract para avaliação quanto ao interesse. Ressalta-se a necessidade de se incluir visão crítica dos autores, inserindo os seus trabalhos no tema e avaliando em relação ao estado de arte no País. Notas Prévias relativas a novas metodologias e resultados parciais, cuja originalidade justifique a publicação rápida. Nesse caso, o limite é de 2.000 palavras, excluindo-se tabelas, figuras e referências. Pode-se incluir, no máximo, uma figura, tabela e 10 referências. Resenhas elaboradas por especialistas segundo sugestão da Comissão de Publicações. Suplementos temáticos e aqueles relativos a eventos científicos podem ser publicados mediante aprovação prévia da Comissão de Publicações. Os trabalhos elaborados por especialistas nacionais e estrangeiros podem ser apresentados em língua portuguesa, inglesa ou espanhola. Devem ser originais e inéditos e destinar-se exclusivamente à REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS/ Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences. Escopo e política Os manuscritos submetidos à Revista, que atenderem as "Instruções aos autores", são encaminhados ao Editor Científico, que indicará dois revisores especialistas no tema abordado (veja Relação dos Consultores - 2003 e gráfico 10). Após a revisão, cujo caráter anônimo é mantido durante todo o processo, os manuscritos são enviados à Comissão de Publicação, que decidirá sobre a publicação. Manuscritos recusados, passíveis de reformulação, poderão ser re-submetidos após reestruturação, como novo trabalho, iniciando outro processo de avaliação. Manuscritos condicionados à reestruturação serão reavaliados pelos revisores. Manuscritos enviados aos autores para revisão devem retornar à Editoria dentro de, no máximo, dois meses, caso contrário terão o processo encerrado. Forma e preparação de manuscritos Instruções para apresentação dos trabalhos 1. Estrutura dos originais 1.1. Cabeçalho: constituído por: - Título do trabalho: deve ser breve e indicativo da exata finalidade do trabalho. - Autor(es) por extenso, indicando a(s) instituição(ões) a(s) qual(is) pertence(m) mediante números. O autor para correspondência deve ser identificado com asterisco, fornecendo o endereço completo, incluindo o eletrônico. Estas informações devem constar em notas de rodapé. 57 1.2 Resumo (em português): deve apresentar a condensação do conteúdo, expondo metodologia, resultados e conclusões, não excedendo 200 palavras. Os membros da Comissão poderão auxiliar autores que não são fluentes em português. 1.3 Unitermos: devem representar o conteúdo do artigo, evitando-se os de natureza genérica e observando o limite máximo de 6 (seis) unitermos. 1.4 Introdução: deve estabelecer com clareza o objetivo do trabalho e sua relação com outros trabalhos no mesmo campo. Extensas revisões de literatura devem ser substituídas por referências aos trabalhos bibliográficos mais recentes, onde tais revisões tenham sido apresentadas. 1.5 Material e Métodos: a descrição dos métodos usados deve ser breve, porém suficientemente clara para possibilitar a perfeita compreensão e repetição do trabalho. Processos e Técnicas já publicados, a menos que tenham sido extensamente modificados, devem ser apenas referidos por citação. Estudos em humanos devem fazer referência à aprovação do Comitê de Ética correspondente. 1.6 Resultados e Discussão: deverão ser acompanhados de tabelas e material ilustrativo adequado, devendo se restringir ao significado dos dados obtidos e resultados alcançados. É facultativa a apresentação desses itens em separado. 1.7 Conclusões: Quando pertinentes, devem ser fundamentadas no texto. 1.8 Resumo em inglês (ABSTRACT): deve acompanhar o conteúdo do resumo em português. 1.9 Unitermos em inglês: devem acompanhar os unitermos em português. 1.10 Agradecimentos: devem constar de parágrafos, à parte, antecedendo as referências bibliográficas. 1.11 Referências: devem ser organizadas de acordo com as normas da ABNT NBR-6023, ordenadas alfabeticamente no fim do artigo incluindo os nomes de todos os autores. A exatidão das referências é de responsabilidade dos autores. 2. Apresentação dos originais Os trabalhos devem ser apresentados em lauda padrão (de 30 a 36 linhas com espaço duplo). Utilizar Programa Word for Windows. Os autores devem encaminhar o trabalho acompanhado de carta assinada pelo autor de correspondência, que se responsabilizará pela transferência dos direitos à RBCF. 3. Informações adicionais 3.1 Citação bibliográfica: As citações bibliográficas devem ser apresentadas no texto pelo(s) nome(s) do(s) autor(es), com apenas a inicial em maiúsculo e seguida do ano de publicação. 58 No caso de haver mais de três autores, citar o primeiro e acrescentar a expressão et al. (em itálico) 3.2 Ilustrações: As ilustrações (gráficos, tabelas, fórmulas químicas, equações, mapas, figuras, fotografias, etc) devem ser incluídas no texto, o mais próximo possível das respectivas citações. Mapas, figuras e fotografias devem ser, também, apresentados em arquivos separados e reproduzidas em alta resolução (800 dpi/bitmap para traços) com extensão tif. e/ou bmp. No caso de não ser possível a entrega do arquivo eletrônico das figuras, os originais devem ser enviados em papel vegetal ou impressora a laser. Ilustrações coloridas somente serão publicadas mediante pagamento pelos autores. As tabelas devem ser numeradas consecutivamente em algarismos romanos e as figuras em algarismos arábicos, seguidos do título. As palavras TABELA e FIGURA devem aparecer em maiúsculas na apresentação no texto e na citação com apenas a inicial em maiúsculo. 3.3 Nomenclatura: pesos, medidas, nomes de plantas, animais e substâncias químicas devem estar de acordo com as regras internacionais de nomenclatura. A grafia dos nomes de fármacos deve seguir, no caso de artigos nacionais, as Denominações Comuns Brasileiras (DCB) em vigor, podendo ser mencionados uma vez (entre parênteses, com inicial maiúscula) os registrados. Envio de manuscritos Os trabalhos devem ser remetidos por correio eletrônico, anexando à mensagem os arquivos correspondentes. E-mail: [email protected] Secretaria de edição: Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas/Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences Divisão de Biblioteca e Documentação do Conjunto das Químicas/USP Av. Prof. Lineu Prestes, 950 Caixa Postal 66083 05315-970 - São Paulo - SP - Brasil Contato telefônico: Fone: (011) 3091.3804 FAX: (011) 3097.8627