Mudança do clima: conceitos básicos Luiz Gylvan Meira Filho Instituto de Estudos Avançados Universidade de São Paulo Fortaleza, 9 de maio de 2007 Referências básicas • • • www.ipcc.ch www.unfccc.int www.stabilisation2005.com • Clima são as estatísticas (média, desvio padrão, etc.) das variáveis que definem o estado da atmosfera: – Temperatura; – Pressão; – Vento (direção e intensidade); – Precipitação; – Umidade. • O clima é determinado pelas condições geográficas e pelo aporte de energia solar. • A radiação do sol esquenta a superfície, de forma diferente. • • O ar quente se expande e tende a mover-se para onde está mais frio. Combinado com a rotação da terra, esse movimento gera o tempo, cuja média é o clima. • A terra recebe energia do sol na forma de radiação visível e perde energia na forma de radiação infravermelho, pois a “cor” da radiação de um corpo depende de sua temperatura: – Sol, 6.000K, radiação visível; – Terra, 300K, radiação infravermelho. • Uma estufa permite a entrada da radiação solar e bloqueia a saída da radiação infra-vermelho, aquecendo o interior. • O planeta Terra é uma estufa natural, porque certos gases na atmosfera são opacos à radiação infra-vermelho. • A grande maioria dos gases da atmosfera não produzem o efeito estufa: – Nitrogênio, oxigênio, gases nobres; • Alguns gases produzem o efeito estufa: – Vapor d’água, dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e outros gases industriais. • A concentração atmosférica do vapor d’água não depende da ação do Homem. • A concentração atmosférica dos outros gases que provocam o efeito estufa aumentou nos últimos 250 anos, e continua aumentando devido à ação do Homem. • • Com o aumento da concentração do dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa na atmosfera, a estufa torna-se mais eficiente – aquecimento global. É como se tivéssemos um aquecedor de radiação com potência de 2W para cada metro quadrado da superfície, ligado dia e noite há muitas décadas. • • A temperatura média da superfície já aumentou 0,7 graus Celsius, e deve aumentar mais 3 graus Celsius até o final do século. Esta previsão já havia sido feita em 1971, em relatório da Academia de Ciências da Suécia (Study of Man’s Impact on Climate, MIT Press). • Os gases de efeito estufa são eliminados da atmosfera em tempos diferentes: – O dióxido de carbono é eliminado rapidamente no início: 15% permanece por mais de mil anos; – O metano permanece por 11 anos; – O óxido nitroso permanece por 114 anos. – Os HFCs (hifrofluorcarbonos), gases que substituem os CFCs (clorofluorcarbonos) que destroem a camada de oxônio, têm vida útil de poucos anos. – Os CFCs são gases de efeito estufa, porém a sua eliminação é objeto do Protocolo de Montreal e portanto não são considerados na Convenção do Clima. • O aquecimento aumenta a temperatura da superfície. Este processo é lento porque há que esquentar a água dos oceanos: – As camadas superficiais dos oceanos são misturadas em 20 a 30 anos; – As camadas profundas dos oceanos são misturadas em cerca de 500 anos. • O aumento da temperatura média da superfície, e portanto a mudança do clima, resultante da emissão de um gás de efeito estufa, tem um máximo algumas décadas após a emissão. – 20 anos para o metano; – 40 a 50 anos para o dióxido de carbono e o óxido nitroso. Máximo efeito sobre o clima ocorre décadas após a emissão 15% do gás carbônico permanece na atmosfera por mais de mil anos Temperatura (% do aumento) 100 80 60 dióxido de carbono metano óxido nitroso 40 20 0 0 50 100 Anos após emissão 150 200 • A mudança do clima não é nem será uniforme em todo o mundo: – O aumento de temperatura é maior nas altas latitudes do hemisfério Norte; – A freqüência e a intensidade de eventos extremos será alterada; – Haverá mudanças no regime de precipitação. • O Protocolo de Quioto, e portanto o seu Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, considera os seguintes gases de efeito estufa: – – – – – – CO2 CH4 N2O SF6 HFCs PFCs dióxido de carbono (gás carbônico) metano óxido nitroso hexafluoreto de enxofre hidrofluorocarbonos perfluorocarbonos Protocolo de Quioto: Os hidrofluorocarbonos HFC-23 HFC-32 HFC-41 HFC-125 HFC-134 HFC-134a HFC-143 HFC-143a HFC-152 HFC152a HFC-161 CHF3 CH2F2 CH3F CHF2CF3 CHF2CHF2 CH2FCF3 CH2FCHF2 CH3CF3 CH2FCH2F CHF2CH3 CH3CH2F trifluorometano difluorometano (fluoreto de metileno) fluorometano (fluoreto de metila) pentafluoroetano 1,1,2,2-tetrafluoroetano 1,1,1,2-tetrafluoroetano 1,1,2-trifluoroetano 1,1,1-trifluoroetano 1,2-difluoroetano 1,1-difluoroetano monofluoroetano (fluoreto de etila) Protocolo de Quioto: Os hidrofluorcarbonos (continuação) HFC-227ca CF3CF2CHF2 HFC-227ea CF3CHFCF3 HFC-236ca CHF2CH2CHF2 HFC-236cb CH2FCH2CF3 HFC-236ea CHF2CHFCF3 HFC-236fa CF3CH2CF3 HFC-245ca CH2FCF2CHF2 HFC-245fa CHF2CH2CF3 HFC-365mfc CH3CF2CH2CF3 HFC-43-10mee CF3CHFCHFCF2CF3 decafluoropentano HFC-c-447ef c-C5H3F7 1,1,1,2,2,3,3-heptafluoropropano 1,1,1,2,3,3,3-heptafluoropropano 1,1,2,2,3,3-hexafluoropropano 1,1,1,2,2,3-hexafluoropropano 1,1,2,3,3,3-hexafluoropropano 1,1,1,3,3,3-hexafluoropropano 1,1,2,2,3-pentafluoropropano 1,1,1,3,3-pentafluoropropano 1,1,1,3,3-pentafluorobutano 1,1,1,2,2,3,4,5,5,5(2H,3H-perfluoropentano) heptafluorociclopentano Protocolo de Quioto: Os perfluorcarbonos CF4 C2F6 C3F8 c-C4F8 C4F10 C6F14 C7F16 C8F18 PFC-14 PFC-116 PFC-218 PFC-c318 PFC-3-1-10 PFC-5-1-14 PFC-6-1-16 PFC-7-1-18 tetrafluorometano hexafluoroetano octafluoropropano octafluorociclobutano tetrafluoreto de carbono perfluoroetano perfluoropropano perfluorociclobutano perfluorobutano perfluorohexano perfluoroheptano perfluoroctano