XV ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DO NORTE E NORDESTE e PRÉ-ALAS
BRASIL
04 a 07 de setembro de 2012
UFPI – Teresina, PI.
GT 08 – Patrimônio cultural, comunidades tradicionais e sustentabilidade
"Quanto é ou tá de como?": O estudo de uma Feira Livre enquanto fenômeno
social.
Paulo Cesar de Holanda Santos
Universidade Federal de Sergipe – UFS
Núcleo de pós-graduação em Antropologia – NPPA
[email protected]
Cláudio Gomes da Silva Júnior
Universidade Federal de Sergipe – UFS
Núcleo de pós-graduação em Antropologia – NPPA
[email protected]
"Quanto é ou tá de como?": O estudo de uma Feira Livre enquanto fenômeno
social
Toda feira livre é uma espaço preenchido por uma diversidade rica de
relações sociais e construções societárias, para além dela, que estas possibilitam. É
também um espaço de permanência de modos de fazer concebidos no passado, e
que são adequados e reinventados como forma de resistência contra a modernidade
e/ou de inserção na mesma. Expressam, também, novas formas de comércio e de
relações.
O ambiente da feira é composto de tensões, e são estas que possibilitam
a construção da feira livre enquanto local distinto e específico de um universo
sociocultural. Acaba sendo uma relação comunitária, havendo uma identificação
através da distinção e do pertencimento entre feirantes e não feirantes (os
fregueses). Tensões no sentido de ações ligadas por motivações distintas que
resultam na existência desse modo de comércio tão específico.
Por isso, vale ressaltar a importância do estudo de uma feira livre quanto
fenômeno social contendo uma gama muito vasta de situações particulares que se
relacionam em dados momentos, mantendo uma ligação direta ou não, para a
permanência destes modos de fazer a feira livre como algo específico. O econômico
e o social se complementam, e se ligam às histórias de vida dos personagens que
compõem uma feira, sendo estes fatores fundamentais para a consolidação desta
como atrativa e permanente.
Além de ser concebido, principalmente, como um ambiente de trabalho,
onde há toda uma moral relacionada a este, é composta por uma rede de relações
que este tipo de comércio proporciona. Há a relação entre os trabalhadores, e
principalmente a relação com a freguesia, e com a clientela que por razões distintas,
escolhem a feira para adquirir suprimentos, participando da mesma, subsidiando a
sua permanência através da interação que lhe é proporcionada.
A feira livre aqui abordada é a feirinha do Tabuleiro, localizada no bairro
do Tabuleiro do Martins, na cidade de Maceió, capital alagoana. Presente há mais
de 40 anos devido a sua importância socioeconômica, que se somou à decadência
de outras feiras próximas, além do crescimento do bairro. Hoje, juntamente com a
feira do Jacintinho (Localizada no Bairro do Jacintinho, na mesma cidade), a feirinha
do Tabuleiro contém uma das maiores fluência e se consolida como uma das
principais do Município.
Uma
característica
desta
feira
é
que
ela
sempre
aconteceu
cotidianamente. As bancas estão, portanto, presentes diariamente, ficando a critério
do feirante os dias de abertura, sendo que em qualquer dia da semana boa parte
destas atende a clientela. Todavia, são os dias de sexta-feira, sábado e domingo os
de maior presença de feirante e fregueses.
No bairro, onde hoje funciona a feira, existia no passado um grande sítio
no qual moravam algumas famílias que tinham no Sr. Martins, o proprietário, como
uma liderança, pois era ele quem providenciava e resolvia questões como
abastecimento e infraestrutura. Tudo isso teve início por volta dos anos de 1910. Sr.
Martins trabalhava em Fernão Velho, um bairro de grande importância econômica e
social para a cidade, uma das primeiras localidades a se desenvolver em Maceió,
visto que lá havia a circulação de trens e uma das primeiras indústrias têxteis do
estado, inclusive uma das primeiras grandes feiras livres.
De um grande sítio de acesso muito complicado tornou-se um dos
maiores bairros da cidade de Maceió por volta de 1960, o Tabuleiro do Martins.
Concentrando um expressivo número de moradores, estabelecimentos comerciais e
instituições governamentais, que vão desde lojas de móveis, supermercados,
mercadinhos de pequeno porte, lojas de automóveis e automotivas, faculdades
públicas e particulares, campus universitário, escolas públicas e particulares,
distribuidoras de alimentos, fábricas, indústrias (Está localizado o Distrito Industrial
de Maceió), delegacias, postos de saúde, hospitais, postos policiais (Militar e
Rodoviário Federal), postos de gasolina, a outros diversos tipos e ramos de
estabelecimentos.
Na feirinha do Tabuleiro há a prática comercial dos mais diversos itens e
serviços. Encontra-se em suas proximidades desde supermercados, comércio de
frutas, legumes, verduras, produtos de origem animal, utensílios, a pequenas
barbearias estabelecendo as mais distintas práticas comerciais, sendo que há
predominância de comercialização de gêneros de primeira necessidade. O que torna
esta região um pólo comercial de Maceió.
A feirinha do Tabuleiro era composta anteriormente por um complexo de
lojas,
supermercados,
lanchonetes,
uma
diversidade
muito
grande
de
estabelecimentos comerciais, além é claro das bancas de feirantes espalhados
pelas ruas e arredores do mercado onde havia a comercialização de gêneros de
primeira necessidade prioritariamente. A comercialização era realizada muitas vezes
de forma precária, com a exposição de alimentos no chão, ou em locais sem
limpeza, tanto pela falta de padronização na exposição dos produtos, como também
pela falta de infraestrutura no bairro, onde a lama e o esgoto dividiam espaço com
as mercadorias1.
Segundo relatos dos feirantes, a feirinha desde seu principio era realizada
pelas ruas do bairro, sendo posteriormente criado o Mercado do Tabuleiro, como
uma iniciativa de concentrar a feira livre em um local específico. O que não se
consolidou totalmente, pois devido ao crescimento do bairro, a comercialização foi
se expandindo e retornando para as ruas ao redor do mercado.
Atualmente a feirinha foi alocada num largo, nas proximidades da Avenida
Maceió, cercado por estabelecimentos comerciais diversos. A feirinha está
acontecendo num local determinado e divido por tipo de produto comercializado e
separada por lotes onde estão as bancas, ou seja, a feirinha do Tabuleiro se
organizou como um tabuleiro de jogos dentro do “Tabuleiro”.
O que por si só é uma construção peculiar desta enquanto fenômeno, já
que as opiniões entre os feirantes quanto a esta mudança de local são as mais
diversas possíveis, cada qual com seus argumentos e em grande maioria
pessimistas. Muitos temiam a queda no movimento, além das dificuldades diante do
novo espaço de comercialização2, o que de fato foi constatado durante a segunda
parte da pesquisa3, onde inclusive conversei com feirantes que pagavam aluguéis
pelos lotes, e outros que alugavam o seu espaço afirmando que era mais rentável
alugar seu espaço a exercer o trabalho de feirante.
De acordo com esta mudança novas configurações nas relações
proporcionadas pela feira, ficaram evidentes, a exemplo da concentração em
localidades pelos tipos de mercadorias comercializadas. Ao lado esquerdo da
feirinha (para quem está de frente ao largo), situa-se o setor em que há maior
comercialização de frutas, verduras, legumes, hortaliças, aves, entre outros, sendo a
1
Isso ficou evidente a partir das primeiras incursões na Feirinha do Tabuleiro, em novembro de 2007.
Muitos feirantes questionavam como seria feita esta divisão por lotes no novo espaço, indicando que
haveria preferência ou indicação política, e até mesmo comercialização dos lotes entre os feirantes,
onde os associados poderiam levar alguma vantagem nisso. A grande questão era a perca de espaço
de venda, o que remete a uma lucratividade menor.
3
A segunda parte da pesquisa ocorreu em meados de janeiro e fevereiro de 2010. Possibilitando
muitos reencontros com feirantes.
2
parte mais agitada, havendo uma grande circulação de pessoas. No fundo e nos
arredores pelo lado direto, o comércio é voltado para refeições prontas, lanches,
comidas típicas, utensílios do lar, roupas e eletrônicos.
O contato com alguns feirantes demonstrou uma sensação de
pertencimento e de coletividade muito forte. Uma senhora, Dona Madalena, 48 anos,
que comercializa fumo desde os sete anos de idade, estando há 14 anos na feirinha
do Tabuleiro, dizia gostar de trabalhar na feirinha, pois tem os clientes certos e se
relaciona muito bem com todos. Vale destacar que ela é uma pessoa muito
carismática e reconhecida pelos feirantes, não se imaginava comercializando em
outro local a não ser a feirinha do Tabuleiro.
Sr. Eraldo, uma das pessoas com a qual eu conversei muito durante
minhas primeiras incursões a feira e que também sempre se mostrou disposto a
conversar, é um dos feirantes mais antigos no local. É uma pessoa preocupada com
o seu comércio (comercializa calçados), com a feirinha e com o futuro desta. Afirma
que ainda falta organização nas bancas (no momento em que aponta para algumas
bancas
quebradas,
sujas
e
abandonadas),
referindo-se
a
estas
como
“chiqueirinhos”, e que as mesmas são uma “esculhambação”. Reclamou também do
aumento do número de bêbados circulando pela feirinha, onde muitos se agrupam
para beber próximo a sua loja (uma loja de alvenaria) e, também, às lanchonetes da
feirinha do Tabuleiro, que funcionam como bares e restaurantes. Em 2007, Sr.
Eraldo se mostrava temeroso quanto à mudança da feirinha de local, já que sua
barraca de calçados estava localizada logo no inicio de uma das avenidas de acesso
da feirinha, mudando para uma das lojas de alvenaria que fica no final do largo onde
a feirinha foi acomodada.
Através deste artigo, pretende-se evidenciar as formas de ocupação e
adequação de um espaço urbano, como ingredientes para a conservação de modos
de vida tradicionais de populações específicas, e a importância que esta tem para a
permanência de modos de fazer que envolve histórias de vida e uma memória
coletiva que contrapõe a alguns aspectos da modernidade. Como esse fenômeno
tem um caráter agregador de valores individuais e coletivos que estão presentes e
são atribuídos pelas pessoas que se relacionam em tal.
Esse artigo contém resultados parciais obtidos durante a realização de
uma pesquisa monográfica entre os anos de 2007 e 2010.
Como o “Tabuleiro” se forma: Os espaços e seus usos na feirinha do
Tabuleiro.
Com base na pesquisa etnografia e participante, passaremos a descrever
e analisar abaixo o cotidiano da feira.
No inicio da manhã, o despertar da feira é algo curioso e demonstra
aspectos peculiares da feirinha. Como se parte dos feirantes estivesse sempre lá,
pois nos dias em que trabalhei como feirante, na minha chegada (geralmente por
volta das 05h00, 06h00) e saída (entre 13h00 e 15h00), sempre via as mesmas
pessoas organizando o seu ambiente de trabalho. Logo cedo há um silêncio que
permite ouvir conversas baixas, os galos cantando, e os passos dos poucos
feirantes descarregando e abastecendo mercadorias, os primeiros fregueses, a feira
sendo montada. Era o inicio de um dia de grande movimentação onde aos poucos o
silencio e a sonolência desta, se tornaria algo barulhento, agitado e repleto de
movimentação.
Logo cedo o cheiro da feira e a umidade são muito fortes. Não é aquele
cheiro forte do acúmulo de resíduos do dia, já que a feirinha fica muito escura com a
ausência do sol, sendo iluminada apenas por lâmpadas das bancas. O frio da
madrugada e do amanhecer deixa alguns produtos úmidos e molhados.
As bancas não seguem um padrão. São de tamanhos diversos,
dependendo dos produtos comercializados e de suas disposições na feira. Existem,
principalmente, três formas de bancas:

Alvenaria – Não há dimensões precisas, variando de 2m x 2m até 2m x 5m, para
mais, isso analisando visualmente. São na maioria as que vendem confecções,
artigos do lar, eletrônicos, etc. Tem porta de ferro e estão localizadas em grande
quantidade no estremo direito ao redor da feirinha, e nos fundos desta formando
um paredão de bancas deste tipo. Há algumas no interior da feirinha, mas são
em pouco número, comparando com as de madeira. Comporta também a maioria
das lanchonetes e pequenos restaurantes que ficam do lado esquerdo do largo.

Madeira – Não há uma padronização. São de diversos formatos e tamanhos,
toda em madeira, coberta por telhas ondulada ou lona. Algumas bancas estão
em cima de um lance de concreto um nível a mais do solo de calçamento,
intencionalmente para evitar o acúmulo de água nos dias de chuva. As madeiras
são aparentemente velhas, porém bastante resistentes e pesadas. A maioria das
bancas usa como proteção para as mercadorias, uma lona que fica amarrada
cobrindo estas. Há bancas que tem como proteção uma espécie de rede de
metal fino, que é enrolada se assemelhando a uma porta de metal.
Há um caráter transitório na feira em relação aos feirantes, ligada a
questão do espaço ocupado por estes. Reparei isto durante o período como feirante,
quando ao chegar à banca de Ligia4 percebi que o espaço estava menor.
Anteriormente estava sendo utilizando o espaço de uma banca que fica atrás da
sua, pois estava desocupada, e justamente neste final de semana o proprietário
havia alugado a banca utilizada por Ligia para armazenar alguns produtos, assim
como ensacar e empacotar outros, o que acabou diminuindo o espaço da banca. Em
decorrência disso ficamos dividindo a área de trânsito com caixas, e com as
meninas que ficavam até então na área distinta empacotando algumas mercadorias.
Assim como a presença de pequenos comerciantes que fazem as suas vendas
utilizando carros de mão, e ficam circulando pelos corredores da feirinha.
O que demonstra um aspecto a mais na relação entre feirantes, a
negociação por espaços de trabalho. Algo que é importante para a configuração
territorial da feira, remetendo diretamente ao espaço de comercialização de alguns
feirantes, e assim, na sua renda. Já que dependendo do produto, e da quantidade
de espaço para o armazenamento e demonstração deste, é que o lucro do
trabalhador será mais significativo.
Ocorre uma presença marcante de um colorido todo especial na feirinha.
Mesmo sendo quase que totalmente coberta, os raios de sol que penetram,
juntamente com as lâmpadas das bancas, são o suficiente para evidenciar esse
colorido de frutas, verduras, produtos e pessoas. Assim como a falta de
padronização ajuda a proporcionar uma diversidade maior de elementos para essa
arquitetura do ambiente da feira.
Este colorido sumiu num dia em que houve muita chuva na feira,
escurecendo todo o ambiente devido à falta de energia. Além disto, a chuva traz a
tona a fragilidade e precariedade em que a feirinha se encontra. O corredor que fica
em frente à banca de Ligia, virou um “riacho” de correnteza muito forte, levando
4
Ligia foi a feirante proporcionou que eu trabalhasse como feirante por pouco mais de dois meses,
trabalhava durantes os finais de semana. Ela é uma pessoa que tem no trabalho familiar a principal
renda. Seus pais, irmãos e filhos trabalham como feirantes, inclusive crianças.
pedaços e restos de mercadorias para a rua em frente, “lavando os corredores” e
dificultando o trânsito de pessoas.
É comum avistar pedaços de alimentos pelos cantos e corredores, além
de muitos resíduos de mercadorias espalhadas pela feirinha como componente do
ambiente que de fato é comum a uma feira livre. A princípio os pedaços de
alimentos avistados pela feirinha por uma pessoa estranha ao ambiente, como eu no
inicio, é visto como algo singular. Mas aos poucos isso me fez perceber as distintas
apropriações que as pessoas poderiam fazer sobre estas sobras.
O excedente já cria outra forma de relacionamento entre as pessoas que
fazem a feira acontecer. Algumas pessoas dentro da feirinha são pagas pelos
feirantes para levarem o excesso de alimentos que sobra dentro das bancas.
Pagamento que acontecia em forma de mercadorias ou de alguns trocados. Ou seja,
ocorre uma troca como prestação de serviços por mercadorias, e que possibilitam a
participação destas pessoas com grande mérito no todo complexo e abundante que
é a feira [não estaria aqui a questão da reciprocidade, dos dons e contra-dons,
Paulo] (MAUSS, 1974). Geralmente era sempre a mesma pessoa que fazia este tipo
de serviço na banca em que estava presente. Tal fato é um acontecimento que
alimenta uma forma de relação que gera uma reciprocidade específica, além de
certa dependência entre os trabalhadores que constroem este ambiente plural
dentro da sociedade.
Avistei uma senhora catando os restos de alimentos no cesto de lixo que
fica próximo a banca de Ligia. É uma situação de apropriação do excesso de
alimentos que envolvem diretamente os fregueses e os feirantes, já que os
alimentos recolhidos por essa senhora são alimentos que outrora foram rejeitados
primeiramente pelos fregueses, e logo após pelos feirantes, e que terão um destino
desconhecido, mas que demonstra ter utilidade para quem os recolhe.
Para uma melhor visualização, basta entendermos este fato como um
ciclo do alimento na feirinha. Ele chega através do fornecedor até a banca, e desta
tem a opção de ser adquirido para o consumo através da compra, trocado por
serviços, ou ser descartado pelo feirante. No caso da situação acima, ele foi
descartado pelo feirante e apropriado por uma terceira pessoa sem sabermos ao
certo o destino que este seguiu, mas já demonstrando o quanto de movimento e de
situações estão presentes no ambiente de uma feira livre.
Um produto que pode não ser útil para uma pessoa, acaba se tornando
proveitoso para outra, seja para consumo, seja para uma comercialização futura ou
para outra serventia. Grande parte dos produtos descartados na banca era
resultados de uma seleção feita por nós5 na busca de alimentos que não estivessem
com boa aparência ou já com aspectos de decomposição. Seleção que era realizada
sempre antecedendo a arrumação de alguma mercadoria, ou quando era
identificado um odor forte que pudesse afastar a presença de fregueses.
As ações identificadas que envolviam os materiais que acabavam não
comercializados foram às seguintes: Coleta pelos funcionários da limpeza que
circulam pela feirinha e apanhavam o material a fim de evitar o acúmulo; retirada do
acúmulo de resíduos produzidos pela banca por pessoas pagas pelos feirantes; e
seleção por pessoas que levavam para si.
Já nesse aspecto fica evidente como algo produzido na feira pode
envolver situações distintas e não menos importantes do que a comercialização dos
produtos. As mercadorias que circulam pela feirinha acabam tendo uma “vida útil”
além do que pode ser negociado com os fregueses. Mesmo sendo mercadorias com
duração determinada, as situações fazem com este prazo possa ser diferenciado
entre as pessoas presentes numa feira livre.
Ao olhar despretensiosamente vi na feira um lugar de socialização muito
curioso, onde pessoas se encontram muitas vezes somente aos finais de semana
constituindo uma relação de cumplicidade, através dos signos intrínsecos que a feira
proporciona. Signos estes da escolha, das palavras, dos olhares, onde tudo é
voltado para a aprovação ou rejeição de produtos, preços, atendimentos, e que
ganham sentido no momento em que são transmitidos e que há uma percepção do
próximo. Os frequentadores acabam se familiarizando com os feirantes, e os
feirantes com estes.
A feira acontecendo: “[...] o pessoal vem aqui, escolhe, escolhe e sobra muita
coisa”.
A composição de acontecimentos deste lugar urbano é repleta de formas
distintas dos modos de se relacionar em um espaço modernizado e condicionado.
Tais práticas são entendidas como parte constitutiva do social, de uma cultura
5
Incluo-me aqui quanto feirante.
popular que resiste a modernidade, se reinventando e se fortalecendo, e assim
permanecendo (MACHADO, 2006).
Ocorreu um fato ligado a situações que permeiam o ambiente, que ajuda
a ilustrar essa ideia de contraposição ao moderno, no que se refere a formas de se
relacionar. Estava numa pracinha em frente à feirinha onde há um posto policial
quando um senhor de aproximadamente uns 40 anos de idade chegou numa
bicicleta e a estacionou na minha frente sem nenhum tipo de segurança contra furto
(um cadeado, por exemplo), entrando em seguida na feirinha para fazer suas
compras. Isto é, ele tinha acabado de deixar sua bicicleta totalmente vulnerável, já
que não havia policiais no PMBOX. O senhor passou cerca de 10 minutos dentro da
feirinha e depois retornou para pegar a bicicleta que continuava no mesmo local.
A feira é um ambiente seguro para esta pessoa, e este demonstra um
sentimento de segurança e até de pertencimento, conforme sua ação demonstrou.
Algo difícil de conceber em tempos em que até locais fechados, entendidos como
seguros estão suscetíveis a ações contraventoras e danosas aos indivíduos.
O ambiente de trabalho - mesmo sendo uma atividade muita árdua possibilita momentos de relaxamento e de interação de uma forma suave entre os
feirantes. Parte constituinte do saber-fazer e do orgulho que muitos demonstram por
exercer essa atividade, fazendo com que o ambiente entre si seja o mais prazeroso
e agradável o possível. Observei duas feirantes brincando entre si por uma brecha
na banca de Ligia, que separa a barraca dela com uma que fica por traz. Uma dizia:
“tomate é 0,50, pra acabar!”, e a outra retruca: “aqui é 0,35!”, e novamente: “tomate
é 0,50!”, “aqui é 0,25!”, e a mulher que estava retrucando olhava para a vizinha de
banca sorrindo.
O dia-a-dia na feira demonstra uma ausência de rotina, visto que esta não
tinha uma sequencia de acontecimentos pré-determinada. Sem dúvida, as coisas
acontecem de forma muito espontânea. Penso que isso é possível devido à feira ser
constituída por movimentos, por um vai e vem de pessoas, pela circulação de bens,
pela constante construção diária deste espaço. Essa espontaneidade da feira reflete
da concepção que cada personagem cria desta, na apropriação que cada um faz do
seu espaço. O que tem um significado para um feirante, pode não ter o mesmo para
um freguês, não que em determinados aspectos ambos não veja a mesma
significação, mas sim pelo fato de estar em posições adversas, constituindo o todo.
O jogo de interesses é que nutre a tensão existente, e esta tensão é um dos fatores
atrativos, pois esta possibilita um jogo de ganho e perda, onde no final das contas,
todos saem ganhando.
A feirinha do Tabuleiro é um ambiente muito rico e plural no que tange as
relações sociais que esta abarca. Esta convivência entre pessoas no ambiente de
uma feira livre é tão diversa quanto à possibilidade de acontecimentos que estão
presentes no local, por ser um ambiente em constante traslado. As relações
presentes envolvem a participação das pessoas nas negociações, no atendimento,
no convívio entre feirantes e fregueses, no trabalho familiar, e entre outras situações
que podem não ser tão frequentes, porém não menos importante.
A ligação entre relações sociais e o negócio da família é muito estreita,
devido ao fato de muitas famílias serem criadas no ambiente da feira e participar de
uma cultura de integração característico deste meio. Permeado por diversos fatores
que influenciam na criação e formação de uma pessoa, por estas estarem sujeitas a
uma intermediação entre os princípios familiares e o comércio da família.
Na banca ao lado de Ligia percebi que estava trabalhando, pai, filha,
genro, e em algumas vezes estavam presentes crianças filhas do casal. O que é
constante em várias bancas, a presença e participação familiar é algo característico
da feirinha do Tabuleiro, talvez pelo fato de ser um trabalho tido em maioria das
vezes como uma tradição familiar, passada entre gerações, justamente pela razão
da iniciação ser durante a infância, ou inicio da juventude. É uma cultura popular
ligada diretamente à cultura de um trabalho especifico resignificado e permanente.
Há uma clientela diversificada frequentando a feirinha, Assim como o fato
da maioria das bancas ao redor terem uma clientela fixa, como ocorre também na
banca de Ligia. A relação entre feirante e fregueses, no caso da clientela fixa, é
muito intima, diferente da relação com os fregueses que são esporádicos, não que
estes impossibilitem uma relação de proximidade mesmo que breve, mas há uma
relação de confiança, capaz até de alguns fregueses deixarem que a escolha dos
produtos seja feita pelo feirante. Estive muitas vezes nesta situação onde entra em
questão a vontade de satisfazer o freguês com a opinião do feirante, através da
escolha de quem quer vender. Há também aqueles que simplesmente pedem o
produto, paga por este e vai embora sem ao menos se prolongar na conversa. Ao
mesmo tempo em que a feira livre proporciona uma relação de proximidade, ocorre
também relações somente de troca, de negociação, compra e venda o que é normal
no ambiente de comércio.
Os clientes algumas vezes fazem uma seleção simbólica dos produtos.
Tal predileção acontece quando o freguês passa pela barraca olhando mercadoria
com ar de avaliação, como se somente atentassem o produto, e aprovasse vindo
para a banca, ou rejeitasse seguindo o caminho e o olhar para outras bancas. Ou
seja, há uma seleção que antecede a escolha que faz com que este adquira de fato
o produto, ou não. Há aquele freguês que realmente se preocupa com a aparência
do produto, pois esta é uma forma de qualificá-lo, e escolher o que irá levar
criteriosamente Tem o que não se preocupa tanto com a aparência, e sim com o
preço, escolhendo o que levar muito rapidamente. Além daquele que não tem
grandes preocupações, fazendo com que o feirante escolha a quantidade desejada,
confiando na escolha deste, sem ao menos perguntar o preço do produto. Havendo,
inclusive, fregueses que compram em um dia, para pagar somente no próximo. O
que mostra a relação de confiança que alguns fregueses depositam nos feirantes, e
o contrário, algo pouco comum em outras formas de comércio, um modo de fazer
peculiar desta.
Alguns clientes fazem suas compras utilizando da pechincha. A principio
quando me via numa situação destas, passava a negociação para Ligia,
perguntando em voz alta para ela a proposta de preço do freguês. Desta forma
devido a minha falta de conhecimento do preço e da possibilidade de negociar,
evitava com que Ligia tivesse algum prejuízo, ou passasse por alguma situação
desconfortável. Algo que aconteceu em alguns momentos devido ao volume muito
grande de atendimentos, e me deparar em atender fregueses sem o conhecimento
prático de um feirante.
Através de muitas situações reparei que o ato de “pechinchar” é
característica de alguns fregueses, como forma de conseguirem esticar o ato da
compra e conseguir um preço melhor, aumentando a interação momentânea da
compra. Geralmente os fregueses que fazem isso, são os que têm uma relação mais
intima com o feirante. Isto foi visto em fregueses que passavam de banca em banca
sempre pechinchando, independente do humor ou atenção que o feirante
direcionava a este. Trazendo como outro fator para a pechincha a qualidade do
preço e produtos em questão, onde alguns produtos de custo alto, e rotatividade
baixa, dificilmente eram cedidos em negociações por Lígia. Somente quando havia
uma grande quantidade destes, ou quando a qualidade e aparência eram de que o
produto estava ficando “passado”, sendo vendido em alguns atos de “pechincha”,
para não perder a mercadoria e nem o lucro, mesmo que baixo. Além de perceber
que esta ação poderia ser motivada por outros elementos, como a intenção em
adquirir um produto somente por ter pechinchado, e com isso este ganharia um valor
sentimental, além do valor atribuído a mercadoria materialmente (MAUSS, 1974).
E justamente essa diversidade de clientes é que faz do feirante uma
pessoa sociável ao extremo, pois, a seu modo, este deve saber como se dirigir e se
comportar das mais diversas formas visando o bom atendimento e a satisfação do
freguês. Algo que requer diversas técnicas, o que compõe o conhecimento, uma
moral de ser feirante específica e adquirida após muita prática e vivência.
Dentre as diversas formas de fazer feira, uma bastante peculiar está
composta pela linguagem que esta possibilita e que é apropriada pelos que
participam deste fenômeno. A filha de Ligia que trabalha na banca tem uma forma
de chamar a atenção dos clientes tanto quanto particular, uma ou outra pessoa que
passa somente olhando, porém demonstrando certo interesse pelas mercadorias (a
diversidade de produtos na banca de Ligia é muito grande), ela entoa um grito de
“Diga Moço! É só 1,00 real...”. Uma forma de atrair a atenção do freguês que está
somente olhando alguns produtos enquanto passa em frente à banca, talvez até
sem o interesse na compra.
Acontece algo semelhante quando chega algum cliente que fez uma
compra boa, comprando em quantidade, ou grande variedade, o que requer uma
maior atenção de todos. Ligia estando presente faz questão de atender, sempre com
o auxílio de alguém, seja para pesar, ensacar, anotar os preços na embalagem, para
que o atendimento seja rápido e para que Ligia possa dar atenção ao freguês com o
intuito de que este volte outras vezes devido ao bom atendimento.
Existem pessoas que deixam as mercadorias adquiridas na banca para
buscar em outro momento, o que acaba limitando o espaço interno, assim como
pessoas que ficam aguardando a companhia na própria banca. A banca se torna um
local de abrigo, um local seguro para aguardar. Em certo dia de chuva muito intensa
teve um freguês que ficou aguardando a chuva passar na banca de Ligia e enquanto
isso, a sua lista de compras foi aumentando, quanto mais tempo este ia ficando na
banca mais se interessava por outras mercadorias, no final das contas fui ajudá-lo a
levar suas compras para seu carro. A permanência por mais tempo na banca,
remete a uma relação de reciprocidade, já que o espaço de comercialização está
sendo dividido.
Geralmente nestas situações as compras são muito volumosas, o que
acaba necessitando de ajuda para levar até o transporte, ato que fiz frequentemente.
Sobre os clientes que fazem feiras grandes, Ligia me informou enquanto íamos levar
a feira de um cliente para o táxi, que esse tipo de compra é mais frequente as sextas
e sábados, e geralmente com a freguesia certa.
O freguês está passível as mais diversas situações, e por isso alguns
pequenos acidentes acabam acontecendo. Um cliente foi escolher uma melancia, e
a mesma estava podre e acabou abrindo e molhando o freguês com sua água. Foi
uma situação constrangedora para todos. Assim como o dia em que um cliente me
pediu para cortar a coroa do abacaxi e recusei, pois não sabia como fazer, e então
passei para Ligia que o fez achando graça da minha falta de prática. Esses
acontecimentos foram minimizados por serem clientes sempre presentes na banca,
e que mantém uma boa relação com Ligia.
Alguns fregueses se dirigem até a banca, perguntam o preço, pensam e
vão embora. Isso mostra que o ato de fazer a feira é um ato de pesquisa, de escolha
entre preço e qualidade, um ato de negociar e circular que exige reflexão. Perguntar
o preço já é o primeiro passo na tentativa de conseguir um desconto, e em seguida
há a negociação ou não. Um senhor de bicicleta, que não falou uma palavra sequer,
escolheu o que queria, pagou pela escolha e foi embora. Uma senhora ficou olhando
para os produtos, apontou para a alface:
“- A como?”
“- Um real.”
Ela sorriu e foi embora.
Em certo momento estava atendendo a um senhor, e ele disse: “Vocês
não ganham nada vendendo batata. Por que o pessoal vem aqui, escolhe, escolhe e
sobra muita coisa”.
Há fregueses que aguardam ser abordados, para aí, então, começar a
interagir com os feirantes, e este oferecer algo, para que assim eles tomassem a
iniciativa de escolher algum produto. Algo que necessita de uma percepção um
pouco mais aguçada. Há também quem faça cara de espanto ao ouvir o preço de
alguma mercadoria já como forma de abrir uma negociação. Mas geralmente estas
pessoas que não se agradavam ao ouvir ou ver o preço, dificilmente compravam
algo. Salvo casos onde as pessoas questionavam o valor, mesmo não agradando,
viam que o produto tinha uma qualidade diferenciada, o que justificava o preço,
voltavam depois de alguns minutos para efetuar a compra.
A maioria dos fregueses conversa com bom humor, e fazem uma
abordagem leve que é retribuída pelo feirante da mesma forma. Como um casal que
atendi, onde eles reclamaram de alguns preços, degustaram e reprovaram algumas
uvas, mas fizeram suas compras e saíram sorrindo. Ia até esquecendo algumas
sacolas, aí o homem falou: “Mulher, deixar as compras não pode!”, e foram embora
sorrindo.
Muitos perguntam “Como é?” para saber do preço de algum produto, o
que achei bem peculiar, já que existem alguns produtos que são vendidos por
unidades e conjugados, 3 por R$1,00, 3 por R$2,00, 6 por R$1,00, 12 por R$1,00, 3
por R$5,00, etc. O que demonstra a consciência que alguns fregueses já tem da
feira, e da forma como se comportar nesta, o pertencimento ao fenômeno.
- “Quanto está a pinha?” Perguntou a freguesa.
- 3 por R$2,00. Respondi.
- “Ontem eu perguntei para você e estava R$1,00!” Falou a freguesa.
- Ontem realmente estava R$1,00 senhora, só que hoje está mais barato.
Respondi novamente. Ela se foi, mas a amiga comprou algumas pinhas. Foi uma
situação muito interessante.
Na feira a pessoa compra falando, argumentado sobre os preços, os
produtos, sobre suas escolhas. Isso por si só é uma fator que atraí as pessoas, e
que faz a feira como um fenômeno de sociabilidade muito rico, como algo interativo.
Diferentemente de supermercados, onde você escolhe suas frutas e verduras para
pesar geralmente no caixa, sem nenhum tipo de interação com feirantes ou
balconistas, que se somam à impessoalidade de todo o processo de compra e
venda, situação diferente do que observei na feira.
Esse fato de comprar falando já denota em outra característica da feira
que é a sonoridade, por isso é composta por ruídos de conversações, de sons, de
pessoas negociando. Assim como o fato se encontrar uma multiplicidade de
escolhas, possibilidade e serviços.
Conclusão
Um ambiente rico como o de uma feira livre, não pode passar
despercebido diante dos olhos de um cientista social. Ela permite levantarmos
diversas questões a busca de entender como um ambiente se constitui de forma tão
plural e significativa para uma grande parcela da sociedade, resultando na
manutenção do tradicional.
Nesse sentido, as feiras livres populares e tradicionais, se adéquam ao
artigo 2° da Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial
(UNESCO,2003) que define patrimônio cultural imaterial como:
[As] práticas, representações, expressões, conhecimentos e
técnicas – junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares
culturais que lhes são associados – que as comunidades, os
grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte
integrante de seu patrimônio cultural. Este patrimônio cultural
imaterial,
que
se
transmite
de
geração
em
geração,
é
constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função
de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua
história, gerando um sentimento de identidade e continuidade e
contribuindo assim para promover o respeito à diversidade cultural
e à criatividade humana.
E justamente essas atribuições relacionadas à composição da feira, é que
são as principais motivações que levam as pessoas a participarem e construírem
esse fenômeno. É um local repleto de simbologias, seja na linguagem, no modo de
fazer, de atender e se relacionar com os fregueses, construindo assim significados
pertinentes para o posicionamento dentro das tensões existentes, constituindo um
elo coletivo.
Segundo o historiador inglês E. P. Thompson, além dos elementos
econômicos e de suas trocas mercantis, “de qualquer modo, o mercado era uma
grande ocasião de sociabilidade. Será que ninguém ousa sugerir que o dia do
mercado podia ser realmente divertido?” (THOMPSON, 1998, p. 225)
O trabalho do feirante é uma ação repleta de costumes e estes são tidos
como forma de resistência ao moderno, além de ser entendido como um orgulho por
parte dos feirantes como um saber específico, realizado por poucos. O domínio do
saber fazer, negociar, se relacionar, e se manter na feira, são algo importante para a
manutenção desta atividade, e por isso motivo de um sentimento coletivo de
responsabilidade e reconhecimento entre os semelhantes.
Referências Bibliográficas
ARAÚJO, Anderson Henrique dos Santos. Conjunto Residencial Graciliano Ramos e
sua dinâmica econômica popular, em Maceió.
Monografia (Graduação) –
Universidade Federal de Alagoas, Faculdade de Economia, Administração e
Contabilidade, Maceió, 2010.
ANDERSON, Benedict. Comunidades Imaginadas. Cia das Letras, 2008.
ANDRADE, Jarpa Aramis Ventura de. A Rua Cleto Campelo como organizadora da
economia popular no bairro do Jacintinho, em Maceió. Monografia (Graduação) –
Universidade Federal de Alagoas, Faculdade de Economia, Administração e
Contabilidade, Maceió, 2007.
CASTRO, Maria Laura Viveiros de; LONDRES, Maria Cecília. Patrimônio imaterial
no Brasil: Legislações e Política Estaduais. UNESCO - Educarte, Brasília, 2008.
DAMATTA, Roberto. A Casa e a Rua, Espaço, Cidadania, Mulher e Morte no
Brasil. 5ª edição. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.
FERRETTI, Sergio (Org.). Reeducando o olhar: Estudos sobre feiras e mercados.
São Luís: Edições UFMA; PROIN (CS), 2000.
GARCIA Jr. Afrânio. Terra de trabalho e terra de gado. Terra de trabalho: trabalho
familiar de pequenos agricultores. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983..
INSTITUTO THÉO BRANDÃO. Maceió, 180 anos de História - As Feiras Livres de
Maceió. Maceió: ITB – Instituto Théo Brandão, 1995.
RAMALHO, Cristiano Wellington Noberto. “É o trabalho quem guarda a minha
liberdade”: moral produtiva e tempo livre entre pescadores artesanais. In:
MANESCHY, Maria Cristina; GOMES, Ana Calapez; GONÇALVES, Ida Lenir (Org’s).
Nos dois lados do Atlântico: trabalhadores, organizações e sociabilidades. Belém:
Paka-Tatu, 2011.
MACHADO, Maria Clara Tomaz. (Re)significações culturais no mundo rural mineiro:
o carro de boi — do trabalho ao festar (1950-2000). In: Revista Brasileira de História.
São Paulo, v. 26, nº 51, 2006.
MAUSS, Marcel. Sociologia e Antropologia. Volume II. São Paulo: E.P.U. – Editora
Pedagógica e Universitária Ltda., EDUSP – Editora da Universidade de São Paulo,
1974.
MARQUES, Paulo Eduardo Moruzzi; BLEIL, Susana Inez. A identidade cultural
desafia a globalização: o desafio dos agricultores franceses. In: Estudos Sociedade
e Agricultura, Rio de Janeiro, n. 15, p. 158-177, outubro/2000.
SATO, Leny. Processos Cotidianos de Organização do Trabalho na feira Livre.
Artigo, Revista Psicologia e Sociedade, nº19, Edição Especial. São Paulo:
Universidade de São Paulo, 2007.
SILVA, Leonardo Almeida da. (2006), Um Breve Olhar Etnográfico Sobre a Feira do
Passarinho – Maceió – AL..
THOMPSON, E. P. Costumes em comum. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
VEDANA, Viviane. Fazer a Feira: Estudo etnográfico das “artes de fazer” de
feirantes e fregueses da Feira Livre da Epatur no contexto da paisagem urbana de
Porto Alegre. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Porto Alegre, 2004.
Download

Trabalho