Educação e Surdez Curso de Formação em Libras 1ª ETAPA Prefeitura Municipal de Paracatu Secretaria de Municipal de Educação Rua Bento Pereira Mundim, 177 - Paracatu-MG – CEP:38.600-000 [email protected] -Tel.: (38) (38) 3671-4455 / (38) 3671-3899 EDITORIAL A presença de um aluno surdo na escola regular, nos faz pensar uma revisão de conceitos. Pois precisamos encarar o aluno surdo como um “estrangeiro” em sala de aula, ou seja, um sujeito com língua e percepção de mundo diferente do nosso aluno padrão refletindo que, em todo momento, estaremos com dois públicos em um mesmo espaço. Por isso, há necessidade de rever as estratégias e metodologias previstas nesta educação formal, principalmente no enfoque da alfabetização/letramento, para que a escola cumpra seu papel com estes alunos: levá-los ao mundo letrado e conduzi-los à aprendizagem da leitura e escrita da língua portuguesa, interagindo com conceitos e contextos vivenciados. Muitos foram os erros e acertos presentes no processo de inclusão educacional de alunos surdos. Observamos isso, buscamos cultivar os acertos e aprender com os erros. Após muita discussão e reflexão, chegamos à conclusão de que alguns pontos são indispensáveis para que a inclusão dos surdos em nossas escolas ocorra efetivamente. Esses pontos estão devidamente organizados nesta oficina. O objetivo deste material não é o de engessar as práticas pedagógicas ou impor determinadas ações como únicas possibilidades ou como verdades absolutas. Ao contrário, a intenção é oferecer direções e sugestões aos participantes do processo de inclusão dos surdos no sistema educacional. EXPEDIENTE Apostila para o curso de Formação em LIBRAS, Educação e Surdez Organização: Duanne Antunes Bomfim Professor: Duanne Antunes Bomfim Revisão: Maria de Lourdes da Silva Neijar Coordenação: Neide Batista Secretaria Municipal de Educação de Paracatu Contatos: [email protected] Tel.: (38) (38) 3671-4455 / (38) 3671-3899 [email protected] (33) 8863-0783 ORIENTAÇÕES GERAIS: ETAPAS: 1 14-17 de Novembro de 2011 2 19-22 de Dezembro de 2011 3 _______ de Janeiro de 2012 TURNOS: matutino e vespertino/noturno HORÁRIO: 7h às 12h e 16h às 21h LOCAL: SESI CARGA HORÁRIA PRESENCIAL: 120 horas (40h por etapa) CARGA HORÁRIA A DISTÂNCIA: 60 horas (20h por etapa) RECURSOS NECESSÁRIOS: - Sala bem iluminada composta de cadeiras na posição semicírculo que comporte os alunos. - 1 Apostila do curso - 1 DVD de vídeos e atividades - 1 Dicionário de Libras Digital (Para Computador) - 1 Dicionário de Libras em livro - 1 CD com Orientações Gerais e materiais de LIBRAS e Surdez - 1 Camisa (cada um compra a sua) Todo material para estudo nas atividades práticas como Filmes, Vídeos e Palestras estarão disponíveis em local acessível para empréstimo a todos. AULAS PRESENCIAIS Serão 4 dias com aulas de duração média de 10hs. Os Intervalos serão de 15 minutos. Teremos aulas teóricas e práticas com apoio de amplo material didático. ESTUDOS A DISTÂNCIA - ATIVIDADES PRÁTICAS PEDAGÓGICAS Todos os alunos serão submetidos à participação em palestras ou oficinas, assistir a Filmes que tenha presença de surdos e uso de libras, realizarem visita e interação com a comunidade surda, fazer estudos dirigidos, elaborar pasta de comprovação de conclusão sobre todos os estudos a distância do curso. Para o fechamento do trabalho em grupo montarão um projeto que atinja o público surdo. A cada etapa o aluno deverá realizar as atividades propostas e anexá-las em uma pasta para que ao final do curso seja entregue e validada sua carga horária para certificação. Assim, em cada etapa deverá ser feito da seguinte forma: • Assistir ou participar em uma Palestra ou Oficina na área da surdez. • Assistir a Filmes ou Documentário com fichamento conforme orientação. • Pesquisar um assunto da LIBRAS, linguística, curiosidade ou cultural. • Visitar e interagir com a comunidade surda por 10horas com comprovação por fotos ou documentos específicos conforme orientação e documento encaminhado por e-mail. AVALIAÇÃO/CERTIFICAÇÃO O Certificado estará condicionado à participação e devida frequência (carga horária mínima de 75%) nas atividades propostas. ESTUDOS A DISTÂNCIA - ATIVIDADES PRÁTICAS PEDAGÓGICAS 1. Palestras ou Oficinas: Assistir palestras ou participar de oficinas sobre LIBRAS e educação de surdos, na cidade, fora se não houver nenhuma destas programações no período do curso, poderá assistir a vídeos que destaquem o atendimento a surdos, clínico ou educacional. 1.1. Deverão ser feitas anotações em folha disponibilizada para registro do que foi assistido em palestras presenciais ou em vídeos 1.2. Para quem assistir as palestras, anexar xérox de declaração ou certificado emitido no evento contendo data, duração e assunto. 1.3. Serão Disponibilizados 11 DVDs de Palestras do INES e MEC para os que não puderem presencialmente participar destes encontros propostos. 2. Filmes e Documentários: Assistir a vídeos que se relacionam com a surdez dentro do convívio social e educacional. 2.1. Lista de sugestões para assistir serão enviadas por e-mail e algumas cópias estarão disponíveis para empréstimo. 2.2. Fazer o fichamento e analise contendo dados do filme, sinopse e/ou resenha comentada com opiniões pessoais, conforme modelo a ser enviado por e-mail. 3. Estudos Dirigidos/Pesquisa: Leitura e relatório de textos e/ou artigos da área. 3.1. Ler artigos, textos, resenhas, livros, pesquisas acerca da LIBRAS e educação de surdos, que analise questões linguísticas, culturais entre outras. 3.2. Fazer uma síntese do assunto para registro e apresentação no momento de discussão com o grupo. 4. Elaborar Texto: Elaborar um texto dissertativo de conclusão do curso usando tema que relacione o que aprendeu com uma abrangência prática do uso da LIBRAS. 5. Visita e interação com a comunidade surda: Visitas a entidades de surdos e eventos nos quais haja participação de pessoas surdas. 5.3. Preencher corretamente o Controle do Estágio, com carimbo e assinaturas. 5.4. No Relatório de Atividades desenvolvidas, falar sucintamente sobre como foi cada dia. 5.2. O Relatório final destas visitas deve abranger as expectativas, metas e resultados na interação com estes pares. 5.5. As visitas devem ser desenvolvidas no mínimo em dois ambientes diferentes. 6. Projeto Prático Em grupo criar um; teatro, representação, técnicas, dinâmicas, jogos ou atividades em Libras que privilegiem as questões pertinentes língua e a surdez. 6.1. Devem ser apresentadas em Libras para público surdo, em alguma associação ou escola. 6.2. Anexar Fotos e Declaração para comprovação conforme orientações. ORIENTAÇÕES PARA O PROJETO PRÁTICO Grupos de até 5 pessoas: Áreas de Abrangência a serem trabalhadas • • • • • • • Estimulação e Educação Infantil Fundamental (anos iniciais e finais) Ensino Médio Educação Profissionalizante Ensino Superior Atendimento Educacional Especializado Vida social e familiar Sugestões Projetos • • • • • • • Palestras para pais ou professores Sensibilização da Sala de Aula e da Escola com surdos incluídos. Ensinar LIBRAS para uma sala de Aula, ou para um grupo de pessoas. Elaboração de jogos para estimulação e aquisição de linguagem para surdos. Teatro de histórias infantis com toda Representação de piadas ou musical Jogos ou dinâmicas que privilegiem a LIBRAS. Formatação e apresentação Fonte: Arial Tamanho: 11 Espaçamento: 1,5 Margens: Esquerda: 3,0 / Direita: 2,0 Parágrafo: 1,5 Papel: A4 Paginamento: Nº. Cardinais Encadernado 1º. PASSO 2º. PASSO 3º. PASSO 4º. PASSO 5º. PASSO 6º. PASSO 7º. PASSO 8º. PASSO 9º. PASSO 10º. PASSO 11º. PASSO 12º. PASSO Capa: Nome da Instituição, Nome do Curso, Matéria Apresentada, turma, Tema do trabalho, cidade e ano. Folha de Rosto: Nome da Instituição, Nome do Curso, Matéria Apresentada, turma, Tema do trabalho, Explicação do objetivo do trabalho, professor Nome dos componentes, cidade e ano. Sumário Introdução (tema, delimitação do assunto) Tema / Justificativa (o problema, Hipóteses) Objetivos (público Alvo, Área de Abrangência, Metas) Desenvolvimento Cronograma de execução Avaliação conclusão Bibliografia Anexos (Fotos e declaração da instituição onde realizou o projeto) CONTEÚDO PROGRAMÁTICO Pág. A Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 1 Como Aprender um Novo Idioma 2 O Que Contribui para o Êxito 3 A Estruturação da LIBRAS 4 Unidade 1 Conhecendo e Reconhecendo 6 Unidade 2 Identidade, Cultura e Comunidade Surda 25 Unidade 3 Rotina Diária 49 Unidade 4 Relacionamentos e Família 62 Bibliografia Consultada 91 1 A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS (extraído do Livro LIBRAS em Contexto – Curso Básico 2009) LIBRAS é a Língua de Sinais usada pelas comunidades de surdos no BRASIL, reconhecida pela Lei 10.436. Ela não é uma simples gestualização, assim como as diversas línguas naturais e humanas existentes, ela é composta por níveis linguísticos, a diferença está pautada ma sua modalidade de articulação, visual-espacial. Assim sendo, para se comunicar em LIBRAS, não basta apenas conhecer sinais. É necessário conhecer a sua gramática para combinar as frases, estabelecendo comunicação. Assim, a LIBRAS se apresenta como um sistema linguístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. Como toda língua, as línguas de sinais aumentam seus vocabulários com novos sinais introduzidos pelas comunidades surdas em resposta às mudanças culturais e tecnológicas. Assim a cada necessidade surge um novo sinal e, desde que se torne aceito, será utilizado pela comunidade. Acredita-se também que somente exista uma língua de sinais no mundo, mas assim como as pessoas ouvintes em países diferentes falam diferentes línguas, também as pessoas surdas por toda parte do mundo, que estão inseridas em “Culturas Surdas”, possuem suas próprias línguas, existindo, portanto, muitas línguas de sinais diferentes, como: Língua de Sinais Francesa, Chilena, Portuguesa, Americana, Argentina, Venezuelana, Peruana, Brasileira, Inglesa, Italiana, Japonesa, Chinesa, Uruguaia, Russa, Urubus-Kaapor (Índios), citando apenas algumas. Estas línguas são diferentes uma das outras e independem das línguas oraisauditivas utilizadas nesses e em outros países, por exemplo: o Brasil e Portugal possuem a mesma língua oficial, o português, mas as línguas de sinais destes países são diferentes. O mesmo acontece com os Estados Unidos e a Inglaterra, entre outros. Também pode acontecer que uma mesma língua de sinais seja utilizada por dois países, como é o caso da Língua de Sinais Americana que é usada pelos surdos dos Estados Unidos e do Canadá. Embora cada língua de sinais tenha sua própria estrutura gramatical, surdos de países com línguas de sinais diferentes comunicam-se com mais facilidade uns com os outros, fato que não ocorre entre falantes de línguas orais, que necessitam de um tempo bem maior para um entendimento. Isso se deve à capacidade que as pessoas surdas têm em desenvolver e aproveitar gestos e pantomimas (Arte ou ato de expressão por meio de gestos; mímica) para a comunicação e estarem atentos às expressões faciais e corporais das pessoas e devido ao fato dessas línguas terem muitos sinais que se assemelham às coisas representadas. No Brasil, as comunidades surdas urbanas utilizam a LIBRAS, mas além dela, há .registros de uma outra língua de sinais que é utilizada pelos índios Urubus-Kaapor na Floresta Amazônica. Muitas pessoas acreditam que a LIBRAS é o português feito com as mãos, que os sinais substituem as palavras desta língua, e que ela é uma linguagem como a linguagem das abelhas ou do corpo, como a mímica. Entre as pessoas que acreditam que a LIBRAS é realmente uma língua, há algumas que pensam que ela é limitada e expressa apenas informações concretas, e que não é capaz de transmitir idéias abstratas. Esses mitos precisam ser desfeitos porque a LIBRAS, como toda língua de sinais, é uma língua de modalidade gestual-visual que é utilizada como canal ou meio de comunicação, movimentos gestuais e expressões faciais que são percebidos pela visão; portanto, diferencia da Língua Portuguesa, uma língua de modalidade oral-auditiva, que utiliza, como canal ou meio de comunicação, sons articulados que são percebidos pelos ouvidos. Mas as 1 diferenças não estão somente na utilização de canais diferentes, estão também nas estruturas gramaticais de cada língua. Uma semelhança entre as línguas é que todas são estruturadas a partir de unidades mínimas que formam unidades mais complexas, ou seja, todas possuem os seguintes níveis linguísticos: o fonológico, o morfológico, o sintático e o semântico. Entre as línguas é que os usuários de qualquer língua podem expressar seus pensamentos diferentemente, por isso uma pessoa que fala uma determinada língua utiliza essa língua de acordo com o contexto e o modo de se falar com um amigo não é igual ao de se falar com uma pessoa estranha, assim, quando se aprende uma língua está aprendendo também a utilizá-la a partir do contexto. Também é que todas as línguas possuem diferenças quanto ao seu uso em relação à região, ao grupo social, à faixa etária e ao gênero. O ensino oficial de uma língua sempre trabalha com a norma culta, a norma padrão, que é utilizada na forma escrita e falada e sempre toma alguma região e um grupo social como padrão. Ao se atribuir às línguas de sinais o status de língua é porque elas, embora sendo de modalidade de diferente, possuem também estas características em relação às diferenças regionais, sócio-culturais, entre outras, e em relação às suas estruturas porque elas também são compostas pelos níveis descritos acima. O que é denominado de palavra ou item lexical nas línguas orais-auditivas, são denominados sinais nas línguas de sinais. Os sinais são formados a partir da combinação do movimento das mãos com um determinado formato em um determinado lugar, podendo este lugar ser uma parte do corpo ou um espaço em frente ao corpo. Estas articulações das mãos, que podem ser comparadas aos fonemas e às vezes aos morfemas, são chamadas de parâmetros. 2 COMO APRENDER UM NOVO IDIOMA (Revista Sentinela. 15 de Agosto de 2008 – Você fala fluentemente a língua Pura? §21-25) Quem deseja aprender um novo idioma precisa fazer mais do que memorizar novas palavras. Precisa aprender uma nova forma de pensar, novos padrões de pensamento e a cultura que permeia os usuários desta. A lógica e o senso de Humor podem ser diferentes em outro idioma. A pronúncia de novos sons (sinais) exigirá um uso diferente do corpo e/ou dos órgãos da fala. O que nos ajudará a não apenas entender, mas também a falar esse idioma fluentemente? Como no caso do aprendizado de qualquer idioma, há algumas técnicas básicas que podem nos ajudar a ser fluentes na idioma. Vejamos algumas sugestões: Ouça com atenção: De início, um novo idioma pode soar totalmente incompreensível para uma pessoas não treinada. Mas, à medida que a pessoa aprende a se concentrar no que ouve e vê, passará a reconhecer algumas palavras do idioma e padrões da linguagem que se repetem. Escutar exige muita concentração, mas o esforço realmente compensa. Nas práticas vivenciais, nos concentramos no que está sendo explicado, ou ficamos distraídos? É vital fazer o máximo para nos concentrar no que está sendo apresentado. Imite os que falam o idioma com fluência: Os que estudam um novo idioma são incentivados a não apenas ouvir atentamente, mas também a tentar imitar, ou copiar, a pronúncia e a maneira de falar dos que são fluentes na idioma. Isso os ajuda a evitar desenvolver um 2 sotaque muito forte que dificulte que outros os entendam. Falar um idioma envolve não apenas entender, mas usar, explicar e ensiná-lo a outros. Memorize: Quem estuda um novo idioma precisa memorizar muitas coisas novas. Isso inclui novas palavras, expressões, situações. Certamente faríamos bem em memorizar diálogos contextualizados e músicas que correspondem a uma estrutura sinalizada. A repetição: esta ajuda a fixar a memória. Assim repetidos lembretes são essenciais para nosso aprendizado. Leia de forma audível: Alguns tentam estudar um novo idioma de forma silenciosa ou imaginária. Isso não produz os melhores resultados. Quando estudamos uma idioma, talvez precisemos, às vezes, ler "em voz baixa" para ajudar na nossa concentração. Com isso, o assunto fica mais bem gravado na mente. Estude a gramática: A certa altura, é benéfico estudar a gramática, ou os princípios e regras do novo idioma que estamos aprendendo. Isso nos permitirá entender a estrutura do idioma, habilitando-nos a falar corretamente. Continue a fazer progresso: A pessoa talvez aprenda o suficiente para uma conversa comum, mas depois pare de progredir. Esteja disposto a e expandir seu vocabulário, por assim dizer. Sem desanimar, lembre-se sempre de comparar seu progresso no aprendizado não com os outros, mas sim com o que já conseguiu alcançar. Estabeleça horários de estudo. Períodos de estudo curtos e regulares são mais eficazes do que longos períodos ocasionais. Estude quando estiver atento, menos sujeito a distrações. Aprender um novo idioma é como abrir caminho numa floresta. Quanto mais se usa a trilha, mais fácil fica o percurso. Se a trilha não for usada por muito tempo, a mata logo a fechará. Assim, persistência e constância são vitais. Fale! Fale! Fale! Alguns que estão aprendendo um novo idioma talvez hesitem em se expressar nesse por timidez ou medo de errar. Isso pode impedir seu progresso. Com relação a este aprendizado, aplica-se o antigo ditado: "A prática faz a perfeição." Quanto mais a pessoa exercita esta nova comunicação, mais à vontade se sente de usá-la. 3 O QUE CONTRIBUI PARA O ÊXITO (Revista Despertai. 08 de Janeiro de 2000 - Gostaria de aprender outro idioma? § 12-13) ● Motivação. Você precisa de um incentivo — uma razão para atingir o seu alvo. Alunos com grande motivação geralmente se saem melhor. ● Humildade. Não exija demais de si mesmo — erros são inevitáveis, especialmente no começo. “As pessoas vão rir”, diz Alison, “por isso tenha senso de humor!” Valerie concorda: “Você é como um bebê que está aprendendo a andar. Você tropeça e cai frequentemente, mas tem de se levantar e tentar de novo.” ● Paciência. “Os dois primeiros anos foram difíceis para mim e às vezes tinha vontade de desistir”, admite David. Mesmo assim, ele reconhece: “Vai ficando mais fácil.” Jill também acha a mesma coisa. “Você não acredita que fez muito progresso até que olha para trás”, diz ela. ● Prática. Exercícios regulares vão ajudá-lo a se tornar fluente no idioma que está aprendendo. Procure praticar todos os dias, mesmo que seja apenas alguns minutos. É como diz certo livro didático: “Melhor ‘pouco e sempre’ do que ‘muito mas raramente’.” 3 Recursos úteis: ● Cartões de fixação. Cada cartão contém uma palavra ou frase na frente e a tradução no verso. Se não estiverem disponíveis onde mora, você pode montar sua própria coleção usando um fichário. ● DVDs e Vídeos pedagógicos. Ajudam-no a aprender por escutar o idioma falado de maneira correta. Por exemplo, enquanto dirigia o carro, David aprendeu o básico de japonês escutando fitas cassete de um livro de bolso para viagens. ● Programas de computador interativos. Alguns desses permitem gravar a voz e comparar a sua pronúncia com a dos falantes nativos. ● Filmes e Televisão. Se na região onde mora houver programas no idioma que está aprendendo, por que não sintonizá-los para verificar quanto consegue entender? ● Revistas e Livros. Tente ler matérias na língua que está aprendendo, certificando-se de que o nível de compreensão não seja nem muito avançado nem muito básico. 4 A ESTRUTURAÇÃO DA LIBRAS Classificadores Um classificador (CL) é uma forma que estabelece um tipo de concordância em uma língua. Na LIBRAS, os classificadores são formas representadas por configurações das mãos, braços, dedos e todos o corpo para transmitir ações, formatos de objetos e situações, que lembram à realidade complementando o sentido da frase, situação ou sinal. Ajudam construir sua estrutura sintática, através de recursos corporais que possibilitam relações gramaticais altamente abstratas. Expressões Corporais e Faciais É a movimentação do corpo, braço, dedos, rosto, boca e olhos para o auxilio da sinalização. Usamos para identificar sujeitos, objetos e ações. Auxilia no processo de comunicação, pois a nossa comunicação com um surdo estará bem ligada a expressões faciais e posicionamento corporal, pois muitos sinais em sua configuração têm como traço diferenciador as expressões. Iconicicadade A modalidade gestual-visual-espacial pela qual a LIBRAS é produzida e percebida pelos surdos leva, muitas vezes, as pessoas a pensarem que todos os sinais são o “desenho” no ar do referente que representam. É claro que, por decorrência de sua natureza linguística, a realização de um sinal pode ser motivada pelas características do dado da realidade a que se refere, mas isso não é uma regra. Mas a grande maioria dos sinais da LIBRAS são arbitrários, não mantendo relação de semelhança alguma com seu referente. Histórico e Cultura Muitos sinais principalmente no Brasil são carregados de uma história de formação e cultura. Para entender por que ele recebe esta formação devem ser analisados os fatos e acontecimentos anteriores a seu uso. Com o passar do tempo, muitos outros sinais passam a ser criados ou modificados de acordo com a necessidade e surgimento de fatos na história da comunidade surda, e muitos outros vem sendo substituídos e modificados com o tempo. Além de passarmos pelo processo do dialeto do País, temos Regional e Social dando a possibilidade de variações destes. Empréstimos Linguísticos Como em toda língua a LIBRAS se apropria de alguns sinais são realizados através da soletração, uso das iniciais das palavras, cópia do sinal gráfico pela influência da Língua Portuguesa escrita. Estes empréstimos sofrem mudanças formativas e 4 acabam tornando-se parte do vocabulário da LIBRAS. Além de passar a fazer empréstimos de outros sinais provenientes de países com a Língua de Sinais mais desenvolvida. Sinais Da mesma forma que nas línguas orais-auditivas existem palavras, nas línguas de sinais também existem ítens lexicais, que recebem o nome de sinais, que são gestos específicos usados para identificar uma pessoa, objeto, animal ou ação. Os sinais surgem da combinação de configurações de mão, movimentos e de pontos de articulação no espaço ou no corpo onde os sinais são feitos, os quais, juntos compõem as unidades básicas da LIBRAS. Aspectos Linguísticos A LIBRAS como o português tem sua estrutura linguística, desde a Fonologia - que denominamos os 5 Parâmetros-, morfologia, sintaxe, semântica, lexicologia e pragmática. LIBRAS Está é a Língua de Sinais usada pelas comunidades de surdos no BRASIL, reconhecida pela Lei 10.436. Ela não é uma simples gestualização, assim como as diversas línguas naturais e humanas existentes, ela é composta por níveis linguísticos, a diferença está pautada ma sua modalidade de articulação, visual-espacial. Assim sendo, para se comunicar em LIBRAS, não basta apenas conhecer sinais. É necessário conhecer a sua gramática para combinar as frases, estabelecendo comunicação. Assim, a LIBRAS se apresenta como um sistema linguístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. 5 UNIDADE 1 UNIDADE 1 Encontros e Desencontros 6 O Encontro 7 8 DATILOLOGIA A Datilologia, arte de conversar usando os dedos, é usada em muitas línguas gestuais, com vários propósitos: representar palavras (especialmente nomes de pessoas ou de localidades) que não têm gesto equivalente, para ênfase ou classificação, para se ensinar ou aprender uma determinada língua gestual usando a oral como referência. Fazemos grande uso desta para, soletrar palavras ou nomes próprios, usar os numerais, recursos matemáticos e ditar textos. A Datilologia tem a sua origem em Espanha. A sua fonte conhecida mais antiga, a obra do monge franciscano Mechor Sánchez de Yebra (1526-1586), foi publicada em 1593. Outro monge espanhol, contemporâneo de Sánchez Yebra, Pedro Ponce de León (1508-1584), também tinha feito uso de um alfabeto manual para educar vários meninos surdos. A difusão alcançada pelo alfabeto manual de Sánchez de Yebra. Pablo Bonet era secretário da família Fernandez de Velasco, que tinha vários surdos, por causa dos frequentes casamentos entre parentes, realizados para manter o patrimônio vinculado à família. No século XVIII, a Datilologia surgiu em França, através de Jacob Rodriguez Pereira e em 1816, através de Thomas Hopkins Gallaudet, e foi levada para os EUA. Assim a Datilologia foi inserida nas línguas gestuais, por educadores, tanto ouvintes como surdos, servindo como ponte entre a língua gestual e a língua oral que a rodeia. Hoje a Datilologia se apresenta nas seguintes formas: ALFABETO MANUAL O Alfabeto Manual é a representação em sinais da escrita da língua oral, por sua vez, saber usar e conhecer o alfabeto não é sinônimo de conhecer a língua de sinais. O alfabeto manual segue a mesma estrutura de sequência do alfabeto oral do país, assumindo muitas vezes as formas que as letras se assemelham quando as mãos se movimentam. 9 REPRESENTAÇÃO NUMÉRICA: Os numerais são as variações que a mão predominante assume se assemelhando ao referente: números de Quantidade, Ordinais, Cardinais, variações. Fazemos uso destes quando precisamos sinalizar; número de casa, idade, aulas de matemática, horas, quantidades, ordem e outros. Quando usamos números de mais de 2 dígitos movimentamos a mão da esquerda para a direita, separando bem dando melhor visual da escrita espacial. CARDINAIS São usados para definir valor numérico, como número de telefone, casa e operações matemáticas. Nas dezenas a mão fica parada. Nos números de 1-4 a palma da mão fica virada para o corpo. Nos números que tem o zero a esquerda, apenas rotacionará o pulso. Os números 11, 22, 33, 77 são sinalizados com o dedo indicador para frente e vibratório, não repetitivo. Quantidade Estes são usados para definir quantidade específica de algo. As quantidades de 1 ao 4 são sinalizadas a partir do dedo indicador virados com as pontas para cima. As quantidades de acima de 5 são sinalizadas da mesma maneira que os números cardinais. 10 ORDINAIS Os sinais para 1º a 9º são feitos com a mão tremendo. Os sinais para dezenas (10º, 20º, etc..) São feitos com a mão parada. Variando as situações, classificaremos o contexto para perceber que se trata de um numeral ordinal. Valores Os valores referentes a R$1,00 a R$9,00 são feitos com a mão rotacionando em mesmo sentido. Já os valores de R$10 ,00 em diante são usados os números cardinais com o sinal de real na sequência. VARIAÇÕES ACENTUAÇÃO E PONTUAÇÃO Como na língua portuguesa, precisamos usar também acentuação e pontuação nas palavras ou frases soletradas, de acordo com a necessidade. Assim toda acentuação e soletração, é desenhada com o dedo indicador da mão predominante ou ambas. ´ {} ! ^ , - ~ . “” / ; ? () : 11 MATEMÁTICOS Para efetuar contas precisaremos utilizar tal recurso, assim articularemos os dedos indicadores e outros assemelhando a mão aos símbolos matemáticos aos quais se referem: + % = º √ X SOLETRAÇÃO RÍTMICA (SINAIS SOLETRADOS) Além dos sinais comuns que tem semelhança com seu referente, muitas vezes a língua de sinais faz empréstimos do português de palavras simples e muito usadas, assim denominamos estas palavras soletradas por todas as letras ou as suas iniciais como Sinal Soletrado. REAL NUNCA PAZ TUDO FELICIDADE VIU NADA BAR HISTÓRIA AR CD BEM (dinheiro) SOLETRAÇÃO Na soletração, é de suma importância configurar bem as mãos, destacando altura necessária (preferencialmente usando um pano de fundo, que é o peitoral), suavizar a mudança entre as letras e pausar quando necessário em uma palavra composta. Para isto, é expressado na última configuração articulada uma ênfase levantado, abaixando ou fazendo um leve movimento rápido na última letra da palavra. Quando usamos nossas mãos para soletrar, podemos comparar com uma árvore, o tronco não se meche, apenas as folhas balançam ao vento, ou seja, não precisamos movimentar o braço nem sair com ele do lugar. Para perceber bem a soletração devemos sempre atentar para as sílabas, não letras isoladas, e ler a palavra como um todo ao invés de ler as letras separadas. 12 Resolva as Atividades: 1- ENCONTRE O CAMINHO CORRETO: 2 - LIGUE OS CORRESPONDENTES: ALEGRIA PAZ AMOR CARINHO AMIZADE UNIÃO PERDÃO AMOR CARINHO ALEGRIA UNIAO PERDAO PAZ AMIZADE 13 RELOGIO CACHORRO LAMPADA GALO MACACO COBRA 3- CAÇA PALAVRAS. PROCURE AS PALAVRAS ABAIXO NO ALFABETO MANUAL EMBARALHADO E CIRCULE: 14 4- TRANSCREVA PARA PORTUGUÊS AS MENSAGENS ESCRITAS EM ALFABETO MANUAL: A Se os meus amigos fugirem de mim, fugirao todos os tesouros. __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ B A energia vai para onde a tensao esta. esta __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 5- DITADO: 1- _____________________ 2- _____________________ 3- _____________________ 4- _____________________ 5- _____________________ 6- _____________________ 7- _____________________ 8- _____________________ 9- _____________________ 10- _______________________________________________________________________ 11- _______________________________________________________________________ 15 6- EFETUE AS OPERAÇÕES ABAIXO, DANDO A RESPOSTA CORRETA: 17 36 52 83 +19 +32 +15 +60 _______________ _______________ _______________ _______________ 45 50 89 8.. -18 -24 -38 -4.. _______________ _______________ _______________ _______________ 10 35 15 38 X 8 x 2 x 5 x 3 _______________ _______________ _______________ _______________ 30 150 22 32 : 3 : 10 : 2 :14 14 _______________ _______________ _______________ _______________ 16 7- ESCREVA O ANTECESSOR E SUCESSOR DOS NÚMEROS ABAIXO, DE ACORDO COM O DESENHO: 57___ 76___ 26___ 83___ 57 76 26 83 33___ 29___ 61___ 50___ 33 29 61 50 56___ 42___ 2 ___ 5 ___ 42 ___15 15 ___30 30 ___12 12 ___52 52 ___9 9 ___7 7 ___10 10 ___4 41 8- FAÇA CORRESPONDÊNCIA DA REPRESENTAÇÃO NUMÉRICA COM A EM LIBRAS: VINTE E QUATRO TRINTA E SEIS DOZE CINQUENTA E DOIS QUARENTA NOVENTA E NOVE 40 12 36 24 99 52 17 9 – REGISTRE NA RÉGUA O NÚMERO CORRETO CORRESPONDENTE EM LIBRAS: 10 12 5 15 6 8 10- PINTE CORRETAMENTE OS QUADRINHOS DE ACORDO COM OS NÚMEROS SINALIZADOS: 18 11- ESCREVA QUANTAS VOGAIS E QUANTAS CONSOANTES APARECEM ABAIXO: PALAVRAS VOGAIS CONSOANTES TOTAL Carrinho Boneca Skate Patins Patins Aranha Borboleta Escola Avestruz livraria 12- MARQUE O QUE FOI SOLETRADO: 1 A ( ) JANELA B( ) PANELA C( ) CANELA D( ) MARTELO 2 A ( ) LAVAR B( ) LEVAR C( ) CAVAR D( ) AMAR 3 A ( ) ESCOLA B( ) GRANOLA C ( ) GAIOLA D( ) AMOLAR 4 A ( ) BICO B( ) PICO C( ) RICO D( ) LIXO 5 A ( ) MARIA B( ) MARIO C( ) MARTA D( ) MARCOS 6 A ( C( ) Eu gosto de aprender libras ) Eu gasto muito dinheiro B( D( ) Eu não gosto de aprender sinais. ) Eu tenho muitos gatos 19 13- PEGADINHA: Em 368 a.C., qual foi o filósofo que fez o primeiro registro escrito sobre os surdos e sua comunicação, (língua de sinais)? As palavras do Filósofo: “Suponha que nós, os seres humanos, quando não falávamos e queríamos indicar objetos, uns para os outros, nós o fazíamos, como fazem os surdos mudos, sinais com as mãos, cabeça, e demais membros do corpo?” Para encontrar a resposta, siga as instruções a baixo: 1Faça os cálculos dos números que o professor ditar. 2Localize a resposta nos números abaixo com a referência das letras. 3Coloque sobre a resposta localizada a letra que o professor fará. 4Agora leia e guarde a resposta encontrada da nossa pegadinha. Resposta: ________ ________ ________ ________ 38 96 65 80 ________ ________ 140 247 ________ ________ 55 71 SAUDAÇÕES O cumprimento é uma forma de saudação amigável entre duas pessoas ou entidades, geralmente com algum gesto ou fala. Em toda e qualquer cultura ou povo, se prioriza fazer uso deste. Os gestos que simbolizam os cumprimentos variam de cultura para cultura. No Ocidente e na maioria do mundo, entre homem-homem costuma-se utilizar o aperto de mão. Entre homem-mulher, mulher-mulher que não tem certa intimidade, também. É comum se utilizar um, dois ou até três beijos no rosto entre homem-mulher, mulher-mulher que já são colegas ou amigos há algum tempo. Na língua de sinais seguimos os mesmos padrões culturais de formalidade e informalidade. Apenas a maneira de expressa-los será diferente. No geral os cumprimentos têm a base do sinal para BOM seguindo do momento do dia que a pessoa está vivenciando no momento. Exemplos: 20 14- FAÇA A CORRESPONDÊNCIA CORRETA: Bem, jóia! Oi tudo bem?! Bom Identificação e Sinalização Todas as línguas, passam a ser conhecidas como tal, desde que assumam uma função social e expresse comunicação clara. Assim elas possuem um amplo vocabulário comum. Do mesmo modo acontece na LIBRAS, o vasto vocabulário que esta compreende, é formado não por meio do alfabeto manual, mas é fundamentado com princípios pertinentes a cultura e comunidade em que se vive e partilha. Por isso que a formação intelectual e social dos sinais deve ser bem analisada. Estes sinais são criados a partir de experiências visuais priorizando: a semelhança, ambiente e costume. Por ser uma língua visual precisamos entender não a palavra correspondente a cada gesto, mas sim que sentido no campo visual momentâneo ele transmite, se preocupando apenas com o sentido na língua alvo. 21 Assim cada coisa ou pessoa em um ambiente de convívio social, familiar ou educacional de surdos passa a ser identificado com um gesto eu pode estar ligado a alguma destas três idéias. POR EXEMPLO: Quando nos apresentamos a alguém, usamos soletrar o nome próprio (dactilologia), (este não é de muita relevância no mundo visual), após usaremos o que é popularmente chamado de “SINAL”, pois cada pessoa que participa da “comunidade surda” é batizado com este, e é identificado sempre por este sinal. Como já dito, este sinal é uma característica própria da pessoa. Um nome visual, como o próprio nome diz se trata de uma marca, um traço visual próprio da pessoa. Quando tal pessoa ainda não tem um sinal (nome visual) usa-se o alfabeto manual que compõe o quadro das configurações de mãos usadas na Libras. O alfabeto manual teve origem pela necessidade de representar as letras de forma visual e era usado principalmente para ensinar pessoas surdas a ler e escrever, na Libras o uso do alfabeto manual é caracterizado como um Empréstimo Linguístico. Usamos este gesto quando queremos saber a correspondência em português soletrado para algo ou alguém que estamos apontando. Usamos este gesto quando queremos saber o correspondente em libras para algo ou alguém que estamos apontando. Ou quando estamos caracterizando algo. Árvore _______ bonita. Eu _______ João 22 15 - EXERCÍCIOS DE CARACTERÍSTICAS Perceba as características de cada pessoa abaixo vistas e anote o nome de cada uma delas abaixo de sua figura de acordo com o que for descrito e depois soletrado seu nome. 23 AGORA CRIE O SEU DIÁLOGO 16- MONTE DE ACORDO COM O QUE VOCÊ APRENDEU UM PEQUENO DIÁLOGO EM DUPLA E ESCREVA ELE ABAIXO PARA MEMORIZAÇÃO E APÓS COMPLETO APRESENTE PARA TODA A TURMA COM SUA DUPLA. _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ 24 UNIDADE 2 UNIDADE 2 Identidade, Cultura e Comunidade Surda 25 PIADAS EM LIBRAS Estas atividades abaixo serão textos trabalhados em vídeo algumas piadas com os instrutores. Depois da pormenorização cada aluno fará a reescrita do que foi entendido e sinalizado durante esta aula. O CAMINHONEIRO _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 26 O TOUREIRO _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ O CAÇADOR _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 27 UM POUCO DAS CONCEPÇÕES, HISTÓRICO E VIDA DOS SURDOS 01 Na sequência deverá ser estudado em casa os textos abaixo em grupo para apresentação dos assuntos selecionados pelo professor durante a aula. Esta apresentação precisará conter uma boa exploração de recursos visuais. Nesta haverá a presença de um professor ouvinte para avaliação e complementação. 28 CULTURA SURDA A palavra cultura em si possui vários significados. Pensando em pessoas surdas, ela representa identidade porque pode-se afirmar que estas possuem uma cultura uma vez que têm uma forma própria de apreender o mundo que os identificam como tal. STOKOE, um Linguista americano, e seu grupo de pesquisa, em 1965, foram os primeiros estudiosos a falar sobre as características sociais e culturais dos Surdos. A Linguista surda americana, Carol Padden, esclareceu um pouco mais a conceituação da cultura surda. Para ela, “uma cultura é um conjunto de comportamentos aprendidos de um grupo de pessoas que possui sua própria língua, valores, regras de comportamento e tradições”. PADDEN (1989). Assim podemos esclarecer em outro ponto de vista que a Cultura Surda se dá a partir de três princípios básicos: (1) o estilo de comunicação, visual ou não, (2) o meio em que vive, ou seja, a comunidade que o sujeito vivência suas experiências e (3) a meio ou canal por onde o conhecimento, informação e aprendizagem passam, se o sujeito surdo tem uma percepção do mundo de uma maneira geral dos surdos ou se sofre influência do ouvintismo. Por isso não podemos dizer que basta ser surdo para ser partícipe de uma cultura surda, porque sendo a maioria dos surdos, 95%, filhos de pais ouvintes, muitos destes não aprendem a LIBRAS e não conhecem as Associações de Surdos, que são as Comunidades Surdas, podendo dentro do estudo sócioantropológico ser consideradas apenas pessoas com deficiência auditiva. Hoje há a grande discussão política e firmamento dos direitos de cidadania e linguísticos, as pessoas já fazem uma distinção entre “ser Surdo” e ser “deficiente auditivo” (surdo oralizado). Pois a palavra “deficiente”, que não foi escolhida por elas para se denominarem, estigmatiza a pessoa porque a mostra sempre pelo que ela não tem, em relação às outras e, não, o que ela pode ter de diferente e, por isso, acrescentar às outras pessoas. Ser Surdo é saber que pode comunicar com mãos e aprender uma língua oral-auditiva através desta na modalidade escrita e por opção na modalidade oral, é conviver com pessoas que, em um universo de sons, deparam-se com pessoas que estão percebendo o mundo, principalmente, pela visão, e isso faz com que eles sejam diferentes e não necessariamente deficientes. A diferença está no modo de apreender o mundo, que gera valores, comportamentos comuns compartilhados e tradições sócio-interativas, sendo estes o que realmente moldam a “Cultura Surda”. Por isso podemos afirmar que cultura surda se pauta nestes três pilares, Comunicação, Conhecimento e a Comunidade. As pessoas Surdas em questão de relacionamento tem uma ampla diversidade e preferem um relacionamento mais íntimo com outra pessoa Surda; Suas piadas envolvem a problemática da incompreensão da surdez pelo ouvinte que geralmente é o português que não percebe bem, ou quer dar uma de esperto e se dá mal;. Seu teatro já começa a abordar questões de relacionamento, educação e visão de mundo, própria das pessoas Surdas.O Surdo tem um modo próprio de olhar o mundo onde as pessoas são expressões faciais e corporais. Assim numa visão sócio-antropológica e linguística, a “Comunidade Surda” não é um lugar onde pessoas deficientes, que têm problemas de comunicação se encontram, mas um ponto de articulação política e social. Pois cada vez mais, os Surdos se organizam nesses espaços enquanto minoria linguística que luta por seus direitos linguísticos e de cidadania, impondo-se não pela deficiência, mas pela diferença. Vendo por esse prisma, pode-se falar de Cultura Surda, ou seja, Identidade Surda. O Surdo é diferente do ouvinte porque percebe e sente o mundo de forma diferenciada e se identifica com aqueles que também, apreendendo o mundo como Surdos, possuem valores que vêm sendo transmitidos de geração em geração independentemente da Cultura dos ouvintes, a qual também se inserem. 29 IDENTIDADES SURDAS Segundo a palavra do Skliar (1998:15) sobre o ouvintismo: "Trata-se de um conjunto de representações dos ouvintes, a partir do qual o surdo está obrigado a olhar-se e a narrar-se como se fosse ouvinte. Além disso, é nesse olhar-se, e nesse narrar-se que acontecem as percepções do ser deficiente, do não ser ouvinte; percepções que legitimam as práticas terapêuticas habituais." SURDO NÃO É DEFICIENTE, É APENAS DIFERENTE, com signos diferentes de ouvintes, nós temos signos visuais enquanto que ouvintes têm signos auditivos. É uma perda de tempo usar os signos que os surdos não têm, nós temos a nossa comunicação visual, temos a nossa própria língua, a língua de sinais permite que o surdo crie a sua linguagem interior, entender os conceitos da vida, e além disso também permite que o surdo tenha formação de linguagem e pensamento, ter orgulho de sua diferença, e além do mais é uma língua mais rica do que a falada, como já está comprovado nas pesquisas a que me lancei na área Surdez. Gládis critica a influência do poder ouvintista que prejudica a construção da identidade surda: "É evidente que as identidades surdas assumem formas multifacetadas em vista das fragmentações a que estão sujeitas face à presença do poder ouvintista que lhe impõe regras, inclusive, encontrando no estereótipo surdo uma resposta para a negação da representação da identidade surda ao sujeito surdo." Levando em conta os fatores sociais, familiares, o poder ouvintista que determinam na construção da identidade do sujeito surdo, explicarei aqui as categorias de identidades surdas, uma vez que existem diferenças entre os surdos: Identidade Surda - são as pessoas que têm identidade surda plena, geralmente são filhos de pais surdos, têm consciência surda, são mais politizados, têm consciência da diferença, e têm a língua de sinais como a língua nativa. Usam recursos e comunicações visuais. Identidade Surda Híbrida - são surdos que nasceram ouvintes e posteriormente se tornam surdos, conhecem a estrutura do português falado. Gládis narra a experiência própria: "Isso não é tão fácil de ser entendido, surge a implicação entre ser surdo, depender de sinais, e o pensar em português, coisas bem diferentes que sempre estarão em choque. Assim, você sente que perdeu aquela parte de todos os ouvintes e você tem pelo meio a parte surda. Você não é um, você é duas metades." Identidade Surda de Transição - eu especificaria nesta categoria os surdos que são oralizados, foram mantidos numa comunicação auditiva, são filhos de pais ouvintes, e tardiamente descobrem a comunidade surda, e nesta transição, os surdos passam pela desouvintização, isto é, passam do mundo auditivo para o mundo visual, como é o meu caso. Identidade Surda Incompleta - são surdos que são dominados pela ideologia ouvintista, eles não conseguem quebrar o poder dos ouvintes que fazem de tudo para medicalizar o surdo, negam a identidade surda como uma diferença, são surdos estereotipados, acham ouvintes os superiores. Identidade Surda Flutuante - Os surdos têm consciência ou não da própria surdez, vítima da ideologia ouvintista. São surdos conformados e acomodados a situações impostas pelo ouvintismo, não têm militância pela causa surda, são surdos que oscilam de uma comunidade a outra, não conseguem viver em harmonia, em nenhuma comunidade, por falta de comunicação com ouvintes e pela falta de Língua de Sinais com surdos. COMUNIDADE SURDA, POVO SURDO E SUAS INTERAÇÕES Não se tem registro de quando os homens começaram a desenvolver comunicações que pudessem ser consideradas línguas. Hoje a raça humana está dividida nos espaços geográficos delimitados politicamente e cada nação tem sua língua ou línguas oficiais como, por exemplo, o Canadá que possui a língua inglesa e a francesa. Os países que possuem somente uma língua oficial são, politicamente, monolíngues, os que possuem duas são bilíngues e os que possuem mais de duas, polilíngues. Em todos os países, os Surdos são minorias linguísticas como outras, mas não devido à imigração ou à etnia, já que a maioria nasce de famílias que falam a língua oficial da comunidade maior, a qual também 30 pertencem por etnia; eles são minoria linguística por se organizarem em associações onde o fator principal de integração é a utilização de uma língua gestual-visual por todos os associados. Sua integração está no fato de terem um espaço onde não há repressão de sua condição de Surdo, podendo expressarem-se da maneira que mais lhes satisfazem para manterem entre si uma situação prazerosa no ato de comunicação. As línguas se transformam a partir das comunidades linguísticas que a utilizam. Uma criança surda precisará se integrar à Comunidade Surda de sua cidade para poder ficar com um bom desempenho na língua de sinais desta comunidade. Assim como os surdos estão em duas comunidades precisam manter esse bilinguismo social, e uma língua ajuda na compreensão da outra. As comunidades surdas estão espalhadas pelo país, e como o Brasil é muito grande e diversificado, as pessoas possuem diferenças regionais em relação a hábitos alimentares, vestuários e situação socioeconômica, entre outras. Estes fatores geraram também algumas variações linguísticas regionais. As escolas de surdos, de surdos, mesmo sem uma proposta bilíngue (língua portuguesa e língua de sinais), propiciam o encontro do surdo com outro surdo, favorecendo que as crianças, jovens e adultos possam adquirir e usar a LIBRAS. Em muitas escolas de surdos há vários professores que já sabem ou estão aprendendo com “professores surdos” a língua de sinais, além de oferecer cursos também para os pais destas crianças. Então entendermos que a comunidade surda de fato não é só de sujeitos surdos, há também sujeitos ouvintes – membros de família, intérpretes, professores, amigos e outros – que participam em compartilham os mesmos interesses em comuns em uma determinada localização. Para ser membro da Comunidade Surda, o individuo precisa ter: assimilação e integração com o mundo surdo; incremento de normas e valores partilhados; participação continua nas ações e atividades da própria comunidade, de forma a existir um claro conhecimento de que pertence a comunidade; divide experiências comuns ou diferentes ao longo do desenvolvimento do individuo. Por isso podemos concluir que no Brasil, estas têm como fatores principais a integração da LIBRAS, os esportes, interações sociais, informação e escolarização, criando uma estrutura própria. Assim temos exemplos de comunidades surdas no Brasil: Associações de surdos Possuem estatutos que estabelecem regras, funções e atividades distintas em favor da comunidade surda nela inserida. Participam também dessas comunidades surdas, pessoas ouvintes que fazem trabalhos de assistência social ou religiosa, ou são intérpretes, ou são familiares, pais de surdos ou cônjuges, ou ainda professores. Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos - FENEIS É uma Entidade não governamental, registrada no Conselho Nacional de Serviço Social/CNAS e não está subordinada à CBDS, sendo filiada a World Federation of The Deaf. Foi fundada em 1987 tendo como sede o Rio de Janeiro, mas já possui regionais por todo o Brasil. A FENEIS atua como um órgão de integração dos surdos na sociedade, através de convênios com empresas e instituições que empregam Surdos, bem como tem promovido e participado de debates, seminários, câmaras técnicas, congressos nacionais e internacionais. Em defesa dos direitos dos Surdos em relação à sua língua, à educação, a intérpretes em escolas e estabelecimentos públicos, a programas de televisão legendados, assistência social, jurídica e trabalhista e outros são as funções assumidas pela FENEIS também. Confederação Brasileira de Desportos Surdos - CBDS Fundada em 1984, mas sua história começa bem antes, na década de 50, com o intenso movimento de criação de associações de surdos. No início, as associações funcionavam como espaços de recreação e lazer, mas com o passar do tempo passaram a ser importantes pontos de articulação política e de prática desportiva. Entretanto, nessa época ainda não havia uma organização centralizada e as competições eram muito voltadas para o futebol. Em paralelo, o país vivia também um momento político bastante favorável para o setor dos esportes. O Presidente Getúlio Vargas havia acabado de criar o CND (Conselho Nacional de Desportos) como incentivo ao esporte no país. Escolas de Surdos e Pontos de Encontro Comum A escola sempre será um espaço de encontro surdo, pois, além de ser ela a primeira instituição onde muitos têm a chance de conviver e de se auto identificarem com outros surdos, é também um espaço de convivência. Espaços para encontros 31 de surdos tem sido Shopping, terminal (ônibus), porta de escolas de surdos e outros, nestes espaços também se vivenciam a experiência de participar numa comunidade surda. Grupos Religiosos Há interferência de grupos religiosos em muitas destas comunidades e em vários casos estes mesmos passam a ser uma comunidade pela periodicidade de presença de surdos neste espaço, às vezes, representadas apenas com intuito de evangelização mas cria-se regras grupais e relações de intercambio. RETROSPECTIVA DA EDUCAÇÃO DE SURDOS NO BRASIL O mais antigo registro que menciona sobre ‘Língua de Sinais” é de 368 aC, escrito pelo filósofo grego Sócrates, quando perguntou ao seu discípulo:‘Suponha que nós, os seres humanos, quando não falávamos e queríamos indicar objetos, uns para os outros, nós o fazíamos, como fazem os surdos mudos, sinais com as mãos, cabeça, e demais membros do corpo ? Nessa comunicação de idéias por outros sentidos, a comunicação se dá através dos olhos nos sinais feitos pelas mãos, expressão facial, corporal e, às vezes também, sons, tudo simultaneamente ou também sequenciado e a pessoa precisa ficar atenta a todas essas expressões para entender o que está se dizendo. Este é o universo de uma pessoa que utiliza uma língua de modalidade gestual-visual. A comunicação por sinais foi a solução encontrada também pelos monges beneditinos da Itália, cerca de 530 d.C, para manter o voto do silêncio. Mas pouco foi registrado sobre esse sistema ou sobre os sistemas usados por surdos até a Renascença, mil anos depois. Até o fim do século XV, não havia escolas especializadas para surdos na Europa porque, na época, os surdos eram considerados incapazes de serem ensinados. Por isso as pessoas surdas foram excluídas da sociedade e muitas tiveram sua sobrevivência prejudicada. Existiram leis que proibiam o surdo de possuir ou herdar propriedades, casar-se, votar como os demais cidadãos. Muitos surdos foram excluídos somente porque não falavam, o que mostra que, para os ouvintes, o problema maior não era a surdez, propriamente dita, mas sim a falta de fala. Daquela época até hoje, ainda muitos ouvintes confundem a habilidade de falar com voz com a inteligência desta pessoa, talvez seja porque a palavra “fala” esteja etimologicamente ligada ao verbo/pensamento/ação e não ao simples ato de emitir sons articulados. Apesar desse preconceito generalizado, houve pessoas ouvintes que desenvolveram métodos para ensinar surdos a língua oral de seu país, como, por exemplo, um italiano chamado Girolamo Cardano, que utilizava sinais e linguagem escrita, e um espanhol, monge beneditino, chamado Pedro Ponce de Leon, que utilizava, além de sinais, treinamento da voz e leitura de lábios. Entre estas pessoas que começaram a educar os surdos, algumas acreditaram que a primeira etapa da educação deles devia ser um ensino da língua falada, adotando uma metodologia que ficou conhecida como “método oralista puro”. Outras utilizaram a língua de sinais, já conhecida pelos alunos, como meio para o ensino da fala, foi o chamado “método combinado”. Entre os adeptos da segunda proposta, estavam os professores Juan Pablo Bonet, da Espanha; o Abbé Charles Michel de I’Epee, da França; Samuel Heinicke e Moritz HilI, da Alemanha; Alexandre Graham Beli, nascido na Escócia mas que morou no Canadá e nos Estados Unidos; e Ovide Decroly, da Bélgica. Destes professores, o mais importante, do ponto de vista do desenvolvimento da língua de sinais brasileira, foi I’Epee, porque foi de seu instituto na França, que veio para o Brasil, o Padre Huet, um professor surdo, que, à convite de Dom Pedro II, trouxe este “método combinado”, criado por l’Epee, para trabalhar com os surdos do Brasil. Em 1857, foi fundada a primeira escola para surdos no Brasil, o Instituto dos Surdos-Mudos, hoje, Instituto Nacional da Educação de Surdos (INES). Foi a partir deste instituto que surgiu, da mistura da Língua de Sinais Francesa, trazida por Huet, com a língua de sinais brasileira antiga, já usada pelos surdos das várias regiões do Brasil, a Língua Brasileira de Sinais. 32 O instituto de L‘Eppe contribuiu, também, para o desenvolvimento da LIBRAS porque, em 1896, houve nesta escola um encontro internacional que avaliou a decisão do Congresso Mundial de Professores de surdos que tinha ocorrido em 1880, em Milão. A pedido do governo, viajou para a França, o professor do antigo Instituto, A. i. de Moura e Silva, para avaliar aquela decisão de que todos os surdos deveriam ser ensinados pelo “método oralista puro”. Moura e Silva concluiu em seu relatório que este método não podia servir a todos os surdos. Assim, o antigo Instituto continuou como um centro de integração para o fortalecimento do desenvolvimento da LIBRAS, pois segundo Relatório do Diretor Dr. Tobias Rabelio Leite, de 1871, esta escola já possuía alunos vindos de várias partes do país e após dezoito anos retornavam ‘as cidades de origem levando com eles a LIBRAS. RETROSPECTIVA DA EDUCAÇÃO DE SURDOS NO BRASIL ( II ) As escolas podem ser um dos fatores de integração ou desintegração das comunidades surdas, dependendo da metodologia adotada. Se uma escola rejeita a língua de sinais, as crianças surdas que estudam nesta escola ou não vão conhecer a comunidade surda de sua cidade e, consequentemente, não aprenderão uma língua de sinais ou poderão se interagir com os surdos de sua cidade somente após a adolescência. A partir do Congresso em Milão, em 1880, a filosofia educacional começou a mudar na Europa e, consequentemente, em todo mundo. O método combinado, que utilizava tanto sinais como o treinamento em língua oral, foi substituído em muitas escolas pelo método oral puro, o oralismo. Os professores surdos já existentes nas escolas naquela época, foram afastados, e os alunos desestimulados e até proibidos de usarem as línguas de sinais de seus países, tanto dentro quanto fora da sala de aula. Era comum a prática de amarrar as mãos das crianças para impedi-las de fazer sinais. Isso aconteceu também no Brasil. Mas, apesar dessas repressões, as línguas de sinais continuaram sendo as línguas preferidas das comunidades Surdas por serem a forma mais natural delas se comunicarem. Hoje, há escolas aqui no Brasil que, mesmo ainda sem uma proposta bilíngue, têm se tornado fator de integração da cultura surda brasileira porque as crianças, jovens e adultos se comunicam em LIBRAS, e muitos professores destas escolas já sabem ou estão aprendendo esta língua com instrutores surdos. Por outro lado, várias escolas, em cidades ou estados que não possuem associação de surdos, trabalham ainda somente com uma metodologia oralista e as crianças surdas destas escolas desenvolvem um dialeto entre elas para uma comunicação mínima, mas estas ficam totalmente afastadas da Cultura Surda brasileira e a maioria não tem um bom rendimento escolar. Devido ainda a esta metodologia oralista, há alguns surdos que, rejeitando a Cultura Surda e consequentemente a LIBRAS, só querem utilizar a língua portuguesa, e há muitos surdos que, embora queiram se comunicar com outros surdos em LIBRAS, devido ao fato de terem se integrado à Cultura Surda tardiamente, usam, não a LIBRAS, mas um bimodalismo, ou seja, sinalizam e falam simultaneamente, como os ouvintes quando começam a aprender alguma língua de sinais. Pelo não domínio da LIBRAS, muitos surdos, quando estão em uma situação (eventos acadêmicos, políticos, jurídicos, etc) que exigiria intérpretes de LIBRAS para melhor compreensão, não conseguem entender nem a língua portuguesa nem a LIBRAS, ficando marginalizados, sem poder ter uma participação ativa. Mas se, ao contrário desta situação, houver uma valorização desta língua e, nas escolas, tanto professores como alunos a utilizarem em todas as circunstâncias, poderá haver uma participação efetiva de surdos adultos e dos alunos. Aqui no Brasil, há mais de cem anos atrás, a primeira escola para surdos valorizava a LIBRAS, que era utilizada pelos alunos naquela época. Este respeito à LIBRAS propiciou o surgimento da primeira pesquisa sobre esta língua, que foi publicada em um livro que, através de desenhos e explicação destes, mostrava sinais mais usados pela comunidade surda do Rio de Janeiro. 33 Este livro, Iconografia dos Signaes dos Surdos-Mudos, publicado em 1875, foi feito por um exaluno do Instituto de Surdos-Mudos, Flausino José da Gama que, ao completar dezoito anos, foi contratado por esta escola para ser um Repetidor, ensinando aos seus colegas, em LIBRAS, os conteúdos das disciplinas, segundo o Relatório do Diretor, Tobias Rabello Leite, de 1871.2 Embora nos primeiros Relatórios sobre as primeiras turmas deste Instituto, feitos pelo diretor a partir de 1869, constem o nome de alunas, em número reduzido, posteriormente, durante muitos anos, este instituto se tornou uma escola só para meninos, e meninos livres. Os então educadores consideravam que as meninas surdas, por serem tranquilas e estarem submissas às famílias, não necessitavam de escola, o que seria vantajoso para o governo porque não iria ter gastos para repasse de recursos financeiros na educação para elas. Felizmente essa situação mudou e hoje podemos contar com profissionais surdos, homens e mulheres, que estão se destacando também na área de educação. ATIVIDADE: 02 RESPONDAM AS SEGUINTES PERGUNTAS ABAIXO: A- A palavra cultura possui vários significados. Relacionando esta palavra ao contexto de pessoas surdas, ela representa identidade, sendo assim tem cultura diferente do ouvinte e variável de acordo com o meio. Assim podemos afirmar que nem todo surdo possui uma cultura surda. Pois a cultura surda é percebida e vivenciada por três fatores, defina-os e justifique: ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ B- As Comunidades urbanas Surdas no Brasil têm como fatores principais de integração a LIBRAS, os esportes e interações sociais, por isso têm uma organização hierárquica, para delegação de funções e aprendizagem de responsabilidades. Existem no Brasil alguns grupos de surdos que se organizam neste sentido. Descreva algumas delas e seus objetivos: ______________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ C- A partir do Congresso em Milão, em 1880, a filosofia educacional começou a mudar na Europa e, consequentemente, em todo mundo. O método combinado, que utilizava tanto sinais como o treinamento em língua oral, foi substituído em muitas escolas pelo método oral puro, o oralismo. E posteriormente mudado pelos movimentos da causa. Hoje qual é o método de aprendizagem que é utilizado legalmente em escolas regulares inclusivas com surdos? ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ D- INES é a instituição mais antiga no BRASIL que desenvolve trabalhos, projetos e pesquisas na área da surdez. Como podemos caracterizar este: ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 34 03 QUADROS Reproduzam do mesmo modo que é apresentado pelo professor. Lembrando que se vê espelhado, mas registramos no lado correto. A mão direita do emissor deverá ser a mesma mão direita de receptor. Toda vez que for apontado como final você deverá marcar um X neste quadro específico: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 35 CLASSIFICADORES A língua de sinais brasileira, assim como qualquer língua de sinais, é organizada espacialmente, de forma bastante complexa. O uso do espaço é uma característica fundamental nas línguas visual-espaciais e está presente em todos os níveis de análise. No que se refere ao nível fonológico, um mesmo sinal pode ser realizado em diferentes locais, dentre eles o espaço neutro, que corresponde à área localizada na frente do sinalizante. Dependendo do ponto utilizado no espaço para a realização de um sinal, pode haver a produção de sinais com diferentes referentes. Um classificador (CL)1 é uma forma que estabelece um tipo de concordância em uma língua. 2Na Língua de Sinais, os classificadores são formas representadas por configurações das mãos, braços, dedos e todos o corpo para transmitir ações, formatos de objetos e situações, que lembram à realidade e complementam o sentido da frase, situação ou sinal. Portanto, os classificadores são marcadores de concordância de gênero, número, forma e modo. São muito importantes, pois ajudam construir sua estrutura sintática, através de recursos corporais que possibilitam relações gramaticais altamente abstratas. Por exemplo, para se dizer nessas línguas que "uma pessoa está vestindo uma blusa de bolinhas, quadriculada ou listrada", usam-se expressões adjetivas desenhadas no peito do emissor, mas esta descrição não é um classificador, e sim um adjetivo que, embora classifique, estabelece apenas uma relação de qualidade do objeto e não relação de concordância de gênero (PESSOA, ANIMAL, COISA), que é a característica dos classificadores, como também em outras línguas orais e de sinais. Os classificadores utilizam configurações de mãos que representam alguma propriedade física de uma classe. Podemos ter classificadores para representação: Material Formato Animado (animais e pessoas, também reclassificada como mulher, homem e criança) e inanimado (árvores, objeto de madeira, etc.) Subdividida em objetos longos, planos e arredondados (que podem ser em uma, duas ou três dimensões) e se associa com outras categorias, como consistência, textura, etc. Existem três subcategorizações, como proeminência de curva exterior, objetos com o interior vazio, e também tem relação com a quantia. Consistência Tem três subdivisões: flexível, rígido e não-definido. Está associado com material e forma Tamanho É subdivida em grande e pequeno/a e está associada à forma Localização Relaciona um lugar e está associada com o tipo de objeto Arranjo Relaciona objetos colocados de uma maneira especifica Relaciona uma quantidade e é subdividida em coleção, volume, peso e tempo. Quantia 1 Muitos classificadores são icônicos em seu significado pela semelhança entre a sua forma ou tamanho do objeto a ser referido. As vezes o Cl refere-se ao objeto ou ser como um todo, outras refere-se apenas a uma parte ou característica do ser. (FERREIRA BRITO, 1995) 2 Os classificadores em línguas orais como o japonês e o navajo são sufixos dos numerais e dos verbos, respectivamente. 36 Algumas Configurações de Mãos 37 TAMANHO E FORMA: Para acompanhar a análise dos classificadores, segue abaixo a tabela das Configurações de Mãos - CM . CATEGORIA Fino Plano Plano com ângulo Espessura fina CM EXEMPLOS DE CL 5 45 BARRA-FERRO-CONSTRUÇÃO FIO-DENTAL-FINO 56 ou 53 MESA-PLANA TELHADO-RETO PORTA-ARMÁRIORETA 30 17 45 PRATELEIRA ESTANTE LÂMINA-FERRO LIVRO-FINO ALIANÇA-FINA Espessura média 18 LIVRO-MÉDIO ALIANÇA-MÉDIA Espessura grossa 19 LIVRO-GROSSO ALIANÇA-GROSSA Espessura grossa e densa 28 ESPESSURA-MESA ESPESSURA-SAPATO Arredondado 22 CABO-VASSOURA CANO Arredondado médio e grosso 29 LUMINÁRIA-ARREDONDADA CANECA-COPO Retângulo 18 RÉGUA FAIXA-TESTA FAIXA-CABELO Quadrado 38 PORTA-RETRATO CAIXA-CD QUADRO Largura 14 53 MEDIDA DE ALGUMA COISA PEQUENA Altura 56 HOMEM-ALTO HOMEM-BAIXINHO OBJETO-NOALTO Esses classificadores podem incorporar algum tipo de ação, vejam exemplos a seguir: CANO-AMOLECEU PRATELEIRAS-CAIRAM QUADRO-CAIU FOLHA-CAIU-NO-AR COMETA-CAIU ESTRELA-CADENTE 38 SERES VIVOS E OBJETOS CATEGORIA CM EXEMPLOS DE CL Humano – 1 pessoa 14 49 48 PESSOA/ROBÔ/ET-PASSANDO-UMA-PELAOUTRA PESSOA/ROBÔ/ET-PASSANDO PESSOA/RÔBO/ET-ANDANDO PESSOA-CAINDO PESSOA-DEITADA PESSOA-PARADA Humano – 2 pessoas Humano – 3 pessoas Humano – 4 pessoas 49 51 54 2-PESSOAS/ROBÔ/ET-PASSANDO 3-PESSOAS/ROBÔ/ET-PASSANDO 4-PESSOAS/ROBÔ/ET-PASSANDO Humano – 5 ou mais pessoas 61 PLATÉIA-EM-AUDITÓRIO MUITAS-PESSOAS-CAMINHANDO MUITAS-PESSOAS-VINDO Animal andando 07 (grandes animais) 48 ou 56 (animais em geral, especialmente, de pequeno porte) 36 (aves em geral) Animal nadando Animal rastejando ELEFANTE-ANDANDO 07 CACHORRO-ANDANDO 48 ou 56 GATO-ANDANDO 36 AVES-ANDANDO 57 PEIXE-NADANDO GOLFINHO-NADANDO 57, 14 JACARÉ-RASTEJANDO COBRA-RASTEJANDO LESMA-RASTEJANDO Animal voando 61 Animal pulando 58 BORBOLETA-VOANDO PÁSSARO-VOANDO COLEHO-PULANDO, SAPO-PULANDO Veículos em geral em locomoção 57 AVIÃO-LOCOMOVENDO-SE ÔNIBUS-LOCOMOVENDO-SE, TREM-LOCOMOVENDO-SE, METRÔ-LOCOMOVENDO-SE, CAMINHÃO-LOCOMOVENDO-SE Veículos de duas rodas em locomoção 57 MOTO-LOCOMOVENDO-SE BICICLETA-LOCOMOVENDO-SE O ANDAR DO CACHORRO O ANDAR DO ELEFANTE 39 SINTAXE Nas línguas de sinais, assim como na LIBRAS, apresentam-se vários casos de incorporação de argumento ou complemento. Esse processo é muito frequente e visível devido às características espaciais e icônicas dos sinais. Os exemplos abaixo ilustram esse tipo de incorporação. a) Se o objeto direto do verbo for, por exemplo: prato, rosto, etc, o verbo incorporará este argumento e teremos formas verbais diferentes. b) Incorporação do modo e aspecto Exemplos: LAVAR ESCREVER LAVAR-PRATO ESCREVER-PAPEL LAVAR-ROSTO ESCREVER-TECLADO LAVAR-CARRO ESCREVER-AREIA LAVAR-CABELO ESCREVER-CELULAR LAVAR-ROUPA ESCREVER-QUADRO BRANCO COMER ANDAR COMER-ARROZ ANDAR-DEVAGAR COMER-CHURRASCO-PICADO ANDAR-DEPRESSA COMER-PIPOCA ANDAR-DISTRAÍDA COMER-PIZZA ANDAR-COM-ATENÇAO COMER-SUSHI ANDAR-REBOLADO COMER-MILHO COMER-SANDUICHE VERBOS MANUAIS Em LIBRAS, como dificilmente se pode falar em prefixo e em sufixo porque os morfemas ou outros componentes dos sinais se juntam ao radical simultaneamente, preferimos dizer que os classificadores são afixos incorporados ao radical verbal ou nominal. Por isso o verbo tem a flexão de acordo com o objeto, pessoa ou animal em questão no momento. O classificador em ANDAR (para pessoa) pode ser utilizado também com outros significados como 'duas pessoas passeando' ou 'um casal de namorados' (no caso das pontas dos dedos estarem voltadas para cima), 'uma pessoa em pé' (pontas dos dedos para baixo), etc. Este classificador é representado pela configuração de mãos em V, como se segue: 40 CATEGORIA CM 17 e 44 28 Categoria de verbos manuais 1e7 29 EXEMPLOS DE CL PINCELAR PEGAR-LÁPIS PEGAR-FOLHA PEGAR-LIVRO PUXAR-PRATEIRA PASSAR-ROUPA PINTAR-COM-PINCEL-GROSSO PINTAR-COM-ROLO COZINHAR VARRER PEGAR-CELULAR PASSAR-ESCOVA-SAPATO 7 TIPOS DE CLASSIFICADORES NAS LÍNGUAS DE SINAIS 1) CLASSIFICADORES DESCRITIVOS As descrições visuais podem ser captadas de acordo com as imagens dos objetos animados ou inanimados. Observam-se aspectos tais como: som, tamanho, textura, paladar, tato, cheiro, “olhar”, sentimentos ou formas visuais, bem como a localização e a ação incorporada ao classificador. Essa classificação pode ter até três dimensões: a) dimensional - dar dimensões determinadas e adequadas de acordo com o que está sendo visualizado; b) bidimensional – dar o dobro das dimensões determinadas adequando-as ao que está sendo visualizado; c) tridimensional – dar as três dimensões do que está sendo visualizado dando a sensação de penetração do relevo visual. Na descrição visual para referir a forma, tamanho, textura, paladar, cheiro, sentimentos, olhar”, ou desenhos de forma assimétrica ou simétrica é utilizado, dependendo da situação, uma mão ou duas. DESENHO EXEMPLOS DE CL A FORMA, O MODELO, FUNÇÃO E O TAMANHO DA MOCHILA DESCRIÇÃO DA FORMA, SABOR E LUGAR DO ABACAXI 41 A FORMA, A FORÇA DO JACARÉ OLHAR DE TRISTEZA E CHORO NA FOME A SENSAÇÃO DE ADRENALINA NO SURF CARRO BATENDO NO POSTE MOTO VOANDO NA PISTA ÁRVORE SENDO CORTADA DANÇA DE BALÉ 2- CLASSIFICADORES ESPECIFICADORES A sua função é descrever visualmente a forma, o tamanho, a textura, o paladar, o cheiro, os sentimentos, o “olhar”, os “sons” do material, do corpo da pessoa e dos animais. DESENHO EXEMPLOS DE CL SOM DO RELÓGIO DO DESPERTADOR FORMA HUMANA 42 CELULAR TOCANDO NO QUADRIL FORMA ANIMAL (QUATRO PATAS) FUMAÇA DO CIGARRO FUMAÇA DA EXPLOSÃO DA BOMBA ATÔMICA FUMAÇA DO CHURRASCO FUMAÇA DO FOGÃO A LENHA MCDONALDS VOLKSWAGEN PARIS 3) CLASSIFICADORES DE PLURAL As configurações das mãos substituem o objeto em si sendo com a contínua repetição. CONFIGURAÇÃO DE MÃO “B” EM MOVIMENTO PARA LADO DIREITO INDICANDO VÁRIOS LIVROS NA ESTANTE NA POSIÇÃO VERTICAL EM MOVIMENTO PARA CIMA INDICANDO VÁRIOS LIVROS EMPILHADOS 43 INDICANDO VÁRIOS CARROS ESTACIONADOS UM AO LADO DO OUTRO CARROS NO PÁTIO DA FÁBRICA MUITAS ÁRVORES (FLORESTA) MUITA GENTE (MULTIDÃO) UM CONJUNTO DE POTES LADO A LADO QUADROS ESPALHADOS NA PAREDE (ORGANIZADOS) QUADROS ESPALHADOS NA PAREDE (DESORGANIZADOS) 4) CLASSIFICADORES INSTRUMENTAIS É a incorporação do instrumento descrevendo a ação gerada por ele. • USAR A FURADEIRA • ESCREVER NA AREIA • USAR O REVÓLVER • ESCREVER NO TECLADO • PINTAR COM O PINCEL A PAREDE • ESCOVAR CABELO • PINTAR COM O LÁPIS NO PAPEL • ESCOVAR DENTES • ESCREVER NO PAPEL 44 ATIVIDADES Esta atividade deve ser preenchida e apresentada por todos alunos, criando frases com contextos diversificados para cada verbo com flexão em base dos classificadores. VERBO EXEMPLOS – MÍNIMO 3 COMER ANDAR PEGAR LAVAR PINTAR CORTAR TOMAR Agora cada aluno montará uma história com uma configuração de mãos usando todos os recursos dos classificadores. 45 ENTREVISTA FAÇA AO SEU COLEGA ESSAS PERGUNTAS, ESCREVA A INFORMAÇÃO CLARAMENTE E, QUANDO ACABAR PEÇA AO SEU COLEGA PARA CONFIRMAR AS ANOTAÇÕES E ENTREGUE AO SEU INSTRUTOR. 1. Qual é o seu nome? ___________________________________________________________________________ 2. Onde você mora? ___________________________________________________________________________ 3. Que transporte você usa para vir à aula? ___________________________________________________________________________ 4. Qual seu telefone? ___________________________________________________________________________ 5. Você gostaria fazer o que? ___________________________________________________________________________ 6. Como você soube do curso de LIBRAS daqui? ___________________________________________________________________________ 7. Porque você quer aprender Língua de Sinais? ___________________________________________________________________________ 8. Você sabe outras línguas ? ___________________________________________________________________________ 9. Qual é sua profissão ou trabalho ? ___________________________________________________________________________ 46 DIÁLOGO UM RAPAZ (B) CHEGA E COMEÇA A FALAR EM PORTUGUÊS COM O ATENDENTE (A): B: Olá tudo bem?! Gostaria de uma informação. (Fala em português) A: Desculpe, mas não consigo te entender. Eu sou surdo. B: Ah! Sem problemas. A: Você também é surdo? B: Não, eu sou ouvinte. Mas estou aprendendo LIBRAS. A: Onde você está aprendendo LIBRAS? B: Na escola, estamos tendo um curso para professores. A: Quem está ministrando este curso? B: É um professor de Belo Horizonte, o sinal dele é este. A: Eu não o conheço... Não me lembro... B: Ele é um homem alto, usa barba e é magro. A: Ah, sim! Lembrei. Conheço, sim. Ele ensina LIBRAS muito bem, ele é ótimo. B: Que horas são agora? A: São 2:45. B: Desculpe, estou atrasado. Preciso ir embora. AGORA CRIE O SEU DIÁLOGO _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ 47 48 UNIDADE 3 UNIDADE 3 Rotina 49 ONDE SERÁ A FESTA? Olá como vai?! Você está indo para a festa? Não vou, não estou sabendo de nada. Você querer ir comigo? Claro que sim, eu quero. Mas precisa se vestir bem e passar perfume. Ok, vou arrasar! Encontro você na sua casa. Ok?! Que horas? Por volta de 9 horas da noite. Uau, muito tarde. Quanto tempo vai durar? Acho que até de madrugada. Ok! Mas nós vamos de que? Eu vou enviar mensagem para seu celular para confirmar. Carro ou moto. Qual é seu número? 8825-2564 . Ok, vamos trocar mensagens então. Vamos aproveitar muito. Isso mesmo, vamos conquistar muitas garotas. 50 MINHA ROTINA Descreva abaixo sua rotina diária em português para análise e treino para sua apresentação visualmente em LIBRAS: ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ______________ ______________ ______________ ______________ ______________ ______________ ______________ _____________ _____________ _____________ _____________ 51 CALENDÁRIO PERÍODOS DO DIA 52 53 Horas Hora/Minutos Minutos 1h05min 2h10min 3h15min 1h 5h25min 2hs 6h30min 3hs 7h35min 4hs 8h30min 5hs 8h40min 6hs 9h45min 7hs 10h30min 8hs 10h50min 9hs 11h55min 10hs 12h30min 11hs 13h01min 12hs 14h22min 1h ou 13h 15h34min 18hs 16h47min Meio dia 17h52min Meia noite 19h13min 1min 15Min 20Min 25Min 30Min 45Min 57Min 20h27min 21h39min 22h44min 23h56min 24h17min 54 EXPRESSÕES CORPORAIS GEOMETRIA ESPACIAL Podemos classificá-la como a movimentação do corpo, braço e dedos, no auxilio da sinalização. Este é também o identificador de sujeitos, objetos e ações presentes em um ambiente visual. Assim a utilização deste recurso deve obedecer a uma ordem de posicionamento e espaçamento apropriados. Com esta, visualizamos personagens e cenas em um mesmo campo visual, com dimensões distintas. Dividiremos a geometria espacial em 4 campos de análise: 1 LOCALIZAÇÃO: Este é o lugar onde se específica o posicionamento dos classificadores. Fixando uma vez não poderemos mudá-la de lugar se não houver situação de movimentação do contexto, ou isto confundirá, misturando seres, ações e fatos. EX.: O VULCÃO EM ERUPÇÃO, DESTRUIU UMA IPATINGA E A VALADARES NÃO. IPATINGA VULCÃO VALADARES 2 TRANSPOSIÇÃO: Após localizarmos todos os seres e objetos presentes na situação sinalizada, daremos continuidade com a movimentação e o uso dos verbos flexionados de acordo com gênero, grau e número da cena. Temos duas possibilidades de transposição; a flexão verbal no espaço neutro ou a mudança de lugar dos personagens sinalizados. EX.: O HOMEM ATRAVESSOU A RUA PARA ENCONTRAR A NAMORADA. EX.: A MENINA FOI AO QUINTAL E PEGOU A MAÇÃ NA ÁRVORE. 55 3 INTERMEDIAÇÃO: Esta é a habilidade de sinalizar uma conversa de duas ou mais pessoas contendo ou não um narrador. Conseguindo atingir um posicionamento corporal adequado, teremos um movimento de corpo, pescoço ou expressão facial específicos para identificar qual personagem está sendo representado. Para ser narrador nesta questão a posição corporal deve ser neutra virado para frente. A FILHA FALOU PARA A MÃE: A NOITE PASSEAR POSSO? A MÃE FALOU PARA A FILHA: É MUITO PERIGOSO. A FILHA FALOU PARA A MÃE: POR FAVOR A MÃE FALOU PARA A FILHA: OK! PODE. 4 DRAMATIZAÇÃO (MÍMICA): é um recurso que utilizamos para complementar o sentido de uma idéia dentro dos classificadores e da inteira LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais). Usamos esta para expressar sentido que dê mais graça, emoção e sentido a explicações apropriadas e necessárias. Como em músicas, histórias e poesias, que se tornam um recurso indispensável. EXPRESSÃO FACIAL Esta é de muita importância em um processo de comunicação, pois a nossa comunicação com um surdo estará bem ligada a expressões faciais, pois muitos sinais em sua configuração têm como traço diferenciador a expressão facial. Como nos sinais ALEGRE/TRISTE ou LEMBRAR/ESQUECER encontramos a necessidade do uso desta para diferenciá-los. Há sinais feitos somente com a bochecha como LADRÃO/LADRA ATO-SEXUAL. Outros usaremos a mão e expressão facial, como o sinal BALA, e ALEGRE, acima citado. Mas poderemos classificar algumas expressões faciais em alguns sentidos necessários: - INTENSIDADE/QUANTIDADE: muito, pouco, razoável. - SENTIMENTO: vergonha, medo, raiva, convencimento, tristeza, amor, etc... - TEMPO: recente, hoje, agora, passado, a muito tempo, próximo, perto, futuro. - INTERTEXTUALIDADE: liga assuntos diversos transformando-os em apenas uma história. Ou mesmo do sentido de textos em língua ou situações diferentes. 56 EXPRESSÃO LABIAL E VISUAL Ao sinalizarmos, não falamos as palavras em português e LIBRAS respectivamente, nem fecharemos a boca, pois isto “amarra” a conversa no “português sinalizado”, podendo perder o sentido pois são duas línguas distintas. Será necessário apenas balbuciar barulhos que imitem a realidade do acontecimento ou objeto falado. Há sinais nos quais os sons e expressões faciais complementam os traços manuais, como os sinais HELICÓPTERO, MOTO, PRECAUÇÃO, etc... Além de usarmos o corpo, as mãos e os lábios para expressarmo-nos na língua de Sinais, temos outro função corporal de grande importância, esta é o olho, o qual “fala” por nós. O sentido desta afirmação é comprovado por vários pesquisadores, os quais tem atualmente usado este em itens como: máquina da verdade, testes psicológicos e muitos outros. Na cultura surda o olho transmite o sentimento, motivação da pessoa, demonstra sinceridade e veracidade de uma pessoa, bem como concordância pronominal na gramática. O hemisfério dominante em 98% dos humanos é o hemisfério esquerdo, é responsável pelo pensamento lógico e competência comunicativa. Enquanto o hemisfério direito, é responsável pelo pensamento simbólico e criatividade. Nos canhotos as funções estão invertidas. O hemisfério esquerdo diz-se dominante, pois nele localiza-se 2 áreas especializadas: a Área de Broca (B), o córtex responsável pela motricidade da fala, e a Área de Wernicke (W), o córtex responsável pela compreensão verbal. Resolva as Atividades: 1Leia este pequeno texto e responda as perguntas do professor feitas em sinais em português em sua apostila: João vai a escola todos os dias da semana, mas aos sábados ele costuma ir ao clube com seus pais, é muito divertido, pois ele encontra com todos os seus amigos para brincar e fazer muitas coisas. Aos domingos João vai a igreja pela manha e no restante do dia ele fica em casa brincando de vídeo game se divertindo e mais no final do dia sua mãe faz com ele as ultimas atividades para o outro dia da escola. Perguntas: A-__________________________________________________________________________ B-__________________________________________________________________________ C-__________________________________________________________________________ D-__________________________________________________________________________ E-__________________________________________________________________________ 57 2 Entenda que expressão facial está sendo usada em cada uma das frases expressas pelo professor e coloque seu respectivo número nos parênteses: ( ) DÚVIDA ( ) RAIVA ( ) AFIRMAÇÃO ( ) ÓDIO ( ) EXCLAMAÇÃO ( ) PRESENTE ( ) MEDO ( ) PASSADO ( ) INTERROGAÇÃO ( ) FUTURO ( ) TRISTEZA ( ) AMOR ( ) FELICIDADE 3 Olhe o cronograma abaixo e responda de acordo com as perguntas do professor em LIBRAS: DOMINGO SEGUNDAFEIRA TERÇAFEIRA QUARTAFEIRA QUINTAFEIRA SEXTAFEIRA SÁBADO NOITE TARDE MANHÃ MADRUGADA * * * 58 Perguntas: A- ___________________________________________________________________________ B- ___________________________________________________________________________ C- ___________________________________________________________________________ D- ___________________________________________________________________________ E- ___________________________________________________________________________ F- ___________________________________________________________________________ DIÁLOGO 4 HÁ DUAS MOÇAS SENTADAS NA MESA, LANCHANDO. NO FUNDO DA LANCHONETE. HÁ UM RAPAZ CONVERSANDO COM OUTRO. UMA DAS MOÇAS (A) OLHA PARA O RAPAZ E CHAMA A ATENÇÃO DA OUTRA (B), APONTANDO PARA ELE. A: Olhe. E: O que? A: Aquele rapaz de roupa azul, com bigode, alto. B: No lado direito? A: Sim, à direita. B: Ele é surdo? A: Não, ele é ouvinte. B: Ele sabe bem LIBRAS. Quem o ensinou? A: O Professor da faculdade, ele me falou. B: Você o conhece? A: Sim, nós fomos para uma festa e conversamos muito. B: Mas e depois o que aconteceu? A: Desculpa, mas isso eu não posso te contar. AGORA CRIE O SEU DIÁLOGO E APRESENTE PARA A TURMA 60 61 UNIDADE 4 UNIDADE 4 Relacionamentos e Família 62 (Transcrição do DVD do INES – Curso Básico de LIBRAS II 1º Diálogo) __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 63 __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 64 Agora conte a História de cada um dos Personagens abaixo: Atividade 1- Registre nos espaços abaixo conforme narrado a história desta família, coloque o nome de cada uma e a situação narrada de acordo com a numeração descrita na gravura. 1. __________________________________________________________________________ 2. __________________________________________________________________________ 3. __________________________________________________________________________ 4. __________________________________________________________________________ 5. __________________________________________________________________________ 6. __________________________________________________________________________ 7. __________________________________________________________________________ 65 Atividade 2 - Treine esta árvore Genealógica e faça a sinalização correta que identifique cada um dos parentescos preenchendo um pequeno texto que compreenda as informações repassadas. __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 66 Atividade 3- Pratique a sinalização que usamos para nossos parentescos. Após isso preencher a árvore genealógica abaixo completando com os nomes sinalizados pelo vídeo apresentado. __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 67 Atividade 4- Agora apresente a sua árvore genealógica: Pai _______________________________________________________________________ Mãe ______________________________________________________________________ Avô ______________________________________________________________________ Avó ______________________________________________________________________ Tio(a) ____________________________________________________________________ Irmão(a) _________________________________________________________________________ Irmão(a) _________________________________________________________________________ Primo(a) _________________________________________________________________________ Primo(a) _________________________________________________________________________ Sobrinho(a) ______________________________________________________________________ Sobrinho(a) ______________________________________________________________________ Sogro(a) _________________________________________________________________________ Sogro(a) _________________________________________________________________________ 68 ICONICIDADE E ARBITRARIEDADE A modalidade gestual-visual-espacial pela qual a LIBRAS é produzida e percebida pelos surdos leva, muitas vezes, as pessoas a pensarem que todos os sinais são o “desenho” no ar do referente que representam. É claro que, por decorrência de sua natureza linguística, a realização de um sinal pode ser motivada pelas características do dado da realidade a que se refere, mas isso não é uma regra. Mas a grande maioria dos sinais da LIBRAS são arbitrários, não mantendo relação de semelhança alguma com seu referente. Vejamos alguns exemplos entre os sinais icônicos e arbitrários: SINAIS ICÔNICOS Uma foto é icônica porque reproduz a imagem do referente, isto é, a pessoa ou coisa fotografada. Assim também são alguns sinais da LIBRAS, gestos que fazem alusão à imagem do seu significado, podemos levar em conta também que alguns sinais que não representam seu referente por semelhança visual concreta podem fazer parte deste grupo, por ter significação dentro de um fato usual ou histórico da cultura surda ou da vivência destes nos diferentes ambientes. (quase/pouco, biscoito, mulher, sábado...) Ex: BORBOLETA TELEFONE Isso não significa que os sinais icônicos são iguais em todas as línguas. Cada sociedade capta facetas diferentes do mesmo referente, representadas através de seus próprios sinais, convencionalmente, (FERREIRA BRITO, 1993) conforme os exemplos abaixo: ÁRVORE LIBRAS LSC LIBRAS - Representa o tronco usando o antebraço e a mão aberta, as folhas em movimento. LSC (Língua de Sinais Chinesa) - Representa apenas o tronco da árvore com as duas mãos (os dedos indicador e polegar ficam abertos e curvos). CASA 69 LIBRAS ASL SINAIS ARBITRÁRIOS São aqueles que não mantêm nenhuma semelhança com o dado da realidade que representam. Uma das propriedades básicas de uma língua é a arbitrariedade existente entre significante e referente. Durante muito tempo afirmou-se que as línguas de sinais não eram línguas por serem icônicas, não representando, portanto, conceitos abstratos. Isto não é verdade, pois em língua de sinais tais conceitos também podem ser representados, em toda sua complexidade. Ex.: CONVERSAR PESSOA DEPRESSA PERDOAR JULGAR/JUSTIÇA VARIAÇÕES, HISTÓRIA E CULTURA DAS LÍNGUAS DE SINAIS VARIAÇÃO DE PAÍS: Na maior parte do mundo existem pelo menos uma língua de sinais usada por uma comunidade surda em cada país. Sendo assim, cada país é dotado de um língua de sinais diferente da língua oral usada. Além do mais as línguas de sinais se diferem de país para país, pois sua cultura e formas de percepção se diferem. Mesmo assim as línguas de sinais partem de pantomimas que facilitam a comunicação com usuários de línguas de sinais estrangeiros. 70 NOME (LIBRAS) NOME (ASL) REGIONALISMO: Há também variações linguísticas de acordo com a região dentro de um mesmo país do usuário, pois cada região tem características próprias e costumes predominantes, tanto nas línguas orais e as línguas de sinais. MAS (Rio de Janeiro) MAS (São Paulo) MAS (Curitiba) VARIAÇÃO SOCIAL: Como na língua portuguesa é aceito falar e dizer uma palavra de dois modos variantes (Ex.: Relampejar = Relampear) de acordo com a pessoa, também acontece na LIBRAS podendo ter formas variantes de um sinal, isto acontece quando realizamos um sinal com pequena diferença não alterando seu sentido. AVIÃO AVIÃO VARIAÇÕES HISTÓRICAS: Com o passar do tempo um sinal pode sofrer alterações decorrente aos costumes da geração que o utiliza, ou inovações que o tornam obsoleto, assim há troca ou adaptação frequente entre estes: 71 AZUL (1º) AZUL (2º) AZUL (3º) HISTORICIDADE E CULTURA DOS SINAIS: Muitos sinais principalmente no Brasil são carregados de uma história de formação e cultura. Para entender por que ele recebe esta formação devem ser analisados os fatos e acontecimentos anteriores a seu uso. Com o passar do tempo, muitos outros sinais passam a ser criados de acordo com a necessidade e surgimento de fatos na história da comunidade surda, e muitos outros vem sendo substituídos e modificados com o tempo. BISCOITO: Uma das primeiras fábricas de biscoito do Brasil, foi a Aymoré, que era representada por um índio com uma flecha no nariz, assim passou a usar o sinal do dedo indicador no nariz para identificá-lo. VIAJAR: Este sinal também tem variações de acordo com a região, pois; em Minas o costume era de viajar era de carroça, já no Rio de Janeiro popularizou-se o Avião e em São Paulo foi onde se iniciou o uso de Maria Fumaça. Assim passa a adotar 3 formas de identificar o sinal correspondente a viajar por este motivo, não havendo regra de qual esta correto. Carroça – Minas Gerais Avião – Rio de Janeiro Maria Fumaça – São Paulo 72 CONTRASTES ENTRE A LIBRAS E A LÍNGUA PORTUGUESA Ao apresentar correspondências entre duas línguas de níveis diferentes, muitas vezes encontramos palavras idênticas ou dislexicalizadas (as quais são abertas a muitos sentidos),por isso nos deparamos com uma dificuldade de transmissão entre as línguas em questão, pois não havendo esta análise e diferenciação, praticamos transliteração ou seja dizer exatamente o correspondente único da língua fonte para língua alvo. Esta mudança de sentido de uma palavra ou expressão pode causar um desentendimento e confusão. Por isso, além de entender certas palavras, precisamos entender seus vários sentidos e contextos que estão encaixadas. Pois existem palavras que causam diferença por pouca semelhança em sua estrutura. No português a na LIBRAS temos palavras que trazem estas formas: + Homônimas (Homógrafas e homófonas) que necessitam de um bom complemento para compreensão, exemplo é a palavra banco (estabelecimento financeiro ou objeto de sentar). Ás vezes basta entender a frase em questão: O homem sentou-se no banco do quintal. (objeto de sentar) Consultou, no banco, o saldo de sua conta. (estabelecimento financeiro) + Parônimas são palavras que ao transmitir um assunto também devemos ter cuidado, pois tem som e grafia semelhantes: O Homem negro foi descriminado. (Absolver de crime; tirar a culpa de; inocentar) O Homem negro foi discriminado. (Diferençar, distinguir; discernir) + Sinais Idênticos: são os quais realizamos de forma idêntica, tendo apenas o contexto e sentido diferentes: SÁBADO LARANJA + Sinais Semelhantes: estes apenas se assemelham em forma e tem sentido diferentes: DESCULPAR AZAR 73 CLASSIFICAÇÃO DOS SINAIS Como na língua portuguesa podemos classificar os sinais como: + Sinais com movimento de apenas uma mão: FEIO/FEIA MAU/MÁ TRISTE + Sinais que tem dois movimentos iguais realizados ao mesmo tempo: TRABALHAR CASAR BRINCAR + Sinais que tem dois movimentos diferentes realizados ao mesmo tempo: PAPEL CADEIRA CARTA + Sinais que são realizados através do movimento da face: ATO-SEXUAL (PROSTITUTA) LADRÃO/LADRA / ROUBAR 74 Atividade 1Faça uma pesquisa e registre a maior parte de sinais icônicos que você puder registrar: __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Como podemos definir se um sinal é ou não arbitrário? __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Toda e qualquer língua é criada e ampliada com o passar do tempo e com os acontecimentos que sua comunidade passa. Podemos dizer que a língua de sinais sofre estas alterações da mesma forma que a língua oral. Cite algumas mudanças históricas que os sinais sofrem e o sentido e criação de alguns sinais a partir de uma pesquisa a membros da comunidade surda: __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 75 Sabemos que toda e qualquer língua sofre variações de acordo com algumas situações. Descreva que justificativa cabe em cada uma das seguintes situações propostas: 1 A comunicação entre surdos na Europa e no Brasil tem uma leve semelhança, mas mesmo assim nem todo surdo consegue compreender o outro surdo de um país diferente, por exemplo quando um surdo brasileiro vai para outro país ele fica imerso em um amontoado de dúvidas. 2 Mesmo que um país convencione uma língua de sinais como oficial, podemos encontrar grandes grupos em várias partes do país que tem uma variação linguística, a qual apenas os falantes da mesma entendem claramente. 3 Cada pessoa em língua oral tem sua maneira de comunicar e pronunciar certas palavras, mesmo assim podemos entender claramente sua fala, podemos dizer que o mesmo se encontra na LIBRAS. 4 As palavras bem como os sinais de uma comunicação visual podem ser percebidos de uma forma diferenciada com o passar do tempo, pois de acordo com a comunidade linguística que a vivência, estes adaptam, alteram e incluem novas significações com o passar do tempo e outros sinais são alterados também. ( ( ( ( ) VARIAÇÃO HISTÓRICAS: ) VARIAÇÃO SOCIAL: ) REGIONALISMO: ) VARIAÇÃO DE PAÍS: A AUDIÇÃO E A SURDEZ Cláudia Ap. Valderramas Gomes Você já deve ter ouvido falar na surdez ou na deficiência auditiva como uma diminuição na capacidade de ouvir de um indivíduo. Pois bem, para compreendermos melhor as consequências decorrentes da surdez é importante sabermos mais sobre o processamento normal da audição, que inclui o conhecimento das estruturas anatômicas do ouvido humano e de seu funcionamento. É através da audição que aprendemos a identificar e reconhecer os diferentes sons do ambiente. As informações trazidas pela audição, além de funcionarem como sinais de alerta, auxiliam o desenvolvimento da linguagem, possibilitando a comunicação oral com nossos semelhantes. O SOM E O OUVIDO HUMANO O som é um fenômeno resultante da movimentação das partículas do ar. Qualquer evento capaz de causar ondas de pressão no ar é considerado uma fonte sonora. A fala, por exemplo, é o resultado do movimento dos órgãos fono-articulatórios, que por sua vez provoca movimentação das partículas de ar, produzindo então o som. Perceber, reconhecer, interpretar e, finalmente, compreender os diferentes sons do ambiente só é possível graças à existência de três estruturas que funcionam de forma ajustada e harmoniosa, constituindo o sistema auditivo humano. O ouvido humano é composto por três partes: uma, é externa; as outras duas (internas) estão localizadas dentro da caixa craniana. A parte externa, também chamada de ouvido externo, compreende o pavilhão auricular (orelha), o conduto auditivo e a membrana timpânica. Essa estrutura tem por função receber as ondas sonoras, captadas pela orelha e transportá-las até a membrana timpânica ou tímpano, fazendo-a vibrar com a pressão das ondas sonoras. A membrana timpânica separa o ouvido externo do ouvido médio. No ouvido médio estão localizados três ossos muito pequenos (martelo, bigorna e estribo). Esses ossículos so presos por músculos, tendo por função mover-se para frente e para trás, colaborando no 76 transporte das ondas sonoras até a parte interna do ouvido. Ainda no ouvido médio está localizada a tuba auditiva, que liga o ouvido à garganta. A porção interna do ouvido, também denominado ouvido interno, é muito especial. Nela estão situados: a cóclea (estrutura que tem o tamanho de um grão de feijão e o formato de um caracol), os canais semicirculares (responsáveis pelo equilíbrio) e o nervo auditivo. É nessa porção do ouvido que ocorre a percepção do som. A cóclea é composta por células ciliadas que são estruturas com terminações nervosas capazes de converter as vibrações mecânicas (ondas sonoras) em impulsos elétricos, os quais são enviados ao nervo auditivo e deste para os centros auditivos do cérebro. O processo de decodificação de um estímulo auditivo tem início na cóclea e termina nos centros auditivos do cérebro, possibilitando a compreensão da mensagem recebida. Qualquer alteração ou distúrbio no processamento normal da audição, seja qual for a causa, tipo ou grau de severidade, constitui uma alteração auditiva, determinando, para o indivíduo, uma diminuição da sua capacidade de ouvir e perceber os sons. CARACTERIZANDO A SURDEZ O conhecimento sobre as características da surdez permite àqueles que se relacionam ou que pretendem desenvolver algum tipo de trabalho pedagógico com pessoas surdas, a compreensão desse fenômeno, aumentando sua possibilidade de atender às necessidades especiais constatadas. Quanto ao período de aquisição, a surdez pode ser dividida em dois grandes grupos: • Congênitas, quando o indivíduo já nasceu surdo. Nesse caso a surdez é pré-lingual, ou seja, ocorreu antes da aquisição da linguagem. • Adquiridas, quando o indivíduo perde a audição no decorrer da sua vida. Nesse caso a surdez poderá ser pré ou pós-lingual, dependendo da sua ocorrência ter se dado antes ou depois da aquisição da linguagem. Quanto à etiologia (causas da surdez), elas se dividem em: • Pré-natais — surdez provocada por fatores genéticos e hereditários, doenças adquiridas pela mãe na época da gestação (rubéola, toxoplasmose, citomegalovírus), e exposição da mãe a drogas ototóxicas (medicamentos que podem afetar a audição). • Peri-natais: surdez provocada mais frequentemente por parto prematuro, anóxia cerebral (falta de oxigenação no cérebro logo após o nascimento) e trauma de pailo (uso inadequado de fórceps, parto excessivamente rápido, parto demorado). • Pós-natais: surdez provocada por doenças adquiridas pelo indivíduo ao longo da vida, como: meningite, caxumba, sarampo. Além do uso de medicamentos ototóxicos, outros fatores também têm relação com a surdez, como avanço da idade e acidentes. Com relação à localização (tipo de perda auditiva) da lesão, a alteração auditiva pode ser: • Condutiva: quando está localizada no ouvido externo e/ou ouvido médio; as principais causas deste tipo são as otites, rolha de cera, acúmulo de secreção que vai da tuba auditiva para o interior do 77 ouvido médio, prejudicando a vibração dos ossículos (geralmente aparece em crianças frequentemente resfriadas). Na maioria dos casos, essas perdas são reversíveis após tratamento. • Neurossensorial: quando a alteração está localizada no ouvido interno (cóclea ou em fibras do nervo auditivo). Esse tipo de lesão é irreversível; a causa mais comum é a meningite e a rubéola materna. • Mista: quando a alteração auditiva está localizada no ouvido externo e/ou médio e ouvido interno. Geralmente ocorre devido a fatores genéticos, determinantes de má formação. • Central: A alteração pode se localizar desde o tronco cerebral até às regiões subcorticais e córtex cerebral. O audiômetro é um instrumento utilizado para medir a sensibilidade auditiva de um indivíduo. O nível de intensidade sonora é medido em decibel (dB). Por meio desse instrumento faz-se possível a realização de alguns testes, obtendo- se uma classificação da surdez quanto ao grau de comprometimento (grau e/ou intensidade da perda auditiva), a qual está classificada em níveis, de acordo com a sensibilidade auditiva do indivíduo: Audição normal - de 015 dB Surdez leve — de 16 a 40 dB. Nesse caso a pessoa pode apresentar dificuldade para ouvir o som do tic-tac do relógio, ou mesmo uma conversação silenciosa (cochicho). Surdez moderada — de 41 a 55 dB. Com esse grau de perda auditiva a pessoa pode apresentar alguma dificuldade para ouvir uma voz fraca ou o canto de um pássaro. Surdez acentuada — de 56 a o dB. Com esse grau de perda auditiva a pessoa poderá ter alguma dificuldade para ouvir uma conversação normal. Surdez severa — de 71 a 90 dB. Nesse caso a pessoa poderá ter dificuldades para ouvir o telefone tocando ou ruídos das máquinas de escrever num escritório. Surdez profunda — acima de 91 dB. Nesse caso a pessoa poderá ter dificuldade para ouvir o ruído de caminhão, de discoteca, de uma máquina de serrar madeira ou, ainda, o ruído de um avião decolando. A surdez pode ser, ainda, classificada como unilateral, quando se apresenta em apenas um ouvido e bilateral, quando acomete ambos ouvidos. A RELAÇÃO ENTRE O GRAU DA SURDEZ E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL Sendo a surdez uma privação sensorial que interfere diretamente na comunicação, alterando a qualidade da relação que o indivíduo estabelece com o meio, ela pode ter sérias implicações para o desenvolvimento de uma criança, conforme o grau da perda auditiva que as mesmas apresentem: • Surdez leve: a criança é capaz de perceber os sons da fala; adquire e desenvolve a linguagem oral espontaneamente; o problema geralmente é tardiamente descoberto; dificilmente se coloca o aparelho de amplificação porque a audição é muito próxima do normal. • Surdez moderada: a criança pode demorar um pouco para desenvolver a fala e linguagem; apresenta alterações articulatórias (trocas na fala) por não perceber todos os sons com clareza; tem dificuldade em perceber a fala em ambientes ruidosos; são crianças desatentas e com dificuldade no aprendizado da leitura e escrita. • Surdez severa: a criança terá dificuldades em adquirir a fala e linguagem espontaneamente; poderá adquirir vocabulário do contexto familiar; existe a necessidade do uso de aparelho de amplificação e acompanhamento especializado. • Surdez profunda: a criança dificilmente desenvolverá a linguagem oral espontaneamente; só responde auditivamente a sons muito intensos como: bombas, trovão, motor de carro e avião; frequentemente utiliza a leitura orofacial; necessita fazer uso de aparelho de amplificação e/ou implante coclear, bem como de acompanhamento especializado. 78 CORES E TONALIDADES 79 Descreva as cores encontradas nesta sequência abaixo: (A) _____________________________ (F) _____________________________ (B) _____________________________ (G) _____________________________ (C) _____________________________ (H) _____________________________ (D) _____________________________ (I) _____________________________ (E) _____________________________ (J) _____________________________ 80 Transcrição do DVD do INES – Curso Básico de LIBRAS I ______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ 81 ______________________________________________ ______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ 82 ESTRUTURA DAS FRASES EM LIBRAS Costuma-se pensar que as sentenças da LIBRAS são completamente diferentes do ponto de vista estrutural daquelas do português. Realmente, no que diz respeito à ordem das palavras ou constituinte, há diferenças porque o português é uma língua de base sujeito-predicado enquanto que a LIBRAS é uma língua do tipo tópico-comentário. Nas sentenças do português, a ordem predominante é: sujeito (S)-verbo (V)-Verbo (O)objeto, normalmente chamada de SVO. Assim, as sentenças se estruturam da seguinte maneira: O LEÃO S SUJEITO TODOS OS MENINOS S SUJEITO MATOU V O URSO O PREDICADO GOSTAM V DE FUTEBOL O PREDICADO Nestas sentenças, além da concordância sujeito-predicado que determina quem faz o que no evento descrito pelo verbo da sentença, a ordem também é significativa porque senão não saberíamos qual é o sujeito da primeira sentença “o leão matou o urso” porque tanto o constituinte “o leão” quanto o constituinte “o urso” podem concordar com o verbo. Então, se alterássemos a ordem dos constituintes acima “o urso matou o leão”, o sujeito deixaria de ser “o leão” para ser “o urso”. Além do mais, há o aspecto semântico dos constituintes e do verbo que permite que tanto um quanto outro constituinte seja o sujeito de “matar”, isto é, aquele que mata. Este não é o caso da segunda sentença onde o significado dos constituintes “todos os meninos” e “futebol” não dá margem às duas possibilidades acima. Além do mais, a concordância sujeito-predicado nesta segunda sentença fica ressaltada pelo fato de incluírem a marca de plural enquanto que o segundo constituinte “futebol” está no singular. Neste caso, a ordem é menos relevante para se saber a função gramatical e o papel semântico dos dois constituintes. Entretanto, a primeira sentença poderia ter o seu último constituinte deslocado para a frente da sentença através de operações como por exemplo a topicalização (Tópico Comentário): 83 O urso, o leão matou Ao urso o leão matou TÓPICO COMENTÁRIO TÓPICO COMENTÁRIO Note-se, porém, que nos dois casos houve necessidade de apelo a mecanismos inusuais do tipo entoação e uso da preposição “a”. Nestes casos, “o urso” continua sendo o objeto direto de “matar” e “o leão”, o seu sujeito, apesar de termos a topicalização do objeto, isto é, apesar do objeto direto ser o tópico da sentença e o sujeito e o verbo serem o comentário do tópico. A topicalização é relativamente frequente em português, principalmente, na fala coloquial. Assim podemos concluir que diferente do português, ordem preferencial das sentenças da LIBRAS não segue a estrutura SVO (sujeito-verbo-objeto). As frases em LIBRAS compreendem uma diferença de estrutura, pois a surdez provoca uma visão diferente do mundo que vivem. Assim por fazerem uso principal da visão para entenderem e interagirem no mundo, podemos dizer que o abstrato é algo muitas vezes implícito no período pré-lingual do surdo, com isto em vista o surdo desenvolve a linguagem concreta visual em primeiro plano para depois passar para a abstrata na sua comunicação. É como se fossemos montando um cenário visual, partindo sempre do macro para o micro. O dia, o tempo, o espaço, os objetos, os sujeitos, as ações e por fim as consequências. Assim na Língua de Sinais podemos partir de 5 pressupostos de estruturas de construção de frases: 1 Do Macro para o micro 2 Do concreto para o Abstrato 3 Do passivo para o Ativo 4 Dos Advérbios para os sujeitos (passivo depois ativo) para a ação (verbo) para o resultado. 5 Estrutura Tópico comentário Estrutura das Frases: Advérbios + Sujeito passivo + sujeito Ativo + Ação (Verbo) + Resultado. O cachorro mordeu o carteiro na rua. (Português) RUA CARTEIRO CACHORRO MORDER . (LIBRAS) 84 O homem subiu a montanha, o bode o derrubou e ele caiu no chão. (Português) MONTANHA HOMEM SUBIR BODE DERRUBAR HOMEM CAIR. (LIBRAS) ONTEM RUA CARTEIRO CACHORRO CORRER CAIU Advérbio de tempo Advérbio de Lugar Sujeito Passivo Sujeito Ativo Ação (Verbo) Resultado AMANHÃ CASA VOVÓ EU VOU Advérbio de tempo Advérbio de Lugar Sujeito Passivo Sujeito Ativo Ação (Verbo) HOJE ESCOLA PROVA EU COLEI PROFESSORA VER Advérbio de tempo Advérbio de Lugar Sujeito Passivo Sujeito Ativo Ação (Verbo) Resultado ATIVIDADES DE DIÁLOGOS 1. VOCÊ TEM CANETA? NÃO, NÃO TENHO. ESQUECI EM CASA SEM PROBLEMA ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ 2. VOCÊ QUER DOCE? NÃO, NÃO QUERO. ESTOU COM O ESTOMAGO CHEIO. EU TAMBÉM ONTEM COMI MUITO ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ 3. SUA MÃE TEM CARRO? ELA NÃO TEM. MAS MEU IRMÃO SIM. PORQUÊ?! VOCÊS QUEREM PASSEAR? ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ 85 4. VOCÊ VAI FAZER O QUE? VOU AO SUPERMERCADO. VOCÊS DUAS QUEREM IR? EU QUERO, MAS NO MEU OU NO SEU CARRO? ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ 5. NÓS VAMOS COMER FORA? HOJE EU NÃO TENHO DINHEIRO. AMANHÃ EU VOU! COMBINADO, AMANHÃ NÓS DUAS VAMOS! HOJE, EU VOU SÓ. ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ 6. VOCÊS DUAS QUEREM CONHECER SURDOS NO SÁBADO? SÁBADO, NÃO POSSO, PRECISO ESTUDAR. NO DOMINGO, DÁ À TARDE, É POSSÍVEL. ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ 7. VOCÊ SABE ONDE FICA O SUPERMERCADO ARAÚJO? EU NÃO SEI, MAS O SIMÕES É LOGO ALI OK! OBRIGADO! ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ 8. DESCULPA, MAS EU NÃO ENTENDI O QUE VOCÊ ME DISSE. EU DISSE QUE EU NÃO VOU A FESTA. PORQUE? ESTOU MUITO CANSADA ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ 9. QUE HORAS O ÔNIBUS PASSA NO DOMINGO? DESCENDO PARA O CENTRO 2 HORAS (14HS). NOSSA! COMO DEMORA. ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ 10. EU NÃO ESTUDEI NADA PARA PROVA DE HOJE. EU ESTUDEI UM POUCO, MAS ACHO QUE ESTÁ DIFÍCIL. EU TENHO MEDO DE NÃO PASSAR CALMA, VAI DAR CERTO. ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ 86 QUE SIGNIFICA "SABER VOCABULÁRIO"? Embora pareça natural ao leigo relacionar domínio sobre uma língua com quantidade de vocabulário, não existe no âmbito da linguística aplicada teoria equacionando habilidade em línguas com conhecimento de vocabulário. Nem habilidade nem conhecimento teórico em língua estrangeira podem ser medidos pelo número de palavras que a pessoa "sabe". Em primeiro lugar, devemos investigar o significado de "saber", de "ter" ou de "conhecer". Saber uma palavra significaria apenas reconhecê-la quando a vemos, ou seria mais do que isso: dispor dela para expressarmos nossos pensamentos? Bastaria o conhecimento passivo, ou esse conhecimento teria que ser ativo? E bastaria reconhecê-la na sua forma escrita, ou teríamos que ter também a habilidade de reconhecê-la na sua forma oral? E se a reconhecêssemos na sua forma oral, seria o bastante reconhecê-la quando pronunciada isoladamente e claramente, ou teríamos que ter a habilidade de reconhecê-la quando pronunciada dentro de uma frase em velocidade normal de conversação, às vezes em meio a outros ruídos? Por aqui já poderíamos concluir que a maioria de nós não tem um conceito claro do significado de "saber uma palavra". Entretanto, existem ainda muitos outros argumentos para demonstrar que não se mede conhecimento nem fluência em línguas pelo número de palavras que se "sabe". Como classificaríamos por exemplo uma palavra como o verbo ficar do português ou o verbo take do inglês, para os quais podemos facilmente encontrar uma dezena de significados? Saber apenas um ou dois dos significados seria "conhecer" o verbo? • E mesmo que tivéssemos pleno conhecimento, passivo e ativo, sobre a forma escrita e oral de palavras como por exemplo o adjetivo large e o substantivo lie, porém não soubéssemos que a combinação de ambos (*large lie) não ocorre jamais, como classificaríamos a situação? • Na hora de contabilizar os vocábulos que conhecemos, palavras como sofismar e dobradiça teriam o mesmo peso que beber e casa? Até que ponto o fato de talvez não sabermos como se diz dobradiça em inglês pode comprometer nossa fluência? A contagem deve levar em consideração que algumas palavras têm uma probabilidade de ocorrência dez ou vinte vezes maior do que outra? • Se soubermos por exemplo que give significa dar, e que a preposição in corresponde a em, porém se não soubermos que give in significa ceder ou que give up significa desistir ou abandonar, como fica nossa contabilidade? • Finalmente, o que faríamos nesta contagem com partículas funcionais como preposições e artigos, praticamente desprovidas de conteúdo semântico, especialmente quando comparadas a verbos e substantivos? • Podemos concluir, portanto, que é praticamente impossível quantificar vocabulário, e podemos também inferir que habilidade (fluência) em línguas não está diretamente relacionada a simples familiaridade com vocabulário. Só a estruturação gramatical da língua, isto é, a forma como o pensamento é estruturado, já é tão ou mais importante do que seu vocabulário. Uma coleção de palavras nunca chegará a formar uma língua. São necessárias as regras do jogo além das peças. Línguas são fenômenos complexos que incluem também fonética, morfologia, sintaxe, cultura, etc. "Linguagem é um sistema de representação cognitiva do universo pelo qual as pessoas constroem suas relações", como colocou uma frequentadora do nosso site. Sistema esse, moldado pela identidade cultural de cada nação. Assim como não é o número de páginas que determina a qualidade de um livro, nem a quantidade de cores que determina a beleza de um quadro, não é o número de palavras que influencia diretamente o nosso poder de comunicação. 87 Se fosse possível quantificar conhecimento sobre vocabulário, poderíamos nos arriscar a dizer que plena proficiência em um idioma estrangeiro, ou seja, fluência, depende 80/90% de pronúncia, 70/80de gramática e talvez 10/20% de vocabulário (apenas 5% segundo Hammerly, considerando-se todas as palavras existentes no dicionário). Portanto, habilidade em línguas não está diretamente relacionada simplesmente a familiaridade com vocabulário e, por esta razão, vocabulário não deve ser colocado como a grande prioridade durante a fase inicial do aprendizado. Vocabulário tende a ser mais facilmente assimilado à medida em que o aprendiz familiariza-se com a estrutura gramatical da língua e mais corretamente assimilado à medida em que se familiariza com a pronúncia da língua. Além disso, o ensino de vocabulário não deve ser predeterminado e dirigido, mas sim deve seguir um desenvolvimento naturalmente direcionado aos interesses do aprendiz e que progride na medida em que há contato com a língua em situações reais de comunicação Disponível em: http://www.sk.com.br/sk-voca.html Acesso em: 22/11/03 Estratégias para Ensinar e Aprender vocabulário: • • • • • • Estratégias de aprendizagem de novas palavras: Usar dicionários. Criar diagramas para visualizar melhor as relações entre as palavras. Associar palavras e expressões da língua-alvo e da primeira língua. Criar diálogos e outros textos com as palavras aprendidas. Criar exercícios e trocar com os colegas. Criar figuras ou recortá-las de revistas. Caderno de vocabulário (diferentes níveis): - palavras e figuras, - palavras, figuras e frases; - palavras, figuras, frases e explicação; - palavras, figuras, frases, explicação e classe gramatical. Outras formas de organização do caderno de vocabulário: - O professor, a partir de estudo dos textos, faz, com os alunos, uma lista de palavras-chave. - Palavra: foto: Tirei umas lindas em Salvador. fotos - Cada aluno pode comparar seu quadro com os dos colegas. Provavelmente, muitas frases são semelhantes porque temos a tendência de usar as palavras mais ou menos nos mesmos contextos. 88 Organização da palavra foto num caderno de vocabulário: NOME EXPRESSÃO ADJETIVA de(o) casamento uma foto de(o) aniversário do casal VERBO NOME NOME ADJETIVO ruim uma foto uma foto colorida tirar revelar clara ver Exemplos de frases: Ele encontrou umas fotos. Eu tirei umas fotos muito ruins. Eu vi as fotos do casamento do João. Palavras deslexicalizadas: estudo em diagrama. RELACIONAMENTOS OBJETOS TER SENSAÇÕES IDADE Para completar o diagrama, crie exemplos de frases com os alunos. Por exemplo: Eles têm um DVD. Eu tenho dois amigos que moram em São Paulo. Eu tenho 30 anos. Eu tenho dúvidas a respeito de sua honestidade. Eu tenho medo de viajar à noite. Observe ainda que o verbo TER, acompanhado de QUE ou DE, pode indicar obrigação, necessidade: Eu tenho que arrumar a casa. Eu tenho que pagar os impostos. Observe outros usos: Você tem horas? Eu tenho um compromisso. Tem marmelada nessa história. Hoje tem chuva. Eu tenho alergia. Ele tem uma conta no banco 89 Observe outros exemplos em língua portuguesa e crie um diagrama com os alunos: - DAR Muitas vezes o trabalho não dá satisfação. Meu filho me dá muita alegria. Ele me deu muita preocupação. Ele dá para a música. Nós demos um presente a ela. Nós demos informações aos alunos. Nós damos oportunidade de aprendizagem. - TOMAR Eu tomei banho. Eu tomei uma chuverada. Nós tomamos dinheiro emprestado. Eu não tomo cerveja. Nós tomamos as dores dos filhos. - SER A loja é no centro. O encontro será na praça. É hora do almoço. Ela é minha irmã. Eles são muito simpáticos. Eles são bonitos. - LEVAR Eu levei um susto com você. Nós levamos os alunos para a festa. Eu levei um prejuízo nessa compra!!! Nós levamos as bagagens até o carro. João leva tempo para entender as coisas Depois de entendido como se faz construções de frases em português e suas adaptações para LIBRAS, faça um diagrama e monte várias frases em contextos diferenciados. 90 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ALBRES, Neiva de Aquino. NEVES, Sylvia Lia Grespan. De Sinal em Sinal: comunicação em LIBRAS para aperfeiçoamento do ensino dos componentes curriculares. 1ª edição – São Paulo SP, 2008. BRASIL. O tradutor e intérprete de língua brasileira de sinais e língua portuguesa / Secretaria de Educação Especial; Programa Nacional de Apoio à Educação de Surdos - Brasília: MEC; SEESP, 2004. BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma gramática de línguas de sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro: UFRJ, Departamento de Linguística e Filologia, 1995. FELIPE, Tanya A; MONTEIRO, Myrna S. LIBRAS em Contexto: curso básico, livro do professor instrutor – Brasília : Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos, MEC: SEESP, 2001. PIMENTA, Nelson; QUADROS, Ronice Muller de. Curso de LIBRAS 1. Rio de Janeiro : LSB Vídeo, 2006. QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de sinais brasileira: estudos linguísticos. Porto Alegre : Artmed, 2004. VASCONCELOS, Silvana Patrícia; SANTOS, Fabrícia da Silva; SOUZA, Gláucia Rosa da. LIBRAS: língua de sinais. Nível 1. AJA - Brasília: Programa Nacional de Direitos Humanos. Ministério da Justiça / Secretaria de Estado dos Direitos Watch Tower Bible and Tract Society of Pennsylvania. Sentinela. 15 de Agosto de 2008 – Você fala fluentemente a língua Pura? §21-25. Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados. Cesário Lange, SP. Watch Tower Bible and Tract Society of Pennsylvania. Despertai. 08 de Janeiro de 2000. “Gostaria de aprender outro idioma?” § 12-13. Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados. Cesário Lange, SP. 91