“O narrador conta o que ele extraí da experiência – sua própria ou aquela contada por outros. E, de volta, ele a torna experiência daqueles que ouvem sua história” Walter Benjamin O QUE É MEMORIAL? O Memorial se constitui em um exercício de interrogação de nossas experiências passadas para fazer aflorar não só recordações/lembranças, mas também informações que confiram novos sentidos ao nosso presente. A forma como encaramos certas situações e objetos está impregnada por nossas experiências passadas. A escrita tem o poder de trazer de novo o que, devido à ação do tempo, ficou esquecido em algum lugar da memória. A memória é o ponto de partida e de chegada; ela nos enche de sentido; mistura tudo:sensações, emoções e lembranças. Divide, classifica, organiza, esclarece e confunde. O Memorial é o resultado de uma narrativa da própria experiência retomada a partir dos fatos significativos que nos vêm à lembrança. Fazer um Memorial consiste, então, em um exercício sistemático de escrever a própria história, rever a própria trajetória de vida e aprofundar a reflexão sobre ela. Esse é um exercício de autoconhecimento. É um relato que reconstrói a trajetória pessoal, mas que tem uma dimensão reflexiva, pois implica que quem relata se coloca como sujeito que se autointerroga e deseja compreender-se como o sujeito de sua própria história. Um memorial de formação é acima de tudo uma forma de narrar nossa história por escrito para preservá-la do esquecimento. É o lugar de contar uma história nunca contada até então – a da experiência vivida por cada um de nós para escrever o memorial de formação, a referência principal é sempre o lugar profissional que ocupamos (de professor, de coordenador, de diretor, de formador...) e então, quando necessário, lançamos mão de memórias relacionadas a outras experiências – de filho, neto, amigo etc – que foram relevantes para nosso processo formativo. É importante relatar aspectos positivos e aspectos negativos, dificuldades, problemas, preocupações, inquietações e tudo o que se considerar pertinente. A memória faz e refaz, afasta e aproxima. Utiliza objetos, indícios, imagens, palavras como verdadeiros passaportes para cenários de prazer, alívio e dor, trazidos para a situação atual. Algumas questões que poderão orientar a composição do texto: Como se deu sua alfabetização? Qual era concepção de leitura e de leitor que sustentavam o método utilizado pela professora? A preocupação em ensinar o código alfabético era tão presente quanto o objetivo de desenvolver a compreensão da leitura? Você tinha acesso a livros e lia quando criança? Alguém leu histórias para você? Quem? Como você se sentia nesses momentos? Quais livros você se recorda de ter lido ou ouvido? Para que e para quem você escrevia? O que escrevia? Quando escrevia? BOAS LEMBRANÇAS!