«Memórias e fragmentos de tempos idos» 29 de março Manhã: 11h-12h Tarde: 15h-16h Naturália e Cenáculo: coleções e curiosidades revisitadas 5 de abril Manhã: 11h-12h Tarde: 15h-16h «Prazer e (des)prazer do corpo». Para uma história das conceções sobre o corpo humano na arte 12 de abril Manhã: 11h-12h Tarde: 15h-16h Yabura – a Évora muçulmana 3 de maio Manhã: 11h-12h Tarde: 15h-16h «Heróis, guerras e conquistas ». Viajar ao tempo da Reconquista Cristã 17 de maio Manhã: 11h-12h Tarde: 15h-16h Évora e o espaço envolvente nos primórdios da Cristianização ou Antiguidade Tardia: os dados existentes Mais informações: Telefone – 266 730 480 Correio eletrónico – [email protected] Naturália e Cenáculo: coleções e curiosidades revisitadas 29 de março (sábado) Manhã: 11h-12h Tarde: 15h-16h Frei Manuel do Cenáculo Villas Boas, bispo de Beja e depois arcebispo de Évora (1724-1814), foi um dos homens cuja visão e ação marcaram, de forma indubitável, o espirito iluminista e esclarecedor português de finais de Setecentos, princípios de Oitocentos. Eclesiástico de ofício, isso não o impediu de conciliar os preceitos religiosos com o interesse e importância do conhecimento científico, defendendo que, ambos, em conjunto, deviam catequizar e instruir toda a população, sem exceção. Tal pensamento resultou na reunião da coleção artística que hoje podemos apreciar e estudar no Museu de Évora e cujas origens se atribuem a Cenáculo. Como homem curioso e interessado pelo conhecimento e sabedoria, o conjunto de peças que foi reunindo ao longo de anos incluem, para além de livros, achados arqueológicos e pinturas, um acervo de objetos de Naturália, ou seja, de peças representativas de rochas e minerais e de inúmeros grupos de animais, plantas, flores e frutos. Naturália era a designação/classificação utilizada nos chamados gabinetes de curiosidades (comuns durante a Época Moderna) para coleções ligadas às ciências naturais. Dado o pouco conhecimento existente sobre este núcleo curioso do legado de Cenáculo, dedicamos esta visita à sala onde essas peças se encontram expostas. . «Prazer e (des)prazer do corpo». Para uma história das conceções sobre o corpo humano na arte 5 de abril (sábado) Manhã: 11h-12h Tarde: 15h-16h Podemos falar do corpo na história ou da história do corpo. Porquê? Ora, a historicidade do mesmo é parte integrante, e inequívoca, do devir das sociedades e das civilizações, pois cada cultura, ao longo do tempo, concebeu-o, cuidou-o, modelou-o e venerou-o de acordo com particularidades e atributos específicos – padrões de beleza, estética, harmonia, perfeição, força e sensualidade – em ambos os géneros. Assim, para que possamos conhecer todos esses sentidos – e que atualmente ressurgem de uma forma pujante – é necessário entender os vários ambientes onde a “corporeidade” se desenvolveu, como e porquê, e a forma silenciosa, e bem oposta à sua glorificação, com que foi percecionada e proibida em determinados momentos da História. Se na Antiguidade Clássica, o corpo grego (e depois o romano) era revelador dos ideais de beleza, harmonia e perfeição, veiculados na própria educação dos cidadãos, pois eram treinados com artifício e mestria em ginásios e, note-se, apenas o masculino – o seu corpo era valorizado enquanto elemento de interesse do Estado, contrariamente ao da mulher, totalmente desprezado já na época de profusão do Cristianismo e durante toda a Idade Média, a proibição, a rejeição pelo corpo tornou-se notória. A sua beleza foi puramente esquecida em favorecimento da alma, não implicando, contudo, certas experiências a nível representacional e artístico que pretendiam, de forma subtil, aludir à natureza do corpo e à sua fugacidade. Depois de uma longa restrição das vivências e na maneira de o representar, o corpo volta a renascer nos seus velhos valores marcando, indubitavelmente, o início de uma nova época - o Renascimento. Pinturas e esculturas de corpos anatomicamente trabalhados e perfeitos do período clássico influenciaram os olhares dos artistas, interessados que estavam em reproduzir, novamente, esses valores e todo o conhecimento que veiculavam. Doravante, e numa articulação com as várias transformações quer políticas, quer religiosas ou culturais que alteraram as mentalidades europeias a partir da Renascença, o entendimento dos sentidos construídos para o corpo foi sofrendo alterações de acordo com os padrões sociais, estéticos e sexuais vigentes em cada espaço e em cada tempo, até que chegamos aos nossos dias numa lógica social que, cada vez mais, investe no corpo, enquanto instrumento de poder, de estimulação e de cultivo do “eu”. Toda essa História do corpo pode ser hoje visitada em algumas peças que o Museu de Évora expõe ao público - desde pequenos ídolos proto-históricos, passando pela beleza de algumas estátuas da Antiguidade Clássica e pelas representações estilizadas da Idade Média até à pintura de Época Moderna – e que se pretende realizar interagindo, como é propósito, entre passado e presente. Yabura – a Évora muçulmana 12 de abril Manhã: 11h-12h Tarde: 15h-16h Após a queda do Império Romano do Ocidente, todo o território correspondente à antiga província da Lusitânia foi ocupada por Suevos, Visigodos e, finalmente, no século VIII, por muçulmanos. São inúmeros os testemunhos que dispomos deixados pelos povos oriundos do Norte de África e da Arábia na cidade de Évora, outrora um importante pólo e municipium civium romanorum como já em outras digressões realizadas neste museu tivemos a oportunidade de constatar. A presente visita oferece, então, a oportunidade de viajar até esse período de domínio islâmico onde a urbe era conhecida por Yabura, sendo, inclusive palco de muitos confrontos militares e de divergências políticas que provocaram, no século X, a sua destruição e posterior reconstrução, alcançando – devido à sua posição estratégica e beneficiada pela localização geográfica – o lugar de segunda cidade mais importante do reino taifa com sede em Badajoz. Observando os dados arqueológicos existentes na nossa instituição, provenientes de intervenções realizadas na cidade e no próprio espaço onde o museu se encontra implantado, pretende-se delinear a forte herança do legado árabe que ainda hoje subsiste no traçado urbano e nos hábitos quotidianos dos seus habitantes. «Heróis, «Heróis, guerras e conquistas» . Viajar ao tempo da Reconquista Cristã 3 de maio (sábado) Manhã: 11h-12h Tarde: 15h-16h A ocupação árabe da cidade de Évora terminou em 1165 quando as tropas do nosso primeiro rei, D. Afonso Henriques (1143-1185), lideradas pelo temerário Geraldo, apelidado Sem Pavor – personagem semilendária e representativa dos primórdios da fundação do nosso país – invadiram as muralhas da cidade muçulmana, decepando, segundo a lenda, os vigilantes da cidade: pai e filha. História que acabaria por se materializar no brasão de Évora enquanto memória desses tempos da Reconquista Cristã. A cidade, sob domínio cristão, tornou-se num centro estratégico e político importante, o que motivou o Conquistador a conceder-lhe foral em 1166, estabelecendo nela, alguns anos depois, os chamados freires de Évora ou Milícia de Évora (que mais tarde viriam a dar origem à Ordem de Avis), sob o comando de Gonçalo Viegas Lanhoso. Esses primeiros senhores da cidade desempenharam um papel importante não só na sua defesa como na sua manutenção, e o que resta do seu quotidiano e do seu papel na urbe resulta no espaço sepulcral identificado no nosso museu, durante os trabalhos arqueológicos realizados nos inícios do século XXI, onde se exumaram ossadas humanas pertencentes a cavaleiros que integraram a dita Milícia. Retomaremos, assim, à vida desses homens e da cidade através dos vestígios que o visitante pode contemplar in loco. . Évora e o espaço envolvente nos primórdios da Cristianização ou Antiguidade Tardia :os dados existentes 17 de maio (sábado) Manhã: 11h-12h Tarde: 15h-16h Antiguidade Tardia é um conceito que tem vindo a conquistar importância no seio da historiografia mundial correspondendo, aproximadamente, ao período que se inicia com a designada crise do século III d.C., à progressiva desestruturação e queda do Império Romano do Ocidente – com as consequentes “invasões bárbaras” - terminando com o domínio islâmico da Península Ibérica (século VIII d.C.). Abrange, como se percebe, uma longa cronologia, caracterizada, em especial, pelo desaparecimento da estrutura política imperial romana (não do seu legado cultural) e pela profusão de uma nova religião: o Cristianismo. Fases de instabilidade política e económica, de mudança mental e ideológica são notórias em todos os territórios que faziam parte do domínio romano. Contudo, se bem que, por tradição, se associa a questão «bárbara» à quebra/rutura com o mundo clássico, certo é que, os achados arqueológicos, demonstram nexos de continuidade: as cidades não entraram em decadência, como sempre se julgou - transformaram-se em função da emergência de novos valores sociais e políticos ditados por uma nova religião; existência de um grande investimento nos espaços rurais (villae) por parte das elites urbanas em detrimento da cidade; entre outrosO Évora, como outras cidades do Império, assistiu a este conjunto de fenómenos: viveu períodos de insegurança, visível na construção de uma muralha que ainda hoje persiste; viu surgir novas estruturas religiosas que ditaram uma nova organização do espaço urbano, tornando-se, possivelmente, cabeça de diocese; foi ocupada por visigodos e, finalmente, por muçulmanos. Com base nos parcos achados existentes deste longo período da história da cidade e do seu meio envolvente, presentes na nossa instituição, pretendese visitar e discutir o espólio que atesta a sua posição durante a Antiguidade Tardia.