Porto Alegre, agosto de 2009. Distribuição gratuita Tiragem: 1.000 exemplares N°2 / ANO LXI Melhorias realizadas na biblioteca Apresentamos as melhoras implementadas nas últimos meses em nossa biblioteca, conquistas que vem para qualificá-la cada vez mais. Além disso, texto de Opinião do acadêmico Bruno Leal (4M). Páginas 6 e 7 Copa do Direito Preibas/Chubergs fatura mais um título para sua coleção, em final eletrizante com o Estudiantes. Leia mais sobre como foi a Copa do Direito Contracapa Semestre de lotar o Salão Nobre Entrevista: Carlos Alberto de Oliveira O Presidente da Comissão de Estágios e Exame da Ordem da OAB/RS conversou com “A Toga” sobre a nova lei dos estágios e as polêmicas envolvendo o Exame da Ordem. Páginas 8 e 9 Cultura Síntese dos eventos acadêmicos realizados no último semestre, que lotaram o Salão Nobre e trouxeram nomes de reconhecimento internacional para a Faculdade. Página 10 Resenhas de sites e do livro Contar a lei: as fontes do imaginário político, de François Ost, por Lucas Nascimento (3M), além de poema de Gabriel Aquino Tempo para nada (1N). Página 11 XIX EGED Resumo das discussões da tal edição do Encontro Gaúcho dos Estudantes de Direito, além de comentários de calouros (ou bixos) da delegação da Faculdade sobre as expectativas para seu primeiro EGED. Página 3 A Toga - Agosto de 2009 2 EDITORIAL C omeçando-se mais um semestre, a Gestão Construindo o Caminho, do Centro Acadêmico André da Rocha, tem a satisfação de distribuir a nova edição do jornal A Toga. Conforme plano de gestão, nessa transição de semestres, a segunda edição deveria ser publicada. Para tanto, ainda no primeiro semestre, a gestão solicitou em CGR a formação de uma Comissão Editorial, composta de cinco alunos, para a elaboração deste “A Toga” que você tem agora nas mãos. Cabe-nos, portanto, uma rápida reflexão sobre esse primeiro semestre da Faculdade de Direito. Podemos dizer que o fato mais marcante e mais visível aos olhos dos estudantes dessa casa, foram as mudanças ocorridas na nossa biblioteca. Conforme poderá ser lido nas páginas centrais dessa edição, a biblioteca sofreu grandes modificações, tanto no seu espaço físico, quanto no quadro de funcionários. Foi através do diálogo entre CAAR, Faculdade de Direito e PPGDir que conseguimos fazer com que essas modificações finalmente se concretizassem. Hoje, contamos com uma maior e melhor estrutura para a realização de pesquisas, além de um espaço de estudos melhor organizado e uma redistribuição espacial dos livros, dando, além de funcionalidade à procura pelos volumes, especial atenção aos livros raros. Tais transformações geraram efeito imediato, tanto que até mesmo o fluxo de alunos aumentou dentro do espaço da biblioteca, que hoje está sempre repleta de estudantes. Mais informações sobre a biblioteca podem ser encontradas nas páginas 06 e 07. Tivemos também, no mês de junho, mais um EGED, que este ano foi realizado na cidade de Rio Grande. O encontro contou, mais uma vez, com a presença de uma delegação da nossa Faculdade, organizada pelo CAAR. Os painéis desse ano foram: “O papel do Estado na defesa dos direitos humanos”, “Da creche à universidade: sucateamento e descaso”, “Homoafetividade e o direito à Família” e “Reflexos socioeconômicos da legalização das drogas”, tendo como objetivo incentivar o debate político entre os estudantes de Direito do Rio Grande do Sul e a tomada de decisões que vincularão a Coordenação Regional EXPEDIENTE de Estudantes de Direito (CORED) pelo próximo ano. Nessa edição trazemos, inclusive, informações sobre o trote solidário, o lançamento da Res Severa Verum Gaudium (a revista científica dos estudantes de direito da UFRGS) e os eventos ocorridos nessa primeira metade do ano. Outro ponto de destaque é a efetivação de outra proposta do plano da gestão Construindo o Caminho: a implantação de copos reutilizáveis no CAAR, com vista à diminuição do desperdício e colaboração com as campanhas de proteção ao meio ambiente. Buscando oxigenar o jornal, a Comissão Editorial apresenta também duas novas ideias para o jornal. A primeira delas trata-se do espaço cultural. Nessa edição, são apresentadas resenhas do livro “Contar a lei: as fontes do imaginário político” e de alguns sites, mas que permite a discussão de muitos outros assuntos para as próximas edições. A segunda se trata da realização de uma entrevista sobre estágios e exame de ordem, espaço aberto para a discussão de assuntos de grande interesse dos estudantes da Faculdade. Reiteramos que críticas, sugestões (e até mesmo elogios, por que não?) podem ser enviadas para jornalatoga@ gmail.com. A Toga Jornal dos estudantes da Faculdade de Direito da UFRGS N°2 / ANO LXI / Agosto de 2009 Comissão Editorial Designada: Elis Marina Barbieri (2M), Kauê Petry (5M), Marcelo Azambuja (1M), Thiago Calsa Nunes (3M) e Raíssa Nothaft (2M). Diagramação: Taís Seibt (acadêmica de Jornalismo). Tiragem: 1.000 exemplares. Impressão: Impresso no Jornal Pioneiro/Grupo RBS. A Toga é uma publicação de responsabilidade do Centro Acadêmico André da Rocha. Os textos assinados são de responsabilidade de seus autores. Fundado por Nicanor Luz e José J. Dall-agnol em maio de 1949. DIRETORIA EXECUTIVA DO CENTRO ACADÊMICO ANDRÉ DA ROCHA: Gestão Construindo o Caminho Presidente: Bruno Irion Coletto (5M) Vice-Presidente: Bruno Rodrigues da Silva (5M) Secretaria-Geral: Francisco Ponzoni Pretto (2N) 1ª Tesouraria: José Artigas Leão Ramminger (4N) 2ª Tesouraria: Alexandre Casanova Mantovani (2M) Secretaria Acadêmico: Ezequiel Fajreldines dos Santos (4N) Ouvidoria Estudantil – Manhã: Tássia Cividanes Pazinato (2M), Luiza Cabral Brack (2M) Ouvidoria Estudantil – Noite: Caroline Alcaldes Leal (2N), Renan Machado Guimarães (4N) Secretaria de Ensino, Pesquisa e Extensão: Elis Marina Barbieri (2M); Laura Schmidt Duncan (5M), André Silva Gomes (1M) e Gabriela Souza Antunes (2N) Ouvidoria Estudantil Manhã: Tássia Cividanes Pazinato (2M) e Luiza Cabral Brack (2M) Ouvidoria Estudantil Noite: Caroline Alcades Leal (2N) e Renan Machado Guimarães (4N) Secretaria de Comunicação: Fernanda Stragliotto Bonotto (1M), Raíssa Jeanine Nothaft (2M), Luíza Leão Soares Pereira (2M), Tito Cláudio Moreira (3M) Secretaria de Eventos Acadêmicos: Lucas Gerhardt Gavronski (5M), Letizia Casaril (5M), Letícia Zanevich (2N), Luiz Francisco Stefanello Maioli (5M), Kauê Ávila Petry (5M) Secretaria de Eventos de Integração: Felipe Matte Russomanno (4M), Lucien Carlos Silveira Pires (2N), Camila Souza Julio (4N), Alexandre Luis Schreiner (3M) Secretaria de Eventos Esportivos: Vitor Arthur Correa Lima (2N), Fábio Silveira Rachelle (4N), Guilherme Queirolo Feijó (3N), Natália Piffero Dos Santos (4N), Fernanda Menezes Vedana (3N), Mariana Martins Costa Ferreira (3N) Infelizmente, no final do semestre, tivemos também uma lição sobre a brevidade da vida. Perdemos um amigo, ganhamos algum aprendizado. A duras penas, aprendemos que devemos dar valor a cada pequeno instante, a cada palavra, cada gesto, cada sentimento. Extrair ao máximo o que há de bom em cada aspecto do nosso diaa-dia, e dar a devida importância ao que estamos vivendo nesse exato momento, afinal de contas, não é à toa que o agora também se chama presente. A vida levou um grande aluno, um grande estudioso, um amigo de coração enorme, e, assim, desejamos a todos que sofreram essa perda muita força para seguir adiante. Fica, assim, uma pequena homenagem da Comissão Editorial ao REPRESENTANTES DISCENTES DE Guto, grande pessoa que tivemos a honra de co- GRADUAÇÃO NOS ÓRGÃOS COLEGIADOS DA FACULDADE DE DIREITO DA UFRGS nhecer. Elis Marina Barbieri (2M) CONSUNI Comissão Editorial 1. Ezequiel Fajreldines dos Santos / Elis Marina Barbieri Criada a Revista Res Severa Verum Gaudium A Revista Res Severa Verum Gaudium - Revista Científica dos Estudantes de Direito da UFRGS foi criada em 17 de abril de 2009 pela Gestão Construindo o Caminho do Centro Acadêmico André da Rocha. A Res Severa Verum Gaudium foi elaborada com o intuito de valorizar, publicar e difundir trabalhos (artigos acadêmicos, pesquisas e ensaios) produzidos por estudantes, principalmente os estudantes de graduação em Ciências Jurídicas e Sociais e de ciências afins, tanto na pesquisa, quanto na extensão. Além de incentivar a iniciação científica na Faculdade de Direito da UFRGS, a “Res Severa Verum Gaudium” dá maior destaque à produção dos grupos de pesquisa e extensão, dando um passo a mais ao encontro da excelência acadêmica. A organização da revista é feita pelos membros do Conselho Editorial, que tem a seguinte composição: Bruno Rodrigues da Silva, Ezequiel Fajreldines dos Santos, Elis Marina Barbieri, Raíssa Nothaft e Bráulio Matos. A seleção fica por conta de quatro excelentes professores, que compõem o Conselho Editorial: Humberto Jacques, Judith Martins-Costa, Luis Fernando Barzotto e Leandro Dornelles. No dia 20 de agosto será feita uma cerimônia de inauguração da Revista na Biblioteca da nossa Faculdade, onde contamos com a presença dos alunos, professores e colaboradores da Faculdade de Direito. Estão todos convidados a fazer parte dessa conquista! 2. Raíssa Jeanine Nothaft / Lucas Gerhardt Gavronski COMGRAD 1. Elis Marina Barbieri / Bruno Rodrigues da Silva 2. Tássia Cividanes Pazinato / Laura Schmidt Duncan 3. Alexandre Peinado Praetzel Porto / Fábio Balestro Floriano COMEX 1. Gabriela Souza Antunes / Caroline Alcaldes Leal COMPESQ 1. Raíssa Jeanine Nothaft / Laura Schmidt Duncan DIR 1 1. Natália Piffero dos Santos / Renata Dapper Santos 2. Bruno Irion Coletto / Felipe Matte Russomanno 3. Greice Redlich de Souza / Luiza Massia Osório DIR 2 1. Ezequiel Fajreldines dos Santos / Luiza Cabral Brack 2. Laura Schmidt Duncan / Elis Marina Barbieri 3. Alexandre Casanova Mantovani / Bruno Rodrigues da Silva 4. Francisco Ponzoni Pretto / Renan Machado Guimarães 5. Alexandre Peinado Praetzel Porto / Greice Redlich de Souza 6. Vitor Albuquerque Guimarães / Pedro Almeida Rodrigues 7. Bruno Scalco Franke / Lucas do Nascimento 8. Thiago Calsa Nunes / Aline Amaral da Silva DIR 3 1. Bruno Rodrigues da Silva / Tássia Cividanes Pazinato 2. Raíssa Jeanine Nothaft / Bruno Irion Coletto 3. Caroline Alcaldes Leal / Ezequiel Fajreldines dos Santos 4. Fábio Balestro Floriano / Alexandre Peinado Praetzel Porto 5. Luiza Rocha Lima / Bruno Scalco Franke 6. Gabriela Porto Fernandes / Ronaldo Luiz Kochem DIR 4 1. Tássia Cividanes Pazinato / Kauê Ávila Petry 2. Bruno Irion Coletto / Eduardo Miguel Serafini Fernandes 3. Samuel Sganzerla / Fernanda Portela de Oliveira 4. Pedro Almeida Rodrigues / Luiza Rocha Lima SPPP 1. José Artigas Leão Ramminger / Bruno Irion Coletto COMBIB 1. Bruno Rodrigues da Silva / Rafael Cecagno NAU 1. Francisco Ponzoni Pretto / Alexandre Casanova Mantovani A Toga - Agosto de 2009 3 UFRGS no XIX Encontro Gaúcho de Estudantes de Direito Thiago Calsa Nunes* Marcelo Azambuja** E ntre os dias 11 e 14 de junho, aconteceu em Rio Grande o XIX Encontro Gaúcho de Estudantes de Direito, organizado pela Federação Nacional de Estudantes de Direito, o qual contou mais uma vez com a presença com os acadêmicos da Faculdade de Direito da UFRGS. Pouco mais de 20 pessoas formavam a delegação que saía de Porto Alegre na quinta-feira pela manhã em frente ao Parque Farroupilha para o encontro que teria como mote o Meio Ambiente e a Efetivação dos Direitos Humanos. Apesar do cansaço do horário matutino e a viagem longa até o sul do estado, já no ônibus os participantes contavam para A Toga o que esperavam do encontro e o que os animava a encarar o frio minuano que chega à Lagoa dos patos (veja o quadro ao lado). Chegando à universidade FURG, sede do encontro, a delegação da UFRGS começou a acomodar-se no alojamento reservado para passar a noite, havendo de início a integração entre as pessoas, as quais algumas se falavam pela primeira vez. Nome, ano, cor favorita... E inciava-se o EGED. Após a abertura no salão principal da FURG, teve início o primeiro painel do encontro na quinta-feira à tarde, versando sobre o tema do papel do Estado na defesa dos direitos humanos. Com representantes do Ministério Público e do MST, o destaque ficou por conta da fala de Maria de Fátima Zachia Paludo, sobre o funcionamento e a tarefa da Defensoria Pública como um das portas abertas do judiciário aos desassistidos. Após a exposição, os estudantes se dirigiram aos Grupos de Trabalho (GTs) para discussão dos assuntos colocados, do qual surgiram encaminhamentos para a Plenária Final do encontro. Já na sexta-feira, no segundo painel, tendo como tema central a universidade pública, foram levantados dados sobre o orçamento da União destinado à educação e uma comparação do Brasil com outros países. Professora da Universidade de São Paulo, Deisy Ventura fez a principal fala do painel, analisando temas correntes envolvendo as Faculdades de Direito como o Exame da OAB, a pesquisa e extensão, a importância dos estudantes na participação das questões universitárias e a atuação política enquanto formação cidadã. Ainda na sexta-feira, ocorreu o Encontro Gaúcho das Assessorias Jurídicas Universitárias (EGAJU), com uma oficina facilitada pelo SAJU, da nossa faculdade, em conjunto com outros núcleos de assessoria do estado. O espaço teve boa participação dos estudantes, com destaque para os colegas da UFRGS, mesmo não integrantes do SAJU. O sábado foi o dia mais cansativo do encontro, ocorrendo o Ato Público em defesa da educação no estado, fechando um dos sentidos da rodovia RS 374, e dois painéis seguidos de GTs, com os temas “Homoafetividade e o direito à família” e “Reflexos socioeconômicos da legalização das drogas”. Ambos os painéis invocavam temas que se mostraram polêmicos no encontro, a partir de falas tratando do movimento LGBT e da legalização das drogas ou quaisquer substâncias psicoativas. A plenária final, no domingo, retomou as discussões dos GTs e realizou os encaminhamentos a serem tomados pela Coordenação Regional de Estudantes de Direito - CORED. Em meio às atividades do encontro, ocorreram reuniões desta coordenação – CORERED – que encaminharam uma nova coordenação a ser eleita na plenária pelos estudantes participantes. Com chapa única, o CAAR ocupará a pasta de Relações Institucionais Regionais, cargo o qual manterá até o próximo EGED, que irá ocorrer em 2010 na cidade de Santa Maria, sediado pela UFSM. Ano que vem, é na boca do monte. * Acadêmico do 3º ano/manhã Comissão Editorial de A Toga ** Acadêmico do 1º ano/manhã. Delegação do Direito da UFRGS em frente ao ônibus que a levou ao EGED Por que ir ao EGED? Em meio à viagem, a comissão editorial de A Toga entrevistou a delegação da UFRGS que foi a esta edição do encontro em Rio Grande. Confira algumas respostas sobre como os estudantes pensavam o encontro e quais as expectativas para o EGED. “Conhecer outras pessoas do Direito e aproveitar bastante as oportunidades do encontro.” Gustavo Saling dos Santos (1º N) “A principal expectativa é a de integração com o pessoal de outras faculdades e também pelo aprendizado.” João Antônio Carrarra de Cintra (1º M) “Complementar meus estudos acadêmicos com assuntos que me interessam muito e me integrar com o pessoal, conhecer pessoas de outros anos no curso.” Luciana Passos (1º M) “Participar do EGAJU, que é um encontro de assessorias jurídicas universitárias, para ajudar a fomentar a prática de assessoria em outras faculdades que ainda não possuem núcleos com esta finalidade, também melhorando nossas práticas com o contato de outros núcleos do RS.” Vitor Guimarães (2º N) “Conhecer bastante gente e aproveitar sobretudo o último painel sobre o tema da legalização das drogas, para ver como os estudantes de Direito estão pensando este assunto muito importante.” Pedro Gil (2º N) “Tirar proveito no sentido intelectual, sendo que as palestras parecem ser bem interessantes. Pretendo também conhecer o pessoal, aproveitando as palestras como formação acadêmica.” Aline Monteiro (3º N) “É um espaço de reflexão e de interação. Reflexão porque propicia que aqueles que já conhecem, que tem uma certa bagagem política, possam debater de forma geral com outras pessoas, com visões distintas. E também interação porque no EGED há ações que você faz com as pessoas, que você faz com seus colegas. Há uma inquietude que move o EGED e que se transformam em ações.” Leonardo Serrat (3º M) “Há dois aspectos bem importantes em relação a importância do encontro. Primeiro em relação a ele ser um encontro diferente dos outros por ser um encontro de estudantes, organizado por estudantes e para estudantes. Isso faz com que não seja um evento profissionalizado, voltado para que haja um protagonismo estudantil, seja nos momentos das palestras, seja dos grupos de discussão. O segundo é quanto a interação visto que ficamos muito voltados à nossa faculdade e nesses encontros há uma oportunidade única para que posamos conhecer as experiências dos outros locais, aprender e aprimorar a nossa, de como fazer para que o ensino jurídico seja melhor, como o movimento estudantil pode ser mais ativo, eficaz, debater questões pertinentes.” Rafael Lemes (4º M) “Integrar e unir os estudantes de Direito do Rio Grande do Sul, não só academicamente mas também politicamente. O debate político que este evento proporciona é o grande diferencial para outros eventos de Direito no estado.” Bruno Coletto (5º M) “Como quinto EGED, creio que possa ser divertido e que saia do encontro uma coordenação regional bem estruturada, o que é sempre um desafio a cada encontro. Espero que seja um fórum importante de debate, dada a relevância da questão do meio ambiente, que já há algum tempo deveria ser pauta de um encontro estudantil.” Bruno Franke (5º N) “O EGED acontece todo ano e a gente tem que aproveitar que é um evento diferente de todos os outros que freqüentamos durante o ano todo. Tem a parte acadêmica parecida com outros eventos, mas a diferença é que podemos discutir com os colegas de outras partes do estado e este aprendizado deixa de ser teórico e passa a ser prático também.” Letizia Cazaril (5º M) A Toga - Agosto de 2009 4 Trote Solidário Raissa Jeanine Nothaft* O Trote Solidário é uma iniciativa do CAAR, que já ocorreu em outros anos, mas que tomou proporções ainda maiores nesta gestão. As doações foram em quantidade superior à esperada, sendo a maioria dos materiais doados de qualidade, principalmente quando se trataram de livros e brinquedos. A campanha ocorreu do dia 2/03 até o dia 13/03, datas em que foram recebidas doações no CAAR, que chegaram ao montante de: 24 litros de leite; 200 kg de alimentos 63 produtos de higiene e limpeza 6 fitas VHS infantis 19 mochilas 3 estojos 46 brinquedos 20 itens escolares 85 livros infantis e 230 exemplares, entre livros de cursinho, ensino médio e literatura. As entregas ocorreram nos dias 26 de março e 27 de março. No dia 26, em dois carros levamos as doações destinadas para a Casa Menino Jesus de Praga – fundada em 1984 com a missão de tratar gratuitamente de crianças portadoras de lesões cerebrais profundas. Essa instituição sobrevive de doações. Lá foram entregues: 44 brinquedos, 6 mochilas/ bolsas, 1 estojo, 63 produtos de limpeza e higiene, 6 fitas VHS, 4 livros infantis, os 24 litros de leite e os alimentos não perecíveis. A entrega contou com a presença de membros do CAAR, assim como calouros, que cederam seus carros e seu tempo para que a doação se tornasse possível. No dia 27 um carro da Prorext veio buscar os livros de cursinho e ensino médio para levar para Parte de doação de alimentos feita pelos estudantes de direito o Cursinho Esperança Popular da Restinga. Ele integra o projeto da UFRGS, Conexão dos Saberes. O material foi levado para o colégio municipal Senador Alberto Pasqualine, onde as aulas do cursinho se realizam à noite. Dessa forma, o material ficará disponível a toda comunidade da Restinga, que é bastante carente. Os livros infantis foram destinados às Escolas Municipais de Ensino Fundamental Grande Oriente do RS e Lauro Rodrigues. Essa última doação foi entregue por membros da gestão, em visita posterior. Na primeira semana de aula, os alunos do se- gundo ano levaram, entre colegas e bixos, mais de 25 pessoas até o Hospital Conceição, na zona norte, para a doação de sangue. A colaboração entre bixos e veteranos foi essencial para que esse desejo se concretizasse. O que fica dessa iniciativa é a vontade de que atitudes como essa se tornem tradição do Centro Acadêmico André da Rocha e da Faculdade de Direito, que a cada ano o Trote Solidário se engrandeça, e marque o início dos anos letivos com mais do que tintas e brincadeiras, e sim com um pouco de amor. * Acadêmica do 2º ano/manhã. O fim dos copos plásticos descartáveis no CAAR Gestão implementa idéia de diminuir a utilização de copos descartáveis na entidade para preservar o meio ambiente. Gestão Construindo o Caminho A partir do segundo semestre deste ano, a Gestão Construindo o Caminho, do Centro Acadêmico André da Rocha, buscará implementar mais um projeto de seu plano de gestão: fornecer aos estudantes copos reutilizáveis, diminuindo a utilização de copos descartáveis e preservando o meio-ambiente. A idéia, apresentada no último Conselho Geral de Representantes, consiste em fornecer copos retráteis de plástico aos estudantes. Assim, cada pessoa poderá ter o seu copo – que possui tampa e um tamanho pequeno – evitando a utilização de muitos copos descartáveis em um mesmo dia. Por ser retrátil, pode ser levado no bolso, facilitando a utilização por todos os estudantes. Durante o primeiro semestre deste ano, a Gestão observou que vários estudantes – principalmente nos dias mais quentes do ano – se utilizavam de muitos copos descartáveis no mesmo dia. A partir disso, passou a incentivar as pessoas a escrever seu nome no copo, para reutilizá-los posteriormente. A idéia evoluiu e agora será possível ter o seu próprio copo retrátil, com tampa. Estima-se entre março e junho foram comprados pelo CAAR cerca de 10.000 (dez mil) copos descartáveis (o que representou um gasto de R$ 176.00) - fora os utilizados nos CAARbarés – sendo que a faculdade possui em torno de 700 estudantes de graduação. É sabido que copos plásticos levam em torno de 50 anos para se decompor. Ademais, conforme dados do BRDE atualmente a produção nacional de copos plásticos descartáveis gira em torno de 96 mil toneladas/ano, sendo a produção, predominantemente destinada para o mercado interno. Certamente podemos começar fazendo a nossa parte. Já neste mês de agosto será possível comprar o novo copo retrátil na sede do CAAR com preço subsidiado pela gestão – como forma de incentivo à utilização do novo sistema. Haverá uma lista de todos os estudantes da Faculdade e cada um terá direito a um copo abaixo do preço de custo. A compra do segundo copo, contudo, terá o preço de mercado. Participe da campanha pelo fim dos copos descartáveis no CAAR. Adquira seu copo descartável retrátil na sede do CAAR, abaixo do preço de cus- to, e utilize-o colaborando com um meio ambiente mais equilibrado. O valor dos copos retráteis é R$ 3,50. Até o fim do mês de setembro, promocionalmente, o copo será vendido a R$ 1,50, como incentivo à redução do uso dos copos descartáveis. Essa campanha tem como finalidade a redução paulatina dos copos descartáveis, até que sua utilização seja irrisória. Colabore! Modelo de copo retrátil 1- http://www.brde.com.br/estudos_e_ pub/2006%20Copos%20pl%C3%A1sticos%20 descart%C3%A1veis.pdf A Toga - Agosto de 2009 O que ficou? 5 ARTIGOS Bruno Scalco Franke* longo destes anos. Muito embora eles estivessem dade de Direito da Universidade Federal do Rio vazios hoje à noite, enquanto caminhava buscan- Grande do Sul, é preciso dizer que, olhando para do inspiração para este texto, ao fundo parece que trás, parece mesmo que foi um sonho. Isto porembro agora, como se fosse ontem, do dia escutava todas as conversas sobre filosofia - séria que aprendi aqui que nossos sonhos são tangíveis, da minha matrícula na “Egrégia”. Tudo era e de boteco, sobre política nacional e local, sobre só é preciso um pouco de esforço. E é exatamente estranho, tudo era novo, eu não entendia movimento estudantil, sobre a dupla Grenal, so- isso que deixo de mim para a Faculdade de Direinada do que estava acontecendo e só queria saber bre o glorioso La Barca (para os mais desavisados, to, meu esforço para torná-la um pouco melhor de estar matriculado de uma vez por todas. Mal faço referência ao vitorioso time de futebol do 5º do que quando a conheci (com a ajuda de muitos, sabia eu que um mundo inteiro estava prestes a se ano noite), sobre a qualidade dos acho que consegui), meu esmostrar a partir daquele momento. forço para tirar o melhor dela, professores, sobre eleições pro mesmo quando ela não queria Centro Acadêmico, sobre aflições Quase cinco anos se passaram desde então e, de colegas, sobre a carreira... São “Aqui eu aprendi que nem colaborar, meu esforço para prestes a me despedir, aqui estou perguntando a tantas coisas a lembrar que este sempre se ganha, e, mesmo tornar-me um bom profissiomim mesmo: “O que ficou da Faculdade de Direi- jornal ficaria pequeno. quando se perde, o apren- nal e fazer jus ao seu nome e to?”. Ela sempre estará aqui impávida, imponente, dizado vale todo esforço e renome. Mas deixo também, às vezes assustadora, outras indiferente, aconcheNão posso deixar de mencio- cada lágrima derramada ecoando pelos corredores e gante para alguns, apenas uma faculdade para ou- nar a formação acadêmica que pelas salas de aula boas gargapor conta da derrota.” lhadas, discursos e discussões tros, importante, referencial, seja o que for, sempre tive durante a graduação, que estará aqui. A diferença é que eu não estarei mais apesar de todos os percalços, só acaloradas, lágrimas, gritos de aqui, nem meus contemporâneos, nem os meus não foi melhor, talvez, por uma falta de dedica- gol, copos de cerveja, xícaras de café, trocas de veteranos, nem aqueles que vieram antes deles, ção de minha parte. Contudo, isso passa pela con- olhares com aquela linda colega nova, articulae nem os outros que vieram ainda antes. Estarão cepção que tenho de que meu maior crescimen- ções políticas, conquistas, abraços de despedida e apenas os meus calouros, e os que vieram depois to neste lugar foi pessoal, foi a isso que eu mais de boas-vindas, momentos com a melhor turma deles, e os que virão ainda depois. Mas um dia eles me dediquei e é isso que levo comigo daqui, é o que eu poderia querer... Deixo um pouco de tudo também irão. Assim como irão professores e fun- que ficou de mim depois da Faculdade de Direito. o que vivi aqui dentro, pois é disso que ela é feita, cionários. E isso me colocou a pensar. Foi aqui que aprendi a realmente ouvir às outras de material humano, de emoções e sensações. pessoas e perceber que nem sempre estou certo, a Cheguei à conclusão de que estava fazendo a ponderar, a pensar antes de falar. Aqui eu aprenEmbora pareça um tolo desabafo de um forpergunta errada. Preciso questionar-me: “O que di que nem sempre se ganha, e, mesmo quando mando antecipando a melancolia por estar indo ficou de mim na Faculdade de Direito?”, ou “O se perde, o aprendizado vale todo esforço e cada embora, isto é o que a Faculdade de Direito sigque ficou de mim depois da Falágrima derramada por conta nifica para mim, o que ela deixou marcado mais culdade de Direito?”. Isso porda derrota. Levo comigo os profundamente. Entrei aqui achando que seria que a Faculdade de Direito é a profundos laços de amizade apenas um local de estudo, de aprendizado de história continuada das pessoas “Tudo era estranho, tudo era criados, o respeito e conside- processo, direitos dos mais variados, técnicas juque passaram por aqui e deixa- novo, eu não entendia nada ração por aqueles de quem di- rídicas diversas, de leitura de manuais, cursos, ram suas indeléveis marcas, e do que estava acontecendo virjo, e, nas sábias palavras de tratados e códigos. E definitivamente o é, dos mepor ela foram indelevelmente e só queria saber de estar uma das grandes amigas que lhores. Mas saio convicto de que o que a torna tão marcadas; são mais de cem anos matriculado de uma vez tive a oportunidade de conhe- especial não é só isso, mas isso somado a tudo o de história, feita por milhares de cer aqui, levo a gratidão à vida mais que já citei, àquilo que só aqueles que aqui por todas.” pessoas, cada uma a seu tempo. por colocar no meu caminho estiveram saberão, àquilo que não fica escrito nem Ela não é apenas um prédio bopessoas que, durante estes gravado em nenhum lugar. nito, mas, sim, as pessoas que vêm e vão, deixando anos, sonharam comigo sonhos que se costuma algo de si e levando algo daqui. Em mim ficou a certeza de que a Faculdade de sonhar sozinho. Saio daqui muito mais completo Direito vai além do que se vê. enquanto ser humano. Andando pelos bonitos corredores da Casa de André da Rocha lembro cada momento marE, a despeito de toda seriedade e responsabi* Acadêmico do 5º ano/noite. cante que passei aqui, ou que passei longe, mas lidade que significa estar se formando na Faculao lado daqueles que têm me acompanhado ao L Sobre ingressar na Faculdade e outras expectativas... Dóris Amaral Kümmel* de um pouco menos novatos. Não é lá a situação que vimos a inaugurar. Falta pouco para sairmos mais confortável, mas não é o caso de se reclamar, do stand by, desse “sermos assistidos” constanjá que basta estampar a cara de perdida para já temente, para darmos nossos primeiros passos ...Não é um assunto assaz agradável de se es- aparecer um ou dois para ajudar. Isso é bom. E independentes, para forjarmos o caráter de uma crever. Somos os ‘bixos’ ou, pela boca dos mais essa é uma expectativa que vale turma, guerreira ou resignada, resignados, os ‘calouros’. Os iniciantes. Que se es- mencionar. Expectamos contar “vai-com-as-outras” ou inovapera tenhamos nós a dizer? Arrolar expectativas com essa ajuda, com esse compadora, ou, pelo menos, tentá-lo. não é uma boa idéia. Penso em, nos anos seguin- nheirismo, que vem da experiên- “A maior das utopias? Se depender de nós. Não. Nada tes, voltar a ler este texto, então publicado e, se cia para a falta dela a fim de que, Talvez, mas é essa que posso afirmar nesse sentido. É a desejo manter para porventura o fizer, receio bastante ter de menear quando tivermos as nossas prósituação de turma, e a bendita a cabeça ao ver que muito disso é uma incipiente prias para repassar, o façamos até seguir caminhando.” democracia que se faz prevalefantasia. Mas não tenho também solução melhor. com a devida humildade (aquela cer. Maioria, sempre maioria. O que temos são planos, nossos projetos grandio- humildade de lembrar que todos Posto isso, não tenho nada a resos ou singelos. Chegamos a um um dia já fomos ‘bixos’). Mas querer. A desejar, apenas, que do topo de nossa curso bem conhecido, Faculdade “Os iniciantes. Que se não, não estamos requerendo incipiência almejemos coisas tão justas, tão boas bem conceituada, Universidade atenção. Devemos lembrar que, e tão benéficas, que nos façam, no mínimo, cheespera tenhamos nós que por ser Federal já carrega a da nossa turma, muitos nem es- gar a ser uma parte disso. A maior das utopias? a dizer? Arrolar ponta do orgulho que não muiperam isso, são uma gente já ex- Talvez, mas é essa que desejo manter para seguir expectativas não é to demonstramos. Mas orguperiente e que tem demonstrado caminhando. Eis o texto de uma bixo, de uma guuma boa idéia.” lho não é bem o que sentimos e também uma carga de paciência ria, ainda não tão politizada que pudesse se posi--permissão -- vou sim seguir a conosco, o subgrupo dos “nunca cionar melhor, recém saída de uma redoma que falar no plural. Emoção? Ainda não é isso. Ela fi- passei por isso”, que enfim, mais a exigem. Ali- era o colégio. Mas é um texto, venceu um receio, cou nos momentos de vestibular, de classificação, ás, de atenção já recebemos bastante, muito antes e ficará aqui. de início, três coisas que já sepultamos com o fito de sabermos se estaríamos aqui. Sabe Deus des* Acadêmica do 1º ano/noite. de apressar essa passagem do status de novatos ao de quando andaram às voltas com este currículo A Toga - Agosto de 2009 6 Um ano que fez diferença Após pouco mais de um ano da apresentação do “Relatório Biblioteca” – documento elaborado pelo CAAR em maio de 2008 que sintetizava as principais deficiências da biblioteca – seus principais problemas estão sendo resolvidos e muitas novidades podem ser conferidas na Biblioteca. Setor de Obras Raras, novos espaços para estudo e computadores são as principais mudanças na Biblioteca desde a apresentação do Relatório Biblioteca em maio de 2008. Lucas Gavronski* E m junho de 2008 edição do A Toga trazia, como reportagem principal, a elaboração, pelo CAAR, e a entrega à Direção da Faculdade, do chamado “Relatório Biblioteca”, documento que listava problemas da Biblioteca da nossa Faculdade de Direito. Aquele documento, de doze páginas (ainda disponível para acesso no site do CAAR: http://www6.ufrgs.br/caar/ wp-content/uploads/relatorio-da-biblioteca.pdf), compi- lava a situação da Biblioteca naquele momento, apontando problemas e referindo sugestões de quais atitudes poderiam ser tomadas em conjunto por docentes, discentes e técnicos-administrativos. Pois bem, além de reunir informações relevantes sobre a Biblioteca, o Relatório, durante o último ano, serviu de base para muitas mudanças iniciadas em maio de 2008. A primeira delas, conforme noticiada pelo CAAR à época, foi a mudança da bibliotecária-chefe que estava no cargo há mais de 15 anos. A reportagem de A Toga terminava esperançosa: “um primeiro (e pequeno) passo foi dado. Agora cabe a toda comunidade acadêmica (leia-se docentes, técnicos-administrativos e discentes), de fato, mudar a nossa Biblioteca para melhor. Cabe agora, a cada um, trazer os tijolos e colocar as mãos à obra para construir uma Biblioteca que não apenas condiga com a nossa qualidade de ensino, mas que também sirva como elemento instigador na produção de conhecimento”. Desde lá, felizmente, muita coisa mudou. Edição de março deste ano do A Toga destacou algumas melhorias na biblioteca A edição anterior do A Toga, publicada em março deste ano, relatou o movimento dos estudantes por mu- danças na Biblioteca de nossa Faculdade e os significativos avanços obtidos até então, após a apresentação do Relatório Biblioteca pela então Gestão Novos Horizontes (2008). Destacou, ainda, a integração entre Direção, PPGDir UFRGS e CAAR que, pela primeira vez em longos anos, estavam conversando e literalmente desenhando planos para melhorar e expandir os espaços da Biblioteca. A notícia de março destacava o trabalho da nova chefia da Biblioteca, com o aumento de funcionários capacitados para o trabalho, a implementação do sistema de pagamento de multas da UFRGS – que facilita a prestação de contas da Biblioteca –, a aquisição de computadores pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da UFRGS (PPGDir) e a classificação trilíngue do acervo. Outro destaque daquela notícia era o desenvolvimento do Setor de Obras Raras. Quebrando a lógica anterior, na qual os livros raros ficavam escondidos dos usuários e mal armazenados, a idéia era desenvolver um setor na própria Biblioteca que conservasse livros antigos e os colocasse à disposição da comunidade acadêmica de forma organizada e de modo a preservar a importância das obras. Hoje o setor de obras raras é realidade na Biblioteca, como se percebe na foto. Setor de obras raras é uma das mais chamativas novidades da biblioteca no último ano Em um pouco mais de um ano se fez muito mais do que nos últimos dez. Pelo menos essa é a conclusão dos freqüentadores da Biblioteca. O CAAR tem recebido em seu correio eletrônico muitos elogios à nova realidade da nossa Biblioteca. Talvez a mudança mais notável nos últimos meses tenha sido a construção do Setor de Obras Raras. Agora com um espaço reservado por divisórias de vidro, a maior parte das raridades de nosso acervo, antes perdida em meio ao restante dos livros ou simplesmente empilhada nas salas administrativas – como mostrado em a toga de junho de 2008 –, está organizada, muito melhor conservada e, principalmente, disponível aos pesquisadores de nossa Faculdade. Resta, ainda, regulamentar o uso do espaço, mas já se sabe que luvas de borracha serão entregues a quem for manusear os livros, que haverá um procedimento especial para retiradas, etc., o que deve ser efetivado até o final do ano. Em verdade, o Setor de Obras Raras é parte de um projeto maior de remodulação dos espaços da Biblioteca. Como todos já devem ter notado, nosso acervo agora está dividido em 4 partes – periódicos, obras do Séc. XIX e anteriores (ou seja, o Setor de Obras Raras), obras do Séc. XX e obras do Séc. XXI (locadas intencionalmente no espaço ao lado do Setor de Obras Raras, onde há a maior facilidade de colocação de novas estantes para comportar os livros que serão adquiridos ao longo dos próximos anos). Essa nova sistemática, somada ao ainda não finalizado remanejamento das estantes, já abriu novos e mais qualificados espaços de leitura. Ainda não foi atingida a meta de duplicar o número de assentos, mas a melhora se percebe pelo número de freqüentadores que aumentou e muito, nos três turnos. Aqui cumpre destacar a ironia: há pouco mais de um ano a Biblioteca fechava à tarde sob a alegação de que não havia movimento que justificasse sua abertura... A realidade de hoje comprova que a assertiva não podia estar mais equivocada. Outra importante conquista, que não se limita ao espaço da Biblioteca, mas também oriunda das conversas sobre o assunto entre Direção, Pós e Centro Acadêmico, é a internet sem fio. A Faculdade de Direito, se não a primeira, é uma das primeiras Unidades a implantar o Programa UFRGS Sem Fio, disponibilizando sinal de banda larga gratuito praticamente na totalidade de suas dependências. A Toga - Agosto de 2009 Seguindo, o Laboratório de Informática (em frente ao Setor de Obras Raras) está em implantação, contudo, reconheça-se, está aquém do que esperávamos. Novos computadores foram doados – uns disponibilizados aos alunos e outros utilizados pelo serviço interno, mas ainda uma boa parte das máquinas não chegou, temos apenas os respectivos monitores. E é claro, continuamos distantes da meta de disponibilizar de 16 a 18 computadores para pesquisa em uma nova bancada confeccionada especialmente para esse fim. Quanto ao ar-condicionado, o famigerado ar-condicionado, as notícias não são as melhores possíveis. Houve avanços nesses últimos meses, e significativos. A estrutura metálica de suporte aos exaustores (localizada na parede externa, nos fundos da Faculdade) foi finalizada. Os aparelhos referentes à Biblioteca foram instalados e novos foram adquiridos para serem instalados nas salas de aula. Entretanto, problemas relacionados à rede elétrica não permitem que mais de um ou dois aparelhos sejam ligados ao mesmo tempo. O CAAR, juntamente com os demais envolvidos na reforma da Biblioteca, está em contato com a Secretaria de Patrimônio Histórico da Universidade para contornar os atuais obstáculos e dar prosseguimento ao projeto de climatização da Faculdade de Direito. O objetivo é termos pelo menos a Biblioteca climatizada no próximo verão, e é para isso que estamos nos empenhando. O projeto para um novo balcão central não teve melhor sorte. A idéia, conforme noticiada na reportagem de março, consiste na confecção de um novo balcão onde mais funcionários poderiam trabalhar e o atendimento tivesse maior qualidade, principalmente em relação aos portadores de necessidades especiais. Todavia, apesar de já termos o desenho pronto, ainda não se obteve recurso suficiente para a implementação do plano. E aqui outro destaque merece ser feito: tudo está sendo financiado com as próprias forças da Faculdade de Direito. Do sistema de segurança dos livros à internet sem fio, as verbas que possibilitaram sua implantação tem origem na Direção ou em programas desenvolvidos pela PPGDir UFRGS. As dificuldades relatadas acima, no entanto, não devem – e não podem – nos desanimar. Pelo contrário. Em março a notícia publica no A Toga concluía que a Biblioteca estava melhor do que ontem e que seria ainda melhor amanhã. Hoje sabemos que efetivamente o é. Avançamos, e muito. Certamente não tanto quanto gostaríamos, mas os novos ares da Biblioteca da Faculdade de Direito são inegáveis. Muito já foi feito, muito mais do que se fez na última década. Dentre as novas idéias para continuar as mudanças da Biblioteca, está a criação de uma Lista Permanente de 7 Mais espaços de estudo, Setor de Obras Raras e novos computadores: diferenciais que têm chamado a atenção Livros que a Biblioteca precisa adquirir – inclusive com a possibilidade de os usuários sugerirem títulos pelo site da Faculdade. Assim, com uma lista centralizada e organizada por relevância, ficará mais fácil atualizar o acervo e utilizar os recursos que chegam à Biblioteca. Outra idéia que está prestes a sair do papel é a devolução de livros em qualquer horário, por meio de uma caixa em que se depositarão os livros devolvidos fora do horário de funcionamento da Biblioteca. Sem dúvidas não faltam idéias para continuar melhorando o principal setor da Faculdade de Direito da UFRGS, transformando-o, num futuro que esperamos seja próximo, em referência dentro da Universidade. Com efeito, não podemos dizer que terminamos as reformas. Sempre haverá reformas a serem feitas, sempre deve haver reformas a serem feitas. Podemos afirmar, contudo, que hoje existe um rumo, um projeto a ser seguido. Esse primeiro passo foi, sim, concluído. Nos últimos meses, representantes dos professores, estudantes e funcionários pensaram a Biblioteca. E pensaram ela não apenas como um depósito de livros, mas como um verdadeiro Laboratório de Pesquisa, onde o sujeito possa ter acesso às obras que busca, possa as estudar de maneira confortável e possa redigir seu trabalho, contando com ferramentas e pessoal qualificado para apoiá-lo. É com esse espírito que, mesmo faltando muito, sabemos o que queremos construir e seguimos construindo, trazendo tijolo por tijolo. * Acadêmico do 5º ano/manhã Secretário de Eventos Acadêmicos do CAAR. Novos livros para a biblioteca Na busca de patrocínio para o Jornal, a Comissão do Jornal recebeu uma proposta de permuta de livros da Editora Livraria do Advogado. Pela necessidade de dinheiro para o desenvolvimento do Jornal, o CAAR comprou os livros para serem doados à biblioteca, que são: - A Eficácia dos Direitos Fundamentais, INGO WOLFGANG SARLET. - Comentários à lei de Benefícios da Previdência Social, JOSÉ PAULO BALTAZAR JR. , DANIEL MACHADO DA ROCHA. - Responsabilidade Civil Ambiental, ANNELISE MONTEIRO STEIGLEDER - Impostos Federais Estaduais e Municipais, JOSÉ EDUARDO SOARES DE MELO, LEANDRO PAULSEN. - Arbitragem nos contratos. Empresariais, internacionais e governamentais, LUCIANO BENETTI TIMM. - Controle de constitucionalidade das leis. Ação direta de inconstitucionalidade, VASCO DELLA GIUSTINA. - Cumulação eventual de pedidos. Art. 289 do cpc sem- segredos, RICARDO LUIZ DA COSTA TJÄDER. - Direito e Economia, LUCIANO BENETTI TIMM (ORG.) OPINIÃO Bruno Leal* E screver sobre livros – sobre os plurais de que são compostos e os plurais que compõem - é complexa meta-tarefa que remete ao próprio nascimento do homem primitivo, suas inscrições nas cavernas e o seu diferencial: a capacidade de abstração. É pelas mãos que se modelou a linguagem, a princípio vivida pelo corpo todo inteiro e mimado pelas danças. Para os usos correntes da vida, os gestos da mão lhe deram impulso, contribuíram a articulá-la, a separar-lhe os elementos, a isolá-los num sincretismo sonoro, a ritmá-la e, dessa mímica da palavra, dessas trocas entre a voz e as mãos, resta alguma coisa que os antigos chamavam “ação oratória”. A linguagem desenvolve-se em processo dialético com a construção da cultura: a par das conquistas que o ser humano desenvolveu – da roda à engenharia genética -, deu-se conta que podia registar suas conquistas, perpetuar seu conhecimento já que sua existência – apesar dos esforços milenares – continua finita. Das cavernas ao mundo antigo muito se passou, entretanto, as bibliotecas medievais são simples prolongamentos das bibliotecas antigas, tanto na composição, quanto na organização, na natureza, no funcionamento: não se trata de dois tipos de biblioteca, mas de um tipo que sofreu modificações insignificantes decorrentes de pequenas divergências de organização social. Até à Renascença, as bibliotecas não estão à disposição dos profanos: são organismos mais ou menos sagrados, ou, pelo menos, religiosos, a que têm acesso apenas os que fazem parte de uma certa ‘ordem’, de um ‘corpo’ igualmente religioso ou sagrado. Nesse particular, as sandálias macias do monge medieval repe- tiam, no eco das abóbadas, o mesmo som ancestral dos sacerdotes sumerianos da biblioteca de Assurbanipal. O livro, a palavra escrita, era o mistério, o elemento carregado de poderes maléficos para os não-iniciados: cumpria manuseá-los com os conhecimentos exorcismatórios indispensáveis. Felizmente, o espírito científico é irrequieto e refratário às amarras que a História tenta lhe impor: o grande acontecimento medieval e que, de uma certa forma, decide dos destinos de toda a civilização, e, por conseqüência, dos destinos do livro, é a fundação das universidades. A biblioteca acompanhou, como não podia deixar de ser, a própria evolução social que é, a partir da Renascença, uma nítida e cada vez mais sólida laicização: assim como foram desaparecendo as monarquias de direito divino e as universidades; assim o livro perde o seu caráter de objeto sagrado e secreto para se transformar num instrumento de trabalho posto ao alcance de todas as mãos. A biblioteca da Faculdade de Direito da UFRGS tem em suas portas, hoje abertas, a lembrança viva de uma clausura “monástica” há poucos anos; em suas paredes, o lamento taciturno de desaparecimentos injustificados de volumes; em seu ambiente, a respiração dorida do que pareciam ser os últimos esforços de um ancião que, interpelado pelo virginal ímpeto de curiosidade dos que recém lhe conhecem, parecia estar sem condição de oferecer agasalho em sua sabedoria. A mesma biblioteca recepcionou este calouro – um pouco menos experiente e três anos mais iludido do que o atual – com ares de promessa, como recebe, anualmente, aqueles que lograram êxito no exame vestibular. A biblioteca exerce, também, o papel apaziguador: trata-se de espaço privilegiado, de verdadeira imaginação, no sentido que lhe empresta Bachelard: “A imaginação não é, como sugere a etimologia, a faculdade de formar imagens da realidade; é a faculdade de formar imagens que ultrapassam a realidade, que cantam a realidade. É uma faculdade de sobrehumanidade. Um homem é um homem na proporção em que é um super-homem. Deve-se definir um homem pelo conjunto das tendências que o impelem a ultrapassar a humana condição”. É neste sentido que o prédio da Faculdade de Direito, com o ar denso de tradição e cultura seculares, cuidou de abrigar em sua arquitetura o ambiente adequado para que todos os estudantes possam ser insignes jusfilósofos do seu próprio universo. Folheando as páginas amareladas do relicário, reúnem-se Savigny, Cujácio, Windscheid, Pothier, Teixeira de Freitas, Tobias Barreto e Pontes de Miranda, ao redor de quem os convida, emprestando toda a sua autoridade e segurança científica aos neófitos inseguros de quanto (não) sabem. As recentes reformas pelas quais passou a biblioteca da nossa Faculdade de Direito, devido à atuação diligente do Centro Acadêmico André da Rocha, traduzem o devido respeito ao depositário de uma memória indelével e a evidência insofismável de que História envolve mais do que pensamento: exige ação. Consubstancia a evidência concreta de que somos a História, produtos do passado e rodeados por ele, pelo que o questionamento retórico de Benedetto Croce se faz mais atual: como é possível dirigir-nos a uma nova vida sem partir do passado, sem estar “sobre” e “ao redor” dele? Quanto a mim, encontrei resposta suficiente no segundo andar da “Casa do Velho André”. * Acadêmico do xx ano/noite. 8 A Toga - Agosto de 2009 ENTREVISTA Carlos Alberto de Oliveira, Presidente da Comissão de Estágio e Exame da Ordem da OAB/RS Com o objetivo de trazer para o debate questões de grande interesse aos alunos da Faculdade, entrevistamos nesta edição do “A Toga” o Dr. Carlos Alberto de Oliveira, presidente da Comissão de Estágios e Exame da Ordem da OAB/RS desde 2004 e membro da Comissão Nacional de Exame da Ordem. Carlos é graduado em 1982 pela Unisinos e atualmente leciona em diversas faculdades do Estado. Questionado por “A Toga”, ele se prontificou a esclarecer algumas questões sobre tais temas, e também a compartilhar um pouco de sua história como aluno e profissional do Direito. A Toga - Qual a sua posição acerca da obrigatoriedade do exame da ordem? CAO – A OAB entende que a obrigatoriedade do exame da ordem se dá por sua contribuição sob diversos pontos de vista. O primeiro deles passa por uma visão de cidadania, quando outorga ao bacharel em direito uma credencial dada pelo exame da ordem. O exame acaba trazendo uma tranquilidade perante o cidadão. Prova disso é que quando o exame da ordem é questionado, sempre tem um respaldo muito grande, porque o cidadão entende que ele vem em proteção da cidadania, na medida em que acaba sendo um elemento avaliativo do bacharel em direito. Ele também tem um efeito colateral periférico, que é a medição dos cursos jurídicos, porque se sabe qual a faculdade que o egresso cursou. Pode-se, dessa forma avaliar as faculdades de direito, o que na prática não traz muitas novidades, pois as boas faculdades têm bons resultados, as faculdades que a gente sabe que tem dificuldades têm maus resultados. A Toga – O exame foca na parte de ensino, deixando de fora a pesquisa e extensão, que fazem parte do “tripé” da educação universitária. Como a OAB entende esse modo de avaliação? CAO – O exame da ordem é composto de duas partes. Uma parte objetiva, que tem como conteúdo o eixo curricular obrigatório nos cursos jurídicos, definidos pelo MEC. Através dela, se pretende verificar a apreensão de um conteúdo mínimo e razoável advindo do curso jurídico, perpassando diversas disciplinas. São onze áreas do direito que procuram verificar a bagagem jurídica do candidato. A prova prática, por sua vez, possui outra conotação, onde procura verificar a condição do bacharel de responder concretamente as demandas. Trata-se de uma demanda material, de um cliente, processual decorrente de um prazo, uma intimação, onde se verifica qual a capacidade desse bacharel de solucionar os problemas jurídicos numa prova discursiva, com consulta, como se tivesse atuando no dia-a-dia. Sobre a educação universitária, acreditamos que os três pilares do tripé [ensino, pesquisa e extensão] convergem para a formação do conhecimento. Não sabemos, no entanto, como, numa prova com o perfil do exame da ordem, apreender essas outras perspectivas que somente são adquiridas com as atividades complementares, de extensão, de pesquisa e de prática. Me parece que elas convergem para a formação do bacharel, e como estamos falando exatamente sobre bagagem jurídica, parece que quem tiver uma formação mais completa vai ser favorecido no momento de fazer a prova. Não sei se nós teríamos outra forma de conseguir medir esse tipo de conhecimento. É, no entanto uma preocupação válida. Se, por ventura, os centros acadêmicos quiserem colaborar, nos dizendo como seria possível buscar uma avaliação mais completa do conhecimento, essa contribuição seria bem-vinda. São sugestões que nós poderíamos receber de bom grado para avaliar. A Toga - O que o senhor pensa sobre o movimento nacional dos bacharéis em direito, que afirmam que é inconstitucional o exame da ordem? CAO – Eu, particularmente, já estive em vários momentos com os representantes desse movimento em debates. Sempre digo que o movimento é válido e justo. Penso que temos que nos preocupar com a situação de bacharéis que colocam toda uma expectativa financeira, emocional e familiar em um curso jurídico e depois não conseguem a aprovação no exame da ordem, que é o primeiro passo da atividade jurídica. Achamos válida a inconformidade, mas me parece que ela está mal direcionada, que não deveria ser no exame da ordem. O exame da ordem existe por norma legal, uma lei federal. A questão da inconstitucionalidade é uma questão superada. A lei existe desde 1994, ou seja, há 15 anos. Nesse meio tempo, por diversos motivos, foi argüida a sua (in)constitucionalidade, e eu sempre repito a mesma coisa. Quem fala sobre a inconstitucionalidade é o judiciário, e o judiciário tem dito que a exigência é constitucional. O artigo constitucional que trata da liberdade das profissões, diz que é livre no território brasileiro o exercício de profissões, nos termos definidos pela lei, e nós temos uma lei que diz que para a advocacia é necessário o exame da ordem e inscrição no quadro da OAB. Então, é nessa compreensão hermenêutica constitucional que os tribunais têm se valido para dizer que não é inconstitucional. Em relação ao movimento dos bacharéis contrários ao exame da ordem, eu vejo uma resignação natural de quem faz um curso jurídico e não obtém aprovação no exame. Creio que, nessa situação, cada um deve olhar para dentro de si mesmo. Sou professor universitário e vejo que grande parcela dos acadêmicos vão fazer figuração na faculdade. A banca paga, mas a banca cobra, quer dizer, você passa um semestre inteiro sentado olhando para o professor, não é capaz de fazer um trabalho, se envolver numa leitura, se envolver numa pesquisa. Quando se pede um desenvolvimento acadêmico não existe a resposta, e, obviamente, o conteúdo aprendido vai ser pequeno. Depois, na hora do exame, se olha pra trás e vê que ficou muito pouco. É uma situação complicada, mas no fim, a solução está em cada um. Não adianta fazer um curso mal feito e depois dizer que a OAB está exigindo algo que não poderia exigir. A lei existe, qualquer bacharel em direito sabe disso, qualquer candidato ao curso jurídico já deve saber de antemão que lá no final vai ter um exame na ordem; consequentemente ele tem que se preparar para isso. A Toga – Quais as razões que o senhor atribui aos altos índices de reprovação? CAO – A média de reprovação é alta, mas nós temos excelentes níveis de aprovação e grandes níveis de reprovação. A UNB aprovou 95%, a UFRGS 70%, a federal de Santa Maria, Pelotas, Rio Grande, por volta disso. Na outra ponta temos universidades particulares que aprovam 1%. O que acontece? Por que nós temos essa distância tão grande? Sei que o aluno da federal é um aluno privilegiado no sentido de que tem uma base intelectual que lhe permitiu passar num vestibular altamente competitivo. Via de regra é um aluno que tem possibilidade financeira ou disponibilidade de tempo pra fazer uma faculdade com foco acadêmico. No outro lado existem uns que, com muito sacrifício, fazem uma faculdade de direito arrastada, estudando à noite, fazendo duas, três disciplinas por semestre por falta de condições financeiras de cursar a totalidade do curso. Consequentemente, o conhecimento apreendido no final do curso vai ser bem diferente entre um e outro. As realidades são diversas, mas na verdade, o exame se constitui num instrumento que busca um nível de conhecimento mediano. O resultado de algumas faculdades é muito bom; a maioria é muito ruim. O discurso que ta no ar há muito tempo é aquele contra a mercantilização dos cursos jurídicos, contra a reprodução de cursos que não têm uma finalidade social. Existem cidades do Rio Grande do Sul que têm seis faculdades de direito; faculdades que têm dez, doze campi. Será que elas estão realmente procurando o desenvolvimento acadêmico ou estão para equilibrar o orçamento do curso? São muitas as verdades envolvidas nessa questão, mas elas revelam, ao fim, esse quadro que a OAB há muitos anos combate, da abertura de imensuráveis cursos que não têm, na sua finalidade, aquela que é a maior de todas: uma finalidade social. A Toga – E sobre as críticas à qualidade do exame, sobre o número de questões que vêm sendo anuladas, o que o senhor tem a dizer? CAO – Sempre digo que qualquer instrumento avaliativo é sujeito a críticas. Muitas vezes você se depara com uma prova muito mal elaborada, muito mal feita, porque construir um elemento de avaliação não é nada simples. Tem que ter metodologia, clareza do que se quer buscar através desse elemento. O exame de ordem é um elemento avaliativo, e como tal, também sujeito a críticas. Nós sabemos disso, e estamos trabalhando muito no sentido de dotar o exame de um perfil filosófico, estudando o que se quer através dele buscar, em nível de conhecimento. A prova objetiva, por si só é uma prova controvertida. Sabe-se que provas objetivas podem conter, se não forem muito bem elaboradas, equívocos na sua elaboração. A OAB tem tido internamente, bastante debates acerca da prova. Temos trabalhado muito no sentido de melhorar o perfil da prova da ordem. Sobre as anulações, problema nenhum. Muito pior seria não anular. Nós temos a honestidade de reconhecer os erros da prova. São 100 questões na prova objetiva e milhares de recursos. Quando percebemos que houve algum tipo de equívoco na formulação da questão, que induziu o candidato a erro, ou que poderia ter induzido a erro, nós vamos anular por uma questão de transparência, honestidade, comprometimento com a verdade. E eu não vejo que isso seja demérito. Demérito seria não anular. Creio que é muito mais saudável crer que eventualmente possa se ter errado em algum momento, do que não dar ouvidos ao recurso. Claro que o nosso trabalho, o nosso esforço, é de evitar anulações, no sentido de que as questões sejam o melhor possível.em termos de elaboração. Mas, de outro lado, não é impossível reconhecer que o direito é dinâmico, é dialético, é controvertido e muitas vezes somente no recurso é que vem aparecer algum defeito na formulação. A Toga - Ano passado, no Rio Grande do Sul foi a primeira vez que se aplicou o exame unificado. Que observações, positivas ou negativas, vocês já puderam retirar desse primeiro ano? CAO – Existem vários pontos positivos, outros nem tanto, mas o ponto mais importante a ressaltar é que agora nós temos um instrumento avaliativo único no país. O provimento da ordem 109/2005, que estipula as regras do exame, diz que deve haver uma prova objetiva, uma prova prática e fixa as grandes balizas da prova, mas o conteúdo era desenvolvido por cada estado. Conseqüentemente, nós poderíamos ter uma prova mais rigorosa num estado, menos rigorosa no outro, e isso conduzia a resultados díspares. Hoje não. Hoje o bacharel em direito que faz exame no Amazonas faz o mesmo exame em Porto Alegre. Conseqüentemente, o resultado do exame é sólido, porque induzido por um único instrumento avaliativo. Esse é um ponto positivo, ou seja, o bacharel em direito que vai advogar em qualquer lugar do país tem a mesma exigência advocatícia no Brasil inteiro. Em segundo lugar, o Ministério da Educação passou a admitir o exame da ordem juntamente com o resultado do ENADE para a mesuração da qualidade dos cursos jurídicos. É um avanço nessa perspectiva. A Toga - Há alguma possibilidade de que haja modificações na estrutura da prova? Talvez com a entrada de uma prova oral? CAO - Muitas vezes já ouvi falar em modificações, contudo não escuto qualquer comentário concreto nesse sentido. Sou também da Comissão Nacional do Exame da Ordem, ou seja, no seio do Conselho Federal, e nós estamos realizando uma alteração no provimento virtual, mas isso não passa pela alteração das provas. Contudo, é claro que ela está sujeita a mudanças. Inclusive me parece saudável que exista essa preocupação com o aperfeiçoamento da prova, porém não existe qualquer projeção de uma prova oral, por exemplo. A Toga - De que maneira o senhor acredita que o exame da ordem influencia os que ainda estão nos bancos da faculdade? CAO - Espero que influencie principalmente no sentido de que ele não curse a faculdade buscando a aprovação em determinada cadeira ou no semestre, mas curse no sentido de que ele busque uma bagagem jurídica. O aluno deverá buscar lógica e raciocínio ju- A Toga - Agosto de 2009 rídico. Ele deve ter a sua bagagem cultural acrescida pelo curso, e não simplesmente passar por ele como se figurasse, e isso depende de envolvimento com o curso. O aluno tem que ler. Infelizmente, percebe-se que boa parte dos acadêmicos não lê, nem faz a menor questão de ler. Se não lê não pode ter qualquer pretensão na carreira jurídica, pois é da leitura que se desenvolverá toda a capacidade cognitiva, a capacidade de resolução de problemas. O que é o agente jurídico? É um indivíduo com habilidade na resolução de problemas; o Direito é um instrumento para a resolução de problemas. Se espera um compromisso que vai alem da faculdade. Em segundo lugar, esperamos que as faculdades também se aperfeiçoem. Não esqueço um debate que presenciei em que um juiz federal declarou que era notável a melhoria da advocacia após o exame da ordem. Antes era comum que as faculdade possuíssem duas cadeiras de prática jurídica. Hoje, existem faculdades com mais de seis cadeiras dessa espécie. Surgem novos laboratórios, novos serviços de assistência. É notável a preocupação dos gestores dos cursos de direito em relação ao exame da ordem e isso será uma mola propulsora na melhorias destes cursos. A Toga – O senhor acredita na opinião de algumas pessoas que dizem que o exame da ordem deve existir, mas que, em primeiro lugar deve haver uma reciclagem dos advogados mais antigos? CAO - Consigo ver isso sob diversas óticas. Primeiramente é possível tirar uma lição filosófica muito valiosa: não devemos olhar a vida pelo retrovisor. Portanto, não se deve levar a sério essa discussão de pessoas que dizem: “por que justo no meu ano surge um exame de ordem?”, ou então algumas pessoas que não poderão se aposentar como iriam. O exame da ordem, que antes era facultativo, passou a ser obrigatório por um motivo: o ensino superior de Direito estava ruim. Em segundo lugar, a norma que dá o direito de advocacia aos advogados é mais antiga que o exame da ordem. Sendo assim, imagina o debate jurídico que iria se formar a partir de tal proposta. Obrigar os juristas que se formaram antes do exame da ordem a passar por qualquer espécie de seleção é uma afronta ao estatuto do direito adquirido. Em terceiro lugar, o mau profissional, seja porque cause mal a seu cliente, seja porque é desonesto, será punido pelo tribunal de ética da OAB, e este órgão tem uma atuação forte. Acredito que seja isso, enfim, não se pode olhar a realidade pelo retrovisor. Devemos ver as mudanças a partir de nossa realidade. A Toga - Sobre a nova lei dos estágios, o senhor acredita que, até o presente momento, ela trouxe mais prejuízos ou benefícios? CAO - Vejo a nova lei dos estágios, ao menos no âmbito jurídico, como positiva. Em nossa área, temos o trabalho de estágio como um aperfeiçoamento acadêmico. A teoria deve ser aliada à prática. Buscamos um estágio que seja sério, de modo que aquele que busque um estágio pela OAB encontre um local sério que irá prover uma experiência na atuação jurídica. A lei possui o teor de que o estágio seja sério. Nesse sentido estão as férias, reguladas pela nova lei. É impossível que alguém trabalhe e estude durante doze meses sem um descanso, que no caso do estagiário deve coincidir com a sua folga acadêmica. Portanto, segundo o nosso entendimento, a nova lei veio para fortalecer o estágio. A Toga - O senhor acha que as mudanças da lei foram suficientes ou ela poderia ter ido além? CAO - Eu não sou um profundo conhecedor do tema, a ponto de poder fazer críticas a essa lei. Dentro de nossa comissão de estágios, acredito que ela esteja adequada. Acredito que ela faz jus aquilo que queremos. A Toga - Algumas pessoas disseram que a nova lei iria diminuir o número de novos estágios. Qual a sua opinião? CAO - Com a entrada da lei em vigor, talvez alguns postos de estágio realmente sejam suspensos. Principalmente, pelo motivo de que a lei deixa explícito que o não-cumprimento de algum de seus aspectos implica em penas. Certamente, isso traz certo receio àqueles que tomavam uma mão-de-obra estagiária. A Toga - Quais os instrumentos que a comissão dispõe para fiscalizar os postos de estágio? CAO - Primeiramente, para que o estágio seja regularizado como um estágio da ordem, existem alguns requisitos: estrutura do escritório, a idoneidade de seus participantes, a capacidade de ter em seu escritório um estágio efetivo de advocacia. Depois, nós temos um órgão de acompanhamento escolar, para que seja supervisionado se o estagiário está freqüentando as aulas, está sendo aprovado em suas disciplinas. Também existe uma visita aos escritórios, de certa periodicidade a ser desenvolvida, feita por amostragem através de sorteio. Ano passado foi inaugurado uma central de estágios, que facilita o contato entre estagiário e empregador. O 9 acadêmico, desde que possua os requisitos, faz o seu cadastro, assim como o escritório que possua vagas, faz-se daí o contato entre os dois. A Toga - Por que o senhor escolheu o Direito? CAO - Olha, o meu primeiro curso foi geologia. Mas era movido por uma visão romântica, em um tempo em que o Brasil vivia a euforia de ter descoberto postos de petróleo. Isso me levou a acreditar que viveria embaixo do solo, no meio da mata. Mas em toda minha trajetória escolar, gostei de matérias como literatura, história, geografia, português e detestava matemática, química e física. Qual não foi a minha surpresa quando eu cheguei na geologia e encontrei essas matérias como as principais. Estudei mais uns três semestres de geologia, um deles já concomitante com o Direito, quando abandonei o primeiro curso, passando de vez para a carreira jurídica, minha verdadeira formação. Tive, é claro, uma grande influência de meu pai, que é promotor de justiça. Portanto sempre participei desse universo jurídico. Hoje, realmente creio, que por mais que se possa ter dúvidas, seguimos sempre as nossas aptidões culturais. A Toga - Qual era o seu perfil na faculdade? CAO - Nunca fui um CDF, extremado. Sempre fui engajado, era muito envolvido com as coisas que fazia ou me propunha a fazer. Sempre procurei ser atuante, na faculdade não haveria de ser diferente. A Toga - Qual o conselho o senhor daria aos bixos da nossa faculdade? CAO - Uma orientação básica é a seguinte: o curso de direito exige engajamento. É preciso que o aluno se envolva. Não se pode aceitar esse pacto de mediocridade, onde os professores fazem de conta que dão aula e os alunos fazem de conta que aprendem. O estudo tem de ser efetivo. Se pudesse voltar à minha vida acadêmica, uma de minhas atitudes seria valorizar mais as propedêuticas. Muitas vezes o aluno que curso Direito não se dá conta que as aulas que tem de Economia, Sociologia e Filosofia serão a base para todo o seu ensino. Vai entender melhor o direito quem conseguir olhá-lo sobre a ótica dessas disciplinas. Outro fator é ler. Saber que não basta sentar e ouvir o professor em uma aula expositiva. Tem de se envolver, buscar bibliografia recomendada, complementar com atividades e procurar grupos de pesquisa. OPINIÃO Num país onde todos vêem, um ensaio sobre a viseira: Kafka, Orwell, Truffaut e a identidade brasileira Lucas Nascimento* Montag é bombeiro em uma sociedade totalitária, um profissional que queima livros, todos eles, já que proibidos. Fiel a seus afazeres e, conseqüentemente, à lei que os condiciona, dedica-se à atividade incendiária sem questionamentos, pois assim lhe ensinaram a proceder. Tudo se modifica, no entanto, quando alguém revolucionariamente lhe pergunta: por que age dessa forma? Desperto de uma vida moralmente não experienciada, preestabelecida pelas prescrições jurídicas totalizantes, Montag também se coloca fora de sua comunidade quando, em atividade tipicamente reflexiva, zetética, questiona: por que razões pode alguém querer entender as razões da lei? Ora, pela natureza deste pensamento, acaba-se por questioná-la igualmente. É esse, sucintamente, o eixo central da película Fahrenheit 451 (ING, 1966, 112 min.), de François Truffaut, adaptação cinematográfica do romance homônimo de Ray Bradbury. Obra marco acerca da alienação encoberta do dia-a-dia, da gênese social da esquizofrenia pela hipostasia do medo, enquadra-se em ciclo literário consagrado, do qual se destacam os livros 1984, de George Orwell, e O Processo, de Kafka, textos máximos sobre as tendências geradoras do comunismo stalinista e do fascismo, mas, mais do que isso, de uma versão exacerbada desses, em que o Estado, além de excessivamente interventor e burocratizado, não necessita mais afirmar-se pela história. Ora, a constante nas ficções supramencionadas é justamente a ausência de passado, de uma história pessoal ou política que se possa afigurar compreensível. Nelas, assim, a própria possibilidade da história se viu destruída. O protagonista de O Processo, K., sequer tem um nome sonante identificável. Suas memórias são esparsas e confusas. K. não compreende, da mesma forma, parte alguma do processo contra si movido, já que insondáveis e infindáveis os mecanismos burocráticos, distanciados do comum dos homens. Montag, depois de questionar a lei e iniciar, clandestinamente, a leitura de livros, a conhecer histórias de outros indivíduos e, portanto, a perceber que tem uma, pergunta a sua esposa, Linda, se lembra de quando se conheceram, no que ela, surpresa, responde negativamente. O único contato de Montag com a autoridade é através de suas instituições repressivas, e isso porque delas faz parte. No entanto, mesmo sendo bombeiro, acha ridícula a suposição de que no passado esses profissionais apagassem incêndios, pois “casas foram sempre à prova de fogo”. A própria autoridade não mais sabe o que foi e, conseqüentemente, o que é. O mais significativo de todos, contudo, é Winston, de 1984, que, como primeiro ato de rebeldia contra a ordem que vê, mas não entende, começa a registrar a sua própria história! Enquanto o Estado ideal é marcado pelo equilíbrio entre uma lógica narrativa, que reconhece as pessoas, e uma lógica deliberativa, que restringe o campo dos destinos singulares e das morais comunitárias, possibilitando, pela abstração e racionalidade, a construção de um futuro melhor com base no passado legado ao presente pela lógica narrativa, nos regimes fictícios (ou nem tanto) com os quais trabalhamos é manifesta a ausência daquela e, portanto, de uma concretude contextualizada que embase as construções comunitárias abstratas. Assim, compreendem-se os motivos para a rebeldia através da história, atitude principalmente necessária onde haja predominância de uma concepção infundada que a conceba como processo “científico” (seja dialético ou não) rumo a um futuro supostamente melhor. Negar o passado, considerá-lo sempre algo a ser evitado, ao contrário do futuro enquanto possibilidade eterna do novo, é atentar contra qualquer construção valorativa consuetudinária, alicerce necessário para a consolidação de regimes estáveis e justos, na medida em que garante harmonia entre o público e o privado, a deliberação e a tradição, o abstrato e o concreto e, dessa forma, o reconhecimento privado e singular dos valores públicos e coletivos, e vice-versa. Em um país sem identidade, portanto, é urgente o testamento que lega o passado, e não aquilo que, sem basear-se neste legado, constrói o futuro. É lastimável, por isso, o fato de no Brasil TODOS usarem a pior das viseiras, a que impede a visualização e aproveitamento do passado, impossibilitadora de qualquer compreensão mútua entre o poder público e os sujeitos concretamente tomados. * Acadêmico do 3º ano/manhã. A Toga - Agosto de 2009 10 EVENTOS ACADÊMICOS Semestre de grandes eventos na Casa do Velho André Kauê Ávila Petry Letizia Casaril Lucas Gavronski Luiz Francisco Stefanello Maioli* O primeiro semestre do ano foi de muita movimentação e de altas discussões jurídicas em nossa faculdade. Tal afirmativa é corroborada pela quantidade e qualidade dos eventos acadêmicos ocorridos, que proporcionaram aos estudantes da Casa do Velho André debates e palestras de grande relevância sobre diversos temas polêmicos do Direito. Não há dúvidas de que os grandes professores nacionais e estrangeiros que compareceram ao nosso Salão Nobre neste primeiro semestre deixaram grandes ensinamentos aos participantes. Já no mês de março, nos dias 25 e 26, a Faculdade abrigou debate sobre os rumos do Direito Privado no país com o ciclo de palestras Revisitando Pontes de Miranda 5 Anos após a Vigência do Novo Código Civil, evento organizado em parceria entre o Centro Acadêmico André da Rocha e o Grupo de Pesquisa “A Arbitragem como Meio de Solução de Controvérsias”, coordenado pela Profª. Dra. Véra Jacob de Fradera. Após dois instigantes workshops e exposições qualificadas de professores da Faculdade sobre a influência da obra ponteana nos variados ramos do Direito Privado, o evento foi fechado com chave de ouro pela brilhante palestra do Prof. Marcos Bernardes de Mello. Com sua simpatia e conhecimento, o Professor Emérito da UFAL e autor da célebre obra Teoria do Fato Jurídico encantou as mais de trezentas pessoas que esgotaram as inscrições e lotaram o Salão Nobre nos dois dias do evento, o que demonstra seu indiscutível sucesso. Sucesso este que também deve ser atribuído à seleção privilegiada de professores da Casa que participaram do evento (Prof. Dr. Carlos Alberto Alvaro de Oliveira, Prof. Dr. Carlos Klein Zanini, Profª. Dra. Judith Martins-Costa, Prof. Norberto MacDonald, e Prof. Gustavo Haical, além da coordenadora Prof.ª Dra. Véra Jacob de Fradera). Em maio, dois eventos fizeram com que a Faculdade novamente se tornasse o centro das atenções do meio jurídico no Rio Grande do Sul. Nos dias 05 e 06, o Direito Penal foi objeto de relevantes debates no Ciclo de Debates sobre Dogmática e Política Criminal, evento organizado pelo CAAR, com grande colaboração do prof. Odone Sanguiné, onde foram abordados temas como a dogmática do crime culposo e o envolvimento entre teoria do delito e política. O evento foi realizado em homenagem ao Prof. Dr. Eugênio Raul Zaffaroni, Ministro da Suprema Corte argentina e renomado estudioso do assunto, e contou com palestras do homenageado, do Dr. José Henrique Pierangeli e do Prof. Dr. Tupinambá Azevedo. Os palestrantes abordaram com muita profundidade e sabedoria os temas propostos, levantando aspectos históricos e conduzindo a uma reflexão sobre o contexto atual do Direito Penal, trazendo grande proveito aos presentes. Indo além na bem-sucedida iniciativa dos workshops, dessa vez eles contaram com a participação de graduandos integrantes de grupos de pesquisa da Faculdade relacionados aos temas do Ciclo, sob coordenação do Prof. Moysés da Fontoura Pinto Neto. Os workshops foram bastante elogiados, pois, de forma mais informal, Casa cheia para ouvir o prof. Marcos Bernardes de Mello proporcionam aos presentes uma introdução aos temas que seriam posteriormente abordados. Os alunos não iniciados na matéria puderam, assim, aproveitar melhor as palestras que se seguiram. Como é já tradição do primeiro semestre, também ocorreram no mês de maio as Jornadas de Processo e Constituição, que brindou a Casa com a presença de grandes nomes do Processo Civil. Fruto de consolidada parceria entre CAAR, PPGD-UFRGS e o Curso de Especialização em Processo Civil, a quinta edição das Jornadas homenageou o Prof. Dr. Humberto Theodoro Jr., Professor Titular da UFMG e um dos doutrinadores mais renomados e populares do país, autor de obras que são obrigatórias para qualquer operador do Direito. Para discutir as mais atuais polêmicas sobre o Processo Civil e a permanente busca pela sua aplicação em consonância com os princípios constitucionais, o professor homenageado uniuse a outros conhecedores íntimos do tema (Prof. Dr. Fredie Didier Jr., Prof. Dr. Darci Ribeiro, Prof. Dr. Carlos Alberto Alvaro de Oliveira, Prof. Dr. Danilo Knijnik e Prof. Dr. Daniel Mitidiero). Novamente os workshops tiveram destaque, com a participação dos professores da Casa Eduardo Scarparo, Klaus Koplin e Artur Carpes, além dos graduandos integrantes do Grupo de Pesquisa em Processo Coletivo. Também em maio, foi realizado a 2ª edição do Minicurso de Processo Penal. O evento, organizado pelo CAAR, proporcionou o debate sobre um de seus temas mais apaixonantes e instigantes: o Tribunal do Júri. Entre aulas com professores como Mauro Fonseca Andrade e um debate entre reconhecidos estudiosos com vivência de Júri, o Minicurso teve como ponto alto o Júri Simulado, que arrebatou os presentes com uma grande participação dos alunos da turma de Processo Penal do Prof. Marco Aurélio Moreira de Oliveira. Apesar da inegável qualidade de tais eventos, o melhor ainda estava por vir. Também em junho, a ilustre presença do professor italiano Paolo Grossi foi o ápice do grande semestre acadêmico que tivemos. Um dos maiores nomes em História do Direito da atualidade, o jurista de reconhecimento internacional e membro da Corte Constitucional italiana foi agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela nossa Universidade em meio as Jornadas de Estudo promovidas em sua homenagem. As Jornadas, coordenadas pela Profª. Dra. Judith Martins-Costa com o apoio, entre outros, do PPGD-UFRGS e do CAAR, foi um enorme sucesso, propiciando o encontro de diversos professores, acadêmicos e autoridades do meio jurídico como há muito não se via na Casa do Velho André. O complexo tema da Codificação foi abordado com grande profundidade e sabedoria pelos presentes, dentre os quais podem ser citados, entre tantos outros, os professores italianos Paolo Cappellini e Giovanni Cazzetta, o professor espanhol Jesús Vallejo e os professores da USP Gilberto Bercovici e Miguel Reale Jr., além dos presidentes do TJ/RS e da OAB/RS. Além dos eventos programados para o próximo semestre, com os quais se espera contribuir ainda mais com a formação dos estudantes de Direito da UFRGS, é importante lembrar que o segundo semestre é a vez de nós, graduandos, apresentarmos nossas pesquisas no Salão de Iniciação Científica da Faculdade. Não há dúvidas de que a participação de todos, apresentando suas pesquisas ou apoiando os colegas, demonstrará o diferencial dos alunos da Casa, que seguirão construindo o caminho de uma Faculdade cada vez mais voltada para a excelência acadêmica e para a busca de novos rumos para o Direito. * Acadêmicos do 5º ano/manhã Secretaria de Eventos Acadêmicos Gestão Construindo o Caminho. A Toga - Agosto de 2009 11 CULTURAL Resenha - Contar a lei: as fontes do imaginário político Lucas do Nascimento* A bordando as facetas interdisciplinares do Direito, neste livro François Ost, professor nas Facultés Universitaires Saint-Louis, Bruxelas, e presidente da Academia Européia de Teoria do Direito, trabalha com a contemporânea corrente law and literature pela própria ótica da Literatura, ou seja, através de análise do Direito na Literatura (law in literature). Buscando entender os significados e significantes da esfera jurídica pelo estudo de como suas constantes e contingências são tratadas e/ou refletidas em grandes textos literários e utilizando-se de uma postura crítico-filosófica que rejeita o formalismo e o moralismo jurídico, o autor mergulha na tradição literária universal de modo a explicar como o simbólico nela implícito pode fornecer importantes indicativos acerca da origem e do destino do Direito. Mais do que da convenção ou do fato, defende que o Direito nasce da narrativa. É perseguindo esse objetivo, na busca por explicitar o direito contado e suas repercussões para a compreensão e vivência da justiça, para a própria conformação da identidade dos sujeitos e possibilitação de uma esfera pública a partir da consolidação de um imaginário político comum, que escolhe como objetos de pesquisa a recepção da lei bíblica por Moisés, no monte Sinai (‘No começo era a lei: o Sinai ou a lei negociada’); a Oréstia, de Ésquilo, trilogia trágica que trata do surgimento do areópago, da substituição do justiceiro (dikèphoros) pelo juiz (dikastès) e da transição do sistema vindicativo pela justiça enquanto instrumento da força pública institucionalizada do tribunal (‘No começo era o juiz: a Oréstia ou a invenção da justiça’); a Antígona, de Sófocles, acerca dos conflitos entre as morais privada e pública, assim como sobre a relação entre o excesso (hybris) de força público e a consciência privada do justo na destruição de qualquer ordem política, defesa máxima da moderação no trato daquilo que é comum (koinon) aos membros da comunidade (‘No começo era minha consciência: a Antígona de Sófocles: resistência, aporias jurídicas e paradoxos políticos’); Robinson, de Daniel Defoe, obra ímpar na exaltação e caracterização do mundo liberal contratualista, sobre a tensão entre a exigência religiosa puritana e o desejo de lucro, famosa pela figura de sua personagem principal, Robinson Crusoé, que ganhará posteriormente novas versões, com outros autores, versões essas também analisadas por François Ost, cada qual exemplificativa do panorâma moderno no qual foram escritas (‘No começo era meu direito: Robinson Crusoé e a apropriação do mundo’); a liberdade de Fausto, em suas variadas faces e paradoxos quando considerada em sua relação com a natureza do pacto con- Tempo para nada Gabriel Aquino* traido, nas mais diversas versões, escritas por diferentes autores desde o remoto século XVI (‘No começo era meu direito: o Pacto faustiano ou os avatares da liberdade’); e, por fim, a obra completa de Kafka, sobre a negação do Direito, a lei-esquizo (que não vige ou, caso sim, o faz apenas como afirmação de sua própria necessidade de existência), acerca do distanciamento, não-reconhecimento e separação total entre o direito e o justo (‘E no fim? Kafka ou o aquém da lei’). FICHA TÉCNICA Contar a lei: as fontes do imaginário político Autor: François Ost Editora: Unisinos Ano da 1ª edição: 2007 * Acadêmico do 3º ano/manhã. Sites http://www.un.org/law/avl O tempo passa desapercebido O presente insensível e irremediável Vira passado para sempre Os momentos são roubados pelas fotografias Que zombam dos homens desatentos Porque retratam para sempre O que eles nunca mais terão O tempo morre e o relógio é seu algoz Com sua voz sussurrante nos pressiona Lembrando-nos que o tempo se esvai Um tic a cada segundo que foi Um tac a cada segundo que vai Apressados passam os anos Os homens vivem sem perceber Morrem, nascem e tornam a morrer Cumprindo esses ciclos estranhos Sem perceber que no passar dos anos Nada muda de verdade Mas o tempo continua a passar E através dos anos nós estamos Cada vez mais apressados Para que tudo possa ser feito Sem atraso e na hora exata Assim quem sabe sobra um pouco de tempo Para podermos não fazer nada * Acadêmico do 1º ano/noite. Site da Biblioteca Audiovisual de Direito Internacional mantida pela Organização das Nações Unidas. Contém um imenso banco de dados sobre Direito Internacional, divididos em três grandes partes: Historic Archives, onde podem ser encontrados materiais relacionados a grandes temas da área; Research Library, onde estão organizados links para os diversos bancos de dados de órgãos e tribunais internacionais, além de publicações oficiais e acadêmicas; e Lecture Series, onde é disponibilizada uma variada seleção de vídeo-aulas ministradas por alguns dos mais importantes doutrinadores de Direito Internacional, como o brasileiro Antonio Augusto Cançado Trindade, juiz da Corte Internacional de Justiça. O site está em língua inglesa, mas há vídeo-aulas também em francês e em espanhol. www.lexml.gov.br Portal especializado em informação legislativa e jurídica, a rede de informações inaugurada disponibiliza leis, decretos, acórdãos, súmulas e projetos de lei das esferas federal, estadual e municipal, com o objetivo de criar uma rede que organize e integre tais informações, facilitando o acesso dos interessados. http://www.terciosampaioferrazjr.com.br Site pessoal do renomado prof. Tércio, ele se destaca por possuir vasta seleção de artigos do professor, sobre os mais diversos temas jurídicos. www.stf.jus.br Se você está acostumado a entrar no site do Supremo Tribunal Federal apenas para pesquisar a jurisprudência mais recente, saiba que você está perdendo muito. O site contém uma seção de julgamentos históricos, onde são disponibilizados para download acórdãos, separados por datas e eventos aos quais os julgados se referem. É possível encontrar nessa seção alguns processos de 1812 digitalizados, além de acórdãos com relação à Revolução Federalista e à Revolta da Vacina, por exemplo. Ficou curioso? Entre em www. stf.jus.br > sobre o STF > conheça o STF > julgamentos históricos e conheça um pouco da história jurídica de nosso país. www.bibliojuridica.com Site em espanhol com vários arquivos para baixar gratuitamente. Apresenta grande acervo jurídico. Contém também indicação de outros sites para baixar material da área jurídica. Copa do Direito 2009 Vitor Lima* F oi realizada nos meses de maio e junho a Copa do Direito 2009, que contou com a participação de oito equipes formados por atuais e antigos alunos da Faculdade: Advocalcio (1M), Diretoria (4 e 5M), Estudiantes de Derecho (3N), Exército Chinês (formados), Johnnie Lawyer (4M e N), La Barca (5N), Preibas/ Chubergs (formados), e Tapetão (formados). Todos os jogos da edição deste ano aconteceram nas quadras da HD Sport Center Farrapos, local tradicionalmente utilizado para as competicões futebolísticas da Faculdade. Além do incentivo à prática esportiva e ao espírito de competitividade, a Copa do Direito promove a confraternização entre atuais e antigos membros da Faculdade e a integração entre os atletas e os fiéis torcedores, que acompanharam no frio e no calor os desempenhos de suas esquadras. Diferentemente do tradicional Direitão, em que a primeira fase é disputada no sistema “todos contra todos”, na primeira fase da Copa os oito times participantes foram divididos por sorteio em dois grupos de quatro equipes. No grupo 1 estavam a equipe Preibas/Chubergs, campeã do Direitão 2008, como cabeça de chave; Exército Chinês; Estudiantes e Tapetão. No grupo 2, La Barca, campeã da Copa do Direito 2008 e vice-campeã do Direitão 2008, como cabeça de chave; Diretoria; Johnnie Lawyer e Advocalcio. Campeões: Preibas/Chubergs Os dois melhores classificados em cada grupo avançaram para a segunda fase, realizada no molde “mata-mata”, no qual semifinal e final foram disputadas em jogos de ida e volta. Em quatro partidas muito disputadas, Estudiantes e Preibas/Chubergs mostraram mais força, deixando para trás, respectivamente, Diretoria e Exército Chinês. A final entre Preibas/Chubergs, equipe formada da fusão de dois times de antigos alunos que juntos somam oito títulos do Direitão, e Estudiantes, vice-campeão da Copa do Direito 2008 e única equipe até então invicta na Copa do Direito 2009, foi eletrizante. No primeiro jogo, em que ambas as equipes demonstraram um futebol de muita marcação e aplicação tática, houve a vitória do Preibas/Chubergs pelo placar de 2 a 1. Tal resultado fez com que o Estudiantes realizasse um segundo jodo de muita ofensividade, jogando-se ao ataque para conseguir a vitória que lhe daria o título, mas não conseguiu superar a forte equipe do Preibas/ Chubergs, que segurou o empate em 6 a 6 e sagrou-se campeã da Copa do Direito 2009. Além da festa dos campeões, o encerramento do torneio contou também com um churrasco comemorativo oferecido pela organização aos atletas e torcedores presentes, repetindo o que já havia sido realizado na abertura da competição. O CAAR e a Secretaria de Esportes parabeniza a equipe campeã pelo título conquistado e agradece às demais equipes e torcedores que fizeram parte deste grande evento esportivo. Desde já, convocamos todos os interessados a participarem do Direitão 2009, que promete ainda mais emoção! * Secretário de esportes Vice-campeões: Estudiantes