Maria e o mistério de Cristo
Prof. Thiago Onofre
A realidade da Encarnação
• A Encarnação do Verbo de Deus é obra do
Espírito Santo;
• Não é vontade humana, mas divina;
• São Lucas apresenta Maria como mediação da
obra messiânica, pois levava no seu ventre
Jesus, o Messias, o qual comunicou o Espírito
Santo a João Baptista.
• O relato tem um grande significado simbólico.
Em primeiro lugar afirma que não foi João que
comunicou o Espírito Santo a Jesus, mas foi
Jesus que comunicou o Espírito Santo a João.
A realidade da Encarnação
• Depois aparece a figura de Maria como a
grande mediação do Espírito. Na verdade, foi
Maria que levou Cristo, o portador do
Espírito Santo, até João Batista.
• Naturalmente que se trata do “midrash”, isto
é, um texto elaborado em forma de relato
histórico, mas que é apenas uma elaboração
teológica.
A realidade da Encarnação
• No que se refere à figura de Maria, São Lucas aprofunda
toda a riqueza teológica associada a Maria, a mãe do
Messias: Maria aparece neste relato como uma mulher de
Fé: “Feliz de ti que acreditaste”, diz-lhe Isabel (Lc 1, 45).
• Tal como Abraão, Maria acreditou. Graças à sua fé, Abraão
tornou-se o medianeiro das bênçãos da salvação para a
Humanidade: “Disse o Senhor a Abraão:
• “Farei de ti um grande povo. Abençoar-te-ei,
engrandecerei o teu nome e serás uma fonte de bênçãos.
• Abençoarei aqueles que te abençoarem e amaldiçoarei
aqueles que te amaldiçoarem.
• E na tua descendência todas as famílias da terra serão
abençoadas” (Gn 12, 2-3).
A realidade da Encarnação
• Maria recebeu a missão de ser a mãe do portador das bênçãos
prometidas a Abraão para toda a Humanidade.
• A grande bênção que o Filho de Maria traz para a Humanidade
é o Espírito Santo que faz dos seres humanos membros da
Família de Deus: São Paulo entendeu muito bem esta verdade
fundamental e por isso escreveu:
• “Todos os que se deixam guiar pelo Espírito Santo são filhos de
Deus. Vós não recebestes um espírito de escravidão, mas um
Espírito de adopção, graças ao qual clamais: “Abba, Papá!” (Rm
8, 14-15).
Maria e o Mistério de Cristo
• São Lucas põe na boca do anjo uma síntese da
primeira profecia messiânica da história: o
oráculo do profeta Natã a David, cerca de mil
anos antes de Cristo (2 Sam 7, 12-16).
• Esta profecia marcou toda a história bíblica, pois
é a matriz da esperança messiânica em Israel.
• Anjo da Anunciação sintetiza a profecia,
apresentando-a em forma de anúncio do
nascimento maravilhoso do Messias esperado.
Maria e o Mistério de Cristo
• O que Jesus é como Messias é obra do Espírito Santo. Para
acentuar este aspecto, São Lucas põe na boca de Maria a
seguinte questão: “Como será isso, visto eu não conhecer
varão?” (Lc 1, 34).
• O grande protagonista deste mistério é o Espírito Santo.
Como ternura maternal de Deus, o Espírito Santo vai
otimizar o amor maternal de Maria, a fim de ela amar o
Filho de Deus com um amor maternal otimizado pelo
próprio Deus.
• Maria aparece como a grande mediação do Espírito Santo
para que se concretize o mistério de Cristo. Foi o Espírito
Santo que consagrou Jesus para ele realizar a sua missão,
diz São Lucas mais à frente (Lc 4, 18-21).
Maria e o Mistério de Cristo
• Maria apenas compreendeu de modo perfeito o
mistério de Cristo com o Pentecostes.
• Como diz o Livro dos Actos dos Apóstolos, Maria só
compreendeu de modo perfeito o mistério de Cristo
após a ressurreição do Senhor (cf. Act 1, 14).
• É interessante ver como o evangelho de São João,
com seu simbolismo tão rico, diz que a festa das
Bodas de Caná teve lugar três dias depois.
• Não é difícil ver aqui uma alusão à experiência pascal
de Maria e dos irmãos de Jesus (Jo 2, 1-2).
Maria e o Mistério de Cristo
• Em João Maria é mencionada apenas duas vezes: nas
Bodas de Caná (Jo 2, 1-12) e junto à cruz (Jo 19, 25-27).
Maria não é nunca mencionada pelo seu nome.
• São João chama-lhe sempre a mãe de Jesus. Mesmo
quando os judeus falam dos pais de Jesus, mencionam
Jesus pelo seu nome, mas para Maria utilizam a
designação de Mãe de Jesus: “Os judeus puseram-se,
então a murmurar contra Jesus pelo facto de ele ter dito:
“Eu sou o pão que desceu do Céu”
• e diziam: “Não é ele Jesus, o filho de José, de quem nós
conhecemos o pai e a Mãe?” Como se atreve a dizer
agora: “Eu desci do Céu?” (Jo 6, 41-42).
Maria e o Mistério de Cristo
• O Novo Testamento vê em Maria e no grupo dos
discípulos o resto fiel anunciado pelos profetas.
• Este resto, unido a Cristo ressuscitado e
animado pelo Espírito Santo é o fermento da
Nova Criação realizada em Cristo ressuscitado (2
Cor 5, 17-19).
• A última passagem do Novo Testamento que nos
fala de Maria é o relato da comunidade
apostólica primordial, logo após o Pentecostes.
Maria e o Mistério de Cristo
• “E todos unidos pelos mesmos sentimentos,
entregavam-se assiduamente à oração, com
algumas mulheres, entre as quais Maria, mãe de
Jesus, e seus irmãos” (At 1, 14).
• Após a Páscoa, Maria e os discípulos formavam
o resto fiel reunido em nome de Jesus de
Nazaré, o Messias de Deus.
• Segundo os Atos, o resto fiel era constituído
pelos onze discípulos, pela mãe de Jesus e seus
irmãos e por um grupo de cerca de cento e vinte
pessoas (At 1, 15).
Maria e o Mistério de Cristo
• Maria foi, sem dúvida, uma mediação
privilegiada do Espírito Santo, ajudando o resto
fiel com o qual o Espírito Santo ia fundar a
Igreja: (Jo 19, 25-27).
• Seria errado pensar que Jesus entregou Maria a
João, a fim de esta não ficar só e bandonada.
• O Novo Testamento, de modo especial o Livro
dos Atos dos Apóstolos e os escritos de São
Paulo veem neste resto fiel o embrião do Novo
povo de Deus: a Igreja.
Download

Maria e o mistério de Cristo Prof. Thiago Onofre