Luciana Alves do Nascimento ACNE São Paulo 2007 Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas Luciana Alves do Nascimento ACNE Trabalho apresentado à Disciplina Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de Farmácia/FMU, sob orientação da Especialista Sheila Rodrigues. São Paulo 2007 Dedico aos meus pais Reinaldo e Marisete por todos os valores morais que deram em toda minha vida. Aos meus irmãos Débora, Rodrigo e Margareth pela amizade e carinho que nos une. A toda a indiretamente família que contribuiu direta com ou este momento. E finalmente ao meu marido Marcos, pela amizade, companheirismo, cumplicidade, paciência e também por entender todos os momentos que precisei estar ausente, que não foram poucos. Muito obrigada por tudo, amo você. Dedico também este estudo a Deus porque além dele ter me permitido chegar até aqui, me presenteou com amigas especiais como a Andréia, Maria e Débora. Dedico ainda a Ana Beatriz uma amiga muito especial, que além de me dar muito apoio faz parte da minha vida. Meu muito obrigado, por me permitirem fazer parte da vida de vocês. Agradeço a Especialista Sheila Rodrigues, por ter tão carinhosamente me orientado, sem sua dedicação incondicional este momento não seria possível. Agradeço a todos os meus colegas de trabalho por todo carinho e compreensão pelas vezes em que estive ausente; dando destaque aos Srs. José Ribas, Laert e Werebe. Com certeza, vocês estarão sempre na minha memória. RESUMO A pele é constituída por três camadas distintas, que são a epiderme, a derme e a hipoderme. A epiderme dá origem aos anexos cutâneos, que são as glândulas sudoríparas, as glândulas sebáceas, o folículo piloso e as unhas. A acne, em geral, é desenvolvida por alterações hormonais, que fazem com que aumente a secreção das glândulas sebáceas, sendo mais comum na adolescência, por esse motivo se observa o desaparecimento das acnes com o avanço da idade. Além de alterações hormonais, a acne também pode ser causada por outros motivos, entre eles a ingestão de medicamentos. O tratamento pode ser tópico, com a administração de medicamentos diretamente na pele, ou sistêmico, que é indicado nos casos mais graves da doença e quando o tratamento tópico não der resultados. Dependendo do tipo e gravidade, pode deixar cicatrizes severas no paciente, que são difíceis de desaparecer, podendo até ser tratadas com cirurgia de remoção. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Pele ........................................................................................................... 13 Figura 2: Camadas da Epiderme.............................................................................. 14 Figura 3: Formação da Acne .................................................................................... 20 Figura 4: Acne Grau I ............................................................................................... 22 Figura 5: Acne Grau II .............................................................................................. 23 Figura 6: Acne Grau III ............................................................................................. 23 Figura 7: Acne Grau IV............................................................................................. 24 Figura 8: Acne Grau V.............................................................................................. 24 Figura 9: Bebê com Acne Neonatal.......................................................................... 25 Figura 10: Acne Infantil ............................................................................................ 26 Figura 11: Acne Medicamentosa.............................................................................. 26 Figura 12: Acne Venerata......................................................................................... 27 Figura 13: Acne Mecânica........................................................................................ 27 Figura 14: Acne Tropical .......................................................................................... 28 Figura 15: Acne Escoriada. ...................................................................................... 28 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..........................................................................................................12 1. ANATOMOFISIOLOGIA DA PELE........................................................................ 13 1.1. Epiderme ............................................................................................................ 14 1.2. Derme e Hipoderme ........................................................................................... 16 1.3. Anexos Cutâneos ...............................................................................................17 1.3.1. Glândulas Sudoríparas.................................................................................... 17 1.3.2. Glândulas Sebáceas ....................................................................................... 17 1.3.3. O Folículo Piloso ............................................................................................ 18 1.3.4. Unhas .............................................................................................................. 19 2. ACNE ....................................................................................................................20 2.1. Fisiopatologia ..................................................................................................... 21 2.2. Classificação da Acne ........................................................................................ 22 2.2.1 Acne Comedogênica ou Acne Grau I ............................................................... 22 2.2.2 Acne Pápulo-pustulosa ou Acne Grau II........................................................... 23 2.2.3 Acne Nódulo-cística ou Acne Grau III .............................................................. 23 2.2.4 Acne Conglobata ou Acne Grau IV .................................................................. 24 2.2.5 Acne Fulminans ou Acne Grau V ..................................................................... 24 2.3 Outros Tipos de Acne.......................................................................................... 25 2.3.1 Acne Neonatal.................................................................................................. 25 2.3.2 Acne Infantil...................................................................................................... 25 2.3.3 Acne Medicamentosa ....................................................................................... 26 2.3.4 Acne Venerata.................................................................................................. 27 2.3.5 Acne Mecânica................................................................................................. 27 2.3.6 Acne Tropical ................................................................................................... 28 2.3.7 Acne Escoriada ................................................................................................ 28 3. DIAGNÓSTICO ..................................................................................................... 29 4. TRATAMENTO TÓPICO ...................................................................................... 31 4.1. Peróxido de Benzoíla ......................................................................................... 31 4.2. Nicotinamida Tópica ........................................................................................... 32 4.3. Ácido Azeláico.................................................................................................... 32 4.4. Retinóides .......................................................................................................... 33 4.5. Adapaleno .......................................................................................................... 33 4.6. Tazaroteno ......................................................................................................... 33 4.7. Isotretinoína........................................................................................................ 34 4.8. Tretinoína ........................................................................................................... 34 4.9. Eritromicina ........................................................................................................ 35 4.10. Clindamicina..................................................................................................... 35 4.11. Formulações Magistrais ................................................................................... 35 5. TRATAMENTO SISTÊMICO ................................................................................. 36 5.1. Hormônios .......................................................................................................... 36 5.2. Antibacterianos................................................................................................... 36 5.3. Corticóides Orais................................................................................................ 38 6. CICATRIZES DE ACNE ........................................................................................ 40 6.1. Exame Dermatológico e Classificação das Cicatrizes........................................ 41 6.1.1. Cicatrizes Atróficas.......................................................................................... 41 6.1.2. Cicatrizes Hipertróficas ou Queloidianas......................................................... 42 6.2. Tratamentos Para as Cicatrizes da Acne ........................................................... 42 6.2.1. Revisão Cirúrgica ............................................................................................ 43 6.2.2. Dermoabrasão................................................................................................. 43 6.2.3. Resurfacing ..................................................................................................... 43 6.2.4. Preenchimento ................................................................................................ 44 6.2.5. Criocirurgia e Infiltração de Corticosteróide..................................................... 44 CONCLUSÃO............................................................................................................45 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 46 INTRODUÇÃO Muito se fala em Acne, principalmente na fase da adolescência, porém ela não é um problema que surge apenas nessa época. A Acne é uma condição da pele comum, que acomete várias pessoas, num grau e período variável, predomina na adolescência, podendo também estar presente na idade adulta (HASSUN, 2000). Ela é uma das doenças de pele (dermatoses) mais freqüentes, afetando cerca de 80% dos adolescentes. É uma afecção que atinge o conjunto pilossebáceo (pelo e glândula sebácea). Apesar de ser uma infecção, a acne não é contagiosa (RIBEIRO, 2006b). As áreas mais atingidas do corpo são principalmente a face, região anterior e posterior do tórax. Estas partes do corpo são áreas ricas em glândulas sebáceas. Apesar de ser comum, o tratamento da acne é necessário. Esperar que a acne apareça, pode ser um erro, uma vez que com o tratamento pode-se obter uma melhora rápida da aparência e prevenir-se do surgimento das cicatrizes (STEINER; BEDIN; MELO, 2003). O presente estudo tem como objetivo realizar uma revisão sobre a acne, seu diagnóstico e tratamento. 1. ANATOMOFISIOLOGIA DA PELE A pele é o maior órgão do corpo humano, corresponde a 15% do peso corporal, sendo o revestimento externo do corpo. É responsável pela proteção, homeostase e defesa do organismo. Ela cobre quase todo o corpo à exceção dos orifícios genitais e alimentares, olho e superfícies mucosas genitais (STALKED, 2006; SOUSA; VARGAS, 2004). A pele é praticamente idêntica em todos os grupos étnicos humanos. Nos indivíduos de pele escura, os melanócitos produzem mais melanina que naqueles de pele clara, mas o seu número é semelhante (CLEMENTE, 1989). A pele é constituída pela derme, epiderme, hipoderme e, para alguns, também pelo tecido celular subcutâneo (TCSC). Cumpre funções vitais no organismo, e a sua falta parcial ou total pode ser incompatível com a vida, como o demonstram os grandes queimados. Destaca-se entre essas funções, a de barreira, a de extenso órgão sensorial, a de importante elemento na regulação térmica e na atuação do sistema imunológico (VALENTE, 1997). Figura 1: Pele (Disponivel em: < http://www.cancerinfo. es/index. php? textoid= 21&orden=11>. Acesso em: 09/11/2007). 1.1. Epiderme A epiderme é constituída essencialmente pelos queratinócitos que correspondem a pelo menos 80% de sua população celular (figura 02). Outros constituintes são melanócitos (5 a 10%), as células de Langerhans (2 a 8%) e as células de Merkel (3%) (VALENTE, 1997). Figura 2: Camadas da epiderme (Disponível em: http://www.forp.usp.br/mef /embriologia/pele_anexos.htm. Acesso em: 09/11/2007). Os melanócitos se originam da crista neural, de onde migram durante a vida embrionária, para o sistema nervoso central, estruturas oculares, mucosas e epitélio folicular e interfolicular da pele (GRAFF, 2003). As células Langerhans são de origem mesodérmica, dendríticas e pertencentes ao sistema fagocítico mononuclear. Tem se valorizado, na atualidade, seu papel como célula paresentadora de antígeno ao sistema imune. As célula de Merkel correspondem a 3% da população celular da epiderme e como células pertencentes ao Sistema APUD (Amino Precursor Uptake and Decarboxilation) apresentam grânulos de secreção neuroendícrina característicos. A epiderme é uma camada com profundidade diferente conforme a região do corpo. Zonas sujeitas a maior atrito como palmas das mãos e pés têm uma camada mais grossa (conhecida como pele glabra), e chegam a até 2 mm de espessura (STALKED, 2006). É constituída por um epitélio estratificado pavimentoso queratinizado (células escamosas em várias camadas). A célula principal é o queratinócito (ou ceratinócito), que produz a queratina. A queratina é uma proteína resistente e impermeável responsável pela proteção. Existem também ninhos de melanócitos (produtores de melanina, um pigmento castanho que absorve os raios UV) e células imunitárias, principalmente células de Langerhans, gigantes e com prolongamentos membranares. A epiderme não possui vasos sanguíneos, porque se houvesse vasos na epiderme ela ficaria mais sujeita a ser penetrada por microorganismos. Os nutrientes e oxigênio chegam à epiderme por difusão a partir de vasos sanguíneos da derme (SOUSA; VARGAS, 2004). A epiderme apresenta várias camadas. A origem da multiplicação celular é a camada basal. Todas as outras são constituídas de células cada vez mais diferenciadas que com o crescimento basal vão ficando cada vez mais periféricas, acabando por descamar e cair (uma origem importante do pó que se acumula nos locais onde vivem pessoas ou animais) (RIBEIRO, 2006a). A camada basal é o mais profunda, em contato com derme, constituído por células cúbicas pouco diferenciadas que se dividem continuamente, dando origem a todas as outras camadas. Contém muito pouca queratina. Algumas destas células diferenciam-se e passam para as camadas mais superficiais, enquanto outras permanecem na camada basal e continuam a se dividir (GRAFF, 2003). A camada espinhosa é composta de células cúbicas ou achatadas com mais queratina que as basais. Começam a formar junções celulares umas com as outras, como desmossomas e tight junctions (daí o aspecto de espinhos) (STALKED, 2006). A camada granulosa é composta por células achatadas, com grânulos de queratina proeminentes e outros como substância extracelular e outras proteínas (colagénios) (PEYREFITTE; MARTINI; CHIVOT, 1998). A camada lúcida é constituida por células achatadas hialinas eosinófilas devido a grânulos muito numerosos proteícos. Estas células libertam enzimas que as digerem. A maior parte já está morta (sem núcleo). Estão presentes na pele sem folículos pilosos (VALENTE, 1997) A camada córnea é constituída de células achatadas eosinófilas sem núcleo (mortas) com grande quantidade (STALKED, 2006). de filamentos, principalmente queratinas A junção entre a epiderme e a derme tem forma de papilas, que dão maior superfície de contacto com a derme e maior resistência ao atrito (RIBEIRO, 2006a). 1.2. Derme e Hipoderme A derme é constituída por tecido conjuntivo denso (derme reticular) e por tecido conjuntivo frouxo (derme adventicial: derme papilar, derme perianexial e ao redor de vasos e nervos). É constituído por fibrilhas de colagêno e elastina com numerosos fibrócitos que fabricam estas proteínas e sustentam o tecido. Ela tem duas camadas, a camada papilar de contato com a epiderme e a camada reticular mais densa. É na derme que se localizam os vasos sanguíneos e linfáticos que vascularizam a epiderme (VALENTE, 1997). A derme adventicial tem continuidade com os septos fibrosos que dividem a hipoderme ou tecido gorduroso subcutâneo em lóbulos gordurosos. Por outro lado, um tecido gorduroso alto é observado na derme, formando coxim ao redor dos anexos. A derme é constituída pela substância fundamental e por elementos fibrosos, principalmente fibras colágenas e fibras do sistema elástico. Na substância fundamental encontram-se principalmente o ácido hialurônico, e os sulfatos de condroitina, heparan e de dermatan, todas substâncias altamente hidrófilas (SOUSA; VARGAS, 2004). Grande parte do colágeno encontrado na derme é do tipo I (derme reticular) e do tipo III (derme adventicial, correspondendo as fibras de reticulina). O colágeno do tipo IV é visto fazendo parte das membranas basais da epiderme, dos anexos e dos vasos. As fibrilas ancorantes são colágenos do tipo VII. Encontram-se também outras glicoproteínas não-colágenicas na derme, como a laminina, distribuída de maneira bastante semelhante ao colágeno IV. O colágeno confere resistência à pele; as fibras elásticas, elasticidade e a substância fundamental, resistência à compressão. A principal célula responsável pela produção da grande maioria dos elementos fibrilares e não-fibrilares da derme é o fibroblasto. A irrigação sanguínea da derme é feita por vasos que se arranjam em dois plexos horizontais, um no nível da derme subpapilar, e o outro na derme profunda. Ambos são conectados por vasos comunicantes, verticalizados (GRAFF, 2003). O plexo profundo se interliga com vasos maiores da hipoderme. A microcirculação da pele está localizada na derme adventicial. A epiderme não é vascularizada, de modo que os nutrientes a ela chegam por difusão, provenientes de vasos da derme papilar. Os vasos sanguíneos da pele cumprem ainda importante papel na termorregulação e na resposta inflamatória, contribuindo também na cor da pele, o que é evidenciado quando estão proliferados na mancha angiomatosa, ou quando estão em constrição, como no nervo anêmico, onde a pele se assemelha à do nevo acrônico onde há disfunção melanocítica (STALKED, 2006). A hipoderme tecnicamente já não faz parte da pele. É constituído por tecido adiposo que protege contra o frio. É um tecido conjuntivo frouxo ou adiposo que faz conexão entre a derme e a fáscia muscular e a camada de tecido adiposo é variável à pessoa e localização (VALENTE, 1997). 1.3. Anexos Cutâneos A epiderme dá origem aos anexos cutâneos: glândulas sudoríparas, glândulas sebáceas, folículo piloso e unhas. A abertura dos folículos pilossebáceos (pêlo + glândula sebácea) e das glândulas sudoríparas na pele formam os orifícios conhecidos como poros (PEYREFITTE; MARTINI; CHIVOT, 1998). 1.3.1. Glândulas Sudoríparas Na pele podem ser encontrados dois tipos de glândulas sudoríparas, as apócrinas e as écrinas. As glândulas apócrinas são tubulares e conectadas ao folículo piloso. Encontram-se presentes principalmente nas axilas, região anogenital, aréolas, canal auditivo externo e pálpebras e, sob estímulo hormonal, secretam material viscoso, leitoso e sem cheiro. As glândulas écrinas são distribuídas em praticamente todo corpo, mas principalmente nas palmas das mãos, sola dos pés, fronte e axilas. Possuem um dueto linear espiral cilíndrico, são controladas pelo sistema nervoso colinérgico e secretam suor propriamente dito, inodoro, rico em água, sais e pobre em material orgânico (SOUSA; VARGAS, 2004). 1.3.2. Glândulas Sebáceas As glândulas sebáceas são holócrinas e associadas ao folículo piloso, à exceção dos lábios, mamilos e aréolas. Encontram-se distribuídas em grandes concentrações no couro cabeludo, face, tórax e ombros, e estão ausentes nas palmas das mãos e sola dos pés. Suas atividades estão sob influência dos hormônios andrógenos de origem gonadal e adrenal. A secreção sebácea é composta, principalmente, por triglicerídeos, seguido de ceras, esqualeno, ácidos graxos e ésteres de colesterol com a função de barreira repelente à água, funcionando como um agente hidratante (GRAFF, 2003). 1.3.3. O Folículo Piloso O folículo piloso consiste numa invaginação da epiderme, formando o bulbo capilar de onde se originam os pêlos e cabelos. A formação destas estruturas se dá por um processo similar ao que ocorre na pele (STALKED, 2006). As células na base do folículo, as steam cells, dividem-se e se diferenciam produzindo queratina dura (a haste dos cabelos ou pêlos) que é dividida em três partes: - Cutícula: Parte mais externa dos cabelos e pêlos, composta por queratina disposta em camadas na forma de escamas sobrepostas umas sobre as outras. A função da cutícula é proteger o córtex (SOUSA; VARGAS, 2004). - Córtex: Região dos cabelos e pêlos formada por filamentos intermediários de alfaqueratina, embebida numa matriz rica em enxofre. Esta região é a principal responsável pela tensão ao estiramento dos fios de cabelo. A cutícula e o córtex encontram-se conectados por um complexo de membranas celulares (CMC) composto de membrana plasmática modificada e material intercelular. As ceramidas são lipídeos deste CMC. - Medula: Sem nenhuma função considerável, compreende uma sucessão de células anucleadas interpenetradas por vacúolos. Nem sempre está presente nos cabelos (PEYREFITTE; MARTINI; CHIVOT, 1998). O folículo piloso produz uma estrutura maciça queratinizada, o pêlo, que é produzido por células especializadas na sua raiz, constituindo o bulbo piloso. Tem músculo liso eretor e terminações nervosas sensitivas associadas. Os cabelos e pêlos apresentam crescimento cíclico com uma fase anágena de crescimento contínuo; uma fase de interrupção do crescimento, a fase catágena; e a fase telógena, na qual os cabelos ou pêlos soltos dentro dos folículos caem, enquanto outros começam a se desenvolver (RIBEIRO, 2006a). 1.3.4. Unhas Sem nenhuma função aparente nos humanos ou, talvez, com a função de proteção das extremidades dos dedos. São compostas por queratina dura formada por divisão e diferenciação de células localizadas a partir da matriz, situadas na base das unhas, presentes na epiderme (STALKED, 2006). São extremamente irrigadas, o que as torna rosadas. Contêm 7% a 12% de água e 0,15% a 0,76% de material graxo e menos que isto de cálcio. Anatomicamente são formadas por: raiz: escondida abaixo da prega supraungueal, na base das unhas; corpo ungueal: a parte visível das unhas, ou a unha propriamente dita; leito ungueal: fica sob a parte visível, onde se encontram as cristas de Henle e os vasos sanguíneos. É a parte do dedo que pode ser visualizada através da transparência das unhas; bordas ungueais: sulcos formados entre as laterais da unha e a pele dos dedos; eponíqueo: dobra cutânea que recobre a raiz da unha, conhecida como cutícula; lanula: parte branca na forma de meia-lua, de tom mais claro. Consiste no reflexo da queratinização parcial das células nessa região (RIBEIRO, 2006a). 2. ACNE A elevação de níveis hormonais durante a adolescência (puberdade) causa aumento das glândulas sebáceas da pele. Tais glândulas são encontradas em regiões onde é comum o achado da acne, que é a face, costas e tórax (RIBEIRO, 2006b). Os hormônios que estimulam tais glândulas são hormônios masculinos encontrados tanto em homens quanto em mulheres (CERQUEIRA, 2004). As glândulas sebáceas são conectadas aos folículos pilosos (espécie de canalículos que contém o pêlo), elas produzem uma substância oleaginosa chamada sebo que alcança a superfície da pele após seu esvaziamento através de uma abertura do folículo piloso. Acredita-se que o sebo estimule as células da parede interna do folículo que, então, desprendem-se mais rapidamente e se agrupam formando um "tampão" na superfície da pele. A associação de sebo e células propicia o crescimento bacteriano no interior do folículo. As bactérias em crescimento no interior do folículo podem produzir substâncias que causam a ruptura da parede folicular e, então o sebo, bactérias e células descamadas da parede do folículo derramam-se na pele causando eritema (vermelhidão), edema (inchaço) e pus (a espinha) (PIRES, 1997). Figura 3: Formação da acne (Disponível em: script.com/demo/article-378.html. Acesso em: 11/11/07). http://www.knowledgebase- 2.1. Fisiopatologia Doença da unidade pilossebácea que aparece tanto em homens como em mulheres próximo da adolescência e, na maioria dos casos, torna-se menos ativa ou desaparece na idade adulta. Nas mulheres pode persistir até a terceira ou quarta década de vida. Um diagnóstico equivocado conduz inevitavelmente a um tratamento equivocado. Embora o diagnóstico da acne seja geralmente fácil, em alguns casos existem erupções semelhantes à acne que podem induzir ao erro. A acne acomete mais freqüentemente a face, dorso e peito, mas em casos excepcionais pode também atingir os membros superiores ou até a região glútea. Costuma aparecer na puberdade, mas eventualmente pode tardar a surgir (PIRES, 1997). Existe uma forma que aparece no lactente, conhecida como acne neonatal, que tende a desaparecer entre 2 e 4 anos de idade. A maioria dos adolescentes (aproximadamente 85%) apresenta um grau leve de acne. Uma pequena porcentagem desses tem um quadro mais acentuado, requerendo tratamentos mais agressivos. A duração da enfermidade pode durar variar de 6 a 14 anos, mas há casos, principalmente em mulheres, em que as lesões podem continuar aparecendo até a terceira ou quarta década de vida (CERQUEIRA, 2004). A acne costuma ser mais grave no homem que na mulher e tende a desaparecer com o avanço da idade. Além da pré-disposição genética, quatro outros fatores estão envolvidos no desenvolvimento da acne: hiperplasia da glândula sebácea e a produção de sebo em resposta ao aumento da quantidade de andrógeno adrenal na puberdade. As glândulas sebáceas podem ter maior quantidade de receptores androgênicos, ou os receptores presentes apresentam sensibilidade aumentada a estes hormônios, hiperqueratinização do folículo pilossebáceo com obstrução e formação de microcomedão como resultado da mistura de sebo e epitélio descamado, proliferação do Propionibacterium acnes, um anaeróbico que usa os lipídeos presentes na secreção sebácea como nutrientes (RIBEIRO, 2006b). Estes microorganismos liberam lípases que hidrolisam os triglicerídeos do sebo, liberando ácidos graxos que são irritantes para a parede do folículo levando a uma resposta imune com produção de numerosos mediadores de inflamação liberados dentro do folículo e em seu entorno. A inflamação instalada pode ser exacerbada por ruptura do folículo, com subseqüente escape do conteúdo da glândula inflamada para a derme. Podem, nestes casos, se formarem os nódulos, os cistos e as fistulas, lesões responsáveis pelos quadros de acne nódulo-cistica e conglobata, que pode levar a formação de cicatrizes persistentes (VIEIRA, 2006). 2.2. Classificação da Acne As formas de manifestação são muito variadas podendo aparecer como comedões, pápulas, pústulas, nódulos e abscessos. A localização ocorre principalmente na face, ombro e porção superior do tórax e as lesões estão geralmente associados com seborréia (CERQUEIRA, 2004). A acne é classificada como acne não-inflamatória (sem sinais inflamatórios) quando apresenta somente comedões, e acne inflamatória. Pode ser classificada em forma clínica ou grau dependendo do número, intensidade e características das lesões (PIRES, 1997) 2.2.1 Acne Comedônica ou Acne Grau I Caracteriza-se pela presença de comedões (cravos), porém a existência de algumas pápulas e raras pústulas ainda permite considerar o quadro como Grau I (CERQUEIRA, 2004). Figura 4: Acne Grau I (Disponível em: base/doencas/acne.htm >. Acesso em: 11/11/07). <http://www.dermatologia.net/neo/ 2.2.2. Acne Pápulo-Pustulosa ou Acne Grau II Caracteriza-se pela presença de comedões, pápulas eritematosas (avermelhadas) e pústulas. O quadro tem intensidade variável, desde poucas lesões até numerosas, com inflamação bem intensa (HASSUN, 2000). Figura 5: Acne Grau II (Disponível em: <http://www.dermatologia. net/neo/base/doencas/acne.htm>. Acesso em: 11/11/07). 2.2.3 Acne Nódulo-Cística ou Acne Grau III Há comedões, pápulas e pústulas. Devido à ruptura da parede folicular, há reação inflamatória que atinge a profundidade do folículo até o pêlo, formando nódulos furunculóides. No interior destes nódulos pode ocorrer a formação de pus. Estes nódulos são chamados de cistos (TALARICO; HASSUN, 2000). Figura 6: Acne Grau III (Disponível em: <http://www.dermatologia.net/neo/ base/doencas/acne.htm>. Acesso em: 11/11/07). 2.2.4 Acne Conglobata ou Acne Grau IV Constitui uma forma grave de acne, em que ao quadro anterior, associam-se nódulos purulentos (com pús) numerosos e grandes, formando abscessos e fístulas ("túneis" que o corpo cria para levar um material para a superfície) que drenam pus. Esta forma, em geral, acomete face, pescoço, faces anterior e posterior do tórax, podendo chegar até a região glútea (VIEIRA, 2006). Figura 7: Acne Grau IV (Disponível em: < http ://www.dermatologia. net /neo /base / doenças/acne.htm>. Acesso em: 11/11/07). 2.2.5 Acne Fulminans ou Acne Grau V Forma extremamente rara em nosso meio, na qual, associado às formas de acne nódulo-cística ou conglobata, surge subitamente febre, leucocitose e poliartralgia. Manifestase por lesões úlcerohemorrágicas que acometem preferencialmente o tórax, mas também a face. Freqüentemente com - promete o sistema musculoesquelético, articular e o estado de rigidez (ROMITI; JANSEN; PLEWIG, 2000). Figura 8: Acne Grau V (PIRES, 1997). 2.3. Outros tipos de Acne Uma característica muito significativa de alguns tipos de acne é a ausência de comedões e a etiopatogênia diversa, diferindo muito da acne vulgar, devido a essa característica, são consideradas como variações, apresentando lesões em forma de acne, com a presença de pápulas e pústulas ou mesmo de comedões, mas que, não tem a etiologia da acne vulgar (TALARICO; HASSUN, 2000). 2.3.1 Acne Neonatal Inicia-se nas primeiras seis semanas de vida e é devido à ação dos andrógenos maternos. Apresenta comedões fechados e micropápulo-pústulas nas regiões frontal, nasais e malares. Ainda que passageiro deve ser tratado para não deixar cicatrizes (PIRES, 1997). Figura 9: Bebê com acne neonatal (PIRES,1997). 2.3.2 Acne Infantil São casos que persistem após o período neonatal, após o terceiro mês até 4 anos. É geralmente mais comum no sexo masculino. De modo geral a doença dura alguns meses e pode haver remissão espontânea. As causas podem ser por disfunções endocrinológicas ou hipotalâmicas, deve ser tratado pelo pediatra, dermatologista ou endocrinologista (ROMITI; JANSEN; PLEWIG, 2000). Figura 10: Acne Infantil (Disponível em: < http://www.belezzen.com.br/belezzen /content/view/71/2/>. Acesso em: 11/11/07). 2.3.3. Acne Medicamentosa Diversos medicamentos podem ser responsáveis pela erupção acneiforme. A localização característica desse tipo de acne é: a face, a região anterior e posterior ao tórax, os braços, a região glútea e a coxa (CERQUEIRA, 2004). Presença de pápulas e pústulas pelo uso de hormônios, corticóides de uso tópico e oral, anticoncepcionais, iodo, cloro, bromo, ácido isonicotínico, difenilhidantoína, fenobarbital, trimetadiona, carbono de lítio, vitaminas B12, B6, B1, e D2 e anabolizantes. Tratamento médico e estético com uso de ativos antiflamatórios, calmantes e secativos como as argilas, principalmente a branca, com o objetivo de amenizar o quadro. Após a retirada do agente causador, deve-se proceder a tratamentos com algumas sessões de limpeza de pele (STEINER; BEDIN; MELO, 2003). Figura 11: Acne Medicamentosa (Disponível em: <http://www.eurodrugspharmacy. com/ acneskincare.htm>. Acesso em: 11/11/07). 2.3.4. Acne Venerata Erupção acneiforme induzida por contato externo com grande variedade de substâncias químicas incluindo pomadas e cosméticos, óleos, hidrocarbonetos clorados e derivados de petróleo. Este fenômeno pode ocorrer em qualquer idade, mas tipicamente se inicia além da idade usual da acne vulgar (PIRES, 1997). Figura 12: Acne Venerata (Disponível em: <http://www.health-portal.net/ doena/alfabtica/index_prt.html?disease=706108>. Acesso em: 11/11/07). 2.3.5. Acne Mecânica Erupção acneiforme que ocorre em local de trauma físico. Exemplo disso são os chamados "pescoço de violinista" no pescoço de tocadores de violino e lesões por acne sob faixas usadas na cabeça ou fricção de soutiens apertados. Não apresenta comedões, só pápulas e pústulas (STEINER; BEDIN; MELO, 2003). Figura 13: Acne Mecânica (Disponível em: http://www.belezzen.com.br/belezzen /content/view/71/2/>. Acesso em: 11/11/07). 2.3.6. Acne Tropical A acne tropical ou estival é observada nos meses de verão, por exposição solar, relacionada ao calor e ao suor. É também observada em pacientes com sudorese excessiva. Não apresenta comedões, só pápulas e pústulas, geralmente localizadas no tronco, ombros e estendendo-se para os braços (ALCHORNE; PIMENTEL, 2003). Figura 14: Acne Tropical (Disponível em: http://www.belezzen.com.br/belezzen /content/view/71/2/>. Acesso em: 11/11/07). 2.3.7. Acne Escoriada Os portadores desse tipo de lesão são geralmente tensos e possuem uma compulsão em espremer comedões, pápulas e pústulas, produzindo escoriações, manchas e cicatrizes. Geralmente ocorre em mulheres e é quase sempre indicada orientação psicológica. Algumas vezes as lesões acneicas são inexistentes, mas qualquer mínima alteração na superfície cutânea serve para que se escorie (TALARICO; HASSUN, 2000). Figura 15: Acne Escoriada (Disponível em: http://www.belezzen.com.br/belezzen/ content/view/71/2/ >.Acesso em: 11/11/07). 3. DIAGNÓSTICO O diagnóstico de acne é basicamente clínico. É caracterizado por comedões, pápulas, pústulas, cistos e abscessos localizados na face, ombros e porção superior do tórax, geralmente associado à seborréia. Os comedões podem ser abertos ou fechados. Os primeiros têm cor enegrecida por oxidação das gorduras e aumento da deposição de melanina por atividade de melanócitos e os segundos, aspecto esbranquiçados por pequena atividade dos melanócitos. As pápulas são eritematosas, indicam a atividade da doença e ao desaparecerem podem deixar máculas avermelhadas ou pequenos nódulos fibrosos. Os cistos constituem séria manifestação da acne, têm tamanhos variados e podem espontaneamente drenar pus, deixando graus variáveis de cicatrizes (ALCHORNE; PIMENTEL, 2003). Na criança, a acne geralmente regride espontaneamente, não necessitando de tratamento. Na mulher, os seguintes critérios podem indicar a acne com influência hormonal: acne de início na idade adulta; piora do quadro no período prémenstrual; aumento da seborréia facial; cisto de ovários; hirsutismo; alopecias androgenética; lesões da acne na região mandibular e pescoço. Na mulher adulta, com suspeita de hiperandrogenismo, indicam-se os seguintes exames nos sete primeiros dias do ciclo menstrual: FSH (hormônio folículo-estimulante), LH (hormônio luteinizante), SHDEA (sulfato de deidroepiuandrosterona), testosterona livre, 17hidroxiprogesterona (quando suspeita a deficiência adrenal da 21-hidroxilase), prolactina, SHBG (globulina ligadora de hormônio sexual). Se necessário ultrasonografia pélvica para avaliação de ovários policístico. Cortisol urinário de 24 horas no caso de doença de Cushing (HASSUN, 2000). A acne na mulher adulta pode ser normoandrogênica, mas pode apresentar anormalidades nos mecanismos dos receptores de androgênios ou por ação dos metabólicos androgênicos convertidos perifericamente. Quando na fase adulta deve ser feito o diagnóstico diferencial entre os tipos de acne descritos. A acne induzida por drogas, como, por exemplo, esteróides, difere da acne vulgar na sua distribuição e tipos de lesões que apresenta. As lesões geralmente estão no mesmo estágio de desenvolvimento, representadas por pequenas pápulas eritematosas e pústulas, além de atingirem principalmente o tronco, ombros e braços, com menor comprometimento de face. Culturas nas lesões de pele para gram-negativos e antibiograma devem ser feitos quando houver piora súbita do quadro ou resistência aos antibióticos utilizados. (PIRES, 1997). 4. TRATAMENTO TÓPICO Os tratamentos tópicos são tratamentos que se baseiam na aplicação local (na pele). É o tipo de tratamento mais empregado na maioria dos pacientes com acne leve 50% desses pacientes estão afetados por esses tipos de acne. No arsenal terapêutico, deve-se optar por medicamentos bem tolerados pelos pacientes. Quando os medicamentos tópicos são bem indicados, observam-se mínimos efeitos secundários cutâneos (CERQUEIRA, 2004). Toda medicação tópica tem eficiência limitada, e quando persiste-se nos casos não-responsivos, ela pode tornar-se inócua, e até mesmo nociva. Deve-se avaliar o momento mais apropriado, para se recorrer à outra medicação, que seja mais adequada à nova situação (VIEIRA, 2006). O tratamento etiopatogênicos, da como acne a está ativação baseado hormonal, no tratamento colonização pelo dos fatores P. acnes, hipersecreção sebácea, inflamação e oclusão do orifício folicular. Os objetivos do tratamento incluem a melhora do quadro infeccioso, da aparência física, a minimização de cicatrizes e a prevenção e tratamento de efeitos psicológicos adversos. O tratamento tópico está dividido, basicamente, em agentes queratólitos (ação sobre o comedão) e antibióticos (ação sobre o P. acnes, principalmente). (RIBEIRO, 2006b). 4.1. Peróxido de Benzoíla É um agente antimicrobiano eficaz, principalmente nas acnes inflamatórias. É o medicamento mais usado na terapia. É formulado principalmente em géis de concentração de 5 a 10%. Nos pacientes sensíveis, utiliza-se a 2%. Pode ser usado aplicando-se de uma a três vezes por dia, principalmente nas lesões da face. Não deve ser aplicado no tronco e na área coberta pela vestimenta (SOUZA, 2004). O maior problema é que essa substância apresenta como característica suspensões de partículas de peróxido de benzoíla, o que em concentrações eventualmente excessivas poderá causar efeitos irritativos à pele, além de deixar um resíduo branco no local. É importante salientar também que os medicamentos, com efeito, oxidativo podem descorar roupas e clarear alguns pelos no local da aplicação. A irritação poderá ser contornada através da micronização das partículas e utilizando-se um veículo em um solvente não-volátil. A vantagem desses veículos especiais é que estes apresentam efeito mais prolongado, não sendo necessárias altas concentrações. Aplicações mais espaçadas também diminuem a ação irritante da droga (RIBEIRO, 2006b). 4.2. Nicotinamida Tópica A nicotinamida ou niacinamida é a amida fisiologicamente ativa da niacina (B 3), uma vitamina essencial do complexo B. A niacina é convertida em nicotinamida e depois em nicotinamida-adenina-denucleotídeo (NAD) ou em nicotinamida-adeninadinucleotídeo-fosfato (NADP). Supõe-se que ambas ajam como co-enzimas, mas o mecanismo preciso da ação da nicotinamida no tratamento da acne é desconhecido (HASSUN, 2000). Acredita-se que propriedades antiinflamatórias da forma ativa da niacina (vit. B3) poderiam agir nesse mecanismo, incluindo inibição dos receptores de histamina, quimiotaxia dos neutrófilos e supressão da transformação dos linfócitos. É indicada nas formas leve a moderada da acne. Apresenta como característica ausência de irritação descamação, fotossensibilização ou efeito comedogênico. A concentração recomendada está em torno de 4%, com uma a duas aplicações diárias. A resposta clínica esperada varia de duas a oito semanas dependendo da resposta individual e severidade clínica (SOUZA, 2005a). 4.3. Ácido Azeláico O ácido azeláico apresenta como característica um bloqueio na conversão da testosterona em deidrotestosterona, através da inibição competitiva sobre a redutase no componente pilossebáceo. É um ácido dicarboxílico saturado de nove átomos de carbonos, que resulta da oxidação do ácido ricinoléico. É indicado para acne leve. A concentração mais usada é a 15% em creme ou loções, aplicado duas vezes ao dia (VIEIRA, 2006). A grande vantagem é que é bem tolerado porque não apresenta efeito irritativo local. Outro efeito relevante do ácido azeláico é sua ação despigmentante, que é útil na fase pós-inflamatória da acne. Apresenta atividade antitirosinase sobre os ácidos carboxílicos, sendo importante ressaltar que sua ação despigmentante não tem efeito sobre a pele normal. O ácido azeláico está indicado também nas hipercromias pós-inflamatórias, melasma, dentre outras patologias (SOUZA, 2005b). 4.4. Retinóides Retinóides são hormônios de moléculas pequenas que regulam a atividade dos genes. As funções biológicas incluem a diferenciação e proliferação das células, através da regulação de genes específicos por intermédio de vários receptores nucleares. Apresentam seis receptores de retinóides reconhecidos que pertencem a duas famílias. Os compostos que explicam o espectro total das atividades biológicas dos retinóicos podem demonstrar a considerável eficácia em todas as formas de acne, principalmente nos comedões. Há estudos que utilizam retinóides tópicos, para interromper a formação de microcomedões, com intenção de prevenir a formação das lesões de acne (VIEIRA, 2006). 4.5. Adapaleno Apresenta a característica de ter potencial comedolítico significativo em acne leve à moderada e um efeito antiinflamatório comprovado. Nas formas inflamatórias de média severidade poderá ser indicado em associação com a terapia oral. É um derivado do ácido naftóico, sendo o primeiro da segunda geração dos retinóides. Age como moderador da diferenciação celular, particularmente na descamação anormal da pele. Aprovado pelo FDA na concentração de 0,1%, com baixa irritação local com relação aos demais retinóides. Apresenta também fácil penetração folicular e pode ser combinado com outras terapias para acne. Deve ser aplicado uma a duas vezes ao dia (ANTUNES, 2006). 4.6. Tazaroteno É um pró-medicamento retinóide acetilênico, rapidamente convertido em seu principal metabólito ácido livre, que é o ácido tazaroteno. Os mecanismos exatos da ação do tazaroteno ainda não estão definidos, acredita-se que sua ação esteja na normalização da hiperqueratinização celular e nos marcadores inflamatórios. A normalização da queratinização levará à diminuição da adesão dos queratinócitos foliculares, agindo como efeito comedolítico contra comedões existentes e prevenindo a formação de novos comedões. Oferece benefícios também nas lesões de psoríase. Pode ser usado nas concentrações de 0,1 e 0,05% na acne de intensidade de leve à moderada. A irritação local, descamação, ardência, eritema e prurido são dose-dependentes. Apesar de topicamente não ser mutagênico, carcinogênico ou teratogênico, não deve se usado em extensão maior de 20% e em pacientes grávidas. É somente recomendado para acne facial (TALARICO; HASSUN, 2000). 4.7. Isotretinoína É uma esteroisômero do ácido 13-cis-retinóico. Similar aos efeitos do ácido retinóico, mas com a vantagem de não apresentar os efeitos indesejáveis irritativos e a fotossensibilidade do anterior. Indicado na forma moderada da acne, na concentração de 0,05% em gel, com uma aplicação diária (CERQUEIRA, 2004). 4.8. Tretinoína É conhecido como ácido all-transretinóico, um derivado do ácido retinóico. Apresenta a capacidade de modificar a queratinização folicular anormal, tendo feito comedolítico. Está indicado principalmente nas formas comedolíticas, nãoinflamatórias da acne. É bem tolerado, possivelmente por causa da restrita absorção através da epiderme para a circulação sistêmica. Quando presentes, os efeitos colaterais são limitados e caracterizam-se por eritema local e descamação. Nas formulações em gel de microesferas o efeito irritativo é menor. Pode ser usado nas concentrações que variam de 0,1 a 0,01%, dependendo da severidade, uma vez ao dia. São eficazes na redução dos níveis de ácidos graxos livres nos folículos comedônicos. Utilizamos nas formas inflamatórias com boa resposta (SOUZA, 2004). 4.9. Eritromicina É empregada em concentrações de 2 a 4% em gel, em geral em associação ao peróxido de benzoíla, apresenta boa resposta após algumas semanas do tratamento. É utilizada geralmente nas lesões pustulosas (VIEIRA, 2006). 4.10. Clindamicina Seu uso na concentração a 1% em gel ou loção é eficaz principalmente contra pústulas e pequenas lesões papulosas, não apresentam boa resposta nas lesões císticas e sobre os comedões. Estudos comprovam que esse antibiótico é o que apresenta melhores resultados na diminuição dos níveis do Propioniobacteríum acne (RIBEIRO, 2006b). 4.11. Formulações Magistrais O ácido salicílico, enxofre e a resorcina, associados a veículos em gel, álcool e licor de Hoffman (álcool com éter), são plenamente eficazes, principalmente nas lesões do tronco, ou como coadjuvantes de outras medicações tópicas. Devem-se prescrever formulações simples, evitando a combinação de produtos com a mesma eficácia. Além disso, a concentração dos medicamentos não deve ser escassa, nem exagerada, o que obrigaria o paciente a fazer tratamentos inadequados. É importante entender que, relativamente, pequenas quantidades são mais caras do que as maiores, não havendo habitualmente vantagem em prescrever quantidades inferiores a 30 gramas (HASSUN, 2000). 5. TRATAMENTO SISTÊMICO O tratamento sistêmico é indicado quando não houver resposta ao tratamento tópico, nos casos severos de acne inflamatória, como coadjuvante da terapia tópica e quando os pacientes com sintomas leves de acne apresentam alterações importantes de sua auto-estima, em que a troca da terapia tópica pela terapia oral rapidamente efetiva é mais aconselhável (CERQUEIRA, 2004). 5.1. Hormônios São indicados no controle da acne inflamatória dos pacientes do sexo feminino. Há dois tipos de tratamento antiandrógeno: a espirolactona e contraceptivos orais contendo estrógenos e progestógenos. Nessa associação, são utilizados progestógenos de terceira geração (norgestimato, desosgestrel e gestodeno), combinados com baixas doses de estrógenos (etinilestradiol). O acetato de ciproterona está indicado no tratamento do hiperandrogenismo feminino. Na adolescente, deve-se avaliar a relação risco/benefício, pois esses hormônios podem alterar a maturidade ovariana, com fechamento precoce das epífises ósseas e como conseqüência pode ocorrer parada do crescimento. Nesses casos, o encaminhamento para o especialista é fundamental para determinar a necessidade da terapica (HASSUN, 2000). 5.2. Antibacterianos O emprego tópico de antibióticos tem indicações limitadas e bem definidas, como, por exemplo, as dermatoses secundariamente infectadas ou o impétigo. Se houver compromisso de planos profundos da pele (erisipela, celulites) é obrigatório o emprego de antibacterianos por via sistémica. A utilização tópica de antibióticos pode condicionar reacções de hipersensibilidade e contribuir para o aparecimento de estirpes bacterianas resistentes. O mais usado é a tetraciclina, seguida da minociclina e clindamicina (ROMITI; JANSEN; PLEWIG, 2000). Tetraciclina A tetraciclina se concentra seletivamente nas lesões acnéicas. Sua ação terapêutica se atribui na redução das lipases intrafoliculares com diminuição drástica do número de bactérias que sintetizam essas enzimas. Emprega-se na dose de 250mg, quatro vezes ao dia. É importante recomendar que a medicação deve ser administrada meia hora antes das refeições e três horas após. Não pode ser usada em mulheres grávidas e naquelas com possibilidade de engravidar. Quando a melhora se tornar evidente, pode-se reduzir as doses. A terapia intermitente pode ser necessária, em algumas situações, por vários meses ou anos. O uso prolongado no paciente sensível pode causar vaginites e prurido anal, pela Cândida albícans; assim como intolerância gástrica. Não deve ser utilizada em crianças abaixo de 9 anos, pela possibilidade de causar pigmentação dentária (CERQUEIRA, 2004). Minociclina É um antibiótico derivado da tetraciclina, com melhor resposta na acne. A dose empregada é 100mg, duas vezes ao dia. A intolerância é menor e sua absorção é menos afetada por alimentos do que a tetraciclina (VIEIRA, 2006) Limeciclina É um metabólito da tetraciclina de comprovada eficácia no tratamento da acne. A administração de limeciclina a 300mg, uma vez ao dia, e 150mg, duas vezes ao dia, demonstra a mesma atuação, observada pela bioequivalência na circulação sanguínea, após 24h (SOUZA, 2004). Eritromicina Na impossibilidade do uso das demais drogas, pode ser empregado com resultado satisfatório o estearato de eritromicina. Não se recomenda o uso do estolato de eritromicina, pelos efeitos colaterais importantes, como náuseas, vômitos e icterícia colestática. A dosagem utilizada é 250mg, quatro vezes ao dia, reduzida gradualmente depois que o controle for atingido. Deve ser administrada antes das refeições (RIBEIRO, 2006b). Azitromicina É um antibiótico indicado para os pacientes que não toleraram, ou não respondem, a outros antibióticos empregados no tratamento da acne. A dose preconizada é de 250 mg, três vezes na semana, associado aos tratamentos tópicos. Estudos relatam que essa é uma alternativa eficaz, mais cômoda e bem tolerada no tratamento da acne inflamatória (FONSECA, 2004). 5.3. Corticóides Orais Os corticóides orais apresentam efeito inflamatório eficaz e efeitos colaterais indesejáveis, como, por exemplo, acne esteroidiana. Seu uso fica restrito para as formas severas de acne cística e conglobata. A droga preconizada pode ser a betametasona e/ou a dexametasona. Nas formas císticas devem ser administradas por um período curto. O resultado é satisfatório e a supressão não provoca rebote. Acredita-se que o corticóide, neste caso, regule o aumento do hormônio sulfato de deidroepiandrosterona (S-DHEA) e promova a diminuição de globulinas ligadas aos hormônios sexuais. Na acne fulmínans, o corticóide deve ser utilizado por um período mais longo, associado ao antibiótico, de preferência do tipo macrolídeo, ou da isotretinoína oral. A retirada do corticóide deverá ser lenta após controle clínico (VIEIRA, 2006). Isotretinoína O ácido 13-cis-retinóico, derivado do retinol. Está indicado na acne nódulocística grave e acne moderada recidivante. Apresenta efeito anti-seborréico, antiqueratinizante e antiinflamatório. Por apresentar também efeito antibacteriano folicular, está indicado na foliculite por Gram-negativo, acne fulminante, rosácea, seborréia, entre outras patologias. O mecanismo de ação da isotretinoína inclui modulação da proliferação e diferenciação, normalização do processo de queratinização, imunomodulação, atividade intiinflamatória e subossupressão (SOUZA, 2005b). Em adição, a inibição da proliferação da célula da epiderme afeta a diferenciação da célula dérmica e mesenquimal. Como efeitos adversos observamse: anormalidade temporária hepática, aumento sérico das taxas de coslesterol e triglicérides e ressecamento mucocutâneos. A meia-vida da isotretinoína é, aproximadamente, de 10 a 20 horas. Apresenta teratogenicidade, por atravessar a barreira placentária, podendo provocar deformidades fetais precoces. É recomendado que pacientes do sexo feminino façam segura contracepção até um mês após completar a terapia. Antes de iniciar a terapêutica, rotineiramente, é necessário obter, por escrito, o termo de consentimento, de que a paciente foi informada do risco da teratogenicidade com o uso da isotretinoína. A dosagem preconizada é de 0,5 inicialmente, podendo ser ajustada até 1mg/kg/dia administradas durante as refeições. A dosagem total cumulativa deve alcançar 120mg/kg. A dose menor é tão eficaz quanto a maior. A desvantagem é que provavelmente produzirá uma demora na remissão e aumentará o tempo de tratamento. Uma característica da isotretinoína é a exacerbação da acne no início da terapia, com melhora progressiva nos meses seguintes. Nos pacientes muito esperançosos e depressivos, que não conseguem conviver com a piora das lesões, o tratamento tópico combinado ajuda a equilibrar essa situação (CERQUEIRA, 2004). Flutamida É um potente antiandrógeno não-esteróide. A associação com anticoncepcional oral pode potencializar seu efeito. Está indicado nos pacientes portadores de hirsutismo moderado a grave e naqueles com acne e seborréia intratáveis. A dose usual varia de 125mg/dia a 500mg/dia, quando observam-se poucos efeitos colaterais. O uso em homens, em pacientes menores de 18 anos e na gravidez, é contra-indicado, principalmente pelo risco de feminização. O efeito colateral mais temido é a hepatotoxicidade. Outros efeitos adversos — náuseas, vômitos, cefaléia, irregularidade menstrual, aumento de apetite e obesidade — são relatados, mas pouco freqüentes (HASSUN, 2000). 6. CICATRIZES DA ACNE A cicatriz, na acne, se inicia com a evolução de um comedão não-inflamatório em uma lesão inflamatória, que se rompe pela porção infra-infundibular do folículo, levando a formação de um abcesso perifolicular. As células da epiderme e das estruturas anexiais tentam encapsular a reação inflamatória que, em sendo completa, acarreta a resolução da reação sem incidente. Algumas vezes, entretanto, esta encapsulação é incompleta e segue-se a ruptura do abcesso. O resultado pode ser o aparecimento de canais de fístulas abscedentes da acne. Histologicamente podem apresentar comedões abertos agrupados e interconectados por sulcos queratinizados. Eventualmente, estas fístulas podem ser tão largas que uma ponte de tecido normal é claramente visível acima de um túnel de tecido cicatricial (KADUNC, 2004). Outros tipos de cicatrizes dependem da extensão e da profundidade da inflamação. Quando a inflamação é grave e a ruptura ocorre profundamente no folículo, ela se estenderá ale dele, dentro do subcutâneo, ao redor dos vasos sanguíneos e das glândulas sudoríparas, levando a produção de cicatrizes profundas e à destruição do subcutâneo (KADUNC, 2004). Quando a inflamação é muito profunda, a drenagem transepidérmica geralmente não resolve o problema e a cicatrização ocorre na tentativa de encapsular a inflamação, levando ao aparecimento de pápulas, nódulos ou cistos. As cicatrizes da acne serão visíveis quando exibirem certas características, especialmente aquelas com contorno e cor. Elas podem ser resultado de excesso (hipertrofia) ou perda (atrofia) de tecido. Em geral são na maioria atróficas e mostram muitos graus de gravidade (KELLER, 2006). Dependendo da gravidade do quadro e das características e das cicatrizes, um tratamento individualizado deve ser proposto para cada paciente, e diferentes etapas serão cumpridas até que se obtenham resultados positivos. Assim, os portadores destas cicatrizes devem ser devidamente informados destas dificuldades para que falsas expectativas não prejudiquem a relação de confiança que deve ser mantida entre médico e paciente. Na maioria dos casos, um número variado de diferentes técnicas será indicado, incluindo ou não a dermoabrasão ou o resnrfacing com laser. Tais procedimentos poderão ser realizados em tempos cirúrgicos diferentes, ou eventualmente serem cumpridos num só tempo, dependendo do padrão cicatricial predominante e do interesse e da disponibilidade do paciente (KELLER, 2006). 6.1. Exame Dermatológico e Classificação das Cicatrizes A identificação dos diferentes tipos de cicatriz de acne facilita tanto a escolha da melhor opção terapêutica como a compreensão e adesão do paciente ao tratamento. A pele e as cicatrizes devem ser examinadas com fontes luminosas oblíqua e superior. Esta avaliação, de frente e nos dois perfis, realiza-se em média distância, para determinação do padrão predominante das cicatrizes mais evidentes, e depois em curta distância, para estudo das características de cada cicatriz em particular. Nesta avaliação o paciente também é convidado a participar apontando as lesões que mais o incomodam (HASSUN, 2000). Segue-se o exame detalhado da espessura, coloração, grau de oleosidade e presença de anexos da pele como um todo. As cicatrizes, em particular, são observadas com relação à sua distensibilidade, textura, localização, número, dimensões e forma, bem como ao seu nível com relação à área vizinha. As cicatrizes são então individualmente classificadas, determinando-se a melhor seqüência cirúrgica para o caso estudado (KADUNC, 2004). 6.1.1 Cicatrizes Atróficas A atrofia pode afetar a epiderme, a derme e o subcutâneo. As lesões inflamatórias da acne maturam através das fases da cicatrização, desde a inicial inflamação e formação de tecido de granulação até a subseqüente fibroplastia, neovascularização, contratura da ferida e remodulação tecidual (HASSUN, 2000). As lesões da acne se iniciam geralmente bem abaixo da epiderme, o que leva a uma cicatrização que envolve preferencialmente estruturas mais profundas. Como as cicatrizes maturam, sua contração promove nas camadas superficiais uma aparência denteada. A atividade enzimática e mediadores da inflamação também provocam a destruição dessas estruturas profundas, o que leva à perda de substância, contribuindo para a gravidade da atrofia cicatricial (KELLER, 2006). A extensão da inflamação determinará a quantidade, tipo e profundidade das cicatrizes. As cicatrizes atróficas são divididas em: cicatrizes maculares superficiais, cicatrizes dérmicas profundas, cicatrizes perifoliculares e atrofia de gordura (HASSSUN, 2000). 6.1.2 Cicatrizes Hipertróficas ou Queloidianas Mais raramente, as cicatrizes da acne podem se tornar espessas. Certas características individuais parecem predispor os pacientes a este tipo de cicatriz. Estes incluem: história familiar (há uma associação entre quelóides e aumento da incidência de antígenos de histocompatibilidade), grupo racial, idade entre 10 e 30 anos, gravidade e local da inflamação (KELLER, 2006). Os quelóides se sobrepõem à ferida original, tem pouca ou nenhuma maturação e são muito sintomáticos, tendo certas características histológicas, como grande número de fibras colágenas espessas e compactadas. As cicatrizes hipertróficas são também espessas, porém permanecem confinadas à área da cicatriz original, crescem lentamente por alguns meses e então começam suavemente a regredir depois de alguns anos (KADUNC, 2004). Histologicamente, as cicatrizes hipertróficas mostram numerosos fibroblastos, porém, relativamente poucas fibras colágenas, com presença de alguns miofibroblastos, o que poderia explicar a contratura da ferida que é vista neste tipo de cicatriz (KELLER, 2006). 6.2 Tratamentos Para Cicatrizes da Acne Diversas técnicas podem melhorar uma cicatriz. A maioria delas pode ser feita no consultório do dermatologista com anestesia local. O tratamento cirúrgico pode mudar a dimensão, direção e textura da cicatriz. Contudo, nenhuma cicatriz pode ser completamente eliminada e não existem técnicas mágicas para devolver o aspecto normal da pele. O uso de cosméticos pode conferir excelente camuflagem ao cobrir a cicatriz. A maquiagem melhora a aparência e é encorajado pelo dermatologista enquanto o tratamento é seguido. O ponto mais importante no tratamento da cicatriz é o bom relacionamento médico-paciente onde os objetivos e resultados realistas são explicados e definidos. Dependendo do tipo de cicatriz o tratamento pode ser feito em várias fases com diferentes técnicas (HASSUN, 2000) 6.2.1 Revisão Cirúrgica A remoção cirúrgica está geralmente indicada para cicatriz larga ou ampla. Esta técnica permite a formação de uma cicatriz mais estreita e curta, e conseqüentemente menos evidente. Cirurgiões dermatológicos usam diversas técnicas cirúrgicas para a remoção da cicatriz. Às vezes, apenas a mudança na direção da cicatriz permite uma camuflagem esteticamente aceitável. A fim de obter melhores resultados a ferida cirúrgica é costurada por planos internos e externos. Por vezes, a ferida é fechada sem costura por meio de colas ou fitas cirúrgicas especiais (KELLER, 2006). 6.2.2 Dermoabrasão Dermoabrasão é um método de tratamento que consiste em abrasar ou lixar as camadas superficiais da pele. Permite corrigir a superfície de cicatrizes e irregularidades da pele. Ela determina bons resultados em cicatrizes da acne, tatuagem, cicatrizes cirúrgicas, rugas e cicatrizes da varicela/ catapora. A dermoabrasão pode ser feita manualmente por meio de lixas ou com aparelhos elétricos sob anestesia local. O paciente habitualmente retorna às atividades cotidianas em duas a três semanas. Mudanças na pigmentação são comuns, porém geralmente desaparecem nos primeiros seis meses. Várias sessões podem ser requeridas para corrigir uma cicatriz (KADUNC, 2004). 6.2.3 Resurfacing Resurfacing deve ser entendida como uma técnica que visa a remodelar a pele a fim de obter uma textura mais macia e uniforme. Pode ser realizada a partir do laser e peelings químicos. Apresenta bons resultados no manejo de cicatrizes e imperfeições da pele. O laser usa uma fonte luminosa de alta energia. Existem vários tipos de laser, cada qual usado para um determinado fim. O paciente retorna ao trabalho após duas semanas. Mudanças na pigmentação são comuns, porém geralmente desaparecem nos primeiros seis meses (TALARICO; HASSUN, 2000). Peeling é uma expressão inglesa que significa descascar; assim, o peeling químico é usado para “descascar” a pele em profundidade variável de acordo com a indicação dermatológica. Desta forma, temos o peeling superficial, médio e profundo. O dermatologista dispõe ainda de vários tipos de ácidos para realizar o peeling. Esta técnica permite o tratamento de cicatrizes e irregularidades, além do envelhecimento cutâneo, pois promove um aspecto mais jovial à pele. O paciente submetido ao peeling superficial normalmente tem seu cotidiano preservado, enquanto o profundo necessita de repouso por duas a três semanas. Várias sessões podem ser requeridas. A realização do peeling superficial não determina dor, por vezes ardência leve a moderada; assim, a anestesia não é usada (KELLER, 2006). 6.2.4 Preenchimento Esta técnica consiste em preencher cicatrizes que apresentam depressões com material chamado preenchedor. Existem diversos tipos de preenchedores, de efeito temporário ou prolongado, sintético ou de origem animal. O preenchedor usado será aquele mais indicado para o grau de depressão. Geralmente o procedimento não necessita de anestesia e o paciente volta ao cotidiano imediatamente (TALARICO; HASSUN, 2000). 6.2.4 Micro-enxertos Os micro-enxertos são pequenos transplantes de pele saudável para a área da cicatriz. Esta técnica usa um delicado instrumento chamado punch para retirar a pele da área doadora. Normalmente a área doadora se localiza atrás da orelha. O micro-enxerto é especialmente indicado para cicatrizes profundas da acne (KELLER, 2006). 6.2.5 Criocirurgia e Infiltração de Corticosteróide Tanto a criocirurgia quanto a infiltração de corticosteróide são usadas particularmente no tratamento de cicatrizes hipertróficas. Estas cicatrizes são exuberantes, duras e de coloração rósea ao castanho. São comuns nos indivíduos de pele escura e orientais. A criocirurgia consiste no congelamento da cicatriz. Geralmente é associado com a infiltração de uma substância chamado corticosteróide dentro da cicatriz. O procedimento confere algum desconforto e pode ser realizado com anestesia local. Várias sessões são necessárias. O objetivo de ambas as técnicas é reduzir o tamanho da cicatriz. Mudanças na cor da cicatriz ocorrem com freqüência (KADUNC, 2004). CONCLUSÃO A acne vulgar é afecção inflamatória crônica da unidade pilossebácea, de etiologia multifatorial, sendo particularmente comum entre adolescentes e adultos jovens. Pode levar a importante morbidade física e psicológica, devendo-se atentar para o tratamento mais adequado, considerando-se também a prevenção de seqüelas. O tratamento combinado constitui alternativa comum, principalmente, nos casos mais avançados da doença. O tratamento tópico envolve agentes queratolíticos, como os retinóides, o ácido azeláico e os alfa-hidroxiácidos e os bactericidas, incluindo antibióticos como clindamicina e eritromicina, além do peróxido de benzoíla. Já a terapia oral está centrada no uso da isotretinoína, principalmente na acne severa e resistente a tratamentos anteriores, pela excelente melhora do quadro e segurança no uso. Antibióticos sistêmicos, anticoncepcionais orais e antiandrogênicos também constituem alternativas eficazes na terapia oral. Diante do enorme arsenal terapêutico, cabe ao profissional médico a escolha do melhor método a seu paciente, o que constitui hoje o grande desafio no tratamento da acne vulgar. E até mesmo a associação do tratamento tópico com o sistêmico, REFERÊNCIAS ACNE ESCORIADA. Disponível em: http://www.belezzen.com.br/belezzen/ content /view/71/2/. Acesso em: 11/11/07. ACNE GRAU I. Disponível: http://www.dermatologia.net/neo/base/doencas/acne.htm. Acesso em: 11/11/07. ACNE GRAU II. Disponível em: http://www.dermatologia.net/neo/base/doencas/ acne.htm. Acesso em: 11/11/07. ACNE GRAU III. Disponível em: http://www.dermatologia.net/neo/base/doencas/ acne.htm Acesso em: 11/11/07. ACNE GRAU IV. Disponível em: http://www.dermatologia.net/neo/base/doencas/ acne.htm. Acesso em: 11/11/07. ACNE INFANTIL. Disponível em: http://www.belezzen.com.br/belezzen/content/ view/71/2/. Acesso em: 11/11/07. ACNE MECÂNICA. Disponível em: http://www.belezzen.com.br/belezzen/content/ view/71/2/. Acesso em: 11/11/07. ACNE MEDICAMENTOSA. Disponível em: http://www.eurodrugspharmacy.com/ acneskincare.htm. Acesso em: 11/11/07. ACNE VENERATA. Disponível em: http://www.health-portal.net/doena/alfabtica/ index_prt.html?disease=706108. Acesso em: 11/11/07. ACNE TROPICAL. Disponível em: http://www.belezzen.com.br/belezzen/content/ view/71/2/. Acesso em: 11/11/07. ALCHORNE, M. M. A.; PIMENTEL, D. R. N. Acne. Revista Brasileira de Medicina, São Paulo, v. 60, edição especial, p. 165-172, dez. 2003. ANTUNES, D. Antiacne. In: SOUZA, V. M.; ANTUNES, D. Ativos Dermatológicos. São Paulo: Pharmabooks, v. 4, p. 21-26, 2006. CAMADAS DA EPIDERME. Disponível em: http://www.forp.usp.br/mef/embriologia/ pele_anexos.htm. Acesso em: 09/11/2007. CERQUEIRA, A. M. M. Acne vulgar. In: KEDE, M. P. V.; SABATOVICH, O. Dermatologia estética. São Paulo: Atheneu, cap. 6.1, 2004. CLEMENTE, H. Estrutura e funções da pele. In: ______. Doenças de pele. São Paulo: Editorial Presença, p. 11-15, 1989. FONSECA, J. C. M. Rosácea. In: KEDE, M. P. V.; SABATOVICH, O. Dermatologia estética. São Paulo: Atheneu, cap. 6.3, 2004. FORMAÇÃO DA ACNE. Disponível em: http://www.knowledgebase-script.com/demo/ article-378.html. Acesso em: 11/11/07. HASSUN, K. M. Acne: Etiopatogenia. Anais brasileiros de dermatologia. Rio de Janeiro. Vol. 75, n. 1, jan./fev., 2000. GRAFF, K. M. V. Sistema Tegumentar. In: ______. Anatomia humana. São Paulo: Manole, p. 105-119, 2003. KADUNC, B. V. Cicatrizes da acne. In: KEDE, M. P. V.; SABATOVICH, O. Dermatologia estética. São Paulo: Atheneu, cap. 6.5., 2004. KELLER, R. Estudo clínico e histopatológico das cicatrizes de acne em pacientes fototipo II-V após irradiação com o laser Nd:Yag 1064 nm. 2006. 130 f. Dissertação (Mestrado em Dermatologia) – Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. PELE. Disponível em: http://www.cancerinfo.es/index.php?textoid=21&orden=11. Acesso em: 09/11/2007. PEYREFITTE, G.; MARTINI, M. C.; CHIVOT, M. Cosmetologia, Biologia geral e Biologia da pele. São Paulo: Andrei, 507 p., 1998. PIRES, M. C. Acne e rosácea. In: SITTART, J. A. S.; PIRES, M. C. Dermatologia para o clínico. São Paulo: Lemos, p. 31-41, 1997. RIBEIRO, C.J. Pele. In:______. Cosmetologia aplicada a dermoestética. São Paulo: Pharmabooks, p. 9-25, 2006a. RIBEIRO, C.J. Acne. In:______. Cosmetologia aplicada a dermoestética. São Paulo: Pharmabooks, p. 175-182, 2006b. ROMITI, R.; JANSEN, T.; PLEWIG, G. Acne fulminans. Anais brasileiros de dermatologia. Rio de Janeiro, v. 75, n. 5, set./out., 2000. SOUSA, M. A. J.; VARGAS, T. J. S. Anatomia, fisiologia e histologia da pele. In: KEDE, M. P. V.; SABATOVICH, O. Dermatologia estética. São Paulo: Atheneu, cap. 1, 2004. SOUZA, V. M. Ativos antiacne. In: ______. Ativos Dermatológicos. São Paulo: Pharmabooks, v. 1, p. 97-102, 2004. SOUZA, V. M. Antiacne. In: ______. Ativos Dermatológicos. São Paulo: Pharmabooks, v. 2, p. 21-25, 2005a. SOUZA, V. M. Antiacne. In: ______. Ativos Dermatológicos. São Paulo: Pharmabooks, v. 3, p. 29-33, 2005b. STALKED, E. V. R. S. Anatomia e fisiologia da pele. In: BIANCO, B. G. et al. Cosmiatria: Manual Dermatológico Farmacêutico. São Paulo: Medfarma, p. 17 27, 2006. STEINER, D.; BEDIN, V.; MELO, J. S. J. Acne vulgar. Revista Brasileira de Medicina. São Paulo, v. 60, n 7, p. 490-495, jul. 2003. TALARICO, S.; HASSUN, K. M. Acne. Revista Brasileira de Medicina. São Paulo, v. 58, n. 12, dez., 2000. VALENTE, N Y. S. Estrutura e função da pele. In: SITTART, J. A. S.; PIRES, M. C. Dermatologia para o Clínico. São Paulo: Lemos, p. 1-8, 1997. VIEIRA, I. R. Ativos contra a acne. In: BIANCO, B. G; et al. Cosmiatria: Manual Dermatológico Farmacêutico. São Paulo: Medfarma, p. 173 – 190, 2006.