Setembro de 2010 Ano XV Número 179 D.Antonio: O PNDH-3 A nova história de Dom João VI é um golpe anti-cristão e anti-família Até agora, ele era conhecido como um rei bobo, fraco e comilão. Pesquisas recentes revelam um estadista ousado e inovador – que criou os alicerces da nação brasileira Pág.8 O Hino da Independência e as mãos que o compuseram Quinta da Boa Vista, residência da família imperial, faz 100 anos em outubro, em completo abandono Pág.11 Pág.14 Família Imperial Brasileira, uma reserva moral neste País Pág.5 Há 188 anos, D. Pedro I proclamava a independência do Brasil Pág.6 Dom João VI Sua Alteza Imperial e Real, o Príncipe D. Luiz de Orleans e Bragança Pág.3 Gazeta Imperial 02 Em setembro o Brasil comemora o nascimento da nacionalidade brasileira Prezados Monarquistas, Foi no dia 7 desse mês, às margens do riacho do Ipiranga, que o príncipe regente Dom Pedro, cortou os laços que nos unia a Portugal e ali nascia um novo Brasil brasileiro. Dom Pedro proclamou a independência do Brasil com 23 anos, idade em que hoje a maioria dos jovens ainda freqüenta os bancos escolares. É no instinto voluntarioso de assombrosa versatilidade e decidido de Dom Pedro que a juventude brasileira deve se basear para fazer um grandioso movimento em prol da restauração da Monarquia no Brasil. O IBI – Instituto Brasil Imperial, como já é de conhecimento geral, está trabalhando o seu Projeto 2018, aprovado pela Casa Imperial, da qual é parceiro. Embora o projeto prime pela implantação do Parlamentarismo Monárquico Constitucional, moderno, própria do século 21, ele não se cristalizará sozinho. Precisamos da adesão de todos os monarquistas em torno desse plano. As horas que dedicamos ao movimento precisam ser melhor utilizadas. A internet é um bom meio de divulgação, mas precisamos de muitas horas em campo, diretamente com o povo. Sem militância não teremos votos suficientes para o novo plebiscito. Só ela é que nos levará à vitória no plebiscito de 2018 e um dos seus meios será relatar a história do período imperial conforme ela efetivamente aconteceu. Como já é sabido, nosso povo não conhece a história do nosso período imperial, A republica contou-a à sua maneira, deixando o povo na ignorância do seu passado. Essa atividade está a cargo dos Núcleos Municipais que realizarão suas ações diretamente junto às suas comunidades. São as comunidades mais carentes que detêm 84% dos votos no Brasil. E um dos deveres dos Núcleos é atingir todas as camadas da população. Nossa meta é instalar 1.114 Núcleos Municipais por todo o País. É necessário, pois, que os monarquistas despertem e percebam que lhes compete fazer a diferença, começando pela identificação dos voluntários para instalar um Núcleo em suas respectivas cidades. Na ausência inicial desses voluntários, que se incumbam os monarquistas isoladamente de inaugurar sozinhos suas sedes, colocar uma página na internet de sua unidade e Gazeta iniciar, dessa forma, a chamada à adesão, que certamente será aceita forma, a chamada à adesão, que certamente será aceita Jornal editado pelo Instituto Brasil Imperial pelos que identificam na Monarquia a melhor saída para as graves questões brasileiras. Ano XV Número 178 www.brasilimperial.org.br Informamos que estamos negociando a implantação da TV WEB MONARQUISTA, com transmissão pelo nosso site. Ali você acompanhará tudo o que acontece no A Gazeta Imperial é uma publicação do movimento. Estamos igualmente negociando uma sede social para o IBI, local ond Instituto Brasil Imperial. Artigos, sugestões de receberemos nossos associados e, também, promoveremos nossas reuniões. reportagens, divulgação de eventos Como podem perceber, estamos trabalhando e temos uma tarefa árdua pela frente, monárquicos e imagens podem ser enviados porém possível. Para isso, necessitamos de sua valiosa contribuição financeira para para [email protected] suportar os custos administrativos e os de desenvolvimento do Projeto 2018 porque, sem recursos, nada poderemos fazer. Assim, esperamos poder continuar com seu apoio, o que nos levará à vitória nesse ano. Participe da reconstrução histórica de um novo Brasil. Não vamos esperar pelo que os outros possam fazer Alessandro Padin Editor e jornalista responsável por nós aquilo que é uma nossa [email protected] obrigação enquanto monarquistas. Vamos pôr em prática aquilo que podemos fazer pelo Brasil, Nossa Pátria, Nossa Nação. Imperial Saudações Monarquistas! 03 Instituto Brasil Imperial Primeira reunião do Instituto Sua Alteza Imperial e Real, o Príncipe Brasil é um e sucesso D. LuizImperial de Orleans Bragança Um perfil que exemplifica a tradição monárquica brasileira Da redação do IBI Atual Chefe da Casa Imperial do Brasil, D. Luiz de Orleans e Bragança é primogênito e herdeiro dinástico do falecido Príncipe D. Pedro Henrique de Orleans e Bragança (1909-1981), admirável figura de brasileiro, chefe de família exemplar e artista de conhecido talento; é neto de D. Luiz de Orleans e Bragança (1878-1921) - cognominado o Príncipe Perfeito; bisneto da Princesa Isabel, a Redentora, e trineto do Imperador D. Pedro II. O Imperadores do Brasil, bem como os Reis de Portugal desde o século XVII, pertenceram à dinastia de Bragança, a qual teve sua origem em fins do século XIV, na figura heróica do Santo Condestável de Portugal, o Bem-Aventurado D. Nun'Alvares Pereira. Por sua Mäe, a Princesa D. Maria da Baviera de Orleans e Bragança, D. Luiz herda as tradições da Família de Wittelsbach, a Casa Real da Baviera, uma das mais antigas da Europa (pois tem sua origem no século IX) e célebre no campo das artes e da cultura. Através de seu bisavô Gastão de Orléans, Conde d' Eu, esposo da Princesa Isabel e herói da Guerra do Paraguai, o atual Chefe da Casa Imperial do Brasil descende da Casa Real francesa. Com efeito, provém ele em linha direta, por legítima varonia, de Hugo Capeto, que há precisamente 1006 anos - em 987 - ascendeu ao trono da França e de São Luís IX, o ReiCruzado que governou a França de 1226 a 1270. Descendendo de Reis, Santos e Heróis, de Fundadores de Impérios, Cruzados e Artistas - o nosso Príncipe havia de receber uma educação à altura das tradições que representa. Foi intenção de seu Pai dar-lhe uma formação sólida, nos princípios tradicionais da Santa Igreja. Ao mesmo tempo, desejou que ele tivesse uma cultura geral, um conhecimento em profundidade dos problemas atuais do Brasil e do mundo, e um trato social condizentes com a alta posição que lhe estava destinada. Por fim, desejou para seu primogênito o que a antiga Lei do Banimento não permitira para si próprio: uma educação no Brasil, entre brasileiros, e dentro das melhores tradições brasileiras. Nascido em Mandelieu (França) em 6 de junho de 1938, foi batizado com o nome de Luiz Gastão Maria José Pio de Orleans e Bragança, na capela de Mas-Saint-Louis, de sua Avó a Princesa D. Maria Pia de BourbonSicílias de Orleans e Bragança, e foi registrado no Consulado Geral do Brasil em Paris. Com a deflagração, em 1939, da Segunda Grande Guerra, a Família Imperial ficou retida na França e impedida de transferir-se para o Brasil. Só após o término do conflito pôde D. Luiz, então menino de sete anos, ver pela primeira vez sua terra. Fez os estudos secundário em parte no Paraná onde seu Pai se instalara como fazendeiro, em parte no Rio de Janeiro, no Colégio Santo Inácio. A fim de aperfeiçoar o conhecimento de línguas, fez em Paris o Colégio pré-universitário, e, por fim, foi concluir seus estudos na Universidade de Munique, onde cursou Química. Nas horas vagas que lhe permitia o rígido curso universitário, e durante os períodos de férias, em que viajou por toda a Europa, aproveitou o jovem Príncipe para tornar mais conhecido o Brasil nos ambientes que freqüentava, a saber, os círculos da mais alta nobreza européia, e os meios universitários alemães, italianos e franceses. Retornado ao Brasil em 1967, passou a residir em Säo Paulo, onde assumiu a direção do Secretariado de seu Pai, já então residente na sua propriedade rural em Vassoura, no Estado do Rio de Janeiro. Com o falecimento de D. Pedro Henrique, em 5 de julho de 1981, D. Luiz ascendeu à condição de Chefe da Casa Imperial do Brasil. Embora absorvido por suas ocupações e pelas responsabilidades que lhe advêm da Chefia da Casa - na qual é dedicada e eficazmente assessorado por seu irmão D. Bertrand de Orleans e Bragança, Príncipe Imperial do Brasil – D. Luiz encontra tempo para prosseguir suas atividades no campo cultural e suas viagens pelo Brasil. D. Luiz tem tomado contato direto com os problemas de vários Estados do País. Com particular agrado realizou três viagens pelo interior de Minas Gerais, para apreciar pessoalmente a arte colonial brasileira, tema pelo qual tem grande dileção. Falando fluentemente três idiomas - o português, o francês e o alemão - e entendendo ainda o castelhano, o inglês e o italiano, D. Luiz é senhor de sólida cultura, alicerçada em várias leituras sérias e prolongadas, especialmente de assuntos históricos e sociológi- D. Luiz de Orleans e Bragança cos. Como o Imperador D. Pedro II, volver-se em toda espécie de malencontra no estudo um verdadeiro entendidos e ressentimentos para o prazer. Mas divergindo neste ponto prestígio da Família Imperial, mas de seu trisavô, gosta de equitação e exerce inegável ação de presença ideológica e moral no panorama de caça, tendo mesmo, neste último esporte, conquistado alguns troféus. brasileiro. Mantém avultada corresÉ ainda apreciador de música cláspondência com amigos e admirasica, especialmente de composidores do Brasil inteiro. Nem todas as tores brasileiros da escola barroca. cartas que recebe, entretanto, exprimem uma tomada de posição expliA vida de estudos e de pensamento não impede, porém, de ser um citamente monárquica. Escrevemlhe monarquistas ardorosos e dedihomem inteiramente atualizado, cados, muitos deles jovens. acompanhando com atenção e Escrevem-lhe também amigos que, interesse o noticiário dos principais sem qualquer intuito político, gostam jornais do Rio de Janeiro e de São de cultivar as velhas relações de Paulo. amizade e dedicação para com a Julga que à Família Imperial cabe Família Imperial. E, não raras vezes, representar, no panorama nacional, são brasileiros não monarquistas - e um conjunto de tradições e valores até republicanos convictos - que o morais cuja ação de presença, no procuram, num gesto de simpatia e conturbado Brasil contemporâneo, consideração para com as tradições se exerce de maneira discreta, poe valores que representa. rém profunda e eficaz. É Gräo-Mestre da Ordem da Rosa, e Seguindo o exemplo de seu Pai, da Ordem de Pedro I. É ainda Grãoabstém-se de uma interferência no Cruz da Ordem Constantiniana de embate dos interesses e paixões São Jorge, da Casa Real de das grandes forças que dominam Bourbon-Sicílias, e membro efetivo atualmente o cenário político-parde diversos institutos culturais. tidário do País. Com isso, evita en- 04 Instituto Brasil Imperial Primeira reunião 178 do Instituto Cuba propõe funções Brasil Imperial um sucesso para 500 milé dispensados Sem recursos, regime castrista busca saídas Da redação do IBI Numa tentativa de achar solução para uma situação econômica insustentável, o regime cubano divulgou recentemente uma relação de 178 tipos de atividades profissionais que poderão ser exercidas pela iniciativa privada na ilha. Entre elas, estão serviços como o de descascador de frutas naturais, consertador de guarda-chuvas e penteador de tranças. A divulgação segue anúncio, de 13 de setembro de 2010, no sentido de que ao menos 500 mil funcionários estatais de Cuba serão demitidos até março de 2011. As regras permitirão que 250 mil cubanos passem a trabalhar por iniciativa própria, mas submetidos a taxações que a população considera elevadas. Numa segunda etapa e em curto prazo, mais várias centenas de milhares de cubanos igualmente serão dispensados como funcionários do governo. Estima-se hoje em quatro milhões o número de funcionários públicos existentes no país, recebendo salário mensal médio equi- valente a US$ 20,00 ou R$ 34,00. Pela primeira vez, os cubanos de 83 atividades privadas poderão, também, contratar quem não seja parente, além de vender, por meio de contrato, serviços para o Estado. Segundo números oficiais, mais de 85% da força de trabalho de cinco milhões de cubanos no total, ofereciam seus serviços para o governo no final de 2009. O regime do ditador Raúl Castro negou que as mudanças representem uma transição para o regime capitalista. "A decisão de afrouxar as regras sobre o setor privado é uma das medidas para reestruturar nossa economia para aumentar os níveis de produção e eficiência", informou o jornal oficial "Granma". Deterioração Desde que substituiu o convalescente irmão mais velho Fidel Castro, Raúl promove uma série de pequenas reformas no sentido da desestatização da economia. A medida se soma a outras tomadas desde 2008, como a distribuição de terras ocio- sas estatais a pequenos produtores privados; a permissão para a abertura de negócios familiares particulares; e a eliminação dos tetos salariais aliada à ampliação de prêmios por produtividade aos funcionários. As mudanças foram impulsionadas pela deterioração econômica verificada desde o chamado período especial, que se sucedeu à desintegração da União Soviética, patrocinadora histórica da experiência desse Estado socialista a 150 km da costa norte-americana. Cuba conseguiu respirar com o estímulo à indústria do turismo, que se tornou responsável por 7% do PIB, e o auxílio de Hugo Chávez, no papel de mecenas do socialismo do século 21. Em meio a ganhos propiciados pela elevação do preço do petróleo, o líder venezuelano passou a subsidiar o fornecimento de combustível à ilha. A chegada de Raúl ao poder, porém, coincidiu com a crise econômica mundial, que criou dificuldades para a Venezuela, agravadas por seus problemas internos, e golpeou a indústria do turismo, cujos ingressos recuaram 11% em 2009 em relação Palestras impulsionam movimento monárquico Palestras e encontros como os previstos e realizados em setembro deste ano estão ajudando a implantar em meio à sociedade as bases do edifício monárquicoparlamentarista, exemplo que vem se multiplicando, vagarosa mas solidamente, por diferentes pontos do território brasileiro. Este foi o caso da exposição efetuada pelo renomado monarquista, médico Rubens Vuono de Brito, no dia 22 deste mês de setembro, em dependências da Churrascaria Tourinho, no bairro do Jabaquara, Zona Sul da Capital paulista. Na oportunidade, no evento patrocinado pelo Instituto Brasil Imperial (IBI), foram colocadas situações relacionadas aos rumos do movimento monárquico em nosso país. Para 20 de outubro, também patrocinada pelo IBI e naquele mesmo local, está prevista palestra de José Guilherme Beccari, advogado e membro do Conselho da organização Pró-Monarquia que abordará diferentes aspectos relacionados ao movimento que a todos nos une. No dia 17 de novembro deste ano está prevista reunião do Instituto Brasil Imperial, quando serão expostas ações atualmente em curso e previsões para outras iniciativas de curto, médio e longo prazos, em favor da causa monárquica. O IBI solicita aos diferentes grupos monárquicos que informem a Gazeta Imperial sobre iniciativas similares para que possam ser divulgadas por este boletim, o que pode ser feito através do e-mail ... a 2008. Há dois anos, Cuba foi atingida por furacões que causaram prejuízo de US$ 5 bilhões, o equivalente a 10% do PIB. Sofreu também com a derrocada do preço do níquel, o principal produto de exportação. A série de más notícias obrigou o país a apertar ainda mais o cinto. Veio o racionamento de eletricidade e combustível e fecharam-se os restaurantes que ofereciam alimentação subsidiada. Providências paliativas - e também impopulares - como essas parecem dar lugar agora a medidas mais profundas de reorientação de rumos. A "perestroika" cubana inspira-se na abertura chinesa, país onde o comunismo foi gradualmente substituído pelo capitalismo de Estado com a manutenção de um sistema político autoritário de partido único. Ao abrir a economia, o regime castrista espera atenuar as pressões por reformas na esfera política e obter novas concessões dos EUA, que sob Barack Obama eliminaram restrições a viagens e remessas financeiras por cubano-americanos. Monarquista, anuncie seus produtos e serviços aqui. 05 Instituto Brasil Imperial Primeira reunião do Brasileira, Instituto Família Imperial Brasilreserva Imperial émoral um sucesso uma neste País Da redação do IBI Dona Amélia Maria, Dona Maria Gabriela, Dom Rafael, Dona Cristina de Ligne, Dom Antonio, Dom Bertrand, Dom Luiz Muitos brasileiros se surpreendem com o simples fato de saber que, no Brasil, existe uma Família Imperial. Os poucos e ainda mal informados que dela tiveram alguma notícia, conhecem-na sob a face do distorcido imaginário republicano, que vilipendia os fundadores de uma Nação que se estende por 8,5 milhões de quilômetros quadrados, hoje castigada por mandos e desmandos de infelizes mandatários deste regime de governo. A Família Imperial Brasileira é vista, em meio a situações muitas vezes caóticas de diferentes governos, como uma sólida reserva moral da Nação, um exemplo a ser seguido. Nossos príncipes têm laços com os verdadeiros pais da pátria brasileira, descendendo de Hugo Capeto (940996), que foi coroado rei da França em 987, isto é, há mais de mil anos. Tendo na sua árvore genealógica, obviamente a Princesa Isabel, D. Pedro II, D. Pedro I e D. João VI, os príncipes do Brasil guardam linha varonil direta, São Luiz (Luiz IX), Rei Cruzado da França (1214-1270) pela parte Orleans. Pela parte Bragança remonta a D. Afonso, primeiro Duque de Bragança, que se casou com a filha de D. Nun'Alvares Pereira, Condestável de Portugal. E também pela parte Wittelsbach remontando a Oto de Wittelsbach (Conde Palatino da Baviera em 1156). Morre Dom Pedro I Por Pedro Calmon Ex-presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro Doze anos depois de proclamar a independência do Brasil, em 24 de setembro de 1834, morria, no Palácio de Queluz, no quarto em cujas paredes se vêem as grotescas cenas de D. Quixote, de Cervantes - D. Pedro de Alcântara, primeiro do nome no Império do Brasil, quarto Pedro dos reis portugueses. Um herói precoce que galgou a imortalidade cavalgando as grandes crises do século e, até por isso, denominado "Rei Cavaleiro". As crises foram da liberdade contra o absolutismo, na América e na Europa. Aqui, rompeu com a tradição, aceitan-do a aclamação nacional. Lá, desligou-se do passado, tomando a causa da Constituiçao. Vem dai o fato, único no mundo, de ser o estadista (à frente das multidões que, ufano chefe das revoluções permanentes, tem o seu monumento nas duas margens do Atlântico, no Rio de Janeiro a cavalo - na Praça Tira- dentes e, em Lisboa, no Rossio, ereto sobre a coluna coríntia. Ninguém o igualou no culto dos povos desentendidos em 1822, na língua comum. No Brasil, promovendo a Independência Lá, impondo a Lei; com a circunstância de pôr no trono os filhos, D. Pedro II no Brasil, D. Maria II em Portugal. Juntou à previsão o entusiasmo. Selou com a vitória o destino. Soube comandar de espada na mão a independência dos brasileiros e a transformação dos patrícios, soldado impetuoso, quer na colina do Ipiranga, quer no cerco do Porto, em ambas as conjunturas ungido pela sorte, que é a ordenança do valor. De um lado (eis o seu legado!) consolidou a unidade brasileira, de um outro, impeliu Portugal para diante, rasgando na antiga colônia e na metrópole decadente, os diplomas de antanho, em nome das luzes da Civilização. Fundando o Império, guiado peia sabedoria de José Bonifácio de Andrada e Silva, traçou entre a era morta e os novos tempos, a ponte da concór- dia em vez de abrir como alhures os abismos da divisão é da guerra. Sem a solução monárquica de 1822, proclamado D. Pedro I Imperador, retalhar-se-ia o Pais em Estados soberanos, num desafio à posteridade, que dificilmente o reuniria, se pudesse fazê-lo um dia, na imagem integra da Pátria. Do mesmo modo, abdicando em 1831 a coroa americana, arrasou no Reino os arsenais da Idade Média, implantando, semelhantes às liberdades que outorgara ao Brasil (Carta de 1824), as liberdades que vigoraram em Portugal (Carta de 1826). O Grito da Independência Não importam os erros políticos que acabaram encurtando o seu governo, tão popular no começo - em que aderiu à Nação adotiva - e tão hostilizado no fim quando parecia ter renegado a democracia que anunciara. Sobre os desacertos e os infortúnios, agiganta-se o gênio de condutor das massas,o fulgor da es- trela cívica, que lhe iluminou a jornada, em ambos os continentes. Por mais que o discutissem após sua morte, as suas qualidades sobrepujaram os seus defeitos. Foi formidavelmente providencial, quase adolescente (nascera em 1798) e ainda moço (faleceu aos 36 anos) aquém e alem-mar. É o Bolivar dos brasileiros é o Condestável dos portugueses. São comparações razoáveis, nas perspectivas da Historia, em que o idealismo e a bravura se aliam à oportunidade - de gerar o tempo e o indivíduo que deu corpo e alma à coletividade. Os monumentos que à beira do Oceano, no Brasil e na Europa, celebrizam o "Rei Cavaleiro", equivalem a mensagens imperecíveis recordando-lhe as lutas, as opções, o poder e a glória. E continua lembrado e o reverenciamos em todos os 7 de setembro como se continuasse vivo, a cavalo, no punho triunfante a Suprema Lei, irradiando a majestade do patrono da Independência. 06 Instituto Brasil Imperial Primeira reunião Instituto Há 188 anos, D. do Pedro I proclamava Brasil Imperial é um a independência dosucesso Brasil Por Rainer Sousa Graduado em História, Equipe Brasil Escola A Independência do Brasil, enquanto processo histórico desenhou-se muito tempo antes do príncipe regente Dom Pedro I proclamar o fim dos nossos laços coloniais às margens do rio Ipiranga. De fato, para entendermos como o Brasil se tornou uma nação independente, devemos perceber como as transformações políticas, econômicas e sociais inauguradas com a chegada da família da Corte Lusitana ao país abriram espaço para a possibilidade da Independência. A chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil foi episódio de grande importância para que possamos iniciar as justificativas da nossa independência. Ao pisar em solo brasileiro, Dom João VI tratou de cumprir os acordos firmados com a Inglaterra, que se comprometera em defender Portugal das tropas de Napoleão e escoltar a Corte Portuguesa ao litoral brasileiro. Por isso, mesmo antes de chegar à capital da colônia, o rei português realizou a abertura dos portos brasileiros às demais nações do mundo. Do ponto de vista econômico, essa medida pode ser vista como um primeiro “grito de independência”, onde a colônia brasileira não mais estaria atrelada ao monopólio comercial imposto pelo antigo pacto colonial. Com tal medida, os grandes produtores agrícolas e comerciantes nacionais puderam avolumar os seus negócios e viver um tempo de prosperidade material nunca antes experimentado em toda história colonial. A liberdade já era sentida no bolso de nossas elites. Para fora do campo da economia, podemos salientar como a reforma urbanística feita por Dom João VI promoveu um embelezamento do Rio de Janeiro até então nunca antes vivida na capital da colônia, que deixou de ser uma simples zona de exploração para ser elevada à categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves. Se a medida prestigiou os novos súditos tupiniquins, logo despertou a insatisfação dos portugueses que foram deixados à mercê da administração de Lorde Protetor do exército inglês. Essas medidas, tomadas até o ano de 1815, alimentaram um movimento de mudanças por parte das elites lusitanas, que se viam abandonadas por sua antiga autoridade política. Foi nesse contexto que uma revolução constitucionalista tomou conta dos quadros políticos portugueses em agosto de 1820. A Revolução Liberal do Porto tinha como objetivo reestruturar a soberania política portuguesa por meio de uma reforma liberal que limitaria os poderes do rei e reconduziria o Brasil à condição de colônia. Os revolucionários lusitanos formaram uma espécie de Assembleia Nacional que ganhou o nome de “Cortes”. Nas Cortes, as principais figuras políticas lusitanas exigiam que o rei D. João VI retornasse à terra natal para que legitimasse as transformações políticas em andamento. Temendo perder sua autoridade real, D. João saiu do Brasil em 1821 e nomeou seu filho, Dom Pedro I, como príncipe regente do Brasil. A medida ainda foi acompanhada pelo rombo dos cofres brasileiros, o que deixou a nação em péssimas condições financeiras. Em meio às conturbações políticas que se viam contrárias às intenções políticas dos lusitanos, Dom Pedro I tratou de tomar medidas em favor da população tupiniquim. Entre suas primeiras medidas, o príncipe regente baixou os impostos e equiparou as autoridades militares nacionais às lusitanas. Naturalmente, tais ações desagradaram bastante as Cortes de Portugal. Mediante as claras intenções de Dom Pedro, as Cortes exigiram que o príncipe retornasse para Portugal e entregasse o Brasil ao controle de uma junta administrativa formada pelas Cortes. A ameaça vinda de Portugal despertou a elite econômica brasileira para o risco que as benesses econômicas conquistadas ao longo do período joanino corriam. Dessa maneira, grandes fazendeiros e comerciantes passaram a defender a ascensão política de Dom Pedro I a Imperatriz Dona Leopoldina de Habsburgo e José Bonifácio de Andrade e Silva líder da independência brasileira. No final de 1821, quando as pressões das Cortes atingiram sua força máxima, os defensores da independência organizaram um grande abaixo-assinado requerendo a permanência e Dom Pedro no Brasil. A demonstração de apoio dada foi retribuída quando, em 9 de janeiro de 1822, Dom Pedro I reafirmou sua permanência no conhecido Dia do Fico. A partir desse ato público, o príncipe regente assinalou qual era seu posicionamento político. Logo em seguida, Dom Pedro I incorporou figuras políticas próindependência aos quadros administrativos de seu governo. Entre eles estavam José Bonifácio, grande conselheiro político de Dom Pedro e defensor de um processo de inde- pendência conservador guiado pelas mãos de um regime monárquico. Além disso, Dom Pedro I firmou uma resolução onde dizia que nenhuma ordem vinda de Portugal poderia ser adotada sem sua autorização prévia. Essa última medida de Dom Pedro I tornou sua relação política com as Cortes praticamente insustentável. Em setembro de 1822, a assembleia lusitana enviou um novo documento para o Brasil exigindo o retorno do príncipe para Portugal sob a ameaça de invasão militar, caso a exigência não fosse imediatamente cumprida. Ao tomar conhecimento do documento, Dom Pedro I (que estava em viagem) declarou a Independência do país no dia 7 de setembro de 1822, às margens do rio Ipiranga. 07 Instituto Brasil Imperial Primeira reunião do Instituto Independência: 188 anos depois, Brasil é umaguarda sucessoD. Pedro III o povoImperial brasileiro Reflexões patrióticas Por Rodrigo Constantino Publicado em O Globo, RJ No dia de hoje, nada melhor do que fazer algumas reflexões acerca dos rumos do nosso país. O amor à Pátria é um sentimento de união de indivíduos que compartilham uma história, uma cultura e valores comuns. Ele difere bastante do nacionalismo vulgar, uma forma de coletivismo xenófobo que transforma os indivíduos em simples meios sacrificáveis. Foi o patriotismo que alimentou a Revolução Americana; foi o nacionalismo exacerbado que levou ao nazismo. Não podemos falar de patriotismo sem citar nosso Patriarca da Independência. Sob a influência iluminista, José Bonifácio de Andrada e Silva abraçou os principais pilares da filosofia liberal, compreendendo que a riqueza das nações é produzida pela concorrência e liberdade de empreender, e não pela tutela estatal. O comércio, livre da opressão de minuciosos regulamentos, seria o responsável pela prosperidade da nação. Ele foi uma das vozes mais importantes contra os abusos de poder da Coroa portuguesa e a escravidão. O Brasil era cada vez mais explorado como colônia. A independência era crucial. Andrada compreendia o que estava em jogo: “Sem liberdade individual não pode haver civilização nem sólida riqueza; não pode haver moralidade e justiça; e sem essas filhas do céu, não há nem pode haver brio, força e poder entre as nações.” O Brasil deveria ser um país de cidadãos livres, não de escravos. Infelizmente, deixamos de ser súditos de Portugal, mas nos tornamos súditos de Brasília. O governo central foi concentrando cada vez mais poder à custa da liberdade individual, e o dirigismo estatal poucas vezes esteve tão forte. Neste contexto, o presidente da Fiesp chegou a afirmar que gostaria de “fechar o país”. Isto remete ao que há de mais retrógrado no pensamento econômico. O mercantilismo beneficia poucos empresários próximos ao governo, enquanto prejudica todos os consumidores e pagadores de impostos. Fala-se em “interesse nacional” para ocultar a simples busca por privilégios e monopólios. Na nefasta aliança entre governo e grandes empresários, o povo acaba pagando a conta. Basta lembrar a absurda Lei da Informática para ter ideia do pesado custo imposto aos brasileiros por estas teorias ultrapassadas. O patriotismo pode ser uma arma poderosa contra a tirania. Unidos por um ideal comum de liberdade, os cidadãos representam uma constante barreira às ameaças despóticas. Se mal calibrado, porém, ele pode dar vida ao nacionalismo coletivista, que serve justamente aos interesses dos oportunistas de plantão sedentos por poder. O “orgulho nacional” deve se sustentar em conquistas legítimas, não em fantasias tolas. O verdadeiro patriota não foge da realidade. Sob a luz da razão, devemos perguntar: qual o motivo para sentir orgulho de nossa trajetória enquanto nação? Somos recordistas mundiais em homicídios. Nossas estradas federais são assassinas. O transporte público é caótico. A saúde e a educação públicas são vergonhosas. A impunidade e a morosidade são as marcas registradas de nossa Justiça. A corrupção se alastra feito um câncer. A cultura do “jeitinho” tomou conta do país e a ética foi parar no lixo. Nossas instituições republicanas estão ameaçadas. Nossa democracia é vítima do descaso e do escancarado uso da máquina estatal para a compra de votos. O Estado, capturado por um partido, pratica crimes contra o cidadão, como a quebra de sigilo fiscal da Receita. E ainda somos obrigados a trabalhar cinco meses do ano so- mente para pagar impostos! Regado a crédito facilitado e com o auxílio dos ventos externos favoráveis, o consumo crescente atua como um poderoso anestésico contra esta dura realidade. O velho “pão & circo” também faz sua parte. Será que devemos celebrar um time de futebol temido mundo afora, enquanto a miséria domina o país? Será que devemos ter orgulho do “nosso” petróleo, quando pagamos um dos combustíveis mais caros do mundo e vemos a Petrobras ser estuprada pelos donos do poder? A transformação do patriotismo em nacionalismo está em seu auge quando o povo adere ao infantilismo e passa a encarar seu governante como uma figura paterna. Não se trata do respeito por um estadista, mas de uma forma de idolatria ao “pai do povo”, que não pretende governar, mas sim “cuidar” de sua prole ao lado da “mãe do povo”. É a demagogia em máximo grau. 08 Instituto Brasil Imperial A nova história de Dom João VI Até agora, ele era conhecido como um rei bobo, fraco e comilão. Pesquisas recentes revelam um estadista ousado e inovador – que criou os alicerces da nação brasileira Leandro Loyola O PIONEIRO DA NAÇÃO Imagem de dom João VI. Em seu reinado, o Brasil se abriu ao comércio mundial, ganhou o primeiro teatro e passou a ter livros e imprensa Dom joão VI, rei de Portugal, era um homem baixo, gordo e feio. Tinha feridas na perna. Era religioso e comilão. Viveu a maior parte de seu reinado num palácio, em Mafra, enquanto sua mulher, a princesa Carlota Joaquina, morava noutro, em Queluz. Como governante, dom João era conhecido por empurrar as decisões com sua barriga avantajada. Ele é uma das figuras mais ridicularizadas da História brasileira, popularizado pela alcunha de “dom João Charuto”. Em sua imagem mais difundida, no filme Carlota Joaquina, o ator Marco Nanini vive um rei mal-ajambrado, trôpego e comedor compulsivo de coxinhas de frango, que fugiu covardemente de Portugal para se encostar no Rio de Janeiro. Por aqui, nada teria feito além de comer em excesso e de ser enganado pela mulher. A atuação de Nanini é divertida, mas as pesquisas mais recentes dos historiadores revelam que seu personagem não corresponde necessariamente à realidade. Das dezenas de livros lançados recentemente para comemorar os 200 anos da chegada da Família Real ao Brasil – completados na semana passada –, duas novas biografias se destacam. Elas mostram um rei completamente diferente da imagem estereotipada. Dom João foi um estadista inovador – ainda que por necessidade e sem muita consciência do que fazia – e um monarca que plantou a semente da nação que um dia se tornaria o Brasil. Neste ano, saiu em Portugal D. João VI, biografia escrita pelos historiadores portugueses Jorge Pedreira e Fernando Dores Costa. A outra está sendo finalizada pela historiadora Lúcia Bastos, professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, e será lançada no meio do ano. Os dois livros tentam limpar a imagem caricata de dom João para mergulhar em seu reinado. “A figura dele sempre suscitou histórias anedóticas, que permitia abordagens popularmente atrativas”, diz Fernando Dores Costa, do Departamento de História do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa. “Mas as histórias são difí- ceis de comprovar. Elas são parte do jogo político.” O primeiro mito a cair é o famoso caso das coxinhas de frango. “Não há nenhum dado que comprove essa história”, afirma Lúcia Bastos. PLANO ANTIGO A vinda ao Brasil não foi repentina: foi planejada em segredo por meses. Dom João decidiu partir na última hora As duas biografias são uma oportunidade para separar a comédia e conhecer a fundo o legado de dom João, seu governo e seu papel na história do Brasil e na de Portugal. A última vez que dom João foi estudado com afinco foi há cem anos, no clássico D. João VI no Brasil, de Oliveira Lima, publicado em 1908. Das novas pesquisas surge um governante que tinha limitações, mas enfrentou uma conjuntura totalmente adversa e sobreviveu a ela, apesar de governar um país pequeno, empobrecido e decadente como o Portugal do começo do século XIX. Ainda foi capaz, também, de dar início ao processo de criação de uma nação, o Brasil. “Foi a vinda de dom João que tornou possível a existência do Brasil”, afirma o historiador José Murilo de Carvalho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Muitos historiadores apontam a chegada de dom João como um passo fundamental para a constituição da unidade nacional. Formado por províncias tão diferentes e separadas, o Brasil é um caso raro na América colonizada por Portugal e Espanha. Enfrentou crises separatistas, mas acabou por se consolidar como país único, num continente onde o mais comum foi a fragmentação dos impérios em pequenos Estados. Essa foi a maior, mas não a única, contribuição de dom João. Eis as mais representativas em seu legado: • Ao desembarcar no Brasil, Dom João assinou a abertura dos portos, fato que completa 200 anos nesta 09 semana. A abertura dos portos rompeu o eixo do sistema colonial em vigor. Após 300 anos, o Brasil começou a ter relações comerciais com outros países, além de Portugal. Foi esse o embrião de uma idéia que, ao longo da história brasileira, teve fluxos e refluxos, mas se manteve como central para o desenvolvimento de nossa economia: o livre-comércio. • Em 1808, dom João autorizou a impressão de livros, documentos e jornais no Brasil. A instituição da “Impressão Régia” foi um passo decisivo para a dispersão de idéias, informação e cultura no país, ainda que a maioria da população fosse analfabeta. Foi também dom João quem fundou o primeiro teatro no Brasil, então Teatro S. João (hoje Teatro João Caetano), no Rio de Janeiro. • Ainda em 1808, dom João fundou o Banco do Brasil, cuja função era administrar o tesouro real. Foi um momento crucial em nossa história econômica. A partir daí, o Brasil passou a ter um sistema financeiro. Nada disso estava planejado quando dom João embarcou para o Brasil. Ele decidiu vir para cá no fim de novembro de 1807. Portugal vivia uma fase difícil na geopolítica européia. Havia décadas deixara de ser uma grande potência. O país estava encurralado numa guerra entre Inglaterra e a França de Napoleão Bonaparte. Napoleão conquistava a Europa com seus exércitos e ficava a cada dia mais claro que dom João perderia seu reino. Até 1807, a diplomacia portuguesa procurara manter-se neutra no conflito. Até que não foi mais possível. O exército de Napoleão estava a poucos quilômetros de Portugal, e os franceses haviam firmado um tratado com a Espanha para dividir o país. “A decisão de partir para o Brasil não foi propriamente uma decisão. Chegara a um ponto em que não havia outra hipótese”, diz o português Fernando Dores Costa. porto de Lisboa. Só chegaram ao Brasil em 1810 e formaram a base do acervo da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. A pressa também fez com que muitos nobres embarcassem num dos 19 navios apenas com a roupa do corpo. Ao saber da decisão de dom João, o povo português assustou-se. Numa monarquia absolutista, o rei era o dono do Estado. “Havia um clima de estupefação em Lisboa”, diz Dores Costa. A viagem foi duríssima. Os navios se separaram na altura da Ilha da Madeira. Dom João demorou 54 dias para chegar ao Brasil. Em alguns navios, a falta de higiene provocou a dispersão de piolhos. Muitas damas da nobreza portuguesa tiveram de raspar os cabelos. A viagem foi tão exaustiva que dom João não seguiu os planos de ir direto ao Rio de Janeiro, a capital de então. Parou na Bahia, onde descansou por um mês. Só chegou ao Rio no dia 7 de março. De acordo com relatos da época e do historiador Oliveira Lima, dom João e a princesa Carlota Joaquina foram recebidos numa festa popular. Uma multidão se formou para ver o então príncipe regente, dom João, passar sobre a areia branca e vermelha jogada nas ruas. Dom João foi morar num palácio, a Quinta da Boa Vista, cedido por um traficante de escravos. Sua mulher, Carlota Joaquina, foi morar em Botafogo com os filhos. A corte que o acompanhava tinha entre 12 mil e 15 mil pessoas e, segundo pesquisas do historiador Kenneth Light, ocupou casas confiscadas da população. A VIDA EM FAMÍLIA Dom João e Dona Carlota tiveram nove filhos, mas viviam separados. Ela conspirou para roubar o trono do marido A saída foi às pressas, mas era planejada em segredo havia meses. Toda a bagagem da Família Real estava pronta. Os livros da Biblioteca Real haviam sido embalados, mas, na pressa do embarque, foram esquecidos no O COMEÇO Um retrato da princesa Carlota Joaquina As ações de dom João nos anos seguintes garantiram à colônia uma série de instituições e direitos que ela não tinha. Abriram para o mundo O COMEÇO A chegada de dom João ao Rio. Dom João escapou de perder seu reino para Napoleão ao vir com a família para o Brasil um território oficialmente fechado havia três séculos. Muitos historiadores afirmam que as medidas de abertura tomadas por dom João e a presença da Família Real contribuíram para o Brasil começar a se formar como um país e manter sua integridade territorial após a Independência de Portugal. “Não havia idéia de unidade, não havia Brasil antes de 1808”, diz o historiador João Paulo Garrido Pimenta, da Universidade de São Paulo. “A vinda da Família Real tornou possível essa unidade do Brasil.” Parece um detalhe, mas é um ponto fundamental. Desde o descobrimento, o que chamamos hoje de Brasil não era uma nação, nem mesmo um país. Era um conjunto de províncias muito diferentes umas das outras, com pouca comunicação entre si e com vocações econômicas distintas. A província do Grão-Pará, um território que inclui o que hoje são os Estados do Pará e Maranhão, mantinha contato marítimo direto com Lisboa e praticamente nenhum intercâmbio com o Rio de Janeiro ou Salvador. O mesmo acontecia com Pernambuco. Quase não havia estradas para ligar uma província à outra e o volume de comércio entre elas era pequeno. Tal quadro fazia com que iniciativas de maior autonomia e até de separação surgissem em várias ocasiões. “Não vejo como a colônia pudesse manter-se unida sem a presença, em seu território, da fonte de legitimidade representada pela monarquia”, diz o historiador José Murilo de Carvalho. De acordo com ele, se a Família Real não tivesse se mudado para o Rio e se dom João não tivesse feito tudo o que fez, o Brasil teria se esfacelado no processo de independência. “Teríamos, em vez do Brasil, uns cinco países independentes.” Só para comparar, o processo de independência na parte da América colonizada pela Espanha resultou na fragmentação do território em diversos países pequenos, no início do O COMEÇO Retrato de Napoleão sobre cavalo 10 século XIX. O Brasil tornou-se independente em 1822, passou por várias crises separatistas, mas se consolidou como um país único. A abertura dos portos, assinada logo na chegada a Salvador, no dia 28 de janeiro, é vista como um dado essencial. Ela acabou com o monopólio que Portugal tinha sobre os produtos do Brasil. A Carta Régia libera no Brasil o comércio com outros países, desde que fossem aliados de Portugal. “Ele fez isso porque não tinha alternativa”, diz o historiador Evaldo Cabral de Melo, um crítico de dom João e de sua obra. “Ele precisava da abertura para comerciar e cobrar os impostos da alfândega, que eram quase 90% da arrecadação.” Dois anos depois, Dom João assinou uma série de tratados comerciais com a Inglaterra. Eles privilegiavam absurdamente os comerciantes ingleses, que pagavam taxas mais baixas que os de outros países. Além disso, vendiam produtos sem utilidade para os brasileiros, como patins de gelo. Mas dom João não tinha saída. A Inglaterra era a maior potência da época e a única aliada de um Portugal fraco. “Os tratados foram importantes porque o Brasil começou a comerciar não só com Portugal”, diz a historiadora Lúcia Bastos. “Em 1816, são estabelecidos tratados com a França, que ampliam esse comércio.” A partir da chegada da Família Real, o Brasil começou a ter um sistema financeiro, com a criação do Banco do Brasil. Era um passo importante para um país onde, no século anterior, boa parte do comércio era feita na base da troca, por falta de papel-moeda. Além de não ter dinheiro, o Brasil não tinha livros e jornais. Era proibido imprimir no Brasil. Dom João criou em 1808 a Impressão Régia. Foi liberada a publicação de livros, jornais e documentos, apesar de a censura ser mantida até 1821. Por ordem de dom João foram publicados tratados de filosofia (de autores como Voltaire), de saúde (destaca-se um estudo sobre a saúde pública no Rio de Janeiro) e de economia (o maior exemplo é Observações sobre o Comércio Franco no Brazil, de José da Silva Lisboa, o Visconde de Cairu). Em 1815, dom João “elevou” o Brasil à categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves. Na prática, o novo título não tinha efeito prático. Mas, simbolicamente, o país deixava de ser apenas uma colônia para ser uma parte – a maior – do reino de Portugal. Por que dom João fez tudo isso? Não foi por ser apaixonado pelo Brasil, ainda que ele gostasse de viver aqui. Foi por uma questão de sobre- vivência. “Dom João estava reformando um território fundamental para o bom funcionamento de seu império”, afirma a historiadora Andréa Slemian, do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), da Universidade de São Paulo. “Desde o século anterior, havia o entendimento de que as colônias não deviam ser dominadas OS VÁRIOS BRASIS O Brasil não existia como país em 1808, era um conjunto de províncias com pouca ligação. Não havia idéia de unidade pela metrópole, mas sim funcionar em harmonia e sincronia com ela.” O projeto ousado de transferir a corte portuguesa para o Brasil fora formulado na primeira metade do século XVIII por dom Luís da Cunha, um dos maiores diplomatas portugueses. No reinado de dom João VI, a idéia ressurgiu com dom Rodrigo de Souza Coutinho, um de seus ministros mais influentes. Oficialmente, a mudança era uma tentativa de reformular o Império. Como Portugal era uma potência de segunda classe na Europa, poderia se tornar uma grande potência a partir do Brasil, talvez com a conquista de territórios vizinhos da América espanhola. “Na verdade, tudo era um grande jogo de cena para esconder a melancolia, a falta de vergonha com que eles tinham fugido da Europa”, diz o historiador Cabral de Melo. A instalação da corte transformou o Rio numa cidade portuguesa dentro do Brasil. Isso fez com que as outras províncias fossem chamadas a sustentar esse enclave português em solo brasileiro. Era comum o tesouro real fazer saques antecipados das receitas de impostos pagos pelas províncias para bancar gastos da corte. “As outras províncias tiveram de sustentar o Rio”, afirma Cabral de Melo. O Recife, capital de Pernambuco, não tinha iluminação pública, mas seus habitantes pagavam um imposto para custear a iluminação do Rio. Na volta para Portugal, assim como havia feito quando deixou Portugal, em 1821, dom João levou todo o dinheiro do Banco do Brasil e deixou o país quebrado. A principal conseqüência disso foi a dificuldade de seu filho, dom Pedro I, de administrar o país sem recursos. Meses depois, ele acabaria proclamando nossa independência. As novas biografias também ajudam a entender como a atribulada vida pessoal de dom João influenciou seu governo. “Ele foi um homem que teve a desgraça de, não tendo as ca- O RESULTADO A ilustração mostra carregadores levando uma moça na Rua São Sebastião, no Rio de Janeiro. No período joanino, o Brasil se abriu ao mundo no comércio e se tornou independente racterísticas desejadas para governar, ter se confrontado com uma das conjunturas mais complicadas que já existiram na história portuguesa”, afirma o historiador português Fernando Dores Costa. Dom João não era um grande líder. Tornou-se rei por destino. Herdou o trono porque seu irmão mais velho, dom Miguel, morreu de varíola. Dom João assumiu como príncipe regente em 1792 – sua mãe, a rainha Maria I, era doente mental – quando a situação era totalmente desfavorável. O sistema de monarquia absoluta que vigorava em Portugal estava em declínio na Europa desde a Revolução Francesa, em 1789. Enquanto toda a Europa evoluía, Portugal era um país atrasado, que não tinha passado por nenhuma das três grandes revoluções modernas: religiosa, científica e política. Além da doença da mãe, seu casamento com a princesa espanhola Carlota Joaquina era um inferno. “As relações entre eles eram péssimas desde os primeiros anos do século XIX”, afirma Dores Costa. Tiveram nove filhos e trocaram cartas bastante cordiais. No lado político, dona Carlota participou de pelo menos duas conspirações para afastar o marido do trono. Não teve sucesso em nenhuma delas. Ao contrário do que se pensa, não há sinais públicos de que Carlota tenha traído dom João – apesar de isso ser quase certo, pois os casamentos reais daquele tempo eram simples contratos diplomáticos. A historiadora Lúcia Bastos encontrou vestígios capazes de sugerir que Dom João teria tido uma filha ilegítima com uma das da- MAIS IMPOSTOS As províncias tinham de pagar impostos para sustentar a corte de Dom João no Rio de Janeiro mas de companhia de sua mulher. De acordo com ela, a imagem caricata de um rei bobalhão, glutão e enganado pela mulher deve ser contrastada com a do estadista que teve de vencer adversários mais fortes para plantar as sementes do que um dia viria a ser uma nova nação. Monarquista, anuncie seus produtos e serviços aqui. 11 Instituto Brasil Imperial O Hino da Independência Primeira reunião do Instituto e Brasil Imperial sucesso as mãos queéoum compuseram Da redação do IBI Se a arte imita a vida, podemos notar que a história do Hino da Independência foi tão marcada de improviso como a ocasião em que o príncipe regente oficializou o fim dos vínculos que ligavam Brasil a Portugal. No começo do século XIX, o artista, político e livreiro Evaristo da Veiga escreveu os versos de um poema que intitulou como “Hino Constitucional Brasiliense”. Em pouco tempo, os versos ganharam destaque na corte e foram musicados pelo maestro Marcos Antônio da Fonseca Portugal (1760-1830). Aluno do maestro, D. Pedro I já manifestava um grande entusiasmo pelo ramo da música e, após a proclamação da independência, decidiu compor uma nova melodia para a letra musicada por Marcos Antônio. Por meio dessa modificação, tínhamos a oficialização do Hino da Independência. O feito do governante acabou ganhando tanto destaque que, durante alguns anos, D. Pedro I foi dado como autor exclusivo da letra e da música do hino. Abdicando do governo imperial em 1831, observamos que o “Hino da Independência” acabou perdendo prestígio na condição de símbolo nacional. Afinal de contas, vale lembrar que o governo de D. Pedro I havia sido marcado por diversos problemas que diminuíram o seu prestígio como imperador. De fato, o “Hino da Independência” ficou mais de um século parado no tempo, não sendo executado em solenidades oficiais ou qualquer outro tipo de acontecimento oficial. No ano de 1922, data que marcava a comemoração do centenário da independência, o hino foi novamente executado com a melodia criada pelo maestro Marcos Antônio. Somente na década de 1930, graças à ação do ministro Gustavo Capanema, que o Hino da Independência foi finalmente regulamentado em sua forma e autoria. Contando com a ajuda do maestro Heitor Villa-Lobos, a melodia composta por D. Pedro I foi dada como a única a ser utilizada na execução do referido hino. Nesta pintura, D. Pedro I estaria executando o Hino à Independência do Brasil Hino da Independência Já podeis, da Pátria filhos, Ver contente a mãe gentil; Já raiou a liberdade No horizonte do Brasil. Brava gente brasileira! Longe vá... temor servil: Ou ficar a pátria livre Ou morrer pelo Brasil. Os grilhões que nos forjava Da perfídia astuto ardil... Houve mão mais poderosa: Zombou deles o Brasil. Brava gente brasileira! Longe vá... temor servil: Ou ficar a pátria livre Ou morrer pelo Brasil. Não temais ímpias falanges, Que apresentam face hostil; Vossos peitos, vossos braços São muralhas do Brasil. Brava gente brasileira! Longe vá... temor servil: Ou ficar a pátria livre Ou morrer pelo Brasil. Parabéns, ó brasileiro, Já, com garbo varonil, Do universo entre as nações Resplandece a do Brasil. Brava gente brasileira! Longe vá... temor servil: 12 Instituto Brasil Imperial Testemunhas de Pindamonhangaba estiveram presentes na proclamação Um privilégio que a história permitiu a poucos Da redação do IBI Quando se vê a famosa tela de Pedro Américo de Figueiredo e Mello exibindo D. Pedro I em seu ato de proclamação da independência brasileira de Portugal, muitas vezes somos levados a indagar quem seriam aqueles coadjuvantes em torno do imperador num momento único da história nacional. Talvez seja possível em algum dia até identificar-se todos ou a maioria dos presentes. Mas, desde já, alguns deles são conhecidos. Uma dezena deles era nascida em Pindamonhangaba, no Estado de São Paulo. Naquele grupo de cavalarianos estavam os 10, inclusive o comandante da guarda, coronel Manuel Marcondes de Oliveira Mello. Foi este quem registrou o acontecimento, que hoje se encontra em várias obras sobre nossa história. Segundo o ilustre pindamonhangabense o fato resumidamente se deu assim: “Ao romper do dia a guarda já aguardava ordens em frente ao palacete em que Sua Alteza havia se hospedado. Saímos cedo. Montava D. Pedro uma possante besta gateada, não em ardoroso cavalo de raça mineira, como mais tarde noticiaram os jornais. S.A. ia satisfeito e expansivo, mantendo animada conversação com o padre Belchior Pinheiro que ia a seu lado. Havíamos subido a serra, quando D. Pedro se queixou de cólicas intestinais e precisou apear-se para aliviar. Resolvemos seguir e esperá-lo na entrada de São Paulo, se antes não fôssemos por ele alcançados. Chegando ao Ipiranga, fiz parar a guarda junto a uma casinhola à beira da estrada, à margem daquele riacho. Para prevenir qualquer surpresa, mandei o guarda Miguel de Godoy colocar-se de atalaia em um lugar de onde percebesse a aproximação do príncipe, para avisar com tempo de nos pormos em forma e escoltá-lo à entrada da cidade. Pouco tempo depois de havermos apeado para descansar, vimos, dirigindo-se para o nosso lado, dois via- jantes. Eram Paulo Bregaro, oficial da Secretaria do Supremo Tribunal Militar, e o major Antônio Ramos Cordeiro, que, a mandado de José Bonifácio, vinham do Rio à procura de d. Pedro para entregar-lhe papéis importantes que o governo lhe enviava. Ficamos curiosos por saber do que se tratava. Mas os emissários só nos disseram que ao Rio havia chegado um navio trazendo despachos da Corte de Lisboa, dos quais entendeu o ministro que devia imediatamente dar conta a D. Pedro. Os viajantes continuaram sua marcha ao encontro de S.A., deixandonos ansiosos, procurando adivinhar o que seria. Embora naquele tempo se falasse muito em desembarque de forças portuguesas nas costas do Brasil, ninguém se mostrou assustado. Minutos depois, vinha apressadamente em nossa direção o guarda que havíamos colocado de vigia. Compreendi o que aquilo significava e mandei formar a guarda para recebê-lo. Mas tão apressado vinha o príncipe, que chegou antes que alguns soldados tivessem tempo de alcançar as selas. Havia de ser 4 horas da tarde, mais ou menos. Vinha o príncipe na frente. Saímos ao seu encontro e, diante da guarda, que descrevia um semicírculo, ele estacou seu animal e de espada desembainhada, bradou: – Amigos! Estão para sempre quebrados os laços que nos ligavam ao governo português! E nos topes que nos indicam como súditos daquela nação, convido-vos a fazerdes assim. E, arrancando ao chapéu que ali trazia a fita azul e branca, a arrojou no chão, sendo nisso acompanhado por toda a guarda, que, tirando dos braços o mesmo distintivo, lhe deu igual destino. – E viva o Brasil livre e independente! Ao que, desembainhando também nossas espadas, respondemos: – Viva o Brasil livre e independente! – Viva d. Pedro, seu defensor perpétuo! E bradou ainda o príncipe: – Será nossa divisa de ora em diante Em 1922, para comemorar o 1º Centenário da Independência, foi construído na praça Monsenhor Marcondes um monumento em memória dos pindamonhangabenses da Guarda de Honra. A iniciativa foi de Athayde Marcondes e do presidente da Câmara na época, dr. Raul Moreira Marcondes (neto do guarda José Romeiro de Oliveira) – Independência ou Morte! Em seguida d. Pedro colocou novamente a espada na bainha, gesto imitado por toda a sua guarda, e seguimos em direção a São Paulo. A galope, lá foi D. Pedro experimentar as fortes emoções que sua alma de moço devia estar sentido, vibradas pela incomparável vitória que acabava de alcançar, vencendo preconceitos e interesses de família, afrontando a animosidade de um povo de que estava dependente o seu futuro, só para elevar a nossa pátria à posição de país livre e independente. Foi um herói aquele D. Pedro!” 13 Os pindamonhangabenses da Guarda de Honra Em “Pindamonhangaba Através de Dois e Meio Séculos”, Athayde Marcondes registra os seguintes nomes de pindamonhangabenses, membros da Guarda de Honra de Pedro I, que o acompanharam na viagem que culminou com a proclamação da Independência: 1. Coronel Manuel Marcondes de Oliveira Mello - (segundo comandante interino); 2. Capitão João Monteiro do Amaral; 3. Tenente-mor Francisco Bueno Garcia Leme; 4. Sargento-mor Domingos Marcondes de Andrade; 5. Alferes Manuel Ribeiro do Amaral; 6. Alferes Adriano Gomes Vieira de Almeida; 7. Antônio Marcondes Homem de Mello; 8. Capitão Benedito Corrêa da Silva Salgado 9. Miguel de Godoy Moreira e Costa; 10. Capitão Manuel de Godoy Moreira. Ainda de Pindamonhangaba tivemos mais quatro oficiais pertencentes à guarda que por motivos ponderáveis não puderam acompanhar o príncipe naquele evento, a saber: 11. Capitão José Romeiro de Oliveira; 12. Capitão Antônio Salgado Silva (que se tornaria Visconde da Palmeira) 13. Alferes Rodrigo de O. Bueno de Godoy; 14. Capitão Cândido Marcondes Ribas; Em “Pindamonhangaba no Século XIX – Cafezais, Servidão e Nobreza” (1994), de Fábio Schmidt Goffi, consta que “todos os nomes acima referidos são confirmados pelo historiador e jurista Augusto César Salgado, que acrescenta ainda, o nome de Manuel Marcondes do Amaral, também membro da guarda, porém ausente da epopéia do Ipiranga.” Há outras situações indicadas por outros historiadores relatando a participação de naturais dessa cidade no panorama monárquico brasileiro. A Guarda de Honra Nesta oportunidade, faz-se oportuno esclarecer alguns fatos referentes à Guarda de Honra antes da proclamação e aquela criada depois do 7 de setembro; ou seja, a Guarda de Honra de D. Pedro I enquanto príncipe regente e a Guarda de Honra de D. Pedro depois de coroado imperador. A primeira existia desde o início de 1822. Tratava-se de um corpo de patriotas que voluntariamente havia se formado com o intuito de proteger D. Pedro, principalmente do inconformado português, tenentecoronel Jorge de Avilez Zuarte de Souza França, um dos descontentes com a resolução de D. Pedro de resistir às Cortes, permanecendo no Brasil no exercício dos poderes que seu pai lhe havia conferido. Essa guarda fora formada por voluntários, com autorização de D. Pedro. “Existia desde abril de 1822, conforme se vê no itinerário descrito pelo desembargador Estevam Ribeiro de Rezende que o acompanhou com secretário de Estado e ministro em sua viagem para Minas naquele mês e ano”. “Compunha-se de moços das mais distintas famílias, e em condições de poderem manter-se em contato com o príncipe. Era uma guarda nobre, tinham todos os seus respectivos pagens e as despesas que faziam Coronel Marcondes, comandante da Guarda de D. Pedro. Alguns cronistas atribuíram, erroneamente, ao coronel Antônio Pereira Gama Lobo o comando do efetivo que esteve com D. Pedro na proclamação da Independência. em viagens ou na Corte corriam por conta deles mesmos” (João Romeiro). Foi a partir desse efetivo que em 1º de dezembro de 1822, d. Pedro organizou, a pedido de seus próprios integrantes, um corpo regular com a denominação de Guarda de Honra de Minha Imperial Pessoa. Daí, talvez, a razão de aparecerem, também de Pindamonhangaba, outros componentes da Guarda de D. Pedro, pois seu efetivo aumentou depois da Independência, e ela se tornou uma organização permanente e regular, como corpo do Exército. Monarquista, anuncie seus produtos e serviços aqui. 14 Turismo Primeirada reunião do Instituto Quinta Boa Vista, residência da Brasil Imperial é umfaz sucesso família imperial, 100 anos em outubro, em completo abandono Parque, com área verde que já abrigou Família Real, completa 100 anos mês que vem (outubro 2010). Prefeitura vai recuperar jardins até megafesta Por Christina Nascimento Transcrito de O DIA, RJ Residência da Família Real entre os anos de 1808 e 1889 e uma das áreas de lazer mais frequentadas nos fins de semana, a Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, vai ganhar tratamento especial para comemorar seu primeiro centenário como parque público em outubro. Sem receber o devido cuidado há alguns anos e com valor histórico quase no esquecimento, o parque será presenteado com pacote de reformas. Bancos, sistema de iluminação e pavimento, que estão destruídos, serão trocados por novos. As ações estão previstas só terminam na primeira semana do mês que vem. Uma programação especial, que terá como ponto alto o Dia das Crianças, vai encerrar a semana de comemoração. “Vamos fazer uma ação concentrada no local, que é um dos principais pontos de visitação da cidade. Tudo será revisto. Do piso à desobstrução das vias pluviais. Uma nova Quinta será entregue para a população”, disse o secretário municipal de Conservação, Carlos Roberto Osório. A história que se perde em meio a pichações, à sujeira, a estruturas corroídas pelo ferrugem, ao mato alto e ao improviso que descarac- terizam o estilo imperial do parque foi o sinal vermelho para que a prefeitura criasse plano quase emergencial para entregar o espaço de lazer com novo visual em outubro. “É quando se comemoram os 100 anos. Tem também um outro fator importante. Sabemos que a Quinta vai ficar movimentada durante a Copa de 2014 e as Olimpíadas, porque fica perto do Maracanã, onde vão acontecer partidas importantes”, disse o secretário. Museu também reformado As mudanças, segundo Osório, estão sendo assessoradas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O cuidado é para que se preserve a estrutura original das peças reformadas, como no caso das papeleiras. Também vai entrar no pacote de recuperação o jardim do Museu Nacional, que fica na Quinta da Boa Vista. Apesar de o museu não ser de competência municipal, a prefeitura vai custear a reforma para recuperar o paisagismo. O valor do investimento ainda não foi calculado, mas é um dos presentes guardados para o aniversário. “Para nós, essa revitalização que a prefeitura está planejando no parque é muito importante. Melhorando o entorno, aumenta o conforto ao visitante”, disse a diretora do Museu Nacional, Claudia Rodrigues Ferreira de Carvalho. interação com os visitantes. “Pretendemos usar a 'realidade aumentada' e outros dispositivos de tecnologia”. Museu Nacional à espera de patrocínio Ligação entre Maracanã e parque Mais antiga instituição científica do Brasil, o Museu Nacional, localizado na Quinta da Boa Vista, também sofre com a ação do tempo. A situação mais crítica é a do jardim, que é habitual alvo de vandalismo. A expectativa da diretoria da unidade é arrumar um patrocinador para ajudar na reforma interna do prédio. “Precisamos fazer a manutenção das salas dos embaixadores e do Trono, que ainda têm decoração dos anos de império”, afirmou a diretora do Museu Nacional, Claudia Rodrigues Ferreira de Carvalho. Enquanto a ajuda não vem, a instituição vai acumulando projetos para o futuro. Um deles é aumentar a Separados por uma linha férrea, o Estádio do Maracanã e a Quinta da Boa Vista devem ser integrados num único ambiente, uma 'praçarela' para se transformar num grande área de lazer. O projeto da prefeitura ainda não saiu do papel, mas é dado como certo já para a Copa de 2014. “Serão novas passarelas e pontes unindo esses dois pontos para se criar um grande parque público. Com isso, faremos uma ação maior, que terá a ampliação e reforma das estações de trem do Maracanã e da Quinta, para suportar a demanda de turistas que vão visitar esses locais”, disse o secretário municipal de Conservação, Carlos Roberto Osório. Jardins do Museu Nacional terão o paisagismo recuperado. Projeto é acompanhado pelo Iphan. Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia www.brasilimperial.org.br