MOÇAMBIQUE Projecção sobre Segurança Alimentar Janeiro a Junho de 2013 Espera-se um período de escassez alimentar mais prolongado no sul de Moçambique DESTAQUES Figura 1. Condições de segurança alimentar projectadas, Janeiro de 2013. • A segurança alimentar para maioria das famílias rurais em todo o país é relativamente favorável. No geral, os alimentos estão disponíveis, os mercados estão suficientemente abastecidos, e os preços são acessíveis. Os alimentos sazonais encontram-se disponíveis e o acesso humano e animal à água tem melhorado bastante. • Há registo de bolsas de condições de “Stress”de insegurança alimentar aguda (IPC Fase 2) em partes do sul e centro de Moçambique afectadas por défices de produção na época passada e pelas recentes inundações. As famílias pobres enfrentam acesso limitado aos alimentos através de compras no mercado. Estas zonas incluem partes dos distritos de Cahora Bassa, Mutarara, Macossa e Machanga, na zona centro e Chigubo, Chókwe e Funhalouro na zona sul. • As culturas semeadas na zona sul em Outubro foram afectadas por longos períodos de estiagem e temperaturas extremamente altas em Novembro e Dezembro, causando perdas severas. Com a segunda sementeira em finais de Dezembro, serão necessárias chuvas consistentes para além de Fevereiro para garantir o sucesso da produção agrícola na zona sul do país. • Chuvas extraordinariamente fortes no sul de Moçambique provocaram inundações que desalojaram cerca de 150 mil pessoas, danificaram culturas e infra-estruturas, e aumentaram o risco de doenças relacionadas com má qualidade da água.. Enquanto a assistência de emergência é necessária para os próximos dois a três meses, as implicações de longo prazo relativas à segurança alimentar ainda estão por avaliar. • As condições de insegurança alimentar aguda serão mínimas (IPC Fase 1) para a maioria das famílias rurais durante o período da projecção. Condições adversas ainda são possíveis uma vez que o pico da estação chuvosa e ciclónica prolonga-se até Fevereiro e por vezes finais de Março. As famílias mais pobres nas zonas afectadas por condições meteorológicas adversas enfrentarão condições de insegurança alimentar aguda (IPC Fase 2) até Junho. Fonte: FEWS NET Este mapa representa condições de insegurança alimentar aguda relevantes para tomada de decisão de emergência. Não reflecte necessariamente uma insegurança alimentar crónica. Visite www.fews.net/IPC para mais informação sobre esta escala. CALENDÁRIO SAZONAL PARA UM ANO NORMAL Fonte: FEWS NET FEWS NET MOZAMBIQUE [email protected] www.fews.net A FEWS NET é uma actividade financiada pela USAID. O conteúdo deste relatório não reflecte necessariamente a opinião da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional ou do Governo dos Estados Unidos MOÇAMBIQUE Projecção sobre Segurança Alimentar PANORAMA NACIONAL Janeiro a Junho de 2013 Figura 2. Condições de segurança alimentar projectadas, Janeiro a Março de 2013 Situação Actual As condições de segurança alimentar são favoráveis ou a melhorar em quase todo o país. Com o decorrer do período de escassez, os mercados encontram-se adequadamente abastecidos. Embora os preços estejam acima da média de cinco anos, são acessíveis, no geral, permitindo que as famílias que são na sua maioria dependentes do mercado durante esta altura do ano tenham acesso aos alimentos nos mercados locais. • Registam bolsas de condições de “Stress” de insegurança alimentar aguda (IPC Fase 2) em partes do sul e centro de Moçambique afectadas por défices de produção na época passada e pelas recentes inundações. Estas famílias pobres enfrentam acesso limitado aos alimentos através de compras no mercado. Estas zonas incluem partes dos distritos de Cahora Bassa, Mutarara, Macossa e Machanga, na zona centro e Chigubo, Chókwe (mesma com assistência humanitária), e Funhalouro no sul (Figura 1). • Na zona sul a primeira metade da época chuvosa 2012/13 foi negativamente afectada por períodos de estiagem e atraso no início de chuvas sazonais. Um falso começo motivou uma sementeira maciça em Outubro, mas o longo período de estiagem e temperaturas extremamente altas que se seguiram, em Novembro e Dezembro, afectaram negativamente o desenvolvimento das culturas tendo provocado a perda da quase totalidade das culturas semeadas. Estima-se que 37 mil hectares (ha) foram perdidos devido às chuvas. • A segunda tentativa de sementeira começou nos finais de Dezembro no sul. Haverá necessidade de chuvas consistentes e regulares para além de Fevereiro de modo a garantir o sucesso da época agrícola na região. Como resultado do replantio espera-se uma colheita verde em Março, prolongando o período de escassez no sul. As colheitas resultantes destas últimas sementeiras poderão ocorrer em finais de Abril, na zona sul. Esta projecção se refere especificamente a zonas não afectadas pelas cheias. • Na zona centro do país as chuvas começaram no início de Dezembro e a maioria das culturas, especialmente o milho, foram semeadas em meados de Dezembro. As culturas de sequeiro encontram-se actualmente na altura do joelho ou em fase de floração e em boas condições, enquanto que na zona norte, a época agrícola começou em meados de Dezembro e progride satisfatoriamente com a colheita esperada em finais de Abril e Maio. • Fonte: FEWS NET Figura 3. Condições de segurança alimentar projectadas, Abril a Junho de 2’13. Fonte: FEWS NET Estes mapas representam condições de insegurança alimentar aguda relevantes para tomada de decisão de emergência. Não reflectem necessariamente uma insegurança alimentar crónica. Visite www.fews.net/IPC para mais informação sobre esta escala. Desde o início de Janeiro chuvas sazonais extraordinariamente fortes na zona sul de Moçambique e em afluentes que desaguam nos rios Limpopo e Incomati provocaram inundações ao longo dos rios e respectivas áreas de planície. As inundações danificaram casas, infra-estruturas e outros bens, e aumentaram o risco de doenças relacionadas com má qualidade da água. Informação exaustiva sobre os impactos das inundações ainda está por avaliar. Até 30 de Janeiro, o Governo deu indicações de que cerca de 150 mil pessoas foram potencialmente afectadas pelas cheias no vale do rio Limpopo. Presentemente, o grupo de segurança alimentar Rede dos Sistemas de Aviso Prévio contra Fome 2 MOÇAMBIQUE Projecção sobre Segurança Alimentar Janeiro a Junho de 2013 recomenda a assistência alimentar para as cerca de 150 mil pessoas que perderam todos os seus pertences nas recentes inundações. • Os níveis dos rios no centro de Moçambique, incluindo os do rio Zambeze têm vindo a aumentar desde meados de Janeiro, provocando inundações ligeiras localizadas das zonas adjacentes. Algumas estradas secundárias foram cortadas e pontes foram destruídas, impedindo a circulação de pessoas e bens. • O Ministério da Agricultura estima que 110 mil hectares, ou cerca de três por cento da área total semeada a nível nacional, foram perdidos devido às inundações nas regiões sul e centro. Há uma elevada probabilidade do aumento da quantidade de área semeada perdida como resultado de mais chuvas que poderão ocorrer antes do fim da actual época agrícola. O Governo e os parceiros estão a mobilizar insumos, especialmente sementes, para sementeiras póscheias. • De Novembro a Dezembro, os preços do milho continuaram a subir de acordo com a tendência sazonal, embora em alguns casos as oscilações dos preços foram causados por alterações nos níveis da oferta. Aumentos de preços significativos foram observados em Manica (21 por cento) e Chókwe (33 por cento). Em Tete (zona centro) os preços do milho estão 11 por cento acima da média de cinco anos, enquanto em Chokwe (zona sul) os preços estão 47 por cento acima da média. Comparados ao preços do ano anterior, os preços do milho em Maputo (zona sul), são cinco por cento mais altos e os preços em Nampula (zona norte), são 65 por cento mais altos. Os baixos níveis de produção durante a época agrícola 2011/12 são as principais causas por detrás dos actuais preços dos alimentos em todo o país. A disponibilidade tardia que se espera da colheita verde no sul, a possibilidade da colheita tardia da época principal e o esgotamento das reservas de milho continuam a influenciar a subida dos preços do milho. Pressupostos A perspectiva de Janeiro a Junho de 2013 baseia-se nos seguintes pressupostos a nível nacional: Agro climatologia • De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INAM), entre Janeiro e Março, a região sul tem uma maior probabilidade de registar uma precipitação próxima do normal a abaixo do normal, enquanto o resto do país tem uma maior probabilidade de receber uma precipitação próxima do normal para acima do normal. • Com base nas previsões do INAM há uma grande probabilidade de ocorrência de chuvas próximas do normal durante o período de Janeiro a Março nas zonas mais produtivas nas zonas centro e norte do país. A perspectiva do desempenho agrícola da época principal nestas zonas continua boa. • Com o pico da estação chuvosa e ciclónica esperada em Fevereiro, há a possibilidade de ocorrência de ventos fortes e/ou cheias. Eventos ciclónicos ou de ventos fortes são possíveis ao longo das zonas costeiras; principalmente entre as províncias de Nampula e Inhambane. • Enquanto ocorrem cheias localizadas há possibilidade de mais enchentes nas bacias hidrográficas do centro e sul. As bacias dos rios na zona centro, incluindo o Zambeze e Save e alguns rios do sul, como o Inhanombe, transbordaram e inundaram terras cultivadas, casas e estradas. • O Ministério da Agricultura indicou que, embora tenham ocorrido cheias em algumas zonas, as actuais estimativas de perdas de culturas são mínimas e as perspectivas sazonais ainda são boas. A avaliação qualitativa da época até o momento sugere que o país em geral espera uma produção média nesta época. Mercados e Comércio • As culturas tardiamente semeadas na zona sul vão tardar a disponibilidade da colheita verde na zona e prolongarão a dependência do mercado para a maioria das famílias. • Com o atraso previsto da colheita verde no sul, os preços dos alimentos tendem a permanecer mais altos do que normalmente se espera entre Janeiro e Março. Portanto, a redução sazonal dos preços dos alimentos poderá ser tardia nesta época. No entanto, o fluxo maciço de milho das zonas mais produtivas do norte e do centro poderá contribuir para minimizar o aumento dos preços. No geral os preços do milho deverão permanecer acima da média de cinco anos na maioria dos mercados das zonas sul e centro do país. Rede dos Sistemas de Aviso Prévio contra Fome 3 MOÇAMBIQUE Projecção sobre Segurança Alimentar Janeiro a Junho de 2013 • Os preços do milho em todo o país têm estado acima dos do ano anterior e, geralmente, acima da média de cinco anos. • Os preços do milho deverão continuar nesta tendência ao longo do período de perspectiva. Trabalho agrícola • Por causa do actual nível de actividades agrícolas (incluindo replantio e sacha), as oportunidades de trabalho na agricultura registam níveis próximos do normal para esta altura do ano e espera-se que continuem com este comportamento entre Janeiro e Março. A partir de Abril, as oportunidades de trabalho agrícola estarão mais relacionadas com a colheita em todo o país. Assistência Humanitária • As necessidades de assistência alimentar de emergência poderão registar-se durante todo o período da perspectiva em alguns dos distritos afectadas pelas cheias nas bacias do Limpopo, Maputo e Zambeze. Estas necessidades provavelmente serão cobertas pelo Governo de Moçambique e parceiros. A distribuição de insumos e sementes também será levada a cabo com vista a permitir o replantio. Cenários de Segurança Alimentar Mais Prováveis A nível nacional, os níveis de insegurança alimentar aguda serão, no geral, mínimos (IPC Fase 1) para a maioria das famílias rurais pobres durante o período da projecção. No entanto, nos distritos de Chigubo e Funhalouro, no sul, a sementeira tardia irá atrasar a colheita da época principal. Isso fará com que a colheita verde seja disponível em Março e não Fevereiro, prolongando provavelmente, o período de escassez por um mês. Por essa razão, as famílias pobres e muito pobres nestas zonas enfrentarão situações de “Stress” de insegurança alimentar aguda (IPC Fase 2) entre Janeiro e Março e continuarão a depender de uma gama de formas de vida e estratégias de sobrevivência típicas. No distrito de Chókwè, afectado pelas cheias, esperam-se condições de “Stress” de insegurança alimentar aguda (IPC Fase 2), na presença de assistência humanitária, durante o período da perspectiva. Partes dos distritos de Cahora Bassa, Mutarara, Macossa, e Machanga na zona centro foram afectadas por défices de produção na última época e poderão enfrentar condições de “Stress” de insegurança alimentar aguda (IPC Fase 2) entre Janeiro e Março. De Abril a Junho de 2013, a perspectiva da segurança alimentar deverá melhorar bastante uma vez que a colheita começará em Abril em todo o país. ZONAS PREOCUPANTES Zona de Formas Vida Semi-Árida Interior de Milho no sul da província de Gaza e província de Inhambane (Distritos de Chigubo, e norte de Chibuto e Guijá, Funhalouro, Mabote e Panda) Situação Actual Em Chigubo e Funhalouro mais do 20 por cento da população enfrenta condições de “Stress” de insegurança alimentar aguda (IPC Fase 2). As famílias pobres e muito pobres nestas zonas já esgotaram as suas reservas de alimentos da colheita do ano passado, e actualmente consomem alimentos sazonais silvestres complementados por compras. No entanto, muitas das famílias mais pobres afectadas possuem baixa renda para a compra de alimentos e isto está sendo mais agravado pelos actuais preços dos alimentos que encontram-se acima da média. De Novembro para Dezembro últimos, um aumento acentuado dos preços do milho foi observado em Chókwe, mercado de referência mais próximo, de cerca de 33 por cento. Para lidar com os défices alimentares, as famílias nesta zona estão actualmente a vender produtos como carvão vegetal, lenha, álcool de fabrico tradicional, outros bens e artesanato e a consumir alimentos silvestres nas zonas mais remotas e com défices de alimentos. Até agora, a época agrícola 2012/13 foi caracterizada por fracassos sucessivos de culturas devido a estiagens prolongadas na primeira metade da época principalmente para as sementeiras de Outubro. Em Novembro, um longo período de estiagem, combinado com temperaturas extremamente altas, afectou negativamente as culturas semeadas cedo e obrigou a famílias a replantar no final de Dezembro e início de Janeiro. A maioria das culturas actualmente no campo ainda se encontram numa fase de germinação. Com as actividades agrícolas em curso, os níveis de procura da mão-de-obra agrícola são maiores. As famílias ricas estão a oferecer trabalho casual para as famílias pobres na sementeira e sacha com remunerações geralmente feitas em género. Rede dos Sistemas de Aviso Prévio contra Fome 4 MOÇAMBIQUE Projecção sobre Segurança Alimentar Janeiro a Junho de 2013 A disponibilidade de água tem melhorado substancialmente graças às chuvas recentes e em curso na zona. Este factor é extremamente benéfico para as famílias uma vez que lhes permite concentrar o seu tempo em actividades tais como a agricultura e colecta de produtos e alimentos florestais para venda. Actualmente, não existe qualquer programa de assistência humanitária/emergência na zona. O SETSAN/GAV reportou recentemente que cerca de 43 mil pessoas nesta zona de enfoque necessitarão de assistência alimentar de emergência entre Janeiro e Março. Pressupostos Para além dos pressupostos nacionais descritos anteriormente, os seguintes pressupostos foram feitos sobre a Zona de Formas de Vida Semi-Árida Interior de Milho no sul da província de Gaza e província de Inhambane: • Os fluxos comerciais formais e informais de milho locais deverão continuar a abastecer os mercados locais com alimentos básicos. Embora quantidades de alimentos básicos serão menores durante o período de Janeiro a Março, espera-se que os mercados da região venham receber excedentes da região centro e norte. • Esperam-se chuvas normais para abaixo do normal para Janeiro a Março - de acordo com a previsão do INAM actualizada em Dezembro de 2012. • O trabalho casual deverá registar um padrão próximo do normal durante o período de Janeiro a Fevereiro, com as famílias pobres a buscarem trabalho nas famílias ricas em actividades agrícolas (sementeira e sacha). As oportunidades de trabalho casual poderão estar disponíveis até Março e Abril devido à colheita tardia na zona. • Os preços de alimentos básicos são mais elevados do que a média dos últimos cinco anos e poderão permanecer nos 30 por cento acima desta média durante todo o período da projecção. A continuação dos preços altos dos alimentos poderá reduzir o acesso aos alimentos das famílias pobres e muito pobres, especialmente após o esgotamento das suas reservas, quando a maioria das famílias depende das compras como fonte de alimentos. Cenários de Segurança Alimentar Mais Prováveis Dados os pressupostos feitos acima para esta zona, as famílias pobres e muito pobres vão enfrentar défices alimentares durante este período da projecção. Para compensar os défices, sem ter que recorrer a uma depleção de bens as famílias vão intensificar as estratégias de sobrevivência típicas para gerar renda e dependerão dos mercados. O alargamento de algumas destas estratégias inclui o aumento do trabalho agrícola como forma de melhorar o rendimento das famílias e, portanto, aumentar ou estabilizar o acesso aos alimentos dos mercados. No entanto, os défices permanecerão uma vez que o poder de compra continuará a ser problemático devido aos preços altos dos alimentos básicos. Isto vai prejudicar ainda mais o acesso aos alimentos por meio de compras, especialmente para as famílias mais pobres que dependem dos mercados. As famílias com défices alimentares, responderão através do alargamento doutras estratégias de sobrevivência típicas incluindo recolha e venda intensivas de alimentos silvestres, capim, e o consumo de alimentos silvestres, incluindo raízes selvagens. Também irão vender estacas de construção, lenha, irão produzi e vender carvão vegetal, realizarão trabalho informal (em troca de comida), caça e as famílias poderão transferir as despesas em produtos não alimentícios para alimentos básicos. As remessas poderão aumentar para as famílias que têm familiares que trabalham nas zonas urbanas e na África do Sul. As chuvas sazonais aumentarão a disponibilidade de alimentos silvestres e sazonais que irão estabilizar o acesso aos alimentos para famílias pobres até a colheita verde tornar-se disponível em Março. A castanha de caju está entre os alimentos sazonais mais importantes na zona. Espera-se que a produção da castanha proporcione alimentos e renda para famílias pobres entre Dezembro e Janeiro. De Janeiro a Março as condições de insegurança alimentar agudas serão de “stress” (IPC Fase 2), nos distritos de Chigubo e Funhalouro. De Abril a Junho, as condições de insegurança alimentar poderão ser mínimas ou não haverá situação de insegurança alimentar aguda (PC Fase 1) na zona de enfoque. Isso será possível graças à disponibilidade das reservas de alimentos da colheita verde prevista a começar em Março, seguida pela colheita principal em Abril. Zona de Formas de Vida Semi-Árido do Norte do Vale do Zambeze (Distritos de Changara, Chiuta, Moatize e Mutarara) Rede dos Sistemas de Aviso Prévio contra Fome 5 MOÇAMBIQUE Projecção sobre Segurança Alimentar Janeiro a Junho de 2013 Situação Actual A zona encontra-se neste momento no pico da época de escassez e a maioria das famílias rurais está a enfrentar condições de insegurança alimentar aguda mínimas (IPC Fase 1), enquanto que as famílias de baixa renda e com recursos escassos registam condições de “stress” de insegurança alimentar aguda (IPC Fase 2) e estão a enfrentar restrições no acesso aos alimentos que são susceptíveis de continuar até o final de Fevereiro. As famílias nessas zonas semi-áridas estão a consumir restos da sua própria produção e a complementar estes alimentos através de compras. Para lidar com défices alimentares, as famílias estão actualmente a alargar as suas estratégias de sobrevivência típicas, incluindo a venda de produtos florestais e de fabrico tradicional, tais como lenha, carvão vegetal, álcool tradicionalmente destilado, e de outros bens e artesanato. As famílias muito pobres, com menos capacidade de sobrevivência estão a consumir alimentos silvestres. Felizmente, esta zona não registou atraso no início das chuvas que estão a aumentar a disponibilidade de alimentos silvestres e da água, especialmente nas zonas cronicamente áridas e semi-áridas, onde a disponibilidade e acesso á água são problemáticos. Com as chuvas em curso, as actividades agrícolas estão a progredir satisfatoriamente, excepto nas zonas baixas onde as culturas estão a ser severamente prejudicadas por inundações localizadas. Os preços de alimentos básicos tais como o milho, arroz e feijões nos mercados de Tete e Mutarara estão a subir de acordo com a tendência sazonal. De Novembro a Dezembro, os preços mensais do milho aumentaram na ordem de 12 por cento, os preços do arroz aumentaram em 21 por cento e feijões aumentaram em 14 por cento. No geral, todos os preços dos alimentos básicos estão acima da média de cinco anos. Os preços do milho estão actualmente a 11 por cento acima da média, os preços do arroz 57 por cento acima da média e os preços de feijões 30 por cento acima da média. O fluxo de mercadorias está seguindo o padrão normal para esta altura do ano. Uma vez que a maioria das famílias pobres e muito pobres complementa as suas necessidades alimentares básicas através de compras, os preços dos alimentos acima da média estão a limitar o acesso aos alimentos através daquela fonte. De momento, não existe qualquer programa de assistência humanitária/emergência em curso. A avaliação de Novembro de 2012 do SETSAN/GAV indicou que cerca de 117.300 pessoas que encontram-se nesta zona de formas de vida necessitavam de assistência alimentar de emergência até Março. O programa de assistência em curso, levado a cabo pelo INGC, INAS e PMA, está a prestar assistência mensal através de um programa que combina actividades comunitárias de criação de bens e de socorro para cerca de 100 mil pessoas em todo o país, incluindo parte das 117.300 identificadas na recente avaliação do SETSAN/GAV. Com base no alargamento das estratégias de formas de vida, estratégias de sobrevivência, e os altos preços dos alimentos que as famílias enfrentam em Mutarara e Changara, as famílias são consideradas em condições “stress” de insegurança alimentar aguda IPC Fase 2). Para além disso, as famílias pobres nos distritos de Cahora Bassa, Macossa, e Machanga (fora desta zona preocupante) também estão a enfrentar condições “stress” de insegurança alimentar aguda IPC Fase 2). Pressupostos Para além dos pressupostos nacionais descritos anteriormente, as seguintes premissas foram feitas para a Zona de Formas de Vida Semi-Árida do Norte do Vale do Zambeze: • Os fluxos de comércio formal e informal locais continuarão e alimentos básicos serão importados dos distritos de Tsangano, Angónia, Marávia e Chifunde. Os comerciantes poderão compensar alguns défices, trazendo alimentos adicionais do centro da província de Manica e centro e norte da província da Zambézia, entre Janeiro e Março. • O desempenho da precipitação poderá ser normal para acima do normal de Janeiro a Março, de acordo a recentemente actualizada previsão do INAM. Há probabilidade de ocorrência de cheias durante o período de Fevereiro a Março. • O período de escassez poderá durar até a colheita verde em Fevereiro/Março nestas zonas. • A colheita principal poderá ser normal e começará em Abril-Maio. • A renda total das famílias resultante do trabalho casual poderá permanecer a mesma durante todo o período da perspectiva e a disponibilidade de oportunidades de trabalho agrícola será normal. Rede dos Sistemas de Aviso Prévio contra Fome 6 MOÇAMBIQUE Projecção sobre Segurança Alimentar • Janeiro a Junho de 2013 Os preços dos alimentos poderão permanecer entre 20 a 30 porcento acima da média de cinco anos. Actualmente os preços do milho são na ordem de 20 por cento acima da média de cinco anos nos mercados de referência e os preços deverão manter-se nesse nível ou acima particularmente durante o pico dos preços dos alimentos em Fevereiro. Cenários de Segurança Alimentar Mais Prováveis As famílias pobres de baixa renda e poucos recursos desta zona enfrentarão restrições de acesso aos alimentos e continuarão a enfrentar condições de “stress” de insegurança alimentar aguda IPC Fase 2). Estas condições poderão estar presentes a partir de Janeiro até a disponibilidade de alimentos verdes em Março. Durante o período de Janeiro a Março as famílias conseguirão satisfazer as suas necessidades alimentares básicas através de opções sustentáveis, incluindo o alargamento das estratégias de sobrevivência típicas (venda de produtos naturais/florestais tais como capim, estacas para construção de casas, lenha, produção e venda de carvão vegetal, e recorrer ao trabalho informal na construção) e através da recolha sazonal de alimentos silvestres. No entanto, a sua dependência dos mercados durante este período e os preços elevados dos alimentos limitarão o seu poder de compra. É provável que as famílias mais pobres também transfiram despesas em itens não alimentares essenciais, mesmo na presença dos programas das redes de segurança social. De Abril a Junho, todas as famílias pobres começarão a beneficiar da colheita da época principal. As reservas de alimentos a nível familiar vão aumentar. O acesso aos alimentos e água irá melhorar substancialmente e as famílias conseguirão satisfazer suas necessidades alimentares básicas. OUTRAS ZONAS PREOCUPANTES Zonas afectadas pelas cheias: Baixo Limpopo, e zonas localizadas das províncias de Maputo e Zambézia Situação Actual Desde o início de cheias moderadas a severas no baixo Limpopo e outras zonas localizadas em todo o país, dezenas de pessoas perderam a vida, famílias perderam casas e bens, as culturas foram destruídas, e comunidades foram deslocadas. Locais de acomodação temporário foram estabelecidos. Operações de socorro estão em curso, e coordenação entre o Governo e seus parceiros está em curso. No entanto, recursos adicionais ainda são necessários para os esforços de resposta na bacia do Limpopo. A disponibilidade de alimentos também foi afectada pelas cheias, uma vez que algumas estradas intransitáveis estão a limitar o movimento de bens. Os esforços em curso devem ser intensificados, especialmente nas áreas de abastecimento de água e saneamento. Embora a magnitude dos danos e necessidades ainda não é exaustivamente conhecida, existe definitivamente, uma necessidade urgente de e sementes. Apesar dos danos causados às culturas e infra-estruturas, as cheias trouxeram alívio em termos de disponibilidade de água e humidade do solo em muitas zonas que foram afectadas por estiagem durante a primeira metade da época agrícola (Outubro-Dezembro de 2012). A segunda época é agora possível. No entanto, em muitos locais, as famílias estão dedicando seus recursos para custear a reparação das suas habitações ou para a compra de alimentos, e poderão não ter recursos suficientes para o replantio sem assistência. Há uma necessidade imediata de fornecimento de sementes, incluindo sementes de milho, feijões e hortícolas, para apoiar a sementeira da segunda época. Apesar do aumento a curto prazo da insegurança alimentar, uma boa colheita após a recessão das águas das cheias é possível em meados de 2013, mas as famílias afectadas necessitam de sementes e instrumentos para sementeira. Avaliações pós-cheias estão a ser planificadas a fim de avaliar tanto a extensão dos danos como a situação de segurança alimentar nas zonas afectadas. Pressupostos • O período de emergência, com milhares de pessoas em centros de acomodação, pode durar um mês e a fase de recuperação estará em curso até Junho. As prioridades durante as fases de emergência e de recuperação incluem: reparação imediata de hospitais, sistemas de abastecimento de água e energia eléctrica, materiais de construção necessário para a reconstrução, e sementes para a sementeira da segunda época nas zonas afectadas. Cenários de Segurança Alimentar Mais Prováveis Rede dos Sistemas de Aviso Prévio contra Fome 7 MOÇAMBIQUE Projecção sobre Segurança Alimentar Janeiro a Junho de 2013 A possibilidade de ocorrência de mais inundações ainda é possível uma vez que o pico da estação chuvosa e ciclónica ainda decorre. Nas zonas do baixo Limpopo as famílias mais pobres enfrentarão um acesso limitado aos alimentos e poderão precisar de assistência alimentar durante cerca de cinco meses, até a sementeira e colheita de novas culturas após a recessão das águas. Na bacia do Zambeze, as cheias podem causar défices alimentares temporários, mas espera-se que a maioria das famílias enfrente condições de insegurança alimentar aguda mínima (IPC Fase 1). O acesso aos alimentos através da assistência humanitária de emergência para as famílias rurais pobres que estavam registando condições de “stress” de insegurança alimentar aguda (IPC Fase 2) antes das cheias será possível através do governo e parceiros. De Abril a Junho de 2013, a perspectiva da segurança alimentar deverá melhorar bastante como resultado do início da colheita em todo o país. No entanto, devido à extensão dos danos e o número de pessoas afectadas pelas cheias, as pessoas afectadas no distrito de Chókwè continuará em condições de “stress” de insegurança alimentar aguda (IPC Fase 2) durante todo o período do cenário. Zonas Propensas aos Ciclones na zona costeira das províncias de Nampula, Zambézia, Sofala e Inhambane, Situação Actual A actual situação de segurança alimentar para a maioria das famílias rurais que vivem ao longo das zonas costeiras é no geral estável, com insegurança alimentar mínima ou nenhuma insegurança alimentar aguda. As famílias pobres e muito pobres que vivem ao longo das zonas costeiras normalmente gozam de condições mínimas de insegurança alimentar aguda ao longo de todo o ano. Comparativamente às zonas do interior, estas zonas possuem mais oportunidades de geração de renda, permitindo que as pessoas complementem as suas necessidades alimentares básicas através de compras. Os factores que contribuem para as condições de segurança alimentar estáveis ao longo do ano incluem o acesso à pesca, melhor acesso aos mercados, bem como a produção de coco, castanha de cajú, mandioca e arroz. As famílias conseguem satisfazer as suas necessidades alimentares básicas durante o pico da época de escassez, sem grandes mudanças no seu consumo de alimentos, e mantendo as estratégias de sobrevivência normais. Pressupostos Para além dos pressupostos nacionais descritos anteriormente, os pressupostos que se seguem foram feitos sobre estas zonas propensas aos ciclones: • Embora as previsões sazonais relativas aos ciclones estejam indisponíveis para a Bacia do sudoeste do Oceano Índico, há sempre uma probabilidade de ocorrência de ciclones durante a primeira metade do período do cenário (Janeiro-Março). Condições de Segurança Alimentar Mais Prováveis Na probabilidade de ocorrência de um ciclone de categoria 2 ou superior nesta zona, as famílias pobres, poderão ser forçadas a alargar as suas estratégias de sobrevivência com vista a ganhar a renda necessária para a compra de alimentos no mercado. Espera-se que a maioria das famílias continue a gozar de boas condições de segurança alimentar durante o período da perspectiva. As famílias pobres, em particular, poderão temporariamente enfrentar carências alimentares agudas, mas o número total não deverá exceder 20 por cento do total da população da zona afectada. Portanto, no caso de ocorrência de um ciclone na zona costeira, a maioria das famílias pobres e muito pobres poderão registar condições de insegurança alimentar aguda mínimas (IPC Fase 1). Rede dos Sistemas de Aviso Prévio contra Fome 8 MOÇAMBIQUE Projecção sobre Segurança Alimentar Janeiro a Junho de 2013 EVENTOS QUE PODEM ALTERAR A PERSPECTIVA Tabela 1. Eventos possíveis nos próximos seis meses que podem alterar o cenário mais provável. Zona ZFV 35 Evento Precipitação inadequada de Janeiro a Março ZFV 17 Ocorrência de cheias moderadas a severas, dada a previsão feita de chuvas acima do normal Ciclone de grande magnitude (categoria 2 ou superior). Zona costeira Todas as zonas Os comerciantes não respondem conforme previsto e não há nenhum fluxo adicional de alimentos para as zonas deficitárias Disponibilidade inadequada de insumos para as sementeiras da segunda época. Resposta inadequada de assistência humanitária. Impacto nas condições de segurança alimentar Baixa disponibilidade de alimentos durante o ano de consumo 2013/2014 no sul poderá exacerbar os elevados preços de alimentos já previstos. Os níveis de insegurança alimentar poderão agravar-se para além das previsões. Redução drástica dos níveis de produção ou destruição nas zonas afectadas, especialmente próximo das margens dos rios. Deturpação das formas de vida básicas. Embora considerados não prováveis, podem resultar na destruição severa de formas de vida bem como insegurança alimentar, suscitando a necessidade de assistência humanitária. Os mercados locais seriam sub-abastecidos, provocando uma subida dos preços dos alimentos para acima das actuais projecções. Os défices alimentares poderão aumentar, especialmente para as famílias pobres. Impedirá as famílias de beneficiar das esperadas condições agro climatéricas favoráveis para prática agrícola durante a segunda época. A falta de uma resposta de forma pontual forçará as famílias pobres a começarem a empregar estratégias de sobrevivência extremamente negativas. ZFV: Zona de Formas de Vida SOBRE O DESENVOLVIMENTO DO CENÁRIO Para projectar as condições de segurança alimentar ao longo de um período de seis meses, a FEWS NET desenvolve um conjunto de pressupostos sobre eventos prováveis, seus efeitos, e respostas prováveis dos vários intervenientes. A FEWS NET analisa esses pressupostos, no contexto das actuais condições e formas de vida locais para desenvolver cenários estimando as condições de segurança alimentar. Normalmente, a FEWS NET reporta o cenário mais provável. Rede dos Sistemas de Aviso Prévio contra Fome 9