Limites da sustentabilidade
• Vivemos um novo tempo.
• Não se trata mais de cuidar do meio
ambiente, proteger o meio ambiente.
• Trata-se de não ultrapassar limites que
colocam em risco a própria vida.
Sobrevivência em jogo
• Kofi Annan, secretário geral da ONU: o
problema central da humanidade, hoje, não
está no terrorismo; está mudanças
climáticas já em curso e nos padrões globais
insustentáveis de produção e consumo. nas
• Essas duas questões – diz ele – ameaçam a
própria sobrevivência da espécie humana.
Panorama à frente
• Previsão do Painel Intergovernamental de
Mudanças Climáticas: se as emissões de gases que
intensificam o efeito estufa continuarem no ritmo
atual, no século 21 a temperatura da terra se
elevará entre 1,4 e 5.8 graus Celsius; o nível dos
oceanos subirá entre 18 e 59 centímetros; secas,
inundações e outros desastres aumentarão.
• Previsão revista por 90 mil cientistas.
Novas previsões
• Novos estudos admitem elevação de até um metro neste
século.
• Ban Ki-moon: pode chegar a dois metros em 2100. O
Ártico poderá perder todo o gelo até 2030.Outras
previsões: pode subir nível dos oceanos em 1,6 m.
• Geleiras andinas estão em processo acelerado de perda, do
Equador à Argentina.
• Patagônia está perdendo 20% do gelo. Pode desaparecer
em algumas décadas.
• Perda de gelo no Himalaia afeta os principais rios, dos
quais dependem 1,3 bilhão de pessoas.
O melhor cenário
Seja o que for que se faça, a temperatura subirá mais 1,3
grau até 2050.
Para evitar que o aumento da temperatura vá além de 2
graus, será preciso reduzir as atuais emissões em 80%.
Mas elas continuam aumentando.
O que já acontece
• Em 2009 os “desastres naturais” deixaram
dezenas de milhares de mortos no mundo,
mais de 200 milhões de vítimas. Prejuízos
de US$200 bilhões.
• 750 milhões na Ásia enfrentam secas e
inundações.
• O Brasil já é o 11.o país em vítimas. Já teve
furacão, tornados, secas intensas,
inundações devastadoras.
Quem emite
• Os Estados Unidos respondem por cerca de
21% das emissões, mas a China já se tornou
a maior emissora, com 24%.
• O Brasil já é o quarto maior emissor: mais
de um bilhão de toneladas de CO2 por ano
(inventário de 1994) e mais de 10 milhões
de toneladas de metano.
As nossas emissões
• Estudo do Banco Mundial em 2007
apontava para o Brasil mais de dois bilhões
de toneladas de carbono em 2004, cerca de
40% mais que os números do inventário
brasileiro de 1994.
• Sir Nicholas Stern (2009): emissões
brasileiras já são de 11 a 12 toneladas
anuais por habitante (dobro de 1994).
Onde emitimos
• Quase 75% por mudanças no uso do solo,
desmatamentos e queimadas.
• 59% desse tipo de emissões, na Amazônia.
O restante, principalmente no Cerrado
desmatamento de 14.000 km2/ano).
• Emissões de metano pelo gado bovino:
• um boi emite 58 quilos/ano. Temos 205
milhões de bois.
Estimativas recentes
• Emissões na Amazônia cairam em 2008
para 460 milhões de toneladas/ano (550
milhões em 1994).
• Emissões industriais (incluindo transporte e
energia) subiram de 230 milhões de
toneladas para 375 milhões.
As emissões dos outros
As nações do G8 emitiram em 2008 14,3 bilhões de
toneladas, 2% mais que em 2000. E 0,7% acima
de 1990 (quando deveriam estar 5,2% abaixo).
EUA emitiram 16,3% mais que em 1990 e 1,6%
mais que em 2000.
Só Alemanha e Inglaterra reduziram suas emissões.
Em 2009, com a crise econômica, emissões dos
industrializados se estabilizaram.
E vai se agravar
• Agência Internacional de Energia: o consumo de
energia no mundo aumentará 71% até 2030.
• Na China, crescerá 33% em uma década.
• Na Índia, mais 51% em uma década.
• Os países industrializados precisam reduzir suas
emissões entre 60 e 80% até 2020;
• Esses países consomem 51% do total da energia
no mundo.
• Um habitante desses países consome em média 11
vezes mais energia que um habitante dos países
pobres.
Vamos ficar sem Kyoto ?
• O Protocolo de Kyoto, que regulamentou
em 1997 a Convenção do Clima, de 1992,
estabeleceu que os países industrializados
reduzam suas emissões em 5,2% entre 2008
e 2012.
• EUA não homologaram.
• Prazo é o período 2008/2012.
• É preciso novo acordo, que está difícil.
Com que regras ?
• Problema central: não temos nem
instituições, nem regras universais, capazes
de promover as mudanças necessárias na
escala global.
• As reuniões de convenções da ONU exigem
consenso para tomar decisões – dificílimos,
por causa dos interesses contraditórios.
Se nada acontecer
• Agência Internacional de Energia:
• No ritmo atual, o petróleo cairá de 38% da energia
total para 33% em 2030.
• O carvão passará de 24 para 22%
• O gás aumentará de 24 para 26%
• Energias renováveis subirão de 8 para 9% do total.
• Energia nuclear passará de 2,532 bilhões de KWh
(2003) para 3,299 bilhões de KWh (antes de
Fukushima).
Tecnologias resolverão ?
• Tecnologias em desenvolvimento:
• 1. sequestro e sepultamento de carbono no
fundo do mar ou campos de petróleo
esgotados;
• 2.células de combustível;
• 3. veículos híbridos;
• 4. energias eólica, solar, de
marés,geotérmica, biocombustíveis.
Com muito atraso
• Rick Samans, presidente do Forum
Econômico de Davos:
• “Estamos 15 anos atrasados”.
• “O desafio na área do clima é assustador”.
Não há como parar
• Carlos Nobre (INPE) e MCT:
• “Não há como reverter o quadro: a roda já
está girando a uma velocidade tão alta que
não dá mais para parar; talvez dê para
diminuir a velocidade.”
Se não mudar
• Sir Nicholas Stern, ex-economista-chefe do
Banco Mundial, em relatório para o governo
britânico:
• Mudanças climáticas poderão mergulhar a
economia mundial na pior recessão global
da história recente.
A pior depressão
• Sir Nicholas: Os governos precisam
enfrentar o problema reduzindo emissões de
gases. Se nada for feito, seremos
confrontados com um declínio que não
acontece desde a Grande Depressão dos
anos 30 e nos períodos das duas grandes
guerras mundiais.
Dinheiro para mudar
• Sir David King, consultor científico-chefe
do governo britânico: “É a mais minuciosa
análise econômica que já foi feita a respeito
do tema.”
• A Agência Internacional de Energia prevê
que serão necessários investimentos de
US$45 trilhões nos próximos 15 anos em
novas fontes de energia.
Não é declínio
• Esses investimentos serão uma oportunidade de
chegar a uma matriz energética com emissão zero.
E será algo na direção oposta à de um declínio
econômico.
• Custará menos enfrentar o problema que pagar o
preço das consequências, se não o fizermos.
• Proposta da Convenção do Clima: um plano de
US$12 bilhões até 2012 para ajudar países em
desenvolvimento e enfrentar questão do clima.
• Até 2020, US$100 bilhões/ano.
Um novo acordo ?
• Teria de ser definido na reunião de Durban,
África do Sul, em novembro.
• Está muito difícil: documento base ainda
tem inumeráveis divergências entre blocos e
países.
• Ban Ki-moon: não sairá este ano.
• EUA e outros paises acham que o caminho
será o de legislações nacionais.
Padrões de produção e consumo
• Relatório “Planeta Vivo”:
• Estamos consumindo no mundo 30% além
da capacidade de reposição do planeta nos
recursos naturais.
• A “pegada ecológica da humanidade”, que
mede o impacto sobre o planeta, triplicou
desde 1961.
A crise dos recursos
• Estamos deteriorando os ecossistemas
naturais a um ritmo nunca visto na história
da humanidade. Quase um terço das
espécies conhecidas se extinguiu em três
décadas.
• A biocapacidade da Terra constitui a
quantidade de área biologicamente
produtiva – zona de cultivo, pasto, floresta e
pesca – disponível para atender às
O cenário visível
• Cenário com base em previsões da ONU:
em meio século, a exigência humana sobre
a natureza será duas vezes superior à
capacidade de produção da biosfera.
• É provável a exaustão dos ativos ecológicos
e o colapso do ecossistema em larga escala.
A pegada de cada um
• A pegada ecológica mundial já é de 14
bilhões de hectares. Entre os países de
pegada mais alta, dos Estados Unidos é de
2,8 bilhões. A da China, 2,15 bilhões. Da
Índia, 802 milhões.Rússia, 631 milhões.
Japão, 556 milhões. Brasil, 383 milhões.
• A pegada ecológica per capita dos EUA é
de 9,6 hectares. Do Brasil,2,1.
Além dos limites
• A disponibilidade média no mundo é de 1,8
hectare por pessoa.
• A pegada brasileira é de 2,1 hectares por
pessoa.
• A pegada mundial é de 2,7 hectares por
pessoa.
A devastação em marcha
• As populações de espécies tropicais diminuiram
55%.
• A conversão de áreas para a agricultura é o fator
principal de perda do habitat das espécies.
• Os manguezais, berçários de 65% das espécies de
peixes tropicais, estão sendo degradados a um
ritmo duas vezes superior ao das florestas
tropicais.
• Mais de um terço da área global de manguezais foi
perdido entre 1980 e 2000. Na América do Sul a
perda foi de 50%.
O panorama hídrico
• Alteração e retenção do fluxo fluvial para
uso industrial, abastecimento doméstico,
irrigação e energia hidrelétrica
fragmentaram mais de metade dos maiores
sistemas fluviais do mundo, representando
83% do seu fluxo anual total. 52% foram
afetados de forma moderada, 31%
gravemente.
A questão das barragens
• A quantidade de água armazenada no
mundo em reservatórios com barragens é no
mínimo três vezes maior que a contida nos
rios.
• De 15 a 35% das captações para irrigação
não são sustentáveis.
A renda para poucos
• As 3 pessoas mais ricas, juntas, têm ativos
superiores ao PNB anual dos 48 países mais
pobres, onde vivem 600 milhões de pessoas.
• 257 pessoas, com ativos superiores a US$1 bilhão
cada um, juntas têm mais que a renda anual
conjunta de 45% da humanidade, 2,8 bilhões de
pessoas.
• Os paises industrializados, com menos de 20% da
população, concentram 80% da renda e do
consumo.
E se igulasse ?
• PNUD: se todas as pessoas consumissem
como norte-americanos, europeus ou
japoneses, precisaríamos de mais dois ou
três planetas para suprir os recursos e
serviços naturais necessários.
Uma crise civilizatória
• Vivemos uma crise de padrão civilizatório.
Nossos modos de viver são insustentáveis,
incompatíveis com os recursos do planeta,
mesmo com mais de um bilhão de pessoas
passando fome e mais de 2,5 bilhões abaixo
da linha de pobreza (US$2 por dia).
Crescer não resolve ?
• Que se vai fazer ? Crescimento econômico,
puro e simples, seria solução ?
• Edward Wilson: se o PNB mundial, hoje na
faixa dos US$60 trilhões, tiver um
crescimento moderado, de 3,5% ao ano,
chegaria a 2050 com US$158 trilhões. Mas
não chegará: não há recursos e serviços
naturais para isso.
O que fazer ?
• Será indispensável praticar padrões de consumo
que poupem recursos, não desperdicem recursos.
• As matrizes energéticas terão de ser reformuladas.
• Fatores e custos “ambientais” terão de estar no
centro e no início de todas as políticas públicas e
de todos os empreendimentos privados, para
serem avaliados, aprovados ou não, atribuídos a
quem os gera.
Uma estratégia para o Brasil
• Os princípios do poluidor/pagador e da
precaução terão de ser obedecidos em tudo.
• O Brasil terá de construir uma estratégia
que leve em conta mudanças climáticas e
sustentabilidade dos padrões de produção e
consumo.
Cenários para o Brasil
• Cenários traçados pelo INPE:
• Ao longo deste século, aumento de 6 a 8
graus na temperatura na Amazônia.
• Aumento de 3 a 4 graus no Centro-Oeste.
• Influência nas outras regiões.
• Possível perda de 20 a 25% nos recursos
hídricos do Semi-Árido.
A posição brasileira
• Embora seja o quarto maior emissor de
gases do planeta, o Brasil não aceita
compromissos obrigatórios de redução.
• Argumentos:
• 1. Os países industrializados, que emitem há
mais tempo e contribuiram mais para a
concentração na atmosfera, ainda não
cumpriram os seus compromissos.
Emissões e crescimento
• 2. Se aceitasse compromissos de redução,
poderia comprometer o desenvolvimento
econômico.
• Aceitar esses compromissos implica aceitar
restrições à soberania no uso de recursos
naturais.
Por que aceitar
• O Brasil deveria aceitar compromissos
obrigatórios porque:
• Não aceitá-los é eticamente insustentável;
• O país já apresentou à convenção de mudanças do
clima tese de que cada país deveria aceitar
compromisso de redução proporcional à sua
contribuição direta para o aumento da temperatura
da Terra já comprovado.
Reforço do outro lado
• Não aceitando compromisso, o Brasil
reforça o argumento de que qualquer acordo
será ineficaz para combater mudanças
climáticas se três dos cinco maiores
emissores (Brasil, China e Índia) não
tiverem metas de redução – ainda mais
porque serão os responsáveis pelo maior
aumento no consumo de energia nas
próximas décadas.
Por que aceitar
• Além do mais, o Brasil já está sofrendo com
mudanças climáticas e será uma das regiões
mais atingidas, segundo os cientistas.
• Já tivemos um primeiro furacão.
• Secas extemporâneas têm gerado graves
prejuízos para a agricultura e dificuldades
progressivas no abastecimento de água das
grandes cidades, como previu o IPCC.
Clima e agricultura
• Estudo da Unicamp: o aumento de um grau na
temperatura média de São Paulo e Norte do
Paraná está inviabilizando nessas áreas o cultivo
do café; a floração não chega a completar-se a
afeta gravemente a produtividade; por isso a
cultura está migrando para regiões altas de Minas
Gerais,
• Pesquisas da Embrapa: o mesmo problema já está
ocorrendo nas culturas de soja, feijão e milho.
Uma nova posição
• No final de agosto de 2009, o Ministério do Meio
Ambiente anunciou que o Brasil “ números
específicos de redução das emissões nacionais” –
pouco menos de 40% sobre o que emitiria em
2020 - e terá “ações quantificadas”.
• O Brasil “terá metas (não obrigatórias) mas
cobrará recursos e parcerias tecnológicas”.
• O Brasil aceita “o parâmetros de lutar para que a
temperatura não aumente além de 2 graus”.
Os preços do modelo
• No atual modelo, precisamos exportar cada
vez mais para equilibrar o balanço de
pagamentos. Mas absorvendo sem
remuneração os custos sociais e ambientais.
• E quase sem sair do lugar: em 1964,
tínhamos 1% do comércio exterior; em
1985, 1,5%; hoje, 1,2%.
Os caminhos do modelo
• Não temos controle dos preços de
exportação, ditados fora do país.
• Nem dos preços de importação, que
agregam todos os fatores que interessam aos
países industrializados: alto custo da mãode-obra, da ciência, das tecnologias etc.
• Há produtos que exportamos hoje a valor
real inferior ao da Grande Depressão.
Mudar a comunicação
• A comunicação precisa mudar. Precisa
informar a sociedade permanentemente das
questões em jogo e das soluções possíveis.
Para que a sociedade, informada, se
organize e passe a levar esses problemas
para as campanhas eleitorais, exija dos
candidatos que se posicionem.
Por que uma nova estratégia ?
• Precisamos construir nova estratégia: se
serviços e recursos naturais são o fator
escasso no mundo, hoje, precisamos colocar
essa realidade no centro e no início de uma
estratégia que os valorize e ajude a construir
a sustentabilidade.
O nosso compromisso
• Temos de legar um mundo adequado para
as futuras gerações.
• “Nossa missão é tentar; o resto não é da
nossa conta” (Yeats, poeta).
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11º Forum de Debates