MODELAGEM ESTRATIGRÁFICA DA SUCESSÃO ESTRATIGRÁFICA QUATERNÁRIA DA BACIA DA FOZ DO AMAZONAS: RELAÇÃO ENTRE AUMENTO DE APORTE SEDIMENTAR E AUMNETO DA DEFORMAÇÃO GRAVITACIONAL Autores ALBERTO MACHADO CRUZ, ANTONIO TADEU DOS REIS, CLEVERSON GUIZA SILVA, CHRISTIAN GORINI, DIDIER GRANJEAN Resumo A interpretação da base de dados de sísmica de reflexão multicanal 2D, além de um conjunto de 22 poços exploratórios, concedidos pela Agência Nacional do Petróleo, permitiu a investigação da sucessão sedimentar (5.900ms, ou ~4.650m de espessura) Quaternária da bacia da Foz do Amazonas, relacionada às fases de evolução e construção estratigráfica quaternárias do Leque Submarino do Amazonas. O estudo, baseado nos preceitos da Estratigrafia de Sequências, permitiu o reconhecimento e datação de cinco horizontes estratigráficos, incluindo a base do Mioceno Superior, que data a implantação do leque na bacia. A base da sequência Quaternária foi identificada pela presença de um máximo regressivo de grande expressão regional, datado nos poços pela Nanozona NN17 (~2,49-2,39 Ma). Na verdade, o Quaternário registra a chegada à bacia de expressiva carga sedimentar que culminou na construção da maior espessura do leque na margem mais distal. O maior aporte quaternário de terrígenos à bacia (quatro vezes maior que as taxas anteriores, segundo literatura recente) foi responsável pelas principais fases de deformação da tectônica gravitacional que afeta o leque. Entretanto, até o presente permanece pouco compreendida a relação entre o aumento da taxa de aporte e aumento da deformação gravitacional na bacia. Para melhor compreender esta relação, foram empreendidas simulações de modelagem experimental 2D através do programa Dionisos©, como base na variação de parâmetros tais como o aporte sedimentar, subsidência, compactação e deformação estrutural. Os modelos 2D realizados foram capazes de reproduzir adequadamente as geometrias identificadas durante a interpretação sísmica, confirmando a ocorrência de maior deformação estrutural durante o Quaternário. Os modelos também evidenciaram um padrão de significativa migração da deformação gravitacional em direção à bacia profunda durante o período: (1) as falhas normais mais distais da plataforma, comparativamente pouco atuantes durante o Mio-Plioceno, foram mais ativas durante o Quaternário; (2) já as falhas reversas do domínio compressivo mais distal, aparentemente pouco ou não atuantes no Mio-Plioceno, foram fortemente reativadas durante o Quaternário, evidenciado pela formação de numerosas minibacias do tipo piggy-back entre as falhas. O modelo também evidenciou que o Sistema Falhas Normais (gerando espaço de acomodação)-Falhas reversas (gerando "barreiras"), somado a uma maior subsidência flexural da margem, foi capaz de reter parcialmente o crescente aporte sedimentar a caminho da bacia profunda. Tal fato evidencia-se pela comparação entre as espessuras sedimentares da região entre as falhas com os depósitos bacinais para além das falhas reversas: a sequência quaternária apresenta as maiores espessuras na região da atual quebra de plataforma e talude superior, evidenciando que os grandes depocentros descritos anteriormente na mesma região foram efetivamente formados durante o Quaternário.