DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 Boletín nº 7 Abril – Agosto 2006 ÍNDICE Luces y sombras del caso Giovanella Por Álvaro García-Alamán ..........2 Principiologia processual constitucional aplicada na justiça desportiva Por Emerson Ademir Borges de Oliveira ...............................6 Mutações essenciais realizadas no Código Brasileiro de Justiça Desportiva Por Álvaro Melo Filho ..................................... 26 La lucha contra el racismo en el fútbol: los casos español y holandés Por Ronald Olsthoorn y Marcos Caballero ............................................. 31 El racismo y la justicia deportiva: un estudio comparado (Brasil y España) Por Emerson Ademir Borges de Oliveira (Brasil) y Rafael Alonso Martínez (España)......................................................... 34 Direito Futebolístico Brasileiro: uma introdução Por Álvaro Melo Filho ..................................................................................... 61 dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 Luces y sombras del caso Giovanella Por Álvaro García-Alamán 4 SPORTS ABOGADOS Breve resumen de los hechos Ex ist e una ú ni ca p rue b a por la qu e se in ició el ex pedient e s an c i on ad o r y p o r l a q u e s e h a a p a r t ad o d e s u t rab a j o a l S r . Giov an ella: E l an álisis de orin a realiz ado sobre la mu est ra t omada al fu tbolista en D iciembre de 2004. L a a p ar i e n c i a d e bu en d e r ech o d e las cau t elares solicit adas y en ú lt imo t érmin o la def en s a del ju gador se fun dament a precisament e e n la A BSOL UTA INVA LID EZ D E E S E A N Á L I S I S. L a c i e n c i a h a demostrado que es e análisis tenía errores, es decir, que daba como p o s i t iv o s a l g u n os ca s o s qu e n o e r an t a l e s . E n e f e ct o, s e d e s cu b r ió a p r i n c i p i o s d e 20 0 5 q u e h a bía c a s os e n q u e l a o r i n a del d e p o rt i s t a present aba sín t omas de in est a bilidad, y en esos casos el resu lt ado aparent e era posit iv o aunque no hu biera consumido n ingun a su st an cia proh ibida. E n f e c h a 1 3 d e M ay o d e 2 00 5 s e d i o a c on oc e r e s t a circun st an cia por part e de la Agen cia Mundial Ant idopaje (AMA), o b l i g a n d o a t o d o s los L ab o r at o r i o s h om o l o g a dos ( c omo el d e l C S D d e M adrid) a realiz ar un test de esta bilidad, sin el cu al NO SE P ODRÍA R E P OR TAR E L RE SU LT AD O C O M O P OS IT I V O, d ado qu e p o día d e b e rse a esa circunst ancia de in estabilidad. E st a y a es un a r azón s uf ic ient e qu e a c r ed it a la a p a r ienc ia d e buen derecho de la solicitud de concesión de la cau t elarísima, pu es pru eba qu e el análisis h ech o al Sr. Giovanella era empíricamente in suf icient e para det ermin ar su culpabilidad. Hacía falt a más act iv idad científica para si qu iera pensar qu e se h ab ía dop a do. A un qu e un o s e p o d r í a p re g u n t a r: ¿ P or qué n o s e h iz o ent on c es el an álisis de est abilidad? E st a p a rte t u v o c on oc i m i e n t o d e la comun ic ac ión de 1 3 de ma yo de la AMA el 6 de junio por motivos prof esionales. Desde lu ego n o l o c on o c i m os p o r h a bér n os l o com u n i c ado el C SD , la R F EF o la C omis ión N a c i on a l A n t i d op a je, com o h u b i e r a sid o d e seab l e e n e l c a so, c la r o , q u e es o s o r g an i smo s f u n ci o n a r an deb i d a m en t e , es d ec i r , c on u n a aut oex igen cia profesion al qu e t r ascen d iera los parámet r os polít icos q u e l e s son i mpu es t os. N i siq u i e r a e l L ab o r at or i o s e h iz o e c o d e e s a c o mun i c ac i ó n . Y e st a p a rt e , e n c u ant o lo supo, solicit ó por medio de e s c r it o d i r i g i d o a l C o m it é d e C o m p et ición de la RFEF ( órgan o ant e el c u a l p o r e n t on c es s e su st anc i a b a e l expediente sancionador) qu e se l l e v a r a a c a b o cua n t as p ru e b a s f u e ra n n e cesa r i a s p ara a c l a r a r l a situación. El escrito se presentó en es a m i s m a f e c h a d e 6 d e j u n i o . C on s t a c om o f o l i o 3 3 3 a 3 35 d e l e x ped i e n t e qu e s e en c u en t r a ant e e l CEDD . dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 Sin embargo no se quiso llevar a cabo ese análisis. Y esta parte reiteró mas tarde la solicitud de que se llevara a cabo, entregando la cantidad que fuese necesaria para sufragar los gastos del mencionado análisis, si ello era necesario, pero fuimos desoídos de nuevo. C omo consecu en c ia de las reit eradas solicit udes q u e est a p a rt e h i z o a l os suc e s i v o s C o m it é s ( d e Compet ición y Apelación) de qu e v alorase la credibilidad de un an álisis in complet o, se solicit ó un informe al Laboratorio de Control del Dopaje. E st e emit ió un inf orme d e f e ch a 20 de o ctub re d e 200 5, en el que se manifestaba que “l a e m i si ón d e l os an ál is is r ea l iz ad os a l a m u es t ra d e ref e r en ci a s e ef ectu ó con las g arant ías ex ig idas ”. E sa pru eba es es enc ia l p orqu e en ella el la b or a t or io r ec on oc e qu e en la f ech a de realización de los an álisis (diciem bre ’04 y e ne ro ’0 5) e l l a b o r a t or i o s e a j u s t ó a l a n o r m at i v a. Y r e c on o c e asimismo que en la fecha en que se le pregunta esos criterios han cambiado, y n o serían v á lidos para emit ir un dict amen posit iv o en un an álisis de dopaje. E s t an to como desvirtuar, literalmente dejar sin con t en ido, la ún ica pru eba qu e apunt aba al Sr. Giov an ella como cu lpable de dopaje. E sa p ru eba es por tant o fun dament a l para la d efen sa d e nu est r o r e p r es e n t a d o. Pues b ie n , ese in forme se no s escond ió de sde e l 20 de oc tu bre ha st a e l 13 d e d i ciemb re en q u e est a rep r es ent ac ión estudia la docu ment ación obrant e en la sede del C EDD, cuando nos e s t áb a mos pr e p ar an do pa r a h ac e r a le g a c ion es a nt e e l C E D D . Al l í comprueba la ex ist en c ia de u n inf or me d el q ue no n os d ier on n un ca t ra slad o . Es muy sign if icat iv o qu e el mismo CEDD en lu gar de a d v er t i r el e r r o r , res t ó i mp or t an c ia a l he c ho a le g an d o q ue na d a d e importancia se decía en definitiva en e l i n f o r me , y q u e p o r t a n t o n o t en í a t r asc e n d en c i a ju r í d i c a. P e r o s í l a t en í a , y m u c h a . La r es o lu c ió n d e l C om i t é d e Ap e l a c i ón d e l a R F E F s e l l e v ó a c a b o sin q u e est a p a rt e p u d i e r a con oc e r y p o r t an t o v a l o r a r e l a l c a n c e d e t an imp o rt ant e i n f or me . E s o s e r í a s uf ic ien t e en nu es tra op in ión p a r a anu la r t od o el ex p ed ient e. S i g a m os c on e l Lab o r at o r i o: j us t o an t e s d e qu e e l C E D D f a l l a r a def in it ivament e, se solicit ó del L a borat orio qu e respondiera a un c u est i o n ar i o e n qu e s e sus c i t a b a el t e m a de l a i m por t anc i a d e l mencionado an álisis de est abilidad. A est e cu est ion ario con t estó el 15 d e f eb r e ro . E n é l dic e ( SE G UND A) : “E s evi d ent e qu e…a un a mues t ra simil a r a la de r ef er enc i a se l e real iz arí a un test de estabili dad .” E s el prop io laboratorio el que reconoce que no se puede dar por v álido ese an álisis, y de ah í n o cabe sin o deducir que ese posit iv o se pu do deber a in est ab ilidad de la orin a. Ni que decir tiene que es ta p a rt e n o qu ed ó s a t isf ech a con semejante respu est a (por v aga), y solicit ó del Laborat orio en f echa 20 d e f e b r ero d e 2 0 06 qu e c on t e st a r a a u n a s im p l e p r eg u n t a: ¿Ca b e l a posibilidad de qu e el resu lt ado posit ivo se deba a in est abilidad de la o rin a? . La r espu es t a f u e c as i i gua l d e va ga , p ero c on una dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 t r as c en d en c i a en o rm e : E n s u r e s pu e sta dicen que en su día se llevó a c a b o c on l a s n o rma s e x ig i d a s en aq u e l m om e n t o. Y q u e s i n o s e solicit ó en su moment o análisis de est abilidad, qu e no cabe ah ora “ cu est ionar la v a lidez de los result ados analít icos obt en idos en aplicación de la norma ant erior”. P e r o s e d a e l h ec h o L a b or at o r io n o l o s ab e . de q ue SI SE S O L IC IT O, aun qu e el E s muy de d e s t a c ar l a p o s t u r a q ue a nt e t od o es t o mant ien e e l CEDD , que m a n if ies t a en su r e s o lución que el Laboratorio consider a q u e pa s ados s e i s mes e s d es de qu e s on d on ad a s, l a s mu est r as n o era n v álidas, y por t ant o el an álisis de est abilidad n o aport ada n ada nu ev o. E so es del todo in cierto. Lo que d i c e e l Lab o r at o r io ( r es pue s t a Q U I NT A) e s qu e l a s m u est r as c on g e l ad a s d e b en d e ac t u a l i z a r s e ca d a 6 meses como máximo, y en es as circunstan cias se puede llevar a c a b o. P o r t an t o e l L a bora t o r i o, pa r a e mp ez a r, d e b ió c on se r v a r l a s mu es tr as ( actu aliz ar las ) en p len as fac u lt a d es p a r a ser ev a lua d as en cualquier momento. P e r o ad emá s, a unq u e n o o h ub ie s e h e ch o, e st a p a rt e s o lic it ó a nt e s d e l t r an scu rs o d e es os 6 m es es que se realizara el test ( en e l docu mento de 6 de junio). Y como vimos la RFEF no quiso. E s indignante que el CEDD en su resolución (Fundamento de D e r ech o N O VEN O) d i g a qu e n o s e l l e v ó a c ab o p o r qu e el l a b o r a t or i o fue requer ido el 11 de julio de 2005 p a r a l l e v ar a c a b o e s e t e st d e est abilidad, sien do lo ciert o qu e el requ erimient o se h iz o a la RFE F p o r p r i m er a v ez e l 6 d e jun i o. H e m o s d e m o s t r a r o t r o p u n t o e s en c i a l: C u an d o e s t a p ar t e s e h a empeñado en reclamar el análisis, e l L a b or at or io n o h a t en id o m á s r e m e d i o q u e a c ept ar q u e d estruyó la muestra ! N o d i c e n i c u an d o, n i p o r qu é, n i qu ién lo h iz o. Per o e l h ec ho e s que lo h iz o, a d e m ás , s i n c o mun i c a rlo a l C SD . E s muy llamat iv o nu ev amente qu e en la resolución del CEDD de 1 0 d e ma r z o d e 2 0 06 ( F u n da m en t o d e D e r ec h o SE XTO ) s e que n o t ien e la cert ez a de qu e se h a ya dest ru ido la mu est ra, qu e son presunciones de esta parte. O el ponente no se leyó el escrit o qu e esta parte presentó y no se leyó el informe que es ta parte presentó c o m o D OC UMEN TO 2 , ( qu e e n su r e sp u est a CU A RT A d ic e “L a mu e st ra d e r ef er en c ia s e des ech ó en los p la z os... ”, o el p on ent e n o t ien e capacidad o voluntad de ejercer su cargo con rectitud. M ás a l l á d e l a at en c i ón, cap a c i dad o b u e n a f e d e l p on en t e d e l CEDD , la AM A obliga a cu st odiar en con d icion es ópt imas t odas la s mues tras que estén sujetas a disputa durante el tiempo que ésta d ur e . E n e s t a n ot a ( d e ob lig a d o cumplimien t o para los laborat orios a c r ed it ados p or la A MA ) s e ex p r es a a l p unt o 5. 2. 2. 7: S i el l ab or a t or i o h a s i d o i n f or m a d o p or l a aut o rid a d qu e l a mues tra objeto de análisis está sien do desafiad a o d i s pu t a da, l a m u est r a d eb e ser c on s e rv ad a c on g e l a da baj o c on di ci on e s a p rop i a d as y todos l os i n f o rm es p e r t en eci e n t e s al an ál i s i s d e e s a m u est r a g u a r d a d o s h as t a l a fin al iz ac i ón d e cua l qui e r dis put a . dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 Y la legislación españ ola h ace lo prop io en la Orden de 11 de e n e r o d e 1 9 96 . E s a O r d en n o p e rmi t e l a d es t r u c c i ón d e mu e st ra s qu e es t án in cu rs a s en un p r oc edimien t o. M u y a l c on t r a r i o, ex i g e ( a r t íc u l o 50.1) qu e toda la docu mentación quede a disposición de la C omisión N ac ion a l A nt id op a je. Y ex pres a ment e s ó l o a p ru e ba l a des t ruc c i ón d e las mu estras que hayan dado n egat ivo, o cuy o cont ra- an á lisis n o se h ay a solicit ado. P o r l o t an t o son m u c h a s las c i rcu n s t anc i a s q u e su st ent an l a postu r a del Sr. Giov an ella: • L a ún ica pru eba (el an álisis) se h a demost rado qu e es in út il si no se h a ce el t est de estabilidad. N o es qu e se in v a lide su resu ltado, es qu e nun ca tuvo cert eza científica. • E st a parte se ent eró por su diligencia de la ex istencia y n e c es i d ad d e es e t es t . • S in e l t est n o e x ist e p o s iti v o , pu e s ca b e qu e s e d e b a a in est a bilidad. • E st a parte solicit ó su realiz ación ant es del t ranscurso de 6 m e s e s d es d e l a t om a d e mue s t ra s. • E l la b o rat o r io n o c on s e rvó la muest ra en con d icion es ópt imas para realiz ar el test de est abilidad, lo que hu biera permit ido h acerla hoy día. • E l l ab o r at o r i o d est ruy ó in debid a m e n t e l a mu e st ra . • N o s e d i o t r a s lad o a e s t a part e d e docu m en t os fu ndament ales. Situación Actual: Se ha denegado la adopción de medida s cautelar ísimas. Se ha abierto pieza separada de cautelares. Se ha abierto plazo de alegaciones para cuestión de competencia, pues dice el Magistrado que la RFEF que dictó la resolución (que ha confirmado el CEDD) es entidad privada, y por ello no encuadrable en el art. 9 de la Ley 29/1998 de la Jurisdicción Cot.-administrativa. ¿No es increíble a estas alturas? Se h a pr es en t ad o DE N UNC IA p o r l a posib l e c o m i sió n d e un D ELI T O de los t ipif icados en el C a pitu lo IV ( d e la Inf idelidad en la Cu st odia de D oc u m en t o s y V i o la c i ó n d e S e c r et os ) a r t í c u l o s 4 1 3 y s ig u i en t e s d e l c ó d i g o p en a l , c on t ra e l D i r ect o r d el L ab o r at o r i o d e C on t r ol d e l D op aj e . A lvaro Gar c ía -Alamán De la Ca l le es abogado, socio de la Firma 4 Sports Abogados que tiene encomendada la defensa de Everton Giovanella dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 Principiologia processual constitucional aplicada na justiça desportiva Por Emerson Ademir Borges de Oliveira Í N D IC E 1 . Int r o du ç ã o 2 . U ma qu e st ão d e p r in c íp i o s 3. C on st itu ição: a lei maior – En s a i os de u m a n ov a s i mb o l o g i a 4. Princípios proc essuais 5 . P r i n c í p io s p r oc e ss u a i s c on s t itucionais ex plícitos n o C BJD a ) a mp l a d e f es a e c o n t r ad i t ó rio b ) pub l i c i d a d e d o s a t os p r oce s su a i s c ) m ot i v aç ã o d as dec i s õ e s d) celerida de e) raz oabilidade f) prop orcionalidade 6 . P r in c í p io s p ro c ess u a i s c on s t i t ucionais n ã o explícit os no C BJD, mas in erent es ao pro c e ss o d es p o rt i v o a) ison omia b) ju iz n atu ral c) inafastabilidade da jurisdiç ão d ) dup l o g r au d e ju r i sd i ç ã o e) proibição da prov a ilícit a f) presunção da inoc ência 7 . C on c lus ã o 1. IN TROD UÇÃO C omo é de juízo comum, as normas constitucionais abra ngem s u a s r a i as s ob r e t o d o s o s r a m o s d o o r d en amen t o ju r íd i c o c a s ei r o , o b v iamen t e p or s er o t op o d e no s sa legislação pátria. Toda ma téria in f raconstit ucional qu e lhe f or cont rária n ascerá prat icament e con d en ada à d ec l a ra ç ã o d e in c o ns t i t uc i o na l i d a d e d o S T F . A par de tudo isso, o legislador ao elaborar o Código Brasileiro de Justiç a Despor tiva tomou os minuciosos cuidados de já deixar be m claro q u e o p r oc es s o d ev erá o b e d ecer aos princípios constitucionais c on s ag r ados . H á q u em d i g a qu e n ã o s e f az n ec e ss ár i o c o n s i gn a r n o C ó d i g o, n u m a rt i g o ap a rt a d o, t a i s g a ran t i as, pois elas são implícit as ao o r d en a m en t o ju r í d ic o c o m o u m t od o, d e sd e que e st e j a m p r ev i st a s n a C onst itu ição F ederal. fo ra C l a r o qu e a s s i st e ra z ã o aos q u e as s im p e n s am, p o is , c o m o j á co l oc a d o, t od a m at ér ia l e g i s l a t i va c ont rá ri a a o o rd ena m ent o dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 maior será con s iderada inconst itucion al e d e i x a rá d e t e r a p l i c a ç ã o n o âmb i t o n ac i o n a l . tão logo queira o STF N ã o ob s t a n t e, d ev e m os d e s t ac a r o q u e já n om e amo s d e “min u ci osos cu i d a dos” d o l egis l a d o r e m d a r ê nf a s e a o s pr i nc í p i os l o g o n o a rt ig o 2 º d o CBJD . As s im, nem mesmo sobre o mais desavisado poderia pa irar qu alquer dú vida sobre o funcionamento da Justiça D e sp o rt iva . E h á de s e r es sa lt a r qu e devem recair obrigatoriament e s o b r e o m o d o c om o a J D a t u a, o u , c o m o q u e r - s e r eg i s t rar, s o br e o proces so. O a rt i g o 2 º d o C BJ D t r az e m s eu b o j o qu ato r z e p r inc í p i o s, d en tre os q u a i s a p en a s um a p a rt e é c o ns id e ra d a d a g a m a d o s p r i n c í p i o s c on st i t u cio n a i s p r oc e ss u a is. Outros também se apresentam como pr incípios constitucion ais, to d a v i a d e n a t u r ez a m a t e r i a l. E h á a i n d a aqu e l e s pr i n c í p i os qu e n ã o s ã o c on s i d e r a do s d e n at u rez a c on st i t u c io n a l. Ademais, nota-se a au sência de ou tros princípios processu ais ex plícit os em n ossa Const itu ição, m as qu e, c om o j á c o l o c a m os, n ã o d e i x a m de p r e st a r a d e v i da a s s is t ên c i a a o p r o c es s o d e s p or t iv o, mesmo que não estejam arrolados. N o g ru p o d o s p r in c íp i o s pr o ce s su a is const itucion ais, implícit os e e x p l í c i t os, q u e g an h a m ê n f ase n o C BJD, c on f e r in do o d ev i d o p r oc es s o l e g a l , r e la t a mos : a ) a a mp l a d ef e sa; b ) o c on t r a d it ó r i o ; c) a p u b l i c i d a de d o s a t os p r o c es su a i s; d) a m o t i v açã o d a s d ec i s õ e s; e ) a celeridade, também relacionada com a econ omia processual; f) a raz oabilidade; e g) a proporcion alidade. Nu m s eg u n d o p on t o l e vamos e m c o ns i d e raçã o o s p ri nc í p i o s p r o c es suais c on st i t u c i on a i s q u e n ão são elen cados claramente no art igo 2º do C BJD : a) isonomia; b) ju iz n atu ral; c) in af astabilidade da ju risdição; d) duplo grau de ju risdiç ão; e) proibição da prov a ilícit a; e f) presunção da inoc ência. São esses os dois grupos que intere s s am a o t e ma a s er t ra t ad o, p o i s qu e o o b j et i v o é o e st u d o d o s p ri n c í p i o s p r o c es suais c on st i t u c io n a i s, o bv i a m en t e s e m d e i xar d e f oc a r a Jus t iç a D es p or t iv a, p o i s é n est a, em esp e c i a l , que r es i d e n o s s a d i s cu ss ã o. N ã o h á com o s e f a l a r d e t a i s p r in c íp i o s s em s e d es ga r r a r d o dev ido processo legal, na opin ião d e m u i t os a u t o r e s a c h a v e m es t ra q u e a br e a s por t a s d e t o d os o s out r os p r in c í p io s c it a dos . T a l porq u e u m p ro c es s o qu e se j a l e g a l e p e r t in ent e e m t od a s as g ar a n t i a s t ra r á e m s eu b o j o, n e ces s ar i a m ent e , u ma g a m a de p r i n c í p io s , c o mo a ap resen t ad a , p a r a q u e s u a e f et i vaçã o n ã o f i r a a s g a r an t i a s d aq u e l e que deve enfren tar a ba talha judiciária. 2 . UM A QU ES TÃ O DE P R INC ÍPI OS P ara o f ilósof o grego Aristót eles, “aquele que v ê as c ois as c r e sc e r e m d e s d e o i n í c i o t er á a melh or v isão delas” . C ert ament e p o rqu e aq u el e q u e a s s i m ag e p od e rá vi su a l i z a r t od a a d i m e ns ão e d e sd o b ram e n t o d as “ c o i s as ” . dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 P r in c í p i o, d o l a t i m pr i n c i p iu m ( início) , não sign ific a o começo da c o i s a, m as s i m a s u a r az ã o d e s e r1. S ã o o s a l i c e r c e s, as b as e s e fu nd ament os q ue su st ent am d et ermin ad o ramo do conh ec iment o. Mais es p ec i f i c am e n t e d e v em o s falar dos princípios c on st i t u c io n a i s. Seg u em, o b v i a mente, a definiçã o dado pa ra a universalidade dos mesmos, com a diferenciação de ap resentarem f o rç a j u r í d i c a. T a l d i s t in ç ão é m uit o c ab í v el , p o i s pod e m os t e r divers os princípios morais numa d e t e rmi n ad a c om u n i d ad e , s e m , contudo, uma força, ou poder, de coer ção que torn e ob rigatório seu s e gu i m ent o. As s i m, n a m o ral a qu e l e qu e n ão s eg u e dev e r á s of r e r d e t e rmi n ad a r ep r e ss ã o d a s pes s o as ao r e d o r, ma s j a ma i s a p on t o d e obrigá-lo a mudar de at itude. O s pr i n c í p i o s c on st i t u c i on a is são parte ineren te ao Direito e ao o r d en a m en t o j u r í d ic o . F az em p a r t e d a s e a ra l e g i s l a t i v a e e s t e n de m s e u c a mpo d e atu aç ã o pa r a t o do o s is t e ma n or m a t iv o, d e v en d o s e r respeitados desde a legislação comp lementar até a resolução. Se não o forem poderão – e deverão – atuar sobre a norma incondizen te com os mesmos t orn ando- a nu la. P ara José Afon so da Silva, con st ituem- s e “normas básicas de o r d en aç ã o c on s t it u cio n a l ” 2. Atu a lmente, t odav ia, tem-se t rab a l ha d o c om d o i s p rin c í p i o s esp eciai s , n ã o n orma t i v a d os d i re t am en t e n o t ex t o c on s t it u c i on a l , m a s de conh eciment o gen eralizado. D ef en d e-se qu e a razoabilidade e a proporcion alidad e estão in trínsecos ao longo do texto constitucional e u sam c om o o p a r âmet ro de s ua ação o c ont ro l e de c on st itu c io n a lid ad e. D on d e n ã o s e p od e n e g ar s ua ex is tên c ia, p o is é p oss ív el sent ir s eus ef ei t os p rá t i c os. É c o m o o ve nt o , q ue não s e vê , mas se pode visualizar sua ação sobre a natureza no momento em que b a la nç a as f olh as da árv or e. E tal ef eito t em sido t ã o devastador qu e já é possível v isualiz ar s e u âmb ito d e a tu aç ã o n a leg is la ç ã o inf r ac on st itu c ion a l. V e r -s e que há no pr oc esso civil, como ap on ta Lu iz Gu ilherme Marinoni, em seu M anu al do p r oc ess o d e con h ec iment o. D ifun d id os est ã o, pois , a p art ir da brev e an álise, mu ito embora – e in sist o n isso – n ã o são palav r as m a t e r ia lment e in teg r ant e s d o t ext o c ons t itu c ion a l, o q u e n o s d e m on st ra q u e os p r i n c í p io s d o qu a l f a l a mos e st ã o m u i t o m a i s expressos na hermenêutica ju rídica d o q u e n u m d i s c o r r er l e g i s l a t i v o , p o r m a i s imp o rt ant e qu e se j a . 3 . C O N S T I T U IÇÃ O: A L E I M A IOR – E N SA I OS D E UMA N O V A SIMBOLOGIA A r epr esen t a t iv i d ad e da C o ns t i t ui ção F ed e ra l c o m o t o p o d o o r d en a m en t o j u r í dic o c o mum e n t e v e m e x pre s s a n os c u rs os e d ou t r in as c on st i t u c i o n a is . Q u as e s empre a simbologia usada traz o f a m i g er a do “ e squ em a d a p i râm i d e ” , n o m e lh o r e s t i l o Q u eóp s: 1 2 Ver CRETELLA JÚNIOR, José. Comentários à Constituição de 1988, v.1; p.129. SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. P.82. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 O s en t id o de t al dispos ição é que existe uma escala hierárquica entre a Constituição e os produtos l e g i s l a t i v os , c om o s e p o de averiguar da figura . Há, ainda, aqueles que crêem numa ilustração um pouco diferente, na qu al a C onst itu ição mostra-se no topo e abaixo dela todos os o ut r os ato s , c on junt a m ent e , e e m m es m o n ív e l, f az en d o a d if e r en ça r e i n a r n o c a m po d e a t u aç ã o d a s n or mas. De tal forma, a diferenciação n o e sc a l on a m en t o p o d e r i a ser n ot a da p e l a col o r a ç ã o d a p i r â m i d e. Não sobreleva, entret anto, a rasteirice de tal ensinamento extremamente desajustado e limitado, c on st an t e d a s p r ime i r a s l i n h as d o D ir eito n a s f ac u ld a d es p elo Br as il af or a. A visã o papelória e de dimensão única mostra ex atamente aquilo que não se vê. A geometria plan a não é au torizada para projet ar a imagem do Direito, es paço tão amplo e próspero em t r an sf or maç ões e atu aç ões. A s s i m o a f i r m o, con v i ct o de não s er t a l s i m bo l o g i a suf i c i e nt e p ara exp res s ar os d es í gn i os e e xp an s õ e s d o t o p o c on st i t u c i o n a l . A v isão ma is a b er t a , a ér ea, e em vári o s â ng ul os , é a únic a q ue p e rmi t e , aí sim, enxergar com clareza a abrangência da Constituição Federal e o s m ot i v os d e s e l h e i n d i c a r c o m o t opo do ord en a ment o ju ríd ic o. P o i s b e m, a s s i m c ol o c o p o rqu e, c om o p o d e s e d i z e r d a p r ó pr i a i n t ro du ção, a s g a r ra s d o d i r ei t o c on st i t u c i on a l e sp a l h am- se s o b r e t od a a legislação infra, numa luta inces s ant e n a t en t a t iv a d e n ã o d ar a e s t a es pa ç o qu e o c o n t ra rie . D a í on d e s e res u lt a o c o n t r o l e d e c on st itu c ion alid ad e. Bem r esu me A lexa nd r e d e M ora es: “ A i d é i a d e c on t r o l e d e c on s t i t u c i o n a l i d ade e st á lig a d a à Supremacia da Constituição sobre todo o ordenamento jurídico e, tamb ém, à de rigidez constitucion al e proteç ão dos direitos fu ndament ais.”1 C o mo f azer ent ã o? O r a , já n ã o lh e s d i s s e que as g a r r as do direito c on s t i t u c io n a l a d ent r a m a t od o o direito pátrio? Pois bem, isso n os j og a a v is u a l i z a r q u e t od a a legislação está obrigatoriamente cercada e i n f i l t ra d a d en t r o d o es paç o c on st i t u c io n a l, qu e é um e s p aç o amp l o e dom i n an t e d e 1 MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. p.486. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 t o do o n os s o s i s t ema j u r íd i c o . Qua l qu e r c o i s a q u e est ej a f o ra des s e esp aço ou t r a coi s a n ão p o d erá ser além de f la g rant e in const itucion alidade. Os prof essores Nels on Nery C osta e Geraldo Magela Alves, em s e u s c o men t á r i o s, i l u s t ra m e s s a “ extrat errit oria lidad e” d a n orma nã o c on d i z ent e c om a C o n s t i t u i ção1. Essa s ea r a é o que p o d e r í amo s c h a ma r de “ e s p aç o c on st i t u c io n a l” , eng l o b an do t od o o ordenamento jurídico válido. D en t r o d es s e es p aço o s p ro du t o s l e g i sla t i v o s r es p e i t a m o c e r c ament o c on st itu c io n a l qu e lh e c ont ém. É a z on a d e inf lu ên c ia da C on st itu iç ã o sobre todos eles. Assim, deix a es ta de ser simp lesmen te o “top o” do o rd en amen t o e p a ss a a s er a d i ret ri z do e sp aç o l e g i s l a t i vo g l ob a l . N ot e-s e imp ort ante obs er vaç ã o: qu an do d igo “ cont er” n ã o me refiro simp lesmen te a “guardar dentro d e s i” , o q u e t r a du z i r i a a id éi a a b st r at a d e h i e r a rq u i a. P r et en d o i r a l é m d i s so , d e m on s t ra n d o qu e esse “ c ont er” t raduz o sent ido de ev it ar qu e aqu ilo qu e é “ c ont ido” lhe fuja às raias, lh e sa i a do c a mp o d e at u a ç ão , da s ear a , lh e n eg u e o u s o l a p e. N o s d iz e r e s d e Au r é l i o Bua r qu e d e H o l a n da , t a l ex p r ess ã o s e r i a m e l h o r ex p l an ad a p o r “ m od e r a r o í m p et o d e ” . A C on s t i t u i ç ã o, n u m a m e t áf o r a a na t ômi c a , p od e r i a s e r d i t a o cérebr o do ordenamento jurídico. Nã o só porque fica mais acima qu e o s o u t r os ó r g ã os, m a s t a mb ém p o r q u e a eles está ligado diretamente, c omand and o as aç ões d e t odo o cor p o. P os t o i ss o: C F ⊂ {LC , L O, LD, D ec}. Os ex emplos lei complement ar, lei ordinária, lei delegada e d ec r et o es t ão c ont idos p ela C on st itu ição Federal (espaço c on st i t u c io n a l) C F ⊂ LC <-> (∀ x) (x ∈ C F -> x ∈ LC) A C on st itu ição F ederal cont ém a Lei C omplement ar. s e n d o, qua l q u e r at o d es t a d ev e r á r es pe i t a r a qu el a . Assim E se uma contém a ou tra, então é ób vio que todos atos devem res p eit o ao princ íp io primordial: a C ons t itu ição. L o g o: 1 “A Constituição é a lei maior de um País, sendo, como o próprio nome indica, o que lhe constitui em termos políticos, social, econômico e cultural. Em geral, quando feito de forma democrática, por uma Constituinte livremente eleita, aparece como o retrato de uma sociedade e o compromisso desta com um determinado Estado Democrático de Direito. A Constituição nasce das decisões dos representantes ou, ainda, de um plebiscito para dar a legitimidade devida à Carta Magna. A legislação complementar e ordinária que for compatível com o texto constitucional fica recepcionada, ou seja, convalidada para continuar a ter eficácia. As normas que forem incompatíveis não são recepcionadas, e, assim, ficam fora do mundo jurídico, apenas um registro histórico” (Grifei). Nelson Nery Costa e Geraldo Magela Alves. Constituição Federal Anotada e Explicada. p.268. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 C F ⊂ L O < -> (∀ y) (y ∈ C F -> y ∈ L O) A C on st itu ição F ederal contém a L ei Ordin á ria. Assim sen d o, q u a l qu e r a t o d est a d e v er á r es p e i t a r a qu e l a . E se uma contém a ou tra, então é ób vio que todos atos devem respeito ao princípio primordial: a C on s t i t u i ç ã o. ( A s s i m c om o o o u t ro acima) C F ⊂ LD <-> (∀ z) (z ∈ CF -> z ∈ LD) C F ⊂ Dec <-> ( ∀w) (w ∈ C F -> w ∈ D ec ) Funciona da mesma forma como os primeiros exemplos. L D = Lei D elegada D e c = D ec r e to . Enf im: CF = {x, y, z, w, h) S en d o h = p ar t i c u la r i d a d es c o ns t i t uc i on a i s A C onstituição circula elementos d e t o d o s e a i n da p o ssu i s u a s próprias particularid ades, ine r e n t e a o c a m p o c on st ituc io na l su per ior . E ss e é o s e n t i d o da s n o r m as i n f racon st itucional, recepcion a da e m s eu s p a r â m et ro s p e l a C on s t i t uição Federal, e trazendo em seu b o j o, e m a l g u n s cas o s, a e x emp l o d e várias leis e códigos, a repet ição de vários princípios prev istos n a lei maior. É, n esses t ermos, o s e n t i d o da pr e v is ão d e p r i n cíp i o s f e i t a l o g o n o ar t i g o 2º do C BJ D . 4 . P R INC ÍP I OS PR OCE SS U AI S P o i s b e m. J á d i sc o rr e m o s s ob r e os princípios constitucion ais e i n c l u s i v e s o b r e u ma n ov a s im b o l o g i a d e s eu âmb i t o d e a t u aç ã o. A g o ra é necessár io adentrar ao camp o proc essual de forma ma is específica e s e l ev an t a r o q u e p o d e r í amo s ch a ma r d e p ri nc í p i o s p roce s su a i s. D a m e sma f o r ma c om o s e p ode o l v i d ar d os p ri n c í p i o s p r o c es suais s ão e le s a r az ão d e s e r d o p ro ce s s o, a m a n e i r a m a i s b á s i ca e m a i s d i scor r i d a que o p r oc es s o d e v e s e gu i r . É a l i n h a mes t ra , o c ã o gu ia , a s e ara d o e s paç o p r oc e ss u a l , a d ir e ç ã o e u m a s é r i e d e o u t r as a l c u n h as ca r a ct e r í st i c a s as qu a i s n ã o s e p o d e d e m o m e n t o lev ant ar. N ã o s e d ev e c on f u n d i - l o s c om o p r oce d i m e n t o q u e é a m a n e i r a p e l a qu a l o p r oc e sso d ev e d is c o rr e r - m a s aqu i n o s en t i do d e m ét od o . O s p r i n c í pio s c e r c am t o d o o p r o c es so e d e l e f a z e m p a rt e e m t o d os o s atos , sem ex c eç ã o, p a r a ga r ant i r a l e ga l i d a d e do m es m o. T o da v i a, n os s o est u d o n ã o d e v e s e a t e r t ão s o m en t e a o s p r i n c í p i o s p r o c es su a i s, m as s i m e s t es qu e p o s su em n at u rez a c on st i t u c io n a l. Ou n os t er m o s d e R o b er t o R o sas: “ p r i n c í pi o s dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 c on st i t u c io n a i s a p l ic á v e i s a o p r oc e ss o” 1. S ão obj e t o d o n o s s o e st u d o a qu e l e s qu e f or a m c i t ad o s n a i n t r odução, já que nosso ob jetivo maior é f az er a an álise de tais à luz do D ireito D esportiv o. A s s im, v isa - s e ga r ant ir e m âmb it o d esp o rt iv o o d e v ido pro c e ss o legal, rech eado de princípios proce ssua i s c on s t it u c i on a i s. N os t e r mo s de P int o F erreira, “ d ev ido processo legal sign if ica o direit o a regu lar curso de administra ção da ju st iça pelos ju íz es e tribunais”2. N elson Nery e Geraldo M agela v ã o mais além, t raduz indo-o c o m o f o rma d e t or n ar o “ P o d e r J u d i c i á r i o u m i n s t ru m en t o ef i c az d e con t role da legalidade e dos demais P oderes P olít icos”3. E n f i m , p od e r í a m os r e su m i - lo n a g a ra n t i a c on c e d i d a à p e ss o a ( f ís i c a ou j u r íd i c a) d e q u e d e v e r á, d en t r o d a leg a l i d a d e, p e r c o r r er o processo qu e será in st ru ment aliz a do e r od e ad o p o r pr i n c í p i os q u e g a r ant em a ju st ez a d o f eito. A g o ra p as s e m os ent ã o a t ra n s c or r e r d e f o r ma m a i s e s p ec í f i c a em relação ao processo desportivo. 5 . P R INC Í P I OS N O C B JD P RO C E SS UA IS C ON ST I T UC I ONAI S E XP L ÍC IT O S A m p l a d ef e s a e c on t r ad i t ó r i o O s p r i n c í p i o s b a s il a r e s d a a mp l a d e f es a e d o c on t r a d i t ór i o a n d a m ju n t o s. In clu s i v e p or a m b os e s t a rem d e s cr i t os n o m es m o in ciso da C onst itu ição F ederal. Assim c on s ign a o in c iso LV d o ar t ig o 5º: “aos lit igant es, em processo judicial ou administrativo, e aos a cu s ad os e m g e r a l s ã o a ss e gu r ad os o c on t ra d i t ór i o e a a m p l a d e f es a , c o m o s mei o s e r ecu rs o s a e la i n e r en t es ” . O r a , m a s q u a i s s er i a m o s m e i o s e rec u r s os i n e r ent e s à a m p l a d e f es a? Tod o s os m e i o s d e p r o v as, d e p o d er e x p o r a c on t rad i ção e s u a v e rs ão s o b r e o f at o d eb at i d o e m f a c e d a out ra p a rt e . O b vi a m ent e , q u e n a da d aqu ilo qu e ext r apole o qu e o b om sen so ent en d e por uma d e f es a jus t a, u m ple i t o d on de n ã o s e s a í a c on de n ad o porq u e n ã o se p ô d e ca b al m e n t e d em o n s t r a r a sua su pos t a in o cên c i a. Para Nelson Nery e Geraldo M ag e l a, a amp la d ef e s a é “ a o p o rt u n ida d e d e se c o n t es t a r a a cu s a ç ão, p ro du z i r p ro v as d e s e u direit o, acompan har os at os de inst ru ção e ut iliz ar os recursos c a b ív e i s” 4. Daí se falar com absoluta razão qu e o princípio do contraditório e n con t ra - s e i n s e r i do d e n t r o d a a m p l a d e f e sa, j á q u e n ã o s e sup õ e falar daquele sem estar pratic ando a o m e s m o t em p o e s t a. T o d av i a, h á 1 ROSAS, Roberto. Direito Processual Constitucional: Princípios Constitucionais do Processo Civil. p. 28. 2 FERREIRA, Pinto. Comentários à Constituição Brasileira. p. 175 3 COSTA, Nelson Nery; ALVES, Geraldo Magela. Constituição Federal Anotada e Explicada. p.29. 4 COSTA, Nelson Nery; ALVES, Geraldo Magela. Constituição Federal Anotada e Explicada. p. 30. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 o ut r as f or m a s d e s e p r at ica r es t a sem e st a r d ir et a m ent e v incula d o àquele. O con t radit ório demonstra a capacidade e a possibilidade das p a rt e s exp o r e m ao j u i z a s su as r az õ es d i an t e d o f a t o d is cu t i d o ant e s q u e s e l h e p r o f i r a a d e c i s ão f i n a l1. O u , n os d iz er e s d e R os e m b er g é o f az e r- s e ouv ir 2. C o mo d i s s e m os, a a m p l a d e f es a engloba o contra ditório, p ass an do a s er poss ív el v isualiz ar numa simbologia algo parecido com d o i s c í r cu lo s c on cê n t r i c os . A s s i m: A = A mp la D ef e s a C = Contraditório C ⊂ A <=> (∀x ) ( x ∈ C => x ∈ A } C on t r ad i t ór i o es t á cont i d o e m Amp l a Defesa de tal forma que qualquer que seja o elemento do C ontraditório tamb ém será da A m p l a D e f e s a. E m t e r mo s p r in c ip i o l ó g i c o s e j u r í dic o s s e r ia a d i s p o s i çã o c on f er i d a a o s l i t ig an t es de s e con t r ap o r d e m a n e i r a s au d áv el e n e c es sá r ia p e ran te o ju ízo . O u se j a , uma d ef in ição c ab ív e l a o contraditório e que traduz uma das f o rma s c o m o s e a p r e s en t a a a m p l a d ef e s a. P os t o is so, p ass emos a an a lis a r efeit os p r át ic os n a J ust iç a D e s p o rt i v a . O a rt i g o 2º d o C BJ D t ra z a a mp l a d e f es a n o in c is o I , e n q u a n t o o c on t r ad i t ó r i o v em d e s c r it o n o i n c i s o I I I. Ob v i a m ent e , a p a rt i r d a a n á l i s e q u e f or a f e i t o h á u m a c e rt a d esn ec e ss i d a d e d o relacionamento do contraditório, pois como sabemos já está contido n a a mp l a d e f es a. Tod av i a , pa r e c e m ais que o legislador quis repetir a descrição constitucional e reforç ar mais ainda a idéia do devido p r o c es so leg a l . O c o n t r adit ó r i o n o p r o c es so d e sp o rt i v o f o r a b em d e s cr i t o n a s palav ras de M a rcus D onn ici: “ Soment e p ela por ç ã o de parcialidade d a s p a r t es , u m a ap r e s en t and o a t e s e e o u t r a a a n t í t es e , é q u e o a u d i t o r des p o rt i v o p o d e f a z er a su a s í n t e s e. E s t e p r oc e d ime n t o s e ria estabelecer o contraditório entre as partes”3. Ainda nesse sentido é recomendável a leitura do ar tigo 60 , caput, o qual dispõe sobre o depoiment o pessoal – leia- s e int errog at ório – da part e in qu irid a, r e qu e r i d o p e l o P r esi d e n t e d o Ó r g ão J u d i c an t e, par a ex p or- s e s ob r e o s f at os d a caus a. A o d ep o is , n ão dei x a d e f az e r p a rt e t a l con d u t a do qu e chamamos de ampla defesa – creio que seja a razão para ser caracter izada principalmente como a mp l a . M as v e j a m os o u t r o s en t i d o q u e a ex põe . L og o a p ó s, o ar t i g o 61 as s i m c o l oc a : “ C o mp e t e à par t e 1 ver LIEBMAN, Enrico Tullio. Princípios Constitucionais. ROSEMBERG. Normas do processo. 3 SION, Marcus Frederico Donnici. Comentários ao Código Brasileiro de Justiça Desportiva com enfoque no futebol. p.180. 2 dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 interessad a produzir a prov a document al qu e en t enda n ecessária” . N ã o h á c o m o n eg a r qu e n e st es t er m o s ap res e nt am-s e a s out r as v e rt en t es d a amp l a d ef es a qu e n ã o pu r a e s i m pl e s m e n t e o c on t ra d i t ór i o . Pu blicidade dos at os p r oc essu a is A af irmação do prin cípio acima na Con st itu içã o s e f az de f or ma n e ga t iv a, n os d i z e res i n sc r i t o s n o i n c iso LX: “a lei só poderá restringir a pu blicidade dos at os proces su ais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o ex igirem”1. P a ra N elson Nery e Geraldo M agela: “O pr incípio básico dos at os estatais é o da publicidade, qu e p e r m i t e qu e o c i d ad ã o t en h a c o n h ec i m e n t o p l en o d o que s u ced e n as q u est õ e s d e s eu in t e resse, s e ja e s t e pa r t icu la r o u g e ra l. A p u b licid a de, d o pon t o d e v i st a p rocessual, t em o intu it o de que as p a rt e s pa r t i c i p em d o s at os p r oc e ssu a i s, a l ém d o que p e r m i t e a c on su l t a d o p r oc e ss o e su a s p e ç as l a v ra d a s” 2. ( Gr i f o n o ss o) D on de s e a u f er e q u e q u a n d o n ão f o r o c a so d a s e x c e ç õ es p r e v is t as n ã o h av e r á qua l qu e r i m p ed i m e n t o à pub l i c aç ã o d os a t os p r o c es suais 3. T od av ia , n ã o n os p a r ec e a s s i m t ã o s i m p l e s. N ã o ca b e em n osso en t endimen to no p r es ent e in c is o qu e a s inf or maç ões p r o c es suais e s t a r i am g u ar d ad a s pod en do s e r con s u lt a das qu an d o s e qu isesse. Ao cont rário, alguns at os proc essuais – não o processo todo dev ido à impossibilidade lógica – obrigat oriament e dev em ser lev a dos a público para que o seu conhecimento seja presumidamen te de t o dos. É o qu e oc orre qu an do d a c it a ção por ed it al do p r oc ess o c iv il e n as d ema is oc as iões em qu e o ju iz “ F AZ SA BE R A T OD OS”. A p u b l i c i d a d e, n es s e s en t i d o , n ã o n o s p ar e c e u ma o p ç ã o vinculada ao arbítrio do juiz, m as m u i t o a n t e s u ma o b r i g aç ã o d a p r e st aç ã o d e e s c l ar e c i m en t os à s oc i e d a d e l o cal c o m o u m t o do. É a t r av és da pu b l i c i da d e d o s at o s p ro c es su a i s que s e t e m c on h ec i men t o d e c o m o a g e o P o der J u d i c i ár i o , s ob pen a, ao rev és, da d it a dura d est e p elo as somb ramento d e su as ações. M u i t o e mb o r a h a j a c a s o s e m q u e o s eg r e d o d e j u s t i ç a i mp e ç a a publicidade de determinad os atos processuais este empecilho se e x t in gu e q u a n d o da s en t en ça t ran s i t ad a e m j u lg a d a d o f e i t o , p o i s j á n ã o mais in t eres sa à soc iedad e a ob scu rid ad e do proc es so. A publicid ade dos atos proc essuais consta do inciso XIII do a r t i g o 2º d o C BJD. O a rt i go 3 7 d a re s o l uç ã o a ss i m d is c o rr e : “ N ã o c o r r e m em s e g r ed o o s pr o c e ss os e m c u rs o p e r an t e a J u st i ç a D esport iva, salv o as exceções prev is t as em lei” . Assim, além da disposição gen eraliz ada, há um a exp la naç ã o ma is cond izent e 1 Verificar artigo 155 do Código de Processo Civil. COSTA, Nelson Nery; ALVES, Geraldo Magela. Constituição Federal comentada e anotada. p.32. 3 “Existem questões em que deve haver segredo de justiça, mas se trata de exceção e não de regra”. Nelson Nery Costa e Geraldo Magela Alves. Constituição Federal comentada e anotada. p.32. 2 dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 exatamente com o texto con stitucional, torn ando E XCEÇÃO os casos em qu e a publicidade f ica restrin g ida. M as o que m a i s cha m a a ate n çã o, e v a i d e enc on t ro c om n os s a c on c lu s ã o u m p ou co a c i m a, é o d i sp os t o n o a rt i g o 4 0, s eg u n d o o qu a l t o da s as d e c i s õe s d a J u sti ç a D es po r t i v a s dev e m s e r p u b l i c a da s , d an d o, i n c lu s iv e , a o p ç ão d e f az ê - l o p o r e d i t a l o u In t ern et , respeitando assim o pr incípio da celeridade. c ) M ot i v aç ã o d as dec i s õ e s E is m a is u m a v e rt ent e d a t utela l e g i s l a t i v a e m f a c e d a t en t a t iv a de n ão conceder ao Judiciário poderes qu e lh e possibilit assem o e x c es s iv o a r b í t r i o1. A f u n dame n t aç ã o d a s d e c is õ e s, com o e x p õ e o a r t i g o 9 3, I X , d a C F , a c on s i d e r a p r ec e it o t ã o f u n d a m ent a l a p on t o d e n a su a aus ênc ia t orn ar- se nu la . M u i t o e mb o r a r es t rin j a a p r át i c a d e ato s , e m a lg u n s c as os , at é mesmo como previsto no tópico an terior, jamais poderá fugir da publicidade a senten ça como t ambém jamais poderá se ex imir de fu ndament a ção conv incen t e. Jamais “ f i- lo porque qu i- lo” ! Sempre será m o t i v a d o p e l a s pro v as c aba i s e p osiç õ e s coer e n t e s e c on c r et as d a s p a rt e s. P a ra C a l am a n d r e í , t r at a- s e de g a ran t i a d e jus t iça . N es s e s e n t i d o Robert o Rosas: “Para informar-se da orientaç ão para solucionar-se u m c on f l i t o, o á r bit r o d a con t en d a d e v e ex p li c a r a s ra z õ es d o s e u c on v enc iment o, at é p ar a conv en c er o venc ed or d a s ra z ões d a su a v it ó r ia”2. A m ot iv açã o , p o r sua v ez, v em p r ime iram e nt e a rr o lad a n o in c is o I X , d o art i g o 2 º, d o C BJD. N ã o o bst an t e, o a r t i g o 38 n o v a m en t e r e s sa l t a o dever da m o t i v a ç ão das dec i s õ e s, “ainda que s u c i n t a ment e ” . Ou s e j a , d á- se a b e rt u ra a o d i spo s t o qu and o o s c asos em análise tiverem importância resumida, mas não lhes exclui de portar em si a motivação exig ida. d) Celerida de C á es tá u m dos ma is c ont empor âneos p r in cíp ios p r oc ess ua is c on st i t u c io n a i s. V e i o l h e emba s a r a Eme nd a 45 / 04 a o a l o ng a r o a rt i g o 5 º c r i an d o o i n c i s o L X XV I I I: “ a t o d os , n o â mb i t o j u d i c i al e a d m i n is t ra t i v o, s ã o a s segu r ad o s a r az o á v e l dura ç ã o d o pr o c e ss o e o s meio s qu e g ar an t a m a c el er i d a d e d e s ua t ra m it a ç ã o ” . M as c o m o en c ar a r a d i sp os i ç ão “ r az o áv e l du r aç ão ” ? A n os so v e r n ã o p o d e s e r n ad a daq u i l o qu e e x t r a po l e o qu e i n d i qu e o b o m s en so . Ta mb é m n ã o p od e r á d a r a s as m a l i g n as a o princípio da ampla defesa , torn ando-a parte pr ivilegiada do moroso p r o c es so l e g a l . Tudo s o b a s g a r r as d a d e f e sa e x a g er a dame n t e a mp l a , qu e salt a aos olhos a f a lt a de raz o abilidade n a du ração do processo. 1 “Uma decisão sem lastro de convencimento não significa um juízo e, portanto, vale como força”. Roberto Rosas. Direito Processual Constitucional: Princípios Constitucionais do Processo Civil. p.45. 2 ROSAS, Roberto. Direito Processual Constitucional: Princípios Constitucionais do Processo Civil. p.45. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 N esse sent ido, Luiz Gu ilherme Marin on i discorre sobre a antecipa çã o de tutela, a prin cípio trat a d a c o mo c a u t e l a r: “ É c l a ro q u e e s s a d i sto r ç ã o f o i f ru t o d a n e c es s id ade de celeridade e da ex igên cia de ef et ivid ade da tutela dos direitos”. C o mo s e n ã o b as t as s e, o C BJ D t ra z a t o s p ro c ess u a i s q u e d e v em s e r gu i a dos p e l a c el e r i d a d e n o s a rt i g o s 3 9 e 4 0 . A l i á s , ex pr e s sam en t e o f az. I sso s e m c ont a r n o a r rolam e nt o c on st an te d o a rt ig o 2 º, n o qu a l a c eler id a d e f igu ra n o incis o I I . Ad ema is, o C ód ig o t r az em s i preceit os in cisiv os e implíci t os qu e direcion am para o princípio em q u est ã o. A s s i m o é c om o p ra z o g en era l i s t a d o a r t i g o 4 2, d e t r ê s dia s . I m p ort ant e r es s a lt ar o p raz o m á xi m o p a ra o i níc i o d o p ro c e ss o desport ivo e a respect iv a decisão, inst itu ído pela própria C on st itu ição F e d e ral em seu ar t ig o 2 17 , §2 º. A o d ep o is , n ão pod e - s e des g ar r a r d o p r in c íp i o d a ec on o m i a processual ( a rt igo 2º, inciso IV, do CBJD ), não const itucion almen te ex plícit o, mas qu e aqu i podemos lh e dar v az ão. Ora, não f az part e d os “ meios qu e garan t am a c eleridad e” ? N ão v emos, p ois, c omo s e p ar a r- l h e s. Sã o c o m o su bst ân c i as h om o gên e as , n a s qu a i s n ã o i m p o r t a o t a m an h o d a p a rt e, p o i s a p o r çã o t er á s e m pre a s m e sma s p r o pr i e d ad e s e asp e ct o s d o t o d o. D e s s a v ez , e n t r e t a n t o, v en d o a e c on o m i a p r oc e ssua l c o m o u m p r in c íp i o d en t ro d a c e ler i d a d e, e m c ír cu lo s conc ê nt r ico s , aqu e le c om o sub c on jun to d es te . Veja-se: EP C C <-> (∀x ) ( x ∈ EP => x ∈ C) Econ omia proces sual está cont ida em celeridade, t a l qu e as c a r ac t er í st i c as e ele m e n t o s d aqu e l a f az e m par t e o b r ig a t o r i a m ent e d e st a. Ora, a economia processual não é essencial da celeridade, a p on t o q u e e s t a n ã o f o ss e c a p az de e x i s t i r s e m a qu e l a , p o i s a celerid a d e p ossu i d i v ers a s ve rt en t es Todavia, é indiscutível que o aux ílio prest ado cont ribu i dev eras para qu e o processo n ão se j a m o r o s o. P o r out r o l a d o , n ão h á c o mo f a l a r e m e c o n omi a p r o c es s u a l sem est abelecer- lhe a dev ida ligação com celeridade. Aquela n ã o e x ist e s e n ã o f o r pa r a s at isfa z e r es t a. A econ omia processual traduz-se basicament e n a simplificação d o s at o s p r oc es s u a i s d e f orm a q ue p e rm i t a c o m i s s o a um ent a r a eficiên ci a d o p r oces s o. É o qu e p od e m o s obs e rva r d a an á l i s e d o p ro ces s o d es p ort i v o e a s ua s i m p l i f ic a ç ão d e a t os. C ot i d i a na m ent e , podemos av erigu ar qu e as denúncias f eit as pelos procu r adores n ã o t a rd a m em s e r e m a p r e c i ad a s p elo T r ibunal. As que en volvem in f rações lev es geralment e não tomam mais do qu e u ma seman a para ju lg ament o. É a c el er i d a d e a p a rt i r d a e c on o m i a p ro c es sual. e) Raz oabilidade O princípio da raz oabilidade, com sua origem n o direit o alienígena, vem aprimorar o ordenamento ju rídico trazendo a sua p r ot e ç ão p a r a c om o s d e mai s p r in c í p io s . Na v er d a d e, t om a a f o rma não de um princípio propriament e d i t o, mas u m gu a rd i ã o d o s p r i n c í p i o s, d o t o p o d o o r d en am e n t o ju ríd i c o . dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 Sua aplicabilidade demon st ra- se quando se percebe a t en d ência à violação da norma ou princípio constitucion al de qualquer natureza p o r u m a n or ma i n f er i or . N es s e s ent i do , s eu que s t ion a m ent o s e r ia: é raz oáv e l q u e u m a l ei or d i n á ria , ou qualquer uma que a valha, solape o s pr i n c ípio s b as i l a r e s con st i t u c i on a i s c on s ag r ados? A r e sp o st a t end e p a r a a n e g a t iv a, d on d e s e i n f e r e a p r o t eç ã o e x t en s iva f e i t a pel o princípio. D e cor r e, p o i s, do d ev i d o p r oc e sso l e g a l s u b st an t i v o. Su a d e f in i ç ã o p a r a Lu í s R o b e rt o Bar r o so p au t a - s e n o qu e “ s e j a c on f o r m e a raz ão, supon d o equ ilíbrio, moderação e harmon ia; o qu e n ã o seja a r b i t rá r i o o u c a pr i c h o s o; o q u e c o rres p ond a a o s en so c o mu m, a o s v a l o r e s v ig e n t es em da d o mom e n t o ou l u g a r”1. N a su a forma de atu a r é como se a raz oabilidade f osse u m c on j u n t o m a i o r ond e f os sem gu a rd ad o s t od o s o s ou t r os p r in c í p io s e n o r ma s da C on st itu iç ã o. A ss im e st es seriam subcon junt os dent ro d a qu e l a. A p r ot e ç ão d a a m p la d e f es a, d o c on t r ad i t ó r i o, da c e l e r i d ad e , da mot iv ação das decisões etc depende da atu ação da razoabilidade. N e s t e s t er m o s , e p e l o d e s e n h o a o lado, a t ítulo de ex emplo, n ot a- s e a Raz oabilidade cont en do ampla def esa (que con t ém o c on t ra d i t ór i o ) , m ot i v a çã o d as d ec i s ões e c e l e ri d a d e ( que c ont é m a econ omia proces sual). P o r ex e mp l o , qu and o u m a lei ordinária parece ferir qualquer d ess es p r i n c í p i os c on v oca- s e a raz oabilidade para apu r ar se r e a lm e nt e há d a n os ao c on st i t u c io n a l m en t e p r e v is t o . C as o p o s i t iv o p a ss a - s e e n t ão aos in st ru ment os prev istos para a cessação da t en t at i v a de i n c ap a c it aç ã o e v i o l a ç ã o da p a rt e c on st i t u c io n a l qu e f o r a a t in g id a . C omo se pode conclu ir do exposto, a razoabilidade não vem e x p ost a n u m a rt i g o d ef i n id o d a Constituição, mas vaga pelo ar de toda ela, compon do-lhe a proteção n e c es sá r ia . N o específ ico t ocant e à Ju st iça D esport iv a, a raz oabilidade está e x p re ss a n o i n c i s o X I V , d o a r t i g o 2 º, d o C BJD. A p es a r d i s s o, e d a m e s m a f or m a c o m o a C o n s t it u i ç ã o, n ão h á l e t r a m a i s a c l a r e a d or a d o p r i n c í p i o q u e t ra t e d a sua f o rma d e atuação, devendo o mesmo ficar a c a r go d a a n á l i s e d o s aud i t o r es do t r i bu n a l o u da s c o m iss õ e s disciplinar es. “P ara a J ust iça Desport iva, a razoabilidade é um predicado e x i g í v e l dos m e m bros d as i n s t ânc i a s desport ivas. Sign if ica atu a r com 1 Luís Roberto Barroso. Interpretação e Aplicação da Constituição, p.204. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 p on d e ra ç ão, b o m sen so e p ru d ênc i a ant e a d i v e r s i d ad e d e s it u a çõ e s d e f er i d a s a o enc a rgo do ju l gad o r” 1. f) Prop orcionalidade A dist in ção em relação ao prin cípio da raz oabilidade rest a mu ito dif icu lt ada, em razão da t ênu e linh a qu e as separa. E m nossa opin ião t a l s e d á p o rq u e a m b as s e c on fundem na ex t ensa prot eção qu e c on f er e m a o s p r inc í p i o s c on st i t u c ionais, possuindo apenas algumas c a r ac t er í st i c as p e cul i a r e s a cad a u m a. O elo condutor entre ambas é exprimido pela racionalidade e equ ilíbrio do con t role desenv olv ido sobre o ordenamen to ju rídico n o bin ômio proporcionalidade- ra zoabilidade. É a an álise da compatibilidade entre meios e fins, p ar a n ão o c o r r e r l e s ão o u a m ea ç a aos direitos fun dament a is2. C o mo t a mb é m n ã o é e x p r e ssa , ma s d ec o r r e d o d e v i do p ro c e ss o legal subst an t iv o, su a at iv idade resid e n o m om en t o d a apl i c a ç ã o p el o j u i z , p ass an d o e st e a d es e m p enh ar p a p e l t e m po r a r iam e n t e d e ex p ress ã o sup er i or a o l eg i s l ad o r, c o m o n o s c o loca P au lo Bon av id es3. P ara In go W olfg ang S a r let , es t e v em sen do o “fio c on dutor d e t o da a or d e m c ons t ituc io nal” 4, e m ra z ã o d e s u a i m por t ân c i a n a p r ot e ç ão a o s d e ma i s p r i n c í p io s . O que lhe con f ere in dependência é seu carát er limitador da norma que possa vir a ferir os princípios. Não pode permitir priv ilégios qu e os solapem. P a ra Robert a P appen da Silva: “o princípio da pr oporcionalidade ex ige uma ponderaç ão dos d i r e i t o s f u n d amen t a i s , c on f o r m e o p e s o a ele s a t r i b u í d os . D e s t a fo rma, a p r i m az i a d o p r in c íp i o s e o pe ra o s op e s am e nt o d e va l ore s p ara v er i f i c a r- se a m ed i d a q ue t ra rá m a i s b e n ef í c i o s ou p r e ju í z o s , o f e r ec en do a o c a so c o n c r et o u m a sol u ç ã o a ju st a d o r a d e c o o rd en a ção e c omin ação d os b en s em c olis ão”5. A s s i m, a ex p r essã o d es enh o e ex p lic a ção: v is ua l do capítu lo an t erior ganha nov o R ∩ P = {x | x ∈ R e x ∈ P} A i n t e r s ec ç ão é repres entada pelos princípios c on st i t u c io n a i s ex e m p l i f ic at i v os d a amp l a d ef e s a, c on t r a d it ó r i o, motivação etc. Há também que se v isu aliz ar n o caso u m es p aç o p a rt i cu l a ri z a d o d en t r o d o cam p o 1 SCHMITT, Paulo Marcos (Coordenador). Código Brasileiro de Justiça Desportiva comentado. p. 29. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 3 BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. p.321. 4 SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. p. 374. 5 SILVA, Roberta Pappen da. Algumas considerações sobre o princípio da proporcionalidade. 2 dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 de abrangência da raz oabilidade e da proporcion alidade, ex plica pelas suas caract eríst ic a s pecu liares. qu e se É o i n c i s o X I I , d o ar t i g o 2 º do C BJD, qu e p r op õ e a ex i s t ên c i a d a p r o po r c i on a l i d ad e n a Ju st i ça D es p ort i v a. Ad ema i s , a ss i m c o mo a raz oabilidade n ão lh e h á parâmet ros det ermin ados ao longo do C BJD – c o m o n ã o h á s equ er n a C F. P ara o C ódigo Brasileiro de Just iça D esport iv a coment ado, coordenado por Paulo Marc os Schmitt, a proporcion alidad e está expressa na ação que não se exc eda, qu e não in d ique ab us o d o p o d e r: “ o m a n e j o d o p o der d e c i s ór i o r e q u er , d aqu e l e q u e es t á in v est ido n a fun ção ju rídico-desport iv a, a ex t erioriz ação de at os c oer ent es e s en satos”1. 6. P R INC ÍP I O S P R OCE SS UA I S C O N ST I T UC I ONA L N ÃO E XP L ÍC I T O S N O C BJ D , M AS INE RE N T E S A O P R OCE SS O D E S P OR T I V O a) Isonomia “ Todos são iguais perant e a lei” , referen da o caput do artigo 5º d a Con s t i t u i ç ão Fed er a l . Seri a s i mp l e s m en t e t r at ar a t od os d e maneira ig ual? Não é o entender de Rui Barbosa em seus sábios d i z e r es : “ A regra de igualdade não consist e sen ão em qu inh oar d esigu al men t e a os d es i gu a i s, na m ed ida e m q u e s e d es i gua l a m . N ess a d e s i gu a l da d e s o c i al, p ro p or cio n a da à d es igu aldad e n atu ral, é qu e s e ach a a v erdadeira lei da igu aldade. Trat ar com desigualdade a iguais, o u a d es i g u a i s c om i g u a l dad e , ser ia d e s i gu a ld a d e f l a gr a n t e, e n ã o, igu aldade real. ”2 Alexandre de Moraes traz em seu cu rs o o s e gu i n t e a p on t a m en t o : “ D ess a f o r m a, o q u e se v eda são as d iferenc iaç ões arbitrárias, as discriminações ab surdas, pois, o t rat ament o desigual d o s c a sos d e s i gu a is , n a med i d a e m que se desigualam, é exig ên cia t r ad i c i o n al d o p r ó p rio c o n c e it o d e J u s t iç a” . D ef i n i ç ã o e s t a , p o r t e r mo , q u e c on v er g e , e m pr i n c í p i o, com n os s o p o s i c i on ame n t o. A ison omia t em sido o prin cípio mais discut ido e u m dos men os c on c o rd es d en t re o s p r i n c í p i o s p ro c e ssu a i s c on st i t u c i o n a is . A t é mesmo porque o caráter igualador/desigu alad or reside gera lmente s ob r e a an ális e su bjet iv a daqu ele qu e ap lic a a lei. No p r oc es s o, a i g u a l d a d e “ l e va a i m p e d i r q ue um a p art e , p o r mot ivos alh eios à sua v ont ade , n ão possa defen d er-se”3, ou en tão qu e o f aça de maneira insat isf at ória, também por mot iv os alh eios. Enfim, recai-se sobre o proc esso d esp o rt i v o, qu e t a m b ém d e v e e s t ar c on c o r d e c om o p r i n cíp i o d a isonomia processual. “Busca-se a 1 SCHMITT, Paulo Marcos (Coordenador). Código Brasileiro de Justiça Desportiva comentado. p.29. BARBOSA, Rui. Oração aos moços. 3 ROSAS, Roberto. Direito processual constitucional:Pprincípios Constitucionais do Processo Civil. p. 39. 2 dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 denominada igualdade real ou substancial, onde se proporcion am as m e s m as op o rt u n i dad e s às par t e s” 1. Muito embora não seja expresso, est á implícit o, por ex emplo, quand o se c on f er e à s p ar t es o mesmo p r az o r ecu rs al. ( art ig o 1 38, C BJD ). b) Ju iz natural J u iz n a tural é aqu ele legalment e int egrado ao P oder Judiciário, “ com t odas as garan t ias in st itu c ion a is e pessoais prev is t as n a C onst itu ição F ederal”2. Analogicament e, aplica-se à Ju st iça D esport iva, pois h á inst itu ição legalment e prev is t a e garan t ia s in eren t es à prof is s ão regu lament adas pelo C BJD e demais leis desport ivas. (v eja-se art igos 11 e segu int es do C BJD e o a r t ig o 5 4 d a L ei 9. 61 5/9 83) . Por tal, dá-se preferência à defin i ç ão d e R o bert o R o sa s, p a ra o qual “ ju iz n atu ral é o ju iz in st itu ído pela lei para ju lg a r c ert as e d e t e rmi n ad a s qu est õ e s” . A g a ra n t ia d o Ju iz N at ura l e xp re ss a - s e a i nd a p e l a p ro ib i ç ã o de T r i bu n a i s d e ex c eç ão ( ar t i go 5 º, X X XV II, CF ). Ao depois, o in ciso L III garante que “nin guém será processa do nem sentenciado senão pela aut oridade c omp etent e”. Assim o é qu ando o C BJD apresent a a f orma de f uncionament o dos Tr ibunais e Comissões Disciplinares, a forma de atuação dos Aud it ores e da P rocu r ad oria d a Ju st iç a D esp ort iv a. Corr el a c i on a- s e, out r o s s i m , a o princípio da independência, e l e n c ad o n o in c i s o V I , d o ar t i g o 2 º, do C BJD . D e t a l for m a, “ r e qu er -s e q u e a J u s t i ç a D es p o rt i v a atu e c om i n d ep e n d ên c i a e aut on o m i a d a s e n t i d a d es d e a d m i n i st r aç ã o d o d espo r t o, s end o p at en te q u e exis t e vinculação apen as de ordem econômica, porquant o a mant ença da es t rutu r a d e t ais ins t ânc ias comp et e as a lu d id a s en t ida d es ”. c) In af astabilidad e da jurisdiç ão N o s t e rmo s d o a rt i g o 5 º, in c i so X X XV , a a m eaç a ou l es ã o a o direito não poderá ser excluída por Lei da apreciação do Poder Judiciário. Obviamente que no tocante à s n o rma s d o d e s p o rt o c a b e r á tal ap reciação aos Tribunais e Comissões Desportivas4. P a ra P i n t o F e r r e ir a , o p ri n c í p i o em q u e s t ã o d ec o rr e d a s e p ar a ç ão d o s pod er e s d o E s t a d o. C o mp l e m e n t a a f i r m an d o q u e a a çã o e apreciaç ão do Judiciár io fundame nt a m- s e na m at é r ia in e rt e, q u e p r e c i sa d aq u e l a p a ra ser su bme t i d a a e s t a5. 1 SION, Marcus Frederico Donnici. Comentários sobre o Código Brasileiro de Justiça Desportiva com enfoque no futebol. p. 180. 2 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. p.99. 3 Artigo 54 – O membro do Tribunal de Justiça Desportiva exerce função considerada de relevante interesse público e, sendo servidor público, terá abonadas suas faltas, computando-se como de efetivo exercício a participação nas respectivas sessões. 4 “A inafastabilidade da jurisdição também poderá ser encontrada sob a denominação princípio do direito de ação e se aplica diretamente ao Processo Desportivo”. Marcus Frederico Donnici Sion, Comentários ao Código Brasileiro de Justiça Desportiva com enfoque no futebol, p.181. 5 FERREIRA, Pinto. Comentários à Constituição Brasileira. p.141/142. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 E m es p ec i a l , n o s t e r m os d o a r t i g o 2 1 7, § 1 º, da C F , ex cepcionalment e, h á a previsão do acesso à Ju st iça D esport iva, em m a t é r ias q u e lh e diz e m r es pe it o , t od avi a , s e m e xc ep c i ona r a p rópri a J ust iç a comum, conf erin d o, ain d a, ao p r ocesso d esp ortiv o o p r az o m á x i m o de s e s se n t a d i a s ent r e o i n í c io o p r o c es s o e a dec i s ã o ( 21 7 , §2º, CF). d ) D u p l o g r au d e ju r i sd i ç ã o N ã o s e t ra t a d e p ri n c í p i o o br i g at ór i o , t en d o inc l u s iv e exc e ç õ es previs tas em leis. Há diversas situações que apontam a falta de o b r i g at o r ie d a d e d o s e g u n d o g r au d e j u r is d i ç ão. P ar a M a r in on i e A r en h a rt a i d é i a d o d u plo g r a u de jurisdição “sofre inúmer as r e s t r i ç õ e s, d et e rmi n ad a s, s ej a p e l a p ró p r i a n at u r ez a d a d e c i s ão , se j a p o r r e gr as e s p ec í f ic a s qu e d i s c i plinam o t ema”, raz ã o pelo qua l apon ta o princípio como “gen érico”1. Mais especificamente, Alexandre de Moraes apon ta para a s ações de comp et ên cia origin ária dos Tribunais superior es, para as q u a i s n ão f i c a g ar a n t i d o o r e e x a m e2, j á q u e a n ov a a p r e c i açã o acabaria sendo para o mesmo grau ju risdicion a l. O m es m o oc or r e c om o p ro c es s o d es p or t i vo q ue t e m i ní c i o já no S TJD . Num c a s o c on cr e t o, e e m r e l ac i o n ame n t o c o m a c om p e t ênc i a d o c a s o, é s a l u t a r r e lem b r a r a a n u l a ç ão d a s p a rti d a s d o C a mp e on at o Brasileiro de F ut ebol em 2005 qu e envolv eram o “ escândalo do apito”, s e n d o d ecis ã o d o p ró p r i o T r i bu n a l , d a qu a l n ã o cab e r e cu rs o . Não obstante, o mesmo STJD pode atuar como ór gão revisor d e d e c i s ão i n f e r i o r, n os t er m os d o a rt ig o 2 5 , I I, d o C BJD. Ass i m c om o o próprio TJD (artig o 27, II , CBJD). H á d e s e c h a m a r a a t en ção par a u m a d i s t in ç ão d e c o mp et ên c i a. O órgão de primeira instância na Justiça Desportiva é a Comissão D isciplin ar que age conf orme a ju risdição sobre a qual recai o caso d e b at i d o. P o r ex e mp l o , e m n í v e l f e d eral a a t uaç ão s up e ri o r é d o S T J D , enquanto em nível estadual é do TJD, podendo ser aqu ele revisor d e st e . N e st e s t er m o s a dec i s ã o d a C o m i s são D i s c i p l i n a r p od er á s er recursada perante o TJD ou diretamente perante o ST JD. E m t er mos p íf ios o S TJD t er ia a tu aç ã o m u i t o p ró x i m a a o S T J , a o mesmo t em p o q u e o TJ D e s t ari a rel a t i va m ent e c o mpa ra d o a o T J . E n qu ant o i s s o a s C om i s s õe s D i s c iplinares fariam suas vezes de primeira in stância, em nível federal ou estadual. e) P roibição da prov a ilícit a A proibição da prov a ilícit a é prin cípio basilar ao processo, c on s ag r ado n a CF no inc is o LV I d o a rtig o 5 º. D out r ina e ju rispru dên c ia h á mu it o v êm debat en do a con st itu ição da ilicit u d e da 1 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Manual do processo de conhecimento. p.544. 2 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. p.94. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 prov a1, sen do inúmeras as conclusões e ju lg ad os def end en do d iv ers os p o s i c i on ame n t os , sem p r e s e r e s sa l t and o a qu est ã o d o i nt e re s s e soc i a l f r ent e à prov a obtida de man eira ilícit a. E t ambém o papel dest a, ain d a qu e in admissív el, n a conv icção do ju iz. E m t a l sent ido: “ S a l i en t e-s e , p or ém , qu e a d o u t r i n a c o n s t it u c i o n a l p as s ou a at enu ar a v edação das provas ilícit as, v isan d o corrigir dist orções a q u e a r i gid e z da e x c lu s ão p o d e r i a lev a r e m c a s os d e e x c ep c i on a l g r av i d a de. E s t a a t enu a çã o p r e v ê, c o m ba s e n o P r in c í p i o d a P r oporcion alidade, h ipót eses em que as provas ilícit as, em carát er ex cepcional e em casos ext remamen te grav es poderão ser ut iliz adas, pois n en hu ma liberdade pú blica é absolu t a, h av en do possibilidade, em c a s os d e lic a d os , em qu e s e p e r c eb e q u e o dir e i t o t u t e l a d o é m a i s i m p o r t a n t e q u e o d i r e i t o à i n t im i d a d e, s e g r ed o, l i b e r d a de d e comun icação, por ex emplo, de permit ir- s e sua utiliz ação”2. N a s e a r a d e sp o rt iva , as p r ov a s e st ã o d e sc r it as e nt r e os a r t ig os 5 6 e 7 2 do C BJ D , n o C ap í t u l o V II I , d o T í t u l o II I, d o L i v r o I . S a l t a a os o l h os a d i s p os i ç ão d o g en é r i c o a rt ig o 5 6, s eg u n d o o qual “todos os meios legais, bem assim os moralment e legít imos, a in d a qu e n ã o e sp ec if ic ad o s n e st e C ódig o , s ã o h áb e i s par a p ro v ar a verdade dos fatos alegados no proc esso d esp ort iv o” . Donde s e inf ere duas objeções: as prov as ilícitas ( meios n ã o legais) e as prov as imorais. E n t r e t an t o , s egu n d o n os sa c o m p r e en são, e c o m an á li s e n a s colocações da dout rina mais cu lta, quando houv er relev ant e valor perante a sociedade a intimidade preju d icada pela prov a ilegít ima f ica u m t an to d if e r en c ia d a, d ev en do -s e s em p r e leva r e m c on s ide r a ção o ideal de just iça e de atendimento aos anseios sociais, mesmo em se f a lan d o de âmbit o desport ivo3. f ) P r esu nçã o d a in oc ê nc ia P o r f i m , ch e ga m os a o u t r o p ri n c í p i o bas i l a r d a es f er a p ro ce s su a l c on st i t u c io n a l. E n con t r a s e u f u n d a m ent o n o i n c i s o LV I I, d o a rt i g o 5 º , da CF. Muito embora trad uza a idéia de “sentença penal c on d en at ór i a ” , o p r in c í p i o ap res e n t a-s e a n a l og i ca m e n t e t a m b é m par a a c on d en aç ã o d es p or t i v a. R e ss a l t a- s e a d if e ren c i aç ã o n o b e m ju r í d i c o p ro t e g i do . N o ca s o e s p ec í f i c o d a C on st i t u i ç ão a p r e su n ç ã o d a i n oc ên c i a é f u n d a m ent o d a d e f es a da l i b e r d ad e pess oa l 4. N ã o é o q u e o c or r e n o p r oc es s o 1 Para Alexandre de Moraes, em seu Curso Constitucional, à página 114, as provas ilícitas são “aquelas colhidas em infringência às normas do direito material”. 2 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. p.115. 3 Na verdade, “principalmente em se falando de âmbito desportivo”, pois que estamos no país mais popular do mundo no futebol. A anulação dos jogos já citados anteriormente gerou discussões em todas as camadas da sociedade, e foi muito mais amplamente debatida do que importantes questões políticas nacionais. 4 “Tratou-se de garantir a paz e a liberdade dos cidadãos em nível constitucional, em virtude dos sobressaltos decorridos do Estado autoritário existente antes”. Pinto Ferreira, Comentários à Constituição Brasileira, p.182. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 desport ivo, pois suas penalidade s restritivas de liberdade. não se in c lu em no rol da s N o p ro c ess o d es p o rt i v o, a pre s u n ç ã o d a i n oc ênc i a r e c a i m u i t o ant es n a possibilidade do acu sado ser in ocen t e e presumi- lo cu lpado seria u m arbítrio est at a l. D á- s e muit o mais ênf a se à imagem do a cu s ad o, p o i s c o mo s e s abe o d es po r t o g an h a n ot or i e d a d e mu i t o maior na mídia nacional, a ponto qu e a cu lpa in comprovada poderia p r e ju d i c ar e v en t u a is c on t r at o s e d an i f i c a r a ima g e m d o e s p or t is t a perante a sociedade. D iss o resu lt a o art ig o 35 do C BJD, p a ra o qu al a susp ens ã o p r e v e n t i v a s ó c a b e “ qu an do a g r a v id ad e d o a t o o u f at o i n f r ac i o n a l a ju st if iqu e”. Assim como a prisão preventiva que deve preen cher det ermin ados requ is it os, já qu e deve hav er uma séria e fun damen tada presunção da cu lpa, a ponto de afastar o princípio qu e está sendo d i s cu t i d o. 7 . C ON C L U S Ã O N ã o s e t or n a f o r ç oso r e c on h ec e r , d i ant e d o d i s co r r i d o, o a b r aç o legislat iv o dado pela C onst itu ição F ederal à Just iça D esport iv a. M a is e s p ec i f i c am e n t e: o en g l o ba m e n t o d o p r o ces s o d es po r t i v o p el o s p rin cíp i os p roc es sua is c on st i t u c i on a i s. M e l h o r a in d a : é a p r e s enç a c on s t an t e d o d ev i do p r oc e sso l e g a l . I s s o s e f a l a n do de u m p ro c e ss o qu e é c on s i d e r ad o d e n a t u rez a a d m i n is t ra t i v a, p o is s eu s T r i b u n a is n ão s ã o p art e do P o der Ju d ic i á r i o , c a b end o, in c lus iv e, o ex ame d est e qu an do f or r eq u er id o. Mas não é o fato de ser de natureza administrativa que excluilhe de todo o envolv imento dos princípios proc essuais constitucionais. O proc esso desp ortivo é proc esso! Suas garantias são inerentes. At é por isso na in t rodução discorremos sobre a não obrigatoriedade de se a r r o l a r n o C B JD os p r i n c í p i o s qu e f o r am d is cu t i d o s. “Assim, os pr incípios são proposições qu e su stentam e alicerçam t o d a a es t ru t u r a d e u m s is t e ma , n o c a s o , a J u s t i ç a D e s p o rt iv a, n o rt e an d o o s j u l g ame n t os de p r o c es sos d i sc i p l i n a r es. J á s e d i s s e q u e violar um princípio é muito ma is g r av e do q u e t ra n s g r ed i r u m p r e c e it o . D ev e m os c on s i d e rar a a p l i c a ç ã o d e p r i n c í p i o s e m t o d a a s a t i v i da d es d a Ju st i ça D es po rt i v a , c o mo s en d o o c a m i n h o l ó g i c o e i de a l a ser s egu id o du rant e as inst ru ç ões p roc essu ais”1. Ress alta-se qu e o descu mprimento dos princípios poderá ser t r ad u z i do n a n u l i d ad e d o p r oc e ss o d esp o rt i v o. Tal a r az ã o d o cap r i ch o legislativo de estender no artigo 2º os princípios que regem a Justiç a D e sp o rt i v a . O u t ros s i m, c om o d e mon s t ra d o n e s se t r ab a l h o , h á p r inc íp ios n ão descrit os q u e, p or su a cond iç ão cons t ituc ion al, t a mbém aplacam o processo desport iv o, con f erindo- lh e credibilidade e legalidade. 1 SCHMITT, Paulo Marcos (Coordenador). Código Brasileiro de Justiça Desportiva comentado. p.24. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 E n f i m , a l c an ç a-s e c o m êx i t o o ob j e t iv o d e st e t ra b a lh o qu e é traç ar a a p l i c a ç ão d os p ri nc í p i os p ro c es su a i s cons t i t uc i o nais na Just iça Desportiva. Devido à grande import ân cia que vem sendo dada a esta, pois lhe confere o julgamento de todas as ações em níve l desportivo, já que é órgão comp etente e dificilmente recorre-se à J ust iça comu m, deve adqu irir carát e r es p ec i a l e s e r b e m d e l i n e a da e abordada nu m anseio de aux iliar ain da mais o órgão ju dican te do desp orto. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA BARBOS A, Rui. Oração aos moços . S ã o P au l o : A rc á d i a, 1 94 4 . B A R RO S O, Luís R o b e rt o. I nt e r pret a ção Constituição. Sã o Paulo: Sara iva, 1996. e A p lic aç ã o da BONAVIDES, Paulo. Curs o de Dir e i t o C on s t i t u c i o n a l. 4 e d . S ão P au l o : M al h e i r o s , 19 9 3 BORGE S NE TT O, An dré Lu iz. A raz oabilidade const itucion al (o p rin cíp i o d o d ev i d o p r oces s o l e g a l su bs t ant i vo ap l i c a d o a ca s o s c on c r et os) . J u s Na v i g an d i , T e r e s in a , a. 4 , n . 41 , m a i . 20 0 0. 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São P au l o: L T r, 20 0 4. dd-el.com © 2001-2006 desport iva: DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 Mutações essenciais realizadas no Código Brasileiro de Justiça Desportiva Por Álvaro Melo Filho “No mu ndo do desporto não há espaço p a r a r eg ra s e n or ma s p et r i f i c a d a s . ” Álvaro M elo Filh o O C ódigo Brasileiro de Ju st iça D esportiv a – C BJD, aprovado pela R e s o lu ç ão n º 1 , d o C on s e l h o Nac io n a l d e Es por te (D. O. U d e 2 4 . 1 2. 20 03 ) , f o i r e c e n t e m ent e a l t e rado pela Resolução nº 11 ( D. O. U d e 3 1. 03 . 2 0 06 ) - c u j a pub l i c a ç ã o c on s o l i d a d a pod e s e r en c o n t ra d a n o sit e www. ibdd.com.br -, visou ao aprimoramen to das regras c o d if i c a das , ap ó s a e x p e r i ênc i a v iv enciada e colh ida n o decu rso de dois (2) an os de aplic abilidade, tornando percept íveis t an to os a v anç o s, q u a n t o às i m p r o p r ie d a d es e e x c es s os a e x i g i r n e c es sá ri a s d errog ações e in ad iáv eis correç ões e aju st es . E m r az ão d a d i n a m ic i d a d e d os f at os e do const ant e dev enir dos co mpo rt am en t os des p ort i v os , o D ireit o D esport ivo quadra- s e como “un a r eg ula c ió n en e t e rn a r efor m a o en cam b io c on t inu o” , a c o mp e lir mut ações in adiáv eis n o codex sport ivo. P or outro lado, é sabido qu e os trib unais e órgãos das ju stiças comum e trab alhista, em todo o mun do, pad ec em da “ ignoran c ia d e los ju eces ant e las realidades del mun do deport iv o, len t it ud y pesadez de la maqu inaria judicial, y sobre inadecu ación de las n ormas del derech o est at a l a la s p a rt i cu l a ri d a d e s d e l a a ct i v id a d d ep o rt i v a”. D i ant e d e ss a r e a l i d a d e, a C omiss ão d e E stu dos Juríd icos D esp ort iv os do M in ist ério d o Es p ort e, d a q u a l s ou mem b r o Rel a t o r, deb ru ç ou- se s ob r e a s c r í t i c a s publiciz adas e analisou as sugest õ es m a t eri a l i z a d as p or d i vers os ó r g ã os e s e g m ent os . E , d en t r e as sug e st õ e s, c a b e r e a lç a r, por s u a c on s i st ên c i a , a br an g ênc i a e c o e r ê n c ia t é c ni c o- jurí d i c a, a s jud i c io s a s proposições oriundas da Comissão de L eg is laç ão e D ir eito D es p or tiv o d o C on s e lh o F ed e r al d a O r d em d o s Adv o ga d os do B r a s i l , f o r m a l m en t e en caminhad as ao M in ist ério de E sp o rt e. E ss e c o n junto de c on t r ib u içõ e s d e d i v e r s if i c ado s s et o r es d a s o c ie d a d e, por s i s ó, j á asseguram um mínimo de legitimidad e à s m od i f i c aç õ e s c on c ret iz a d a s no CBJD, ao percorrer um caminho “ b em mais part icipat iv o e bem m e n os aut i s t a ” , com o a v er b a o j uri s t a d es p o rt i vo p o rt ug uês J . M. Meirim. C ab e r epon t a r, n e s s e p ass o , qu e o C B JD ex e rc i t a u ma importante função social e pedagógic a n a es f era d a d is c ip l i n a e da s compet ições desport iv as, sem olv idar o carát er “ c iv iliz at ório” do desport o ao in cut ir disciplina ( F oucalt , 2002), const itu in do-se, por isso mesmo, em pilastra fundament a l n a con st rução legal da c id a da n ia n o B ra s il. D e ou tra p a rt e, o C BJD é in st ru mento ancilar da J u st i ç a D e s p o rt i v a , c o m s ed e n os § § 1 º e 2 º d o a r t . 2 17 d a dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 C onst itu ição F ederal, órgão qu e se revela como meio ideal para, com p r e st ez a e c e l e r i d a d e, r e s p ond e r à c r e sc en t e m u lti p l i c a ç ã o d e c on f l i t os d e sp o rt i v o s , a cu sto s m í n i m os e a m o l da d o s à s pec u l i a r i d ad e s das at iv idades desport ivas. N e s se con t e x t o, as m o d if i c a çõe s c on c ret i z ad as em 2 8% d os 28 7 disposit ivos do origin al C BJ D buscaram reduz ir a in cidência de c on du t a s c o m i ss i v as e o m i ss i v a s d os at o r es d esp o rt i v os qu e mal f e re m a disciplina e distorcem as compet ições desportivas, qu as e semp re d e f or m ada s p e l a su p er v alo r i z a ç ão d a v it ó r i a , p e los in t eres s e s ec on ômicos em jogo e pelo av ilt amento dos v a lores jus- desport ivos. D en t re as alt er aç ões já v ig or a nt es n o C BJD c o m o i t ens p r i n c i p ai s : imp en d e des t ac a r a ) R ep a r aç ã o d as i m p r e ss õ es e qu i v oca d a s e e rr o s g ra ma t i c a i s qu e con staram do t ext o of icial pu blicado, em 24.12. 2003, n o D iário Of icial da Un ião, tais como: Art. 3º , inciso II - su pr essão do termo “dispensáv el”; A r t . 17 0 - su pr es s ã o d a c r a se n a e x p r essão “ às seg u int e s p e n a s”; A r t . 1 8 7, i n c i s o I I - a l t e r aç ã o d o t e r mo p o r e xt en so ( v in te ) p o r ( tr int a) ; Art. 187, in ciso III - mu dan ça do termo por ext en so (v int e) p a r a ( s ess e n t a). b ) A ju st es i n d i s p en sá v e i s n a p art e in icial do C BJD objet iv ando u m a m e l h o r o r gan i c i d a d e e f u n c i on a l i d a d e à atu aç ã o d os ó rg ã os d a J ust iça Desport iva e dar mais ef etivid ade aos princípios proc essu ais ad ot ad o s p el o C BJ D p a r a s anc i o nar os at os desv iant es qu e en volvam disciplina e compet ições desportivas, matérias qu e se quadra m nas b a l i z a s c on st i t u c i o n a i s f i x ad as para a Ju st iça D esport iva. c ) M o d e rn i z aç ã o do p r oc es so d es p or t i v o i n s e r in do m ec an i s m os mais ágeis e ef i c a zes , p or exe m p l o , ampliando o elenco de atribuições e p r errogat iv as da P r ocu r ad oria da J ust iça D esport iva ( a rt . 21), t o rn and o o I n q u ér i t o ( a rt s. 81 e 8 2 ) uma ferramenta processual mais h armôn ica com a realidade ju s- desp ortiva e suprimindo o Recurs o N ec es sár io (ar ts. 14 3 a 14 5) p a ra n ã o d e lon g ar o p r o ce dime n to jus d esp o rt i v o, s ej a p el a c on s c i ên c i a dos e f e i t os p er v e rs o s e i r r e p a r áv e i s prejuízos que as tardias decisões aca r r eta m ao s ist ema d esp ort iv o, seja porque a própria Carta Magna f i xa e m 6 0 d i a s o p ra z o m áxi m o para o deslin de dos lit ígios de competên cia da Ju st iça D esport iva. d ) A c on v e r sã o pa r c i a l d a p e n a pecun iária em at iv idades de i n t e r es se p ú b l i c o ( a rt . 1 72, § ú n i c o) , ou p o r m e i o d e m e d i d a d e i n t e r es se s o c i a l ( a rt . 1 76, § 2 º ) , an t es ad st r it a a u m máx imo d e u m t e r ço ( 1 / 3 ) f o i amp l i a d a p a r a at é a m e t ad e d a p en a, d an d o m a i s e s p aç o p a r a o t ra t a m ent o d e s i g ua l d e d e s ig u a i s , s op e s an d o a s condições econ ômicas dos infrator es e en s ejan d o uma ef etiv a e ma is j u st a i n d iv i du a l i z açã o d a p en a . e ) A n ov a r e d a ç ão d o a r t . 175 , § 2º e st a b e l ec e q u e, e m ca s o d e p e n a l i d a de d e p e rda d o m an d o d e cam p o, f i c a a ex c lu s iv o c r i t é r io d a en tid ad e or g an i za dor a da c om p e t iç ã o d i s c i p l i nar a f o rma d e ex ec uç ã o d a p en a, d e s d e qu e f a ça c on st a r, p r é v i a e o b r i g at or i a m e n t e, n o dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 Regulamento da compet ição, a sistemát ica de cumprimento da penalidade de perda de mando de campo. Dess e modo, na materia l i za ç ã o d a p en a l i d a de , ent ende m o s qu e a ent i d ad e d i ri g ent e tan to p od e d et er m i n a r a r eali z a ç ão d a p a rt i d a em o ut ro c a m p o, c om o p o d e, pa ra e v i t a r p r o b l e mas f in an c e ir o s e l o g ís t i c os dec o r r en t e s d a b u s ca d e u m n ov o c a m po , des i gn a r o m e s m o cam p o, i mp on d o, n es s a h ip ótese, s u a r ea li za ç ão d e p o rt õ es f e c had os . T a l m o d a l i d a d e nã o in f ir m a a p en a lid ad e , p o is o c lu b e pun id o f ic a s e m a ren da e s em a s u a t o rc id a , f u n d ame n t os m a i o r e s d a p e rd a d o m an d o d e c am p o. Aliás, numa in t erpretação sist emát ica do C BJD é preciso n ã o con fundir perda de mando de campo com int erdição (art. 174), ún ica h i p ót e s e e m q u e s e v e da r e a l i z a ç ão d a p a rt i d a n a mes m a p ra ç a desport iva. f) Boa parte das penalidades pecun iárias ou mu lt as f oram r e du z id a s p a r a a t en d er a u m u n í s s on o c l a m or d e t o da c o m u n i dad e desportiva que sempre verberou contra os valores excessivos e desproporcion a is origin alment e f ixad os no CBJD. A redu ção c on c r et i z ad a at r e l a- s e n ã o s ó à au sên c i a d e e f et i v a c o m pr ov aç ã o c i e n t í f i c a o u d ou t r in á r i a d e q u e m u lt as a l t as ou p e n a s g ra v es i n i b em, n a p r át ica , c on duta s c on tr ár ia s à legislação desport iva disciplinar e c o m p et i t iv a, a l é m d e o b r ig ar o s ó rg ão s ju d i c an t e s d e spo r t i v o s, or a a conced er longos parcelamen tos, or a a refluir na aplicação das penas d e m u lt a e m r e a i s v a l o r e s ex i g i d os pel o c a s o c on c r et o. D en t r o des t a f ilosof ia, e, sem pret en der est imu lar a mais mín ima impun idade, os v a l o r e s d a s mu l t a s f o ra m r e a d e qu a d o s n os c a s o s e m q u e a e x p er i ê n c i a n a a p l i c a ç ão d o C BJ D i n d i c ou a n e c es s id ad e d e a ju st e r e d u t or . E d e n t r o d o c r it é r io a d ot ad o a s mu l t as d e R $ 5. 0 00, 0 0 a R $ 50.000,00 com as modificações variam do mínimo R$ 1.000,00 e máximo R$ 10 .000,00. Já as penas pecuniárias que alcançavam de R$ 5 0 . 0 00 , 0 0 ( m í n i m a) e p odia m c h a ga r a R $ 5 0 0. 00 0, 0 0 a g ora co rresp ond em a o m í n i m o d e R$ 1 0 .0 0 0,0 0 e má xi m o de R$ 2 0 0. 00 0, 00 . P e rmane c e u i n a lt e r a d a, c on st itu in d o- s e em ú nic a e xc e ção à r e d u ç ã o d o s v a l o res p ec u n iá r i o s p r ev i s t o s n o C BJ D , a m u l t a d e a t é R $ 50 0. 00 0 ,0 0 p rev ist a n o a r t. 23 1 qu e s anc ion a a p ostu la ç ão à J ust iç a C omu m, ant es d e es gotadas as in st ânc ias d a Ju st iç a D esport iva, ou aqu ele qu e se ben ef i c i a r d e m e d i d as o bt i d as p o r terceiros ou “laran ja s”. g ) O ar t . 1 8 2 pr e v ê a r e du ç ã o d as p en as à m et a d e, n a e s f er a n ã o p ro f is s i on a l , t a n t o n o c a s o d e a t let as, qu ant o n a h ipót es e d e e n t i d a d es de p rá t i c a d es p o rt i v a , a t end en do ao t r at ame n t o dif erenciado ent r e prof ission al e n ão prof ission al ex igido na Lex M ag na, sem d escu rar qu e es s a con d ição – p r of is s ion al ou n ã o p r of i s s i ona l , é d o a t l e t a e n ã o da mod a l i d a d e d e s p or t iv a. P or i s s o mes mo, o b en ef íc io d a r edu çã o d e penas à metade, quando aplicável a e n t id a de d e p r áti c a d e sp or t i v a, alberga aquelas que participam de compet ições envolvendo, tão só, at letas não profissionais. h) O art. 214 foi modificado para apenar, também, a utilização pot encial de at let a sem condiç ão legal, sem f icar adst rit o àqu eles qu e efet ivamente part icipem da part ida ou prov a, ou seja , dora vante, b a s t a o c or r e r a i n c l u s ã o d o a t l e t a irregu lar n a sú mu la ou docu ment o e q u iv a l e n t e p ar a g e r a r a ape n aç ã o. As r e s i s t ênc i a s a est a mut a ç ã o por in f i rma r p a rc e l a ex pr e s s iv a de ju r i sp ru d ên c i a d e sp o rt i v a e s b o roa m- s e qu ando s e i n d i ca q u e a taxa é uma espécie tributária ex igida pelo poder público como contraprest ação a serv iços ef et iva ou dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 p o t en c i a l m e n t e p re s t ad os , v a l e d i z er, a inclusão do at let a n a súmu la t orn am- o pot encialment e part ícipe da compet ição, e, por isso mesmo, n ã o p o de s u a ent i d a d e d e p r át i ca d e sp o rt iv a f ic a r is e nt a d a penalidade const ant e do art. 214 do CBJD . i) O art . 253, § 2º foi alt erado para subst itu ir a possibilidade de p e n a d e spo r t i v a p e rp é t u a d o a t l e t a ag res s o r n a h i p ót e s e d o ag r ed i d o , e m r a z ã o d a a g r es s ã o s of ri d a , n ã o o b t e r a t o t a l r e c u p e r aç ã o d a con tusão e f icar inabilit ado para a prát ica desport iv a pelo rest o da v i d a. C abe r e ss a l t a r qu e es t e “ t a l i ão d e sp o rt i v o ” , c o mo b at i z amos , p o d e r i a res u lt a r n u m a p en a l i d a d e em c a rá t er p e rp é t u o , h i p ót es e v e d ad a e i n a d m i t id a p e l o a r t . 5 º, i n c i s o XLV I I d a C o n s t i t u i çã o F e d e ra l . A s s i m, em f ac e de d ú v id as a t é d e c o n st i t u c i o n a l i d ade e juridicidade exsu rg idas n a a p l i c a ç ão d o r e f e rid o d i t a me, c o l o c ou - s e uma limitação de 720 dias como prazo máximo desta tipologia penaldesport iva, mesmo qu e o atlet a agredido perman eça impossibilit ado de ex ercer su a at ividade desport iv a, ou seja, pondo t ermo à carreira desport iva o qu e equ iv a leria, essen c ialmente, a n egar o próprio direito ao despor to. j) Mutações de inegável urgência e alcance sócio- desportivo e s t ão c on t e m p l ad as n o s ar t i gos 1 87 , 2º e 3 º, 21 3 , § 4 º e 2 5 2, § § 2 º e 3 º, a lt er a d os pa ra t i p if i c a r e s an c i on a r at l e t as , e n t es d e sp o rt i v o s , d irig en t es e t or c i da s qu e pr a t i que m a t os nã o s ó d e ra c i s m o, m a s out r as f ormas d e man ifest ação d is c r imin at ór ia ou at o int oler a nt e qu e imp liq u e e m a fr on ta e m en os p r ez o à d ig n id a d e hu m an a. C o m ef e ito, a d i s c r i m in aç ã o de p es s o as e m f u n ç ã o d e s u a c or , o r i g e m étn i c a, s e x o , idade, con d ição de idoso ou de port ad o r d e d ef i c i ê nc i a , s ub o rd i nams e , t a m b ém, a o r egim e s an c ion ad o r d es p o rt i v o , a t é p o rqu e o d e sp or t o d e v e s e r i n st ru m en t o d e lu t a c on t r a a t os e x p re s s os ou v e l a d os d e d i s c r i m in aç ã o. P o r i s s o m e smo , o C BJ D pr ev iu p a ra t a is h ip ót eses c u m u l aç ão d e p en a s d e mu l t a p ecun i á r i a que p od e ch e ga r a R $ 2 0 0. 00 0, 00 , p er d a d e m a n d o d e c am p o d e 1 ( u m a) a 1 0 ( d e z ) p a rt i d a s, s u s p ens ão d e 1 a 3 an os, p e r d a d e 6 p on t os , n a pr i m e i r a i n f ra ç ão, e , e x c l u sã o d a c om p e t iç ã o, e m c a s o d e r e i n c id ê n c i a . D e s s e m o d o, s em e s t a r e lev an t e m u t a ç ã o , o C BJ D n ã o e s t ar i a r e s p ond e n d o à c on t emp or a n e i da d e d o s p r ob l e m a s e d e m an da s d es por t i v as, n e m e s t ar i a ad a p t ad o à r e c en t í s s i m a n ormat iva int ern acional desport iv a. Aliás, a propósit o, a o C BJD é bem mais rigoroso do qu e a F I FA n a p un ição a man if estaç ões a at itud es d is c r imin at órias em p a rt id as d e f u t eb o l . C o m e f e i t o, a s p e n a s p r e v i st as n a n ov a r e d aç ã o do a r t . 5 5 d o C ódigo D isciplin ar da F IF A (C ircu la r n º 1 . 0 26 , d e 2 8. 03 . 2 0 06 ) s ão , c o m p a r at i v a m ent e, m a i s t ím i d a s e m e n os o n e r os as p a r a atl e t a s , dirigentes, clubes e torcidas. Cabe ressaltar, ainda, no plano de ap licação intertemporal do código d e sp o rt i v o , qu e as n ov a s d i s po s i ç õ es de natureza o r g an i z a c io n a l e p r o c e s s u a l n o C BJD ( a rts . 1 º a 15 2) ap lic a m- s e imediat ament e, de logo, tant o às comp et iç ões em cu rs o, qu anto às f u t u ra s com p et i ç õ es . P or out r o l a do, as mut a ções n a s pen a lid ad es e i n f ra ç õ es c on st an t es d os a r t ig o s 1 56 a 2 8 4 d o C B JD só i n c i d e m s o br e as c omp etiç ões d esp ort iv as in ic iada s a partir de 01.04.06. Sublinh e-se, por relev ante, qu e se, por um lado, est a s alterações no CBJD resolvem alguns prob lemas, de outra parte, acabam criando outros , passíveis d e s o l u çã o p e l a d ou t r i n a e j u r i sp ru d ên c i a d esp o rt i v as . O u t ros s im , d ev em o s es t ar c i en t es e dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 c on sc i e n t e s d e que a r es o lu çã o d e c on f l i t os d e sp o rt i v o s é m at é r i a complexa, e, não deslembrar que no p l a n o d o D i r e i t o e d a Jus t i ç a D e sp o rt iva “ é p r ec is o ap r en de r a n av eg a r e m um o c e an o d e inc e rte z as em meio a pou c as ilh as de cert ez a” . E m su m a, as i n d i s p en sáv e is mu t a ç õe s aq u i r e a l ç a das, e m c a r át e r ex e m p l i f ic at i v o, n a r e f o rma p a r c i a l d o t ec i d o n o r ma t i v o p r o c es sual e s an c i on ad o r d o d e sp o rt o b r a s i l e i r o , c e rt a m ent e t o rn a rão o C BJ D m a i s á g i l e p r ag má t i c o n a s u a atu a ç ã o , m a i s a j u s t a d o à s n ov as c i r c u n s t ân c ia s h i st ó r ic a s, m a i s s e n s í v e l a o s n o v os p a r a d i gma s ju s- desp ort iv os int ern ac ionais e ma is próximo aos anseios da s o c i e da d e d es p or t iv i z a d a. Á lvaro Me lo F il ho e s A dv ogad o . Pro f e ss o r com M es trad o e Li vr e D o cên c ia em D ir e i t o D e sp o rt i vo . D o c e n te de c ur s os de e spe c ial iza çã o em D i re it o De sp ortivo em São Pa ulo e R i o Grande d o S u l . Mem b ro d a F I F A , d a I nte rna ti o nal S p o rt Law A ss o cia t ion , d o In s ti tu t o B ra si le iro d e D ire i to D e sp o rt i v o, d a C om is sã o d e Est ud o s J ur íd i c os E sp o rt i vo s d o M i ni st ér io d e E sp o rt e e d a C om is sã o d e D ir e it o D e spo r t iv o d o C on se l h o F e d e ra l d a OA B . C o nsu l t or da O NU na área d e D ir eit o D e sp o rt iv o . A ut o r d e 2 1 l iv r o s na á r e a d o D ir e i t o D e sp o rt i v o. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 La lucha contra el racismo en el fútbol: los casos español y holandés Por Ronald Olsthoorn y Marcos Caballero Resumen: El problema del racismo y de la violencia en el fútbol no es reciente. La mayoría de las Ligas más importantes de Europa, especialmente la inglesa, la alemana y la holandesa, se enfrentaron hace años a las manifestaciones xenófobas con planes contundentes, que han dado sus frutos. A pesar de que en España se trata de un problema antiguo y, en muchas ocasiones, eludido por las autoridades, los últimos incidentes relacionados con Samuel Eto’o ha suscitado una reacción de las autoridades europeas y españolas. Introducción El 25 de febrero de 2006 fue una página negra en la historia del fútbol español. Samuel Eto’o estuvo a punto de abandonar el campo de la Romareda tras los insultos de los ‘ultras’ del Real Zaragoza, los cuales le tildaron continuamente de mono. No se trata de un incidente aislado. Los gritos ofensivos y discriminitarios desde las gradas son un fenómeno que lleva ya algunos años en el fútbol y en el deporte español. Sin embargo, este acontecimiento causó una ola de indignación e hizo pensar que algo más hay que hacer que únicamente sancionar al Real Zaragoza con una multa de 9.000 euros. Las autoridades deportivas han dicho que van a tomar medidas. ¿Cuáles son los siguientes pasos a tomar para eliminar este tipo de comportamientos? La liga holandesa ya tiene reglas en este ámbito. Tal vez una exploración del caso holandés lleve a una aclaración. Los ecos de los comportamientos racistas españoles en Europa Lo sucedido en España no ha sido ajeno a las autoridades europeas. Primero fue la Comisión contra el Racismo y la Intolerancia (ECRI) del Consejo de Europa la que instó a España a redoblar sus esfuerzos para prevenir y castigar las manifestaciones racistas y xenófobas en los partidos de fútbol. Posteriormente, a mediados de marzo, la Eurocámara adoptó formalmente una resolución en la que reclama medidas contundentes contra los actos de racismo en el fútbol europeo, incluida la suspensión de partidos o la expulsión de federaciones y clubes reincidentes. Del mismo modo, el sindicato internacional de jugadores (FIFPro) urgió a la Real Federación Española de Fútbol (RFEF) a tomar medidas similares en el caso de los gestos y acciones racistas. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 Todo esto provocó la reacción de Joseph Blatter en Zurich. A finales de marzo, la FIFA inesperadamente informó a sus miembros de la reforma del código disciplinario, aumentado las sanciones del artículo 55 del código. De modo que un futbolista que comete gestos y acciones racistas durante un partido puede ser automáticamente suspendido con cinco partidos y una prohibición de entrada al estadio por el mismo periodo, además de ser multado con 14.000 euros. Los entrenadores, e incluso los árbitros, reciben las mismas penas aunque con una multa más alta. Los aficionados en las gradas pueden contar con una prohibición de entrada al estadio durante dos años. Por último, los clubes y las federaciones pueden cargar con la responsabilidad del compartimiento de sus aficionados y ser multados con hasta 20.000 euros. Además, cuando haya una relación evidente entre el infractor y el club o la federación se podrán deducir los puntos ganados. Tras dos infracciones consecutivas incluso podrían ser descendido de categoría o descalificado de la competición. La FIFA urgió a sus federaciones afiliadas a adoptar las nuevas reglas en sus propios estatutos. El caso español Por lo que respecta a España, hace un año se implantó ‘el Protocolo de Actuaciones contra el Racismo, la Xenofobia y la Intolerancia en el Fútbol’, aprobado por la Secretaría de Estado para el Deporte y firmado por la Federación, la Liga, los clubes, la Asociación de Futbolistas y los árbitros. Se trata de un documento de 31 artículos y lleno de propósitos buenos. Sólo falta el cumplimiento. Después de un año hay que sacar en conclusión que, salvo el saludo de los jugadores de ambos equipos antes del inicio del partido, los firmantes han hecho pocos esfuerzos en su promesa de aplicar medidas disciplinarias y de sensibilización para prohibir y prevenir la difusión de mensajes, símbolos o consignas xenófobos. El caso holandés Ya en 1992 fue el holandés Guus Hiddink, por aquel tiempo entrenador del Valencia, el que ordenó retirar una pancarta con símbolos nazis en el estadio de Mestalla. Su país de origen cuenta con más experiencia en este ámbito. Holanda tiene un modelo de actuación que más o menos funciona. En primer lugar es importante señalar que la política holandesa contra la violencia no sólo se ciñe a los gritos racistas, sino que se extiende a cualquier grito de carácter insultante o discriminatorio. En el ámbito deportivo, la Federación Holandesa de Fútbol parte de una intensa colaboración con los clubes, las peñas, las autoridades locales, la policía y las Fiscalías. Si bien son los árbitros los encargados de aplicar las medidas contra la violencia verbal durante los partidos. Según la directiva ‘Violencía Verbal’ el árbitro puede parar el partido inmediatamente, ya sea de forma temporal o definitiva, tan pronto como los himnos y cánticos de las gradas tengan un carácter ‘insultante, amenazador, discriminatorio o racista’. Para interpretar esta expresión en 2005 se publicó una lista de términos inadmisibles, entre los cuales figuran emitir sonidos de la jungla, sisear (refiriéndose a las cámaras de gas), imitar a las cabras o aludir a los genitales y a la prostitución. Este poder del árbitro no es pura formalidad, considerando que en la temporada 2004/2005 catorce partidos fueron paralizados o suspendidos. En la práctica, cuando se paraliza un encuentro, el árbitro se pone en contacto con el delegado del campo y el club anfitrión, los cuales a través de la megafonía dan un último aviso al público para que corrija su comportamiento. Si los gritos continúan, se suspende el partido. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 En cualquier caso, lo más importante es que la responsabilidad se está cargando sobre los clubes. Según las reglas de la Federación, tienen que hacer todo lo que sea posible para contrarrestar la violencia verbal. De hecho, los clubes junto con las peñas se están esforzando en localizar y castigar a los autores de este tipo de ofensas a través de las cámaras internas de vigilancia y de la presencia de personal de seguridad en las gradas. Si se determina la responsabilidad del club por los desórdenes, el órgano disciplinario de la Federación le impone sanciones, que incluyen multas de hasta 90.750 euros. Por todo esto existe una gran dedicación de los clubes para combatir los desmanes. Además, muchos clubes han adoptado sus propias pautas de actuación para suprimir este tipo de comportamiento. Conclusiones Nos queda la pregunta de cómo hacer efectivo el Protocolo de Actuaciones contra el Racismo, la Xenofobia y la Intolerancia en España. Hasta ahora faltan la colaboración entre las partes implicadas, el establecimiento de una estructura apropiada y, sobre todo, la adopción de penas efectivas. Es más, aún se hace esperar el primer encuentro suspendido. Pero en el fondo son los clubes los que tendrán que atreverse a ser duros con sus ‘ultras’ en lugar de darles privilegios porque la lucha contra el racismo en el deporte mundial está en marcha y para España ya no hay vuelta atrás. Ronald Olsthoorn & Marcos Caballero (Larrauri & López Ante, Abogados) N ot a : E x is t e un a t ra du cc ió n d e e st e art ícu lo a l id iom a portu gu é s. Pa r a solicit arla, escriba a la dirección postmast er@ dd - el. c om. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 El racismo y la justicia deportiva: un estudio comparado (Brasil y España) Por Emerson Ademir Borges de Oliveira (Brasil) y Rafael Alonso Martínez (España) INTRODUCCIÓN Cuando nos propusimos trabajar en este tema, mi colega Rafael y yo sabíamos que nos encontrábamos ante un tema susceptible de múltiples debates. No por su naturaleza en sí, pues, unánimemente, las personas con sentido común reconocen lo absurdo e irracional del prejuicio racial o étnico y el reproche que merecen tales actos. Lo que se ha debatido ampliamente son las formas de minimizar ese problema de dimensión mundial y cómo la legislación deportiva lo ha tratado cuando ha tenido lugar durante la práctica deportiva. Se buscan soluciones, surgen debates, se contagian las conciencias generalizadas, ya sea por la prensa en sí, ya por el choque que supone para los pueblos la demostración de desigualdad en virtud de raza, etnia, etc. Los legisladores buscan la ayuda de los más profundos conocedores del tema e intentan combatir, a cualquier precio, el racismo, la xenofobia y otros actos análogos sobre la idea de que no es posible que en pleno siglo XXI todavía haya quien sustente manifestaciones tan arcaicas e irracionales, incluso siendo consciente de las mismas. Imbuidos de esa misión, comienza este breve estudio que hunde sus raíces en dos países: Brasil y España. Ambos notoriamente conocidos en el ámbito mundial por movimientos y actitudes racistas en el campo deportivo que precisan ser combatidas y ya lo están siendo. Emerson dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 PARTE PRIMERA – BRASIL 1.1 INTRODUCCIÓN AL RACISMO EN EL CÓDIGO BRASILEÑO DE JUSTICIA DEPORTIVA Nos adentramos ahora en el específico tratamiento de la legislación deportiva brasileña en relación a la represión de actitudes discriminatorias, en especial, en nuestro caso, del racismo. Para Aurélio Buarque de Holanda, el racismo se caracteriza por ser una “doctrina que sustenta la superioridad de ciertas razas”. Es decir, quien comete un acto racista cree encontrarse en una situación superior respecto de aquélla de quien sufre su acción. No existe ningún fundamento jurídico, sociológico o filosófico que pueda sustentar con vigor el racismo, cayendo éste en el campo de la irracionalidad. Es contrario a la razón. No tiene respaldo en el raciocinio, en el sano juicio, en la inteligencia, en la comprensión, en el sentido común, en la prudencia, en la ley moral, en la justicia y en el derecho1. De esa manera, no existe justificación plausible para la actitud discriminatoria en general. “El racismo sirvió, históricamente, para justificar la sumisión de pueblos enteros a otros pueblos. Sirvió para sustentar nacionalismos delirantes, para llevar a cabo expolios coloniales, para legitimar guerras y masacres...”2. La manifestación racista en Brasil es problema derivado, sobre todo, del tráfico negrero, en siglos pasados, para trabajos, principalmente, en las plantaciones de caña de azúcar, a pesar de que muchos eran destinados a otras áreas, o se convertían en empleados particulares de sus señores. El tiempo transcurrido no puede evitar que se sigan costumbres de tal época. Aún hoy lidiamos con la cuestión racista en gran medida, hasta el punto de que debatimos la viabilidad o no de los cupos de negros en las universidades públicas. A continuación, ningún campo puede escapar de lo que está generalizado, principalmente, en el ámbito laboral. Porque, frecuentemente, escuchamos los clamores de razas, etnias, seguidores de otras opciones, deficientes, etc. que son minimizados, discriminados y despreciados en el ejercicio de sus funciones. Así sucede también el campo deportivo, en particular, en el fútbol. Esto es así porque el fútbol concentra a un gran número de negros y afro-descendientes en Brasil, ya que es el deporte más popular y no podemos sustraernos de la realidad de que, entre las clases más bajas, la raza negra representa la gran mayoría, un “legado” que heredamos de nuestro tipo de colonización3. Ante ese panorama, ya se adivina que los problemas racistas que suceden en los estadios de fútbol y, más concretamente, dentro del propio terreno de juego, se convierten en habituales, pero inaceptables. A pesar de todo, el Código Brasileño de Justicia Deportiva (CBJD), fruto de la resolución nº 01 del Consejo Nacional del Deporte (CND), de 2003, pese a su 1 La “razão” según Aurélio Buarque de Holanda. José Geraldo Couto. Jornal Folha de São Paulo, 18 de marzo de 2006, p.D3. 3 “O meu palpite é que existe um racismo inercial, que herdamos sem perceber de nossos antepassados, do meio em que crescemos, e que só deixa de existir quando nos damos conta dele e resolvemos combatêlo de forma consciente”. José Geraldo Couto. Jornal Folha de São Paulo, 18 de marzo de 2006, p.D3. 2 dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 gran importancia, no preveía expresamente la tipificación de actos discriminatorios en general, debiendo soportar duras críticas y algunos casos prácticos extremadamente problemáticos durante algún tiempo. Transcurrido un periodo de distintas solicitudes en ese sentido, provenientes, principalmente, de los medios de comunicación, una recientísima reforma del Código trajo consigo lo que era tan esperado. Incluso, mientras se discutía la plasmación de este texto, una resolución del CND de 29 de marzo de 2006 introdujo diversas modificaciones en el CBJD, añadiendo la tipificación expresa de actitudes discriminatorias y la sanción ejemplar a deportistas y clubes, las cuales se examinan a continuación sin más demora. 1.2 LEGISLACIÓN ESPECÍFICA Como se olvidó resaltar en esta breve introducción, ya existía un clamor, desde la elaboración del Código Brasileño de Justicia Deportiva, de una parte del mismo que atendiese en especial a los actos discriminatorios. Con el tiempo, los casos prácticos habían comenzado a aparecer y, además de no existir disposiciones al respecto en el CBJD, tampoco existía legislación deportiva específica para estos casos, con previsión de las sanciones a imponer al infractor. En consecuencia, era necesario proceder a nuevos estudios con el fin de afrontar abiertamente el problema. Así se comenzó a hacer, aunque por otros problemas la incorporación no salía adelante, hasta que el caso Antonio Carlos, en el sur del país, se convirtió en la gota que hizo colmar el vaso1 para que el Ministerio del Deporte efectuase esa y otras modificaciones. Valed Perry, en entrevista al site Futebol Interior, explicó que la reunión de la Comisión que decidiría las modificaciones del CBJD ya estaba señalada hacía tiempo. El problema del racismo justificaba aún más la urgencia de la reunión y de las modificaciones. Sobre esto trataremos a continuación. 1.2.1 PROBLEMAS PRECEDENTES A LA ELABORACIÓN El diario Folha de São Paulo de 17 de marzo de 2006, en su bloque de Deportes, se hacía eco de la falta de presupuesto para afrontar la reforma. La afirmación partía de las declaraciones de los miembros de la Comisión Jurídica del Ministerio. Álvaro Melo Filho explicaba así la paralización de los trabajos: “Parece que el Ministerio tiene problemas presupuestarios”. La opinión de Valed Perry era en el mismo sentido: “Creo que la confusión en Brasilia terminó afectando a la liberación de los fondos”. Ya hacía un año que Melo Filho, Perry y otros notables juristas deportivos trabajaban en la reforma del CBJD, incluyendo la cuestión de la lucha contra los actos discriminatorios. El borrador del nuevo texto ya estaba preparado en la fecha de la citada noticia. Por fin, el Consejo Nacional de Deportes consiguió dar 1 “La decisión del Ministerio tiene por objetivo minimizar el malestar provocado por el caso de Antonio Carlos, defensa del Juventude”. Así se pronunció el site Máquina do Esporte, el 20 de marzo de 2006, respecto de la convocatoria de la Comisión para las modificaciones del CBJD. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 continuidad a los trabajos y presentó el nuevo texto del CBJD el 29 de marzo de 2006. En fecha 20 de marzo, el site Máquina do Esporte informó de la reciente convocatoria de los miembros de la Comisión para continuar los trabajos. Así se hizo en Brasilia los días 23 y 24 de marzo de 2006 en la Comisión formada por los siguientes juristas: Álvaro Melo Filho, Valed Perry, Marcílio Krieger, Heraldo Panhoca, José Cácio Tavares da Silva, Alberto Puga, Paulo Schmitt, Carlos Eugênio Lopes, Luiz Zveiter y Francisco Xavier da Silva Guimarães. 1.2.2 ENTRADA EN VIGOR DE LA NUEVA LEGISLACIÓN Finalmente, ¿qué tratamiento se dispensa al racismo en la nueva legislación? De forma unísona la legislación deportiva, en lo concerniente al racismo, fue receptiva a las modificaciones del Código Disciplinario de la FIFA, con medidas más combativas que no deberían permitir que aún se diese el racismo dentro del ámbito deportivo. Así, el nuevo artículo 187 del CBJD: “Ofender moralmente: I - ... II - ... III - ... § 1º ... § 2º La ofensa moral que consista en acto discriminatorio derivado de prejuicios por razón de origen étnico, raza, sexo, color, edad, condición de persona mayor o con deficiencia será sancionada con suspensión de 01 (uno) a 03 (tres) años, no siendo de aplicación lo dispuesto en el párrafo único del Art. 172 de este Código. § 3º El club al que perteneciese la persona física autora de la conducta descrita en el párrafo anterior, será sancionado con multa de R$ 10.000,00 (diez mil reales) a R$ 200.000,00 (doscientos mil reales) y clausura del terreno de juego de uno a diez encuentros, pruebas o equivalentes en cuanto participación de una competición oficial y pérdida del doble del número de puntos previstos en el reglamento de competición para el caso de victoria y, en caso de reincidencia, con la exclusión del campeonato o torneo. § 4º Cuando no fuese posible aplicar la regla prevista en el párrafo anterior por la forma de disputa de la competición, el club será sancionado con la exclusión de la competición o torneo. § 5º En el caso de aplicación de la sanción de pérdida del doble del número de puntos prevista en el § 3º de este artículo, se mantendrá el resultado del encuentro, prueba o equivalente a todos los efectos previstos en el reglamento de competición y el club que aún no hubiera obtenido puntos suficientes, quedará con puntos negativos.” A efectos comparativos, las modificaciones en el Código Disciplinario de la FIFA van en la siguiente dirección: privación de tres puntos para el club implicado en un primer caso de racismo; privación de seis puntos en caso de reincidencia; y exclusión del club del campeonato la tercera vez que se produzcan los hechos. Además, el artículo 55 prevé multas a partir de 10 mil francos suizos. Sin perjuicio, obviamente, de la sanción particular al deportista que estuviese implicado en actos racistas. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 Nuestro CBJD presenta una punición ejemplar para el implicado entre uno y tres años. Y también se ocupó del club. La entidad sufre una multa pecuniaria entre diez y doscientos mil reales, además de la clausura del terreno de juego entre uno y diez encuentros. Además, pérdida del doble del número de puntos previstos para la victoria en el campeonato (cabiendo incluso la posibilidad de puntos negativos) y exclusión de la competición en caso de reincidencia (que también puede darse de manera directa en caso de que la estructura del campeonato imposibilite la aplicación de la sanción en los términos del §3º). Una cuestión suscitada por la FIFA y que ha sido ampliamente debatida es la relativa a la sanción al club por causa de manifestaciones racistas de su hinchada. La Gazeta do Povo Online, en noticia publicada el 8 de marzo de 2006, resaltó la temeridad del Presidente Luiz Inácio Lula da Silva en relación con las actitudes de los aficionados hacia los jugadores, ya que el Presidente llegó a exigir en carta a la FIFA sanciones para los clubes ante tales hechos, e incluso también para las propias selecciones. Debe resaltarse que nuestro CBJD no omitió esta cuestión sino que trató el asunto con severidad en el artículo 213, §4º: “El club cuyos seguidores cometan actos discriminatorios derivados de prejuicios por razón de origen étnico, raza, sexo, color, edad, condición de persona mayor o con deficiencia será sancionado con la sanción prevista en este artículo y pérdida del doble del número de puntos previstos en el reglamento de la competición para el caso de victoria y, en caso de reincidencia, con la exclusión del campeonato o torneo. Álvaro Melo Filho, uno de los autores del Código, apunta que las modificaciones del CBJD tienen por objeto “tipificar y sancionar a deportistas, entes deportivos, dirigentes e hinchadas que practiquen actos, no sólo de racismo, sino también de cualesquiera otras formas de manifestación discriminatoria o acto intolerante que implique ofensa o menosprecio a la dignidad humana”1 (el subrayado es nuestro). Finalmente, debe destacarse un hecho plausible. Mientras que el Código Disciplinario de la FIFA – a pesar de que la entidad ha exigido su aplicación a las federaciones de fútbol y al margen de su jerarquía normativa respecto del ordenamiento deportivo local – sólo resulta aplicable al fútbol, el CBJD, en cambio, resulta de aplicación a todas las actividades deportivas del país. 1.2.3 CONSTITUCIÓN FEDERAL CÓDIGO PENAL E INJURIA CUALIFICADA EN EL Es importante resaltar que la lucha contra el racismo no nació en la Justicia Deportiva. Mucho antes del CBJD, y sin perjuicio de la punición administrativodeportiva, ya existían previsiones penales para aquellos que cometiesen actos racistas, incluso durante un encuentro. Ello ocurre porque la esfera constitucional, y también la penal, alcanza a todos los acontecimientos con relevancia jurídica ocurridos dentro del territorio nacional, sin perjuicio de que exista previsión de punición deportiva. Debe tenerse presente que ambos ámbitos son independientes, razón por la cual el infractor puede ser sancionado en las dos esferas. La Constitución Federal de 1988 ya se ocupaba de la cuestión en su artículo 5º, XLII: “la práctica del racismo constituye delito inafianzable e imprescriptible, sujeto a la pena de reclusión, en los términos de la ley”. 1 Álvaro Melo Filho, Mutações essenciais realizadas no Código Brasileiro de Justiça Desportiva. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 Recientemente fue añadida al Código Penal el tipo cualificado del delito de injuria: “Si la injuria consiste en la utilización de elementos referentes a la raza, color, etnia, religión u origen”. Cabe recordar que la injuria depende de la denuncia del ofendido, sin que quepa la retractación, por tratarse de un delito que ofende el honor subjetivo. El mejor ejemplo de extensión de la injuria cualificada por racismo a hechos producidos durante la práctica deportiva es el caso de los jugadores Grafite e Desábato, ampliamente tratado por la prensa local e internacional. En este caso, el jugador argentino había cometido una ofensa mediante la utilización de palabras despectivas hacia la raza y color del jugador brasileño, quien presentó denuncia, saliendo el jugador ofensor del campo arrestado y permaneciendo preso durante algunos días en Brasil. Por tanto, se evidencia claramente que la tendencia legislativa brasileña ya se orientaba hacia la lucha contra el racismo, faltando únicamente la sanción administrativa. No obstante, debe destacarse que la punición penal siempre fue más gravosa para el ofensor. Con todo, la punición deportiva busca impedir de forma más expresa y ejemplarizante los actos racistas, quizás tratando de evitar, incluso, que tales actos lleguen a la esfera penal, como en un intento de demostrar la independencia cada vez mayor de la Justicia Deportiva. 1.2.4 LA BRASILEÑOS PREVENCIÓN DEL RACISMO EN OTROS CÓDIGOS La tendencia antes relacionada ya había surtido también efectos dentro de ámbitos específicos de la Justicia Deportiva, como se infiere de las siguientes consideraciones, mientras que la previsión expresa del CBJD ha sido muy reciente. A título de mera curiosidad, desatacaremos dos cuestiones interesantes: 1) El Código de Ética de la Confederación Brasileña de Futvôlei contempla, dentro de sus fundamentos éticos, en su artículo 10, la prevención del racismo en los siguientes términos: “Prevenir y desalentar demostraciones de racismo en el deporte, teniendo en cuenta el respeto a las etnias, a los símbolos nacionales, al estímulo y a la confraternización de la humanidad”. En el artículo 1º del Capítulo VIII, que trata de las infracciones y sanciones disciplinarias, nos encontramos con las siguientes conductas tipificadas: “actitudes desleales y antiéticas” y “mantener conducta ética incompatible con los principios de este Código”, para las que se prevén sanciones disciplinarias de la siguiente naturaleza: I – advertencia escrita; II – amonestación; III – suspensión; y IV – exclusión. 2) El Código de Ética de la Confederación Brasileña de Deportes de Hielo – también prevé en su artículo 17: “Extinguir el racismo, en sus diferentes manifestaciones, en todos los tipos de competiciones y modalidades de los Deportes de Hielo, apoyando iniciativas del mismo cuño en el País y en el exterior”. También su artículo 33, consagra como deber del deportista “rechazar enérgicamente cualquier tendencia o manifestación” de racismo. Incluso, en su artículo 40, es deber y responsabilidad del técnico “impedir actos de violencia y racismo”. Finalmente, de acuerdo con su artículo 47, también los colaboradores y funcionarios deben colaborar “evitando actitudes de violencia, dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 racismo (...)”. Ello sin perjuicio del deber del árbitro de respeto a los deportistas y a las normas del Código. No se prevén en el Código sanciones. De ahora en adelante, en presencia de circunstancias como las descritas, con certeza habrá una sanción por parte de la Confederaciones Brasileña de Deportes de Hielo. Recientemente, el estado de Paraná se colocó a la vanguardia de la lucha contra el racismo en el deporte. El Consejo de Estado de Deporte y Ocio aprobó el Código de Organización de la Justicia y Disciplina Deportiva, el cual prevé que los prejuicios de origen, raza, sexo, color, edad, condición de persona mayor o con deficiencia y cualquier otra discriminación serán sancionados con suspensión de uno a tres años. Debe advertirse, no obstante, su competencia para ocuparse exclusivamente de procedimientos dentro de su ámbito territorial. Para Paulo Marcos Schmitt, asesor jurídico de la Paraná Esporte, es hora de dejar de lado la alarma provocada por la prensa en los casos de racismo y prepararse para una “conducta mejor tipificada para tratar los prejuicios”1. 1.3 EL CASO ANTONIO CARLOS “La gota que colmó el vaso” es la expresión que mejor puede resumir el caso del defensa Antonio Carlos, del Juventude, en sus ofensas a Jeovânio, jugador del Gremio. Esa expresión obedece a la opinión – casi unánime entre los juristas, periodistas y demás estudiosos de la cuestión – de que ese caso condujo, finalmente, a la tan ansiada reforma del CBJD. Para quienes no recuerden los hechos, no está de más hacer un breve recordatorio. Antonio Carlos está acusado de ofensas verbales racistas durante el encuentro a Jeovânio, deportista de color. Al ser expulsado, Antonio Carlos, además, hizo ciertos gestos con el brazo (el defensa restregó reiteradamente su mano derecha sobre el brazo izquierdo) que, supuestamente, haría referencia despreciativa al color de la piel del ofendido. Cuando ocurrieron los hechos todavía no se contaba con legislación deportiva específica en base a la que sancionar administrativamente al defensa. Merced a la repercusión del hecho se retomó la posibilidad de realizar las modificaciones necesarias en el CBJD, en particular, las relativas a la punición de los actos discriminatorios en la práctica deportiva. Ante tal vergonzoso suceso, Antonio Carlos no debería escapar impune con sólo uno, dos o tres encuentros de suspensión. Se produjo entonces una verdadera “chapuza” del Tribunal Deportivo, traducida en una gran adaptación sin atender a la verdadera finalidad de la punición, como destacó José Eduardo Rondon na Folha de São Paulo: “Defensa es castigado, pero el racismo se desvanece”. 1.3.1 LA SUSPENSIÓN CAUTELAR El primer acto punitivo ante los hechos fue una suspensión cautelar de sesenta días adoptada el 7 de marzo de 2006, después de ser denunciado por agresión física y ofensas morales, a las que seguidamente se hará referencia. 1 Paulo Marcos Schmitt, Paraná pune racismo no esporte. Noticia ofrecida por la Agencia Estatal de Noticias. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 Ante la gravedad de la suspensión el TJD de Rio Grande do Sul resolvió tomar la decisión de carácter provisional hasta la resolución que culminó con la sanción a Antonio Carlos. La suspensión cuando la suspensión suspensión se fundó en el antiguo artículo 35 del CBJD: “cabe cautelar cuando la gravedad del acto o hecho ilícito la justifique y solicite la Fiscalía”, advirtiéndose que el plazo de duración de la será computado como cumplimiento de la sanción. Lo que permitió, sin embargo, su fijación en sesenta días fue que el artículo 35 no establecía limitaciones al lapso temporal de la suspensión. En cambio, la nueva redacción del referido artículo, en su §1º trata el tema con más cautela, no dejando más el plazo a mercedes del TJD, y limitando su duración máxima a treinta días. A pesar de estas consideraciones, debemos congratularnos de que la suspensión en el procedimiento deportivo no alteró las circunstancias ni produjo notables efectos, teniendo en cuenta la celeridad del procedimiento. 1.3.2 LAS ADAPTACIONES DEL TRIBUNAL DEPORTIVO PARA LA PUNICIÓN Ciento veinte días y cuatro encuentros fue la sanción impuesta al defensa, pero no por conducta racista, sino por agresión física y actitud antideportiva a la luz del antiguo Código. “Los fiscales querían una sanción ejemplar por supuestas ofensas racistas, pero la mayor parte de la sanción que Antonio Carlos recibió ayer está vinculada a una agresión”1. Para hacerse una idea, un codazo del defensa hacia el ofendido fue la causa, con base en el artículo 253 del CBJD – agresión física – del ciento veinte días de suspensión. Debe resaltarse que la sanción por agresión física en el artículo varía entre 120 (ciento veinte) y 540 (quinientos cuarenta) días. Los cuatro encuentros de suspensión se justificaron por actitud antideportiva, en los términos del artículo 258 del CBJD, tras no tenerse en cuenta las ofensas morales denunciadas (artículo 187). Esta sanción se basó en la conducta del jugador durante el encuentro. El artículo 258 sanciona “Asumir actitud contraria a la disciplina o a la moral deportiva” con suspensión de uno a diez encuentros. El tipo infractor es abstracto y debe acudirse a él “solamente en casos excepcionales que no estén previstos y tipificados con mayor especificidad en el Código”2. Ello es así porque el rigor de las infracciones del CBJD ya conllevan inherentemente en sí mismas una necesaria carga de actitud contraria a la disciplina o moral deportiva. La resolución, basada en una adaptación que buscaba disuadir de la práctica de actitudes racistas, se adoptó por cuatro votos frente a ninguno, por la 2ª Comisión Disciplinaria del TJD-RS. 1 José Eduardo Rondon, Zagueiro leva gancho, mas racismo some. Folha de São Paulo, 17 de marzo de 2006. 2 Paulo Marcos Schmitt, Código Brasileiro de Justiça Desportiva comentado. p.328. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 No obstante, no podemos reputar errónea la punición del defensa en base a los dos artículos. Aunque fuese una adaptación, teniendo en cuenta la ausencia de un tipo infractor específico en el que encuadrar la conducta de Antonio Carlos que convulsionó el país. Rondon, en su noticia de la Folha de São Paulo tiene toda la razón al afirmar que, a pesar de la sanción, el racismo desapareció del caso. 1.4 CONCLUSIÓN DE LA PRIMERA PARTE Como se ha visto, no podía esperar más la tipificación de los actos discriminatorios, entre los que se incluye el racismo, en el CBJD y su correlativa punición administrativa. Antes, los actos de racismo se ignoraban o perdían totalmente su sentido ante adaptaciones para que los infractores no quedasen impunes. No se pueden admitir más en una sociedad evolucionada expresiones tan arcaicas e irracionales de comparaciones y desprecios entre seres humanos iguales. Y así se deben comprender todas las esferas en el intento de disuadir a los ofensores e impedir cualquier conducta discriminatoria, ya sea en el seno de la sociedad, ya sea en la práctica deportiva. El acto de racismo debe ser combatido por la Justicia Común y por la Justicia Deportiva con la misma intensidad. Brasil está, al fin, obteniendo éxitos en la punición de los actos de racismo. Se nota un clamor de la sociedad y una presión de la prensa siempre que se tiene noticia de cualquier conducta discriminatoria. Existen resultados reales. Y ahora con esta nueva previsión normativa se consigue una sensible mejora en la lucha contra el racismo. Ahora debe mostrarse al infractor que su sanción deriva de un acto de racismo por el cual deberá responder en el ámbito deportivo, civil y penal, de manera que surta efecto ejemplarizante para todos aquellos que aun mantengan tan vil mentalidad. Personalmente, lo que considero más importante es saludar la nueva tendencia de sancionar al colectivo cuya hinchada se comporta de manera discriminatoria. Los actos de racismo no deben ser tolerados ni dentro ni fuera del campo y, aunque sea con base en la coerción, la hinchada debe ser educada y comportarse de manera respetuosa y ética. 1.5 BIBLIOGRAFÍA DE LA PRIMERA PARTE AGÊNCIA ESTADUAL DE NOTÍCIAS. Paraná pune racismo no esporte. Bondenews, Londrina, 16 mar. 2006. Disponible en: <http://www.bonde.com.br/bondenews/bondenewsd.php?id=266&dt=20060316>. Acesso el: 04 abr. 2006. AGÊNCIA FOLHA. Antônio Carlos é suspenso por 60 dias no Sul. Folha de São Paulo, São Paulo, 08 mar. 2006. Caderno de Esportes, p.D2. BARAN, Leonardo. Racismo deve ser incluído no Código Desportivo. Futebol Interior, Campinas, 21 mar. 2006. Disponible en: <www.futebolinterior.com.br/news/futgeral.php?nid=103307>. Acesso el: 04 abr. 2006. BRASIL. Código de Ética da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 Código de Ética da Confederação Brasileira de Futvôlei. 02 de janeiro de 2006. Goiânia: CBFv, 2006. COUTO, José Geraldo. Racismo inercial. Folha de São Paulo, São Paulo, 18 mar. 2006. Caderno de Esportes, p.D3. LIMA, Eliomar de. Justiça garante que Clodoaldo “não se safará” de punição. NoOlhar.com, Fortaleza, 23 mar. 2006. Disponible en: <http://www.noolhar.com/esportes/578368.html>. Acesso el: 03 abr. 2006. MATTOS, Rodrigo. Ato racista passa a valer até a eliminação de clubes. Folha de São Paulo, São Paulo, 17 mar. 2006. Caderno de Esportes, p.D1. Falta de verba emperra reforma sobre o assunto. Folha de São Paulo, São Paulo, 17 mar. 2006. Caderno de Esportes, p.D1. MBPress. Decodificado. Máquina do Esporte, São Paulo, 20 mar. 2006. Disponible en: <http://maquinadoesporte.uol.com.br/sitemaquina/noticia.aspx?cdcategoria=25&c dnoticia=2170>. Acesso el: 03 abr. 2006. MELLO FILHO, Álvaro. Mutações essenciais realizadas no Código Brasileiro de Justiça Desportiva. Derecho Deportivo en línea, La Coruña, 03 abr. 2006. Disponível em: <http://nuke.ddel.com/LinkClick.aspx?link=mutacoes.pdf&tabid=60&mid=492>. Acesso el: 09 abr. 2006. O GLOBO. Em carta à Fifa, Lula pede punição severa para o racismo. Gazeta do Povo online, Curitiba, 08 mar. 2006. Disponible en: <http://canais.ondarpc.com.br/esportes/>. Acesso el: 03 abr. 2006. OLIVEIRA, Emerson Ademir Borges de. Principiologia processual constitucional aplicada na Justiça Desportiva. Derecho Deportivo en línea, La Coruña, 31 mar. 2006. Disponible en: <http://nuke.ddel.com/LinkClick.aspx?link=Principiologia.pdf&tabid=60&mid=492>. Acesso el: 08 abr. 2006. RONDON, José Eduardo. Zagueiro leva gancho, mas racismo some. Folha de São Paulo, São Paulo, 17 mar. 2006. Caderno de Esportes, p.D1. SCHMITT, Paulo Marcos (Coordinador). Código Brasileiro de Justiça Desportiva comentado. São Paulo: Quartier Latin, 2006. SION, Marcus Frederico Donnici. Comentários sobre o Código Brasileiro de Justiça Desportiva com enfoque no futebol. Rio de Janeiro: Mauad, 2004. NOTA FINAL: La presente traducción del original en portugués al español abarca tanto el texto del autor como los preceptos normativos y citas de entrevistas y noticias periodísticas, para su más fácil lectura por personas de habla hispana. Disculpen por aquellas partes de la traducción que no sean todo lo correctas que sería deseable. Rafael Alonso dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 PARTE SEGUNDA – ESPAÑA LA LUCHA CONTRA EL RACISMO EN LA LEGISLACIÓN DEPORTIVA ESPAÑOLA Siempre es un placer recibir propuestas como la que, recientemente, me dirigió Emerson Ademir Borges de Oliveira, autor de otras publicaciones en Derecho Deportivo en línea, dd-el.com, para elaborar un comentario conjunto sobre el tratamiento del racismo en la justicia deportiva de nuestros respectivos países, que, por supuesto, acepté gustoso. Las publicaciones científicas en Internet, además del atractivo de la publicación inmediata de las aportaciones de los autores, ofrecen esta clase de posibilidades de colaboración, permitiendo la interrelación de personas de diferentes países que comparten intereses comunes, que son más difíciles de alcanzar a través de las tradicionales publicaciones en papel. Confío en que dd-el.com siga fomentando en el futuro el contacto internacional de los juristas del deporte. Rafael 2.1 LA AUSENCIA DE TRATAMIENTO DEL RACISMO EN LA LEY DE LA CULTURA FISICA Y EL DEPORTE DE 1980 Y SU NORMATIVA DE DESARROLLO El tratamiento represivo del racismo en la legislación deportiva española es reciente. Analizando, cronológicamente, la legislación deportiva postconstitucional en nuestro país, nos encontramos, en primer lugar, con un total silencio en la Ley 13/1980, de 31 de marzo, de la Cultura Física y el Deporte, como no podía ser de otra manera, ya que dicha Ley no contenía ningún catálogo de infracciones, ni administrativas ni disciplinarias. En desarrollo de dicha Ley se dictó en un primer momento el Real Decreto 2690/1980, de 17 de octubre, sobre el régimen disciplinario deportivo, en cuyo catálogo de infracciones disciplinarias – artículos 5 a 7 – tampoco se recogía ninguna tendente a combatir, específicamente, el racismo en el deporte. Este Real Decreto fue derogado por un posterior Real Decreto 642/1984, de 28 de marzo, por el que se aprueba el Reglamento de Disciplina Deportiva, cuyo artículo 4 enumera ciertas conductas que, en todo caso, deberán considerarse infracciones disciplinarias, sin que tampoco ninguna de ellas se pueda entender expresamente referida al racismo1. 2.2 EL TRATAMIENTO DEL RACISMO EN LA VIGENTE LEY DEL DEPORTE DE 1990. LA AUSENCIA INICIAL DE TRATAMIENTO DEL RACISMO EN LA LEY. A continuación, la vigente Ley 10/1990, de 15 de octubre, del Deporte va a contemplar ya con rango legal unos catálogos de infracciones, si bien de distinta naturaleza. Junto al régimen disciplinario deportivo, la Ley se ocupa también del régimen sancionador en la prevención de la violencia en los espectáculos deportivos, en su Título IX2. A pesar de ello, en aquel momento, ni en el régimen 1 Sobre la tipicidad de las infracciones disciplinarias bajo la vigencia de estas normas, vid. CARRETERO LESTÓN, J.L. Régimen disciplinario en el ordenamiento deportivo español, Málaga, 1985, pp. 149-153 y 176-181. 2 La Exposición de Motivos de la Ley justifica la inclusión de este Título en los siguientes términos: “La creciente preocupación social por el incremento de la violencia en los espectáculos deportivos o en torno dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 disciplinario deportivo ni en el régimen sancionador tendente a la prevención de la violencia en los espectáculos deportivos se tipificaba ninguna conducta directamente relacionada con el racismo. En este punto, debe destacarse que se acaba de hacer referencia a un régimen disciplinario y a un régimen sancionador que son diferentes y no deben confundirse. Como decíamos en otra ocasión, la diferencia fundamental entre ambos regímenes estriba en sus sujetos pasivos, esto es, en quienes pueden ser objeto de sanción. En el caso del régimen sancionador se está ante una relación de sujeción general, lo que significa que el destinatario de esta regulación es la generalidad de personas y que cualquiera puede ser responsable de una infracción administrativa de este tipo: tanto el club encargado de adoptar las medidas que aseguren el normal desarrollo del espectáculo como el espectador, individual y aisladamente considerado, que es identificado tras la comisión de un ilícito. En cambio, la disciplina deportiva hace referencia a una relación de sujeción especial en la que sólo podrán ser sujetos pasivos quienes se hallen vinculados de un modo especial a la organización deportiva; por ejemplo, los clubes, deportistas, técnicos y jueces o árbitros integrados en una determinada federación deportiva1. Tampoco las posteriores modificaciones que sufrió la Ley 10/1990 del Deporte en los años 1995 y 1998 introdujeron ninguna novedad al respecto2. 2.3 LOS ACONTENCIMIENTOS DEL FINAL DE LA TEMPORADA 2001/2002 COMO CAUSA DIRECTA DE LA REFORMA DE LA LEY DEL DEPORTE La eclosión del tratamiento punitivo del racismo en nuestra legislación deportiva no se produciría hasta finales del año 2002. La causa de la última modificación que se ha operado en la Ley del Deporte es perfectamente identificable y a buen seguro será recordada por más de un lector. Los compases finales del Campeonato de la Liga Nacional de Fútbol 2001/2002, tanto en Primera como en Segunda División, habían sido especialmente convulsos. Las actuaciones de la Comisión contra la Violencia en los Espectáculos Deportivos en aquellas fechas dan fe del gran número de incidentes producidos en fechas próximas y en lugares muy dispares3. A la conclusión de un encuentro celebrado el 28 de abril de 2002, Lussenhoff, jugador del C.D. Tenerife, S.A.D. recibió el peligrosísimo impacto de una piedra de grandes dimensiones sobre su coche, reaccionando el jugador intentando atropellar a un aficionado. Con ocasión del encuentro celebrado el 4 de mayo de 2002 entre el Gimnastic de Tarragona y el Polideportivo Egido, además de a los mismos, justifica que la Ley incorpore determinadas medidas para luchar contra el fenómeno de la violencia en este ámbito. Con ello la Ley pretende, por una parte, adoptar los preceptos del Convenio Europeo sobre la Violencia, elaborado por el Consejo de Europa y ratificado por España en 1987; y, por otro, incluir algunas recomendaciones y medidas propuestas por la Comisión Especial sobre la Violencia en los espectáculos deportivos y aprobadas por el Senado unánimemente. Entre ellas destaca la creación de una Comisión Nacional contra la Violencia en estos espectáculos y la tipificación de las infracciones administrativas relativas a las medidas de seguridad, así como las sanciones correspondientes a tales infracciones.” 1 ALONSO MARTÍNEZ, R. Modificación de la Ley del Deporte para reforzar la prevención de la violencia, en Derecho Deportivo en línea, boletín Ddel nº 2 (2002-2003), p. 12, accesible en http://nuke.dd-el.com/Portals/0/Ddel%202.pdf 2 Reformas operadas por Ley 43/1995, de 27 de diciembre, del Impuesto sobre Sociedades y Ley 50/1998, de 30 de diciembre, de Medidas Fiscales, Administrativas y del Orden Social. 3 La nota de prensa relativa a la reunión de 9 de mayo de 2002, accesible en http://www.mir.es/DGRIS/Notas_Prensa/Ministerio_Interior/2002/np050903.htm, muestra la gran cantidad de incidentes registrados. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 una invasión masiva del terreno de juego a la finalización del encuentro, también fueron arrojadas numerosas botellas de agua, alcanzando una de ellas a un jugador del equipo visitante, causándole una herida sangrante en la cabeza. En la misma fecha, en el encuentro Xerez C.D., S.A.D. – U.D. Salamanca, S.A.D, fueron arrancados asientos y lanzados al terreno de juego sobre los jugadores suplentes del equipo visitante, dándole en la cabeza a uno de ellos y teniendo que ser suspendido el encuentro. En el encuentro Villareal C.F., S.A.D. – Real Zaragoza S.A.D. otra invasión del campo dio paso a agresiones mutuas entre jugadores y aficionados, captando con todo detalle las cámaras de televisión al “Toro Acuña”, jugador del Real Zaragoza, en persecución de un aficionado al que finalmente derribaría a patadas. Ello sin olvidar incidentes producidos en otros encuentros que, no por más habituales, dejan de ser reprobables. Lo cierto es que, en medio de estas inusuales manifestaciones de violencia, el racismo no ocupó un lugar destacado, pero las actuaciones legislativas motivadas por estos hechos aprovecharían la coyuntura para tipificar las conductas racistas. A raíz de los hechos antes referidos, durante ese mismo mes de mayo se constituyó por el Ministerio del Interior un grupo de trabajo cuya labor cristalizó en un programa de actuaciones y medidas contra la violencia en el deporte, que fueron directamente asumidas como compromiso por el Ministerio, el Consejo Superior de Deportes, la Real Federación Española de Fútbol, la Liga Nacional de Fútbol Profesional y la Asociación de Futbolistas Profesionales. En el documento de formalización de compromiso futuro de esas actuaciones, al abordar la necesaria modificación de la Ley 10/1990 del Deporte para atajar estas conductas, se alude por primera vez a la necesidad de impedir también la simbología xenófoba y racista. Se expresa en el documento que “Ante la proliferación de proclamas y simbología de este tipo exhibidas coincidiendo con la celebración de espectáculos deportivos, se propone la modificación de su actual tratamiento en la Ley del Deporte, ampliando y concretando los supuestos en los que se prohíbe la introducción y exhibición de este tipo de simbología violenta, xenófoba, racista, terrorista o de desprecio a los participantes en el espectáculo deportivo1”. 2.4 LA REFORMA DE 30 DE DICIEMBRE DE 2002 DE LA LEY DEL DEPORTE Esa modificación de la Ley del Deporte se llevó a cabo a finales de ese año 2002, a través de la Ley 53/2002, de 30 de diciembre, de Medidas Fiscales, Administrativas y del Orden Social. En la Exposición de Motivos de esta Ley se explica el objeto de la reforma de la Ley del Deporte en los siguientes términos: “En lo que atañe a la acción administrativa en materia de deportes, se incluye una importante modificación de la Ley 10/1990, de 15 de octubre, del Deporte, introduciendo un conjunto de medidas tendentes a la erradicación de la violencia en el deporte. Así se amplían las competencias de la Comisión Nacional contra la Violencia en los espectáculos deportivos, se regula la asunción de responsabilidades por daños y desórdenes originados en eventos deportivos, se amplían los ilícitos administrativos tipificados, concretando las competencias para la imposición de sanciones, y se incorporan nuevas infracciones a las ya existentes en el ámbito de la disciplina deportiva.” Se comprueba así cómo la propia Ley que por vez primera introducirá el tratamiento punitivo del racismo en la legislación deportiva española no destaca este aspecto sino que en ella se alude, en general, a un conjunto de medidas tendentes a erradicar la violencia en el deporte. El racismo se considera, por tanto, 1 El texto de este y otros documentos figura, bajo el título “Actuaciones en materia de prevención de la violencia deportiva” en la sección Crónicas de la Revista Jurídica del Deporte, nº 8, 2002, pp. 257-271. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 un factor más que contribuye a generar violencia en los eventos deportivos, pero al que no es necesario dispensar un protagonismo esencial en ese momento. El nuevo tratamiento punitivo del racismo en la Ley del Deporte, tratamiento en vigor a partir del 1 de enero de 2003, se concentró en los siguientes preceptos. El artículo 66.1, incardinado en el Título IX de la prevención de la violencia en los espectáculos deportivos, que prohibía las pancartas, símbolos, etc. que implicasen una incitación a la violencia quedó redactado de una forma que aclara que, entre esas pancartas, símbolos, emblemas o leyendas prohibidas han de entenderse incluidas también todas aquellas “que, por su contenido o por las circunstancias en las que se exhiban o utilicen pueda ser considerado como un acto que incite, fomente o ayude a los comportamientos violentos, xenófobos, racistas o terroristas, o como un acto de manifiesto desprecio deportivo a los participantes en el espectáculo deportivo”. También fue objeto de modificación, el artículo 69.3.A.g), perteneciente al mismo Título IX, que tipifica como infracción administrativa muy grave el incumplimiento de las prohibiciones a las que se refieren los artículos 66 y 67.1 de la Ley – relativas a las citadas pancartas y símbolos (art. 66.1), armas y objetos arrojadizos, explosivos o inflamables (art. 66.2) y bebidas alcohólicas y sustancias estupefacientes, psicotrópicas o estimulantes (art. 67.1) – cuando concurran circunstancias de especial riesgo o cuando el incumplimiento de estas prohibiciones implique “un acto de exaltación xenófoba, racista o de apoyo y justificación de las acciones violentas o terroristas, o menosprecio de sus víctimas o familiares”. Estas dos primeras modificaciones afectan al régimen sancionador y, por lo tanto, tienen como destinatario a cualquier persona, aunque no pertenezcan a la organización deportiva. Se prohíbe la introducción y exhibición de símbolos con contenido xenófobo o racista y se tipifica como infracción administrativa muy grave el incumplimiento de dicha prohibición cuando de ese incumplimiento resulte un acto de exaltación xenófoba o racista, correspondiendo una sanción de multa que puede ir desde los 60.100,01 a los 650.000 euros, a la que puede unirse la prohibición de acceso a recintos deportivos por un periodo de entre cinco meses y cinco años. Cuando la introducción o exhibición del símbolo xenófobo o racista no implique la realización de un acto de exaltación de la xenofobia o el racismo, la acción se tipifica como infracción grave, correspondiendo una multa de 3.000,01 a 60.100 euros y cabiendo también la imposición de la sanción de prohibición de acceso a los recintos deportivos por un periodo no superior a cinco meses. El tercer precepto modificado en relación con el tratamiento del racismo en el deporte no afecta al régimen sancionador general sino al régimen disciplinario. Se trata del artículo 76.1, ubicado en el Título XI de la Ley, relativo a la disciplina deportiva. La modificación consistió en añadir un nuevo apartado h) a ese precepto, a través del cual, se tipifica como infracción disciplinaria muy grave “La participación, organización, dirección, encubrimiento o facilitación de actos, conductas o situaciones que puedan inducir o ser considerados como actos violentos, racistas o xenófobos”. Esta nueva infracción disciplinaria afecta únicamente a las personas sujetas a la disciplina deportiva. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 2.5 APLICACION DE LAS NUEVAS INFRACCIONES ADMINISTRATIVAS Atendiendo a la actividad de la Comisión Nacional contra la Violencia en los Espectáculos Deportivos durante la presente temporada deportiva 2005/20061 se evidencia que la represión administrativa del racismo en el deporte se ha centrado, principalmente, en proponer sancionar, mayoritariamente, los gritos y gestos racistas por parte de espectadores de encuentros de fútbol, proponiendo por tales conductas la imposición de sanciones de multa que rondan los 6.000 euros, tras considerar dichas conductas constitutivas de infracciones graves. Así, por ejemplo, se propusieron sanciones de multa de 6.000 euros para los dos espectadores que, respectivamente, profirieron insultos racistas en los encuentros Villareal F.C., S.A.D. – Valencia C.F., S.A.D.2 y Málaga C.F., S.A.D. – R.C.D. Español, S.A.D.3, para los cuatro espectadores que profirieron gritos racistas contra un jugador en el encuentro Real Zaragoza S.A.D – Real Madrid C.F.4, para el espectador que profirió iguales gritos a través de un megáfono portátil en el encuentro U.E. Lleida – Polideportivo Ejido S.A.D.5, para seis espectadores que profirieron insultos racistas y realizaron gestos obscenos a otros aficionados durante el encuentro C. Atlético de Madrid, S.A.D. – Real Madrid C.F.6 y para el aficionado al que, en el control de acceso al campo, en el encuentro Elche C.F., S.A.D. – Albacete Balompié, SAD, le fueron intervenidas quince pegatinas de contenido racista y xenófobo7. 6.300 euros de multa fueron propuestos para el aficionado que profirió insultos racistas y realizó gestos obscenos hacia otros aficionados una hora después de haber sido expulsado del estadio por lanzar una bufanda envuelta en llamas durante el partido C. Atlético de Madrid, S.A.D. – Real Madrid C.F.8, igual cuantía que fue propuesta en el baloncesto, al aficionado que, en el encuentro de la Liga ACB de baloncesto entre el Pamesa Valencia y el Winterthur F.C. Barcelona realizó varios gestos de carácter racista y xenófobo con la intención de provocar a la afición visitante, interviniéndosele además sustancias estupefacientes cuando los funcionarios policiales procedieron a su identificación9. En otras ocasiones, la actividad de la Comisión tiene incidencia en el ámbito disciplinario, bien sea haciendo uso de la legitimación para recurrir ante el Comité Español de Disciplina Deportiva las resoluciones dictadas por los órganos disciplinarios federativos en materias de la competencia de la Comisión – como sucedió respecto de la propuesta de sanción de multa de 9.000 euros al Real 1 En la dirección de internet http://www.mir.es/DGRIS/Notas_Prensa/Comision_Nacional_Antiviolencia/ pueden consultarse las notas de prensa relativas a las reuniones de la citada Comisión durante la presente temporada. 2 Reunión de 16 de noviembre de 2005. http://www.mir.es/DGRIS/Notas_Prensa/Comision_Nacional_Antiviolencia/2005/np111604.htm 3 Reunión de 21 de septiembre de 2005. http://www.mir.es/DGRIS/Notas_Prensa/Comision_Nacional_Antiviolencia/2005/np092105.htm 4 Reunión de 30 de marzo de 2006. http://www.mir.es/DGRIS/Notas_Prensa/Comision_Nacional_Antiviolencia/2006/np033005.htm 5 Reunión de 8 de febrero de 2006. http://www.mir.es/DGRIS/Notas_Prensa/Comision_Nacional_Antiviolencia/2006/np020804.htm 6 Reunión de 11 de enero de 2006. http://www.mir.es/DGRIS/Notas_Prensa/Comision_Nacional_Antiviolencia/2006/np011103.htm 7 Reunión de 23 de marzo de 2006. http://www.mir.es/DGRIS/Notas_Prensa/Comision_Nacional_Antiviolencia/2006/np032306.htm 8 Vid. nota al pie nº 20. 9 Vid. nota al pie nº 18. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 Zaragoza S.A.D. por los gritos proferidos en el encuentro disputado en su estadio frente al F.C. Barcelona, sanción que la Comisión consideró demasiado benévola1 – bien sea instando de la Federación española competente la incoación de procedimientos disciplinarios, como se verá en el epígrafe siguiente, facultades que expresamente le atribuye a la Comisión el artículo 33.4, párrafo segundo, del Real Decreto 1591/1992, de 23 de diciembre, por el que se aprueba el Reglamento de Disciplina Deportiva2. 2.6 APLICACION DE LA NUEVA INFRACCION DISCIPLINARIA Como decíamos, la reforma operada en 2002 sobre la Ley del Deporte introdujo nuevas infracciones administrativas relacionadas con el racismo y la xenofobia y una nueva infracción disciplinaria muy grave en relación con los actos violentos, racistas y xenófobos cometidos por aquellos sujetos sometidos a la disciplina deportiva. Atendiendo, por ejemplo, a las más recientes actuaciones seguidas por los órganos disciplinarios de la Real Federación Española de Fútbol al respecto, se evidencia que es frecuente que este tipo de procedimientos sean incoados a instancia de la propia Comisión Nacional contra la Violencia en los Espectáculos Deportivos. 2.6.1 EL “CASO ARAGONÉS” Uno de los procedimientos que tuvo más eco en los medios de comunicación fue el seguido frente al seleccionador nacional de fútbol D. Luis Aragonés. Los hechos se produjeron el día 6 de octubre de 2004, durante un entrenamiento de la selección nacional, con presencia de la prensa, en el que, en un momento dado, el seleccionador quiere motivar al jugador D. José Antonio Reyes – compañero, en el club inglés Arsenal F.C., del francés de raza negra D. Thierry Henry, considerado uno de los mejores futbolistas del mundo – y se dirige a él en los siguientes términos, que son captados por las cámaras de televisión y reproducidos en los espacios informativos de mayor audiencia: “Reyes, venga aquí. El negro no le dice nada y tal. ¡Juegue por su cuenta! Mándele y dígale de mi parte a ese negro de mierda que no es mejor que usted. ¡Dígale que es mejor!”3. La Comisión Nacional contra la Violencia en los Espectáculos Deportivos instó a la Real Federación Española de Fútbol a incoar procedimiento disciplinario frente a D. Luis Aragonés, señalando que, a juicio de dicha Comisión, las declaraciones del seleccionador nacional eran constitutivas de la infracción de actos racistas y xenófobos tipificada en el antes citado artículo 76.1.h) de la Ley del Deporte. Previa incoación e instrucción del correspondiente expediente disciplinario, el Comité de Competición de la citada federación acordó imponer a D. Luis Aragonés una multa de 3.000 euros, pero no como autor de la infracción denunciada – que se correspondería con la infracción muy grave tipificada en el artículo 101.1.g) de los Estatutos federativos – sino como autor de la infracción del artículo 120.b) de esos 1 Reunión de 1 de marzo de 2006. http://www.mir.es/DGRIS/Notas_Prensa/Comision_Nacional_Antiviolencia/2006/np030104.htm 2 Establece este precepto: “En materias de su competencia, la Comisión Nacional contra la Violencia en los Espectáculos Deportivos y la Comisión Nacional Antidopaje estarán legitimadas para instar de las Federaciones deportivas la apertura de procedimientos disciplinarios así como para recurrir ante el Comité Español de Disciplina Deportiva las resoluciones que recaigan. En cualquier caso será obligatoria la comunicación a las respectivas comisiones de cualquier hecho que pueda ser constitutivo de infracción en las materias de su competencia y de los procedimientos que en las mismas se instruyan, en un plazo máximo de diez días a contar, según corresponda, desde su conocimiento o incoación.” 3 Diario ABC del 7 de octubre de 2004. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 Estatutos, consistente en “actos notorios y públicos que atenten a la dignidad o decoro deportivos”, imponiendo la sanción dentro de su grado máximo. La Comisión Nacional contra la Violencia en los Espectáculos Deportivos recurrió dicho acuerdo ante el Comité de Apelación de la misma federación, al igual que D. Luis Aragonés, siendo ambos recursos desestimados por dicho Comité, confirmándose la resolución impugnada. Tanto la Comisión como el seleccionador – cada uno con diferentes pretensiones, obviamente – recurrieron de nuevo esta resolución ante el Comité Español de Disciplina Deportiva, el cual, mediante resolución de 22 de julio de 2005, desestimó el recurso del seleccionador pero, en cambio, estimó el de la Comisión y, en su virtud, aunque mantuvo la misma sanción de multa de 3.000 euros, declaró que la conducta del Sr. Aragonés era constitutiva de la infracción del artículo 101.1.g) de los Estatutos federativos y el artículo 76.1.h) de la Ley del Deporte, es decir, consideró el Comité que los hechos debían calificarse como un acto racista. Todos los aficionados pudieron ver los hechos en televisión. El debate pronto trascendió de lo estrictamente jurídico y pasó a ocupar las editoriales de distintos diarios. Sirva como muestra el siguiente párrafo del artículo “Traducción y racismo” de Javier Marías1: “Lo que Aragonés soltó a su pupilo, para picarlo en su amor propio y "motivarlo", fue algo así como: "Dígale, demuéstrele a ese negro de mierda que usted es mejor que él". Se refería al famoso compañero de Reyes, Thierry Henry; ambos en el Arsenal londinense, y yo creo que cualquier español conocedor de las hablas coloquiales que la gente emplea aquí muy a menudo, supo, desde el momento en que trascendió el comentario, que en la frase de Aragonés no había – o no por fuerza, desde luego – racismo alguno, y que lo mismo podía haberse referido a Van Nistelrooy como a "ese holandés de mierda", a Shevchenko o a Kahn como a "ese rubio de mierda", o a Adriano o Kaká como a "ese brasileño de mierda". Se trataba tan sólo de una manera (ruda) de hablar, que todos conocemos bien y que nunca hay que tomar al pie de la letra, igual que no se nos ocurre tomar de ese modo insultos objetivos que sin embargo se dicen en tono cariñoso, o envidiosoadmirativo: "Qué suerte tienes, cabrón", o "Qué bien juega el hijoputa", son cosas perfectamente habituales que no encierran injuria pese a las apariencias: y "ese negro de mierda" pertenece a la misma gama -ya digo, envidioso-admirativa-, y la traducción explicativa de las palabras de Aragonés vendría a ser esta: "Demuéstrele a ese negro del que se hablan tantas maravillas (estoy hasta los cojones de oír su alabanza, y bien que es merecida), que usted es incluso mejor que él". Yo apostaría a que la expresión "de mierda" llevaba el elogio implícito, y lo justo que a Luis le parecía ese elogio, esto es, lo envidiable. No es nada infrecuente que cuando alguien hace algo muy bien, se diga o piense de él: "Qué hijoputa el tío, cómo remata, cómo escribe, cómo toca el piano". El asunto, en cuestión aún fue objeto de un posterior recurso contenciosoadministrativo, por lo que es posible que los tribunales de justicia hayan de tener la última palabra para determinar si la expresión del seleccionador nacional fue un simple acto contrario a la dignidad o el decoro deportivos o, en cambio, un auténtico acto racista. 2.6.2 EL “CASO PITERMAN” Otro asunto en el que la Comisión Nacional contra la Violencia en los Espectáculos Deportivos instó a la Real Federación Española de Fútbol a incoar un procedimiento disciplinario por hechos que pudieran ser constitutivos de los actos 1 Publicado en “El País Semanal” del 12 de diciembre de 2004. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 racistas o xenófobos tipificados en el artículo 76.1.h) de la Ley del Deporte fue el protagonizado por el Presidente del Deportivo Alavés, S.A.D., D. Dimitri Piterman. Durante un encuentro Deportivo Alavés, S.A.D. – Real Madrid C.F., celebrado el 25 de septiembre de 2005, tras la consecución de un gol por el equipo visitante, los jugadores brasileños de raza negra conocidos popularmente como “Ronaldo”, “Robinho” y “Roberto Carlos” celebraron el gol tirándose en el suelo y agitando en alto las piernas y las manos en lo que, posteriormente, explicaron a la prensa que era “la cucaracha” y que habían decidido hacer esa celebración por causa de una apuesta. Aquello enfadó mucho al Presidente del club local quien compareció voluntariamente ante la prensa en los días posteriores al encuentro para arremeter contra los citados futbolistas por su actuación. En los medios de comunicación tuvieron reflejo las siguientes declaraciones del dirigente alavesista: “Hubo tres jugadores del Madrid que tras el gol de Ronaldo decidieron actuar como payasos y decidieron presentarse como ‘cucarachas’ vistiendo de blanco (...) Todo el mundo sabe que las cucarachas son negras (...) Puede que sea divertido para ellos pretender ser cucarachas vestidas de blanco pero parecían ridículos (...) Los jugadores del Madrid son muy monos (...) Si lo hiciera uno del Alavés le reventaría la cabeza (...) Sinceramente, actos de este tipo son propios de payasos indignos sobre un campo de fútbol (...) Estos niñatos tienen que entender, y si no alguien deberá explicárselo en el club blanco, que, cuando se pretende ser uno de los mejores equipos del mundo, luego tienen jugadores que están actuando en el campo de payasos (...) Hoy en día cualquier persona llega al Madrid desde la jungla y se pone su camiseta aunque luego debe aprender a saber comportarse con dignidad, por llevar ese mismo uniforme (...) Voy a repasar el vídeo del encuentro de ayer en Mendizorroza para ver si realmente hay base para impugnarlo, o así, ya que me parece que durante un momento de ese partido entró un jabalí al campo, corriendo por todo el terreno de juego. Vamos a ver si es verdad, o si, quizás, yo estaba soñando (...) Ahora dicen que quieren hacer una urraca y, en vez de una urraca, tienen que salir como pingüinos, ya que al menos les corresponderá por colores (...) Está claro que eso demuestra su falta de desarrollo mental y por eso, quizás, no les suele aguantar una novia más de dos semanas (...) Sigo soñando con un búfalo corriendo por las calles, intentando pillar una mujer y no puede. A ver si entienden buen humor y se ríen también todos nosotros y con toda España sobre ellos (...) Perfecto. Cuando abran expediente oirán todo lo que dije, y siempre voy a mantenerlo, que es que tres jugadores del Real Madrid actuaron como payasos. Cuando unos jugadores actúan como payasos, hay que clasificarlos como tal, y si alguien puede demostrarme que no fue así, hasta ese momento voy a mantener mis declaraciones. Actuaron como payasos y es verdad. (...) Antiviolencia tiene su trabajo, perfecto. Que estudien bien las raíces del problema y que impongan unas normas para ser respetuosos con todo el mundo. Cuando unos actúan como payasos, no veo problemas en llamarles así. Esas actuaciones tenían que ser limitadas, y no hay daño en decir que estas actuaciones son merecedoras de este tipo de nombramientos.” La Comisión Nacional contra la Violencia en los Espectáculos Deportivos instó nuevamente a la Real Federación Española de Fútbol a incoar expediente disciplinario, en esta ocasión frente a D. Dimitri Piterman, por unos hechos que también se consideraron como actos racistas o xenófobos de los tipificados en el artículo 76.1.h) de la Ley del Deporte. Tras la instrucción del correspondiente procedimiento disciplinario – instrucción que en este caso corrió, precisamente, a cargo de quien suscribe estas líneas – el Comité de Competición acordó sancionar al dirigente con amonestación pública – por su condición de directivo no cabía imponer sanción de multa – como autor de una infracción muy grave tipificada en el artículo 101.1.h) de los Estatutos federativos, consistente en actos notorios y dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 públicos que afecten a la dignidad o decoro deportivos y que revistan una especial gravedad. En la propuesta de resolución se razonaba que, si bien podría llegar a advertirse un componente violento o racista en alguna frase concreta de las proferidas por el expedientado, tras una valoración global del conjunto de las declaraciones y el lugar, modo, ocasión y forma en que fueron ejecutadas, se consideró que en ellas primaba su carácter despectivo, vejatorio e injurioso hacia determinados jugadores del equipo rival, por lo que su encaje más adecuado sería el de los actos que afectan a la dignidad o decoro deportivos, si bien de especial gravedad, por prevalerse el autor de su condición de dirigente y la especial atención que le dispensan los medios de comunicación para llevar a cabo el ataque verbal a los jugadores de otro club, por la prolongación en el tiempo de las sucesivas comparecencias voluntarias ante la prensa en los días posteriores al encuentro con ánimo de dar publicidad a sus declaraciones y por la trascendencia de las mismas. Al igual que sucedió en el caso de D. Luis Aragonés, el acuerdo del Comité de Competición fue impugnado tanto por el sancionado como por la Comisión Nacional contra la Violencia en los Espectáculos Deportivos ante el Comité de Apelación, el cual desestimó los recursos y confirmó el acto impugnado. Tras los nuevos recursos del sancionado y de la Comisión, el asunto se halla pendiente de resolución por el Comité Español de Disciplina Deportiva. Mientras que el dirigente solicita la anulación de la sanción impuesta, la Comisión solicita que los hechos se califiquen como actos racistas ya que, a su juicio, si las frases proferidas son despectivas, vejatorias e injuriosas hacia los jugadores ello es, precisamente, por el carácter racista de las declaraciones. 2.6.3 EL “CASO CLEMENTE” Por último, para finalizar este repaso de asuntos relacionados con la aplicación de la infracción disciplinaria del artículo 76.1.h) de la Ley del Deporte, ha de hacerse referencia a los hechos protagonizados por el ex-seleccionador nacional y actual técnico del Athletic Club de Bilbao, D. Javier Clemente. En un encuentro que el 15 de enero de 2006 este equipo disputó en el campo del Fútbol Club Barcelona, el jugador camerunés de raza negra D. Samuel Eto’o escupió al jugador del Athletic Club D. Unai Expósito, acción que no fue reflejada en el acta arbitral del encuentro pero sí captada por las cámaras de televisión En la rueda de prensa posterior al encuentro, el Sr. Clemente, preguntado por este lance, manifestó que “escupen los que bajan del árbol”. En su reunión de 18 de enero de 2006 la Comisión Nacional contra la Violencia en los Espectáculos Deportivos acordó instar de la Real Federación Española de Fútbol la incoación de un expediente disciplinario frente a D. Javier Clemente por la citada manifestación. En su Acuerdo de 7 de marzo de 2006, el Comité de Competición de la Federación decidió archivar la denuncia formulada por la Comisión, decisión que recurrida por la Comisión y confirmada por el Comité de Apelación el pasado 20 de abril. 2.6.4 VALORACION Las actuaciones disciplinarias comentadas ponen de manifiesto que la infracción disciplinaria del artículo 76.1.h) de la Ley del Deporte – actos racistas o xenófobos – constituye un tipo infractor cuya aplicación no resulta exenta de complejidad, comparada con otros ilícitos disciplinarios en los que la conducta no admite más que una única calificación jurídica. La falta de definición de lo que ha de considerarse un acto racista o xenófobo en el ámbito de la disciplina deportiva y los difusos límites entre el acto racista o xenófobo y el acto indigno o indecoroso en determinados supuestos no facilitan la tarea de los órganos disciplinarios. Quizás dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 por ello el Anteproyecto de Ley contra la Violencia, el Racismo, la Xenofobia y la Intolerancia en el Deporte, al que se hará referencia más adelante, intenta definir las que, a efectos de dicho anteproyecto legal, pueden considerarse conductas racistas, xenófobas e intolerantes. 2.7 EL PROTOCOLO DE ACTUACIONES CONTRA EL RACISMO, LA XENOFOBIA Y LA INTOLERANCIA EN EL FÚTBOL DE 18 DE MARZO DE 2005 A iniciativa del Consejo Superior de Deportes, diversos colectivos del fútbol español – como la Real Federación Española de Fútbol, la Liga de Fútbol Profesional, representantes de jugadores, árbitros, entrenadores y peñas de aficionados – y otros órganos de la Administración General del Estado suscribieron el 18 de marzo de 2005 un documento por el que se comprometieron a instaurar, cumplir y hacer cumplir 31 medidas concretas contra el racismo, la xenofobia, la intolerancia y la violencia en el fútbol. Este protocolo es el germen del posterior Anteproyecto de Ley, que se comentará a continuación. La Exposición de Motivos del Anteproyecto aclara que con él se pretende que el Parlamento refuerce la cobertura legal sancionadora y la idoneidad social de la iniciativa plasmada en el Protocolo. No obstante, a diferencia del Anteproyecto legal que tiene vocación de aplicación a todo el deporte, el Protocolo estaba destinado únicamente a prevenir el racismo en el fútbol. Entre las medidas más destacables pueden ser citadas la previsión de medidas disciplinarias internas que los clubes habrían de aplicar a su personal, asociados, abonados y/o clientes causantes de incidentes racistas – medidas que deberían ser parte integrante de los vínculos jurídicos asumidos por los clubes con sus asociados –; el compromiso de difundir a través de la megafonía y sistemas audiovisuales de los estadios mensajes reprobatorios de todo tipo de actos racistas, recordando la posibilidad de eludir sanciones disciplinarias para el club o atenuar su responsabilidad cuando la participación de los asistentes a los encuentros permitiese localizar a los autores de actos racistas; el compromiso de la Real Federación Española de Fútbol de instruir a los árbitros para que las actas arbitrales de los encuentros reflejen todo tipo de incidentes racistas protagonizados por los participantes o el público, reservar a los árbitros la facultad de interrumpir temporalmente los encuentros en que se produzcan actos racistas, pudiendo, en última instancia, llegar a decidir la suspensión del encuentro cuando los actos racistas revistan suma gravedad; el compromiso de la asociación Aficiones Unidas – aglutinadora de diversas agrupaciones de peñas y aficionados – de expulsar de las organizaciones de aficionados a quien incumplan las medidas previstas en el Protocolo; el compromiso del Ministerio del Interior y las Fuerzas y Cuerpos de Seguridad del Estado de optimizar la utilización de las videocámaras y sistemas de videovigilancia de los estadios para permitir la identificación de los autores de conductas racistas y poner estos medios a disposición de los clubes para que éstos puedan tomar medidas disciplinarias internas frente a sus asociados, socios, abonados y/o clientes implicados en incidentes racistas; promover las reformas legislativas precisas para tipificar, con la especificidad que merecen, los brotes de racismo en los espectáculos deportivos – medida que habría de cristalizar en el mencionado Anteproyecto posterior – y velar porque los órganos disciplinarios de la Real Federación Española de Fútbol y la Liga Nacional de Fútbol Profesional aplicasen de forma inflexible la normativa disciplinaria que califica como infracción muy grave los actos, conductas u ofensas racistas en el marco de lo dispuesto en el artículo 76 de la Ley del Deporte – medida directamente relacionada con la aplicación de dicha infracción disciplinaria a la que se hizo referencia en el epígrafe anterior –; el compromiso de los clubes de condicionar la expedición de abonos de temporada y la venta de entradas a la ausencia de sanción por incidentes racistas dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 y, en general, contrarios a la normativa sobre prevención de la violencia en los espectáculos deportivos, así como incluir en sus normas de régimen interno la facultad de impedir el acceso o expulsar de los recintos deportivos a quien participen en tales incidentes y confiar, finalmente, el seguimiento y control del cumplimiento de las medidas previstas en el Protocolo al Observatorio del racismo, la xenofobia y la violencia en el deporte creado en el seno de la Comisión Nacional contra la Violencia en los Espectáculos Deportivos. Asimismo, en el Protocolo tanto el Consejo Superior de Deportes como la Secretaría de Estado de Inmigración y Emigración se comprometieron a promover la modificación de las reglamentaciones deportivas – no sólo del fútbol sino de todos los deportes – para permitir la participación de deportistas extranjeros aficionados residentes en España, si bien esta medida, que habría de aplicarse sin excepción en categorías inferiores, podría ser modulada en las restantes categorías en función de las particularidades de cada deporte. En fecha muy reciente, el Gobierno ha efectuado una valoración sobre los resultados de la aplicación de este Protocolo1 en respuesta a una previa pregunta parlamentaria2. En ella se manifiesta que la aplicación de las 31 medidas del Protocolo se está realizando en la actualidad con total aceptación y compromiso por parte de los estamentos del fútbol español siendo sus resultados, en general, satisfactorios, “aunque el Consejo Superior de Deportes sigue incidiendo en asuntos tales como las barreras que dificultan la participación en competiciones deportivas de deportistas aficionados extranjeros, no comunitarios, que estén residiendo en nuestro país, y en el control de la violencia y el racismo en los estadios”. También se informa de que la Oficina Nacional de Deportes ha tenido conocimiento de la comisión de 24 actos de carácter racista, entre los meses de julio de 2005 y febrero de 2006, consistiendo la inmensa mayoría de los incidentes en la imitación, por espectadores, del sonido de los simios y estando dirigidos a jugadores de raza negra del equipo rival, habiendo sido identificadas por las Fuerzas y Cuerpos de Seguridad 17 personas por la comisión de hechos de esta naturaleza. 2.8 LA COMISIÓN ESPECIAL DEL SENADO DE ESTUDIO PARA ERRADICAR EL RACISMO Y LA XENOFOBIA DEL DEPORTE ESPAÑOL Asimismo, el 7 de junio de 2005 se constituyó en el Senado una Comisión Especial de Estudio para erradicar el racismo y la xenofobia del deporte español3. Esta Comisión ha celebrado 13 sesiones desde su constitución, siendo la última del pasado 18 de mayo de 2006, y ha contado con las comparecencias de diversas personalidades del deporte español, habiendo pasado por ella hasta la fecha el Presidente del Consejo Superior de Deportes, D. Jaime Lissavetzky Díez, el Director General de Deportes y Vicepresidente de la Comisión Nacional contra la Violencia en los Espectáculos Deportivos, D. Rafael Blanco Perea, el Presidente del Observatorio de la Violencia, el Racismo y la Intolerancia en el Deporte, D. Javier Durán González, el Presidente del Movimiento contra la Intolerancia, D. Esteban Ibarra Blanco, el Secretario General de la Coalición Española contra el Racismo, la Xenofobia y Discriminaciones Relacionadas (CECRA), D. Carlos Ferreira Núñez, el Presidente de la Liga Nacional de Fútbol Profesional, D. José Luis Astiazarán Iriondo, el Presidente de la Federación Española de Baloncesto (FEB), D. José Luis 1 Boletín Oficial de las Cortes Generales, Congreso de los Diputados, de 22 de mayo de 2006, Serie D, núm. 390, pp. 251 y 252. 2 Boletín Oficial de las Cortes Generales, Congreso de los Diputados, de 27 de marzo de 2006, Serie D, núm. 358, pp. 353 y 354. 3 Boletín Oficial de las Cortes Generales, Senado, de 22 de junio de 2005, Serie I, núm. 260, p. 6. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 Sáez Regalado, el Secretario General de la Asociación de Federaciones Españolas de Peñas de Fútbol (AFEPE),Aficiones Unidas, D. José Hidalgo Pitarch, el árbitro de fútbol, D. Arturo Daudén Ibáñez, el Presidente del Real Zaragoza, S.A.D., D. Alfonso Solans Solans, el árbitro de fútbol y Delegado de campo del Villarreal Club de Fútbol S.A.D., D. Juan Ansuátegui Roca, el Diputado y Delegado de Deportes de la Diputación Provincial de Castellón, D. Manuel Gual Ribes, el Presidente del Club Atlético de Madrid, S.A.D., D. Enrique Cerezo Torres, el árbitro de fútbol, D. Antonio Martín Navarrete, el Presidente del Real Madrid Club de Fútbol, D. Fernando Martín Álvarez, el Viceconsejero del Deporte de la Junta de Comunidades de Castilla-La Mancha, D. Francisco Javier Martín del Burgo Simarro y el Jefe de Área de Deportes de la Agencia EFE, S.A., D. Luis Villarejo Alonso. 2.9 EL ANTEPROYECTO DE LEY CONTRA LA VIOLENCIA, EL RACISMO, LA XENOFOBIA Y LA INTOLERANCIA EN EL DEPORTE Como punto culminante de este recorrido por el tratamiento del racismo en la legislación deportiva española debe prestarse atención, por último, al Anteproyecto de Ley contra la Violencia, el Racismo, la Xenofobia y la Intolerancia en el Deporte que fue aprobado en la reunión del Consejo de Ministros del pasado 17 de marzo de 2006, a propuesta del Consejo Superior de Deportes. Se trata del primer texto legislativo específicamente dirigido a la represión del racismo en el deporte español. El anteproyecto consta de 37 artículos, 8 disposiciones adicionales, una disposición transitoria, una disposición derogatoria y 2 disposiciones finales. Pretende la derogación expresa de todo el vigente Título IX de la Ley del Deporte, dedicado a la prevención de la violencia en los espectáculos deportivos, y de las infracciones disciplinarias tipificadas en los artículos 76.1, apartados e) y g) y 76.2, apartado g). Asimismo, aunque no tenga que ver propiamente con la materia objeto del anteproyecto, también resultaría modificado por el mismo el artículo 32.2 de la Ley del Deporte en el sentido de derogar el actual inciso final de ese precepto, relativo a la integración y representatividad de las federaciones autonómicas en las federaciones españolas. El inciso que quedaría sin efecto es el que, actualmente, establece que los presidentes de las federaciones autonómicas formarán parte de las asambleas generales de las federaciones españolas, ostentando la representación de aquéllas. Ciñéndonos estrictamente a lo que atañe al racismo, la Exposición de Motivos del anteproyecto señala que, si en la sociedad española ninguna raza, religión, creencia política o grupo étnico puede considerarse superior a las demás, el deporte ha de ser un reflejo de la sociedad. Recuerda también que en los últimos 20 años, la española dejó de ser una sociedad emigrante para pasar a ser receptora de inmigración, razón por la que la irrupción del racismo en el deporte español es reciente. El anteproyecto consta de 5 títulos. El Título Preliminar delimita el objeto y ámbito de aplicación de la Ley. El incumplimiento de los deberes y obligaciones establecidos se sanciona tanto en el ámbito de la potestad general sancionadora, al que está sometido, por ejemplo, cualquier asistente a un evento deportivo, como en el de la potestad disciplinaria deportiva, que se proyecta sobre aquellas personas integradas en la organización del deporte federado de ámbito estatal, ámbito al que el artículo 1.c) limita la aplicación del régimen disciplinario deportivo regulado en el anteproyecto. El artículo 2 se dedica a la definición de lo que, a efectos de esa Ley, habrá de entenderse por actos violentos o que inciten a la violencia y por actos racistas, xenófobos o intolerantes en el deporte, definiéndose, dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 para cada una de las dos clases de actos, seis tipos diferentes de conductas que tendrán consideración de tales actos violentos o racistas. El Título Primero relaciona las obligaciones de los organizadores y del público asistente a los espectáculos deportivos. Entre las medidas de prevención reguladas en este título se reconocen las adoptadas en el Protocolo de Actuaciones de 18 marzo de 2005. Así, por ejemplo, el artículo 3.3 exige que las disposiciones reglamentarias de todas las entidades deportivas establezcan la posibilidad de privar de los abonos vigentes y de la inhabilitación para obtenerlos a las personas sancionadas por conductas violentas o racistas. Dentro de este mismo título, el artículo 4.3 exige que tanto en el reverso de las entradas como a través de carteles se advierta a los espectadores de las medidas control y vigilancia implantadas, como la grabación a través de circuitos cerrados de televisión, la realización de registros de los espectadores u otras medidas adicionales complementarias, si bien los espectadores están obligados a soportar la aplicación de estas medidas, tal como establece el artículo 8.2. El artículo 6.1, por su parte, obliga a los clubes a llevar un libro de registro en el que han de reflejar la actividad de sus peñas y grupos de aficionados. El artículo 9.3 señala que el incumplimiento de sus obligaciones por un espectador permite su expulsión inmediata del recinto deportivo por las fuerzas de seguridad, sin perjuicio de la posterior imposición de sanción administrativa sobre esa misma persona. Merece especial atención dentro de este título el artículo 15, dedicado íntegramente a regular la facultad de los árbitros para suspender los encuentros, de manera provisional o definitiva, así como para acordar, de mutuo acuerdo con el Coordinador de Seguridad, el desalojo total o parcial de las gradas, facultades que se califican como medidas provisionales para el mantenimiento de la seguridad y el orden público y que se hacen recaer en los árbitros o jueces de las diferentes modalidades deportivas. También debe prestarse atención al artículo 18 que impone a las entidades deportivas el deber de promover la depuración de las reglas técnicas del juego y sus criterios de aplicación por los jueces y árbitros deportivos para evitar situaciones que inciten a la violencia o al racismo a los participantes en la prueba o a los espectadores. Se trata de un mandato impuesto en unos términos poco claros, que sería aconsejable precisar durante la tramitación parlamentaria del texto. La regla técnica del juego es un concepto de difícil determinación y sobre el que mucho ha escrito la doctrina1. Si entendemos que la regla técnica del juego es aquella que fija el desarrollo del juego, ha de tenerse presente que en muchas ocasiones, este tipo de reglas vienen determinadas por la correspondiente Federación Internacional de ese deporte, entidad que no necesariamente estará sometida al ámbito de aplicación de esta Ley, razón por la que este mandato puede quedar vacío de contenido. El Título Segundo consta de un único artículo que crea y regula las funciones de la nueva Comisión Nacional contra la Violencia, el Racismo, la Xenofobia y la Intolerancia en el Deporte que habrá de sustituir a la actual Comisión Nacional contra la Violencia en los Espectáculos Deportivos. El Título Tercero establece el régimen sancionador general previsto frente a las conductas violentas o racistas protagonizadas por cualquier sujeto, pertenezca o no a la organización deportiva federada. En este título se contiene un catálogo de infracciones administrativas y las correlativas sanciones que podrán ser impuestas. Las sanciones económicas van desde los 150 euros de multa del grado mínimo de 1 Acerca de las “reglas técnicas del juego”, las reglas del juego y las reglas de la competición, cfr. GAMERO CASADO E. Las sanciones deportivas, Barcelona, 2003, pp. 138 y ss. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 las infracciones leves hasta los 650.000 euros del grado máximo de las infracciones muy graves. Además, los organizadores de competiciones y espectáculos deportivos podrán afrontar la imposición de otras sanciones accesorias a las multas como la inhabilitación temporal para organizar espectáculos deportivos por un periodo de hasta dos años o la clausura temporal del recinto deportivo por igual periodo máximo. A las personas físicas también se les podrán imponer sanciones accesorias de prohibición temporal de acceso a cualquier recinto deportivo por un periodo de hasta cinco años. Los dos últimos apartados del artículo 24 prevén lo que, aparentemente, no son sanciones sino medidas de reposición de la legalidad, es decir actos desfavorables para el interesado que imponen una obligación de hacer pero que no tienen propiamente naturaleza sancionadora. El artículo 24.4 prevé la posibilidad de imponer, a quienes realizasen declaraciones en medios de comunicación que inciten a la violencia en eventos deportivos, la obligación de publicar a su costa en esos mismos medios y con la misma amplitud rectificaciones públicas o anuncios que promocionen la deportividad y el juego limpio. Por su parte, el artículo 24.5 contempla la posibilidad de imponer, a quienes difundiesen contenidos que fomenten la violencia, el racismo o la intolerancia en el deporte a través de medios informáticos o tecnológicos, la obligación de mantener a su costa, durante un plazo de hasta cinco años, medios similares a los utilizados en la comisión de la infracción con contenidos que fomenten la tolerancia, el juego limpio y la integración intercultural en el deporte. El primer supuesto de medida de reposición de la legalidad podrá ser impuesto además de la correspondiente sanción económica o en lugar de la misma; no así el segundo supuesto, para el que únicamente se contempla su imposición adicional a la sanción económica. Una salvedad importante se contiene también en el artículo 26.2. En él se establece que las personas sometidas a la potestad disciplinaria deportiva estarán sujetos a responsabilidad disciplinaria, por las infracciones de las normas relativas a la prevención de la violencia deportiva que cometan, cuando los hechos hayan sido cometidos con ocasión del ejercicio de su función deportiva, mientras que si los hechos fuesen cometidos en condición de espectadores quedarán sujetos a la responsabilidad administrativa general. Es decir, la opción escogida en el anteproyecto es la de que el sometimiento a uno u otro régimen va a depender de si en el momento de la comisión de los hechos el sujeto estaba ejerciendo o no su función deportiva. Al respecto cabe decir que se echa en falta que no se aluda más que al incumplimiento de las normas o actuaciones preventivas de la violencia deportiva, olvidando las relativas a la prevención del racismo, la xenofobia y la intolerancia, lo que puede dar lugar a interpretaciones erróneas, así como que también podría haberse elegido la opción consistente en compatibilizar la sanción administrativa y la sanción disciplinaria, si las mismas respondiesen a diferentes intereses protegidos, aun cuando los hechos no fuesen cometidos por estos sujetos con ocasión del desempeño de su función deportiva, ya que es lógicamente exigible que la plena instauración de los valores de respeto y pacífica convivencia que persigue esta norma comience por la exigencia de un especial celo a los propios integrantes de la organización deportiva federada. De hecho, el propio artículo 30 del anteproyecto, que regula con exhaustivo detalle la posible concurrencia de procedimientos penales, administrativos y disciplinarios, prevé en su apartado segundo que a una misma persona le resulten de aplicación sanciones administrativas y disciplinarias, si bien una lectura conjunta de los artículos 26.2, 30.2 y 32.3 parece revelar que esta concurrencia de sanciones administrativas y disciplinarias sólo podrá darse en el caso de personas jurídicas como los clubes, las federaciones o las ligas, pero no así cuando se trate de jugadores, técnicos, directivos y demás personas sometidas a la disciplina deportiva, en cuyo caso, responderán únicamente en uno de los dos regímenes – administrativo o disciplinario – dependiendo de la función que estuviesen desempeñando al cometer dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 el ilícito. Esto es así porque, de todos los sujetos sometidos a la disciplina deportiva, son las personas jurídicas las únicas que nunca podrán cometer una infracción en su condición de espectadores de un evento, por lo que, a diferencia de lo que sucederá con las personas físicas, a las personas jurídicas como los clubes sí se les podrán imponer cumulativamente sanciones administrativas y disciplinarias si su conducta constituye infracción en ambos ámbitos. Por último, el Título cuarto regula el régimen disciplinario deportivo contra la violencia y el racismo en el deporte. El artículo 32 abre este título limitando el ámbito de aplicación de esta regulación disciplinaria a las competiciones de ámbito estatal. En cuanto a las infracciones, resulta plausible que el anteproyecto no establezca una responsabilidad disciplinaria objetiva1 de los clubes por la producción de cualquier incidente violento o racista protagonizado por los espectadores, siendo necesario para integrar el supuesto de hecho de alguna de las infracciones disciplinarias tipificadas en los artículos 34 y 35 que concurra al menos una omisión de medidas de seguridad, falta de diligencia o colaboración o conducta de tolerancia o pasividad. Llama la atención el hecho de que, a diferencia de lo que sucede con las infracciones administrativas, en las que el artículo 23.3 tipifica como infracciones leves las conductas violentas o racistas que no estén calificadas en la Ley como infracciones graves o muy graves, en relación con las infracciones disciplinarias no se ha previsto un precepto semejante, de manera que sólo se tipifican infracciones disciplinarias graves y muy graves, sin que existan infracciones disciplinarias leves en este ámbito. En el plano de las sanciones, el artículo 36 del anteproyecto se presta a varios comentarios. En primer lugar, cabe destacar su indeterminación, en el sentido de que no se anudan determinadas sanciones para cada infracción o clases de infracciones sino que se prevé un amplio elenco de sanciones posibles. Es muy diferente, por ejemplo para un club, ser sancionado con una multa, con la clausura del recinto deportivo o con la pérdida de categoría. Esta indeterminación propicia que haya de ser la normativa federativa – que habrá de ser adaptada a la Ley dentro de los seis meses posteriores a su entrada en vigor, aunque durante ese periodo las infracciones y sanciones disciplinarias previstas en la Ley habrán de ser directamente aplicadas por las federaciones – la que trate de ajustar, dentro de cada modalidad deportiva, las sanciones correspondientes para cada infracción, para evitar cualquier posible discrecionalidad en el ejercicio de la potestad disciplinaria en relación con hechos violentos o racistas. Así, es de suponer que, en la mayoría de los casos, sanciones tan duras como el descenso de categoría se reserven, por ejemplo, para casos de reincidencia en conductas tipificadas como infracciones disciplinarias muy graves. Es posible que esta mayor concreción de las sanciones aplicables a cada conducta también se opere, desde el propio Gobierno, a través del desarrollo reglamentario de la Ley, al que se refiere la Disposición Adicional Primera del anteproyecto. Así se hizo, por ejemplo, en el Reglamento de Disciplina Deportiva, aprobado mediante Real Decreto 1591/1992, de 23 de diciembre, dictado en desarrollo del Título XI de la Ley del Deporte; el párrafo segundo del apartado i) del artículo 21 de este Reglamento limita la aplicación de la sanción de inhabilitación o privación de licencia a perpetuidad en los siguientes términos: “Las sanciones previstas en este último apartado únicamente podrán acordarse, de modo excepcional, por la reincidencia en infracciones de extraordinaria gravedad”; los subsiguientes artículos 22 y 23 de este Reglamento también constituyen ejemplo de un esfuerzo de concreción de las sanciones aplicables para cada conducta. 1 Acerca de la responsabilidad objetiva en la disciplina deportiva vid. GAMERO CASADO E. Las sanciones deportivas, Barcelona, 2003, pp. 46 y ss y FERNANDEZ ARRIBAS J. Una ocasión perdida. Reflexiones sobre las sanciones por incidentes de público, al hilo de la STS de 30 de octubre de 1998, accesible en http://www.iusport.es/OPINION/joseba1298.htm. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 En segundo lugar, las sanciones contempladas en los artículos 36.A.c) y 36.B.c) se apartan del régimen sancionador actualmente previsto en relación con las multas en el artículo 79.1.c) de la Ley del Deporte. Este precepto establece que las sanciones de carácter económico podrán ser impuestas a todos aquellos que intervengan o participen en las competiciones declaradas profesionales por el Consejo Superior de Deportes, declaración que, actualmente, sólo recae en la Primera y Segunda División de la Liga de Fútbol y en la Liga ACB de Baloncesto. En el resto de competiciones, señala el comentado artículo, las sanciones económicas sólo podrán ser impuestas a aquellos deportistas, técnicos, jueces o árbitros que perciban retribución por su labor. Los antes mencionados artículos del anteproyecto obvian esta última puntualización, por lo que de su dicción literal se desprende que en el caso de infracciones disciplinarias por conductas violentas o racistas tipificadas en dicho texto sí podrán ser impuestas también sanciones económicas a los deportistas, jueces y árbitros de competiciones estatales no profesionales, aun cuando no perciban retribución por su labor. Asimismo, en comparación con el precepto de la Ley del Deporte que regula las sanciones disciplinarias económicas, se observa también que el anteproyecto olvida a los técnicos y, en cambio, incluye a los directivos. Finalmente, la versión conocida del anteproyecto1 contiene lo que, sin duda, han de ser erratas, pues la cuantía de estas sanciones económicas son prácticamente idénticas – artículos 36.A.b y 36.A.c en relación con los artículos 36.B.b y 36.B.c – ya respondan a la comisión de infracciones muy graves o graves. El artículo 36.C) contiene una saludable aclaración, que contribuye a delimitar los límites de la materia disciplinaria, al señalar que otras medidas que puedan acordarse por los órganos disciplinarios federativos, tras la producción de actos violentos o racistas, como pueden ser las decisiones sobre la continuación o no del encuentro, su repetición, celebración a puerta cerrada o decisiones relativas a los resultados no son sanciones disciplinarias. Finalmente, el artículo 37.3 establece una duración máxima de un mes, prorrogable por otro más, para la resolución de los procedimientos disciplinarios que tenga por objeto actos violentos o racistas regulados en esta Ley. Transcurrido ese plazo, no se produce la caducidad del expediente sino que la competencia para continuar la instrucción y resolución pasará al Comité Español de Disciplina Deportiva, sin que se señale un plazo máximo de resolución cuando se dé este supuesto. Asimismo, surge la duda de cuáles serán los posteriores recursos que asistan a los interesados cuando se cumpla ese cambio de competencia, ya que, ante una resolución de un órgano disciplinario federativo de primera instancia puede caber recurso ante el órgano disciplinario federativo de segunda instancia – en caso de que exista –, posterior recurso ante el Comité Español de Disciplina Deportiva, cabiendo finalmente la posibilidad del recurso contencioso-administrativo en vía judicial, previo uso o no del recurso potestativo de reposición. Cuando la competencia para resolver el procedimiento disciplinario pase del órgano disciplinario federativo de primera instancia al Comité Español de Disciplina Deportiva, por el transcurso del plazo máximo de resolución, se ignora si la resolución que por éste se dicte será impugnable como si se tratase de un acto del órgano disciplinario o si únicamente cabrán los recursos previstos contra los actos del Comité Español de Disciplina Deportiva, supuesto en el que el interesado habrá podido perder hasta dos recursos – el que pudiese caber ante el órgano disciplinario de segunda instancia y el recurso ante el propio Comité Español de Disciplina Deportiva – por un retraso en la tramitación no imputable a él. 1 La publicada en la página web del Consejo Superior de Deportes, accesible en http://www.csd.mec.es/CSD/Deporte/PreViolencia/proyecviolencley.htm dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 2.10 CONCLUSIÓN DE LA SEGUNDA PARTE Como se ha podido comprobar a lo largo de las anteriores líneas, el tratamiento del racismo en la legislación deportiva española es muy reciente, no contemplándose ninguna norma ni precepto específico hasta la reforma de la Ley del Deporte a través de la Ley 53/2002. El análisis de las diversas actuaciones administrativas y legislativas sobre el tema desde entonces revelan también que, en nuestro país, el racismo en el deporte ha sido tratado indisolublemente junto a la violencia. Así sucedió al abordarse la citada reforma de la Ley del Deporte y se ha confirmado con el posterior Protocolo de Actuaciones contra el Racismo, la Xenofobia y la Intolerancia en el Deporte, de 18 de marzo de 2005, origen del Anteproyecto de Ley contra la Violencia, el Racismo, la Xenofobia y la Intolerancia en el Deporte que habrá de constituir el primer texto legal específicamente dirigido a la prevención y represión de estas conductas en el deporte español. Es de esperar que todos estos esfuerzos den su fruto en el futuro, consiguiendo desterrar definitivamente de nuestro deporte esta clase de comportamientos. 2.11 BIBLIOGRAFÍA DE LA SEGUNDA PARTE ALONSO MARTÍNEZ, R. Modificación de la Ley del Deporte para reforzar la prevención de la violencia, en Derecho Deportivo en línea, boletín Ddel nº 2 (20022003), accesible en http://nuke.dd-el.com/Portals/0/Ddel%202.pdf BOLETÍN OFICIAL DE LAS CORTES GENERALES - Congreso de los Diputados, de 27 de marzo de 2006, Serie D, núm. 358. - Congreso de los Diputados, de 22 de mayo de 2006, Serie D, núm. 390. - Senado, de 22 de junio de 2005, Serie I, núm. 260. CARRETERO LESTÓN, J.L. Régimen disciplinario en el ordenamiento deportivo español, Málaga, 1985 COMISION NACIONAL CONTRA LA VIOLENCIA EN LOS ESPECTACULOS DEPORTIVOS. Notas de prensa http://www.mir.es/DGRIS/Notas_Prensa/Comision_Nacional_Antiviolencia/ CONSEJO SUPERIOR DE DEPORTES. Anteproyecto de Ley contra la Violencia, el Racismo, la Xenofobia y la Intolerancia en el Deporte, accesible en http://www.csd.mec.es/CSD/Deporte/PreViolencia/proyecviolencley.htm DIARIO ABC del 7 de octubre de 2004. FERNANDEZ ARRIBAS J. Una ocasión perdida. Reflexiones sobre las sanciones por incidentes de público, al hilo de la STS de 30 de octubre de 1998, accesible en http://www.iusport.es/OPINION/joseba1298.htm GAMERO CASADO E. Las sanciones deportivas, Barcelona, 2003 MARÍAS, J. Traducción y racismo, en “El País Semanal” del 12 de diciembre de 2004 REVISTA JURIDICA DEL DEPORTE, nº 8, 2002, Crónicas, Actuaciones en materia de prevención de la violencia deportiva. N ot a : E x is t e un a t ra du cc ió n d e e st e art ícu lo a l id iom a portu gu é s. Pa r a solicit arla, escriba a la dirección postmast er@ dd - el. c om. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 Direito Futebolístico Brasileiro: uma introdução Por Álvaro Melo Filho O futebol transfundiu-se num “jogo universal” (“mais universal que a democracia, a Internet ou a economia de mercado”), que fascina e se categoriza como um fato social total e transversal na “sociedade desportivizada”, em razão de sua mediatização, profissionalização e mercantilização. Aduza-se, por relevante, que o futebol com sua força integrativa tornou-se, no plano dos atletas e treinadores, um eficaz instrumento de inclusão social e de favorecimento de ascensão social, e, no plano dos espectadores e telespectadores, enseja uma verdadeira catarse social quando projetam nos times e nos “atores desportivos” seus sentimentos de alegria pela vitória ou de tristeza pela derrota, de amor aos seus ídolos ou de ódio aos adversários. De outra parte, ao abolir fronteiras e limites o futebol possibilitou a simbiose entre a globalização unificadora e as resistências identitárias do mundo de hoje, até porque não há fenômeno mais global que equilibre a identidade nacional e a diversidade planetária. À evidência, o futebol transfundiu-se num idioma universal, apesar de não ser uma língua, sendo que sua popularidade e “mobilização massiva” decorrem da regras simples, claras e praticamente imutáveis que garantem liberdade e igualdade efetiva dentro do campo, valendo para todos, em todo o mundo. E por ser praticado em todos os países, por todas as raças e religiões, o futebol tem inspirado o surgimento de um novo conceito de homem, o “homo futbolisticus”. Amando-se ou odiando-se o futebol, este jogo realmente global não é indiferente a ninguém, até porque o futebol é uma metáfora da sociedade contemporânea, ora reproduzindo as condições de sucesso na atualidade, ora expressando nos estádios as alegrias, tristezas, sonhos e frustrações de cada um de nós. Em suma, o lugar que o futebol ocupa no mundo de hoje ultrapassa a racionalidade, porquanto a emoção industrializada do futebol como espetáculo lúdico e quase circense marca o ritmo de adeptos e não adeptos, sem possibilidade de fuga. O futebol que a todos contamina e contagia como autêntica epidemia ou “vírus sem vacina à vista” recebeu, nos últimos anos, um tratamento sem precedentes na esfera jurídica, como decorrência da “necesaria acomodación del Derecho al fenómeno deportivo”. De fato, o futebol tem vínculos estreitos e indissociados com o direito, na medida em que não pode subsistir sem regras de jogo e sem leis, ou seja, alheio à “reglès du droit pour dire qui gagne et qui perdu”. Com efeito, sem o direito, o futebol carece de sentido como exemplificam os estatutos de clubes e entes dirigentes, os códigos de justiça desportiva, os regulamentos das competições, as “leis de transferência de atletas”, os normativos sobre dopping, etc. Nesse diapasão pode afirmar-se que o desporto, com realce para o futebol, talvez seja dentre todas as atividades humanas aquela em que a regra jurídica ocupa um lugar de maior relevo, sem olvidar que “futebol e direito realizam-se sob os mesmos signos: o da lei e o do juiz”. E a convergência entre futebol e direito é tão expressiva e transcendente que já há quem proponha a criação de um “derecho futbolístico”. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 Por sugestão e redação nossa, foi inserido o vigente art. 217 na Constituição Federal de 1988 que outorgou ao desporto o status constitucional e condensou os postulados que constituem a estrutura de concreto armado da legislação desportiva brasileira. Nesse mister, o dever do Estado de fomentar as práticas desportivas como “direito de cada um”, de garantir a autonomia desportiva das entidades de administração e de prática desportiva e de reconhecer da Justiça Desportiva, tornaram-se princípios cardeais desportivos cristalizados na Carta Magna. Repontese, dentre estes postulados, com sede constitucional, que o princípio da autonomia desportiva, no plano do Legislativo, impõe limites à elaboração das leis versando sobre desporto, na esfera do Executivo estabelece o parâmetro delimitador de sua discricionariedade e, no tocante ao Judiciário, condiciona a interpretação das normas do ordenamento jus-desportivo. Pontue-se, ainda, que esta consagração autonomia dos entes desportivos dirigentes e de prática quanto a sua organização e funcionamento - como cláusula pétrea da lex sportiva - buscou exatamente preservar o desporto, destacadamente o futebol, “das paixões exacerbadas e das injunções políticas circunstanciais”. Por isso mesmo, aos contumazes retóricos de plantão que fazem uso blogs e sites na Internet para, patologicamente, satanizar e demonizar os dirigentes desportivos como fundamento principal para implodir e fraudar o postulado constitucional da autonomia desportiva, lembra-se que esta saída é um salto rumo a um passado sombrio, marcado pelo autoritarismo e intervencionismo estatal, inclusive no desporto. E mais, não é vilipendiando-se com imposições pirotécnicas nem diluindo-se com artifícios hermenêuticos os princípios desportivos constantes do Texto Constitucional que se vai melhorar o futebol brasileiro. E no “país do futebol” o interesse e a paixão até desmedidas “monopolizaram” e impuseram uma visão futebolizada à lex sportiva, deixando, em segundo plano, mais de cem modalidades desportivas praticadas de modo profissional ou não profissional, ou seja, o desporto rei tornou-se o rei dos desportos. De fato, cinco (5) anos após ter sido o desporto alçado ao patamar constitucional, foi promulgada a Lei nº 8.672, de 06 de julho de 1993, promovendo e concretizando a “desintoxicação autoritária” da legislação desportiva. Vale dizer, foi a conhecida “Lei Zico” - elaborada e proposta pelo autor deste artigo - que instituiu normas gerais sobre desporto com diretrizes mais democráticas, reservando espaço para a autonomia desportiva e a liberdade de associação, ambas com sede constitucional, fazendo perpassar por todos os seus 71 dispositivos a filosofia do pode. Com a “Lei Zico” o conceito de desporto, antes adstrito e centrado apenas no rendimento, foi ampliado para compreender o desporto na escola e o desporto de participação e lazer; a Justiça Desportiva ganhou uma estruturação mais consistente; facultou-se o clube profissional transformar-se, constituir-se ou contratar sociedade comercial; em síntese, reduziu-se drasticamente a interferência do Estado fortalecendo a iniciativa privada e o exercício da autonomia no âmbito desportivo, exemplificada, ainda, pela extinção do velho Conselho Nacional de Desportos, criado no Estado Novo e que nunca perdeu o estigma de órgão burocratizado, com atuação cartorial e policialesca no sistema desportivo, além de cumular funções normativas, executivas e judiciais. Ou seja, removeu-se com a “Lei Zico” todo o entulho autoritário desportivo, munindo-se de instrumentos legais que visavam a facilitar a operacionalidade e funcionalidade do ordenamento jurídico-desportivo, onde a proibição cedeu lugar à indução. Surge, posteriormente, em 24.03.98, a “Lei Pelé” (Lei nº 9.615/98), dotada de natureza reativa, pontual e errática, que, a par de fazer a “clonagem jurídica” de 58% da “Lei Zico”, trouxe como inovações algumas “contribuições de pioria”: o fim do “passe” dos atletas profissionais resultando numa predatória e promíscua relação empresário/atleta; o reforço ao “bingo” que é jogo, mas não é desporto, constituindo-se em fonte de corrupções e de “lavagem de dinheiro”, geradoras inclusive de CPI; e, a obrigatoriedade de transformação dos clubes em empresas, dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 quando mais importante que a roupagem jurídica formal é a adoção de mentalidade empresarial e profissional dos dirigentes desportivos. Ou seja, a “Lei Pelé”, produto de confronto e não de consenso, com ditames que usaram a exceção para fazer a regra, restabelece, de forma velada e sub-reptícia, o intervencionismo estatal no desporto, dissimulada pela retórica da modernização, da proteção e do “elevado interesse social” da organização desportiva do País. Certamente, em razão dos vícios de inconstitucionalidades e de irrealidades que continha, a Lei nº 9.615/98 foi objeto de várias e sucessivas alterações legislativas decorrentes da Lei nº 9.981/00, da Lei nº 10.264/01 e da Lei nº 10.672/03, que a modificaram, ora minorando efeitos nocivos, ora aumentando danos colaterais, tanto que, da versão original, remanesce apenas 6% “Lei Pelé”, ainda pendente de substanciais reparos e indispensáveis ajustes. Em suma, não se pode olvidar que a Lei nº 9.615/98 (Lei Pelé) na sua versão atual, decantada inicialmente como a panacéia do desporto, especialmente do futebol, prometeu sonhos, mas entregou apenas pesadelos, muitos deles ultrapassando limites e atropelando princípios constitucionais. Sinale-se, ainda, a Lei nº 10.671, de 15 de maio de 2003 (Estatuto de Defesa do Torcedor), ou se preferirem, o “código do consumidor desportivo” ou o código do torcedor do futebol, tem sido fonte mais de problemas do que de soluções, a partir do momento em que o desporto deixa de ser concebido como direito e passa a ser considerado serviço ou “produto”. Rica em inconstitucionalidades e atecnias é objeto de ADIN, em curso no Supremo Tribunal Federal, onde apontamos 29 vícios jurídicos tanto indutores da “desobediência desportiva”, quanto ensejadores do denuncismo e da “chantagem desportiva”. Com efeito, o “ET” é um “monstrengo” jurídico-desportivo que afronta o princípio da isonomia ao incidir apenas sobre o desporto profissional (leia-se futebol); “engessa” por dois anos os Regulamentos das competições, vedando alterações mesmo que para corrigir enganos involuntários; impõe o sorteio de árbitros com 48 horas de antecedência das partidas, inibindo a profissionalização ao sujeitar seu exercício à aléa, blindando o árbitro sorteado de substituição ou afastamento mesmo que se venha a constatar que ele “negociou” ou apostou no resultado da partida, além de premiar o “sortudo” e punir o competente; obriga a constituição de órgão formado por torcedores nãosócios e cria a punição de afastamento compulsório para dirigentes desportivos vulnerando os princípios da presunção da inocência, da ampla defesa e do devido processo legal. Ademais, entra em detalhes típicos de regulamentação infralegal quando, por exemplo, obriga que as súmulas tenham 3 vias, sendo a 1º via acondicionada em envelope lacrado, exige “sanitários limpos”, determina o número de ambulâncias, médicos e enfermeiros, e outros quejandos que, à evidência, não se categorizam como normas gerais sobre desporto, sendo, nessa ótica, írritas, e nulas. Enquanto isto, em frente aos estádios assiste-se, impunemente, a venda de camisas pirateadas, de bebidas alcoólicas a menores e de ingressos por cambistas, atestando que o Estatuto do Torcedor é uma lei que, literalmente, “jogou para a platéia”. Cumpre aduzir com relevante parte do arcabouço jurídico do futebol o Código Brasileiro de Justiça Desportiva - CBJD que se categoriza como um instrumento que condensa uma lógica jurídica amoldada ao fenômeno desportivo, nomeadamente ao futebol e que dá operacionalidade à Justiça Desportiva para, com presteza e celeridade, responder à crescente multiplicação de conflitos desportivos, a custos mínimos e amoldados às peculiaridades das atividades futebolísticas. Os ditames do CBJD - elaborados por Comissão de Juristas Desportivos da qual fui o Relator buscaram reduzir a incidência de condutas comissivas e omissivas dos atores desportivos que malferem a disciplina e distorcem as competições desportivas, quase sempre deformadas pela supervalorização da vitória, pelos interesses econômicos em jogo e pelo aviltamento dos valores jus-desportivos. dd-el.com © 2001-2006 DERECHO DEPORTIVO EN LÍNEA ISSN: 1579-2668 Ressalte-se que no plano da lege ferenda sportiva está aprovado, na Câmara e no Senado, pendente apenas de votação de três destaques, o PL nº 5541/05 instituindo a Timemania, um concurso de prognósticos que fará uso da denominação, marca ou símbolo dos clubes de futebol profissional, remunerando esta cessão com 22% da receita obtida em cada rodada lotérica. Com esse mecanismo criativo, sem envolver ou comprometer dinheiro público, os clubes de futebol profissional, na sua maioria em regime pré-falencial – em face da evasão massiva dos craques para o exterior e da atuação oportunista e predatória dos empresários desportivos desde a extinção do “passe” -, regularizarão sua situação fiscal, previdenciária e fundiária, a par de incrementar a própria arrecadação tributária federal, possibilitando à União recuperar receitas públicas potencialmente impagáveis até porque os recursos hauridos pelos clubes irão diretamente para os cofres públicos, sem sequer transitar pelos seus caixas. Já advertia James Thurber que “não podemos olhar para trás com angústia nem para frente com temor, mas em volta com consciência”. E é com este animus que se deve avaliar o ordenamento jus-desportivo aplicável ao futebol buscando verificar a dose de presente que deve deixar de subsistir no futuro, onde as virtudes e os defeitos da “estatização” ou da “privatização” da lex desportiva brasileira devem ser sopesados, levando em conta a spécificitè sportive, a complexidade da codificação desportiva e o alcance de ditames desportivos internacionais, sobretudo os promanados do arcabouço jurídico da FIFA - a “United Nations of Football” -, até porque olvidá-los corresponde a “suicídio desportivo” ou a auto-exílio da maior comunidade internacional com 207 países filiados. A lex sportiva para estar na vanguarda, e não na retaguarda, gerando mais luzes do que sombras, não pode fugir ao combate das três pragas principais que atualmente debilitam e malferem o futebol – violência, corrupção e dopping. E nesse diapasão, cabe à Legislação Desportiva brasileira estabelecer normas assecuratórias da credibilidade do espetáculo e dos atores desportivos, e, à Justiça Desportiva adotar, com celeridade, decisões que afastem o vírus contaminador da impunidade desportiva. Por isso mesmo, num mundo desportivo sem fronteiras e com o futebol cada vez mais penetrado por imperativos jurídicos, impende manter o ordenamento jus-desportivo sempre ajustado à singularidade dos fatos desportivos, amoldada aos novos paradigmas jus-desportivos internacionais e jungida aos anseios da sociedade desportivizada. Alfim, é difícil imaginar o futebol sem direito, assim como o Brasil e o mundo sem futebol. dd-el.com © 2001-2006