0 FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA NÚCLEO DE SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA EFEITO DO RECREIO ESCOLAR DIRIGIDO NO COMPORTAMENTO DO ALUNO Lucia Maria Ribeiro Torres Lucimar José da Silva Ribeiro Mônica França Farias Monografia de Graduação Porto Velho – RO 2007 i1 EFEITO DO RECREIO ESCOLAR DIRIGIDO NO COMPORTAMENTO DO ALUNO Autores: Lucia Maria Ribeiro Torres Lucimar José da Silva Ribeiro Mônica França Farias Orientador: Prof. Ms. Ricardo Faria Santos Canto Monografia apresentada ao curso de Educação Física do Núcleo de Saúde da Universidade Federal de Rondônia, para obtenção do título de Graduado em Licenciatura de Educação Física. Porto Velho – RO 2007 2 ii LUCIA MARIA RIBEIRO TORRES LUCIMAR JOSÉ DA SILVA RIBEIRO MÔNICA FRANÇA FARIAS EFEITO DO RECREIO ESCOLAR DIRIGIDO NO COMPORTAMENTO DO ALUNO Data da Defesa: BANCA EXAMINADORA Prof. Ms.Ricardo Faria Santos Canto – Orientador e Presidente Assinatura: _________________________________ Assinatura: _________________________________ Prof. Ms. Luis Gonzaga de Oliveira Gonçalves Assinatura: _________________________________ Prof. Esp. João Bernardino de Oliveira Neto 3 iii DEDICATÓRIA Dedicamos este trabalho às nossas famílias, a todos que colaboraram com a nossa pesquisa e a nós pelo nosso esforço e dedicação na realização desta pesquisa. 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos Inicialmente ao nosso Deus que nos deu o dom da vida e nos proporcionou a realização deste trabalho em conjunto, que foi para nós de grande importância e realização pessoal e profissional. Aos nossos familiares que acreditaram em nosso potencial e sempre nos incentivaram a ir em busca de nossos objetivos. Ao nosso orientador, professor e amigo Ricardo Canto, que nos incentivou e nos encorajou para a realização deste projeto. Aos participantes da pesquisa, que foram peças fundamentais e a todos que direta ou indiretamente contribuíram para que este trabalho fosse concluído. iv 5 “Recordo-me, com saudade, dos tempos de escola. Lembro com que ansiedade aguardávamos pelo recreio. Naqueles poucos minutos podíamos ser crianças: brincávamos, jogávamos, tínhamos lazer, tínhamos prazer. Quando voltávamos para a aula, deixávamos do lado de fora da sala toda nossa vivacidade, alegria e descontração, pois aula era coisa séria. Por isso não se concebiam brincadeiras ou jogos na sala de aula, espaço reservado a atividades caracterizadas pela seriedade”. (Carlos Antônio dos Santos) v 6 vi RESUMO A recreação compreende todas as atividades espontâneas, prazerosas e criadoras, que o indivíduo busca para melhor ocupar seu tempo livre. Deve principalmente atender aos diferentes interesses das diversas faixas etárias e dar liberdade de escolha das atividades, para que o prazer seja gerado. A sua versatilidade, isto é, a possibilidade de variar de acordo com o momento, faculta uma participação ativa e tranqüila às crianças. O presente trabalho tem como objetivo identificar os possíveis efeitos do recreio escolar dirigido no comportamento dos alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental Sebastiana Lima de Oliveira. Para chegar ao resultado encontrado, foi elaborado um projeto denominado “Recreio Escolar Dirigido” e aplicado no período de 2 (dois) meses na escola. A coleta de dados foi realizada em dois momentos. No primeiro momento realizou-se o pré-teste, antes de iniciar o projeto. A seguir, foi desenvolvido o projeto, que foi acompanhado sistematicamente pelas pesquisadoras. O passo seguinte foi a aplicação do póstestes, com objetivo de aferir os resultados do Projeto desenvolvido. Um dos aspectos centrais do trabalho foi enfatizar que é através dos movimentos que a criança interage com o meio ambiente para alcançar seus objetivos ou satisfazer suas necessidades e também se relacionar com o outro e que o recreio dirigido pode oferecer suporte eficiente para professores e equipe pedagógica na redução da algazarra e agressividade presente no contexto escolar durante o horário do recreio. Palavras-chave: agressividade. recreio dirigido. lúdico. 7 vii ABSTRACT The recreation understands all the spontaneous, pleasant and creative activities, that the indiviual searchs better to occupy is free time. It must mainly take care of the different interests off the diverse etárias bands and give freedom of choice the activities, so that the pleasure is generated. Its versatility, that is, the possibility to vary the moment in accordance with, authorizes an active and calm participation to the children. The present work has as objective to identify the possible effect of the pertaining to school recreation directed in the behavior of the pupils of the pupils of the State School of Basic Education Sebastiana Lima of Oliveira. To arrive at the found result. Directed “and applied Pertaining to school Recreation in the period of 2 (two) months in the school was elaborated a called projetct”. The collection of data was carried through at two moments. At the first moment the daily paytest was become fullfilled, before initiating the project. To follow, the project was developed, that was folloied sistematicamente by the researchers. The following step was the aplication of the after – tests, with objective to survey the results of the developed Project. One of the aspects central offices of the results of the work was to emphasize that it is through the movements that the child interacts with the environment to reach its objectives or to satisfy its necessities and also if to relate with the other and that the directed recreation can offer to efficient support for professors and pedagogical team in the reduction of the commotion and present aggressiveness in the pertaining to school context during the schedule off the recreation. Keywords: aggressiveness directed recreation playful 8 viii SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 10 1.1 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 12 1.2 OBJETIVOS ................................................................................................... 14 1.2.1 Geral............................................................................................................ 14 1.2.2 Específicos .................................................................................................. 14 1.3 QUESTÕES DA PESQUISA .......................................................................... 14 2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................ 15 2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA RECREAÇÃO ................................ 15 2.2 EDUCAÇÃO FÍSICA NO CONTEXTO PEDAGÓGICO .................................. 18 2.3 A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES LÚDICAS NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM............................................................................... 20 2.4 A ATIVIDADE LÚDICA COMO DIFERENCIAL NA REDUÇÃO DA AGRESSIVIDADE NO ÂMBITO ESCOLAR ................................................... 27 3 METODOLOGIA................................................................................................ 35 3.1 TIPO DE ESTUDO ......................................................................................... 35 3.3 FASES DA PESQUISA .................................................................................. 35 3.4 DEFINIÇÃO DA AMOSTRA ........................................................................... 36 3.5 INSTRUMENTOS DE PESQUISA ................................................................. 36 3.6 ANÁLISE DOS DADOS .................................................................................. 37 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................... 38 4.1 OBSERVAÇÕES DURANTE A APLICAÇÃO DO PROGRAMA ..................... 38 4.2 RESULTADOS OBTIDOS NO PRÉ E PÓS-TESTES .................................... 40 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES............................................................ 48 5.1 CONCLUSÕES .............................................................................................. 48 5.2 RECOMENDAÇÕES ...................................................................................... 49 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 51 APËNDICES......................................................................................................... 53 ANEXOS .............................................................................................................. 59 9 ix LISTA DE QUADROS Quadro 1: O recreio na escola ............................................................................. 40 Quadro 2: O retorno dos alunos à sala de aula após o recreio ............................ 42 Quadro 3: Grau de agressividade dos alunos ...................................................... 44 Quadro 4: Nível de interação com os alunos e aluno/professor ........................... 46 10 1 INTRODUÇÃO A escola tem vivenciado um aumento da agressividade e da violência, nos diversos momentos, especialmente nos períodos de intervalo entre as atividades formais. Isto pode estar ocorrendo, também, devido à falta de ações mais significativas, ou mesmo, pela falta de experiência com atividades que envolvam o espírito de colaboração e o respeito pela opinião do outro. O recreio, por representar um intervalo maior entre as atividades previstas, torna-se um momento passível de aumentar a incidência de demonstração de atos agressivos e de fomento à exclusão, uma vez que a falta de opções, de estímulos positivos e de desconhecimento sobre o universo lúdico, podem ser elementos capazes de influenciar atitudes de rebeldia. Além disso, existem as competições entre os diversos grupos existentes dentro da escola, que também utilizam a violência para resolver alguns fatos. Crianças que não são capazes de absorver eficientemente informações nem lidar bem com as mesmas, ou sofrem qualquer tipo de discriminação, geralmente, são aquelas zangadas, ansiosas, deprimidas e violentas. São estas emoções negativas que acabam por distorcer a atenção da criança das suas preocupações, representando maior possibilidade de envolverem-se em situações de risco (FANTE, 2005). De acordo com Lucon e Schwartz (2007) é por meio das situações de brincadeira que se pode desenvolver os vínculos afetivos e sociais positivos para, assim, poder-se viver em grupo e encontrar uma forma única ou principal de instrumentalizar a educação para a vida. 11 Na esfera do jogo, outros elementos característicos podem ser vitais para o aprimoramento deste momento, no qual o vínculo entre o prazer e a motivação favorece uma outra dinâmica de ação, capaz de fazer o adolescente compreender a regra de uma outra perspectiva, alimentando a vontade de realização. Sendo assim, a utilização deste meio lúdico permite criar um ambiente atraente e gratificante, que vai ao encontro das expectativas de superação da criança, servindo como forma de estímulo para que a criança tenha um desenvolvimento integral. As atividades de caráter lúdico podem representar um aspecto importante na canalização das angústias que permeiam algumas fases do desenvolvimento humano, uma vez que, por meio do jogo e da recreação o indivíduo tem a possibilidade de centrar-se na emoção, no prazer, podendo transformar essas emoções consideradas negativas em emoções mais positivas (CERRI, 2001). Sentimentos como tristeza, raiva ou frustração fazem parte da vida, mas, ao serem canalizados por meio de jogos ou brincadeiras, podem, não apenas ser aliviados, como também, tornar-se elementos catalisadores de aprendizado e de fortalecimento, inclusive, do próprio caráter. Considerando o exposto, a pesquisa pretende obter vivências e observações pessoais dos professores durante o recreio escolar, procurando identificar as formas de violência que se propagam durante o recreio e conhecer os efeitos do recreio escolar dirigido no comportamento dos alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental Sebastiana Lima de Oliveira. Os movimentos e brincadeiras não significam dispersão, mas sim, manifestações expressivas da motricidade infantil. Uma turma disciplinada, não 12 significa que todos tenham que estar quietos, impondo às crianças atividades rígidas e restritas. Quanto mais estimulador e desafiador o ambiente, maior será a possibilidade de ampliação do conhecimento. O mais importante é que nesta construção todos estejam envolvidos pelas atividades propostas, atingindo-se assim o crescimento de alunos e professores. Nesse contexto, questionou-se: Qual o efeito do recreio escolar dirigido. 1.1 JUSTIFICATIVA Cada época vivida pela humanidade tem características próprias, apresentando aspectos positivos e negativos. Na escola não é diferente; cada momento tem suas características próprias, o momento destinado a aprendizagem de conteúdos tem suas características e durante o recreio não pode ser diferente, as crianças não podem ficar a mercê de si próprias. Verifica-se que esta ocasião deve ser administrada por pessoas que se comprometam em oferecer atividades que permitam a interação das crianças, evitando o desconforto para alguns, diminuindo a violência, pois é um momento para se conhecerem melhor, além de se divertirem. Com o objetivo de melhorar o relacionamento entre as crianças, aprimoramento cultural, espírito de equipe, sociabilização e a melhoria da disciplina, o recreio é inserido durante os 15 minutos de intervalo. Este pode ser um momento em que os alunos podem realizar diferentes atividades, tais como: atividades recreativas, jogos culturais, artes plásticas, jogoteca, roda da paz e exposição, novos talentos, etc. 13 Neste sentido o recreio dirigido é uma forma de transformação, já que o mesmo não tira do aluno a liberdade de recreação, mas acrescenta novos momentos significativos para o seu desenvolvimento enquanto aluno-cidadão, pois faz com que o mesmo desenvolva a criatividade, a imaginação, o raciocínio, o cooperativismo, o respeito pelo outro e por suas diferenças, a conservação do ambiente escolar e melhorar seu desempenho ao retomar para a sala de aula. O recreio dirigido proporciona ao aluno a oportunidade de adquirir conhecimento de um maior número de assuntos, vivência em grupos maiores, respeito aos colegas, respeito pelo trabalho do colega, interesse pela escola e habilidades fora da classe, seu próprio valor e importância, dando uma nova visão sobre o mundo da criança e permite também uma intervenção intencional. O recreio não planejado dá espaço para algazarra e brigas. A criança precisa socializar-se também durante o recreio, criando-se assim um espaço onde ela possa brincar e aprender ao mesmo tempo, reduzindo a agressividade e a indisciplina tão presente na vida dos alunos. A contribuição da escola neste sentido é oferecer ao indivíduo elementos que o façam interagir e evoluir espontaneamente, percebendo que a origem social opera em interação com as funções mentais de cada um e com a coletividade através de um processo natural. Além disso, a escola deve inserir os projetos de mudanças, como o recreio dirigido, em seu projeto político pedagógico para que todos possam desempenhar uma função e participar ativamente do desenvolvimento do projeto e praticar a interdisciplinaridade. Neste sentido, percebe-se que o brincar durante o recreio não é apenas uma forma de ocupar o tempo, mas um elemento facilitador para a socialização, uma vez 14 que na espontaneidade e liberdade do momento, a criança interage com o grupo, buscando cumplicidade e companheirismo. 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Geral - Identificar os possíveis efeitos do recreio escolar dirigido no comportamento dos alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental Sebastiana Lima de Oliveira. 1.2.2 Específicos - Verificar a opinião dos profissionais de educação sobre o Recreio Escolar Dirigido; - Mostrar a importância do Recreio Escolar Dirigido para a melhoria do comportamento do aluno; - Verificar a influência do Recreio Escolar Dirigido na relação professor/aluno; - Identificar os benefícios do Recreio Escolar Dirigido para os alunos. 1.3 QUESTÕES DA PESQUISA - Qual é a opinião dos profissionais de educação sobre o recreio escolar dirigido? - Quais as principais alterações de comportamento observadas nos alunos a partir do recreio dirigido? - Qual a influência do recreio escolar dirigido na relação professor / aluno? - Até que ponto o recreio dirigido oferece benefícios ao aluno? 15 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA RECREAÇÃO A recreação teve sua origem na pré-história, quando o homem primitivo se divertia festejando o início da temporada de caça, a habitação de uma nova caverna. Segundo Araújo, 1973 (apud CANTO, 2004), essa manifestação da vida humana se transformou em danças primitivas de caráter de adoração, rituais fúnebres, invocação dos deuses, como o aspecto recreativo de alegria e vencimento de um obstáculo. As atividades sociais dos adultos representadas pelos jogos coletivos de culto religioso, foram divulgadas de geração pelas crianças em forma de brincadeiras. A evolução histórica da recreação acompanha o desenvolvimento da Psicologia, Pedagogia e da Educação. Nesse contexto, Marinho 1955 (apud CANTO, 2004), estudando as origens da Recreação no movimento contemporâneo, afirma que esta surgiu primeiramente associada à atividade infantil e, só mais tarde, se estendeu à vida do adulto. Essa afirmativa é exemplificada pelo autor a partir das idéias de Rabelais (1483) e Rousseau, 1712 (apud CANTO, 2004, p. 25), que defendem “intransigentemente a liberdade de movimento das crianças dizendo: é preciso que as crianças saltem, corram, gritem quando tenham vontade. Todos os movimentos são necessidades da sua constituição que procura fortificar-se”. Percebe-se nos autores que a criança não deve ter sua liberdade tolhida e sim estar sempre à vontade, ter seus movimentos sempre livres. 16 Em 1776, Hérbart (apud CANTO, 2004) aparece como marco importante para chegar-se ao momento moderno da recreação. Este autor define como sendo o gosto que se toma por uma coisa, o prazer que se sente ao conhecê-la, compreendê-la ou executá-la: Hérbart defende a necessidade dos jogos e brinquedos para as crianças, afirmando que elas devem estar sempre ocupadas, porque a ociosidade leva à desordem e ao desenfreamento. E vai mais além ao defender a liberdade da criança: há de conceder-se à criança toda a liberdade que as circunstâncias permitam para que se manifeste sinceramente e para que se possa estudar a sua individualidade (HERBART apud CANTO, 2004, p. 25). Anos depois, em 1782, surge Froebel, de cuja inspiração nasceu os jardins das crianças, que passaram a ser jardins de infância, e foram levados para a América do Norte, em 1886. A Alemanha foi um dos primeiros países do mundo a desenvolver programas sistemáticos de educação física. Conforme Neumeyer (1949 apud CANTO, 2004) o primeiro parque infantil foi aberto na Alemanha em 1874. Neste país, o jogo orientado teve sua origem no sistema escolar municipal, motivado e dirigido por professores. Na Suécia, a organização dos Jardins de Recreio tem por objetivo programar a ocupação sadia para o povo. A Inglaterra inclui os jogos e esportes em seu sistema educacional, e deu maior importância, primeiramente, ao atendimento do estudante ao invés de promovê-lo às massas (CANTO, 2004). De acordo com Corbin (1970 apud CANTO, 2004), nos Estados Unidos, as primeiras iniciativas no sentido da Recreação surgiram em 1853 quando, em Nova Iorque, foi adquirida pelos poderes públicos uma extensa área verde que hoje é o Central Park. 17 Em 1906 foi criado um órgão responsável pela recreação, o Playground Association of América, hoje mundialmente conhecido como National Recreation Association. O valor da recreação aumentava com a necessidade de incluir programas que satisfizessem ao público jovem e adulto. Por isso, o termo playground teria que mudar para Recreação, definindo um conceito mais amplo de brincadeiras para as crianças e outras atividades para os adultos (CANTO, 2004). No Brasil, a criação de praças públicas iniciou em 1927 no Rio Grande do Sul, sendo o seu fundador o prof. Frederico Guilherme Gaelzer. No “Alto da Bronze” (praça Gen. Osório) foram improvisadas a mais rudimentares aparelhagens. Pneus velhos amarrados às árvores, constituíam um excelente meio de recreação para a garotada. Somente em 1929 apareceram as praças de Educação Física, sob a orientação de instrutores, pois não havia professores especializados. Aos poucos surgiram novas praças, parques e, mais tarde, os Centros Comunitários Municipais. Atualmente, a recreação é regida pela Lei Complementar n. 836/97, Resolução SE nº 49/98 e Instrução Conjunta CENP/COGSP/CEI de 13/02/1998. Define-se o recreio como o intervalo descanso dos professores e alunos, dentro de cada período letivo. A LC 836/97 enfatiza que o recreio não poderá ter duração inferior a 15 (quinze) minutos, não podendo ser imposto ao professor pela Direção ser obrigado a ficar com os alunos nesse período. Ou seja, não existe recreio dirigido (art. 10, § 2º da LC nº 836/97). 18 2.2 EDUCAÇÃO FÍSICA NO CONTEXTO PEDAGÓGICO Geralmente, quando pensamos em Educação Física logo nos vêm à mente exercícios físicos como correr, fazer polichinelos, ou em exaustivas atividades que são realizadas cotidianamente nas academias de ginástica. A preocupação com o exercício físico tem cada vez mais se acentuado, afirmando-se como ciência e se integrando à nossa cultura atual, especialmente no momento em que o mundo passa por constantes transformações, nas quais os avanços tecnológicos acelerados se aliam aos conhecimentos, na busca de solucionar os problemas que se apresentam. Entretanto, segundo Gurgel (2001, p. 132), a preocupação com o pedagógico dentro da escola não tem avançado na mesma proporção: “existe ainda uma grande confusão entre o exercício físico e o desporto de competição”. Isso é um obstáculo sério para os programas de Educação Física, pois predominam a vaidade da vitória, dos recordes, das medalhas, dos títulos, dos interesses financeiros, dos patrocinadores e também a demagogia dos dirigentes políticos. Mas o que é Educação Física no contexto escolar? De acordo com Borges (apud GURGEL, PARMIGIANI, TEZZARI, 2002, p. 131) é [...] um segmento da educação que utiliza as atividades físicas, orientadas por processos didáticos e pedagógicos, com a finalidade do desenvolvimento integral do homem, consciente de si mesmo e do mundo que o cerca. Recentemente, a Educação Física escolar passou a ser mais destacada e valorizada, como uma manifestação no sentido de se libertar dos antigos sistemas doutrinários, buscando uma maior liberdade para os professores em relação à escolha dos exercícios e processos pedagógicos, conforme a sua preferência e adequação. 19 De acordo com Borges (apud GURGEL, PARMIGIANI, TEZZARI, 2002), as atividades físicas não podem ser vistas apenas do ponto de vista dos exercícios em si e sim da finalidade e das possibilidades desses exercícios, que devem ser postos como elementos facilitadores da estrutura mental da criança. Dessa forma, apresenta-se uma realidade onde se faz necessário refletir as práticas realizadas nas escolas no sentido de se buscar e promover mudanças de posturas e atitudes, daí a necessidade de se oferecer novas alternativas como recursos didático-pedagógicos, especialmente às crianças que recebem, em sua maioria, tudo pronto e industrializado. Com o fato do crescimento acelerado e a expansão das cidades, as crianças tiveram seus espaços reduzidos, passando a escola a ter a função não apenas de ensinar, mas de ser um local onde a criança possa também brincar e praticar atividades físicas e desportivas, como forma de explorar sua socialização e possibilitar seu desenvolvimento. Com isso, às vezes, passa mais tempo útil, contínuo, na escola, do que em casa Borges (apud GURGEL, PARMIGIANI, TEZZARI, 2002). A escola, ao mesmo tempo em que garante segurança à criança, é também um local de aprendizagem, onde a criança deverá ser respeitada, bem como ter estimuladas e aprimoradas suas habilidades e potencialidades básicas, daí a importância de oferecer-lhe conteúdos adequados ao seu processo de crescimento e desenvolvimento. Há, porém, a esperança de que as pessoas venham a ter consciência dos princípios essenciais, instituindo-se a Educação Física racional, aquela que será verdadeiramente colocada a serviço do homem e da sociedade, como base para o desenvolvimento geral da criança. Entretanto, em muitos casos, o que se percebe é 20 que não se possibilita à criança viver sua infância, especialmente a partir da alfabetização, onde a preocupação se acentua nos conteúdos e programas extensos para serem cumpridos em espaços de tempo limitados. Nessas etapas da Educação Infantil e séries iniciais nem sempre são levadas em consideração a estrutura e as necessidades da criança. Sua realidade é pouco valorizada pelo adulto, quanto ao que ela precisa ou deseja, sendo determinado por ele os conteúdos que acha melhor ou quer, fazendo propostas para moldá-la. Conforme Borges (apud GURGEL, PARMIGIANI, TEZZARI, 2002, p. 135), “observa-se que, em muitos casos, dá-se ênfase aos fins e não aos meios mais adequados. Pouco se valorizam os agentes que auxiliam como meio para se chegar a esse fim”. Ou seja, não se leva o aluno a descobrir; ele recebe o resultado pronto. Trata-se de uma situação na qual a criança é tratada como uma maquina de aprender a ler e escrever, de decorar, de copiar e de reproduzir o que a professora fala e que passa no quadro. A presença do lúdico na sala de aula é mínima. Isso decorre da falta de estrutura básica da escola, bem como da falta de um planejamento adequado e de operacionalização dentro da mesma, que não integra os programas em etapas e conteúdos definidos. 2.3 A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES LÚDICAS NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM Com o pensamento obsessivo de que a alfabetização se limita às quatro paredes da sala de aula e o método adequado dá ao professor o controle da 21 alfabetização de seus alunos, o próprio professor entra em conflito frente à situação de que o número de crianças com acesso à alfabetização aumentou e trouxe, como conseqüência, o fracasso escolar notável. Descobriu-se, então, a prática falida e começou o discurso da culpa: alunos submetidos, carentes, deficientes. Escola, máquina de reprodução das relações de poder. Professor mal pago, mal formado, incompetente. O educador encontra-se em permanente processo de desafio e confronto com seus próprios limites diante de uma formação que o permita lidar de maneira mais eficaz com as diversas dificuldades que surgem em seu cotidiano de aprendizagem. Assim, uma das funções do educador, hoje, é cuidar para que a aprendizagem seja uma conquista, nem sempre fácil, mais que pode ser prazerosa. E, como instrumento indispensável, pode utilizar o lúdico nas mais diferentes situações no contexto de sala de aula. Porém pode-se observar que nem sempre encontraremos professores que estejam dispostos a se desvincular do tradicionalismo para adotar uma postura lúdica. Neste contexto Santos (1998) nos mostra que existem quatro tipos de posturas e análises acerca do emprego de atividade lúdica no processo de ensinoaprendizagem. Há uma primeira corrente que se mostra totalmente avessa à idéia da adoção do lúdico na educação, pois entendem que o processo educativo é algo sério, não podendo ser maculado ou ridicularizado com atividades destituídas de valor acadêmico. Devido à sua tônica conservadora, pode-se chamar de reacionária. Há uma segunda corrente, de cunho mais pragmático e utilitarista, que analisa com bons olhos a adoção de atividades lúdicas na escola como mais uma 22 das técnicas de ensino. Desta corrente, que podemos chamar de utilitarista, fazem parte aqueles que recorrem aos manuais de técnicas de ensino, ávidos por aprenderem novos jogos e dinâmicas e deixando de lado os pressupostos teóricos de cada atividade. Tais professores pecam, talvez, pela ausência de uma reflexão mais profunda sobre o lúdico enquanto fenômeno cultural, e sobre suas bases e implicações pedagógicas, psicológicas e epistemológicas. Uma terceira corrente, a mediadora, caracteriza-se pela defesa do lúdico enquanto elemento catalisador da aprendizagem. A adoção de uma postura lúdica associada a objetivos instrucionais, faria do jogo um mediador no processo educacional. Dessa forma, o jogo serviria para desenvolver comportamentos que propiciassem a formação de estruturas cognitivas, psicomotoras e afetivas capazes de dar suporte e embasamento aos conhecimentos formais, além de estimular habilidades para o aprendizado e criar espaço para a construção das atividades necessárias ao pleno exercício da cidadania. A quarta corrente é defensora do lúdico, dissociado de objetivos instrucionais podendo então ser chamada de essencialista. Tal corrente enfatiza o resgate do prazer, do lazer, e analisa o jogo como uma possibilidade de transformação e construção de novos saberes e de uma nova realidade social. Os educadores dessa última corrente entendem que o processo educativo traz consigo toda uma possibilidade de vivência concreta do lúdico, enquanto divertimento, prazer, engajamento e participação. Entendem que o lúdico não é um método de ensino, é sim o conteúdo. Advogam, pois, a adoção de uma postura lúdica como necessidade básica para um viver saudável e construtivo, onde os alunos tenham plena liberdade de criar, organizar e administrar seus brinquedos e jogos. 23 O lúdico enquanto recurso pedagógico na aprendizagem deve ser encarado de forma séria, competente e responsável. Usado de maneira correta, poderá oportunizar ao educador e ao educando, importantes momentos de aprendizagens em múltiplos aspectos. Segundo Kishimoto (2002, p.24), a atividade lúdica é “antes de tudo um conjunto de procedimentos que permitem tornar o jogo possível”, isto é, uma atividade que supõe atribuir às significações da vida comum um outro sentido. O que remete à idéia de fazer-de-conta, de ruptura com as significações da vida cotidiana. A atividade lúdica compreende evidentemente estruturas de jogo que não se limitam às de jogo com regras. A atividade lúdica não é bloco monolítico, mas um conjunto vivo, diversificado conforme os indivíduos e os grupos, em função dos hábitos lúdicos, das condições climáticas ou espaciais (KISHIMOTO, 2002). O lúdico compreende o que se poderia chamar de esquemas de brincadeiras, para distingui-las das regras. Trata-se de regras vagas, de estruturas gerais e imprecisas que permitem organizar jogos de imitação ou ficção. Ramalho (2001) observa que ao iniciar seu processo de alfabetização, a criança anuncia que através de suas brincadeiras pode compreender melhor o significado do mundo ao seu redor. Considerando-se sua importância na aprendizagem, o lúdico favorecerá de forma eficaz o pleno desenvolvimento das potencialidades criativas das crianças, cabendo ao educador, intervir de forma adequada, sem dificultar a criatividade da criança. Respeitando o desenvolvimento do processo lúdico, o educador poderá desenvolver novas habilidades no repertório da aprendizagem infantil. Finalmente, o lúdico compreende conteúdos mais precisos que vem revestir essas estruturas gerais, sob forma de um personagem e produzem jogos 24 particulares em função dos interesses das crianças, da moda, da atualidade. A atividade lúdica se apodera de elementos da cultura do ambiente da criança para aclimatá-la ao jogo. Brincando, a criança exercita suas potencialidades e se desenvolve. O desafio, contido nas situações lúdicas, provoca o pensamento e leva as crianças a alcançarem níveis de desenvolvimento que só as ações, por motivações intrínsecas conseguem. Ela age, esforça-se sem sentir cansaço; não fica estressada porque está livre de cobranças; avança, ousa, descobre, realiza com alegria, sentindo-se mais capaz e, portanto, mais confiante em si mesma e predisposta a aprender. Por sua vez a função educativa do jogo oportuniza a aprendizagem do indivíduo, seu conhecimento e sua compreensão de mundo que influência significativamente no desenvolvimento cognitivo, psicomotor e afetivo da criança, mas a escola lhe nega, muitas vezes, o direito de brincar, obrigando-a a calar-se, a parar de movimentar-se, de exercitar sua criatividade e, nesse contexto, aprender passa a ser uma tarefa penosa. Acerca dessa educação Santos (1998, p. 51) nos diz: Recordo-me, com saudade, dos tempos de escola. Lembro com que ansiedade aguardávamos pelo recreio. Naqueles poucos minutos podíamos ser crianças: brincávamos, jogávamos, tínhamos lazer, tínhamos prazer. Quando voltávamos para a aula, deixávamos do lado de fora da sala toda nossa vivacidade, alegria e descontração, pois aula era coisa séria. Por isso não se concebiam brincadeiras ou jogos na sala de aula, espaço reservado a atividades caracterizadas pela seriedade. A brincadeira constitui-se, basicamente, em um sistema que integra a vida social da criança, assim as brincadeiras fazem parte do patrimônio lúdico-cultural e precisam ser mais consideradas em nossas escolas, pois pela análise da realidade educacional brasileira pode-se verificar que na grande maioria das instituições de ensino as atividades lúdicas são pouco exploradas e, mesmo quando são realizadas 25 não lhes são dado o valor que merecem pois são vistos como simples passatempo e/ ou divertimento sem nenhuma finalidade didática. Sobre este aspecto Cunha (1988, p. 42) nos afirma: [...] no brinquedo existe necessariamente participação e engajamento, o brinquedo é certamente uma forma de desenvolver a capacidade de engajar-se, de manter-se ativo e participante. A criança que brinca bastante será um adulto trabalhador. A criança que sempre participou de jogos e brincadeiras grupais saberá trabalhar em grupo; por ter aprendido a aceitar as regras do jogo, saberá também respeitar as normas grupais e sociais. É brincando bastante que a criança vai aprendendo a ser um adulto consciente, capaz de participar e engajar-se na vida de sua comunidade. As atividades envolverão os alunos entre si. A participação cooperativa vai favorecer a aprendizagem, diminuir o egocentrismo o que favorecerá a socialização. Com relação à socialização proporcionada no desenvolvimento das atividades lúdicas, Vygotsky (apud REGO, 1995, p. 82) afirma: [...] A brincadeira tem a função significativa no processo de desenvolvimento infantil. Ela também é responsável por criar uma zona de desenvolvimento proximal justamente porque, através da imitação realizada na brincadeira, a criança internaliza regras de conduta, valores, modo de agir e pensar de seu grupo social, que passam a orientar o seu próprio comportamento e desenvolvimento. A ludicidade e a aprendizagem não podem ser consideradas como ações com objetivos distintos. O jogo e a brincadeira são, por si só uma situação de aprendizagem. As regras e a imaginação favorecem à criança comportamentos além dos habituais. A importância do jogo de regras surge quando aprendemos a lidar com a delimitação, no espaço, no tempo, no tipo de movimento válido, na utilização dos objetos e do corpo. Piaget (1971) vê no jogo um processo de ajuda ao desenvolvimento da criança; acompanha-a, sendo, ao mesmo tempo, uma atividade conseqüente de seu próprio crescimento. 26 A partir do exposto acima, pode-se inferir que a criança aprende com seu corpo em movimento e, melhor ainda, no espaço da liberdade, criatividade e ludicidade. Portanto, é necessário que qualquer professor de séries iniciais, tenha essa idéia geral de como a criança se desenvolve, pois "a criança tem um corpo e está no seu corpo, e é um ser que construirá seu processo cultural pelo seu próprio corpo em movimento" (SANTOS, 1998, p. 40). Conforme os PCN‟s de Educação Física (BRASIL, 2001, p. 36), as situações lúdicas, competitivas ou não, “são contexto favoráveis de aprendizagem, pois permitem o exercício de uma ampla gama de movimentos que solicitam a atenção do aluno na tentativa de executá-los de forma satisfatória e adequada”. Elas incluem, simultaneamente, a possibilidade de repetição para manutenção e por prazer funcional e a oportunidade de ter diferentes problemas a resolver. Além disso, pelo fato de o jogo constituir um movimento de interação social bastante significativo, as questões de sociabilidade constituem motivação suficiente para que o interesse pela atividade seja mantido. Nesse sentido, uma atividade só se tornará desinteressante para a criança quando não representar mais nenhum problema a ser resolvido, nenhuma possibilidade de prazer funcional pela repetição e nenhuma motivação relacionada à interação social. Portanto, deixar viver a criança simplesmente como um ser humano e, de outra forma, estabelecer com ela uma relação de pessoa a pessoa, são duas maneiras radicalmente diferentes de olhar, pois o homem é o movimento de sua própria história numa dialética permanente entre o eu e o mundo. 27 2.4 A ATIVIDADE LÚDICA COMO DIFERENCIAL NA REDUÇÃO DA AGRESSIVIDADE NO ÂMBITO ESCOLAR A disciplina Educação Física oferece vários meios para o desenvolvimento afetivo e cognitivo do aluno. Sua prática favorece a capacidade de concentração, a coordenação motora e a possibilidade de um melhor desempenho do aluno em sala de aula. A Educação Física deve dar oportunidades a todos os alunos para que desenvolvam suas potencialidades de forma democrática e não seletiva, visando seu aprimoramento como seres humanos. Partindo deste pressuposto, percebemos que os profissionais de Educação Física podem oportunizar um desenvolvimento criativo, pois a prática de brincadeiras dentro do esporte além de favorecer a consciência do próprio corpo, seus limites e possibilidades, desenvolve o espírito de solidariedade, de cooperação mútua e de respeito pelo coletivo. Dentro da Educação Física o indivíduo aprende regras necessárias para organização de atividades, partilha de decisões e emoções, reconhece seus limites dentro do espaço físico proposto e valoriza a convivência social. Encontra soluções em conjunto para os problemas, fator essencial para uma vida em sociedade, afastando assim a violência e a discriminação, pois estará praticando no seu dia-adia o exercício de cidadania, de forma livre e prazerosa. Segundo Lucon e Schwartz (2007) a escola tem vivenciado um aumento da agressividade e da violência, nos diversos momentos, especialmente nos períodos de intervalo entre as atividades formais. Isto pode estar ocorrendo, também, devido à falta de ações mais significativas, ou mesmo, pela falta de experiência com 28 atividades que envolvam o espírito de colaboração e o respeito pela opinião do outro. A agressividade, segundo Fante (2005, p. 54) é um termo complexo e polissêmico, isto é, apresenta diferentes sentidos, e o seu significado se define a partir do seu contexto formador – social, econômico ou cultural -, de acordo com o sistema de valores adotados por cada sociedade e levando em consideração o seu nível de tolerância para com a violência. A Enciclopédia Larrouse Cultural (apud FANTE, 2005, p. 154) define violência como “ato de força, impetuosidade, acometimento, brutalidade, veemência”. Em regra, a violência resulta da ação, ou da força irresistível, praticada na intenção de um objeto que não seria ela. O termo agressividade também é polissêmico, sendo empregado em diversas situações e com sentidos diferentes. De acordo com o Dicionário ilustrado Koogan/Houaiss (apud FANTE, 2005, p. 156) é “a tendência a atacar, a provocar”. Em psicologia, é “a forma de desequilíbrio psíquico que se traduz por uma hostilidade permanente diante de outrem”. O comportamento agressivo ou violento nas escolas é hoje, segundo Fante (2005, p. 168) “o fenômeno social mais complexo e difícil de compreender, pois afeta a sociedade como um todo, atingindo diretamente as crianças de todas as escolas do país e do mundo”. O fenômeno é resultante de inúmeros fatores, tanto externos como internos à escola, caracterizados pelos tipos de interações sociais, familiares, socioeducacionais e pelas expressões comportamentais agressivas manifestadas nas relações interpessoais. Os fatores externos são decisivos na formação da personalidade do aluno, pela influência que recebe no seu contexto familiar, social e pelos meios de 29 comunicação. A escola não dispõe de recursos e de meios para impedir a influência dos fatores externos sobre a vida de seus alunos, entretanto, torna-se alvo de muitos casos de violência, praticados em decorrência desses fatores que não estão sob seu controle. Os fatores externos, segundo Abramoway (apud FANTE, 2005, p. 168) [...] referem-se a explicações de ordem socioeconômica, ao agravamento das exclusões sociais, raciais e de gênero, à perda de referencial entre os jovens, ao surgimento de „galeras‟, „gangues‟, „tráfico de drogas‟, desestruturação familiar, à perda de espaço de sociabilidade. Estes fatores citados são observados no cotidiano de muitas pessoas. No Rio de Janeiro, por exemplo, os meios de comunicação noticiam amplamente o grau de violência ocasionado pelo tráfico de drogas e que impede aos alunos e funcionários irem à escolas. Quanto aos fatores internos, pode-se classificá-los em três categorias: o clima escolar, as relações interpessoais e as características individuais de cada membro da comunidade escolar. A respeito da violência que afeta o ambiente escolar, autores como Bee (1986) e Goleman (1995) salientam que, tanto a realidade social (família, escola, amigos), quanto os estímulos gerados pela mídia, especialmente a televisão, podem interferir sensivelmente na formação de indivíduos agressivos, os quais utilizam a agressividade como estratégia de resolução de problemas cotidianos, dentro e fora do ambiente escolar. A rejeição da criança pelos pais, a falta de amparo, privação de afeto condicionam uma contínua necessidade e procura de amor. Esta necessidade desencadeia dois aspectos da personalidade: a) externo: manifestado pelo desejo de chamar a atenção de exibicionismos e conseqüente busca de companhia e assistência; b) interno: demonstrado pela vontade de permanecer criança, de ser dependente e procurar fontes de amor. Não conseguindo receber essas fonte e receber afeto, porque no fundo se sente rejeitada, a criança é levada à ansiedade. 30 Essa ansiedade, consequentemente acarretará distúrbios de conduta evolutiva que podem evoluir até a verdadeira histeria (SALINA apud CANTO, 2004, p. 73). Crianças que não são capazes de absorver eficientemente informações nem lidar bem com as mesmas, ou sofrem qualquer tipo de discriminação, geralmente, são aquelas zangadas, ansiosas, deprimidas e violentas. São estas emoções negativas que acabam por distorcer a atenção da criança das suas preocupações, representando maior possibilidade e envolverem-se em situações de risco e de levar suas vidas para o mundo das drogas, do crime e do álcool, conforme evidencia Senicato (1998). Este mesmo autor ainda salienta que, quando o indivíduo cresce desta maneira perturbada é comum que não consiga pensar direito, pois cria deficiências nas aptidões intelectuais, mutilando a capacidade de aprender, tornando-se, assim, um indivíduo difícil de lidar e de conter sua conduta. Por outro lado, de maneira enfática, esse autor destaca ainda que, uma dose de agressividade moderada também faz parte do ser humano e deve estar presente em nossa vida para nos impulsionar a dominar conhecimentos e a buscar o entendimento do mundo além de seu crescimento pessoal. Conforme Baum (2004) a agressividade é necessária para a nossa sobrevivência, pois o homem necessita de energia agressiva para se desenvolver. Essa energia, segundo a autora, é necessária também para a sua afirmação como indivíduo, para lhe dar força e, em caso de necessidade, permitir-lhe que se imponha diante dos outros. Porém, o que se tem visto no ambiente escolar extrapola este teor de moderação a respeito da agressividade, tornando-se um problema de difícil solução (LUCON E SCHWARTZ, 2007). Atualmente, observam-se crianças e adolescentes armados com todos os tipos de artefatos, agredindo-se entre si, ou mesmo matando outras crianças e 31 adolescentes, inclusive no ambiente escolar. Mas tais condutas fazem parte de um mundo em que essas crianças vivem ou que a sociedade projeta a cada dia nos meios midiáticos de comunicação, os quais invadem as casas. O recreio, por representar um intervalo maior entre as atividades previstas, torna-se um momento passível de aumentar a incidência de demonstração de atos agressivos e de fomento à exclusão, uma vez que a falta de opções, de estímulos positivos e de desconhecimento sobre o universo lúdico, podem ser elementos capazes de influenciar atitudes de rebeldia. Além disso, existem as competições entre os diversos grupos existentes dentro da escola, que também utilizam a violência para resolver alguns fatos (LUCON E SCHWARTZ, 2007). Como se pode, então, relacionar situações repletas de agressividade à possibilidade de vivenciar a brincadeira? Uma possível resposta poderia estar vinculada ao fato de que brincar é uma ação do homem lúdico, o qual faz parte do homem integral, pois o lúdico está presente no indivíduo desde o momento do nascimento; e, ao brincar, este desenvolve muito mais que apenas aspectos relacionados ao sistema ou ao intelectual. É por meio das situações de brincadeira que se pode desenvolver os vínculos afetivos e sociais positivos para, assim, poder-se viver em grupo e encontrar uma forma única ou principal de instrumentalizar a educação para a vida (SENICATO, 1998). Na esfera do jogo, outros elementos característicos podem ser vitais para o aprimoramento deste momento, no qual o vínculo entre o prazer e a motivação favorece uma outra dinâmica de ação, capaz de fazer o adolescente compreender a regra de uma outra perspectiva, alimentando a vontade de realização. 32 Sendo assim, a utilização deste meio lúdico permite criar um ambiente atraente e gratificante, que vai ao encontro das expectativas de superação da criança e do adolescente, servindo como forma de estímulo para que a criança tenha um desenvolvimento integral, conforme evidencia Cerri (2001). As atividades de caráter lúdico podem representar um aspecto importante na canalização das angústias que permeiam algumas fases do desenvolvimento humano, uma vez que, por meio do jogo e da recreação o indivíduo tem a possibilidade de centra-se na emoção e no prazer, podendo transformar essas emoções consideradas negativas em emoções mais positivas. Sentimentos como tristeza, raiva ou frustração fazem parte da vida, mas, ao serem canalizados por meio de jogos ou brincadeiras, podem, não apenas ser aliviados, como também, tornar-se elementos catalisadores de aprendizado e de fortalecimento, inclusive, do próprio caráter, como afirma Senicato (1998). Com a presença das atividades lúdicas e suas características de maior espontaneidade, uso do imaginário e relação com o mundo simbólico, Bomtempo (1986), Alves (1986), assim como Cerri (2001), destacam a possibilidade dos alunos incorporarem o mundo ao redor, sem compromisso direto com a realidade, aumentando a liberdade de expressão e o prazer da convivência com o outro do grupo social ao qual pertencem. Para estes mesmo autores, é muito importante que o lúdico seja sempre motivado, pois é essencial na vivência e no crescimento saudável e harmônico das crianças, além de ser importante para a formação crítica e criativa. Por meio das atividades lúdicas e suas características, os alunos podem atuar de forma mais natural, coerente com as expectativas da faixa etária, adquirindo 33 maior autoconfiança e independência, conforme salientam Lima (apud Cerri, 2001) e Romera (1999), ampliando, inclusive, o universo motor. O lúdico, tomado como uma forma de lidar com a agressividade, possibilita à criança expressar simbolicamente o que foi reprimido, expandir sentimentos acumulados de tensão, insegurança, frustração e agressividade, permitindo a conscientização de uma forma natural, fluente e sem culpa (CERRI, 2001). Estes elementos impulsionaram o interesse deste estudo, em procurar investigar sobre a perspectiva de atuação da atividade lúdica como um diferencial na minimização da agressividade no contexto escolar. As situações lúdicas, competitivas ou não, são contextos favoráveis de aprendizagem, pois permitem o exercício de uma ampla gama de movimentos que solicitam a atenção do aluno na tentativa de executá-los de forma satisfatória e adequada. Elas incluem, simultaneamente, a possibilidade de repetição para a manutenção e por prazer funcional e a oportunidade de ter diferentes problemas a resolver. Além disso, pelo fato de o jogo constituir um movimento de interação social bastante significativo, as questões de sociabilidade constituem movimentação suficiente para que o interesse pela atividade seja mantido. Para que essas atividades sejam transformadas em aprendizagem é necessário que sejam ministradas por profissionais da área. Conforme os PCN (BRASIL, 2001, p. 30): Nos jogos, ao interagirem com os adversários, os alunos podem desenvolver o respeito mútuo, buscando participar de forma leal e não violenta. Confrontar com o resultado de um Jogo com a presença de um arbitro permitem a vivência e o desenvolvimento da capacidade de julgamento de justiça e de injustiça. Principalmente nos jogos, em que é fundamental que se trabalhe em equipe, a solidariedade pode ser exercida e valorizada. Em relação a postura diante do adversário podem-se desenvolver atitudes de solidariedade e dignidade, nos momentos em que, por exemplo, quem ganha é 34 capaz de não provocar e não humilhar, e quem perde pode reconhecer a vitória dos outros sem se sentir humilhado. 35 3 METODOLOGIA A escola tem vivenciado um aumento da agressividade e da violência, nos diversos momentos, especialmente nos períodos de intervalo entre as atividades formais. Isto pode estar ocorrendo, também, devido à falta de ações mais significativas, ou mesmo, pela falta de experiência com atividades que envolvam o espírito de colaboração e o respeito pela opinião do outro. Apresenta-se a seguir a metodologia utilizada na realização da pesquisa. 3.1 TIPO DE ESTUDO Devido aos objetivos da pesquisa, que procurou coletar informações sobre os possíveis efeitos do recreio escolar dirigido no comportamento dos alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental Sebastiana Lima de Oliveira, entendeu-se optar pela pesquisa qualitativa. De acordo com Goldenberg (2003, p. 53), “os dados qualitativos consistem em descrições detalhadas de situações com o objetivo de compreender os indivíduos em seus próprios termos”. Além disso, a abordagem qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento, portanto trata-se de uma pesquisa descritiva, de campo, do tipo experimental. 3.3 FASES DA PESQUISA A pesquisa foi realizada em diversas etapas. A primeira etapa consistiu em pesquisa bibliográfica utilizando como instrumento de pesquisa livros, revistas 36 especializadas e sites da Internet, que após fichamento possibilitou a construção do referencial teórico. As etapas seguintes consistiram através da experiência vivida na escola, elaboração dos instrumentos de coleta de dados partindo de um pré-teste para verificar como acontecia o desenvolvimento do recreio; aplicação dos questionários; análise, interpretação e apresentação dos resultados dos dados colhidos com o préteste; elaboração e aplicação do programa para realização do projeto Recreio Escolar Dirigido, com a duração de um bimestre ,sendo aplicado três vezes por semana; elaboração do pós-teste com o objetivo de verificar se houveram mudanças ao término da aplicação do programa, análise, interpretação e apresentação dos dados colhidos no pós-teste ; confronto das duas etapas e finalmente análise dos dados em conjunto . 3.4 DEFINIÇÃO DA AMOSTRA A população-alvo desta pesquisa constituiu-se de professores, corpo técnico e 120 (cento e vinte) alunos de 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental. Responderam ao questionário 4 (quatro) professores, (1 (um) supervisor e 1 (um) orientador educacional. Na realização do pré-teste houve resistência por parte de algumas professoras e da supervisora. Entretanto, tivemos total apoio da direção da escola, inclusive a mesma é formada em Educação Física. Teve-se a colaboração das inspetoras, após entenderem como funcionava o programa. 3.5 INSTRUMENTOS DE PESQUISA Como instrumento de coleta de dados utilizou-se o questionário estruturado com perguntas abertas no pré-teste (Apêndice 1). O pós-teste (Apêndice 2) foi 37 realizado com perguntas abertas. Utilizou-se também um programa de atividades recreativas que foram aplicadas durante o recreio escolar com alunos de 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental (Apêndice 3). Conforme Lakatos e Marconi (1991, p. 203), questionário é um instrumento de coleta de dados constituído por uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador. Já a observação, segundo André (1986, p. 26) “possibilita um contato pessoal e estreito do pesquisador com o fenômeno pesquisado”; permitindo ao observador chegar mais perto da perspectiva dos sujeitos, ou seja, os significados que eles atribuem à realidade que os cerca. 3.6 ANÁLISE DOS DADOS Após a pesquisa bibliográfica e de campo foi feito a organização e consolidação das informações levantadas. Os dados coletados na pesquisa de campo foram consolidados, onde elaborou-se quadros descritivos contendo a resposta dos profissionais que preencheram os questionários e relatos das observações realizadas, após análise, foram confrontadas com o referencial teórico estudado. A população envolvida na pesquisa foi informada do seu conteúdo e propósito, sendo mantido o anonimato. 38 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 OBSERVAÇÕES DURANTE A APLICAÇÃO DO PROGRAMA No início da aplicação do projeto observou-se que os alunos saiam para o recreio de forma desordenada, pois os mesmos ainda não tinham conhecimento do trabalho que seria desenvolvido; este aspecto foi intencional, pois o desejado era observar a reação dos alunos diante da nossa presença e do material exposto no pátio. Nos primeiros dias houve pouca participação dos alunos, alguns, talvez por timidez, outros por desinteresse. Os que participavam agiam de forma desorganizada, necessitando de intervenção em alguns momentos. No decorrer da aplicação do projeto observou-se uma procura maior por parte dos alunos com relação ao material e às atividades propostas, demonstrando preferência por um ou outro material. Os mais concorridos eram: dama, ping-pong, pula corda e jogo de botão. Alguns dias depois as crianças já estavam habituadas com a nossa presença, já era motivo de expectativa e, enquanto o lanche era servido, alguns vinham até nós e já reservavam o material de sua preferência. Quando tocava o sinal, encerrando o recreio, os mais empolgados não queriam entregar o material para retornar a sala de aula, então sugeriu-se à diretoria que tocasse o sinal duas vezes com um intervalo de três minutos para que os mesmos voltassem a calma e assim retornassem à sala de aula. Essa sugestão foi prontamente aceita pela direção e o projeto transcorreu sem maiores intervenções. 39 Percebeu-se durante a aplicação do projeto que as crianças gostam de brincar. De fato, o ato de brincar é uma das pouas coisas democráticas na sociedade atual, não necessita de aparato tecnológico ou algum brinquedo sofisticado, e sim, dependendo apenas de um ambiente desafiador que proporcione um desenvolvimento psicológico e emocional como base de um desenvolvimento intelectual e/ou cultural. Os PCNs (BRASIL, 1993, p. 27) relatam a importância do brincar construindo o desenvolvimento da criança e de sua ponte com a realidade: [...] o principal indicador da brincadeira entre as crianças, é o papel que assumem enquanto brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira, as crianças agem frente à realidade de maneira não-literal, transferindo e substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do papel assumido, utilizando-se de objetos substitutos. Dessa forma, pode-se afirmar o valor da atividade lúdica para o desenvolvimento integral da criança e a necessidade que ela tem de viver a experiência do brincar, da verdadeira brincadeira espontânea, na qual ela faz as suas próprias descobertas, constrói seus próprios conhecimentos e busca a sua maneira o seu estar criativo no mundo. Nesse contexto, entende-se que a escola pode proporcionar este ambiente através de projetos e atividades interdisciplinares. Entretanto, é necessário que professores e equipe técnico-pedagógica estejam realmente comprometidos com a mudança na educação e se integrem num só objetivo. 40 4.2 RESULTADOS OBTIDOS NO PRÉ E PÓS-TESTES Quadro 1: O recreio na escola Profissional Resultado encontrado antes de iniciar o projeto Orientadora Supervisora Professor 1 Professor 2 Professor 3 Professor 4 Apesar dos alunos serem orientados quanto à permanência no recreio, havia muitas reclamações de esbarroamento devido eles correrem sem nenhum tipo de direcionamento. Por mais que os inspetores monitorassem, sempre havia um aluno ferido ou machucado. Resultado encontrado após a conclusão do projeto Hoje, os alunos estão mais voltados para os trabalhos desenvolvidos pelos (as) acadêmicos (as) em Educação Física; com o recreio dirigido ficou bem mais calmo, diminuiu bastante as brincadeiras violentas. O recreio tornou-se mais tranquilo. As crianças brigavam bastante. Observou-se algumas brincadeiras mais Não havia direcionamento nas prazerosas, com mais disciplina. brincadeiras praticadas por eles. Também notou-se que as crianças procuravam por brinquedos, já que os mesmos não pertenciam à escola. Correria, gritos, muitos tombos, Tranquilo, as crianças aproveitam mais o machucados e puxa-puxa. intervalo. O recreio funcionava Mais tranquilo. normalmente, das 15:45 às 16:00 horas. Antes do recreio ia tudo bem, mas depois ficava difícil continuar aula com bom empenho. Com muita agressividade, corriam O Projeto Escolar Dirigido foi muito bem pelo pátio da escola sem controle. dirigido. As crianças deixaram de brincar com violência. E tiveram um recreio mais calmo, sem muita correria. As crianças bricavam de Com brincadeiras e todos participando, diferentes maneiras, no pátio e ao pois o referido projeto deveria ter durado redor da escola. por muito tempo. Fonte: Dados coletados pelas autoras 41 O recreio escolar, conforme verificou-se na fala dos professores, supervisora e orientadora era considerado muito turbulento. Entretanto, convém lembrar que no recreio, há uma grande mistura de alunos, cada qual com características próprias e o professor não pode oferecer uma atenção individual ao aluno. Nesse contexto, vale referendar as palavras de Fante (2005) que relata que a ausência de uma proposta pedagógica que assegure o trabalho com a diversidade, faz com que o professor manifeste, mesmo que implicitamente, uma predileção por um ou outro aluno e passe a acreditar na capacidade destes em detrimento dos demais. O recreio dirigido proporciona ao aluno conhecimento de um número maior de assuntos, vivência em grupos maiores, respeito aos colegas, respeito pelo trabalho dos colegas, interesse pela escola e habilidades fora da classe, seu próprio valor e importância. O recreio dirigido oferece essa oportunidade dando uma nova visão sobre o mundo da criança e permite também uma intervenção intencional. No PCN/Infantil (BRASIL, 1998, p. 29) evidencia-se: [...] a intervenção intencional, baseada na observação das brincadeiras das crianças, oferecendo-lhes material adequado, assim como um espaço estruturado para brincar permite o enriquecimento das competências imaginativas, criativas e organizacionais infantis. Diante da pesquisa realizada, foi fácil perceber que um recreio não planejado abre espaço para a algazarra, as brigas e que a criança precisa socializarse também durante o recreio, criando-se assim um espaço onde ela possa brincar e aprender ao mesmo tempo, reduzindo a agressividade e a indisciplina tão presente na vida dos alunos. 42 Quadro 2: O retorno dos alunos à sala de aula após o recreio Profissional Orientadora Supervisora Professor 1 Resultado encontrado antes de iniciar o projeto Resultado encontrado após a conclusão do projeto Retornavam suados, sujos, muitos dos alunos, por não terem o hábitode higiene, até com cheiro forte e muito agitados. Observamos que ao retornarem para a sala de aula, os alunos estão menos suados, o odor dentro da sala está mais ameno e os professores mais satisfeitos com as atuações dos mesmos. Bem agitados. Os inspetores Ainda demonstram um pouco correndo atrás dos alunos para que agitação, mas melhorou bastante. eles retornassem logo à sala de aula. de Meninos e meninas suados, feridos Mais calmos. e, às vezes, sangrando. Professor 2 Os alunos retornavam muito Mais realizados, calmos. agitados, era e é impossível continuar um conteúdo com eles. Primeiramente, que as brincadeiras deles só é correndo, e quando retornam estão bastante suados, cansados e a tarde faz muito calor. Professor 3 Sujos, com muito barulho e até com Com certeza mais calmos. Sempre tem algumas lesões corporais. um ou outro que são agitados, mas isso é normal. Professor 4 Após o sino do recreio as crianças Agora eles voltam mais calmos e tomavam água e em seguida iam menos sujos. Também noto mais entrando na sala de aula. companheirismo um com o outro. Fonte: Dados coletados pelas autoras O retorno à aula, conforme evidenciou-se, era muito desanimador para os professores. Apenas o professor 4 relatou que as crianças seguiam um comportamento pré-estabelecido. Os demais professores, a orientadora e a supervisora relataram a ausência de higiene, níveis de lesões corporais adquiridos 43 durante muita agitação e que permanecia após o recreio, impedindo a continuação de desenvolver conteúdos com eles. Percebe-se que, durante o recreio, os alunos extravasavam suas energias, sem nenhum direcionamento e inclusive com agressões físicas. Após a aplicação do Projeto recreio dirigido, verificou-se na fala dos professores e demais profissionais que os alunos tiveram uma melhoria no retorno à sala de aula, voltando mais calmos (e também menos sujos), pois as brincadeiras aplicadas durante o projeto eram direcionadas (mas não tolhiam os movimentos das crianças). Segundo Fante (2005), as crianças necessitam de regras para sobreviver. Aliás, toda a sociedade é mantida em cima de regras. As regras, conforme a autora, devem deixar transparecer o consenso entre os professores e os alunos quanto ao comportamento dos mesmos, ou seja, do que deve ser considerado indisciplina e a definição das perspectivas de ação frente a esse comportamento.O importante é que os alunos tenham consciência da importância do estabelecimento de regras e que estas devem ser seguidas por eles na sala de aula e na escola para proporcionar um ambiente saudável para a aprendizagem. Assim, para evitar uma possível crise de valores entre professor e alunos é preciso que o educador trabalhe em função do aluno real e não do aluno ideal, para tanto, é necessário que ele conheça o meio em que a criança vive para depois elaborar, com a participação da mesma, as normas de comportamento a serem seguidas. As regras devem estar de acordo com a opinião, se não de todos, pelo menos da maioria dos alunos, pois esse deve ser um processo democrático e, somente reconhecendo-se como responsável pela elaboração das normas, o educando as respeitará. O diálogo possibilita ao professor perceber como funciona o 44 mundo da criança conhecendo-a melhor e, respaldados nesses conhecimentos, aceitarão melhor as opiniões e sugestões dos alunos. Quadro 3: Grau de agressividade dos alunos Profissional Orientadora Supervisora Resultado encontrado antes de iniciar o projeto Resultado encontrado após a conclusão do projeto Na minha opinião, o grau de Na minha opinião eles estão com a agressividade era forte. agressividade em baixa. Acredito que dentro do limite. Diríamos que Apesar de agitados, não chegavam aproximadamente 50%. a ser violentos. Era realmente muito grande. melhorou Menos violento do que antes. Professor 1 Professor 2 Eles são bastante agressivos, Diminuíram as agressoes e acontecem desde o começo do ano, menos brigas. principalmente porque já se conhecem e tem muita liberdade um com o outro. A brincadeira deles é de empurrar, bater um no outro, correr... Era muito grande e sem controle. Menos agresivos. Professor 3 Professor 4 Eles brigavam mais. Hoje há aula Bem menos que o anterior. de Educação Física, eles vem mais calmos e mais controlados ao retornarem do recreio. Fonte: Dados coletados pelas autoras O grau de agressividade podia ser considerado muito alto. Candau, 1999 (apud FANTE, 2007) apontou a prática de agressões físicas e verbais entre os alunos como muito freqüente e também comum por parte de funcionários e professores. 45 No contexto escolar a agressividade pode conduzir à rejeição por colegas ou pares e possibilitaria relações com pares marginais, os quais, no começo da adolescência, facilitariam o caminho para atividades delinqüentes (SISTO, 2005). No entanto, os estudos de Bierman, Smoot e Aumiller (1993 apud SISTO, 2005) concluíram que metade das crianças fisicamente agressivas na escola elementar foi rejeitada por seus pares, levando-os a enfatizar que nem todas as crianças agressivas se relacionaram com colegas problemáticos. Após o projeto desenvolvido pelas acadêmicas observou-se na fala dos profissionais da escola que o quadro de agressividade dos alunos alterou-se, reduzindo de forma significativa. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 2001) propõe em seus conteúdos esportes, jogos, lutas e ginásticas, atividades rítmicas e expressivas e conhecimento sobre o corpo. Desde que a pessoa nasce, executa movimentos que manifestam as emoções e exprimem sentimentos de alegria, tristeza, ansiedade, rejeição e descontração. É através dos movimentos que a criança interage com o meio ambiente para alcançar seus objetivos ou satisfazer suas necessidades e também se relacionar com o outro. Descobre quem é e o que é capaz de fazer. Expressa sua criatividade e soluciona seus problemas motores. Quando a criança brinca, além de expressar seus sentimentos, ela se prepara para a vida futura. Hoje as crianças encontram pouco espaço livre para brincar e expressar movimentos. O espaço está cada vez mais escasso e os estímulos ambientais são mínimos e muitas vezes restritos à televisão, o que leva à imobilidade e passividade. Com esse quadro, o professor de Educação Física assume um papel importante, pois através destes conteúdos ele procurará ampliar os laços afetivos 46 entre as crianças, criar regras de convivência e promover mudanças significativas na criança, tornando-a parte integrante dos objetivos das atividades propostas. Quadro 4: Nível de interação com os alunos e aluno/professor Profissional Resultado encontrado antes de iniciar o projeto Orientadora Resultado encontrado após a conclusão do projeto Na hora do recreio os alunos ficam muito dispersos e os inspetores, por mais que tentassem, não conseguiam o domínio desejado. A interação entre eles era moderada. Está bem melhor; os alunos já conversam; vimos sorrisos em suas faces, sentam nos bancos, estão mais interagindo com o meio. Não respondeu. Alguns já conseguem respeitar o outro, ser mais parceiro, interagir na sala de aula. Outros ainda não conseguiram absorvr os objetivos das brincadeiras e aperfeiçoar o comportamento, a auto-estima e principalmente o conhecimento. Supervisora Professor 1 O meu caso não mudou, ou seja, eu Nos entendemos muito bem. e meus alunos. Temos mais afinidade, mais conhecimento um do outro. Já os aceitei e eles aprenderam o meu jeito de conduzir a sala. Professor 2 Quanto ao nível de interação entre alunos e professores, nos primeiros Como estava desde sempre. dias é bastante restrito, e isso é normal. Mas logo eles já estão conhecendo um ao outro. Professor 3 A interação aluno-aluno era de baixo A interação entre eles está mais nível social. A interação aluno- compreensiva. Já passaram a professor era regular. respeitar mais um ao outro, sem muita agressividade. Antes, as brincadeiras eram só de bater um no outro, falar palavrões. Agora eles estão mais calmos. Professor 4 Quanto a interação aluno-aluno e Melhor. Tanto entre os alunos quanto professores, não houve mudança. alunos e professores. Fonte: Dados coletados pelas autoras 47 A relação professor-aluno e aluno-aluno é muito importante. Conforme observou-se, a orientadora afirmou que essa interação é moderada. A Supervisora não respondeu ao questionamento. Já os professores P1 e P4 afirmaram que não houve mudança na relação professor-aluno e aluno-aluno. A professora P3 evidenciou que era muito baixa. Após o projeto Recreio Dirigido percebeu-se certa alteração no comportamento dos alunos, pois conforme relatou a supervisora, a orientadora e a professora P4, houve melhora na relação professor-aluno. Sobre este aspecto convém enfatizar que o professor, em sua relação com o aluno, estimula e ativa o seu interesse e orienta o seu esforço individual para aprender. Na concepção de Haidt (1999, p. 57), o professor tem basicamente duas funções na sua relação professor-aluno: Uma função incentivadora e energizante, pois ele deve aproveitar a curiosidade natural do educando para despertar o seu interesse e mobilizar seus esquemas cognitivos (esquemas operativos de pensamento). Uma função orientadora, pois deve orientar o esforço do aluno para aprender, ajudando-o a construir seu próprio conhecimento. Cabe ao professor, ajudar o aluno a transformar sua curiosidade em esforço cognitivo e a passar de um conhecimento confuso, sincrético, fragmentado, a um saber organizado e preciso. 48 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 5.1 CONCLUSÕES A temática em questão foi a recreação. Esta atividade tem como objetivo recrear, sem querer buscar qualquer tipo de retorno, sem esperar benefícios ou resultados específicos. A recreação deve ser escolhida livremente e praticada espontaneamente. Deve trazer prazer e proporcionar o exercício da criatividade, não havendo cobranças. A recreação estimula a criatividade para todas as crianças, imitando, muitas vezes, os adultos em suas brincadeiras, preparando-as para uma melhor condição de vida e engrandecendo de sua personalidade. Na execução do projeto, pode-se responder às questões da pesquisa que evidenciaram na opinião dos professores a importância do recreio escolar dirigido para redução da agressividade dos alunos, pois observou-se que as crianças voltavam mais calmas e menos agressivas do recreio. O recreio dirigido, apesar de não ser obrigatório, é uma alternativa eficaz para atuar com crianças das mais variadas faixas-etárias, além de proporcionar uma melhoria do aprendizado da criança. Evidenciou-se como principais alterações de comportamento a docilidade, a tranquilidade e a calma. No aspecto físico verificou-se que as crianças retornavam menos sujas e suadas. Na relação professor-aluno, o recreio dirigido tornou possível um melhor diálogo, melhor compreensão e um aprendizado mais significativo do aluno em relação aos objetivos das brincadeiras realizadas. Também foi enfatizado pelos 49 professores que os alunos respeitam mais, melhorando a interação professor-aluno e aluno-aluno. Nesse cotexto, percebeu-se que o recreio dirigido oferece benefícios aos alunos: contribui para a redução da agressividade, melhora o comportamento do aluno, torna-o mais sociável, ensina-o a respeitar e valorizar o outro. Conclui-se que o recreio dirigido é uma atividade prazerosa tanto para o professor quanto para o aluno, e que deve ser colocada em prática. A recreação compreende todas as atividades espontâneas, prazerosas e criadoras, que o indivíduo busca para melhor ocupar seu tempo livre. Deve principalmente atender aos diferentes interesses das diversas faixas etárias e dar liberdade de escolha das atividades, para que o prazer seja gerado. A sua versatilidade, isto é, a possibilidade de variar de acordo com o momento, faculta uma participação ativa e tranqüila às crianças. 5.2 RECOMENDAÇÕES Após a realização do projeto, evidenciou-se as seguintes necessidades: Um programa feito pelas Secretarias de Educação para implantar o recreio dirigido nas escolas, onde não necessariamente deve ser feito pelos professores, mas sim por colaboradores tais como: os alunos maiores ou até mesmo pais, amigos da escola, e inspetores, etc; Caso o recreio seja feito com rodízio de professores, que haja redução no horário de planejamento, para que o mesmo se sinta motivado em ficar durante o recreio com os alunos; 50 Caso o professor de Educação Física seja o dirigente do recreio, que o horário de recreio seja inserido em sua carga horária. 51 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, R. A gestação do futuro. Campinas. Papirus,1986. ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Etnografia da prática escolar. Campinas, SP: Papirus, 1986. BAUM, Heike. Estou morrendo de raiva! Lidando com a raiva e com a agressividade das crianças. São Paulo: Verus, 2004. BEE, H. A criança em desenvolvimento. 3. ed. São Paulo: Harbra, 1986. BOMTEMPO, E. (Org). Psicologia do brinquedo: metodológicos: São Paulo, Nova Stella. Edusp, 1986. Aspectos teóricos e BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. 3. ed. – Brasília: A Secretaria, 2001. _____. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. 3. ed. – Brasília: A Secretaria, 1993. _____. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Infantil. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. 3. ed. – Brasília: A Secretaria, 1998. ______. Lei Complementar n. 8637. Recreação. 1997. CANTO, Ricardo. Recreação Escolar. Apostila do curso de Educação Física. Fundação Rio Madeira. Universidade Federal de Rondônia. PROHACAP, 2004. CERRI. M. F. O lúdico como recurso para o professor de Educação Física atuar sobre a agressividade e a violência dos alunos nas aulas do ensino fundamental. 78 fls. Monografia - trabalho de conclusão de curso de Educação Física/ Instituto de Biociências, Unesp, Rio Claro, 2001. CUNHA, Nylse Helena da Silva. Brinquedo, desafio e descoberta: subsídios para utilização e confecção de brinquedos. Rio de janeiro: FAE, 1988. FANTE, Cleo. Fenômeno Bullying. Como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. São Paulo: Versus, 2005. GOLDENBERG, Mirian. A Arte de Pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em Ciências Sociais. 7. ed., Rio de Janeiro: Record, 2003. GOLEMAN, D. Inteligência emocional: A teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. 15ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995. GURGEL, Nair. Um olhar para o letramento: rompendo silêncios e construindo histórias. Porto Velho: EDUFRO, 2001. 52 GURGEL, Nair. PARMIGIANI, Tânia. TEZZARI, Neusa. Leitura e produção de textos: quando as crianças brincam, lêem e escrevem. Porto Velho/RO: EDUFRO, 2002. HAYDT, Regina Célia Cazaux. Curso de Didática Geral. 7. ed., São Paulo: Ática, 1999. KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O brincar e suas Teorias. São Paulo: Pioneira, 2002. LAKATOS, Eva Maria. e MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia cientifica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991. LUCON, Priscila Nogueira. SCHWARTZ, Gisele Maria. As atividades lúdicas como um diferencial na diminuição da agressividade no âmbito escolar. Instituto de Biociências – UNESP – Campus de Rio Claro).2007. Disponível em <http:www.scielo.com.br>. acesso em 08 mai 2007. PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro: Saber, 1971. RAMALHO, Maria Helena da Silva. Revelando a ludicidade na sala de aula. Cinergis, Santa Cruz do Sul, v. 2, n. 2, p. 135-146. Jul/Dez, 2001. REGO, Teresa Cristina. Vygotsky - uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1995. ROMERA, L. A. Lúdico, educação e humanização: Uma experiência de trabalho. Ijui: Unijui, 1999. SANTOS, Carlos Antônio do. Jogos e atividades lúdicas na alfabetização. Rio de Janeiro: Sprint, 1998. SISTO, Fermino Fernandes. Aceitação-rejeição para estudar e agressividade na escola. Psicologia em Estudo. Maringá, v. 10, n. 1, p. 117-125. jan/abr 2005. SCHWARTZ, G. M. Atividades lúdicas e educação física: possível dissonância? 177 fls. (Tese de doutorado) – Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1997. SENICATO, H. A importância do lúdico para o desenvolvimento emocional do pré-escolar. 62f. Monografia (Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia) – Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 1998. 53 APÊNDICES 54 Apêndice 1: Pré-teste - Roteiro da pesquisa realizada com os professores Caro professor (a) Este questionário faz parte da monografia intitulada “EFEITO DO RECREIO ESCOLAR DIRIGIDO NO COMPORTAMENTO DO ALUNO”. Têm-se como objetivo identificar os possíveis efeitos do recreio escolar dirigido no comportamento dos alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental Sebastiana Lima de Oliveira. Dessa forma, solicitamos que preencha o pré-teste com as informações solicitadas. Desde já, agradecemos a atenção dispensada. 1. Como era o recreio na escola antes de iniciar o 2º bimestre? 2. Como era o retorno dos alunos à sala de aula após o recreio? 3. Na sua opinião , qual era o grau de agressividade dos alunos antes de iniciar o 2º bimestre? 4. Qual o nível de interação com os alunos e aluno-professor antes de iniciar o 2º bimestre? 55 Apêndice 2: Pós-teste - Roteiro da pesquisa realizada com os professores Caro professor (a) Este questionário faz parte da monografia intitulada “EFEITO DO RECREIO ESCOLAR DIRIGIDO NO COMPORTAMENTO DO ALUNO”. Inicialmente solicitouse que preenchessem um pré-teste, antes da aplicação do Projeto Recreio Escolar Dirigido. Para aferição dos resultados obtidos através do Projeto, solicitamos que preencha o pós-teste com as informações solicitadas. Desde já, agradecemos a atenção dispensada. 1. Como está o recreio na escola atualmente, após a realização do Projeto? 2. Como é o retorno dos alunos à sala de aula após o recreio? 3. Na sua opinião , qual é o grau de agressividade dos alunos atualmente? 4. Qual o nível de interação com os alunos e aluno-professor atualmente? 56 Apêndice 3: Projeto: Recreio Escolar Dirigido Projeto : Recreio Escolar Dirigido I - Identificação: Nome do Projeto: Recreio da Alegria Coordenação: Acadêmicas: Lúcia, Lucimar, Mônica Local: Escola Estadual de Ensino Fundamental Sebastiana Lima de Oliveira Execução: Acadêmicas: Lúcia, Lucimar, Mônica Apoio: Equipe Gestora da Escola Clientela: Alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental Sebastiana Lima de Oliveira, matriculados de 1a a 4a série no 2° turno. Duração: l (um) bimestre II - Objetivos Geral: Proporcionar aos educandos um espaço alternativo para desenvolver atividades de cunho recreativo, oferecendo um ambiente propício ao desenvolvimento integral do educando, favorecendo o processo de unidade e não violência. Específicos: Oferecer momentos de confraternização entre os alunos da mesma turma e de outras turmas; Garantir o direito de brincar como forma lúdica e de aprendizagem; Propiciar vivências motoras diversas garantindo um desenvolvimento pleno do educando; Promover intercâmbio e inter-relacionamento entre os alunos. III - Justificativa As crianças na faixa etária entre 07 e 12 anos estão em pleno desenvolvimento físico. Devido a esta necessidade corporal, estão sempre procurando realizar atividades motoras, recreativas, esportivas e lúdicas. Inibir estas atividades é podar o desenvolvimento pleno do ser humano. Este projeto nasceu com a finalidade de nos dar suporte em nosso trabalho monográfico, beneficiando assim uma maior interação entre teoria e prática. Também será uma atividade a mais para estimular a criatividade e a cooperação entre os alunos. 57 IV - Metodologia Cada recreio terá duração de 15 minutos, neste espaço de tempo as atividades serão distribuídas em 04 (quatro) estações, onde o aluno ficará livre para desenvolver as atividades que lhe convir. Este momento será coordenado pelas acadêmicas do curso de Educação Física, turma PROHACAP - PVH. A função da equipe será de distribuir o material, direcionar, motivar, interagir e intervir quando necessário. As atividades oferecidas serão as seguintes: elástico, amarelinha, corda, tênis de mesa, bambolê, queimada, dominó, jogo de memória, jogo de tênis sem mesa, jogo de botão, quebra - cabeça, dama, dança da cadeira. Serão desenvolvidas atividades alternadas durante o bimestre. V- Recursos Aparelho de som, cds variados, mesa de tênis, elástico, corda, bola, bambolê, bomba de inflar, raquete e bola de ténis, bola para queimada, dominó, jogo de memória, jogo de botão, quebra-cabeça, dama, cadeiras. 58 VI – Cronograma Cronograma de atividades do projeto “Recreio Dirigido”. Meses Janeiro Dias 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 E E E E E A A A R R R R R A A A 23 24 25 26 A A A R R R 27 28 29 30 31 R R R R R A A A Fevereiro Março Abril Maio A* Junho Julho A A A A A A A A Agosto Setembro A A A A A A A A R A A A A A R A R A# Outubro Novembro Dezembro E = ELABORAÇÃO DO PROJETO * = INÍCIO DA APLICAÇÃO DO PROJETO R = RECESSO ESCOLAR # = TÉRMINO DA APLICAÇÃO DO PROJETO A = APLICAÇÃO DO PROJETO 59 ANEXOS 60 Figura 1: Dominó (atividade realizada no Programa Recreio Dirigido na escola). Fonte: Atividades desenvolvidas pelas autoras Figura 2: Atividade realizada no Programa Recreio Dirigido na escola. Fonte: Atividades desenvolvidas pelas autoras 61 Figura 3: Pingue-pongue (atividade realizada no Programa Recreio Dirigido na escola). Fonte: Atividades desenvolvidas pelas autoras Figura 4: Dama (atividade realizada no Programa Recreio Dirigido na escola). Fonte: Atividades desenvolvidas pelas autoras 62 Figura 5: Vai-e-vem (atividade realizada no Programa Recreio Dirigido na escola). Fonte: Atividades desenvolvidas pelas autoras Figura 6: Pular corda (atividade realizada no Programa Recreio Dirigido na escola). Fonte: Atividades desenvolvidas pelas autoras 63 Figura 7: Atividade realizada no Programa Recreio Dirigido na escola. Fonte: Atividades desenvolvidas pelas autoras Figura 8: Pular corda (atividade realizada no Programa Recreio Dirigido na escola). Fonte: Atividades desenvolvidas pelas autoras