1 Apresentação “Irmã Dulce” conta a emocionante história da mulher que, indicada ao Nobel da Paz, chamada em vida de “Anjo Bom da Bahia” e beatificada pela Igreja, nunca se importou com títulos. Graças a sua dedicação abnegada aos necessitados, doentes e miseráveis, ela enfrentou o preconceito, o machismo, os dogmas da Igreja e uma grave doença respiratória, para construir sua obra social. Candidata à canonização, a religiosa reúne três qualidades definidoras dos brasileiros: fé, alegria e obstinação. Uma das mais importantes e carismáticas figuras religiosas do país, Irmã Dulce abraçou a missão de amparar os pobres e os doentes. E, na busca de seu objetivo, enfrentou dificuldades, foi punida pela Igreja e contrariou interesses de políticos, da alta sociedade e de marginais. Nem sua grave doença pulmonar era capaz de detê-la. Com determinação e norteada sempre pelo amor e pela caridade, Irmã Dulce construiu, começando do nada e dedicada aos mais pobres dos pobres, uma obra social sem igual no Brasil, com creches, hospitais e centros educacionais. Estrelado pelas atrizes Bianca Comparado e Regina Braga, “Irmã Dulce” tem direção do premiado diretor Vicente Amorim (“Corações Sujos”, “Um Homem Bom” e “Caminho das Nuvens”), produzido pela Midgal Filmes (“Minha Mãe é uma Peça”, “Nosso Lar”, “Cássia” e “Casa Grande”), em coprodução com Globo Filmes e Telecine e distribuído pela Downtown Filmes e Paris Filmes. A cinebiografia chega aos cinemas dia 27 de novembro, no ano que marca o centenário de Irmã Dulce. Gracindo Júnior, Glória Pires, Mallu Valle, Irene Ravache, Luiz Carlos Vasconcelos, Zezé Polessa e Renato Prieto integram o elenco do longa-metragem de ficção baseado na história de luta e entrega de Irmã Dulce. Este é um filme sobre a mãe protetora do povo baiano, que teve todas as suas locações em Salvador e que tem parte do elenco composta pelos melhores atores soteropolitanos, como Amaurih Oliveira, Fábio Lago e Caco Monteiro. 2 Índice 2Apresentação 4 Ficha Técnica/Elenco/Sinopse 5 Vicente Amorim 9 Bianca Comparato 12 Regina Braga 15 Gracindo Junior 17 Gloria Pires 19 Luiz Carlos Vasconcelos 21 Malu Valle 23 Convidados Especiais 25Roteiro 27 Direção de Arte 29Fotografia 31 A produção 36 Assessoria de Imprensa 3 Ficha técnica Direção: Vicente Amorim Produtora: Iafa Britz Diretor de Fotografia: Gustavo Hadba Direção de Arte: Daniel Flaksman Figurino: Cristina Kangussu Roteiro: L.G. Bayão e Anna Muylaert Produtor Associado – Marcos Frota e Bruno Wainer Produtora Executiva: Camila Medina Duração: 90 minutos Formato: Scope Som: Dolby 5.1 Elenco Bianca Comparato / Regina Braga - Irmã Dulce Sophia Brachmans – Irmã Dulce Criança Lisandro Oliveira - João Criança Amaurih Oliveira- João Patrícia Oliveira / Zeca de Abreu - Irmã Emília Alice Assef – Dulcinha Caco Monteiro - Prefeito Maria Salvadora - Mãe de Santo Ícaro Vila Nova - Neco adolescente Aicha Marques - Tia Madaleninha Agnaldo Lopes - Dinael Atores convidados Gracindo Junior - Dr. Augusto Zezé Polessa - Dulcinha (irmã de Irmã Dulce) Luiz Carlos Vasconcelos - Dom Eugênio Salles Malu Valle - Madre Fausta Marcelo Flores – Arduino Renato Prieto – Repórter Participação especial Irene Ravache - Madre Provincial Fábio Lago – Neco Gloria Pires - Mãe de Dulce Sinopse “Irmã Dulce” conta a emocionante história da mulher que, indicada ao Nobel, chamada em vida de “Anjo Bom da Bahia” e beatificada pela Igreja, nunca se importou com títulos. A história de uma mulher cujo único objetivo era confortar os necessitados, cuidar dos doentes, amparar os miseráveis – a qualquer custo, com a ajuda de quem fosse. Capaz de atravessar Salvador de madrugada para dar colo a um menino de rua ou de pedir verba a um político em pleno palanque, Irmã Dulce enfrentou inimigos externos – o preconceito, o machismo, os dogmas - e um interno: uma doença respiratória incurável. Passou por eles com obstinação, alegria, amor e fé e construiu uma obra que, até hoje, só cresce, como cresce a devoção por ela. O filme “Irmã Dulce” conta de forma verdadeira e emocionante a história de uma mulher que reúne três das nossas qualidades definidoras como brasileiros: fé, alegria e obstinação. 4 Vicente Amorim 5 Quando surgiu a ideia de fazer o filme sobre Irmã Dulce? O que ela representa para você? E para o Brasil? leram, conversaram com amigos e parentes da própria Dulce, assistiram vídeos, fizeram uma imersão profunda na personagem. Fui convidado a dirigir “Irmã Dulce” pela Iafa Britz, produtora do filme, há três anos. Eu já conhecia um pouco da história da Irmã Dulce e me animei com a perspectiva de um filme sobre ela - li as duas biografias que existem, fiz pesquisa, mas não pude, na época, fazer o filme, por questões de agenda. Para a minha sorte, o cronograma mudou e pude, há menos de um ano, voltar para o projeto, que rodamos em abril e maio de 2014. Irmã Dulce tem uma trajetória de ativismo social, de luta pelos mais pobres dos pobres, cheia de desafios e obstáculos enormes: desde uma doença pulmonar gravíssima a preconceitos por ser mulher, por ser freira, passando pela desconfiança da sociedade e da própria Igreja. Ela, sempre quebrando paradigmas, enfrentou estas dificuldades com admirável obstinação e um insuspeito bom-humor. Irmã Dulce foi um exemplo das qualidades definidoras do brasileiro: alegria, determinação e fé. Que reação espera dos fiéis e admiradores de Irmã Dulce diante do filme? No início do filme “Gandhi”, do Richard Attenborough, tem uma mensagem que deveria ser obrigatória em qualquer cinebiografia: “Nenhuma vida pode ser resumida por uma única narrativa. Não há como dar a cada ano seu peso devido, incluir cada evento, ou mencionar cada pessoa que ajudou a dar forma a toda uma existência. Ser fiel ao espírito dos acontecimentos e achar o caminho do coração de quem se retrata é o melhor que podemos fazer”. Foi isso que tentamos fazer no nosso filme: sermos fiéis ao espírito dos acontecimentos e achar o caminho do coração de Irmã Dulce. Tenho certeza que os fiéis e admiradores vão gostar do filme, mas não só eles - o filme é para todos que se interessem pela vida desta mulher extraordinária. E como foi a preparação das duas ‘Dulces’: Bianca Comparato e Regina Braga? No filme temos duas (três, se contarmos a Dulce criança)atrizes vivendo Irmã Dulce: Bianca Comparato, até os anos 60, e Regina Braga, até 1980, mas a personagem é sempre a mesma: Irmã Dulce. Para garantir uniformidade entre as fases ensaiamos o filme inteiro, durante mais de um mês, antes das filmagens com as duas atrizes ao mesmo tempo. Ou seja: a Bianca participava de ensaios da Regina e vice-versa. E, em muitos destes ensaios, a Sophia Brachmans, que viveu Dulce criança, estava presente também. Isso nos deu segurança que qualquer mudança que houvesse entre as duas seria resultado apenas da evolução da personagem, que as duas estariam vivendo, portanto, a mesma pessoa. Claro que a preparação envolveu mais do que ensaios: as atrizes visitaram as obras sociais da Irmã Dulce, passaram várias noites num convento em Salvador, andaram pelas ruas vestidas de freiras, Seus filmes sempre se baseiam em fatos e personagens reais. Como foi transpor a vida de Irmã Dulce para o cinema? Quase todos os filmes que fiz são inspirados em personagens e situações verdadeiras. Em alguns casos, como em “O Caminho das Nuvens”, retratei um episódio 6 marcante na vida dos personagens; em outros, como em “Um Homem Bom”, o personagem principal é uma amálgama de três ou quatro personagens reais dentro de um contexto histórico muito conhecido; em “Corações Sujos”, as situações são todas verdadeiras, mas os personagens são ficcionais. Estou, no momento, desenvolvendo três longas e todos são inspirados em fatos reais. “Irmã Dulce”, claro, confirma minha atração por histórias reais. Mas todos são, e é bom que seja dito, filmes de ficção baseados em histórias reais - Irmã Dulce inclusive. Há uma diferença muito importante, no entanto: nenhum dos personagens que retratei nos meus outros filmes é objeto de culto, de devoção, como é Irmã Dulce, e isto faz com que a transposição da sua vida para o cinema seja uma tarefa muito mais delicada. Foi um desafio e tanto reconstruir a trajetória dela e, um pouco como quando um muralista retrata a vida de alguém igualmente célebre, o que vamos oferecer ao público é uma das possíveis formas de ver quem ela foi: é uma pintura, não uma fotografia. Uma vez que o filme não retrata apenas um momento da vida da religiosa, como a trajetória de Dulce será contada no longa? O filme se concentra na vida da Irmã Dulce entre os vinte e poucos anos de idade, nos anos 40, até 1980. É um período intenso no qual vemos, com alguns flashbacks para episódios marcantes da sua infância, Dulce evoluir da caridade cristã tradicional para um ativismo social muito à frente do seu tempo, incomodando gente poderosa e a própria Igreja. O que a moveu, sempre, foi sua fé. A relação entre sua fé e sua ação foi intensa e é parte do que o longa investiga, mas isto não faz o filme ser “religioso”. Optamos por mostrar a fé através das suas ações, e, visualmente, tentando dar subjetividade à imagem em momentos específicos. Entre os personagens em torno de Dulce, João é o principal. Por que optou pelo recorte da trajetória e pela relação dos dois ao longo da trama? Irmã Dulce existiu em função dos pobres, dos marginalizados. Há, em filmes com temática social, o perigo de uma idealização, de uma estetização paternalista da pobreza – os pobres transformamse em cenário, enquanto a história de seu “salvador” é contada e eles caem para segundo plano. No nosso filme eles estão, ao contrário, em primeiro plano na narrativa. O filme tem um coprotagonista: João, um menino que é abandonado na porta do convento, muito doente, de quem Irmã Dulce cuida e com quem estabelece uma convivência rica, afetiva e conflituosa ao longo de toda a vida. Este personagem é o resumo de milhares de crianças e adultos de quem ela cuidou, que fizeram parte da Obra que ela construiu. Ele, João, seus conflitos e contradições, sua relação com Irmã Dulce, serve como arco que sustenta a narrativa do filme. Irmã Dulce é um personagem que podemos ter como exemplo, com quem sofremos e nos emocionamos, mas que se torna realmente próxima do espectador através da sua relação com o João. Como se deu a pesquisa histórica e como ela se inseriu roteiro? O roteiro foi escrito por L.G. Bayão e Anna Muylaert, depois de muita pesquisa, da leitura das biografias disponíveis, de inúmeras entrevistas e conversas com pessoas que conviveram com Irmã Dulce. Na Bahia é difícil encontrar alguém que não tenha uma história dela para contar: ou aconteceu com a própria, ou com um parente, ou com um conhecido próximo. Parte importante do trabalho, portanto, foi filtrar e separar o que era emblemático, o que ajudaria a contar a história da forma mais eficiente. Nesse processo, inevitavelmente, muita coisa ficou de fora, mas, por outro lado, muita coisa foi confirmada e descoberta. É um processo delicado, pois não se trata de um documentário sobre Irmã Dulce, mas um filme de ficção baseado na sua vida. 7 Foi inestimável no processo de pesquisa a colaboração de Maria Rita Pontes, sua sobrinha e diretora das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID); de Osvaldo Gouveia, diretor da OSID e pesquisador especialista em sua vida; além do Frei Vandeí Sant’Anna, para questões religiosas e eclesiásticas. Irmã Dulce. Mais importante ainda era a entrega. Muita preparação seria necessária, muitos ensaios, muito trabalho para viver uma personagem totalmente sem vaidade, de quem nunca vemos mais que o rosto e as mãos – nem toda atriz está disposta a isso. Fomos muito felizes com a Bianca, a Regina e a Sophia. Como foi a escolha das atrizes para o papel principal? Quais cuidados foram tomados ao construir a personagem Irmã Dulce? Desde sempre para mim estava claro que não bastaria uma atriz para viver Irmã Dulce. O período que retratamos vai do final da sua adolescência até a velhice e por mais que a maquiagem tenha avançado nos últimos anos, nada substitui a leveza que uma atriz jovem traz para o período que ela retrata ou a complexidade que vem com a maturidade de uma atriz mais velha. Evidentemente, as atrizes tinham, também, que ser parecidas com a própria Do ponto de vista técnico, vocês encontraram dificuldades para filmar as cenas externas? Houve uma dificuldade óbvia: filmar numa cidade contemporânea e vibrante como Salvador cenas passadas entre os anos 40 e 80. A direção de arte do Daniel Flaksman, o figurino da Cris Kangussu e a fotografia do Gustavo Hadba tiveram que se desdobrar para trazer a Salvador de Irmã Dulce para a tela – e conseguiram. Por outro lado fazer um filme sobre Irmã Dulce abre portas: todos em Salvador tiveram uma boa-vontade enorme conosco. 8 Bianca Comparato 9 Como se sentiu ao saber que viveria Irmã Dulce quando jovem? Eu me senti lisonjeada primeiramente e, depois, desafiada. Quando soube que faria o papel, comecei a estudar muito a vida da Irmã Dulce e fui admirando cada vez mais a mulher que ela foi. Senti que era uma história que o mundo precisava ver e percebi que era um papel de grande responsabilidade. Eu me dediquei durante meses para compor cada gesto, a maneira de falar e, principalmente, entrar em contato com a fé; uma fé que transcende religião. A responsabilidade era grande e eu não queria decepcionar. Como foi o laboratório para o papel? Você teve acesso a familiares e pessoas conhecidas de Irmã Dulce? A pesquisa e a preparação foram essenciais para esse trabalho. Tive que me transformar para viver a Dulce, foi um trabalho de construção. Parei tudo e passei a me dedicar só ao filme quando o Vicente Amorim me disse que eu havia ganhado o papel. Comecei a pesquisa em novembro de 2013, ainda no Rio de Janeiro, junto com meu preparador pessoal, Sergio Penna, e minha mãe, Leila Mendes, que é fonoaudióloga. Em março, me mudei pra Salvador e comecei a preparação, que durou um mês. Além do trabalho com o Vicente e com a Maria Silvia, preparadora audiovisual que existe. Passava muito tempo no memorial da Irmã Dulce. Lá tive todo apoio da equipe, além de conversar com as freiras da congregação e com as pessoas que trabalham no hospital e que conheceram Dulce. Um momento crucial foi conhecer Maria Rita, sobrinha da Irmã Dulce e, de certa maneira, muito parecida com ela. Ver como ela cuida do hospital, com pulso firme e carinhoso ao mesmo tempo, foi emocionante e tocante. de elenco, o que mais me ajudou foi passar alguns dias no Convento do Desterro. Fazia todas as atividades junto com as irmãs e eu e Regina dormimos uma noite no claustro. Essa experiência mudou bastante minha percepção do que é ser uma serva de Deus. Descobrir a fé essencial para o papel, o coração do filme. Foi fundamental o tempo que passei na Bahia e dentro do convento. Quanto tempo precisou para a pesquisa? Nunca parei de me preparar. Mesmo durante as filmagens, continuava a trabalhar com a preparadora e, como estava vivendo em Salvador, todo dia alguém me contava uma história com a Irmã Dulce. Antes, ainda no Rio, fiz uma pesquisa mais concentrada nas biografias, fotos, cartas e em todo material Que características da jovem freira você buscou retratar? Procurei humanizá-la ao máximo. Ela foi marcada pela morte de sua mãe e isso trouxe uma solidão e uma força imensa. No filme isso é representado pelo cordãozinho dado de presente pela mãe e que ela carrega consigo durante toda a vida. Algumas características específicas são o olhar vivo desde criança até o fim da vida. E um instinto maternal: para mim ela é a grande Mãe da Bahia, quiçá do Brasil. Tinha bom humor, era sapeca, irônica, inteligente, e, às vezes, de uma sagacidade cortante. Não era nem arrogante nem submissa, confiava na força que Deus lhe deu. Aparentemente é frágil, mas no fundo forte. Tem uma coragem infinita. O que você, que é jovem, conhecia sobre a vida de Irmã Dulce? Antes do filme, 10 você tinha a dimensão da grandiosidade e popularidade da personagem? Confesso que sabia muito pouco e que não tinha essa dimensão. Mas quando li o roteiro pela primeira vez me emocionei. Só pensava que precisamos de um mundo mais Dulce. É impossível não se emocionar com a história dessa mulher. Quando pisei em Salvador tive a real noção da sua popularidade. Tem Irmã Dulce em todos os lugares e no olhar das pessoas. O que mais chama sua atenção sobre Irmã Dulce depois de conhecer profundamente sua história? Sua fé e sua entrega pelo outro. A vida dela foi para os outros. Ela hoje é um exemplo de força, construiu um hospital a partir de um galinheiro. Hoje carrego sua medalha no pescoço e sou devota. Alguma cena te marcou ou te emocionou de uma maneira especial no set? Ficava emocionada constantemente, mas teve um dia especial. Foi quando gravamos a cena da chegada de Dulce na congregação com seu exército de inválidos. Quando a cena acabou, a equipe e Maria Rita, que visitava o set, ficaram emocionados. Foi lindo demais. Como você vê o trabalho de Regina Braga? Sempre admirei a Regina, que é uma das grandes atrizes desse país. E me sinto honrada em dividir o papel com ela. Vejo tudo como uma continuação. Nós tentamos nos complementar para que a passagem de tempo ficasse o mais natural possível. Como ela diz, somos dois corpos com uma só alma. Hoje somos amigas, passamos muito tempo juntas, ensaiamos, e visitamos as obras sociais da Dulce. A Regina é uma musa, uma mulher incrível. Há algum fato curioso que descobriu sobre a Irmã Dulce durante a preparação para o papel? A paixão da Dulce pelo futebol. Ela era torcedora do Ipiranga, jogava com os meninos na rua. Largou tudo quando se tornou freira. O que Irmã Dulce representa para você? Transformação, doçura e força. Minha vida mudou depois desse filme e depois de conhecer a história dela. 11 Regina Braga 12 Como recebeu o convite para representar Irmã Dulce na maturidade? Foi a produtora de elenco, Marcela Altberg, quem telefonou e me fez o convite para fazer o filme. Eu me espantei: “Eu, Irmã Dulce? Aquela freira da Bahia que ajudava os pobres?”. Não sabia quase nada dela. Desse telefonema até me ver dentro do hábito da Irmã, andando pelas ruas de Salvador, foi um caminho carregado de emoções. Aceitei e me entreguei. Quanto tempo precisou para a fase de preparação e pesquisa? Fale um pouco sobre a composição de sua personagem. Estudei a vida de Irmã Dulce nos livros e vídeos. Procurei chegar mais perto da cultura baiana, dos nossos grandes poetas da Bahia. Fiquei mais concentrada em Roque Ferreira, Moraes Moreira e Caetano Veloso, que me acompanharam durante toda a filmagem. Eu os ouvia o tempo inteiro. A ida para Salvador bem antes da filmagem foi fundamental. A produção e a direção do filme se empenharam em nos proporcionar as condições para conhecermos bastante a realidade de Irmã Dulce. Como os fiéis têm recebido o seu trabalho a partir do que já foi visto nas imagens divulgadas e no trailer? O filme é carregado de momentos de emoção. Algo te marcou de maneira especial durante as filmagens? O processo de filmagens foi bastante duro, exaustivo, muitas vezes filmando em condições desfavoráveis, mas a disposição geral da equipe sempre foi a de superar as dificuldades. Esse “espírito Irmã Dulce” que tomou conta de nós foi a força que nos conduziu por esse trabalho tão marcante e enriquecedor. Em Salvador a presença dela está em toda parte, todos têm alguma lembrança para contar. Isso é muito forte. O que mais me impressionou foi a gratidão que aparece no olhar dos que a conheceram. Ela é venerada. É santa, a primeira santa do Brasil. Irmã Dulce dos desprotegidos, dos abandonados. Já havia tocado acordeão? Teve a necessidade de aulas para preparação ou não? Tivemos algumas aulas de acordeão, o suficiente para entrar em contato com o instrumento, e poder representá-la tocando, sem tocar de verdade, porque é muito difícil aprender em pouco tempo. Adoro esse lado pop de Irmã Dulce e a alegria das músicas que ela tocava. O que Irmã Dulce representa para você? A lição mais importante que ela nos deixou foi mostrar que é possível melhorar a vida dos menos favorecidos, mesmo quando os meios para fazê-lo não estão disponíveis. A força de vontade daquela mulher de aparência frágil motivava os demais e fazia os meios aparecer. Como foi trabalhar em parceria com a Bianca Comparato para criar a personagem? Dividir a personagem com a Bianca foi uma experiência muito nova para mim. Gostei dela de cara: não nos conhecíamos pessoalmente, mas senti confiança nela desde o primeiro olhar. Do que pude acompanhar nas filmagens, achei o trabalho dela maravilhoso. Criamos uma cumplicidade estranha, apaixonadas as duas pela mesma pessoa. Chegando 13 a Salvador, ela e eu fomos dormir no Convento do Desterro. Participar do cotidiano das freiras que lá vivem foi uma experiência inesquecível. Como era o clima no set? Todos nós, da equipe do filme, sofremos um impacto forte à medida que fomos conhecendo melhor Irmã Dulce. Ficamos encantados por ela, completamente tomados pela vontade de contar bem a história dessa mulher e pela responsabilidade de levá-la para todo o Brasil. Esse desejo contaminou toda a equipe e criou um clima de muita solidariedade no trabalho. A começar pela Iafa (Britz) e pelo Vicente (Amorim): nunca vi uma produtora e um diretor tão afinados e tão unidos. Iafa foi uma presença constante durante as filmagens, sempre acolhedora, entusiasmada e conciliadora. Sua presença foi fundamental para o êxito das filmagens, para o trabalho do diretor e para a união do elenco. 14 Gracindo Junior 15 Como foi a preparação para interpretar Dr. Augusto? Fale um pouco sobre seu personagem, que é uma força masculina muito presente na vida da religiosa. Dr. Augusto é pai de Maria Rita, nome de batismo de Irmã Dulce, e era formado em Direito, além de exercer a profissão de dentista. Era um homem muito respeitado em Salvador e o maior apoiador do trabalho social que sua filha realizava, apesar de todas as dificuldades enfrentadas. Foi um grande companheiro de sua filha, acreditando na sua fé e trabalho junto àqueles que precisavam de ajuda. Para conhecermos um pouco mais o Dr. Augusto, acompanhamos alguns parentes da família, que nos contaram as suas histórias e nos mostraram alguns exemplos do trabalho de Irmã Dulce e os resultados conquistados. Qual foi a cena mais marcante para você? A cena que mais me emocionou foi quando Dr. Augusto entrega o documento conquistado depois de anos, que determina que sua filha, Irmã Dulce, seja readmitida como freira ao convento. Uma cena emocionante. ensaios nos deram material necessário para aprofundarmos a história deste homem, mais do que pai, alguém que acreditava no amor e dedicação da sua filha à sua missão junto aos pobres e necessitados. Como foi o trabalho com Bianca Comparato e Regina Braga? Estar ao lado de Regina Braga e Bianca Comparato foi um presente, atrizes maravilhosas e dedicadas a seu lindo trabalho. Vicente Amorim desenvolveu um trabalho de leitura e análise dos personagens ao lado da nossa preparadora, Maria Silvia. Trabalho raro em cinema, o que nos deixou muito seguros. Ele nos alimentou de informações e conceitos estéticos do filme. Sem dúvida, será mais um grande filme de Vicente Amorim. Estes Fale um pouco sobre o papel do pai de Dulce para a reintegração da religiosa na Congregação. Já doente, ele participava ativamente do sofrimento da filha devido à exclaustração. Até o fim da sua vida, aos oitenta e poucos anos, já fraco e adoentado, ele conseguiu o reconhecimento do trabalho realizado por esta mulher, já considerada uma Santa pelo nosso povo, junto ao governo estadual. Consegue ainda que ela seja readmitida ao Convento. No final de sua vida, Dr. Augusto reconhece a filha como santa. Qual é a importância de Irmã Dulce para você? Irmã Dulce é uma das personalidades mais importantes do nosso país, reconhecida pelo mundo por suas ações e sua luta pela igualdade dos seres humanos, reconhecida e recebida pelo Papa em duas visitas feitas ao Brasil. O processo para que seja reconhecida como santa está em andamento, aguardamos com fé. 16 Gloria Pires 17 Você já conhecia a história da Irmã Dulce? Conhecia a personagem Irmã Dulce, mas não o trabalho dela profundamente. Sabia que ela era uma mulher de uma força espiritual incrível. Conhecia um pouco do trabalho desenvolvido por ela na Bahia, mas durante as filmagens tive a oportunidade de ir às obras e é realmente uma coisa impressionante. Imaginar que aquela mulher tão pequenina, tão frágil fisicamente, fez tanta coisa, nos faz entender o que significa a força espiritual, que supera qualquer limitação física ou de outra ordem, como financeira. Como foi a pesquisa para sua personagem? Tive a oportunidade de visitar suas obras e estive com a sobrinha de Irmã Dulce, Maria Rita, outra mulher incrível, que leva adiante o trabalho iniciado por Dulce. É impressionante ver a proporção que tudo aquilo ganhou. Fale um pouco sobre sua personagem. Como foi a sua construção? A mãe é sempre uma figura emblemática, que tem sempre um papel importante, para o bem e para o mal. No caso de Dulce, foi uma coisa maravilhosa. Sou kardecista e vejo ali claramente um caso de reencontro de amigos de outras vidas: a mãe, o pai, ela e a irmã – elas eram praticamente almas gêmeas. Tinha essa adoração tão grande uma pela outra, que a irmã acabou também sendo enterrada junto com ela. Foi feita uma exceção para que a irmã pudesse ser enterrada no mesmo lugar onde Irmã Dulce foi. Esse encontro de amor é uma coisa linda, e que permeou a vida dela. Esse amor em que ela foi criada, que ela recebeu em casa, ela levou, através da vocação católica, indiscriminadamente para todas as pessoas que necessitavam. 18 Luiz Carlos Vasconcelos 19 Seu personagem, D. Eugênio Sales, aparece pouco no filme, mas é responsável por uma das mais importantes passagens dentro da vida religiosa da protagonista. Pode falar um pouco sobre a cena onde o arcebispo sugere que Dulce permaneça sozinha no convento para assim ter a permissão de quebrar o claustro da Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus e cuidar de seus doentes? Acho que ele teve senso de justiça e percebeu a rigidez da Madre Provincial. Digamos que os anjos da guarda atuaram muito bem intercedendo para que D. Eugênio tomasse aquela decisão tão bonita e dura ao mesmo tempo: ela fica sozinha naquele convento, mas, de certa forma, resolve a situação de Irmã Dulce. Como foi trabalhar com Regina Braga e Irene Ravache? Tive uma relação muito bacana com a Regina e com a Irene. Foi uma relação muito respeitosa e de um carinho muito grande entre três atores que nunca haviam trabalhado juntos. Até que ponto você tinha familiaridade com as obras e a trajetória de Irmã Dulce? E qual a importância de um filme sobre a religiosa mais famosa do Brasil? Antes do filme, eu conhecia a Irmã Dulce como os brasileiros a conheciam, de um modo geral. A freira baiana engajada na causa dos pobres e nas ações filantrópicas. Só fui ter ideia da real dimensão de Irmã Dulce e de seu trabalho depois que li o roteiro. E acho lindo que exista um filme sobre ela para que os brasileiros e as pessoas do mundo todo possam conhecer sua história como eu conheci: a história de uma mulher tão querida, decidida humanamente e tão importante que desperta uma coisa muito boa em nós. 20 Malu Valle 21 Como é sua personagem e o que significou para você fazer parte de Irmã Dulce? Minha personagem é Madre Fausta, a madre do convento de Irmã Dulce. Ela representa a congregação, os fundamentos católicos, os rigores aos quais as freiras tinham que se submeter a partir dos votos feitos. Num convento, a madre é considerada a representante de Deus, a guardiã da ordem, a mãe naquela irmandade. Como Irmã Dulce subverteu parte dessa ordem para que pudesse fazer seu trabalho de amor, se estabeleceu um conflito com a Madre. A curva dramática do filme mostra que o amor de Irmã Dulce invade também o coração de Madre Fausta, que, aos poucos, se torna uma cúmplice de Dulce, o que traz problemas com a arquidiocese, instância a qual Madre Fausta precisa prestar contas. Fazer esse filme foi especial? Partiu de um convite de Vicente Amorim, após um primeiro encontro de trabalho muito feliz, em “As Canalhas”, série do GNT. Feliz também por voltar a trabalhar num esquema tão profissional e delicado, criado por Iafa Britz. E pela personagem instigante, importante, e participante das duas fases do filme, o que me permitiu voltar a trabalhar com Bianca Comparato e contracenar com Regina Braga pela primeira vez, ambas atrizes que admiro muito. Com essa equipe de profissionais excelentes, amorosos, contar a história dessa religiosa que praticava o amor de uma maneira absoluta foi dessas oportunidades que engrandecem o nosso ofício, e por isso meu coração é só gratidão! 22 Convidados Especiais Zezé Polessa (Dulcinha/fase adulta) Irene Ravache (Madre Provincial) Irene Ravache começou a carreira no Rio de Janeiro, na década de 60, onde participou da montagem de “Eles Não Usam Black-Tie”. Em 1968 mudou-se para São Paulo e, a partir daí, trabalhou com os mais conceituados diretores e encenou textos de autores como Maria Adelaide Amaral, Leilah Assunção, Loleh Bellon, entre outros. Contracenou com atores como Juca de Oliveira, Marcos Caruso, Lílian Lemmertz e Regina Braga em inesquecíveis interpretações. A presença cênica, forte e carismática de Irene está também no cinema em mais de uma dezena de filmes, como “Lição de Amor” e “Depois Daquele Baile”. Em “Irmã Dulce”, Irene Ravache interpreta a rígida Madre Provincial que, convencida por D. Eugênio Sales, concede à jovem freira a permissão para a quebra do claustro da Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus e, assim, ganhar as ruas para ajudar quem precisasse. Zezé Polessa tem mais de 50 peças, novelas, filmes e minisséries em seu currículo. Sua estreia no teatro foi em 1973, com o espetáculo “Drácula”, de Bram Stocker. Já em 1978 a atriz ganhou o prêmio revelação da crítica carioca por sua atuação em “Os Infortúnios de Mimi Boaventura”, de Miguel Oniga. Em 1988 estreou no cinema com o filme “Romance da Empregada”, dirigido por Bruno Barreto. Em 1989, Zezé realizou seu primeiro trabalho na TV Globo, na novela “Top Model”. No momento está no ar com a novela “Império”, de Aguinaldo Silva. Seus recentes personagens nos cinemas foram Dorotea Cajazeira, de “O Bem Amado”; Angelina, de “Caixa Dois”; Magali, de “Achados e Perdidos”, entre outros. Em “Irmã Dulce”, a atriz vive Dulcinha, irmã e grande aliada da religiosa. 23 Fábio Lago (Neco) Renato Prieto (Repórter) Amauri Oliveira (João) Nascido em Ilhéus, na Bahia, Fábio Lago faz sucesso no teatro, TV e cinema. O ator de 44 anos interpretou personagens fortes na telona, como o violento Baiano em “Tropa de Elite”. Também deu vida para Nervoso em “Totalmente Inocentes”; Bamburra, em “Xingu”; e Caetano em “Assalto ao Banco Central”. Em “Irmã Dulce”, além de retomar a parceria com o diretor Vicente Amorim, com quem filmou “Caminho das Nuvens”, o ator dá vida ao bandido Neco, que acaba cruzando o caminho da religiosa algumas vezes. Protagonista do filme “Nosso Lar” e sucesso no teatro com a peça “O Semeador de Estrelas”, Renato Prieto está em cartaz há 15 meses com “Encontros (Im)possíveis”, primeiro texto do jornalista Rodrigo Fonseca, escrito especialmente para o teatro. Em “Irmã Dulce”, o ator dá vida ao repórter que entrevista a religiosa. “Durante o set, a direção de Vicente Amorim, sua dedicação e delicadeza com os atores, contracenar com a querida Regina Braga, além de reencontrar a produtora Iafa Britz, trouxeram uma maravilhosa alegria para mim. Retornei de Salvador para o Rio de Janeiro mais convicto ainda de que cinema é sempre muito bom e dá ao ator o tempo que ele precisa para criar e se entregar. Viva o cinema brasileiro e muitos vivas para Irmã Dulce”, diz o ator. Formado em Artes Cênicas na Escola de Teatro da UFBA, o ator Amauri Oliveira atua no teatro e no cinema e, além de Vicente Amorim, já foi dirigido por nomes de peso no cenário baiano como Hebe Alves, Márcio Meirelles, Romualdo Lisboa, Paulo Dourado, Eliane Cardin e também pelo francês Bernard Attal no filme “A Coleção Invisível”. Em “Irmã Dulce”, Amauri interpreta João, o principal personagem entre todos os que rodeiam a religiosa; um menino que é abandonado na porta do convento, muito doente, mas que é amparado pela jovem freira, com quem mantém uma relação ao longo de toda a vida. 24 Roteiro 25 Autor de mais de 20 roteiros para cinema - com cinco prontos para rodar já em 2015 -, L.G. Bayão foi convidado pela produtora Iafa Britz para assumir o roteiro do longa ainda no quarto tratamento. “Anna Muylaert trabalhou na etapa inicial do projeto. Daí entrei e escrevi 11 tratamentos até o roteiro final”, conta o roteirista que também explica como venceu o desafio de transpor e adaptar a história da religiosa mais famosa do Brasil para as telas. “Diante de um projeto desse tamanho, a única forma de não travar foi deixar de lado essa responsabilidade toda. Pelo menos no início, esqueci o mito e tentei entender a menina; não pensar muito na santa, mas decifrar a mulher. Esse foi meu maior desafio: Humanizar o mito”, explica. Para o roteirista, levar o amor e as obras de Irmã Dulce para o maior número de pessoas é um dos pontos mais importantes do filme. “Estamos vivendo tempos difíceis, com muito egoísmo e a Irmã Dulce foi o oposto disso. O amor que nutria pelo próximo era comovente e por isso apostamos nesse amor como o grande combustível. É o que há de mais lindo na trajetória dela”, afirma Bayão, que diz ter se emocionado muito durante a feitura do roteiro. “A cena da ronda noturna, por exemplo, foi muito impactante. Dulce atravessando a cidade com os doentes também foi forte. Ou a última conversa da freira com o pai. Foram vários grandes momentos. É um roteiro para emocionar mesmo, movido pelo coração”. Acesso aos familiares, obras e objetos foram cruciais para o desenvolvimento do roteiro e de todas as etapas do filme. Investigar e compreender o comportamento humano foram alguns dos principais cuidados que o roteirista teve durante a fase de pesquisa. Com a ajuda da sobrinha de Irmã Dulce, que participou ativamente lendo o texto e opinando, conseguiu preciosidades para a composição de sua história. “Maria Rita foi incrível e muito paciente. Tem uma determinação que acredito ter herdado da tia famosa. Por intermédio dela tivemos acesso às cartas da freira para a irmã, Dulcinha, e vimos suas fotos mais antigas: tão diferentes e tão próximas. E uma foto das irmãs na praia acabou inspirando uma cena linda que nos ajuda a entender muito bem a relação entre elas”, recorda Bayão. 26 Direção de arte 27 Um dos mais prestigiados diretores de arte em cinema e publicidade, Daniel Flaksman assume a função em “Irmã Dulce”, filme que lhe deu a possibilidade de conhecer mais sobre a beata: “Foi uma descoberta gratificante, um privilégio chegar tão perto e conhecer a obra de alguém tão iluminada e única como a Irmã Dulce. Fiquei cativado pelo humanismo dela”. Sintetizar sem comprometer a essência do personagem e de sua história é um dos maiores desafios de filmes biográficos. Para Flaksman, o maior desafio de “Irmã Dulce” foi encontrar locações ideais e adaptá-las às imagens fortes e impactantes. “As locações foram criteriosamente selecionadas e avaliamos o que poderia servir à época. Misturamos as interferências cenográficas realizadas pela arte e também pela pós-produção: remoção de veículos, pichações e de placas modernas, camuflagem de mobiliário urbano, postes e luminárias. E quando a interferência se tornava fisicamente impossível entrava o trabalho de computação gráfica para ‘apagar’ e ‘pintar’ elementos fora do contexto. Esforço conjunto, onde removemos o que pode ser removido, cobrimos o que não conseguimos remover e apagamos ou pintamos digitalmente elementos descontextualizados e que não podiam ser cobertos”, destaca. A direção de arte optou por demonstrar um contraste visual entre o mundo onde a religiosa vivia e o mundo que ela percorria ao fazer suas ações de caridade. A pobreza e a miséria foram traduzidas em imagens de caos, sempre repletas de textura, sujeira e organicidade. Já os ambientes religiosos, como o convento onde ela viveu, foram traduzidos em imagens de ordem, sempre gráficas, minimalistas e com ritmos geométricos definidos. “Uma das grandes emoções de ‘Irmã Dulce’ está em mostrar a dicotomia entre a opulência das igrejas baianas e a realidade das favelas. Apesar de serem os dois extremos do forte contraste visual existente no filme são, de certa forma, o mesmo lugar para Irmã Dulce. Em minha opinião, eram os dois lugares onde ela mais se aproximava de Deus”, avalia Flaksman. Para o profissional, ouvir, interpretar tudo que o diretor pensa e devolver a ele ideias visuais e espaciais que sirvam para a elaboração de seus personagens e para a criação da atmosfera dramática do seu filme é uma tarefa muito mais fácil quando existe boa comunicação e afinidade entre a equipe. “Trabalhar com o Vicente é um privilégio. Ele é um diretor extremamente talentoso e que domina a técnica cinematográfica como poucos. Quando nos juntamos para contar uma história, temos uma colaboração criativa muito intensa”, diz Flaksman, que trabalhou com Vicente Amorim em “Corações Sujos” e, recentemente, em “Rio Eu Te Amo”. Daniel Flaksman foi cenógrafo em longas, óperas, peças de teatro, shows, clipes e séries de TV. “Orquestra dos Meninos” (2006), marcou seu primeiro trabalho como diretor de arte para o cinema e, desde então, marca presença em várias produções nacionais. Foi diretor de arte de grandes produções estrangeiras filmadas no Brasil como “Os Mercenários”, de Sylvester Stallone, e a “A Saga Crepúsculo – Amanhecer parte 1”, de Bill Condom. 28 Fotografia 29 Uma fotografia bonita e cuidadosa. Algo escuro, mas que tivesse brilho, que tivesse tons muito específicos, além da necessidade de criar épocas em cima de tons que foram pensados para o figurino. Assim começou o trabalho do diretor de fotografia Gustavo Hadba, a partir do pedido do diretor Vicente Amorim, amigo e parceiro profissional. “Receber esse convite depois de alguns longas que ele fez sem mim, e vários outros que eu fiz sem ele, foi uma felicidade total porque o Vicente sabe muito da cinematografia, além de ser um “tudólogo” e que pode falar, por exemplo, sobre a órbita de Urano daqui cinco mil anos”, diverte-se o diretor de fotografia. Carioca, Gustavo Hadba assina a fotografia de grandes filmes desde o começo da década de 90. Além de “Irmã Dulce”, os recentes trabalhos de Gustavo Hadba na direção de fotografia são: “Amazônia Eterna” (2012), “Mato Sem Cachorro” (2013), “Faroeste Caboclo” (2013) e “Entre Nós” (2013). “O Caminho das Nuvens”, também de Vicente Amorim, foi o seu primeiro longa na coordenação de uma equipe de fotografia. Mas antes de debutar no posto, trabalhou como assistente de câmera e teve a oportunidade de conhecer pessoalmente Irmã Dulce. “Eu era muito jovem, mas pude filmar Irmã Dulce viva para um documentário francês e ter a real noção da devoção do povo baiano para com ela”, resssalta Hadba. Relembrando as dificuldades encontradas em algumas locações de “Irmã Dulce”, como becos, favelas, vielas e palafitas, Hadba destaca o empenho da equipe de fotografia, composta por 20 profissionais – maquinária, luz e câmeras - que trabalhava 12 horas por dia. “Filmar em uma favela onde a maré e as condições insalubres influenciam bastante foi um dos grandes desafios, mas tínhamos um grupo motivado. E, por mais que eu não seja muito católico, o “espírito Irmã Dulce”, o espírito de alguém que tentou fazer o melhor para as pessoas que precisavam, bateu na equipe. E em homenagem a esse espírito, nós tentamos fazer o melhor filme possível”, conta o diretor. Para Hadba, a relevância da fotografia de “Irmã Dulce” reside na riqueza do detalhe, na beleza e, ao mesmo tempo, no conteúdo que simboliza também um pouco do que as pessoas acham da religiosa. “A ideia foi trazer simbolismos para dentro da fotografia do filme, pois existe a realidade e o simbólico da realidade. E quando conseguimos exercer corretamente essa mistura, é sinal que a fotografia está no caminho certo”, conclui o diretor. 30 A Produção 31 Baseada na vida e obra de uma das mulheres mais importantes do Brasil, a ficção “Irmã Dulce” começou a ganhar corpo no ano de 2011. Foi a partir de uma conversa entre a produtora Iafa Britz (Midgal Filmes) e o distribuidor Bruno Wainer (Downtown Filmes), seguida de uma viagem a Salvador para conhecer de perto as obras sociais e a história da religiosa que, apesar de uma saúde frágil, sempre realizou tanto pelos mais necessitados, que os realizadores decidiram levar o projeto adiante. “Fiquei muito impressionada e o filme surgiu quando me vi diante da grande obra criada por ela e todo o seu legado. Ver todo o seu trabalho vivo e multiplicado foi a mola propulsora para o filme acontecer”, afirma Iafa. Além do trabalho de pesquisa e preparação, “Irmã Dulce” contou com a consultoria de Osvaldo Gouveia, diretor da OSID (Obras Sociais Irmã Dulce) e pesquisador da vida da religiosa, e de Frei Vandeí Sant’Anna, para questões religiosas e eclesiásticas. “Todos colaboraram sempre de forma generosa e respeitosa, sempre atentos à verdade histórica, sabendo que, aqui e ali, algumas liberdades seriam necessárias para que a história fizesse sentido dramático”, afirma o diretor Vicente Amorim. A sobrinha e diretora das obras sociais de Irmã Dulce, Maria Rita Pontes, foi responsável por inúmeras e incansáveis colaborações. “Eu me identifiquei muito com a Maria Rita e foi muito bom ver o trabalho que é mantido, o trabalho vivo de Irmã Dulce. É tão impressionante, tão bonito e tão forte que eu fiquei motivada também”, conta a produtora. Orçado em R$ 10 milhões, as filmagens de “Irmã Dulce” aconteceram entre março e abril de 2014, com cenas rodadas em locais históricos de Salvador, como o Pelourinho e a Igreja de São Francisco. Locações criadas e adaptadas a partir de ambientes reais reproduzem com riqueza de detalhes momentos marcantes, como a visita da freira ao Terreiro de Mãe Menininha do Gantois e a visita do Papa João Paulo II, em 1991, quando a religiosa foi ovacionada pela multidão. Do ponto de vista técnico, a produtora enfatiza o inegável talento de todos os envolvidos e diz que, desde o início, o intuito era a realização de um projeto que trouxesse um olhar extremamente apurado. “Trabalhamos com profissionais de primeira linha; o Vicente Amorim é muito dedicado, apaixonado pelo que faz e passa muita segurança para toda a equipe. Chamamos o Gustavo Habda, que é um fotógrafo excepcional, e o Daniel Flaksman, um diretor de arte primoroso, além de uma super figurinista e outros tantos profissionais do mais alto gabarito dentro do mercado das atuais produções”, ressalta Iafa Britz. Conviver com o legado de Irmã Dulce e conhecer um pouco de sua história de vida trouxe mudanças internas que mexeram muito com a própria produtora. E, para ela, o filme terá cumprido o seu papel se conseguir tocar o público da mesma maneira. “O seu olhar sobre o mundo, a absoluta solidariedade e aquela fé e amor incondicionais mexem com a gente. A compaixão e o olhar amoroso da freira para qualquer um faz a gente repensar a nossa vida como um todo. E é isso que estamos tentando passar para quem for acompanhar o filme nos cinemas”, reforça Iafa. 32 Migdal Filmes A Migdal Filmes, de Iafa Britz, é responsável pelo maior sucesso do cinema brasileiro em 2013: “Minha Mãe é uma Peça”, estrelado por Paulo Gustavo, que levou 4,6 milhões de espectadores aos cinemas. São também da produtora o filme “Nosso Lar”, visto por mais de 4 milhões de pessoas, e “Totalmente Inocentes”, primeiro filme com lançamento 100% digital, que esteve entre as melhores comédias no seu ano de estreia. Os próximos lançamentos da produtora incluem o documentário musical “Cássia”, sobre a cantora Cássia Eller, e o longametragem “Casa Grande”, que teve roteiro selecionado para o Laboratório de Sundance e ganhou diversos prêmios em festivais nacionais e internacionais. Em 2015, a Migdal Filmes estreia ainda o longa Downtown Filmes “Linda de Morrer”, com Gloria Pires. Para a televisão, a Migdal produziu para o Multishow o sucesso de público “220 Volts” (quatro temporadas); “O Fantástico Mundo de Gregório”, eleito um dos melhores programas de TV de 2012 pelo jornal “O Globo”; “De Volta Pra Pista” (Multishow), estrelada por Dani Valente; “As Canalhas” (GNT), baseada na obra de Martha Mendonça; a série de documentários “Música.DOC” (VH1), que ganham novas temporadas em 2014; e, também no Multishow, o reality show “Paulo Gustavo na Estrada”. Iafa participou, também, do lançamento do livro “Film Business: o Negócio do Cinema”, no qual faz um panorama sobre o mercado audiovisual. Em 2010, a produtora foi indicada pelo jornal “O Globo” para o prêmio “Faz Diferença 2010”. Fundada em 2006 por Bruno Wainer, que tem em seu currículo a distribuição de alguns dos maiores sucessos do cinema brasileiro, entre os quais “Olga”, “Os Normais”, “Central do Brasil” e “Cidade de Deus”, a Downtown Filmes especializou-se a partir de 2008 na distribuição exclusiva de filmes brasileiros. Isso garantiu à empresa o lançamento de importantes títulos, entre eles: “Meu Nome Não é Johnny”, “Divã”, “Chico Xavier”, “De Pernas Pro Ar” e “Minha Mãe é uma Peça”. Em 2011, foi responsável pela distribuição dos dois maiores sucessos do ano: as comédias “De Pernas Pro Ar” e “Cilada.com”, que juntos venderam mais de 6,6 milhões de ingressos. Outro lançamento importante foi o documentário “Lixo Extraordinário”, indicado ao Oscar neste mesmo ano. Em 2013, a distribuidora lançou dois grandes sucessos: “De Pernas Pro Ar 2”, que ultrapassou a marca de 4,8 milhões de espectadores, e “Minha Mãe É Uma Peça”, com mais de 4,6 milhões de ingressos vendidos. Desde sua fundação, em 2006, até o momento, a Downtown Filmes acumulou mais de 52 milhões de ingressos com o lançamento de 64 filmes, o que a elevou a categoria de principal distribuidora de filmes nacionais no país. 33 Globo Filmes Paris Filmes A Paris Filmes é uma empresa brasileira que atua no mercado de distribuição, produção e exibição de filmes. A companhia está alicerçada em uma estrutura independente, onde a qualidade de seus produtos e o respeito com que se trabalha são elementos indispensáveis. Unidos, esses fatores fizeram e fazem da empresa hoje uma das mais respeitadas e tradicionais distribuidoras do país. Market Share dentre todas as distribuidoras, majors e independentes, além de distribuir grandes sucessos como o filme brasileiro com maior número de bilheteria no ano, “Até que a Sorte Nos Separe”, do diretor Roberto Santucci. Neste mesmo ano, a Paris Filmes lançou a nova franquia cinematográfica “Jogos Vorazes”, além de distribuir os premiados: “O Artista”, “A Dama de Ferro” e “Meia-Noite em Paris”. A partir de 2011, a empresa passou a atuar também na produção de filmes brasileiros. O investimento foi um novo desafio que deu certo, desde sua primeira aposta, com o longa metragem “De Pernas Pro Ar”’, do diretor Roberto Santucci. Atualmente, 11 filmes já foram produzidos pela companhia, entre eles “E Aí Comeu”, “Cilada.com” e “Minha Mãe É Uma Peça”. Agora, a Paris Filmes está seguindo sua trajetória de sucesso em 2013. São da distribuidora os dois maiores filmes nacionais até aqui, “De Pernas Pro Ar 2” e “Minha Mãe É Uma Peça”, que, por conta de seu sucesso já tem uma sequência encomendada. E a previsão é de mais bilheteria com “Crô”, de Bruno Barreto e “Meu Passado me Condena”, de Júlia Rezende e produção de Mariza Leão. Para os títulos internacionais, a previsão também é ótima. Depois de sucessos como “Truque de Mestre” e “O Lado Bom da Vida”, as grandes produções até o final do ano incluem: ‘O Lobo de Wall Street’, de Martin Scorsese; ‘Rota de Fuga’, com Arnold Schwarzenegger e Sylvester Stallone; ‘Enders Game’, de Gavin Hood; além das sagas ‘Instrumentos Mortais’, de Harald Zwart e o segundo filme da franquia Jogos Vorazes, ‘Em Chamas’, de Francis Lawrence. Em 2009 a companhia conseguiu firmar seu espaço no mercado se tornando líder dentre as distribuidoras nacionais ao apoiar grandes e pequenas produções, nacionais e internacionais, dentre elas o fenômeno “A Saga Crepúsculo”’. Em 2011, fechou o ano como a maior distribuidora independente e a terceira maior em participação de market share. E no ano seguinte, confirmou seu espaço ao conquistar o primeiro lugar em Desde 1998, a Globo Filmes já participou de mais de 150 filmes, levando ao público o que há de melhor no cinema brasileiro. Com a missão de contribuir para o fortalecimento da indústria audiovisual nacional, a filmografia contempla vários gêneros, como comédias, infantis, romances, dramas e aventuras, apostando em obras que valorizam a cultura brasileira. A Globo Filmes participou de alguns dos maiores sucessos de público e de crítica como “Tropa de Elite 2”, “Se Eu Fosse Você 2”, “2 Filhos de Francisco”, “O Palhaço”, “Xingu”, “Carandiru”, “Nosso Lar”’ e “Cidade de Deus” – com quatro indicações ao Oscar. Suas atividades se baseiam em uma associação de excelência com produtores independentes e distribuidores nacionais e internacionais. 34 Rede Telecine Há 23 anos, a Rede Telecine estreia na TV brasileira o melhor do cinema mundial, cada vez mais rápido. Joint-venture entre a Globosat e os quatro maiores estúdios de Hollywood – Paramount, MGM, Universal e Fox – também exibe com exclusividade as produções da Disney, além de sucessos do mercado independente. Visando investir cada vez mais na produção cinematográfica nacional, a Rede Telecine lançou em 2008 o Telecine Productions, selo de coprodução de títulos em parceria com grandes produtoras brasileiras. Além de estimular a criação de novos filmes e garantir sua exibição com exclusividade nos canais da Rede, em algumas produções o Telecine exibe versões exclusivas. A Rede Telecine é líder absoluta entre os canais de filmes da TV por assinatura. Em 2013, pelo oitavo ano consecutivo, exibiu o filme mais assistido na TV paga brasileira. Com o menor índice de repetição e os maiores e mais recentes longas do mercado brasileiro. O Telecine reúne nove das 10 maiores bilheterias do cinema em 2013. Nos últimos 20 anos, estreou com exclusividade 13 vencedores do Oscar de Melhor Filme. Paramount Pictures Corporation Paramount Pictures Corporation (PPC), uma produtora e distribuidora global de entretenimento audiovisual, é uma unidade da Viacom (NASDAQ: VIA, VIAB), uma das companhias líderes em conteúdo, com marcas reconhecidas e respeitadas no cinema, televisão e entretenimento digital, incluindo a Paramount Pictures, Paramount Animation, Paramount Vantage, Paramount Classics, Insurge Pictures, MTV Films e Nickelodeon Movies. As operações da PPC também incluem a Paramount Home Media Distribution, Paramount Pictures International, Paramount Licensing Inc. e Paramount Studio Group. 35 Assessoria de imprensa Agência Febre Katia Carneiro – +55 (21) 99978-2881 – +55 (21) 2555-8918 Luana Paternoster – +55 (21) 99891 6878 – +55 (21) 2555 8916 Alice Pereira - +55 (21) 98515 3617 – +55 (21) 2555 8926 36