SIMPOM I SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PÓS-GRADUANDOS EM MÚSICA XV Colóquio do Programa de Pós-Graduação em Música da UNIRIO Pesquisa em Música: novas conquistas e novos rumos PROGRAMAÇÃO E CADERNO DE RESUMOS Rio de Janeiro, 8 a 10 de Novembro de 2010 www.unirio.br/simpom Realização Patrocínio UNIRIO/CLA/PPGM 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO UNIRIO REITORA Malvina Tânia Tuttman VICE-REITOR Luiz Pedro San Gil Jutuca PRÓ-REITORA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA Maria Tereza Serrano Barbosa DECANO DO CLA José da Costa Filho COORDENADOR DO PPGM Sérgio Azra Barrenechea SECRETÁRIA DA COORDENAÇÃO DO PPGM Ana Cristina Neiva da Silva SECRETÁRIO DE ENSINO DO PPGM Aristides Antônio Domingues Filho José Nunes Fernandes Organizador do texto PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA/UNIRIO Av. Pasteur, 436 – Praia Vermelha Rio de Janeiro – RJ - Cep: 22290-040 Tel: (21) 2542-2554 www.unirio.br/ppgm 2 SIMPOM I SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PÓS-GRADUANDOS EM MÚSICA Comissão Organizadora Presidente: Prof. Dr. José Nunes Fernandes Vice-presidente: Prof. Dr. Sérgio Azra Barrenechea Membros: Doutorando Daniel Puig Doutoranda Domitila Ballesteros Doutoranda Fernanda Canaud Doutorando João Miguel Bellard Freire Doutoranda Willa Soanne Mestranda Joana Malta Gomes Mestrando Jonathan Gregory Bacharelanda Denise Carvalho de Figueiredo Licenciando Nelson Orlando Neto Comissão Artística Diretor Artístico: Prof. Dr. Nailson Simões Assistente: Licenciando Marcos Ferraz 3 SIMPOM I SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PÓS-GRADUANDOS EM MÚSICA Comitê Científico Presidente: Prof. Dr. Silvio Augusto Merhy (UNIRIO) Membros: Teoria e Prática da Execução Musical Profa. Dra. Lúcia Barrenechea (UNIRIO) Profa. Dra. Cristina Capparelli Gerling (UFRGS) Profa. Dra. Diana Santiago (UFBA) Educação Musical Profa. Dra. Monica de Almeida Duarte (UNIRIO) Profa. Dra. Luciana Del Ben (UFRGS) Profa. Dra. Margarete Arroyo (UFU) Musicologia Prof. Dr. Carlos Alberto Figueiredo (UNIRIO) Prof. Dr. Paulo Castagna (UNESP) Prof. Dr. David Cranmer (Universidade Nova de Lisboa - UNL) Linguagem e Estruturação Musical/Teoria da Música Prof. Dra. Carole Gubernikof (UNIRIO) Prof. Dr. Paulo de Tarso Salles (USP) Profa. Dra. Adriana Lopes Moreira (USP) Sonologia e Composição Profa. Dra. Vania Dantas Leite (UNIRIO) Prof. Dr. Rodolfo Caesar (UFRJ) Prof. Dr. Marcos Vieira Lucas (UNIRIO) Profa. Dra Ilza Nogueira (UFPB) Etnomusicologia Profa. Dra. Elizabeth Travassos (UNIRIO) Prof. Dr. Samuel Araújo (UFRJ) Prof. Dr. Carlos Sandroni (UFPE) Pareceristas convidados Inês de Almeida Rocha (Colegio Perdro II) José Ruy Henderson Filho (UEPA) Luiz Otávio Braga (UNIRIO) Maria Cristina de Carvalho Cascelli de Azevedo (UnB) Salomea Gandelman (UNIRIO) 4 APRESENTAÇÃO Desde 1996, o Programa de Pós-Graduação em Música (PPGM) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) realiza anualmente o Colóquio de Pesquisa em Música, que tem como objetivo apresentar e discutir as pesquisas desenvolvidas pelos alunos do Programa nos níveis de mestrado e doutorado (com resultados publicados na revista anual Cadernos do Colóquio). O Colóquio apresenta programação que envolve um convidado especial (conferencista), mesas redondas, comunicações dos resultados das pesquisas dos discentes e apresentações musicais. Conferencistas como Affonso Romano de Sant'Anna, Keith Swanwick, José Antônio de Almeida Prado, Carlos Sandroni, Beatriz Ilari, Silvio Barbato, Edino Krieger, Gilberto Velho, Luis Paulo Horta, Jocy de Oliveira, entre outros, contribuíram de forma inestimável ano a ano. Com objetivo de ampliar o âmbito do Colóquio, o PPGM criou em 2010 um evento semelhante, porém com maior alcance, denominado SIMPOM - I SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PÓSGRADUANDOS EM MÚSICA, que passa a integrar o Colóquio de Pesquisa em Música, e cujo modelo será reproduzido nos anos seguintes, abarcando os alunos de mestrado e doutorado em música do Brasil e apresentando conferências de pesquisadores internacionais e palestras de pesquisadores brasileiros e estrangeiros renomados. Apesar de reconhecer a importância da produção de outras áreas específicas de Artes e das Ciências, não foram aceitos trabalhos daquelas áreas nem tampouco de bolsistas de iniciação científica ou de docentes pesquisadores. Portanto, o evento envolverá somente alunos de mestrado e doutorado em Música, ação inédita no Brasil até então, para que exponham seus projetos, troquem experiências com outros pesquisadores, e divulguem e discutam os resultados obtidos em suas pesquisas. Entretanto, a participação de interessados foi admitida para assistir e receber certificado de assistência, assim como os Anais. A justificativa e relevância do evento diz respeito ao seu pioneirismo, uma vez que os outros encontros existentes no Brasil comportam todos os tipos de pesquisadores de suas áreas e não somente alunos de mestrado e doutorado em música. É novo também o fato de que o SIMPOM propiciará, em âmbito nacional, a discussão e a socialização das pesquisas nas suas etapas de execução e permitirá obter, imediatamente, um estado da arte vivo e atualizado. Além disso, a presença de pesquisadores brasileiros e conferencistas internacionais contribuirá para a divulgação do que se chama "o conhecimento novo", que deverá surgir durante as seções e ficará registrado nos anais do evento. O Programa do Simpósio está dividido por sete subáreas da Música e inclui conferências, mesas redondas, apresentações orais, 5 apresentações de pôsteres e apresentações musicais. A Comissão Organizadora selecionou, com indicação do Comitê Científico, os melhores projetos dentro de cada uma das subáreas do Simpósio para receberem menções honrosas. O evento contará com três conferencistas internacionais e palestrantes brasileiros e estrangeiros de destaque nas subáreas da música abarcadas pelo Simpósio. Os conferencistas internacionais do I SIMPOM são o Prof. Dr. Bernard Lortat-Jacob, do Laboratório de Etnomusicologia do Museu do Homem (Centro Nacional de Pesquisa Científica de Paris) e LESC - Universidade de Paris-X/Nanterre, que ministrará a Conferência Magna; a Profa. Dra. Lucy Green do Institute of Education, University of London e o Prof. Dr. Jonathan Dunsby, da The Eastman School of Music - University of Rochester. Como palestrantes, o I SIMPOM convida os seguintes músicos pesquisadores: Prof. Dr. Rodrigo Cicchelli (UFRJ), Prof. Dr. Ricardo Tacuchian (UNIRIO), Profa. Dra. Denise Lopes Garcia (UNICAMP), Prof. Dr. Fernando Iazzetta (USP), Profa. Dra. Martha Ulhôa (UNIRIO), Profa. Dra. Evguenia Roubina, (Universidad Nacional Autónoma de México), Prof. Dr. Charles Ford (Institute of Musical Research, University of London), Prof. Dr. Norton Eloy Dudeque (UFPR) e o Prof. Dr. Celso Loureiro Chaves (UFRGS). A finalidade do SIMPOM é criar, em caráter permanente, um espaço exclusivo de discentes de pós-graduação em Música (Mestrado e Doutorado) dos Programas de Pós-Graduação em Música brasileiros com nível máximo de excelência, e com possibilidade futura de: (a) vir a abarcar os alunos de outros programas (Artes, Educação, Sociologia, Comunicação, Filosofia, Antropologia, História, Informática, entre outros) que desenvolvam investigações na área da Música; (b) torná-lo de nível internacional, abrangendo programas de pós-graduação em música, primeiramente da América Latina e, em seguida, dos outros continentes (Ásia, Oceania, África, Europa e a América do Norte não latina). Assim, o SIMPOM também pretende: divulgar a geração de novos conhecimentos e de novos produtos na área da música, promover e elevar a qualidade da produção científica e tecnológica ligada à formação de pós-graduados em música no Brasil (mestres e doutores) tendo em vista o acesso a conhecimentos novos na área da Música, incentivar e apoiar a participação de pósgraduandos (mestrado e doutorado) e comunidade científica em geral em evento científico de alto nível na área da música, abarcando as subáreas e linhas de pesquisa dos programas de pós-graduação em música brasileiros, divulgar um estado da arte, atualizado a cada ano, do conhecimento produzido por discentes nos PPGM do Brasil. Rio de Janeiro, 8 de Novembro de 2010 José Nunes Fernandes Presidente da Comissão Organizadora do I SIMPOM 6 Palavras do Coordenador do PPGM É uma satisfação imensa poder participar da idealização e realização de um evento como o I SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PÓSGRADUANDOS EM MÚSICA! Acredito que o PPGM, a UNIRIO e a comunidade acadêmica da área de música estão de parabéns por propor, realizar e prover ressonância a esta maravilhosa empreitada! No início, pareceu-me uma tarefa hercúlea e um tanto idealista quando se propôs criar um evento que pretendesse representar a produção dos pós-graduandos em música brasileiros. Entretanto, também ficou claro que tal proposta viria suprir as necessidades deste importante segmento da “academia musical”. Admiravelmente, o resultado deste processo está aqui concretizado. Acredito firmemente que esta primeira edição do SIMPOM, a primeira de muitas, consiga traduzirse como um marco significativo para os interessantes caminhos que ainda vamos percorrer na pesquisa em música. Não posso deixar de fazer uma menção especial ao idealizador e presidente da Comissão Organizadora do SIMPOM, o Prof. José Nunes Fernandes – que incansavelmente sempre seguiu em frente mesmo nos momentos de maiores vicissitudes. E finalmente gostaria de assegurar que este evento não seria possível sem o valoroso apoio de nossa reitora, Malvina Tuttman e de nosso vice-reitor Luiz Pedro Jutuca, do Instituto Villa-Lobos, na figura de nosso diretor Dawid Korenchendler, de todos integrantes do corpo docente e discente do PPGM e seus funcionários, e das agências de fomento brasileiras, CAPES e CNPq. Sucesso a todos! Sérgio Azra Barrenechea Coordenador do PPGM/UNIRIO 7 A Palavra da Reitora A UNIRIO realiza um dos encontros científicos que marcará a história da Pós-Graduação em Música no Brasil – O I SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PÓS-GRADUANDOS EM MÚSICA (SIMPOM). A valiosa publicação de seus Anais, bem como este Livro de Resumos e Programa, possibilita dar visibilidade à riqueza da pesquisa produzida pelos discentes de mestrado e doutorado em Música do Brasil. Dada à excelência e tradição dos profissionais da área da Música, desde os tempos do importante Conservatório Nacional de Canto Orfeônico, a nossa Universidade é reconhecida nacional e internacionalmente. Assim, sinto-me contemplada por compartilhar do mesmo espaço acadêmico de tantos que, com seu trabalho, enobrecem a Universidade Pública. Um excelente Simpósio a todos! Malvina Tuttman Reitora da UNIRIO 8 SUMÁRIO Página Programação 10 Conferências 11 Mesas Redondas 12 Apresentações Musicais 13 Programas dos Concertos e Mini-concertos Horário das apresentações: Pôsteres e Comunicações 19 Resumos 24 Educação Musical Linguagem e Estruturação Musical/Teoria da Música Musicologia Teoria e Prática da Execução Musical Etnomusicologia Composição Sonologia 24 48 54 66 79 87 92 9 PROGRAMAÇÃO 8 de novembro 9 de novembro 10 de novembro Manhã 8:00 – 9:00 Credenciamento (Hall) 9:00 – 9:45 Abertura (Auditório) Mini-concerto 1 9:45 – 11:15 Conferência Magna Dr. Bernard Lortat-Jacob (Auditório) 11:15 – 11:30 Intervalo 11:30 – 13:00 13:00 – 14:00 14:00 – 15:00 9:00 – 10:30 Mesa Redonda 1 Composição (Auditório) Intervalo (almoço) Pôsteres Apresentação (Hall) Mini-concerto 2 10:30 – 11:45 Conferência 2 Dra. Lucy Green (Auditório) Mesa Redonda 2 Sonologia (Auditório) 9:00 – 10:30 10:30 – 11:00 Conferência 3 Dr. Jonathan Dunsby (Auditório) Mini-concerto 3 Mesa Redonda 4 11:45 – 13:30 13:30 – 14:30 Mesa Redonda 3 Musicologia (Auditório) Intervalo (almoço) Tarde 14:30 – 18:30 Pôsteres Exposição (Hall) 15:00 – 18:30 Comunicações (Salas 1 a 5) 15:00 – 17:00 Reunião com alunos egressos do PPGM / UNIRIO (Auditório) 11:00 – 12:45 13:00 – 14:00 14:00 – 18:30 Linguagem e Estruturação Musical/Teoria da Música (Auditório) Intervalo (almoço) Pôsteres Exposição (Hall) (Grupo de Choro) 15:30 – 18:30 Comunicações (Salas 1 a 5) 15:00 – 18:30 Comunicações (Salas 1 a 5) Noite 18:30 – 19:00 Intervalo 19:00 – 20:00 Apresentação Musical (Auditório) 18:30 – 19:00 Intervalo 19:00 – 20:00 Apresentação Musical (Auditório) 18:30 – 19:00 19:00 – 19:15 19:15 20:15 Intervalo Encerramento Apresentação Musical (Auditório) 10 Conferências Dia 8/11 – 9:45 às 11:15 hs Prof. Dr. Bernard Lortat-Jacob (Conferência Magna) Laboratório de Etnomusicologia do Museu do Homem [Centro Nacional de Pesquisa Científica de Paris] e LESC Universidade de Paris-X/Nanterre Quand les affects confondent parole et musique Dia 9/11 – 9:00 às 10:30 hs Profa. Dra. Lucy Green Institute of Education, University of London Informal popular music learning practice and their relevance for formal music educators Dia 10/11 – 9:00 às 10:30 hs Prof. Dr. Jonathan Dunsby The Eastman School of Music - University of Rochester History, Theory, Scarlatti‟s K. 87 11 Mesas Redondas 1-Composição (8/11) Mediador: Prof. Dr. Marcos Vieira Lucas (UNIRIO) Prof. Dr. Rodrigo Cicchelli (UFRJ) O Ensino da Composição Musical na Universidade Brasileira Contemporânea: indagações preliminares Prof. Dr. Ricardo Tacuchian (UNIRIO) Questões Controversas do Ofício de Compositor 2-Sonologia (9/11) Mediadora: Profa. Dra. Vânia Dantas Leite (UNIRIO) Profa. Dra. Denise Lopes Garcia (UNICAMP) Partitura de escuta: confluência entre sonologia e análise musical Prof. Dr. Fernando Iazzetta (USP) Música, técnica e metier 3-Musicologia (9/11) Mediadora: Profa. Dra. Martha Ulhôa (UNIRIO) Profa. Dra. Martha Ulhôa (UNIRIO) Musicologia como Escuta - revendo conceitos e métodos do estudo da música no século XXI Profa. Dra. Evguenia Roubina (Universidad Nacional Autónoma do México) ¿Ver para creer?: una aproximación metodológica al estudio de la iconografía musical Prof. Dr. Charles Ford (Institute of Musical Research, University of London) Masculine and feminine sub-styles in Mozart’s operatic music 4-Linguagem e Estruturação Musical/Teoria da Música (10/11) Mediadora: Profa. Dra. Carole Gubernikoff (UNIRIO) Prof. Dr. Norton Eloy Dudeque (UFPR) Forma musical como processo Prof. Dr. Celso Loureiro Chaves (UFRGS) A análise morta e as mensagens do outro lado 12 Apresentações Musicais Concertos Dia 8: Orquestra da UNIRIO Regente: Guilherme Bernstein 19:00 às 20:00 Dia 9: Grupo Novo da UNIRIO - GNU Direção: Marcos Lucas 19:00 às 20:00 Dia 10: Orquestra Barroca da UNIRIO (Camerata Quantz) Direção: Laura Ronái 19:15 às 20:15 Mini-concertos Dia 8: Grupo de Trompetes da UNIRIO Direção: Nailson Simões 9:20 às 9:45 Dia 9: Grupo Quatro Kilinhos -Grupo de Choro Direção: João Gabriel Menezes 14: 00 às 15:00 Dia 10: Percussão Daniel Serale – 10:30 às 11:00 13 PROGRAMAS DOS CONCERTOS E MINI-CONCERTOS Orquestra da UNIRIO Regência: Guilherme Bernstein Padre José Maurício Nunes Garcia. Abertura em Ré Franz Schubert. Sinfonia n.6 Violinos Ayran Oliveira Flank Carlaly Julia Laporte Luisa de Castro Milena Arca Ulisses Venceslau Mateus Barros Yuri Reis Correa Hugo Oliveira Flautas Jefferson Souza Luíza Braga Moura William Shainer Rachel Silva Igor Silveira Clarinetas Mauricio Silva Mauro Vasconcellos Mateus Falkemback Diogo Maia Trompetes Eduardo Santana Henrique Vaz Violas Ana Luiza Lopes Luciana Garrido Daniel Oliveira Violoncelos Glenda Carvalho Jéssica Gomes Murilo Alves Lauro Lira Lopes Mateus Rangel Contrabaixos Érika Brito Nande Lise Bastos Pablo Arruda Oboés Jonathan Yoshikawa Giselle Milano Juliana Bravin Fagotes Débora Nascimento Douglas Clemente Trompa Daniel Soares A ORQUESTRA DA UNIRIO é formada pelos bacharelandos em instrumento do Instituto Villa-Lobos da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ernani Aguiar e Ricardo Tacuchian, seus primeiros regentes, imprimiram a filosofia de conciliar o grande repertório com a música brasileira, tradicional e contemporânea, estreando inúmeras obras de autores nacionais. Desde 2004 sob a direção de Guilherme Bernstein, a ORQUESTRA DA UNIRIO apresenta-se regularmente no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, na Sala Cecília Meireles, na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro, nas Igrejas da Glória do Outeiro e da Candelária e em diversos outros locais importantes na vida cultural carioca. Tem recebido solistas importantes, como os professores da UniRio Paulo Bosísio, Luís Carlos Justi e Nicolas de Souza Barros, solistas internacionais como François Sochard, Shalev Ad-El e Licia Lucas, entre outros, e apresentou à cena artística jovens solistas de seus quadros que hoje integram as mais importantes orquestras do país. 14 Grupo de Trompetes da UNIRIO - GTU Direção: Nailson Simões Benjamin Britten. Fanfarre for St. Edmundsbury James M. Stephenson Fanfare for an Angel Gilson Santos. Seventy Springs Paquito D'Rivera. Vals Venezolano Chico Buarque. Vai Trabalhar Vagabundo Trompetes: Nailson Simões, Maico Lopes, Wilian Oliveira, Eduardo Santana, Aquiles Moraes, Daniela Garcia, Marcos Ferraz, Orlando Gonçalves, Gilson Santos Atuando como um dos conjuntos de câmara da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – (UNIRIO), o Grupo de Trompetes da UNIRIO foi criado pelo então diretor do Grupo, o Prof. Titular de Trompete da UNIRIO, Dr. Nailson Simões, com o objetivo principal de pesquisar e divulgar a música brasileira de câmara para trompete, funcionando ainda como um laboratório para os alunos de composição da Universidade. Desde sua criação, no segundo semestre de 1999, vem se apresentando com freqüência na Universidade tocando obras compostas especialmente para este grupo, transcrições e peças originais para a formação de trios, quartetos ou quintetos de trompetes. Formado por alunos do curso de Bacharelado e da Pós-Graduação, o Grupo apresentou-se no I Encontro Internacional de Trompetes em Campinas, promovido pela Associação dos Trompetistas Brasileiros, no II Encontro Internacional de Metais em Vitória-ES, além de atuar em apresentações acadêmicas como defesas de teses, simpósios, colóquios do programa de pós-graduação, dentre outros. Daniel Serale Percussão Duas peças brasileiras de Teatro Instrumental para um percussionista Carlos Stasi (1990). Canção simples de tambor Arthur Rinaldi (2007). Sonhos I) Vozes de lobos antigos II) O assassino III) O vento sopra IV) Junto ao lago V) O andarilho VI) A sagrada montanha Daniel Serale é bacharel e licenciado em Artes Musicais, especializado em Percussão, pelo Instituto Universitario Nacional del Arte da Argentina. Mestrando na área de Práticas Interpretativas do Programa de Pós-Graduação em Música da UNIRIO, com a pesquisa Performance no Teatro Instrumental. O repertório brasileiro para um percussionista. 15 É integrante do ensamble de música contemporânea Süden! e do Grupo Novo da UNIRIO (GNU). Participou das últimas edições da Bienal de Música Brasileira Contemporânea como intérprete e compositor. Em 2008 lançou seu primeiro CD, Vibrafonauta, com obras inéditas para vibrafone solista dedicadas a ele, e atualmente, com o apoio do Fundo Nacional das Artes (Argentina), prepara o lançamento do seu segundo CD, que será publicado junto a um livro de sua autoria, com obras para percussão solo. Grupo Quatro Kilinhos – Grupo de Choro Direção: João Gabriel Menezes Antonio Neves - Bateria Aquiles Novaes - Trompete Gabriel Menezes - Cavaquinho Julião Rabello – Violão Grupo Novo da UNIRIO – GNU Direção: Marcos Lucas Danilo Guanais. Antissalmo por um Desherói Paulo Rios Filho. Música Peba No1 (qual?) Luciano Leite Barbosa. Cinerário Rami Levin. Dualities Marcos Lucas. Carnaval Alan Williams. Bog Bodies Guilherme Bertissolo. Elucubrações INKZ Op.27 Integrantes: Maria Carolina Cavalcanti (flauta) Vicente Alexim (clarinete) Ayran Nicodemo (violino) Glenda Valéria (violoncelo) Gabriel Lucena (violão) Diana Maron (soprano) Antônio Ziviani e Pablo Panaro (piano) Conjunto de câmara especializado no repertório moderno e contemporâneo, o GNU busca democratizar o acesso a esta produção musical tão criativa e rica em variedade de linguagens e percepções. Tendo como principal meio a realização de concertos, o grupo pretende tornar uma parte significativa da cultura musical brasileira e universal, que tem sido pouco apresentada e divulgada, mais conhecida do grande público. Para isso, os concertos do GNU oferecem um programa diversificado, sempre introduzido por comentários sobre as peças. Desde o início de sua formação, em 2003, o grupo vem contribuindo para o incremento da produção contemporânea, através de encomendas e estréias de peças de compositores brasileiros e internacionais. No ano de 2009, foram oito peças tocadas pela primeira vez em palcos cariocas, quase a totalidade dedicada ao grupo. Em 2010, este número já foi superado no primeiro semestre, quando ocorreram dez estréias mundiais, sendo nove de música brasileira e uma de compositor inglês, todas elas dedicadas ao GNU. Na busca da excelência na interpretação, o grupo tem recebido profissionais 16 com vasto conhecimento do repertório destes períodos, que muito contribuíram para que o grupo chegasse à sua performance atual. Estas contribuições se deram por meio de orientações em ensaios de peças escritas especialmente para o GNU, como no caso da compositora Rami Levin (EUA), ou do intercâmbio cultural, como o promovido com a estada de Cesário Costa (Portugal), regente do famoso conjunto Orchestrutópica e da Sinfônica do Porto, que ensaiou com o grupo obras do repertório contemporâneo português, selecionadas pelo próprio maestro. Assim, os concertos do GNU oferecem ao seu público um repertório pleno de linguagens e expressões variadas, levando o ouvinte à percepção de outras possibilidades do discurso musical artístico, bem diferentes das oferecidas no cotidiano. Orquestra Barroca da UNIRIO Direção: Laura Ronái Johan Helmich ROMAN - (1694-1758) Ouverture, para orquestra de cordas e 2 oboés Abertura Adagio e Staccato Presto Johann Sebastian BACH (1685-1750) 2 Árias da Paixão segundo S. João Von den Stricken, para alto, 2 oboés e baixo contínuo Es ist vollbracht, para alto, cello e baixo contínuo Marco UCCELLINI (1603-1680) Symphonia 1 (a Rovetta) Allegro Johann Sebastian BACH (1685-1750) Cantata BWV 82 Ich habe genug para barítono, oboé e cordas Johann Joachim QUANTZ (1714-1788) Trio sonata em dó maior, para flauta doce, flauta transversal e baixo contínuo Andante Alla breve Largo Vivace Evaristo Felice DALL'ABACO (1675 – 1742) Concerto à più instrumenti, em mi menor, op. V, nº3, para 2 flautas, fagote e cordas Allegro 17 Integrantes: Laura Rónai – Traverso e direção artística Vozes Sophia de Otero – Mezzosoprano Emerson Lima – Barítono Sopros Pierre Descaves – Oboé barroco Claudio Frydman – Flauta doce e traverso Claudio Yabrudi – Traverso Jeferson Souza - Traverso Cordas Flank Carlaly – Violino Leonardo Cerante – Violino e viola Luciana Garrido – Viola Marcos Rangel – Cello Milena Arca – Violino Oswaldo Vellasco – Violino Roger Lagr – Violino Contínuo Cláudio Yabrudi – cravo Jorge Ortiz – Cravo A Orquestra Barroca da UNIRIO se dedica à interpretação do repertório dos séculos XVII e XVIII com instrumentos históricos. O grupo surgiu em 2002 a partir do trabalho da Camerata Quantz, grupo coordenado pela flautista Laura Rónai, que se propunha a ser, mais que um conjunto de câmara, uma oficina permanente de interpretação histórica que reunisse professores, alunos e músicos interessados nesse repertório. O programa passeia por obras de compositores mais conhecidos do gênero como Vivaldi e Quantz assim como de personagens mais obscuros do século das luzes, como Dall‟Abaco, Roman e Uccellini, formando um quadro que ilustra bem a música desse período. A Orquestra Barroca da UNIRIO vem se apresentando desde 2002 (com o nome de Camerata Quantz) em diversos espaços importantes como o CCBB de São Paulo, o SESC do Flamengo, o Clube de Engenharia do RJ, a igreja da Lapa dos Mercadores pelo Projeto Música nas Igrejas, o Paço Imperial pelo projeto Compasso Clássico, dentro do projeto Música no IBAM, entre outros, assim como na própria UNIRIO em diversos projetos interdisciplinares. 18 HORÁRIO DAS APRESENTAÇÕES: PÔSTERES E COMUNICAÇÕES Pôsteres Apresentação – 14 horas – dia 8/11/10 ED – Educação Musical NOME Alvaro Henrique Borges Jáderson Aguiar Teixeira Liège Pinheiro dos Reis Marcelo Inagoki Rodrigues Maria Luiza Santos Barbosa Tais Dantas da Silva Paulo César Cardozo de Miranda TÍTULO DO TRABALHO DA ESCUTA À PRÁTICA CRIATIVA: ISTO É MÚSICA! PEDAGOGIA DA PERCEPÇÃO MUSICAL BASEADA EM DOIS NORTEAMENTOS FILOSÓFICOS MÚSICA NOS PROGRAMAS DE INGRESSO AO ENSINO SUPERIOR: POSSIBILIDADES DE AMPLIAÇÃO DO CONHECIMENTO MUSICAL E DA PRODUÇÃO DE SABERES PEDAGÓGICOS MUSICAIS EDUCAÇÃO MUSICAL DE DEFICIENTES VISUAIS – ANALISANDO POSSIBILIDADES DE APLICAÇÃO DE ALGUNS PRINCÍPIOS DO MÉTODO SUZUKI PSICOPEDAGOGIA E MÚSICA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA APRENDIZAGEM DO INSTRUMENTO MUSICAL REALIZADA EM GRUPO: FATORES MOTIVACIONAIS E INTERAÇÕES SOCIAIS JOGOS MUSICAIS: CONHECIMENTO, COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DOS PROFESSORES EM ATIVIDADES DE SALA DE AULA LEM – Liguagem e Estruturação Musical/Teoria da Música NOME Emiliano Cardoso Sampaio Humberto Amorim Walter Nery Filho TÍTULO DO TRABALHO PARTICULARIDADES HARMÔNICAS NAS COMPOSIÇÕES DE NAILOR AZEVEDO “PROVETA” PARA A BANDA MANTIQUEIRA RICARDO TACUCHIAN: CAMINHOS ESTÉTICOS E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ESTRUTURA E ORGANICIDADE NA PEÇA “O PASSARINHO DE PANO” DE VILLA-LOBOS – UM ESTUDO ANALÍTICO PRELIMINAR MU – Musicologia NOME Luiz de França Costa Lima Neto Ricardo Miguel Kolodiuk Smolinski Vinícius José Spedaletti Gomes Willa Soanne Martins TÍTULO DO TRABALHO "A MÚSICA E A DANÇA DA FARSA TEATRAL O JUIZ DE PAZ NA ROÇA (1838), DE LUIS CARLOS MARTINS PENA: UMA PERFORMANCE ESTÉTICO-POLÍTICA" A ORQUESTRA SINFÔNICA DO RIO GRANDE DO NORTE - SEU PROCESSO DE CRIAÇÃO HELIO DELMIRO, VILLA LOBOS E O CHORO: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE “CHAMA” E “CHOROS NO.1” MÚSICA DE VANGUARDA E CULTURA DE MASSAS 19 TPE – Teoria e Prática da Execução Musical NOME Janaína Paiva Garcia Sá José Benedito Viana Gomes Ricardo Rosembergue Garcia TÍTULO DO TRABALHO A PERCUSSÃO NA OBRA MUSEU DA INCONFIDÊNCIA DE GUERRA-PEIXE AULAS COLETIVAS DE INSTRUMENTO COMO FATOR DE MOTIVAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA EXECUÇÃO MUSICAL DE FLAUTISTAS EM CURSOS DE GRADUAÇÃO DISTONIA FOCAL E A ATIVIDADE DO PERFORMER MUSICAL: UMA BREVE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ET - Etnomusicologia NOME Climério de Oliveira Santos Keila Souza Fernandes da Cunha Priscilla Maria Gallo TÍTULO DO TRABALHO SOU ANTIGO, POSSO FALAR: A ANTIGUIDADE, UM ATRIBUTO VALORATIVO DOS CABOCOLINHOS. MÚSICA E ETNICIDADE JUDAICA NAS CANÇÕES DO SHABAT EM RECIFE/PE CAXIXI: UM EXEMPLAR DA PERCUSSÃO AFRO-BRASILEIRA E SUA PERSPECTIVA ETNOMUSICOLÓGICA CO - Composição NOME Danilo Cesar Guanais de Oliveira TÍTULO DO TRABALHO CIÊNCIA, DETERMINAÇÃO E ARTE: OS QUADRADOS MÁGICOS E A COMPOSIÇÃO 20 Comunicações Orais Segunda feira (8/11/10) 14:00 15:00 Pôsteres – apresentação (Hall) Sala1 (ED) 15:30 18:00 Sala2 (ED) Sala3 (TPE) Sala4 (MU/ET) Állisson Popolin Maria Salete de Carvalho Bartolomeu Wiese Filho Gabriel Sampaio Souza Lima Rezende Ana Luisa Fridman Mario André Wanderley Oliveira Bruno Rejan Silva Mayra Cristina Pereira Lélio Eduardo Alves da Silva Pablo Panaro (Coordenador da Sessão) Bruno Westermann Paulo Roberto de Oliveira Coutinho Daniela Oliveira dos Santos Regina Balan Darcy Alcantara Neto Fernando Ariani (Coordenador da Sessão) Simone Marques Braga Wasti Silvério Ciszevski Claudio Frydman Thiago Cabral Carvalho Danilo Jatobá Beserra Adelcio Camilo Machado Denize Zorzetti (Coordenador da Sessão) Eliana Asano Ramos Frank Michael Carlos Kuehn Sala5 (SO/CO) Alexandre Bezerra Viana Marcelo Carneiro de Lima (Coordenador da Sessão) (Coordenador da Sessão) Alexandre Francischini Paulo Henrique Guimarães Raposo Potiguara Menezes Flavia Cachineski Diniz 21 Terça feira (9/11/10) S1 (ED) Fábio Miguel S2 (TPE/MU) Marcus de Araújo Ferrer S3 - (Coordenador da Sessão) Jaqueline Soares Marques 15:00 18:00 Ricardo Newton Lopes Rodrigues Joana Malta Gomes Alberto Boscarino (Coordenador da Júnior Sessão) José Estevão Moreira Daniel Andrioli Rodrigues Motta José T. d´Assumpção Jr Enrique Valarelli Menezes Marcos Alencar Pelisson Juliana Martins dos Santos Fernando Lacerda Simões Duarte Fernando E. M. S. Fernandes - S4 (MU/ET) S5 (TPE) Márcio Hugo Antônio de Vargas Almeida(MU) Pilger Juliana Carla Bastos João Miguel Bellard Freire (Coordenador da Sessão) - Keila Michelle Silva Monteiro José Alexandre Carvalho - Laize Soares Guazina José Wellington dos Santos - - - Marcelo de Castro Lopes (Coordenador da Sessão) Rodrigo Cantos Savelli Gomes Larena Franco de Araújo Leandro Barsalini Maico Viegas Lopes 22 Quarta feira (10/11/10) S1(ED) Antonio Henrique Seixas de Oliveira Lúcia Regina de Sousa Moreira Maira Ana Kandler 15:00 18:00 Josiane Paula Maltauro Lopes Marcos dos Santos Moreira Maria Nazaré Rocha de Almeida (Coordenador da Sessão) S2 (LEM) Carlos Almada (Coordenador da Sessão) S3 - Alexei Figueiredo Michailowsky Daniel Menezes Lovisi Ernesto Frederico Hartmann Sobrinho Sérgio Paulo Ribeiro de Freitas Paula Veneziano Valente Maurício Funcia De Bonis S4 (M/ET) Geremias Tiófilo Pereira Junior Iuri Lana Bittar (Coordenador da Sessão) - Joêzer de Souza Mendonça - Lina Noronha - Luciana Barongeno - Marcelo Fernandes Pereira Gabriel Ferrão Moreira (ET) S5(CO) Alessandro Goularte Ferreira Daniel Alexander de Souza Escudeiro Daniel Fils Puig (Coordenador da Sessão) Danilo Rossetti Marco Antônio Ramos Feitosa 23 RESUMOS Pôsteres e Comunicações (por área e por ordem alfabética)1 ED – Educação Musical O QUE JOVENS DO ENSINO MÉDIO APRENDEM DE MÚSICA ATRAVÉS DE SUAS EXPERIÊNCIAS DIÁRIAS DE ESCUTA: UM ESTUDO DE CASO Állisson Popolin Universidade Federal de Uberlândia – UFU Mestrado em Artes – Sub-Área Música – Educação Musical Resumo: Este artigo é apenas um recorte da pesquisa em andamento que tem por finalidade desvelar o que jovens, estudantes do ensino médio, sem educação musical formal ou não formal e que não toquem qualquer instrumento musical, aprendem de música nas suas escutas do dia a dia. Com base no atual estágio de pesquisas da área de Educação Musical, na sua abordagem sociocultural, são pressupostos desta investigação que: os jovens dedicam muitas horas diárias escutando música; e que a aprendizagem musical ocorre informalmente através das experiências musicais cotidianas. O objetivo desta exposição é apresentar parte da revisão bibliográfica empreendida e que tem servido para situar, precisar e conceituar o foco da pesquisa. A questão-problema a ser investigada é: o que os jovens aprendem de música de suas experiências cotidianas de escuta musical hoje em dia? O referencial teórico apóia-se na perspectiva sociocultural da Educação Musical. Quantos aos procedimentos metodológicos, optei pelo estudo de caso em que serão selecionados cinco jovens estudantes do Ensino Médio que utilizam vários meios diferentes para escutar música (internet, celular, MP3, Ipod, TV/DVD, Rádio, CD, shows e apresentações musicais) e que também não tenham tido educação formal ou não formal e que não toquem instrumentos. A importância desta pesquisa para Educação Musical justifica-se por contribuir para discussões sobre ensino-aprendizagem de música, possibilitando o desenvolvimento de propostas para outros fundamentos das teorias, práticas, conceitos e discursos com ênfase nos saberes pedagógico-musicais que emergem da cultura jovem e da relação jovens e músicas na atualidade visando uma prática educativomusical significativa. Palavras-Chave: Jovens, Escuta de música, Tecnologia, Ensinoaprendizagem musical, Educação Musical 1 Os dados (nomes, instituições/cursos/áreas) e o texto são de responsabilidade única dos autores. 24 DA ESCUTA À PRATICA CRIATIVA: ISTO É MÚSICA!!! Alvaro Henrique Borges Instituto de Artes – UNESP Doutorado em Música / Educação Musical Resumo: Este texto trata-se de um recorte das experiências que ocorreram com um grupo de educadores musicais, os quais atuam em escolas regulares de Minas Gerais e que foram sujeitos da pesquisa desenvolvida pelo autor acerca da situação do ensino musical em escolas do sistema regular de ensino. O objetivo da pesquisa foi aproximar a prática musical dos sujeitos com um repertório que contemplasse novas possibilidades de ouvir e fazer música. A fundamentação destas possibilidades foram embasadas nas idéias de pedagogos músicos, que atuam desde a segunda metade do século XX, a saber: R. M. Schafer, J. Paynter, G. Self, B. Porena e G. Reibel. O trabalho foi realizado a partir das abordagens qualitativas elegendo-se o caráter metodológico intervencionista com observação participante e privilegiou-se a descrição, a análise e a interpretação de dados. Palavras-chave: Música, Ensino, Criatividade, Música Contemporânea MÚSICA PARA TODOS OS OUVIDOS: UM ESTUDO SOBRE A DIVERSIDADE DE LINGUAGENS APLICADAS AO ENSINO MUSICAL Ana Luisa Fridman USP - Doutorado em Música Processos de Criação Musical Resumo: O artigo trata das transformações que se refletiram na maneira de se pensar a música da atualidade e na transmissão destas transformações para o ensino musical. O artigo defende o estabelecimento de novas fronteiras no que diz respeito à música e seu ensino, sendo que o enfoque principal do artigo será mostrar a diversidade na qual nos encontramos hoje. A partir da idéia de diversidade, propomos que o mesmo conceito possa se estender ao ensino musical de maneira abrangente, estabelecendo novos territórios de exploração. Para ilustrar a idéia do artigo, serão tratadas as transformações culturais provindas da acessibilidade virtual da internet, o avanço da tecnologia e sua influência na paisagem sonora urbana e a música não ocidental, que ainda hoje é pouco explorada na formação do músico no Brasil, embora esteja presente na performance. Palavras-Chave: ensino musical, diversidade territorial, música não ocidental, acessibilidade virtual 25 MÉTODOS E ENSINO DE TROMBONE NO BRASIL – UMA REFLEXÃO PEDAGÓGICA Antonio Henrique Seixas de Oliveira Universidade Federal do Rio de Janeiro Mestrado em Música / Educação Musical Resumo: Este artigo, originado a partir da pesquisa realizada para a elaboração da dissertação de mestrado de mesmo nome, tem por objetivo traçar um panorama não generalizável do ensino de trombone nos cursos superiores federais no país a partir da análise de métodos de trombone e da leitura interpretativa de questionários aplicados a docentes e alunos destas instituições. Foi realizada, inicialmente, uma revisão de literatura concernente ao ensino de música e práticas instrumentais dos séculos XVII ao XXI, com objetivo de abordar aspectos históricos e pedagógicos e verificar quais modificações o ensino de instrumentos musicais sofreu ao longo do tempo até chegar aos moldes em que é realizado na maioria das instituições nos dias de hoje. A metodologia de pesquisa foi embasada teoricamente pela dialética e a fenomenologia. Tendo como referencial teórico Libâneo (1990), Freire (1997) e Marques (1999) foram analisados os métodos de trombone, a partir do seu conteúdo técnico e pedagógico, além dos questionários aplicados a professores e alunos das universidades federais que possuem curso superior em trombone. Ao final do trabalho foi feita a triangulação dos dados obtidos a partir das análises dos métodos e questionários apontando conclusões quanto ao ensino/aprendizagem de música através do trombone no Brasil. Palavras Chave: Métodos, Trombone, Ensino de Música, Práticas Instrumentais, Bacharelado em Instrumento SOBRE O ENSINO DE INSTRUMENTOS MUSICAIS A DISTÂNCIA E A AUTONOMIA DO ALUNO Bruno Westermann Universidade Federal da Bahia Mestrado em Música/Educação Musical Resumo: O presente artigo, parte integrante de uma pesquisa de mestrado em andamento, pretende contextualizar o leitor no que se refere aos assuntos principais da pesquisa: educação a distância, educação musical a distância e autonomia do aluno. O artigo apresenta um breve história da EaD no Brasil, comentários sobre iniciativas de ensino de música através desta modalidade. Em seguida, é explicada a estrutura da disciplina de violão do Curso de Licenciatura em Música a Distância da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Por último é apresentada uma revisão de bibliografia sobre o termo autonomia do aluno e também são feitos comentários sobre o papel deste conceito no ensino de violão a distância e particularmente, no curso de licenciatura em questão. Palavras-chave: Educação a distância, Educação Musical a Distância, Ensino de Instrumento, Autonomia do aluno 26 ADOLESCENTES E O SERTANEJO UNIVERSITÁRIO: O GOSTO COMO UMA ATIVIDADE REFLEXIVA Daniela Oliveira dos Santos Universidade Federal de Uberlândia Mestrado em Artes – Sub-Área Música – Educação Musical Resumo: Esta comunicação traz uma reflexão sobre o gosto a partir de um recorte da pesquisa em andamento: “Que Música Boa!”: Modos de relação entre adolescentes e o Sertanejo Universitário, no Programa de Mestrado em Artes – Área Música - da Universidade Federal de Uberlândia. Partindo de um questionamento na área da Educação Musical, no qual a pesquisadora, professora de música na escola regular, busca compreender os modos de relação que os adolescentes têm com o estilo musical Sertanejo Universitário, essa pesquisa também traz como objetivo compreender como o gosto é construído nas relações dos adolescentes com o estilo. A pesquisa será realizada com um grupo de 3 a 5 adolescentes escolhidos devido aos seus modos de relação com o Sertanejo Universitário, já que as práticas com o estilo refletem muito dos seus modos de relação com a música. Cantar junto, colecionar letras das músicas, dançar, ouvir, tocar, todos esses modos de relação com o estilo são práticas que a pesquisa buscará compreender a partir das narrativas desses adolescentes. O artigo está dividido em seções: na primeira apresentarei a pesquisa em andamento, tratando dos objetivos, metodologia adotada e referencial teórico. Em seguida farei uma explanação sobre o estilo musical Sertanejo Universitário e, logo após, trarei uma reflexão acerca da construção do gosto musical como uma atividade reflexiva dentro dos estudos do sociólogo Antoine Hennion. Os apontamentos advindos dos estudos no campo da Sociologia da Música muito contribuem para a compreensão da relação entre sujeito, música e a constituição do gosto. Palavras-Chave: Adolescentes, Gosto, Sertanejo Universitário APRENDIZAGENS EM PERCEPÇÃO MUSICAL: UM ESTUDO DE CASO COM ALUNOS DE UM CURSO SUPERIOR DE MÚSICA POPULAR Darcy Alcantara Neto UFMG/PPGMUS Mestrado em Música / Subárea: Educação musical Resumo: O artigo descreve uma pesquisa em andamento, cujo objetivo é compreender os significados atribuídos por alunos de um curso de bacharelado em música popular às habilidades e conhecimentos relacionados à teoria e percepção musical, buscando identificar possíveis impactos dos processos de aquisição de conhecimentos formais sobre suas práticas musicais. Como músicos populares, estes alunos possuem um background em que se destacam conhecimentos e habilidades desenvolvidos através de práticas informais de aprendizagem (tocar de ouvido, escolher seu próprio repertório e compor e improvisar extensivamente, por exemplo). Por outro lado, tais alunos também apresentam conhecimentos e 27 habilidades formais (em especial, a utilização das ferramentas de leitura e escrita musical convencional e a discriminação auditiva de certos elementos e estruturas musicais), já que estes são requisitados para o ingresso em um curso de música, por meio de exames específicos. Os perfis dos alunos conjugam, assim, características típicas de aprendizagens formais e informais. A pesquisa, de caráter qualitativo, utiliza a abordagem conhecida como “estudo de caso instrumental”, e emprega questionários e grupos focais como instrumentos de coleta de dados. Os discursos dos alunos serão interpretados à luz de outras pesquisas acerca do ensino de percepção musical (que caracterizam o ensino tradicional como fragmentado, descontextualizado, mecânico e distante da própria “música”) e a respeito de como os músicos populares aprendem. A pesquisa pretende oferecer contribuições para relativizar a perspectiva etnocêntrica que naturaliza conhecimentos da tradição clássica como musicais “em si mesmos”, bem como apontar caminhos metodológicos integradores para o ensino de percepção musical na graduação. Palavras chave: percepção musical; música popular; aprendizagens informais PAISAGEM SONORA: UM ESTUDO DA VOZ HUMANA COMO SÍMBOLO SONORO Fábio Miguel Programa de Pós-graduação em Música Instituto de Artes da UNESP Doutorado em Música / Ecologia Sonora Resumo: Discute a respeito de uma pesquisa de doutorado, que objetiva estudar a voz humana como símbolo sonoro no contexto do espaço acústico do bairro Jardim Utinga; compreender como os moradores se relacionam com esse som em meio a tantos outros e, também, como um possível desequilíbrio na relação homem-ambiente sonoro pode trazer modificações no plano simbólico. Para isso, utiliza-se o conceito de símbolo sonoro, dado por SCHAFER (2001) para tratar um evento sonoro, no caso a voz, além de suas sensações mecânicas e funções sinalizadoras. Ampara-se também, nas idéias de GEERTZ (1989, 1997) para pensar a voz humana como um símbolo sonoro que é parte de um sistema geral de formas simbólicas que constitui a cultura, em que os elementos desse sistema - símbolos significantes - se, profundamente interpretados possibilitam conhecer a comunidade do Jardim Utinga. Ainda, transpõem-se os conceitos de ecossistema nativo, transformado e antrópico de SOFFIATI (2002) para ambiente sonoro nativo, transformado e antrópico para uma análise dos possíveis desequilíbrios no ambiente sonoro do bairro. Mostra-se, como e por que, os procedimentos metodológicos iniciais foram modificados. Comenta-se brevemente a respeito do critério de amostra probabilística RICHARDSON (1999) adotado para confecção da amostra das ruas, da amostra dos dias da semana, do tempo de gravação e da amostra de pessoas do bairro para responder o questionário. Sem analisar, comenta-se a respeito de gravações realizadas em julho; do questionário semi-estruturado que será aplicado aos moradores das ruas onde ocorreram as gravações, o que se pretende com as questões elaboradas e acerca do método do DSC 28 (Discurso do Sujeito Coletivo) para análise das entrevistas. Conclui-se explicitando os desdobramentos do seminário (THIOLLENT, 2002) que será realizado e de que maneira o referencial teórico, em conjunto com os dados levantados, fundamentam a reflexão da voz humana como símbolo sonoro no Jardim Utinga. Palavras-chave: Ecologia Acústica, Paisagem Sonora, Voz, Símbolo Sonoro, Educação Sonora MÚSICA EM COM-JUNTO: UM PIQUENIQUE MUSICAL Fernando Caiuby Ariani Filho UNIRIO/PPGM Doutorado em Música - Ensino e aprendizagem Resumo: Comunicação de pesquisa de doutorado de mesmo título em andamento no PPGM/UNIRIO, cujos objetivos são o de investigar as possibilidades e desdobramentos de um trabalho de canto em grupo cujo resultado não seja definido a priori, mas que seja desenvolvido a partir dos encontros e contribuições dos indivíduos sem qualquer seleção prévia, classificatória ou eliminatória; investigar quais as reais motivações que levam indivíduos leigos, sem pretensões profissionais a se reunir regularmente em grupo para fazer música. São elas musicais ou sociais? Domínio técnico ou necessidade de sociabilização e trocas afetivas? Realizar com perfeição uma determinada partitura ou desenvolver a musicalidade e contribuir no processo, por mais simples que seja sua participação e contribuição? Como manter um grupo heterogêneo como esse vivo e unido? Quais os fatores mais importantes nessa manutenção? Interações afetivas ou resultados musicais de excelência? A partir dessas questões foi criado o grupo Com-Junto Sá Pereira que trabalha com base nessas questões desde 2007. Dialogando com a produção de pensadores a elas afeitos tais como Blacking, Rogers e Santos – entre outros, explicitados no corpo do texto –, o aprofundamento da pesquisa a respeito dos processos grupais e suas implicações colocou o pesquisador diante dos princípios da Gestalt com os quais foi estabelecida uma discussão em contraponto com a história e desenvolvimento do Com-Junto Sá Pereira. É apresentado um relato de experiência cujos resultados envolvem a coletânea e análise do material colhido desde a origem do grupo que inclui depoimentos, enquetes regulares e produção de música composta e recriada durante o processo, e que derivou das diversas contribuições e interações entre os participantes, sempre acolhidos sem exceção e sem qualquer seleção prévia. Também foram desenvolvidas técnicas e propostas pedagógicas para dar conta das inúmeras situações que um trabalho baseado em hipóteses a posteriori como esse é capaz de gerar. Palavras-chave: coral amador; motivação; processo; afetividade; hipótese a posteriori; relato de experiência; proposta pedagógica 29 PEDAGOGIA DA PERCEPÇÃO MUSICAL BASEADA EM DOIS NORTEAMENTOS FILOSÓFICOS Jáderson Aguiar Teixeira Universidade Federal do Ceará Mestrado em Educação Brasileira / Subárea: Ensino de Música Resumo: Este artigo esclarece duas práticas educativo-musicais que experimentei e pesquisei em conexão com norteamentos teóricofilosóficos. Reflito sobre tais práticas preocupando-me com a percepção musical, sobretudo, enquanto disciplina acadêmica. Os resultados da pesquisa apontam para duas filosofias da percepção musical que eu chamei de Percepção Mecanicista e Percepção Complexa. A visão de mundo mecanicista fragmenta o conhecimento em disciplinas e dificulta uma percepção integralizante da linguagem musical, seccionando o texto musical a ponto de restringir a percepção musical a aspectos elementares da música. A visão complexa procura considerar a resolução de um problema sem afastá-lo da rede de elementos que o constitui. Tal concepção remete a uma necessidade de reintegração das disciplinas em educação e a ponderação da Percepção Musical como uma disciplina através da qual esse processo pode ser imediatamente vivenciado. O corpo como locus da possibilidade de expressão é negado ou afirmado a depender do direcionamento teórico mecanicista ou complexo que venha a fundamentar a pedagogia musical. O conceito de percepção musical anteriormente ligado a apreciação passiva objetiva na concepção mecanicista é redirecionado à perspectiva de interação intersubjetiva com abertura para um diálogo transdisciplinar, que reúne discussões anteriormente separadas por disciplinas como história da música, harmonia, contraponto, estética, composição, música brasileira e performance. A abordagem mecanicista conduz as aulas de percepção aos ditados musicais de discriminação sonora. A complexa, à apreciação de relações de significado linguístico-musicais que só adquirem sentido numa interação, mediante a expressão, com o discurso musical. Por fim, o artigo sugere objetivamente formas possíveis de aperfeiçoar didaticamente o desenvolvimento da percepção tendo como recurso primário a expressão musical em vez da apreciação passiva, estritamente racionalista. Palavras-chave: percepção musical, mecanicismo, complexidade, corpo “ATÉ HOJE AQUILO QUE EU APRENDI EU NÃO ESQUECI: EXPERIÊNCIAS MUSICAIS NAS LEMBRANÇAS DE IDOSAS” Jaqueline Soares Marques Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Mestrado em Artes/Música Resumo: Esta comunicação apresenta um projeto em andamento que tem como foco as experiências musicais de idosas. O objetivo geral da pesquisa é compreender experiências musicais nas lembranças de idosas, e como objetivos específicos pretende-se evocar espaços nos quais essas experiências musicais acontecem, reconstruir os tipos de 30 experiências musicais, interpretar os meios pelos quais essas experiências foram vividas, descrevendo e discutindo o conteúdo dessas experiências. Considerada como pesquisa qualitativa tem como opção metodológica a História Oral e utiliza a entrevista como procedimento de coleta de dados. O referencial teórico tem como base a discussão sobre experiência musical como experiência social, bem como a questão da memória e da lembrança relacionadas à memória de “velhos”, que nesse caso são mulheres. Acredita-se que esse estudo vem a contribuir para a área na elaboração de propostas pedagógicomusicais que envolvem esse público, para a organização e planejamento de políticas públicas relacionadas ao envelhecimento, para a compreensão das maneiras que a música e o seu ensino/aprendizagem podem marcar presença nesse processo possibilitando outra percepção da velhice. Apresenta-se também a análise de duas entrevistas já realizadas focalizando os tipos de experiências musicais, os espaços dessas experiências, bem como os meios através dos quais foram vividas pelas idosas. Nessas primeiras análises vários aspectos emergiram dos dados já coletados como, por exemplo: as experiências relacionadas ao cantar, ao ouvir, ao brincar são práticas musicais bastante lembradas pelas idosas. As formas como essas práticas são experienciadas estão sendo analisadas. Outros aspectos dessas experiências que apareceram, estão relacionados ao repertório, ao ser mulher, aos “nãos”, ou seja, às impossibilidades dessas idosas de aprenderem música ao longo de suas vidas. Algumas considerações apontam várias outras possibilidades de análises ainda não vieram à tona, mas que poderão aparecer por meio da reconstrução das experiências musicais nas lembranças de cada idosa. Palavras-chave: experiências musicais, lembranças, idosas ESTUDO DA CRIANÇA PEQUENA COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS E SEU COMPORTAMENTO MUSICAL: O MÉTODO DE ANÁLISE Joana Malta Gomes UNIRIO – PPGM Mestrado – Música e Educação Resumo: Neste artigo procuro apresentar um método de análise qualitativa do comportamento da criança com necessidades educacionais especiais na aula de música. A atual proposta de educação inclusiva pretende que todas as crianças possam estar incluídas em turmas regulares do ensino básico, independente da sua condição física, econômica, social ou intelectual. Como ensinar música diante da diversidade? O que seria uma necessidade educacional especial na aula de música? Qual suporte teórico ou prático um professor de música necessita para dar conta da complexidade da educação inclusiva? Foi a partir da minha prática como professora de música de crianças com necessidades educacionais especiais que estas questões surgiram e me levaram a buscar, por meio desta pesquisa, teorias que possam explicar o comportamento dessas crianças e que possibilitem a proposição de estratégias para sua inclusão na aula de música. Esta pesquisa (ainda em andamento) conta uma seleção de cinco escolas de educação 31 infantil situadas na cidade do Rio de Janeiro. Os dados estão sendo coletados por meio de questionários dirigidos à direção da escola; entrevistas semi-estruturadas aos professores de música e observação de suas aulas. O método de análise aqui proposto procura interpretar o comportamento da criança especial com o objetivo de entender quais as dificuldades de aprendizado que tal criança apresenta. O constructo comportamento é decomposto em quatro partes para análise dos dados a fim de evidenciar o comportamento musical da criança. As categorias são derivadas dos próprios dados e organizadas de acordo com os aspectos emocionais, motores, sociais e musicais do comportamento da criança. Tal análise pretende obter resultados que expliquem a complexidade do comportamento das crianças com necessidades educacionais especiais incluídas em turmas regulares na escola de educação infantil. Palavras-chave: inclusão, aprendizado de música, análise qualitativa, educação infantil EXISTE A MÚSICA? VARIAÇÕES SOBRE A ALEGORIA DOS CEGOS E DO ELEFANTE José Estevão Moreira UNIRIO/Mestrado em Música/Música e Educação Resumo: neste artigo proponho, a partir do conceito de jogos de linguagem e do argumento da impossibilidade de uma linguagem privada – ambos de Wittgenstein –, 3 abordagens da alegoria dos cegos e do elefante, como metáforas para falar sobre “música”. Levando-se em consideração o corriqueiro uso desta metáfora são apresentadas diferentes implicações a partir de diferentes operações lógicas e formas de pensar a alegoria dos cegos e do elefante. Em diálogo com as primeiras constatações, em conjunto com as ideias do filósofo François Jullien, realizo uma abordagem para o problema das categorias de pensamento como categorias linguísticas (Benveniste) e da aspiração de universalidade do discurso sobre música no ocidente e a “interferência” da língua na produção de sentido. Tal questão sobre os universais e também sobre os jogos de linguagem são importantes em nossa abordagem por dois fatores: (1) de acordo com Wittgenstein a comunicação se dá através de jogos de linguagem que encerram em si pressupostos implícitos em cada prática, comuns aos indivíduos que partilham do mesmo contexto (ou próximos, familiares) e que por consequência gozam de (a) modos de vida similares, que se realizam através de (b) uma linguagem que só pode ser pública - e não privada, portanto; (2) a nossa língua – e nossas operações lógicas – teriam, segundo Wittgenstein e Jullien (a partir de Benveniste) uma importante determinação uma vez que são sumetidas às contingências da língua. As conclusões são ponderadas com relação à “música” e também no contexto da educação musical. Palavras-chave: Wittgenstein, filosofia da linguagem, música, educação 32 O REGENTE DE CORO: EDUCADOR E ARTISTA José Teixeira d´Assumpção Junior UNIRIO/ PPGM Mestrado em Música e Educação Resumo: Este texto é parte de uma dissertação de mestrado em andamento. O objetivo principal da presente pesquisa parte da proposta de encontrar subsídios que fundamentem o raciocínio de que o regente de coral por formação, vinculado a quaisquer instituições, empresas ou associações brasileiras, precisa ter como elemento essencial em sua prática de trabalho uma efetiva postura de educador, com preocupações fundamentalmente pedagógicas, excetuando-se deste rol os coros profissionais, os quais recebem remuneração pela atividade que realizam. A partir de tal afirmação, pretende-se constatar que uma atividade coral assim constituída pode apresentar significativo diferencial em relação àquela exclusivamente voltada para a performance pela “performance”, na qual a exclusão surge como fator constante que caracteriza o modelo vigente. Esta distinção não fundamenta-se somente nos resultados técnicos que possivelmente serão alcançados, mas, sobretudo, na imensa perspectiva de crescimento individual que estará inserida no processo como um todo, onde os problemas possam ser contornados e resolvidos por meio de uma atuação conscienciosa do regente que, enquanto artista, estará à frente do grupo que lidera como aquele que o orienta da maneira mais positiva possível e, enquanto educador, utilizará as práticas pedagógicas com o propósito de criar um referencial estético que satisfaça as expectativas de si próprio, do coro e do público, aliado a valores absolutamente imprescindíveis à prática musical. O texto procurará trazer à baila, portanto, questões referentes à prática do regente de coro no sentido de facilitar a compreensão da sua conduta no vasto processo de formação e êxito de um coral. Ao buscar elementos, a partir deste enfoque, ratifica-se a idéia de que o sucesso de qualquer coro depende, fortemente, das ações pedagógicas adotadas por seu regente. Palavras-chave: Regência coral, canto-coral, performance e educação musical A MÚSICA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UM ESTUDO COM PROFESSORAS DE MÚSICA DAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE VERA CRUZ DO OESTE-PARANÁ Josiane Paula Maltauro Lopes Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC Mestrado em Música – Educação Musical Resumo: O presente trabalho discorre sobre o projeto de pesquisa de mestrado em música – Educação Musical, pelo Programa de PósGraduação em Música da Universidade do Estado de Santa Catarina. 33 A pesquisa está sendo realizada no município de Vera Cruz do Oeste Paraná, e tem como objetivo principal compreender a configuração das aulas de música inseridas no currículo dos anos iniciais do ensino fundamental das escolas públicas deste município, bem como investigar a formação do professor de música atuante nesta localidade. No município onde ocorre a pesquisa, a música é disciplina curricular nos anos iniciais, tendo um professor específico para ministrar as aulas de música. Porém, este professor não tem uma formação específica de música, o que despertou o interesse em entender a formação e atuação deste profissional, que conhecimentos musicais julgam necessários para ministrar as aulas e como se fundamentam estas aulas. A metodologia a ser utilizada é a abordagem qualitativa e os dados estão sendo gerados através de consultas a documentos oficiais, entrevistas semi-estruturadas e observações não-participantes. Palavras-chave: educação musical, séries iniciais, formação do professor de música ASPECTOS ACÚSTICOS E FISIOLÓGICOS DO SISTEMA RESSONANTAL VOCAL COMO FERRAMENTA PARA O ENSINOAPRENDIZAGEM DO CANTO LÍRICO Juliana Martins dos Santos UNIRIO – Curso de Mestrado Música e Educação Resumo: Esta comunicação é o resumo de nossa dissertação, defendida em 2010, cujo objetivo foi levantar que ferramentas técnicas poderiam subsidiar o ensino-aprendizagem do canto lírico com enfoque na ressonância vocal. Esse tema foi selecionado devido à lacuna que existe na literatura sobre esse aspecto da técnica vocal em português. Foi realizada uma revisão sobre acústica e fisiologia vocais com enfoque no sistema ressonantal do trato vocal do cantor lírico com base em estudos na área de física, anátomo-fisiologia, fonoaudiologia e pedagogia vocal. Paralelamente foram selecionados 11 cantores/professores de canto cuja atividade era dividia entre performance e o ensino do canto. Os professores tinham mais de 30 anos de idade, pelo menos 5 de docência, cantam ativamente e eram oriundos de Rio de Janeiro, Niterói, São Paulo, Londrina, Curitiba, Natal e Uberlândia. Dos 11 professores, 2 foram entrevistados pessoalmente e 9 responderam ao modelo de questionário que consta no Anexo 1 de nossa pesquisa. O questionário apresentava perguntas que cobriam o aprendizado, prática e ensino da ressonância vocal. Após o exame das respostas fornecidas foram levantados os principais problemas técnicos encontrados e feito o confronto com a literatura estudada. As conclusões finais também são encontradas no final desse artigo. Palavras-chave: Voz cantada, Acústica vocal, Canto lírico, Pedagogia vocal 34 BANDAS DE MÚSICA ESCOLARES BRASILEIRAS: ANALISANDO COMPOSIÇÕES DOS ALUNOS INTEGRANTES Lélio Eduardo Alves da Silva UNIRIO – Curso de Doutorado Ensino-aprendizagem em música Resumo: Este faz parte de uma tese de doutorado cujos objetivos são: analisar a atuação de mestres de bandas escolares, avaliar o desenvolvimento musical de alunos e, após verificação destes resultados, propor metodologias de ensaio para bandas de música escolares. Entretanto, nesta comunicação nos deteremos somente à avaliação do desenvolvimento musical dos alunos de bandas de música escolares. Para alcançar tal objetivo da pesquisa foram analisadas três formas de se relacionar com a música (Swanwick, 1988): apreciação musical (questionário e entrevista confirmatória semi-estruturada); Composição (composição e improvisação) e Performance (estudo preparado e estudo à primeira vista). Os sujeitos pesquisados pertenciam a quatro bandas de música escolares e foram escolhidos através de sorteio, perfazendo um total de dezesseis indivíduos, sendo quatro de cada banda. As composições, aqui relatadas, foram criadas por quatro alunos oriundos de uma das bandas (Banda A, neste trabalho) e foram analisadas com base na Teoria Espiral de Desenvolvimento Musical (Swanwick, 1988). Palavras chave: banda de música, composição; desenvolvimento musical, Teoria Espiral de Desenvolvimento Musical MÚSICA NOS PROGRAMAS DE INGRESSO AO ENSINO SUPERIOR: POSSIBILIDADES DE AMPLIAÇÃO DO CONHECIMENTO MUSICAL E DA PRODUÇÃO DE SABERES PEDAGÓGICOS MUSICAIS Liège Pinheiro dos Reis Universidade de Brasília Mestrado em Música – Educação Musical Resumo: A música é objeto de avaliação do Programa de Avaliação Seriada da Universidade de Brasília (PAS/UnB) desde 1996. A proposta do PAS tem sido responsável por transformações e mudanças curriculares no cenário educacional do Distrito Federal. Considerando este cenário, neste pôster apresentamos um recorte de pesquisa de mestrado em andamento que pretende investigar de que forma a proposta de avaliação da música no PAS e vestibular está sendo desenvolvida pelos professores de música nas escolas de Ensino Médio (EM) de Brasília (Asa Norte e Asa Sul). Este artigo aborda especificamente o Ensino Médio como modalidade educacional em discussão, a presença da música no Ensino Médio da cidade de Brasília e as influências que essa modalidade de ensino tem sofrido em virtude dos vestibulares tradicional e seriado (PAS/UnB) e do 35 Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Os documentos oficiais que direcionam a Educação Básica do Distrito Federal e os documentos fornecidos como guias aos candidatos pela Universidade local fundamentam a discussão proposta. Para apresentar o cenário educacional brasiliense e justificar a pesquisa realizamos um estudo inicial, exploratório, para identificar a presença da música nas escolas de Ensino Médio do Plano Piloto. Os resultados revelam duas realidades distintas no cenário educacional do DF: a inserção da música no currículo das escolas da rede particular de ensino e a exclusão da aula de música na rede pública de ensino. Os resultados obtidos são significativos, pois revelam transformações sociais e pedagógicas no cenário educacional a partir da inserção da música nos exames de ingresso as Instituições de Ensino Superior (IES), apontando a importância de se investigar e discutir a presença da música no contexto educacional. Palavras-chave: Ensino Médio, música na escola, programas de acesso às IES REPRESENTAÇÕES SOCIAIS: CAMINHOS PARA A COMPREENSÃO DA APRECIAÇÃO MUSICAL? Lúcia Regina de Sousa Moreira Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Mestrado em Música Música e Educação Resumo: Este artigo apresenta um relato parcial da pesquisa que busca verificar se existe uma representação social de „apreciação musical‟ construída pelos professores de música, utilizando como ferramenta a Teoria das Representações Sociais. Podemos justificar a utilização desta teoria porque acreditamos que o conhecimento é construído socialmente e que se dá na interação entre a sociedade e os indivíduos, grupos ou sujeitos sociais. Neste caso, procuramos entender se os professores de música têm construído um conceito compartilhado socialmente sobre apreciação musical, se consideram esta atividade importante para o desenvolvimento musical dos seus alunos e como realizam suas atividades de apreciação em sala de aula. Para tal analisamos o discurso dos professores por meio de entrevistas (que ainda estão em andamento) com professores de escolas públicas que tem em seu currículo consolidada a disciplina de Música, a saber: Cap UERJ, Cap UFRJ e Colégio Pedro II. Utilizamos para a apreensão das prováveis representações da apreciação musical a análise retórica dos discursos, considerando seu caráter argumentativo e intencional. No decorrer da pesquisa, já verificamos que existem várias opiniões sobre o que é apreciar e que a apreciação musical tem ocupado pouco espaço nas discussões sobre Educação Musical. Isto nos levou a pensar que a razão dessa superficialidade no tratamento da apreciação pode estar na falta de uma representação social que pudesse orientar pensamentos, ações e comportamentos dos professores em relação à apreciação musical. Portanto, utilizamos o referencial de K. Swanwick, que considera a apreciação musical como uma das três principais atividades musicais para o ensino e aprendizagem da música para confrontar com as idéias apresentadas 36 por outros pesquisadores da temática e de S. Moscovici para a compreensão da Teoria das Representações Sociais. Palavras-chave: Apreciação Educação Musical Musical, Representações Sociais, OS PROCESSOS DE MUSICALIZAÇÃO DOS INSTRUMENTISTAS DE SOPRO NAS BANDAS MUSICAIS DO MEIO OESTE CATARINENSE - DADOS INICIAIS DA PESQUISA Maira Ana Kandler Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) Mestrado em Música Subárea: Educação Musical Resumo: O presente trabalho apresenta resultados parciais de uma pesquisa de mestrado que está sendo desenvolvida junto ao Programa de Pós-Graduação em Música, subárea: Educação Musical, da Universidade do Estado de Santa Catarina. A investigação ligada à linha de pesquisa Formação, processos e práticas em educação musical, tem como principal objetivo estudar o processo de musicalização dos instrumentistas de sopro das bandas de música da região do meio oeste do Estado de Santa Catarina, buscando observar como ocorre o ensino e o aprendizado de música nesses grupos e as metodologias utilizadas. A revisão de literatura inclui a classificação das bandas, o ensino de música e as metodologias de ensino utilizadas nesses grupos. Após a revisão de literatura são descritas algumas características da região onde o estudo está sendo desenvolvido. Além da revisão de literatura são apresentadas características da região onde o estudo está sendo desenvolvido. A pesquisa, de caráter qualitativo, pode ser classificada como um estudo exploratório. A coleta de dados, através de entrevistas com os maestros responsáveis pelas bandas investigadas, foi realizada entre os meses de abril e julho do corrente ano. Os dados apresentados neste texto trazem informações sobre a formação musical dos maestros, a atuação e função desenvolvida por outros profissionais junto às bandas, a classificação das bandas encontradas, o ensino de música desenvolvido, os métodos de ensino teórico e instrumental utilizados e o tempo de aprendizado anterior à participação na banda. Palavras-chave: banda de música, musicalização, educação musical, ensino de música 37 EDUCAÇÃO MUSICAL DE DEFICIENTES VISUAIS – ANALISANDO POSSIBILIDADES DE APLICAÇÃO DE ALGUNS PRINCÍPIOS DO MÉTODO SUZUKI Marcelo Inagoki Rodrigues Escola de Música da UFRJ - Curso de Mestrado em Música Subárea: Educação Musical Resumo: Esta pesquisa qualitativa, em andamento no Instituto Benjamin Constant, conta com a participação de alguns alunos do próprio IBC (cerca de onze alunos de música) e visa relacionar o método Suzuki à educação musical de pessoas cegas e de baixa visão. Essa idéia surgiu do pressuposto de que o método Suzuki, no âmbito da educação musical, trabalha primeiro com o vivenciar musical para que depois seja inserida a leitura musical. Para o deficiente visual, é oportuno começar pela vivência musical, pois ele necessita trabalhar os diversos elementos extra-visuais com o objetivo de amenizar a sua condição de deficiente visual e elaborar imagens corporais que exercitem a sua faculdade de interpretar o meio no qual está inserido Verificamos também que começar o estudo da música através de uma prática musical isenta de notação musical não significa permanecer ou continuar com essa proposta, porque nada impede que o estudo musical, no início, baseie-se no desenvolvimento de músicas já escritas no sistema Braille a fim de preparar o aluno de música com deficiência visual para o posterior estudo da musicografia Braille. Quando o aluno for aprender a ler música em Braille, já poderá estar executando músicas que já estejam escritas nesse sistema. Essa pesquisa também dá margem a uma investigação instrumental, e o instrumento escolhido pelo autor foi o violão. O instrumento de Suzuki era o violino, porém o autor da pesquisa acredita que o violão pode absorver características metodológico-musicais pertinentes ao violino através de adaptações que combinem com “idioma musical” do violão. Com essa pesquisa o autor pretende contribuir para a educação musical especial, apontado caminhos de aprendizagem musical para os alunos de música com deficiência visual e contribuir, através da prática musical, para a integração do deficiente visual em espaços de convívio musical. Palavras-chave: Deficiência visual, método Suzuki, violão, educação musical POSSIBILIDADES DE MAPEAMENTO ESTRUTURAL, PEDAGÓGICO E SOCIAL EM FILARMÔNICAS ALAGOANAS Marcos dos Santos Moreira Universidade Federal da Bahia Doutorando em Educação Musical Resumo: Este artigo propõe dar seguimento a nossa abordagem sobre bandas de música, tal qual foi a dissertação de Mestrado sobre assunto similar de análise de métodos, defendida no ano de 2007, intitulada 38 “Aspectos históricos, sociais e pedagógicos nas filarmônicas do Divino e Nossa Senhora da Conceição do Estado de Sergipe”, apresentada nesta Universidade. Desta vez, concentraremos o estudo em uma das funções da Música no lado social, analisando o perfil dos integrantes de Bandas Filarmônicas do interior alagoano, realizando um mapeamento físico estrutural, social e pedagógico. Palavras-chave: Banda de Música, metodologia e sociedade O ENSINO NÃO FORMAL EM MÚSICA: REFLEXÕES SOBRE CONCEPÇÕES PEDAGÓGICO-MUSICAIS E A FORMAÇÃO DA IDENTIDADE PROFISSIONAL DE UM MÚSICO TROMPISTA DE ORQUESTRA SINFÔNICA Marcos de Alencar Pellizzon Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO Curso de Mestrado em Música / Música e Educação Resumo: Este artigo é baseado em nossa pesquisa de mestrado e discorre sobre o trajeto de formação do músico de orquestra e professor de trompa e seu contexto no âmbito da educação não formal. Apresenta sucintamente o contexto de surgimento deste professor e os resultados da análise de sua pedagogia e da relação desta com o mundo do trabalho, feitos a partir da Teoria das Representações Sociais e Análise Retórica. Observando o êxito alcançado por alguns músicos de orquestra sinfônica profissional, formados fora do âmbito acadêmico, em preparar novos músicos de orquestra, ao longo de suas carreiras, propusemo-nos, em nossa dissertação de mestrado, investigar a trajetória de um músico professor, que chamamos de JS. Nossa pesquisa foi conduzida dentro dos paradigmas da pesquisa qualitativa, mediante a entrevista semiestruturada, portanto consideramos o contexto histórico, social, cultural e territorial de nossa unidade de estudo e dos demais participantes da pesquisa. Para melhor analisar e compreender nosso objeto pesquisamos a trajetória de formação musical de cinco pessoas, o professor e quatro de seus alunos, sendo três destes profissionais com mais de 10 anos de experiência em bandas e orquestras sinfônicas. Somado a recentes estudos que abordam a questão da experiência prática do músico professor, identificada como competência produtiva comprovada e legitimada socialmente, este artigo procura contribuir com a reflexão sobre a educação não formal em concomitância com o ensino formal, propondo um entendimento dialógico que possa auxiliar na compreensão dos processos de educação musical. Palavras-chave: formação musical, educação não formal, representações sociais, orquestra sinfônica, identidade profissional 39 PSICOPEDAGOGIA E MÚSICA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Maria Luiza Santos Barbosa Universidade Federal da Bahia (UFBA) Mestrado em Educação Musical Resumo: Este artigo pretende agrupar algumas referências bibliográficas que tratam de Dificuldades e Transtornos de Aprendizagem, utilizando a Educação Musical como auxiliar no tratamento desses transtornos. As áreas focadas para que este trabalho se desenvolva de forma interdisciplinar são Psicopedagogia, Psicologia da Música e Educação Musical. Palavras-chave: Psicopedagogia, Educação Musical, Cognição CORPO-VOZ-EMOÇÃO: UMA PROPOSTA DE PRÁTICAS SENSIBILIZADORAS PARA O ENSINO DO CANTO LÍRICO Maria Nazaré Rocha de Almeida UNIRIO/PPGM Doutorado em Música Resumo: Este artigo tem como objetivo relatar parte dos resultados prático-laboratoriais da pesquisa de doutorado cujo título é Corpo-vozemoção: uma proposta de práticas sensibilizadoras para o ensino do canto lírico. Metodologicamente, temos como objeto de análise o trabalho prático realizado com os alunos da disciplina Oficina de Canto do Bacharelado em Canto da UNIRIO aos quais aplicamos exercícios de sensibilização, expressão e consciência corporal buscando a integração corpo-voz-emoção de acordo com os princípios bioenergéticos de Reich (2004) e Lowen (1985). Nesta primeira fase de coleta de dados decorrentes de 12 encontros de 2 horas cada, os exercícios propostos foram registrados em foto, áudio e vídeo para análise posterior dentro de um enfoque epistemológico evidenciado na corporeidade de Assmann (1995), apoiado nos conceitos de construção de conhecimento de Freire (1996) e nos saberes propostos por Pires (2007): saber pensar, saber sentir, saber brincar, saber criar. Parte dos resultados obtidos até o momento é a constatação da pouca consciência corporal dos alunos de canto e a tendência de segmentarem corpo/mente/emoção. Após os exercícios a maioria percebeu com clareza a sensação de soltura e de espaços extras que levaram a uma emissão vocal mais livre, mais fácil e de melhor qualidade. Com base na literatura e nos dados que emanarem da pesquisa prática pretende-se defender uma visão de ensino em que haja a inclusão do corpo associado à história de vida e às emoções do aprendente. Tais informações servirão de ferramentas para que o professor de canto oriente seus alunos na direção de uma voz autêntica e plena dentro de um corpo único, íntegro e livre. Palavras-chave: canto lírico, corporeidade, procedimentos de ensino 40 INICIAÇÃO AO VIOLONCELO: ANÁLISE DE TRÊS MÉTODOS E PROPOSTA DE SUA SUPLEMENTAÇÃO COM REPERTÓRIO DO FOLCLORE BRASILEIRO Maria Salete de Carvalho Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO Mestrado em Educação Musical Resumo: Este artigo refere-se à pesquisa de mestrado, concluída neste ano de 2010, que analisou métodos de iniciação ao violoncelo para crianças entre cinco e dez anos, com vistas a sua suplementação com repertório do folclore brasileiro. Em uma primeira etapa fez-se uma análise crítica de três métodos alemães para iniciação ao instrumento: Der Cello-Bär - Meine Erst Celloschule (O Urso Cello - Meu primeiro método de violoncelo), Früher anfang auf dem Cello (Iniciação ao violoncelo), Cello mit Spass und Hugo (Cello divertido com tio Hugo), respectivamente dos autores Heike Wundling, Egon Sassmannshaus e Gerahrd e Renate Mantel. Tal análise, que teve como fundamento teórico o Modelo C(L)A(S)P de Keith Swanwick (1979) e a Teoria Espiral do Desenvolvimento Musical de Keith Swanwick e June Tillman (1986) e Swanwick (1988), mostrou que os métodos estudados estão centrados na aquisição da técnica instrumental e na performance, apontando não só para a necessidade de neles implementar as atividades de Composição, Apreciação e estudos de Literatura sobre música, bem como de sua suplementação com música brasileira que trate de questões semelhantes às propostas nos referidos métodos, já que os mesmos utilizam canções do folclore alemão. Em uma segunda etapa foi feita uma extensa pesquisa bibliográfica que resultou na seleção de 227 canções da tradição folclórica brasileira, para serem executadas utilizando-se o padrão de digitação característico da primeira posição fechada e estendida, conforme proposto nos métodos alemães. As canções, apresentadas na forma de banco de dados, são um material pedagógico-musical valioso tanto no estudo introdutório do instrumento, como na prática de música de câmara ou ainda, como complementação dos métodos alemães estudados. Palavras-chave: violoncelo, análise de métodos, música brasileira, canções folclóricas GRADUAÇÃO E GRADUANDOS: UM ESTUDO EM ANDAMENTO NA LICENCIATURA EM MÚSICA DA UNIMONTES Mário André Wanderley Oliveira UFPB /PPGM Mestrado em Música (Educação Musical) Resumo: Este trabalho apresenta resultados parciais de uma pesquisa que vem sendo realizada na Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. O empreendimento investigativo tem como intuito compreender as inter-relações que se estabelecem entre o perfil de 41 formação da Licenciatura em Artes/Música da Unimontes e aspectos socioculturais, expectativas e pretensões profissionais dos estudantes do Curso. Através de uma pesquisa bibliográfica abrangendo as áreas de educação musical, educação, sociologia, etnomusicologia, antropologia e áreas afins; pesquisa documental contemplando documentos do referido Curso; e aplicação de questionários e entrevistas com estudantes, tem sido possível constatar que o Curso da Unimontes, apesar de nem sempre apresentar características formativas e socioculturais esperadas pelos estudantes, tem conseguido direcioná-los para áreas às quais os próprios estudantes consideram ser os pontos fortes da graduação: pesquisa em Educação Musical e Etnomusicologia, ensino em escolas especializadas e no ensino fundamental. Palavras-chave: formação, Curso de Artes Música da Unimontes, Montes Claros PERCEPÇÃO MUSICAL: PRINCIPAIS CRÍTICAS E PROPOSTAS METODOLÓGICAS Pablo Panaro Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Mestrado em Música Música e Educação Resumo: O desenvolvimento do sentido auditivo é considerado como de fundamental importância para o desempenho do músico profissional. A disciplina Percepção Musical, responsável pelo desenvolvimento do ouvido musical, possui forte presença nos currículos de graduação em música. Quais são as metodologias de ensino comumente adotadas por essa disciplina, e qual o efetivo alcance dessas práticas pedagógicas? Com este texto, procuramos apresentar um sucinto panorama da disciplina e de suas práticas, colocando em diálogo quatro autoras cujas pesquisas abordam a questão da Percepção Musical: Virgínia Helena Bernardes Ferreira, Cristina Bhering, Cristiane Hatsue Vital Otutumi e Maria Flávia Silveira Barbosa. Verificamos que as principais críticas elaboradas por essas autoras à disciplina dizem respeito à fragmentação do discurso musical, e que os caminhos propostos para a superação das limitações encontradas orientam-se no sentido de uma percepção mais ampla e menos atomística da linguagem musical. Palavras-chave: Percepção metodologias de ensino musical; treinamento auditivo; 42 JOGOS MUSICAIS: CONHECIMENTO, COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DOS PROFESSORES EM ATIVIDADES DE SALA DE AULA Paulo César Cardozo de Miranda Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” Instituto de Artes Mestrado em Música - Subárea: Educação Musical / Etnomusicologia Resumo: A pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso de natureza qualitativa, realizado com docentes em escola pública da cidade de São Paulo, e tem como foco os jogos e brincadeiras musicais na Educação Musical. Buscou-se compreender a importância dos jogos musicais entendidos como conhecimento e atividades lúdicas desenvolvidos em atividades escolares, assim como intermediadores na sensibilização e potencialização das competências e habilidades exigidas ao educador, nos termos propostos por Perrenoud (2000). Para a análise e a crítica desse material tomaram-se as proposições de Loureiro (2003) de que a música tem um papel fundamental na educação, contribui na formação de valores do indivíduo e na socialização, dando, assim, significado ao diálogo sobre educação musical associada ao indivíduo em formação e, ao aprendizado da música corroborado por Fonterrada (2008) e Schafer (1991), além de ser intermediador nos aspectos cognitivos, de acordo a Vigotski (1996). Portanto, realizou-se sob o olhar da antropologia cultural urbana, com base em Fernandes (1979), pesquisa via questionários, com perguntas abertas e fechadas, para levantamento do perfil do conhecimento e necessidades docentes em relação às atividades educativas musicais e etnomusicográficas. Encontraram-se evidências de que os jogos e brincadeiras musicais têm papel importante como ferramenta de formação e de aula, porém evidenciase que os professores não estão preparados para utilizá-los no cotidiano, portanto, não se apresenta de modo claro o desenvolvimento de habilidades e competências para tanto, assim como há evidência da necessidade de um programa de formação continuada em Educação Musical. Palavras-Chave: jogos e brincadeiras musicais, educação musical, competências, habilidades musicais A APLICAÇÃO DO ENSINO DE MÚSICA NO PROCESSO DE REABILITAÇÃO DO DEFICIENTE VISUAL Paulo Roberto de Oliveira Coutinho Universidade Federal do Rio de Janeiro Curso de Mestrado - Educação Musical Resumo: Este estudo levanta algumas observações de resultados obtidos na aplicação do ensino de música no processo de reabilitação do deficiente visual no Instituto Benjamin Constant. Ensinando música para deficientes visuais que perderam ou estão perdendo a visão na fase adulta, percebemos melhor suas angústias, ansiedades e suas dificuldades atribuídas à perda da visão de forma repentina. O objetivo desta pesquisa é relatar de forma investigativa 43 nossas estratégias propostas nas aulas de violão em grupo e nas aulas de musicalização, e como essas estratégias podem influenciar no aprendizado musical e na vida social desses reabilitandos. Como metodologia, desenvolvemos entrevistas semi-estruturadas para a coleta de dados juntamente com um levantamento bibliográfico de assuntos que giram em torno de nossa pesquisa. Destacamos nesse trabalho a proposta da pedagogia liberal renovada não-diretiva, uma das linhas pedagógicas apontadas por Libâneo, influenciada pela pedagogia da motivação desenvolvida por Carl Rogers, na qual trata justamente de um relacionamento entre professor/aluno, onde o professor é um agente facilitador e mediador de todo o processo. Dialogando com alguns autores da área da psicologia e da educação musical conseguimos nos apreender e investigar o processo de ensino e aprendizagem desses alunos, o que nos trouxe a tona alguns resultados como: uma maior procura pelas aulas de música; o violão como uma atividade de lazer fora das aulas; a forma de se expressar e se comunicar com a música nas aulas e nas apresentações; um sentimento de superação e busca pela auto-estima. Palavras-chave: deficiente visual, musicalização, pedagogia da motivação, reabilitação CORO DA UEL: CANTANDO E CONTANDO SUAS REPRESENTAÇÕES Regina Maria Bilha Balan Mazzarin UNIRIO - Mestrado em Música Música e Educação Resumo: Este artigo surgiu como resultado de uma pesquisa de mestrado concluída em 2010 que discutiu sobre aspectos históricos, sociais e musicais do Coro da Universidade Estadual de Londrina. Este coro encontrava-se em informalidade histórica e se constitui de grande importância para cidade. As questões que guiaram este estudo foram: por que as pessoas procuram ou procuraram o Coro da UEL para cantar; como este coro criou a sua identidade ao longo da história; como essa identidade se estabeleceu perante a cidade e outros coros; e se o mesmo ampliou o âmbito das práticas musicais de seus integrantes. O objetivo era compreender se o Coro da UEL se constituía como uma Representação Social construída por seus ex e atual regente e por seus ex e atuais cantores. Realizamos entrevistas semi-estruturadas com uma unidade de análise. Utilizamos a retórica como ferramenta de análise das entrevistas para compreender como os mesmos construíram suas relações e representações a partir do seu fazer musical no coro. Amparamo-nos também na Teoria das Representações Sociais, de Serge Moscovici e seus discípulos, bem como nas Funções da Música, de Allan Merriam. Concluímos que os integrantes do coro vivem um entrelaçamento das funções da música durante os ensaios e apresentações e para além dos mesmos de forma dinâmica e numa inter-relação entre o eu-outro-objeto. Observamos que o coro em estudo é o resultado desta intersubjetividade e de forma partilhada seus ex e atuais integrantes construíram uma representação. Com isso o Coro da Universidade Estadual de Londrina se constitui como uma representação social. 44 Palavras-Chave: coro, representação social, funções da música AVALIAÇÃO EM CANTO CORAL EM ESCOLA PROFISSIONALIZANTE: “UM POR TODOS OU TODOS POR UM”? Simone Marques Braga UFBA/Doutorado em Educação Musical Resumo: A oportunidade de lecionar a disciplina Canto Coral, em currículo de escola profissionalizante de música, na formação de jovens e adultos instrumentistas, gerou reflexão acerca do processo avaliativo: como avaliar o desempenho individual no contexto coletivo do canto coral na escola? Esta problemática foi ponto de partida para a elaboração da pesquisa do Mestrado em Educação Musical do Programa de Pós Graduação em Música da UFBA, sob a orientação da Profª Drª Cristina Tourinho, a ser aplicada no Curso Técnico em Instrumento no Centro de Educação Profissional Pracatum, em Salvador. Foram elaboradas e aplicadas, em três turmas de 1º ano, atividades musicais envolvendo conhecimentos do instrumento voz e abordando execução, apreciação, saberes teóricos, criação e aspectos de técnica para verificar o desenvolvimento individualizado, baseadas no Modelo C.(L).A.(S).P de Swanwick (1979) e a concepção de conteúdos concebida por Coll (1994). Os seus objetivos foram elaborar atividades para avaliar o desenvolvimento individual; estar coerente com a proposta de ensinoaprendizagem da educação profissional; adotar uma avaliação processual; valorizar as diferenças e particularidades de cada aluno; desenvolver ou potencializar competências e habilidades exigidas pelo mercado de trabalho atual; definir conteúdos a serem desenvolvidos no canto coral e contribuir para a construção de conhecimentos teórico e prático do instrumento voz. Os resultados obtidos na aplicação destas atividades apontam ser uma estratégia relevante para a verificação dos conteúdos, material didático, método de ensino, postura docente e processo avaliativo. Os dados coletados permitem concluir que uma avaliação planejada e diversificada, o considerar a duração da aula, prazos e datas do calendário escolar, objetivos da proposta de ensino, conteúdos e o processo do desenvolvimento de saberes musicais dos alunos, adequa-se ao contexto profissionalizante escolar. Palavras-chave: avaliação musical, canto coral, educação profissional 45 APRENDIZAGEM DO INSTRUMENTO MUSICAL REALIZADA EM GRUPO: FATORES MOTIVACIONAIS E INTERAÇÕES SOCIAIS Tais Dantas Universidade Federal da Bahia – PPGMUS Doutorado em Educação Musical Resumo: Este trabalho apresenta reflexões acerca de fatores motivacionais e interação na aprendizagem do instrumento musical realizada em grupo. A abordagem é fruto da pesquisa de Mestrado em Educação Musical realizada na Universidade Federal da Bahia que investigou aspectos psicossociais relacionados ao ensino coletivo de instrumentos musicais e suas influencias para a aprendizagem musical. O interesse em trazer o tema à discussão surgiu após a obtenção dos resultados da pesquisa onde se verificou que, dentre outros fatores, a convivência e a interação com os colegas é o fator que mais motiva os estudantes para a aprendizagem musical. A pesquisa foi desenvolvida por meio de um estudo de caso exploratório realizado com professores do ensino coletivo e com alunos de duas turmas do 6º ano do ensino fundamental II do Colégio Adventista de Salvador (Bahia) que participam das aulas de instrumentos de cordas, oferecidas na grade curricular como opção na disciplina Artes. Na busca de fundamentos para solidificar o entendimento das interações sociais no âmbito da aprendizagem musical, este texto destaca aspectos relacionados às funções sociais da música; à relação existente entre motivação, performance musical e motivação; e à relação existente entre prática musical e identidade social. O texto apresenta ainda as contribuições de Vygotsky para a psicologia da educação, no que diz respeito à importância das interações sociais na aquisição de conhecimento. Observando o contexto onde a pesquisa foi desenvolvida, o trabalho encontrou também aporte nas propostas de Henri Wallon e sua teoria a respeito do desenvolvimento do ser humano. Palavras-chave: aprendizagem musical, motivação, interações sociais ARTES E MÚSICA NOS CURSOS DE PEDAGOGIA PAULISTAS Wasti Silvério Ciszevski Universidade Estadual Paulista - Instituto de Artes da UNESP Mestrado em Música Educação Musical Resumo: Esta comunicação trata da pesquisa de mestrado em andamento “O espaço da música nos cursos de Pedagogia do Estado de São Paulo”, que tem por objetivo conhecer a realidade da formação musical desses cursos, verificando quais suas propostas, desafios e necessidades. Nesta comunicação será apresentado um breve histórico acerca da formação de professores polivalentes no Brasil, os caminhos metodológicos utilizados na pesquisa e trazidos alguns resultados 46 iniciais, que dizem respeito ao espaço da música no campo das Artes, tendo como enfoque os currículos dos cursos de Pedagogia paulistas. Palavras-chave: educação musical, ensino de artes, currículo, formação de professores, cursos de Pedagogia 47 LEM – Liguagem e Estruturação Musical/Teoria da Música DELEUZE E O ABLETON LIVE: A CRIAÇÃOPERFORMANCE PELA IMPROVISAÇÃO EM UM SOFTWARE PARA MÚSICOS DIGITAIS Alexei Michailowsky Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/PPGM Doutorado em Música Sub-área: Linguagem e Estruturação Musical Resumo: Para o musicólogo britânico Andrew Hugill, a emergência e o desenvolvimento de tecnologias eletrônicas e digitais aplicadas à música favoreceram o surgimento de uma nova categoria de músicos, os músicos digitais, situada no vácuo entre as tradições popular e de concerto, sem vínculos estritos com alguma delas, mas com trânsito entre ambas, e buscando constantemente formas de diálogo. Dentre as ferramentas mais importantes utilizadas atualmente pelos músicos digitais, destaca-se o software alemão Ableton Live, cuja proposta fundamental é a de apresentar uma plataforma aberta e convergente sobre a qual sistemas metafóricos diversos, situados basicamente entre o músico instrumentista e o DJ – cuja expressão musical se constrói a partir da reprodução de peças ou trechos musicais pré-gravados –, podem ser projetados, montados e manipulados pelo usuário para geração e processamento de sons. A partir dessas metáforas, a composição pode ocorrer no próprio ato da performance. Esta, por sua vez, se funda na articulação e combinação de materiais musicais pela improvisação, e se orienta não necessariamente pela leitura de um texto codificado, mas por uma “super-escuta” situada entre os conceitos de entendre e comprendre formulados por Pierre Schaeffer (1910-1995). Diante de um quadro no qual a composição musical surge norteada por uma ampla noção de liberdade e a relação entre as figuras do compositor e do intérprete apresenta características bastante singulares, este trabalho procura associar a criação-performance musical improvisada através do Live com alguns conceitos lançados pelo filósofo francês Gilles Deleuze (1925-1995), e propor uma perspectiva diferente de abordagem relativa às práticas musicais de composição, execução e improvisação. Palavras-chave: músicos digitais, softwares de criação e execução musical, Ableton Live, improvisação musical, composição musical, Gilles Deleuze 48 “NAS FRONTEIRAS DA TONALIDADE”: TRADIÇÃO E INOVAÇÃO NA HARMONIA E NA FORMA DA PRIMEIRA SINFONIA DE CÂMARA, OP. 9, DE ARNOLD SCHOENBERG Carlos de Lemos Almada Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Doutorado em Música Linguagem e Estruturação Musical Resumo: Este texto pretende apresentar em linhas gerais o conjunto de minhas pesquisas de mestrado e de doutorado, ambas direcionadas a uma análise aprofundada da Primeira Sinfonia de Câmara op.9, composta por Arnold Schoenberg. Focalizando a estrutura formal dessa obra, a pesquisa de mestrado tornou-se a base para o estudo desenvolvido no doutorado, cuja abordagem centrou-se na estrutura harmônica. A importância de tal base é constatada não apenas na organização de um conjunto de referências para a análise harmônica (seccionamento formal, identificação e hierarquia de motivos e temas etc.), como também na elaboração de estratégias metodológicas. A integração das metodologias formal e harmônica tornou-se um fator decisivo para a consecução do estudo global, cujo principal objetivo é validar a hipótese de que a Sinfonia de Câmara teria atuado como uma peça-chave, não só em relação ao período tonal de Schoenberg, como também à própria história da música. Isto se deveria à conjunção de dois fatores decisivos: uma infraestrutura formal e harmônica solidamente ancorada na tradição musical austrogermânica (da qual Schoenberg considerava-se o principal continuador) e um número surpreendente de inovações (principalmente vinculadas ao campo da harmonia), fruto de um longo e gradual processo de aperfeiçoamento de obras precedentes do compositor. Portanto, o equilíbrio especial entre tradição e inovação que se percebe na Sinfonia schoenberguiana é o ponto central deste estudo. Como referencial teórico para o trabalho foram levados em conta especialmente diversos textos escritos pelo próprio Schoenberg (livros, artigos e ensaios), que nortearam não só a elaboração de uma contextualização histórica da obra, como também propiciaram uma adequada fundamentação para questões conceituais e terminológicas ligadas aos aspectos formais (aí incluída a construção motívico-temática) e harmônicos. Palavras-chave: Primeira Sinfonia de Câmara op.9 – Harmonia – Análise – Tradição – Inovação RADAMÉS GNATTALI E A TRILHA MUSICAL NO CINEMA BRASILEIRO Daniel Menezes Lovisi Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO Mestrado (Área de concentração: Musicologia / Subárea: Linguagem e Estruturação Musical) Resumo: Breve estudo da trajetória do compositor gaúcho Radamés Gnattali como compositor de trilhas musicais para filmes nacionais e sua relação com diferentes movimentos estéticos dentro da linguagem cinematográfica brasileira. Através de considerações musicais a respeito das trilhas musicais dos filmes Rio 40 graus e Cala a boca 49 Etelvina, busca-se compreender, em linhas gerais, como o compositor estruturou suas composições e o modo como estas são articuladas às estórias que acompanham. Tendo em vista o fato do Brasil ser um dos grandes mercados importadores de filmes estadunidensenses, busca-se ainda entender de que forma o compositor foi influenciado pelos filmes estrangeiros, e como suas trilhas musicais revelaram, muitas vezes, estilos existentes em trilhas de produções norte-americanas. Palavras-chave: música, cinema, trilha sonora, Radamés Gnattali PARTICULARIDADES HARMÔNICAS NAS COMPOSIÇÕES DE NAILOR AZEVEDO “PROVETA” PARA A BANDA MANTIQUEIRA Emiliano Cardoso Sampaio Universidade Estadual de Campinas Mestrando em música – Fundamentos Teóricos Resumo: Este trabalho apresenta parte da pesquisa de mestrado, que tem como objeto de investigação, o lado menos conhecido do músico Nailor Azevedo “Proveta”, como compositor da Banda Mantiqueira. A realização das análises musicais das composições “À Procura” e “Bixiga”, dos álbuns “Aldeia” (1996) e “Bixiga” (2000), nos levou a perceber a utilização de procedimentos técnicos que parecem ser característicos da sonoridade de suas composições para a Banda Mantiqueira, e que essas particularidades na escrita musical refletem uma formação musical que passou pelo estudo de gêneros musicais diversos, num contexto histórico em que os processos de hibridização cultural são muito presentes. A partir da análise de trechos das composições, pretendemos mostrar as características mais marcantes na escrita de Nailor em relação à utilização da harmonia, mostrando como a formação de Nailor, como músico de sopro que não toca nenhum instrumento de harmonia, faz com que o pensamento harmônico presente nas composições tenha particularidades, sendo a harmonia, para Nailor, vivenciada a partir da experiência de tocar um instrumento melódico. Em resumo, é neste lado menos conhecido de Nailor, como compositor da Banda Mantiqueira, que identificamos o lado mais experimental de sua produção musical. Palavras-chave: Banda Mantiqueira, Nailor Azevedo, música popular, arranjo, composição CLAUDIO SANTORO E O II CONGRESSO DE COMPOSITORES PROGRESSISTAS DE PRAGA Ernesto Hartmann UNIRIO - Doutorado em Música Linguagem e Estruturação Musical Resumo: A presente comunicação aborda o período Nacionalista, do compositor brasileiro Claudio Santoro, a partir da análise da influência do Zdhanovismo, política soviética de cultura, imposta durante o Stalinismo na URSS. Como conseqüência, o discurso de Santoro aponta para uma mudança radical em sua estética, moldada a partir de 1948 pela sua orientação política-ideológica. 50 Palavras-chave: Zhdanovismo, Cláudio Santoro, Realismo Socialista RICARDO TACUCHIAN: CAMINHOS ESTÉTICOS E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Humberto Amorim UNIRIO –PPGM Doutorado em Música Linguagem e Estruturação Musical Resumo: Este artigo se divide em duas etapas sobre as quais se objetivam cumprir dois propósitos: 1) Como proposta primeira, tecer um breve panorama sobre a trajetória do compositor brasileiro Ricardo Tacuchian (1939), que será dividida em 04 vertentes de atuação: como regente; como professor; como animador e líder cultural; e, finalmente, como compositor. Na análise desta última, será proposta também uma subdivisão de sua produção artística em 05 distintos momentos criativos, revelando as inclinações estéticas que orientaram a produção do compositor entre as décadas de 1970 e 2000; 2) Como proposta segunda, será apresentada uma primeira e inédita revisão bibliográfica sobre o objeto de estudo, dividindo a literatura disponível sobre o tema em 04 níveis de categorização: 1) Verbetes em dicionários ou enciclopédias de música; 2) Citações em livros de música e, especialmente, história da música brasileira; 3) Artigos publicados em revistas especializadas e trabalhos acadêmicos de autores diversos; 4) E, finalmente, artigos publicados em revistas especializadas e trabalhos acadêmicos do próprio compositor. Palavras-chave: Ricardo Tacuchian, fases composicionais, revisão bibliográfica REMINISCÊNCIA E PARÁFRASE: ESTUDO DE CASO Maurício De Bonis ECA-USP Doutorado / Linguagem e Estruturação Musical Resumo: Em meio a uma pesquisa sobre citações e referências históricas em processos de criação na música contemporânea, comecei a cotejar os objetos de estudo com alguns casos análogos em minha própria produção como compositor. Na peça para piano Réminiscences de Turandot, imaginei uma espécie de paráfrase, “à maneira” das paráfrases operísticas de Liszt, mas com os recursos composicionais dos dias de hoje. Muito mais que ao virtuosismo instrumental, dediquei-me à elaboração harmônica, polifônica e textural a partir de alguns materiais extraídos do Turandot de Puccini. Nos textos de Henri Pousseur e Willy Corrêa de Oliveira, a intenção semântica operada com esse procedimento metalinguístico é vista como uma possibilidade criativa de importância marcante no estado atual da linguagem musical. 51 Palavras-chave: paráfrase, metalinguagem, composição PIXINGUINHA E O MODELO VERTICAL DE IMPROVISAÇÃO DO CHORO BRASILEIRO Paula Veneziano Valente ECA/USP Doutorado em Processos de Criação Musical Resumo: Este artigo é uma reflexão sobre o aspecto improvisação na obra de Pixinguinha. Através de análise de um de seus contracantos observamos seus principais caminhos e preferências a fim de apresentar um modelo predominante em suas improvisações Palavras-chave: Improvisação, Análise, Música Popular Brasileira DA METÁFORA DO CAMINHANTE NA TEORIA DA HARMONIA TONAL Sérgio Paulo Ribeiro de Freitas Universidade Estadual de Campinas – Unicamp Programa de Pós-Graduação em Música – Doutorado Fundamentos Teóricos da Música Popular Resumo: A presente comunicação é parte de um estudo sobre as atuais práticas teóricas da música popular que leva em consideração aquela consabida condição de que nossa experiência com a música (com a crítica, a composição, a fruição, a análise, a historiografia, a teoria musical, etc.) requer experiência com uma trama altamente elaborada de metáforas e analogias. Na presente oportunidade aborda-se parcialmente algumas das propriedades, procedências, pertinências e alcances que, de maneira pluricausal, se mesclam ajudando a construir e a sustentar a imagem, dada como comum na teoria da harmonia tonal contemporânea, de que a sucessão combinada de acordes, áreas tonais, regiões ou tonalidades pode ser imaginada, apreendida, descrita e racionalizada como uma espécie de “caminhada” que, passando por certos lugares e fases, expectativas e ocorrências, obstáculos e prolongações, contrastes e reiterações, etc., tende a nos conduzir para um determinado fim enriquecendo-nos com os percalços do trajeto. Palavras-chave: metáfora, Metaforologia da harmonia tonal, práticas teóricas da música popular 52 ESTRUTURA E ORGANICIDADE NA PEÇA “O PASSARINHO DE PANO” DE VILLA-LOBOS – UM ESTUDO ANALÍTICO PRELIMINAR Walter Nery Filho Universidade de São Paulo (USP) Técnicas Composicionais e Questões Interpretativas Linguagem e Estruturação Musical Resumo: Parte integrante da coletânea de nove peças para piano solo A Prole do Bebê Nº2, O Passarinho de Pano se insere como um dos objetos de minha pesquisa de mestrado, a qual diz respeito à análise integral do ciclo. Apesar de não ser dotado de uma habilidade incomum ao piano, Villa-Lobos possuía absoluto domínio sobre a técnica de escrita pianística. Nitidamente preocupado em revelar novos processos composicionais, colocou seu trabalho sempre a serviço de um resultado de elevado significado expressivo. De fato, a Prole do Bebe Nº2 alinhava a escrita de Villa-Lobos com a escrita que pouco a pouco se esboçava na Europa do início do século XX e o compositor, por meio de uma rítmica estimulada por acentuações imprevistas e de um atonalismo mais ousado, aproximava-se dos vanguardistas contemporâneos como Stravinsky, Varèse e Bartók sem que esse paralelismo incorresse em perda da sua identidade nacional e de suas características particulares. Cada peça da coleção é impregnada de notável teor imagético e deixa transparecer, através de mecanismos sinestésicos, as entidades assinaladas no subtítulo da obra, a saber, Os Bichinhos. No caso específico d‟ O Passarinho de Pano, sétima peça da coletânea, podemos ir mais além. Diferentemente das demais obras da coleção, é desprovida de funções tonais e de aparentes motivos, ao mesmo tempo em que possui uma natureza quase que integralmente atemática, a não ser pela tênue citação da melodia folclórica “Olha o Passarinho Domine”. Em uma primeira aproximação, estes fatos evocam estratégias analíticas voltadas para a pesquisa de aspectos relacionados às relações intervalares e ao tratamento de possíveis motivos existentes. Palavras-chave: O Passarinho de Pano, Villa-Lobos, A Prole do Bebê No 2 53 MU – Musicologia O FADO PORTUGUÊS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: 1950-1970 Alberto Boscarino Junior UNIRIO/PPGM Doutorando em Música/Musicologia Resumo: Esta comunicação busca compreender a trajetória do fado no Brasil como canção popular portuguesa e sua relação com os imigrantes portugueses estabelecidos no Rio de Janeiro no decorrer do século XX. Serão analisados o fado e os meios de difusão utilizados pelas colônias portuguesas estabelecidas na cidade do Rio de Janeiro entre as décadas de 1950 e 1970, as quais organizavam eventos sociais a fim de preservar sua memória cultural. Na década de 1960, o fado português passa por uma reformulação estética em relação a sua forma, harmonia e temática, como podemos observar através da trajetória artística da cantora Amália Rodrigues e de suas composições. O período escolhido para o estudo do fado no Rio de Janeiro pode revelar diferentes aspectos acerca da escuta musical da colônia portuguesa à época, inclusive uma divisão entre adeptos do formato estético novo e ouvintes tradicionalistas que rechaçaram em um primeiro momento o fado que se atualizava. O conceito de mundo artístico, de Howard Becker auxiliará na interpretação das práticas musicais e sociais em torno do fado português, incluindo a análise das predisposições interiorizadas, do espaço artístico, das relações existentes entre as redes sociais e a forma de cooperação dos atores sociais. Além do suporte teórico adotado, serão consultadas fontes documentais e colhidos depoimentos orais de pessoas que integram essa rede social luso-brasileira. O presente ensaio obtém informações através da metodologia adotada em nossa pesquisa, fundamentada na coleta de dados através da história oral. Buscamos assim reconstituir uma parte da história musical da cidade, investigando a música do fado e sua relação com a diáspora portuguesa na cidade do Rio de Janeiro. Palavras-chave: Fado, Imigração Portuguesa, Mundo Artístico, História Oral QUADROS DE UMA EXPOSIÇÃO - DIFERENTES FORMAS DE ORQUESTRAÇÃO Daniel Andrioli Rodrigues Motta UNESP/Instituto de Artes Mestrado em Música / Musicologia Resumo: Este projeto prentende estudar a suíte “Quadros de Uma Exposição” de Modest Mussorgsky, a orquestração dela feita por Maurice Ravel e o arranjo para violão solo de Kazuhito Yamashita, de maneira comparativa. Partindo da análise do original para piano do “Quadros de Uma Exposição” de Modest Mussorgsky, será realizada 54 uma pesquisa dos processos composicionais utilizados por Maurice Ravel para sua orquestração da mesma obra e como estes processos foram utilizados por Kazuhito Yamashita em seu arranjo para violão solo. A pesquisa desperta grande interesse nos violonistas por trabalhar com uma obra tão rica e complexa para o instrumento e busca levantar um novo olhar para a importância da orquestração realizada por Ravel e da obra mais famosa de Mussorgsky. Palavras-Chave: Violão, Orquestração, Ravel, Mussorgsky, Yamashita, Quadros de uma Exposição ELABORAÇÕES RÍTMICAS EM JOÃO GILBERTO Enrique Menezes Universidade de São Paulo – ECA/USP Mestrado em Música / Musicologia Resumo:A música de João Gilberto tem sido bastante estudada por autores diversos, através de variadas abordagens. Dentre elas, a mais presente é a biográfica, que prioriza a descrição de fatos ocorridos na vida pessoal e nas relações sociais do autor, em detrimento do fato musical em si. Pretendemos contribuir aqui pelo viés da musicologia, através de uma análise calcada em suas tradições. Elegemos a elaboração rítmica da música de João Gilberto como recorte específico, procurando esclarecer um pouco mais sua arte através de aproximações com outras concepções rítmicas brasileiras. Palavras-Chave: Síncopa, offbeat timing, planos sonoros CRÍTICA MUSICAL – REPRODUÇÃO DE RECONHECIMENTO Fernando Eduardo M. S. Fernandes UNIRIO – Programa de Pós-Graduação em Música Mestrado em Música - Musicologia Resumo: Este artigo apresenta reflexões sobre o material que vem sendo coletado desde o início da escolha do tema desta pesquisa. Os resultados parciais demonstrados aqui se referem à análise de críticas musicais jornalísticas, tanto do ponto de vista musicológico, no que diz respeito ao léxico presente nos textos dos críticos, quanto do ponto de vista sociológico quando se tratam de reflexões sobre do grau de relevância deste seguimento da comunidade jornalística e a relação deste com o campo profissional da música. Os resultados e conclusões parciais presentes neste texto fazem parte de uma seção importante do quadro geral da pesquisa e principalmente dos estudos sociológicos a que ela está relacionada, porém este texto representará uma sub-seção inserida em um seguimento da pesquisa que busca relacionar conceitos e teorias trazidas do sociólogo Pierre Bourdieu com os produtos culturais e principalmente com o discurso sobre música que são veiculados pelos periódicos mais conhecidos. Como objeto central da pesquisa, o discurso sobre música é analisado aqui a partir de comparações entre diferentes textos de críticos de música que publicam suas avaliações nos cadernos de cultura semanais dos 55 jornais. Três críticas são descritas e analisadas neste texto, uma se refere ao cantor e compositor Raul Seixas e as outras duas avaliam um disco recém lançado de Gilberto Gil. Partindo da hipótese da existência de um discurso consistente e capaz de se reproduzir por diferentes meios de comunicação da sociedade, os textos dos críticos de música são pensados aqui como sendo uma forma materializada deste discurso que está presente principalmente no senso comum e nas lutas em busca de distinção e afirmação, realizadas entre os diferentes grupos sociais que compõe a sociedade brasileira dos dias de hoje. Palavras-chave: Crítica musical; reprodução; reconhecimento MÚSICA E ULTRAMONTANISMO: UMA CONFIGURAÇÃO “MODERNA” DA POLIFONIA NAS MISSAS DE FURIO FRANCESCHINI? Fernando Lacerda Simões Duarte Instituto de Artes de São Paulo – UNESP Mestrado em Música – Área de concentração: Musicologia Resumo: Este trabalho apresenta resultados parciais, procedimentos e conceitos explicadores utilizados no estudo das seis missas compostas entre 1907 e 1971 pelo mestre-de-capela da Sé de São Paulo, Furio Franceschini (1880-1976). Partiu-se do pressuposto de que compreender integralmente uma obra musical só é possível se esta for considerada em sua função – neste caso, ritual – e nos contextos histórico e social em que foi composta. Assim, buscou-se compreender a relação entre a mudança na concepção do que seria a música sacra adequada ao culto católico e as mudanças institucionais pelas quais a Igreja Católica passou ao longo do século XIX. A coincidência dos dois movimentos de restauração – musical e institucional – resultou no Motu proprio (1903) de Pio X, documento que regulou com força de um “código jurídico de música sacra” as composições do período. Foram analisadas suas principais disposições e de outros documentos emanados pela Cúria Romana, bem como seus reflexos na prática musical mesmo em regiões periféricas como o Brasil. A principal questão levantada diz respeito ao estilo aplicado por Franceschini em suas missas, ou seja, o que há dos estilos moderno, antigo e palestriniano nestas obras classificadas como repertório restaurista. Para a compreensão do período, recorreu-se a conceitos explicadores da História e da Sociologia Jurídica. A análise musical foi realizada com o intuito de identificar nas obras enfocadas características comuns que determinassem o estilo composicional empregado. Com vistas a uma efetiva contribuição em nível prático, buscou-se utilizar o presente estudo como uma ferramenta para a compreensão da prática musical hodierna na Igreja Católica. Assim, questionou-se a visão estabelecida de uma irrevogável perda de sentido do repertório restaurista em detrimento da música pósconciliar, bem como a noção de unidade da Igreja incentivada por Roma na primeira metade do século XX. Palavras-chave: Furio Franceschini, Missas, Ultramontanismo, Motu próprio 56 DAS RELAÇÕES ENTRE VOLIÇÃO ARTÍSTICA E MEIOS TÉCNICOS: DISCUSSÕES PRELIMINARES PARA UMA POSSÍVEL CRÍTICA DA “VIDA MUSICAL” Gabriel Sampaio Souza Lima Rezende Universidade Estadual de Campinas – Unicamp Programa de Pós-Graduação em Música – Doutorado Fundamentos Teóricos Resumo: As relações entre volição artística e meios técnicos são o ponto de partida para as reflexões apresentadas neste artigo. Tomando como referências as obras de Immanuel Kant, Max Weber e Theodor Adorno, discutiremos essas relações visando construir uma base teórica para uma possível crítica de noções norteadoras da “vida musical”, tais como “autonomia”, “originalidade” e “espontaneidade”. Inicialmente, apoiado na teoria kantiana, o foco recai sobre a dimensão idealista do fazer musical. Em seguida, a perspectiva weberiana de uma sociologia da música empírica desloca a atenção para a dimensão material desse fazer. Por fim, em uma espécie de síntese, o pensamento musical de Adorno coloca em primeiro plano as relações entre sujeito e material musical. Palavras-chave: Música e sociedade, Kant, Max Weber, Adorno “TUA IMAGEM PERMANECE IMACULADA”: NOTAS SOBRE UMA TRANSCRIÇÃO DO ARRANJO DE RADAMÉS GNATTALI PARA LÁBIOS QUE BEIJEI, 1937 Geremias Tiófilo Pereira Júnior UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas Programa de Pós-Graduação em Música – Mestrado Fundamentos Teóricos da Música Popular (Musicologia) Resumo: Esta comunicação tem por objetivo mostrar algumas das características do trabalho de Radamés Gnattali como arranjador enfocando a valsa canção “Lábios que beijei”, uma composição de J. Cascata e Leonel Azevedo gravada, em 1937, por Orlando Silva. O “cantor das multidões” despontou com grande projeção no mercado fonográfico brasileiro com essa canção, contribuindo para o crescente reconhecimento do nome de Radamés Gnattali como arranjador. Considera-se que com este arranjo para “Lábios que beijei” Radamés Gnattali marcou o início de sua profissionalização no mercado fonográfico. A partir destes dados e tendo em vista que, até o presente momento, não foi possível encontrar manuscritos das partituras referentes a esta gravação optei por realizar uma transcrição do referido arranjo. Ciente de que não se trata de uma transcrição exata, e dadas as características das reproduções em áudio hoje disponíveis, essa tarefa resulta numa partitura um tanto limitada, no entanto busca atingir uma realidade próxima ou suficiente para os objetivos deste trabalho. Diante disso, procuro neste arranjo de Radamés Gnattali detectar procedimentos que influem no resultado musical da obra tais como: o manejo no tratamento da instrumentação entre cordas sopros 57 e percussão; o equilíbrio entre o grupo instrumental e o canto; e a contribuição dos intérpretes, instrumentistas e cantor, que com esta gravação produziram um número musical que tocou massivamente no Brasil. Além disso, tangencialmente, procuro abordar também algumas questões referentes ao entorno cultural, social e histórico brasileiro da época buscando com isso, pistas para situar o período inicial de Radamés Gnattali como arranjador. Palavras-chave: arranjo, transcrição, Radamés Gnattali, música brasileira, indústria fonográfica A RODA É UMA AULA: UMA ANÁLISE DOS PROCESSOS DE ENSINO-APRENDIZAGEM DO VIOLÃO ATRAVÉS DA ATIVIDADE DIDÁTICA DO PROFESSOR JAYME FLORENCE (MEIRA) Iuri Lana Bittar UNIRIO/PPGM Mestrado em Música-Musicologia Resumo: Jayme Florence, o Meira (1909-1982), é reconhecido na literatura como um dos principais mestres de violão no Rio de Janeiro, levando em conta alguns dos seus discípulos, como Baden Powell, Raphael Rabello ou Maurício Carrilho. Porém, pouco se fala sobre o conteúdo musical utilizado por Meira, que tanto contribuiu para a formação desses, e também de tantos outros violonistas, profissionais ou amadores. Buscamos nesse artigo, trazer à tona alguns elementos que contribuam para a (re)construção de um perfil de Meira enquanto professor. As fontes que fundamentam essa discussão são as entrevistas, realizadas durante nossa pesquisa, com alguns ex-alunos de Meira. Através das lembranças de seus alunos, e das descrições referentes às aulas, nos aprofundamos em diversos aspectos, como métodos utilizados por Meira, exercícios técnicos, repertório e a própria dinâmica das aulas, onde Meira trazia para dentro do espaço de ensino-aprendizagem do violão elementos presentes na prática musical do choro, fazendo da sua aula, em alguns momentos, verdadeiras rodas de choro. Outras fontes também nos auxiliaram nesta discussão, como alguns manuscritos preservados pelos alunos, desde a época em que estudavam com Meira, recortes de jornais e revistas presentes no acervo pessoal de Meira, além de citações e depoimentos relativos à sua atividade como professor, presentes em diversas referências bibliográficas. Palavras-chave: Meira, violão, ensino, acompanhamento, roda de choro 58 O SAGRADO NA MPB E NA CANÇÃO SACRA: UMA OLHAR DA TEOMUSICOLOGIA Joêzer de Souza Mendonça Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Programa de Pós-Graduação em Música (Doutorado) Subárea: Musicologia Resumo: a música cristã no Brasil tem sido objeto de expressivo interesse das diferentes áreas do conhecimento acadêmico, haja vista que, na primeira década do século XXI, a música é a estrutura em cujo entorno se desenvolvem o crescimento comercial e a expansão dos cristãos na sociedade brasileira. Esse artigo busca articular os estudos da teomusicologia como campo auxiliar de entendimento das práticas musicais do cristianismo no Brasil. Como uma musicologia teologicamente informada, a teomusicologia pode proporcionar uma abordagem mais centrada na interpretação teológica da palavra religiosa cantada. Não só a música sacra, mas a música secular, particularmente a música popular brasileira, também apresenta temas religiosos. Há muitos compositores que revelam sua visão das crenças e práticas cristãs por meio das letras de suas músicas, embora possa ocorrer divergências entre músicos seculares e cristãos quanto à compreensão de doutrinas. O objetivo deste artigo é verificar como a música pode revelar os diferentes modos de interpretação da divindade bíblica por meio da análise dos componentes musicais e literários de duas canções com o mesmo título, Se eu quiser falar com Deus, sendo uma de autoria de Gilberto Gil, e a outra de Mário Jorge Lima, compositor cristão. Conquanto ambas as músicas abordem a relação entre o ser humano e Deus, em especial a comunicação espiritual com Deus, suas letras são contrastantes no modo de articular essa relação. Os dois compositores demonstram suas distintas maneiras de compreensão bíblica, o que talvez seja motivado por suas diferentes esferas de atuação profissional e vivência religiosa. Palavras-chave: teomusicologia, música sacra, música secular, canção cristã DARIUS MILHAUD E O BRASIL Lina Maria Ribeiro de Noronha Instituto de Artes – UNESP Doutorado em Música / Musicologia Resumo: Este trabalho busca mostrar a relação entre a produção do compositor francês Darius Milhaud e o Brasil, em especial a ligação com a música brasileira que se apresenta na sua obra de maior repercussão: Le Boeuf sur le Toit. Os textos tomados como referência para esse estudo são os do próprio Milhaud e os de Manoel Corrêa do Lago. A abordagem da relação entre a produção de Milhaud, a música popular brasileira e os seus ouvintes-interlocutores durante o período em que permaneceu no Brasil está embasada na presença obrigatória do público como elemento invariavelmente ligado a todo fato musical, segundo conceitos da sociologia da música. São tomadas como 59 referências as tipologias de público de Supicic e as tipologias de escuta propostas por Adorno. Em Le Boeuf sur le Toit, Milhaud, ao mesmo tempo em que faz uso da música popular brasileira de uma forma “folclorizante”, mostra encontrar nessa mesma música elementos em comum com a sua própria linguagem musical, que ele associa a uma certa latinidade, presente tanto na música brasileira como na música francesa. O uso de elementos musicais tidos como “exóticos” era uma atitude comum aos compositores franceses do período e favorecia algo igualmente importante entre os nacionalistas no Brasil: a incorporação da música brasileira a uma linguagem musical européia. Palavras-chave: Darius Milhaud, música brasileira, sociologia da música, público, nacionalismo MARIO DE ANDRADE, PROFESSOR DO CONSERVATÓRIO DRAMÁTICO E MUSICAL DE SÃO PAULO Luciana Barongeno Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Música Musicologia Resumo: Orientada por Mario de Andrade, Oneyda Alvarenga escreve A linguagem musical como trabalho de conclusão do Curso de História da Música no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. O exame do manuscrito que registra o processo de criação aponta documentos que remetem à atuação de Mario de Andrade no magistério. O rastreamento de suas atividades naquela instituição de ensino possibilita o estudo de sua formação musical, artística e intelectual entre 1911 e 1945. O presente artigo tem como objetivo investigar as circunstâncias que permeiam o projeto pedagógico de Mário de Andrade, tomando como referência o Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Palavras-chave: Mario de Andrade, magistério, Conservatório Dramático e Musical de São Paulo A MÚSICA E A DANÇA DA FARSA TEATRAL O JUIZ DE PAZ NA ROÇA (1838), DE LUIS CARLOS MARTINS PENA: UMA PERFORMANCE ESTÉTICO-POLÍTICA Luiz Costa-Lima Neto UNIRIO/PPGM Doutorado - Musicologia RESUMO: Neste texto pretendo verificar como certos números de música, canto e dança associados ao universo do lundu foram utilizados pelos artistas responsáveis pela produção literária e musical “culta” do romantismo, com o duplo objetivo de entretenimento e crítica política e social. Analisarei especialmente a farsa teatral O juiz de paz na roça, de autoria do comediógrafo, crítico musical, compositor e cantor Luis Carlos Martins Pena (Rio de Janeiro, 1815 – 60 Lisboa, 1848), estreada na cidade do Rio de Janeiro, em 4 de outubro de 1838, durante o período politicamente conturbado da Regência, e encerrada com um número misto de fado e tirana. Palavras-chave: Martins Pena, música, dança COMPARAÇÕES ENTRE FONTES MANUSCRITAS E EDITADAS DOS ESTUDOS Nº 2 E 3 PARA VIOLÃO DE CAMARGO GUARNIERI Marcelo Fernandes Pereira Universidade de São Paulo Doutorado em Música - Processos de Criação Musical Resumo: O presente artigo procura descrever as diferenças entre as partituras editadas e as fontes manuscritas dos Estudos 2 e 3 para violão solo de Camargo Guarnieri (1907 – 1993). Esses manuscritos encontrados no arquivo pessoal do compositor, atualmente locado no IEB - Instituto de Estudos Brasileiros – da Universidade de São Paulo são autógrafos de Guarnieri, mas tampouco temos certeza se são os mesmo manuscritos enviados para edição. O problema enfocado neste artigo se origina da prática das edições/revisões realizadas por instrumentistas, cujos objetivos de adaptação da obra ao idiomático instrumental se contrapõe a uma versão fiel à notação do autor. Em se tratando de compositores não violonistas, as alterações muitas vezes se fazem necessárias, contudo a falta de um texto crítico musicológico faz com que a versão elaborada pelo revisor constitua a única versão da obra, enquanto deveria ser apenas uma proposta, aberta a discussões ulteriores, realizadas por outros pesquisadores. Assim, nosso objetivo em relação à comparação desses manuscritos com a edição é fornecer uma fonte prática para que intérpretes - de posse da edição comercial - possam elaborar suas próprias versões. As comparações realizadas nesse artigo permitirão - além da investigação da própria dinâmica de elaboração desses manuscritos - verificar o grau de proficiência da escrita instrumental do autor, uma vez que os manuscritos aqui utilizados expressam - se não de forma definitiva, pelo menos de algum determinado momento - o plano do autor para cada obra. Serão realizadas observações quanto às causas e efeitos dessas alterações em relação à exeqüibilidade e a questões idiomáticas do instrumento e serão também consideradas as implicações dessas modificações em relação ao discurso musical. Para tanto, realizaremos uma introdução contendo breve contextualização histórica dos estudos em questão. Palavras Chave: violão; Camargo Guarnieri; edições de partituras 61 MISTAGOGIA DA MÚSICA RITUAL: CAMINHOS PARA A FORMAÇÃO Márcio Antônio de Almeida Instituto de Artes da UNESP Programa de Pós-graduação em Música Doutorado em Música Resumo: Estudos comparativos de textos das catequeses mistagógicas de autores dos séculos IV e V d.C., sobretudo, no final do século 19 e início do século 20 tornaram possível a consolidação do método mistagógico, por meio do qual os iniciados no processo de cristianização eram introduzidos no mistério. A reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, particularmente, no que se refere à música ritual abriu possibilidades de integrar o conhecimento técnico musical ao conhecimento bíblico-teológico-litúrgico no processo formativo dos agentes. Neste sentido, o objetivo desta pesquisa concentrou-se na adaptação do método mistagógico ao processo de formação litúrgicomusical a fim de qualificar o exercício ministerial dos que se ocupam do canto e da música na liturgia. Para chegar à adaptação recorreu-se a elementos da história da igreja e da liturgia cotejados com textos da Patrística, em especial, de Ambrósio de Milão, Cirilo de Jerusalém, Teodoro de Mopsuéstia e João Crisóstomo. Esses padres da igreja dos séculos IV e V, apresentaram a sistemática do método em questão. Para se adentrar no caminho do mistério, havia a necessidade de se partir do gesto ritual, compreender seu sentido teológico e a atitude correlata ao conhecimento do rito celebrado. No caso da música ritual, o caminho apresenta uma sistemática semelhante, cujo ponto de partida é o canto/música como ação ritual. Texto, melodia e contexto litúrgico constituem o primeiro passo. A seguir, parte-se para a reflexão teológica a partir da raiz bíblica do evento que o canto exprime. Por último, a experiência de recontar o processo vivido celebrado a partir da experiência celebrativa que o canto permite realizar. O método adaptado, não obstante as lacunas, tem se mostrado um importante recurso formativo na prática da música ritual pósconciliar. Palavras-chave: Música ritual, método mistagógico, reforma litúrgica, formação litúrgica AEROFONES NO RIO DE JANEIRO NOS SÉCULOS XVIII E XIX: UMA ABORDAGEM A PARTIR DE DOCUMENTOS ALFANDEGÁRIOS Mayra Pereira UNIRIO – Doutorado em Música Documentação e História da Música Resumo: A necessidade de se obter mais informações sobre instrumentos musicais no Rio de Janeiro até o início do séc. XIX, período marcado pela escassez de registros regulares, faz com que, cada vez mais, pesquisadores busquem fontes alternativas para a investigação do tema. Neste sentido, documentos alfandegários 62 mostram-se relevantes como fonte de pesquisa desta época, já que indicam a movimentação de entrada e saída de mercadorias do porto da cidade controlados pela metrópole portuguesa. A partir da localização de uma série de manuscritos de alfândega do Rio de Janeiro do final do séc. XVIII e início do séc. XIX, cujo conteúdo revela a presença de muitos instrumentos musicais, propôs-se fazer este estudo terminológico e organológico específico dos aerofones citados em três destes registros. Com a análise de tais documentos verifica-se a possibilidade de se dividi-los em dois grupos: o dos que se referem exatamente à importação de produtos, como os volumes da Balança Geral do Commercio do Reyno de Portugal com os seus Domínios e o Mappa ou Rellaçaó de todas as fazendas e Generos, vindos dos Portos, nella declarados, que pela Alfandega da Cidade do Rio de Janro, foraó despachados no Anno de 1802 e o daqueles que informam os valores de referência dos produtos para a cobrança dos impostos no momento da entrada dos artigos na alfândega, como a Nova Pauta para Alfândega do Rio de Janeiro. Além de informações sobre a avaliação dos produtos, são extraídas destas fontes algumas características e aspectos curiosos de instrumentos musicais usualmente importados. Destacam-se neste artigo as abordagens dos fagotes, flautas, gaitas, órgãos, realejos, trompas, clarins e trombetas. Palavras-chave: Aerofones, Rio de terminologia, documentos alfandegários. Janeiro, organologia, A ORQUESTRA SINFÔNICA DO RIO GRANDE DO NORTE - SEU PROCESSO DE CRIAÇÃO Ricardo Miguel Kolodiuk Smolinski UNIRIO/UFRN/ Programa de Pós-graduação em Música Doutorado em Musicologia Resumo: A Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte é uma das mais importantes instituições musicais do Estado, atuando há 33 anos. O trabalho ora apresentado compreende uma etapa inicial de uma pesquisa mais ampla sobre o desempenho desta Orquestra. Trata-se aqui de uma reconstituição de sua criação e de sua implantação e que se reporta ao período que vai de 1976 a 1978. Ao abordar essa fase importante de uma instituição cultural voltada para a música, a preocupação foi a de pesquisar diversos aspectos tais como o das variáveis que influenciaram a sua criação, a sua performance, e as que ficavam dependentes das decisões das políticas governamentais, locais e nacionais. Os aspectos da sua implantação e os passos que antecederam a sua criação foram reconstituídos na coleta de dados dos principais jornais do Estado e em arquivos públicos, inclusive no acervo documental do Teatro Alberto Maranhão; em entrevistas e na compilação de informações sobre a sua programação. A Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte – OSRN, vinculada à Fundação José Augusto, instituição responsável pela política cultural do Estado, vem se consolidando pela importância de sua atuação na divulgação da música erudita apesar de ter apresentado períodos de grande instabilidade. Investigar uma instituição cultural como uma Orquestra 63 Sinfônica, é procurar na sua história se houve aperfeiçoamento direcionado a um profissionalismo em todas suas atividades. As dificuldades iniciais para o projeto de criação, a falta de profissionais, a necessidade de convocar músicos de fora do Estado, foram registradas. A abordagem também procurou elaborar uma análise sobre a performance, constatando-se um repertório que se restringia do barroco ao clássico. Uma atividade que se sobressaiu foi a exigida pela Secretaria Estadual de Educação em se ter apresentações de Concertos didáticos destinados ao público jovem das escolas estaduais. Palavras-chave: música, sinfônica, história, cultura, documentação APONTAMENTOS ACERCA DA ANÁLISE SCHENKERIANA NA MÚSICA POPULAR: UM ESTUDO DE CASO EM DOIS PRELÚDIOS DE LUIZÃO PAIVA Thiago Cabral Carvalho UFPB/PPGM Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI) Subárea: Musicologia Sistemática Resumo: Apresentamos uma mostra do modelo analítico de Heinrich Schenker (1868-1935) à luz de uma avaliação dos processos e técnicas composicionais da música popular instrumental contemporânea. Para tanto, averiguamos dois prelúdios para piano do compositor piauiense Luizão Paiva (1950). Em sua obra, reconhecemos a justaposição de procedimentos técnicos advindos tanto da música popular quanto da erudita. Numa reflexão mais ampla, enunciamos que o tratamento imbricado entre popular e erudito indicia a gênese de um posicionamento ideológico-composicional, uma intencionalidade particularizada na criação musical. Palavras-chave: Análise Schenkeriana, Música Contemporânea, Prelúdios para Piano, Luizão Paiva Popular HELIO DELMIRO, VILLA LOBOS E O CHORO: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE “CHAMA” E “CHOROS NO.1” Vinícius José Spedaletti Gomes Universidade de São Paulo –ECA / Departamento de Música Mestrado em Musicologia Resumo: O artigo apresenta breve análise comparativa entre peças para violão solo de Delmiro e Villa-Lobos, do ponto de vista composicional (formal, estrutural, harmônico, melódico e rítmico) e idiomático do gênero (choro). Apresenta também sucinto apanhado historiográfico, pertinente para compreensão mais ampla do material musicológico analisado. A análise integra a dissertação de mestrado “Helio Delmiro – Composições para Violão Solo”, em desenvolvimento pelo autor do artigo. 64 Palavras-chave: choro, Helio Delmiro, Villa-Lobos, violão MÚSICA DE VANGUARDA E CULTURA DE MASSAS Willa Soanne Martins Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/PPGM Doutorado em Música Resumo: A pesquisa trata de questões acerca da vanguarda atual e a tecnologia, observando-se historicamente o fenômeno da vanguarda na música e sua importância enquanto reação à cultura de massas. Palavras-chave: música de vanguarda, cultura de massas, tecnologia 65 TPE- Teoria e Prática da Execução Musical RADAMÉS GNATTALI: O CONCERTINO N. 2 PARA VIOLÃO E ORQUESTRA E A UTILIZAÇÃO DO DEDO MÍNIMO DA MÃO DIREITA Bartolomeu Wiese Filho Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO/PPGM Doutorado em Música/Teoria e Prática da Execução Musical Resumo: Apresenta o resultado das pesquisas realizadas sobre o Concertino n. 2 para violão e orquestra de Radamés Gnatalli, onde o compositor deixou assinaladas as suas intenções sonoras relacionadas à digitação da mão direita. As marcações expostas pelo compositor na referida obra exigem do intérprete a utilização do dedo mínimo da mão direita – ao modo de Garoto tocar –, obtendo-se, dessa forma, acordes plaqués. O trabalho apresenta ainda uma comparação entre a obra editada e os manuscritos do compositor, além de um breve histórico da técnica violonística da mão direita, com ênfase nos autores que utilizaram o dedo mínimo. Palavras-Chave: Radamés Gnattali – Dedo mínimo da mão direita – Concertino n. 2 – Acorde plaqué. IMPROVISAÇÃO, CONTRABAIXO ACÚSTICO E MÚSICA POPULAR BRASILEIRA INSTRUMENTAL: REFLEXÕES ATRAVÉS DA REVISÃO DE LITERATURA Bruno Rejan Silva Mestrando do Programa de Pós Graduação em Música UFG Bolsista do REUNI Interpretação/Teoria e Composição Resumo: Este presente artigo é parte da minha pesquisa de mestrado (revisão de literatura) que visa demonstrar algumas características sugestivas de brasilidade na improvisação ao contrabaixo. Este artigo reflete através da comparação, concordância e discordância das idéias de diferentes autores, temas que delineiam a minha pesquisa de mestrado: improvisação, contrabaixo e Música Popular Brasileira Instrumental. Apesar de improvisação conotar uma situação espontânea e sem prévia preparação, alguns autores como Haro (2006), Borém e Santos (2003), Nettl (2010) e Visconti (2005) afirmam que é resultado de preparação e pesquisa de uma dada linguagem estilística: ritmos, melodias e progressões harmônicas específicas, bem como as articulações e dinâmicas. A improvisação é conteúdo essencial da Música Popular Brasileira Instrumental (MPBI), e é principalmente através dela que observa-se relações de hibridismo, globalização e identidade cultural, como propõem Piedade (2005) e Cirino (2009). No contexto da improvisação na MPBI, o contrabaixo 66 se destaca como um instrumento que apresenta diversas opções técnicas e tímbricas para para uma performance como uso de pizzicato, uso do arco e uso de técnicas expandidas (uso do instrumento como percussão, por exemplo). Dessa maneira, partindo dessas reflexões, espera-se integralizar esses três temas para que, posteriormente possam surgir novas elucidações, com enfoque na performance do contrabaixo. Palavras-chave: Música Popular Brasileira Instrumental, performance musical, improvisação e contrabaixo acústico A HOMOGENEIDADE SONORA NA FLAUTA – UMA ABORDAGEM HISTÓRICA E INTERPRETATIVA Claudio Frydman UNIRIO Doutorado em Teorias e Práticas Intepretativas Resumo: Qualquer pessoa interessada em aprender flauta transversal depara-se com uma dificuldade preliminar: a emissão de um bonito som. Aliás, esta não é uma preocupação apenas dos flautistas; todos os músicos estão sempre à procura “daquele” som. Segundo os preceitos didáticos da literatura moderna de flauta, a rotina básica para a formação (e fixação) da embocadura livre exige do aluno a emissão de notas longas, com a meta de equilibrar o timbre tanto nos graves quanto nos agudos. Essas premissas de “gosto”, de “beleza”, foram incutidas principalmente pela Escola Francesa, partidária do instrumento (e do sistema de digitação) desenvolvido pelo alemão Theobald Boehm, em 1832 – cujo modelo definitivo foi concluído em 1847 – que teve como principais características a padronização das digitações, sua adequação ao temperamento igual e a homogeneidade sonora. Seu sistema não foi adotado universalmente de imediato, coexistindo com outros durante o restante do século, mas aos poucos se tornaria o paradigma da flauta transversal. Doravante, os compositores passariam a idealizar e criar suas obras a partir desta feição específica. Mas será que esta metodologia de estudos diários é adequada a outros modelos de instrumento? E quanto às composições anteriores ao desenvolvimento deste sistema, também devem se imbuir desta estética sonora? São estas as respostas que procuramos neste artigo, resultado de uma investigação organológica, seja no cotejo de métodos e tratados do passado, mas principalmente através da prática de instrumentos antigos. Palavras-chave: flauta transversal, métodos, história, interpretação 67 ELEMENTOS DA ESTÉTICA EXPRESSIONISTA PRESENTES NA OBRA SERTÃO CENTRAL, OPUS 84 PARA PIANO DE LIDUÍNO PITOMBEIRA Danilo Jatobá Beserra UNIRIO/PPGM Mestrado em Música/Práticas Interpretativas Resumo: Este artigo expõe algumas das características peculiares da música expressionista presentes na obra Sertão Central, opus 84 de Liduíno Pitombeira. A analogia a essa escola do Modernismo europeu partiu da percepção de detalhes de sonoridade e do caráter descritivo que o compositor confere à obra na folha de rosto da partitura. Dentre as características, são evidenciadas três principais: a expressividade, o uso de dissonâncias e o atonalismo (embora não utilizado estritamente). Além desses recursos, observa-se o emprego do “tetracorde 0167”, presente na música de alguns compositores do século XX, como Béla Bartók. Para compor este trabalho, foi feito um breve levantamento biográfico da vida acadêmica e profissional de Liduíno Pitombeira, listagem de suas obras para piano compostas até o momento atual, identificação de particularidades da escrita pianística de Pitombeira de acordo com Karina Praxedes (2009), caracterização do Expressionismo segundo Silvia Dafferner (2010) e o musicólogo Paul Griffiths (1998) e definição de “célula Z” por Elliott Antokoletz (1984). O estilo musical de Liduíno Pitombeira reflete, segundo o próprio compositor, a união entre linhas nacionalista e universalista e, dessa forma, cria um estilo musical próprio. Palavras-chave: Liduíno Pitombeira, música brasileira para piano, expressionismo MÚSICA BRASILEIRA PARA O ENSINO DO PIANO NO NÍVEL ELEMENTAR Denise Zorzetti UNIRIO/PPGM Doutorado em Música Teoria e Prática da Interpretação Resumo: Este trabalho faz uma proposta de repertório de música brasileira para o ensino do piano no nível elementar, partindo do princípio de que, nos primeiros anos de estudo, são utilizados métodos de ensino específicos para a iniciação ao instrumento. Tem como objetivo principal fornecer subsídios ao professor de piano para a escolha de material adequado ao nível de desenvolvimento de seu aluno. Para definir as características do nível elementar, foram utilizadas, principalmente, as delimitações propostas por Gandelman (1997) e Uszler (1995 e 2000). Após relacionar quais aspectos da execução pianística são característicos do nível elementar, foi realizado um levantamento de obras de compositores brasileiros que oferecem a oportunidade de trabalhar os aspectos observados. A opção por música brasileira se baseia no princípio de que a utilização de elementos pertencentes ao universo do aluno pode funcionar como 68 uma motivação a mais. Discutem-se, ainda, os diferentes critérios a serem considerados na escolha de repertório, tais como as características técnicas, musicais e de leitura da obra em questão, bem como as características individuais de cada aluno e seus objetivos pessoais. São apresentados, como exemplo, peças que oferecem a oportunidade de trabalhar diferentes aspectos da execução pianística e utilizam, para tanto, elementos da cultura nacional, através do emprego dos seguintes procedimentos: citação direta de temas folclóricos ou populares, harmonizados com uma linguagem tradicional ou com elementos mais contemporâneos; utilização de ritmos ou gêneros característicos, mas com a criação de temas originais; ou, ainda, apenas a sugestão de aspectos presentes na música brasileira, como certas fórmulas melódicas, rítmicas e polifônicas. Espera-se, com esta proposta, contribuir com direcionamentos para o trabalho do professor de escolha do repertório de música brasileira para alunos de nível elementar. Palavras-chave: piano, repertório de ensino, nível elementar, música brasileira AS RELAÇÕES TEXTO-MÚSICA E O PROCEDIMENTO PIANÍSTICO NA CANÇÃO LEILÃO DE JARDIM (1971) DE ERNST MAHLE Eliana Asano Ramos UNICAMP/Instituto de Artes Mestrado em Música – Práticas Interpretativas Resumo: A presente comunicação é parte de uma pesquisa de mestrado em andamento e tem a finalidade de apresentar resultados parciais por meio de uma análise da canção Leilão de Jardim (1971), de Ernst Mahle, com especial enfoque no procedimento pianístico. A pesquisa original, intitulada “As relações texto-música e o procedimento pianístico em seis canções de Ernst Mahle: propostas interpretativas”, tem o objetivo principal de propor diretrizes que orientem a interpretação de seis canções para canto e piano de Ernst Mahle (1929). O compositor, nascido na Alemanha e naturalizado brasileiro, está no Brasil desde 1951. Seu vasto conjunto de obras abrange mais de duas mil composições, incluindo peças escritas para todos os instrumentos de orquestra, música de câmara para as mais variadas formações, concertinos e concertos para vários instrumentos solistas e orquestra, obras para canto, coro, orquestra de câmara, orquestra sinfônica, balés e óperas. As peças escritas para canto e piano somam cerca de trinta e cinco canções, sem contar as várias versões de uma mesma canção para diferentes vozes e acompanhamento. O processo de investigação fundamenta-se em três abordagens: (1) estudo do texto, (2) análise da estrutura musical e (3) exame dos aspectos pianísticos. O exame da estrutura musical tem fundamento no critério organizacional proposto por White (1994) e na técnica de análise desenvolvida por Schoenberg (2008), ao passo que o exame do texto e dos aspectos pianísticos segue o modelo de análise proposto por Stein e Spillman (1996). A realização da pesquisa proporciona uma reflexão sobre a interpretação da canção de câmara brasileira do século XX e contribui para a incipiente pesquisa 69 acadêmica na área, colaborando para a divulgação da obra do compositor e para o alargamento da bibliografia existente. Apoio FAPESP. Palavras-Chave: canção de câmara brasileira, piano, performance, análise, Ernst Mahle REPRODUÇÃO, INTERPRETAÇÃO OU PERFORMANCE? ACERCA DA NOÇÃO DE PRÁTICA MUSICAL NA TRADIÇÃO CLÁSSICO-ROMÂNTICA VIENENSE Frank Michael Carlos Kuehn Doutor em Música (UNIRIO) Teoria e Prática da Execução Musical Resumo: O termo “reprodução musical”, empregado por Theodor Adorno em grande número de fragmentos e manuscritos redigidos, aproximadamente, entre 1925 a 1965, pode ser definido, de forma elementar, como a realização sonora de uma obra musical com base em sua partitura. Tendo representado na tradição vienense da segunda metade do século XIX e das primeiras décadas do século XX uma prática em que o exercício da interpretação estava vinculado ao da composição, mantém-se hoje quase exclusivamente por meio da repetição de um repertório historicamente definido e delimitado. “Reprodução musical”, todavia, designa um processo multiforme de grande potencial produtivo e transformador, cuja abrangência conceitual aumenta sensivelmente quando se lhe atribuem a interpretação e a performance como elementos (ou princípios) ativos. Porque a análise do termo reprodução musical envolve a transliteração e a tradução de conceitos teóricos fundamentais de um idioma para outro, abordam-se primeiramente os critérios que norteiam a sua aplicação no contexto da tradição clássico-romântica vienense. Em seguida, são apresentadas algumas de suas implicações no debate atual sobre questões dele decorrentes. Palavras-chave: prática interpretativa, teoria da interpretação e da performance, Theodor Adorno, teoria da reprodução musical, tradição musical vienense ASPECTOS IDIOMÁTICOS NA FANTASIA PARA VIOLONCELO E ORQUESTRA DE HEITOR VILLA-LOBOS Hugo Vargas Pilger UNIRIO – Mestrado em Música Práticas Interpretativas Resumo: Este artigo se insere na linha de pesquisa de Teoria e Prática da Execução Musical e tem como objetivo analisar alguns dos recursos idiomáticos do violoncelo usados por Heitor Villa-Lobos (1887-1959) em sua Fantasia para Violoncelo e Orquestra (1945), além de apresentar fatos relevantes sobre essa obra, no intuito de contextualizá-la dentro do repertório para este instrumento. Recorreuse, como método de estudo, à análise de partituras manuscritas e 70 editadas, bibliografia específica, depoimentos, artigos, reportagens, além do estudo comparativo com outras obras para violoncelo de outros compositores (e do próprio Villa-Lobos), que utilizaram recursos idiomáticos idênticos ou semelhantes. Como resultado desse trabalho, este pesquisador constatou que o compositor usou para o violoncelo muitos dos elementos que também aparecem em suas obras para outros instrumentos de cordas como, por exemplo, o violino e o violão, tendo com recorrência e diversificação as cordas soltas, glissandos, acordes de três ou quatro sons, além de recursos composicionais como o uso de padrões simétricos de sons baseados na disposição de teclas brancas e pretas dos instrumentos de teclado. Ao se analisar mais profundamente a obra, percebe-se que a escrita vem de um compositor que conhecia muito bem as possibilidades do instrumento. Nada que ele escreveu para o violoncelo pode ser considerado impossível de se executar, mesmo que em certas obras o nível de complexidade seja alto. Trata-se de uma obra que, por seu valor, deveria ser apresentada com mais frequência, não se justificando suas raras execuções e gravações. Palavras-chave: Villa-Lobos, fantasia, violoncelo A PERCUSSÃO NA OBRA MUSEU DA INCONFIDÊNCIA DE GUERRA-PEIXE Janaína Paiva Garcia Sá UNIRIO/PPGM Mestrado em Música/Práticas Interpretativas Resumo: O presente trabalho tem como objetivo transmitir para o músico percussionista a interpretação da percussão escrita por César Guerra-Peixe na obra Museu da Inconfidência, com base nas informações passadas pelo próprio compositor ao Prof. Luiz D‟Anunciação, que na época da estreia feita pela Orquestra Sinfônica Brasileira – OSB, conviveu com Guerra-Peixe e com este discutiu as particularidades de se executar os trechos da percussão da obra. Suas experiências adquiridas em Recife (Pernambuco) na década de 50 culminaram em seu livro Maracatus do Recife, publicado em 1955. Após a Introdução, farei um breve histórico do compositor, abrangendo sua ruptura com o dodecafonismo até sua completa adesão ao nacionalismo, influenciado pelas ideias de Mário de Andrade. A partir do item 3, comentarei sobre a obra e as particularidades de execução do Tambor Militar e o solo em ostinato do Bombo, ambos inseridos em Restos de um Reinado Negro, no movimento IV, foco principal de minha pesquisa, por possuírem uma maneira específica para serem tocados, dentro da linguagem própria do autor. As entrevistas com o Prof. Luiz D‟Anunciação foram de extremo valor à realização deste trabalho. A gravação feita pela OSB em 1976, sob a regência de Isaac Karabtchevsky, é uma importante fonte de consulta que utilizo como referência sonora por se tratar de um trabalho que contou com a orientação de Guerra-Peixe nos ensaios. Considerando a escassez de material acadêmico escrito sobre 71 este assunto, o trabalho poderá servir de parâmetro a percussionistas, professores, compositores e regentes. Palavras-chave: Guerra-Peixe, percussão, batuque pernambucano, maracatu. UMA ANÁLISE TEMPORAL DO OP. 117 BRAHMS João Miguel Bellard Freire UNIRIO/PPGM Doutorado em Música Teoria e prática da execução musical Resumo: A presente comunicação é um recorte de uma pesquisa de doutorado em andamento que busca analisar relações temporais na performance, utilizando recursos oriundos do campo da análise musical. A interface análise- performance tem sido cada vez mais enfocada numa relação de ampliação da compreensão sobre a obra, buscando obter achados que produzam impacto na interpretação musical, sem uma relação de subserviência da performance a uma análise, nem uma busca de ressaltar motivos melódicos ou relações que não possam ser percebidas auditivamente. Com base em Rink (1995), Levy (1995), Vinay (1995), Kramer (1988) e Clifton (1983), foram analisados os três Intermezzi Op. 117 de Johannes Brahms, enfocando questões temporais observadas em nossa performance dos mesmos e na análise da partitura. Foram abordadas questões relativas à métrica, ambigüidades temporais e grupamentos, entre outras. Essas três peças apresentam questões temporais bastante interessantes e significativas para a performance. Foram percebidas a alternância entre estruturas regulares e irregulares, bem como a alternância entre estruturas estáveis e instáveis. Apesar de manter os compassos de cada Intermezzo do início ao fim, pudemos perceber a sobreposição de diferentes métricas, a alternância ou sobreposição de ambigüidades harmônicas e temporais, alternância ou sobreposição de regularidades e irregularidades (fraseológicas e temporais, variação nos grupamentos por ampliação gerando deslocamentos métricos e deslocamento dos acentos. Embora seja uma análise preliminar, os achados relativos à questão temporal nos parecem bastante significativos para a performance, já que determinadas decisões interpretativas podem reforçar, modificar ou até anular algumas das questões aqui apresentadas. Palavras-chave: tempo musical, análise, interpretação, Brahms 72 A UTILIZAÇÃO DAS LINHAS-GUIA NA PERFORMANCE E NO ENSINO DA MÚSICA BRASILEIRA José Alexandre Carvalho Departamento de Música do Instituto de Artes/ Unicamp Doutorado em Música / Práticas Interpretativas Resumo: Minha tese de doutoramento parte de uma característica comum entre alguns gêneros de música popular – a presença de padrões rítmicos que organizam a estruturação rítmica geral – para propor uma metodologia de ensino e performance através da sistematização desta ocorrência. A partir das claves cubanas e da experiência de sistematização das mesmas, pretendo definir o conceito de clave e passar a utilizá-lo em outros contextos estilísticos. A justificativa para este processo nasce de uma experiência pessoal positiva de aprendizado – o uso de formas diferenciadas, específicas e esteticamente orientadas de marcação do tempo – que é posteriormente percebida como comum no meio musical popular. A saber - de que se pode marcar o tempo não apenas através das pulsações e dos acentos regulares, mas, também e principalmente de uma forma que se coadune com a acentuação do ritmo em questão; e da percepção de que este uso possa ser sistematizado e generalizado para todos os gêneros de música que possuam herança africana. O que será apresentado neste texto é a primeira parte da pesquisa que trata de definir a importância da clave no universo musical de origem Afro nas Américas, e depois procura conceituar e sistematizar o uso da clave na música brasileira. A fase subseqüente da aplicação da clave no ensino da performance da música brasileira ainda encontra-se em processo de pesquisa e estruturação e não será discutida aqui. Palavras-chave: clave, time-lines, música popular, samba, salsa AULAS COLETIVAS DE INSTRUMENTO COMO FATOR DE MOTIVAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA EXECUÇÃO MUSICAL DE FLAUTISTAS EM CURSOS DE GRADUAÇÃO José Benedito Viana Gomes Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO Doutorado em Música / Práticas Interpretativas Resumo: Este trabalho trata da motivação e sua influência na performance de instrumentista, mais especificamente de flauta transversal. A proposta motivadora em foco é a inserção de aulas coletivas de instrumento em cursos de graduação de flauta transversal. A motivação é conceituada como um estado psicológico onde um indivíduo é movido a executar uma determinada ação, ou conjunto de ações, em processos de aprendizagem, no trabalho ou em outra esfera da sua vida. As reflexões sobre a motivação são direcionadas sobre atividades em aulas coletivas e estudos coletivos de estudantes de curso superior em música que se preparam para atuar como 73 instrumentistas profissionais, mais precisamente flautistas. A problematização abordada baseia-se em questões como: o que pode motivar flautistas a terem um melhor desenvolvimento durante o curso de graduação? As observações foram feitas com base na implantação de uma turma coletiva com alunos do curso de graduação em flauta transversal da Faculdade de Música do Espírito Santo a partir do ano de 2008. A proposta foi a de fazer com que os alunos não somente tivessem aulas coletivas, como também estudassem coletivamente, para tal, foi necessário propormos inovações metodológicas. Com o objetivo de motivar o desenvolvimento da prática interpretativa, foram realizadas apresentações em sala de aula repertório de estudo individual, ou seja, estudos melódicos e peças de concerto por cada aluno. Uma das conclusões que chegamos até o momento neste trabalho de pesquisa é que o trabalho coletivo em aula e em estudos coletivos por parte de alunos do curso superior de flauta motivou de forma acentuada a participação e interesse deles, consequentemente, o aumento na qualidade da prática interpretativa. Palavras-chave: aulas coletivas, motivação, execução musical, flauta transversal prática interpretativa ESTUDO INTERVALAR PARA PIANO N. 2 DE EDINO KRIEGER: UM ESTUDO DE RESSONÂNCIA José Wellington dos Santos UNIRIO – Doutorado em Música Teoria e Prática da Interpretação RESUMO: O contínuo aprimoramento mecânico do piano, desde sua invenção no início do século XVIII, tem produzido instrumentos com novas possibilidades de ressonância acústica exploradas expressiva e idiomaticamente pelos compositores na construção de seus estilos clavicinistas. Este artigo, além de situar os Estudos intervalares para piano de Krieger na totalidade da sua produção para este instrumento, analisa e discute o Estudo 2, Das terças, sublinhando a ressonância através da escrita, ao mesmo tempo em que propõe soluções interpretativas relacionadas ao melhor aproveitamento dos recursos do piano para se obter tal efeito. Palavras-chave: Edino Krieger, piano, estudo, ressonância O VOCABULÁRIO DO CHORO, DE MÁRIO SÈVE: ESTRUTURA E POSSIBILIDADES DE UTILIZAÇÃO NO ENSINO TÉCNICO DA FLAUTA TRANSVERSAL Larena Franco de Araújo UNIRIO/PPGM Doutorado em Música/ Práticas Interpretativas Resumo: O artigo explora a obra Vocabulário do Choro, de Mário Sève, livro de estudos sobre o choro para instrumentos melódicos, publicado em 1999. Comenta a estrutura da obra e as possibilidades de sua utilização no ensino técnico da flauta transversal. Conclui que a obra oferece um conjunto consistente de exercícios sobre o choro, propiciando ferramentas para o desenvolvimento de sua interpretação, 74 por meio da técnica instrumental, do domínio formal e da improvisação. A obra é também uma proposta alternativa de exercícios para o ensino da técnica da flauta transversal, que permite o trabalho de questões relacionadas à fluência de leitura e de execução ao instrumento, articulação, saltos intervalares e controle dos dedos (velocidade). Deixa de contemplar satisfatoriamente os aspectos de sonoridade, homogeneidade entre registros, respiração e nuances (dinâmica, andamento, fraseado e caráter), para os quais se sugere complementar com obras tradicionais para o instrumento. Sua utilização num contexto acadêmico poderia ser proveitosa para flautistas interessados no gênero. Palavras-chave: técnica; flauta transversal; choro; ensino SUAVE, BATERIA, SUAVE! Leandro Barsalini UNICAMP – IA/ Música Doutorado em música Teoria e prática da execução musical Resumo: A incorporação do instrumento bateria na música brasileira aconteceu no mesmo período em que o samba se consolidou como gênero de nossa música popular. A partir da utilização do instrumento, alguns padrões de execução do ritmo foram desenvolvidos, sendo que parte desses padrões surgiu como uma maneira de adaptar ou substituir o característico agrupamento de instrumentos de percussão. Desta forma, o caráter coletivo da execução em instrumentos outrora adaptados ou desenvolvidos para o samba – como prato e faca, frigideira ou mesmo o surdo, foi em muitas vezes substituído pela execução individual na bateria. Isso ocorreu com maior freqüência em arranjos considerados mais requintados, como executados por orquestras na Rádio Nacional, e que se oficializaram como exemplos de expressividade afinada a certo ideário de identidade nacional. Alguns anos depois, mesmo a presença da própria bateria no samba é relativizada, quando a bossa nova trata a percussão como um aspecto subsecivo, a ser substituída através de novas abordagens violonísticas. A partir da análise de três exemplos musicais, é possível apontar algumas implicações desse processo de redução da percussão em determinados estilos do samba urbano carioca, e identificar algumas ressonâncias que ideários modernizadores adotados por parte da intelectualidade nacional imprimiram na música popular. Palavras-chave: samba, bateria, percussão CONSIDERAÇÕES SOBRE A INTERPRETAÇÃO DA PEÇA ALECRIM PARA TROMPETE SEM ACOMPANHAMENTO Maico Viegas Lopes UNIRIO/PPGM Doutorado em Música Teoria e Prática da Execução Musical 75 Resumo: As obras pra instrumento solo sem acompanhamento são extremamente difíceis de serem interpretadas, uma vez que toda a responsabilidade depende apenas de um intérprete. Muitas vezes sua participação pode auxiliar o processo composicional e o contato direto com o compositor pode sanar dúvidas relacionadas ao idiomatismo do instrumento e da estética do compositor. Este trabalho é um estudo que tem como objetivo apresentar sugestões interpretativas para a obra Alecrim, para trompete sem acompanhamento, do compositor Ricardo Tacuchian. Esta peça foi composta a partir de uma ferramenta composicional desenvolvida pelo compositor, o sistema-T, e é uma contribuição significativa para o repertório trompetístico, pois explora a tessitura e questões técnicas para o estudo deste instrumento como os golpes de língua, além de outros recursos do instrumento que se referem, principalmente, à alteração dos parâmetros timbre e dinâmica. A análise estrutural da peça bem como as sugestões interpretativas propostas são respaldadas pelo contato direto com o compositor. Na nossa condição de intérprete, ao abordarmos a questão da relação entre compositor e intérprete, visamos incentivar a existência de uma via direta de comunicação: o intérprete oferece sua contribuição através de sua experiência e vivência musical, agregando sugestões às idéias do compositor, e os compositores, por sua vez, fazem uso de tal contato como uma ferramenta de auxílio, não só adquirindo mais intimidade em relação ao idiomatismo dos instrumentos, como também ampliando seu conhecimento no que diz respeito à escrita e às concepções interpretativas dos instrumentistas. Esperamos que este trabalho possa servir de incentivo a posteriores pesquisas sobre o repertório brasileiro para trompete sem acompanhamento e destacar a importância deste estudo direcionado para a interpretação, contribuindo para o desenvolvimento da pesquisa na área. Um trabalho de conscientização e elucidação por parte de ambos os lados, do compositor e do intérprete. Palavras-chave: interpretação – música brasileira – sugestões interpretativas – trompete sem acompanhamento A VIOLA DE 10 CORDAS NO CHORO “CARINHOSO” – UMA PROPOSTA DE ARRANJO Marcus Ferrer UNIRIO/PPGM Doutorado em Música Teoria e Prática na Interpretação Musical Resumo: A viola de 10 cordas é um instrumento de origem portuguesa trazido para o Brasil pelos primeiros colonizadores e jesuítas, ainda no século 16. Luis da Câmara Cascudo, em seu Dicionário do Folclore Brasileiro, escreveu: “Deve ter sido o primeiro instrumento de cordas que o Brasil conheceu. O século do povoamento brasileiro, o século XVI, foi a época do esplendor da 76 viola em Portugal, expresso nos autos de Gil Vicente e nos Cancioneiros”. (1954, p.639). Se atentarmos para o fato de que a colonização do Brasil se desenvolveu, principalmente, a partir de duas cidades – Salvador e Rio de Janeiro – poderíamos concluir que a viola deveria ter sido um instrumento bastante utilizado ou, pelo menos, um dos instrumentos musicais adotados na cidade do Rio de Janeiro, o que de fato aconteceu por mais ou menos 400 anos. No entanto, houve um momento em que o violão passou a ocupar o lugar da viola e esta deixou de ser utilizada pelos músicos cariocas. Essa mudança ocorreu durante o século 19 e ao fim deste século, quando começaram a aparecer no Rio de Janeiro gêneros musicais como Maxixe e Choro, e mais tarde Samba, a viola não mais fazia parte da vida musical carioca. O fato de a viola não ter sido utilizada em nenhum deles instigou-nos a realizar uma pesquisa de inserção do instrumento nestes gêneros, por meio de arranjos para a viola solo de algumas obras selecionadas. O arranjo de “Carinhoso”, de Pixinguinha, é, dentre os arranjos, um dos mais representativos, sendo objeto de análise para a Tese de Doutorado. Nesta Comunicação, comentamos parte desta análise musical. Palavras-chave: Viola de 10 cordas, Choro, arranjo, análise musical DISTONIA FOCAL E A ATIVIDADE DO PERFORMER MUSICAL: UMA BREVE REVISÃO DE LITERATURA Ricardo Rosembergue Garcia Universidade Federal de Goiás – EMAC Mestrado em música – Performance Musical Resumo: O presente artigo discute a Distonia Focal do Músico e sua relação com a perfomance em instrumentos de sopro. O trabalho apresenta o conceito de Distonia, suas principais causas e sintomas relacionados com a prática de instrumental e elenca possíveis caminhos de prevenção com base em uma breve revisão da literatura disponível sobre o tema. O texto está fundamentado em trabalhos de Llobet (2002;2007), Altenmüller e Jabusch (2010) e Watson (2009), pesquisadores que são referência sobre o tema. A prevenção contra este distúrbio é necessária nos dias de hoje quando as performance acontecem em situações cada vez mais diferenciadas e com exigências técnicas e cobrança social altíssimas. A principal conclusão a que se chega é que a Distonia Focal do Músico é uma desordem do movimento que compromete a dimensão física do fazer musical e pode levar instrumentistas a interromper suas carreiras e até mesmo encerrá-las. A prevenção é possível, necessária no contexto atual da performance e acessível aos músicos, porém, a informação precisa ser melhor divulgada. Palavras-chave: Distonia Focal; Técnica instrumental; Performance Musical; Corpo humano. O REPERTÓRIO SINFÔNICO NACIONAL NA FORMAÇÃO DO CONTRABAIXISTA BRASILEIRO: CONSIDERAÇÕES SOBRE A LITERATURA DISPONÍVEL 77 Ricardo Newton Lopes Rodrigues Universidade Federal de Goiás - EMAC Mestrado em música/Teoria e Prática da Execução Musical Resumo: Este artigo apresenta uma revisão da literatura disponível no Brasil, acerca do material que trata da pedagogia do contrabaixo e sua relação com o repertório sinfônico nacional na formação do contrabaixista brasileiro. A presente investigação busca atingir seu objetivo, através da consulta de livros, periódicos, apontamentos de palestras e conferências sobre pedagogia da performance musical, particularmente de contrabaixo. A principal conclusão a que se chegou foi que a inclusão de material sobre estratégias de preparação das partes de contrabaixo referente ao repertório orquestral brasileiro no universo da pedagogia da performance do instrumento, constitui um significativo contributo para contrabaixistas, performers/educadores, estudantes, compositores, regentes e pesquisadores da área de música. Palavra-chave: contrabaixo, pedagogia da performance, repertório sinfônico nacional 78 ET – Etnomusicologia ESTÃO QUERENDO TIRAR MEU NOME DO SAMBA: BENITO DI PAULA E SUA (NÃO) CONSAGRAÇÃO NO CAMPO DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA Adelcio Camilo Machado Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) Mestrado em Música; Subárea: Etnomosicologia Resumo: Fruto de uma pesquisa mais ampla de mestrado, ainda em andamento, intitulada “Quem te viu, quem te vê: o sambão-joia da década de 1970”, este texto está centrado na figura de Benito di Paula, procurando entender as peculiaridades de sua inserção no cenário da música popular brasileira durante a referida década. Apesar da grande vendagem de seus discos entre os anos de 1974, quando se deu sua primeira aparição nas pesquisas de discos mais vendidos, e o final da década, atingindo números comparáveis aos de outros sambistas que conseguiram se consagrar no campo da MPB como Martinho da Vila, Paulinho da Viola e Clara Nunes, nota-se que Benito não é considerado pela historiografia da música popular brasileira como um importante representante do samba ou da MPB, sendo normalmente esquecido pela bibliografia ou pela discografia destes segmentos musicais. Portanto, através da análise de um dos primeiros sucessos de Benito, a canção “Retalhos de cetim”, gravada em seu LP “Um novo samba” de 1974, composta e interpretada por ele, buscaremos perceber algumas características de seu estilo enquanto cancionista, procurando identificar a presença de elementos alheios à tradição consagrada do samba ou da MPB, compreendendo de que maneira isso pode influenciar no grau de consagração artística alcançado por Benito. Com isso, mais do que estudar a obra deste sambista em específico, este texto pode contribuir para que melhor se entenda o campo da música popular brasileira durante a década de 1970, refletindo sobre questões como tradição, memória e lutas simbólicas. Palavras-chave: Benito di Paula, samba, anos 1970, lutas simbólicas MODINHA: AS PRIMEIRAS CONFLUÊNCIAS ENTRE O ERUDITO E O POPULAR NA MÚSICA BRASILEIRA Alexandre Francischini Universidade Estadual Paulista (UNESP) Musicologia / Etnomusicologia Resumo: o artigo tem por foco a ainda recorrente polarização hierarquizada entre música erudita e música popular. No intuito de demonstrar que tal polarização sempre esteve pautada, antes de tudo, em questões essencialmente políticas e ideológicas, foram analisados os discursos sobre a procedência erudita ou popular da modinha (considerada por alguns historiadores e musicólogos o primeiro gênero de música brasileira) presentes em obras de autores 79 especialistas no assunto, tais como: José Ramos Tinhorão, Bruno Kiefer, Mozart de Araújo, Mário de Andrade e Gerard Béhague. E por fim, visando descortinar as origens e a proposição da supressão da dicotomia supra-mencionada (erudito versus popular) foram cotejados esses discursos com as idéias e conceitos – tais como apropriação e circulação cultural – expressos nas obras de autores como Mikhail Bakhtin, Roger Chartier e Stuart Hall, dentre outros. Palavras-chave: música brasileira; modinha; cultura popular SOU ANTIGO, POSSO FALAR: A ANTIGUIDADE, UM ATRIBUTO VALORATIVO DOS CABOCOLINHOS Climério de Oliveira Santos Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - PPGM Curso: Doutorado – Etnografia das Práticas Musicais Subárea: Etnomusicologia Resumo: A comunicação discute a importância da antiguidade para os grupos de cabocolinhos em Pernambuco, sobretudo, a Tribo Canindé. O trabalho verifica se a antiguidade está relacionada a elementos intrínsecos da música e como a idéia de antiguidade, tida como atributo valorativo, é vivencia pelos cabocolinhos. Palavras-chave: Cabocolinho. Antiguidade. Música. Valores TRÂNSITO MUSICAL E IDENTIDADE NA CAPOEIRA ANGOLA Flávia Diniz UFBA/PPGM Mestrado em Etnomusicologia Resumo: Neste artigo apresento resultado parcial da pesquisa de Mestrado em Etnomusicologia sobre o trânsito musical entre o Candomblé - e dentro dele o Culto ao Caboclo -, o Samba de Roda e a Capoeira, com foco na Capoeira Angola. Procurei identificar os elementos musicais em trânsito entre as formas expressivas e religião afro-brasileiras em questão, iluminando, sempre que possível, a correlação com seus elementos extra-musicais, presentes em seus rituais, corporalidades, cosmogonias e trajetórias históricas. A pesquisa de campo aconteceu junto ao Grupo Nzinga de Capoeira Angola, em Salvador, BA, em 2009 e 2010, assim como no ambiente mais amplo das formas expressivas e religiões afro-brasileiras nesta cidade. Sendo praticante de Capoeira Angola, participei de treinos, eventos e Rodas de Capoeira, freqüentei festas públicas de Candomblé e Caboclo e Sambas de Roda, realizei entrevistas com Mestres e discípulos na Capoeira Angola e com lideranças sociais ligadas ao Movimento Negro, colhendo informações também em discussões e palestras com a presença de lideranças religiosas. Pautei-me, ainda, em registros musicais e áudio-visuais já existentes, produzidos sobre ou pelos próprios grupos e comunidades aqui abordados, assim como 80 em gravações e anotações feitas por mim nestes contextos. Na primeira parte deste artigo apresento uma breve discussão sobre termos geralmente atribuídos à Capoeira Angola, como “tradicional”, “popular” e “afro-brasileiro”, depois busco definir rapidamente os termos “identidade” e “etnicidade” e sua relevância para a pesquisa etnomusicológica. Finalmente, abordo o trânsito musical, definindo-o, problematizando-o e apresentando exemplos musicais. A vinculação deste trânsito musical com o contexto mais amplo desta cultura musical “afro-brasileira”, da qual fazem parte a Capoeira Angola, o Candomblé e o Samba de Roda, levaram-me a relacioná-lo com as questões em torno da construção de identidade. Palavras-chave: Capoeira Angola; Candomblé; Samba de Roda; trânsito musical; identidade. O ELEMENTO INDÍGENA NA OBRA DE HEITOR VILLALOBOS: UMA PESQUISA EM FINALIZAÇÃO Gabriel Ferrão Moreira PPGMUS/UDESC Musicologia-Etnomusicologia Resumo: Neste artigo discuto os resultados preliminares da minha pesquisa de mestrado intitulada “O elemento indígena na obra de Heitor Villa-Lobos: Observações analíticas e considerações” que será defendida em fevereiro de 2011. Partindo da hipótese da existência de um vocabulário composicional coerente e auto-referente de VillaLobos na representação do universo indígena brasileiro, analiso os Três Poemas Indígenas de 1926 obtendo com essa abordagem recursos analíticos e parâmetros para prosseguir na análise de trechos de obras de temática indígena em Villa-Lobos. O objetivo do trabalho é elaborar um léxico dos recursos composicionais de Villa-Lobos na representação do indígena e discutir a dimensão musical, histórica e poética da representação do indígena em sua música. Os resultados encontrados apontam como recursos composicionais de Villa-Lobos na representação do universo indígena os acordes de quartas sobrepostas em movimentação paralela, melodias em graus conjuntos – inclusive cromatismos - com saltos de terça e de pouco alcance melódico, paralelismos melódicos em geral, ostinatos curtos, texturas variadas e eventuais citações de melodias indígenas bem como outros índices relevantes. Na dissertação também discuto a construção simbólica do indígena na França desde os tempos da pirataria francesa na costa brasileira até a admiração causada pelo exótico nas Exposições Universais de Paris do final do século XIX e o entusiasmo da intelligentsia francesa com o indígena nas primeiras décadas do século XX. No Brasil, demonstro como a abordagem da música indígena feita por Villa-Lobos foi especial, por diversos fatores, como o acesso a etnografias de Roquete-Pinto e o desenvolvimento particular da carreira do compositor durante sua vida. Palavras-chave: Musicologia, Análise Musical, Heitor Villa-Lobos, Indígena 81 O CLUBE DO CHORO DA PARAÍBA: PERFORMANCE MUSICAL E RELATOS DE APRENDIZADO DE CAMPO Juliana Carla Bastos Universidade Federal da Paraíba Pós-graduação em Música Mestrado em Etnomusicologia Resumo: O trabalho a seguir apresenta de forma sintética a dissertação de mestrado da autora, que investigou os elementos constituintes da performance musical do Clube do Choro da Paraíba. De forma paralela ao texto, são feitos relatos acerca do aprendizado pessoal que envolveram a feitura do trabalho. A dissertação foi feita com base nos preceitos teóricos da etnomusicologia e os resultados apontaram como elementos-chave da performance desse universo a idéia de “resgate da tradição” e a preocupação permanente em agradar ao público. O Clube do Choro da Paraíba, universo de pesquisa em questão, ofereceu bem mais do que a oportunidade de estudar mais uma manifestação musical brasileira: com ele, veio também a chance de entender de maneira efetiva algumas relações cotidianas que permeiam e permearão a vida e a carreira de muitas pessoas que se propõem a fazer uma pós-graduação em Música. Palavras-chave: Clube do choro, etnomusicologia, aprendizado acadêmico, aprendizado pessoal PEIXE VIVO: UM PROCESSO DE CRIAÇÃO MUSICAL NA AMAZÔNIA Keila Michelle Silva Monteiro Instituto de Ciências da Arte da Universidade Federal do Pará. Curso de Pós Graduação em Artes/Música Resumo: Este artigo tem como tema o processo de criação de um dos grupos de música urbana na Amazônia que trabalha com a pluralidade cultural. Sendo meu objeto/sujeito de pesquisa o álbum Peixe Vivo da banda “Cravo Carbono”, lançado em 2001 em Belém do Pará, pretendo contextualizá-lo social e culturalmente de modo a entender o seu processo de criação. Para definir a pluralidade cultural que permeia o álbum, terei como base teórica as obras A identidade cultural na pós-modernidade de Stuart Hall (2005), que estuda a questão da identidade na modernidade tardia, na qual se chocam elementos “tradicionais”, “modernos”, “locais” e “globais” na práxis das sociedades do mundo atual e Culturas Híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade de Néstor García Canclini (2006) também estudioso do convívio hibridizado desses elementos nas sociedades e na cultura da América Latina. E para entender o contexto em que o álbum foi criado, utilizarei, ainda, como referencial teórico textos de Gerard Béhague, John Blacking, Alan Merriam e Bruno Nettl, a fim de que eu possa compreender os músicos da banda como indivíduos e seres que vivem em sociedade, a qual possui uma cultura determinada. Portanto, a pluralidade cultural será abordada, a 82 princípio, no contexto da América Latina, passando-se pelo Brasil até que seja estudada no contexto amazônico, mais especificamente, na Belém dos anos 90 e 2000, cenário do qual participava a banda “Cravo Carbono” na época em que criou o álbum Peixe Vivo. Depois, farei um breve resumo da história da banda e do álbum, para que eu possa, enfim, estudar o seu processo de criação dentro desse contexto. Palavras-chave: Peixe Vivo, Cravo Carbono, criação, hibridação, Amazônia MÚSICA E ETNICIDADE JUDAICA NAS CANÇÕES DO SHABAT EM RECIFE/PE Keila Souza Fernandes da Cunha Universidade Federal da Paraíba Mestrado em Música/Etnomusicologia Resumo: Este trabalho tem como foco as canções do Shabat como marcador identitário e seus contextos sócio-culturais. Busca-se refletir sobre as possíveis relações entre a música realizada durante o Shabat, uma prática cultural/religiosa realizada por alguns judeus recifenses, com a própria identidade judaica. Atualmente algumas famílias judaicas descendentes de imigrantes no Recife, capital pernambucana, mesmo sendo impactadas pelos processos dinâmicos das mudanças culturais que afetam as sociedades contemporâneas, ainda realizam o ato de acender as velas ao entardecer da sexta feira, ou seja, quando aparece a primeira estrela no céu vespertino, dando início assim a uma prática que é tão antiga quanto à própria história do judaísmo desde os tempos da antiguidade. Tendo em vista a existência de um repertório musical específico para tal e que o mesmo é usado nas celebrações do Shabat por milhões de judeus no mundo todo, a pesquisa em andamento enfoca o papel da música com suas funções, bem como sua execução no lar judaico e na sinagoga, locais estes onde se pratica o Shabat, sendo esta um tipo de investigação que envolve a pesquisa em campo com coleta de dados para uma análise principalmente qualitativa e complementarmente quantitativa objetivando esclarecer a relação música-identidade. Ainda dentro da concepção Etnomusicológica, este estudo busca compreender dentre muitos outros aspectos a relação entre a música shabática e a questão da etnicidade, tema bastante recorrente em pesquisas acadêmicas no século XXI das ciências sociais, considerando sua importante e crescente ligação com muitas pesquisas de caráter etnomusicológico quando as mesmas dão destaques aos aspectos musicais que constroem ou podem ser intrínsecos a uma sociedade com seus significados e simbolismos. Palavras-chave: música judaica, Shabat, identidade judaica, etnicidade. 83 OS PROJETOS SOCIAIS E A MÚSICA NO „FRONT‟ DAS LUTAS CONTEMPORÂNEAS: ENTRE A BIOPOLÍTICA E A INVENÇÃO DA VIDA Laize Guazina UNIRIO/PPGM Doutorado em Música / Etnomusicologia Resumo: Neste artigo busca-se compreender as práticas musicais nos projetos sociais, sobretudo pelo ensino de música, a partir dos estudos foucaultianos em articulação com a etnomusicologia, pela proposta de uma Etnomusicologia do Poder. As práticas musicais nos projetos sociais têm sido compreendidas como capazes de construir novas oportunidades de vida às populações mais pobres, modificando suas realidades de maneira positiva. Tal associação ganha evidência nos dias atuais em relação ao enfrentamento das adversidades como desemprego, ao acesso precário à educação e à cultura, ao enfrentamento da violência, até às lutas por direitos políticos e legitimidade social. A gênese desses fenômenos sociais está intimamente relacionada ao neoliberalismo, que tanto produziu essas adversidades quanto abriu espaço para os projetos por meio de políticas de terceirização dos braços do Estado. As práticas musicais passaram a ter grande presença nos meios mais empobrecidos através dos projetos sociais, tornando-se meio de combater as mazelas resultantes do capitalismo. Assim, temos uma conjuntura complexa, onde as práticas musicais nos projetos sociais tanto permitem acesso a oportunidades, quanto estão ligadas às políticas neoliberais e adversidades que produziram os projetos. Essas são relações que demandam uma análise problematizadora e desnaturalizante das práticas musicais nos projetos sociais. Palavras-chave: projetos sociais, práticas musicais, biopolítica, invenção da vida, Etnomusicologia do Poder A FIGURA DO PALHAÇO EM FOLIAS DA ZONA DA MATA DE MINAS GERAIS Marcelo de Castro Lopes UNIRIO/PPGM Doutorando em Etnomusicologia Resumo: As folias que não se encontram mais no “mundo camponês” descrito por Brandão encontram-se em uma nova rede de relações que implica, entre outras mudanças, na redefinição de papéis. É neste contexto que o presente trabalho tem por finalidade investigar a figura do palhaço e suas relações com processos em curso em folias de reis nas cidades de Rio Pomba e Juiz de Fora, ambas situadas na Zona da Mata do estado de Minas Gerais. Descrita na literatura sobre o assunto, a ampla gama de variações locais e regionais apresenta várias versões, muitas delas conflitantes sobre representações e funções da enigmática figura mascarada presente em muitas folias. Ao longo do trabalho busco confrontar a literatura sobre palhaços com os dados obtidos em campo durante a pesquisa que desenvolvo atualmente 84 sobre as práticas de folias na Zona da Mata de Minas Gerais. Embora encontrando-se as folias de Juiz de Fora e a folia de mestre Célio em Rio Pomba em contextos muito distintos, o palhaço funciona como elemento comum para a análise de processos em curso em ambos os casos. As relações com as novas gerações, os meios de comunicação de massa e o poder público são aspectos comuns a estes dois universos e passam pela figura do palhaço. As reflexões de Bitter sobre os aspectos de marginalidade, ambigüidade e questionamento da ordem por parte da figura do palhaço serão de grande importância para a análise da relação dos jovens de Juiz de Fora com este elemento e por conseqüência com a folia de uma forma geral. As idéias de Appadurai lançam luzes sobre a construção de projetos para sua folia elaborados por mestre Célio, onde a figura do palhaço desempenha papel estratégico de grande relevância. Palavras – Chave: Folia de reis, palhaço, Zona da Mata, Rio Pomba, Juiz de Fora CAXIXI: UM EXEMPLAR DA PERCUSSÃO AFROBRASILEIRA E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA REFLEXÕES DE PERSPECTIVA ETNOMUSICOLÓGICA Priscila Maria Gallo Programa de Pós-Graduação em Música -UFBA Mestrado-Etnomusicologia Resumo: O foco deste artigo é o exemplar da percussão afrobrasileira conhecido como Caxixi e suas conexões com conceitos e reflexões de perspectiva etnomusicológica. Trata-se de um instrumento idiofônico, chocalho de cesto, originário da cultura bantu, termo que remete a uma etnia pertencente à região africana do CongoAngola, no qual era utilizado em funções rituais e cerimoniais. O artigo analisa as transformações ocorridas nos usos e funções deste instrumento, retirado de sua região de origem durante o regime escravocrata e transplantado para o Brasil, onde adquire outros usos e funções, ligados menos a práticas religiosas e mais a práticas populares. Palavras-chave: caxixi, afro-brasileiro, percussão, etnomusicologia TIAS BAIANAS QUE LAVAM, COZINHAM, DANÇAM, CANTAM, TOCAM E COMPÕEM: UM EXAME DAS RELAÇÕES DE GÊNERO NO SAMBA DA PEQUENA ÁFRICA DO RIO DE JANEIRO NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX. Rodrigo Cantos Savelli Gomes Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC Mestrado em Música/Musicologia-Etnomusicologia Resumo: Esta investigação lança-se sobre o samba na cidade do Rio de Janeiro na primeira metade do século XX – período inicial de sua consolidação como símbolo nacional – de modo a analisar a atuação das mulheres neste processo. A literatura apresenta escassas informações que apontem a figura feminina como sujeito importante para a construção desta manifestação cultural, o que tem conduzido 85 pesquisadores a apresentar o samba como um espaço essencialmente masculino. Assim, num primeiro momento, este estudo mostra uma face feminina do samba, baseando-se, para isso, em dados secundários, como notas-de-rodapé, anexos, informações dispersas e marginais da literatura produzida sobre o samba. Num segundo momento, ainda em andamento, estes dados serão complementados com a revisão de documentos históricos, recortes de jornais e revistas da época, bem como com depoimentos de interlocutores, pesquisadores, músicos e informantes. O foco inicial foi a “Pequena África do Rio de Janeiro” (MOURA, 1995), contexto tomado pela maioria dos pesquisadores como o principal ambiente onde o samba teria encontrado um terreno propício para seu desenvolvimento enquanto gênero musical característico da cultura brasileira e símbolo da identidade nacional. Identifiquei neste reduto a presença de musicistas como Ciata, Perciliana, Carmem do Ximbuca, Maria Adamastor, Amélia Aragão, Mariquita, entre outras. Trata-se, pois, de um mundo musical feminino desvalorizado, obscurecido por uma construção histórica criada pelas classes superiores, focada nos grandes personagens, nos grandes eventos supostamente mais importantes, no domínio da vida pública, na tradição escrita, com escassos ou mesmo nenhum interesse na face doméstica, na tradição oral, no conhecimento das mulheres. Num segundo momento, este estudo pretende fazer uma análise da passagem do samba da “Pequena África” para o meio radiofônico, de modo a verificar como a mulher se colocou neste processo. Parto do princípio que para o samba se estabelecer como símbolo da identidade nacional (desde a primeira gravação em 1917 até os dias atuais) diversos aspectos da cultura do samba foram reinventados (SANDRONI, 2007; CALDEIRA, 2007), entre eles, o campo das relações de gênero. Estas transformações foram necessárias para que o samba pudesse transitar entre os diversos biombos da sociedade, propondo neste processo uma reestruturação nas relações de gênero baseadas em interesses políticos, econômicos, ideológicos, comerciais, estético-musicais. Palavras-chave: Etnomusicologia relações de gênero; mulheres no samba; 86 CO – Composição A EXPLORAÇÃO DE ASPECTOS DE REFERENCIALIDADE NA COMPOSIÇÃO DE MÚSICA ELETROACÚSTICA Alessandro Goularte Ferreira Universidade Federal do Paraná Curso de Pós-Graduação em Música – Mestrado Teoria e Criação Musical Resumo: Este artigo tem como objetivo apresentar uma reflexão teórica e uma revisão de conceitos e termos de compositores e teóricos de conhecida importância no âmbito da música eletroacústica, com foco nas relações de referência ou remissão intrínseca e extrínseca dos sons. Inicialmente são abordadas questões que dizem respeito à significação e à escuta. São analisadas as relações entre composição eletroacústica, teoria musical pós-schaefferiana, e a crescente valorização, no terreno musical, da referencialidade externa, das referências sonoras (e não-sonoras) do mundo. É investigada ainda a relevância do fenômeno da percepção sonora como ferramenta e suporte para a criação de estratégias composicionais que tenham como objetivo a exploração dos aspectos internos e externos de referencialidade. Posteriormente são abordadas noções, técnicas, conceitos, e processos que podem auxiliar a criação e exploração de diferentes níveis de referencialidade na composição de música eletroacústica. Palavras-chave: referencialidade, música eletroacústica, composição, estética PRA QUEM QUER ME VISITAR: UMA CONSTRUÇÃO IDIOMÁTICA-HARMÔNICA-MELÓDICA NA CANÇÃO DE GUINGA E ALDIR BLANC Daniel Alexander de Souza Escudeiro Universidade Federal da Bahia/PPGMUS Mestrado em Música Composição Musical Resumo: Ao constatar que muitas canções são produzidas tendo em vista a melodia e o acompanhamento, par constante desta produção musical brasileira, seus procedimentos nos fazem pensar que fatores compositivos podem ser importantes na sua elaboração. Guinga por sua vez aparece no cenário brasileiro como um dos principais compositores neste gênero de música. Assim, o presente estudo buscou analisar as possibilidades compositivas da canção das quais o acompanhamento e melodia tem uma relação idiomática, melódica e harmônica. Foi feito um estudo da canção Pra quem quer me visitar (Guinga/Aldir Blanc), na qual Guinga apresenta, em seu álbum de partituras, um idiomatismo muito peculiar do violão. Também se observaram quais meios são utilizados para produzir, de forma clara e sintética, os recursos composicionais na relação melodia87 acompanhamento desta canção, propondo também alguns conceitos decorrentes dessa investigação, os quais possam esclarecer e ampliar o nosso olhar analítico. Foram encontrados três tipos de construção melódica: literal, semi-literal e construção aberta. Além disso, constatou-se que existe uma relação entre a composição do acompanhamento e o movimento da mão esquerda, sugerindo três tipos compositivos: transversal, horizontal e vertical. De um modo geral percebeu-se que a melodia está subordinada ao acompanhamento, e por um procedimento econômico já se faz pronta – a parte acompanhada gera a melodia. Da mesma maneira a harmonia em certos momentos convida à apresentação de uma determinada fôrma, e em outros momentos a fôrma e os movimentos propostos conduzem a uma determinada harmonia, as cordas soltas proporcionam movimento e liberdade, pois o violonista encontra mais facilidades técnicas e opções de colorido harmônico. Desta maneira Guinga se diferencia em sua conduta criativa apresentando recursos de compositores da vanguarda violonística, ao mesmo tempo, que viabiliza uma linguagem tonal e coerente com o estilo da canção popular, recheado de idiomatismos típicos do instrumento (violonismos) - melódicos e harmônicos. Palavras-Chave: Guinga Composição, Análise, Idiomatismo, Canção, PLANIMETRIA EM KOELLREUTTER E ATRATORES ESTRANHOS COMO METÁFORA PARA A COMPOSIÇÃO MUSICAL COM IMPROVISAÇÃO GUIADA Daniel Puig Colégio de Aplicação da UFRJ UNIRIO/ PPGM Doutorado em Música/Linguagem e Estruturação Musical Resumo: Este artigo procura delinear as possibilidades da utilização do conceito de atrator estranho, provindo da Teoria do Caos, como metáfora para a composição musical que se utiliza da improvisação guiada. Inicia por expor o conceito de planimetria como entendido por H. J. Koellreutter, em suas relações com a Psicologia da Gestalt e seus princípios básicos, com o serialismo numa visão estruturalista e com uma visão dinâmica do silêncio, entendido como plano ou espaço continente das ocorrências musicais. O relacionamento entre esta concepção e ideias provenientes da Teoria do Caos, em especial o funcionamento de sistemas dinâmicos não-lineares, é explorado com relação à composição de Caotrios 1 e de sua execução em dois momentos diferentes: na estreia, em 1995, e nos Cursos Internacionais de Férias para a Nova Música, em Darmstadt, Alemanha, em 2010. A partir da exposição do conceito de atrator estranho, de suas particularidades e das rupturas de paradigma que representa para a nossa visão de mundo, faz-se uma relação entre este, a planimetria e a possibilidade de utilizá-lo como metáfora para o pensamento composicional que se utiliza da improvisação guiada, baseando as conclusões nos resultados obtidos com Caotrios 1. 88 Palavras-chave: composição, improvisação, planimetria, atratores estranhos CIÊNCIA, DETERMINAÇÃO E ARTE: OS QUADRADOS MÁGICOS E A COMPOSIÇÃO Danilo Cesar Guanais de Oliveira DINTER UFRN/UNIRIO Doutorado em Composição Resumo: Serão analisados aspectos históricos e estruturais dos quadrados mágicos e apresentados os materiais resultantes dessa investigação para efeito da composição de uma obra para coro, solistas e orquestra, a Paixão. O quadrado mágico, um dispositivo de características de construção matemáticas, adquiriu contornos místicos ao longo da história, por suas propriedades de simetria e beleza. O processo criativo dentro de uma perspectiva determinística, procura analisar o papel de estruturas pré-estabelecidas para a obtenção de materiais destinados a integrar o repertório de elementos précomposicionais. Palavras-chave: Música, Composição, Quadrados Mágicos MÚSICA – ARTE TEMPORAL Danilo Rossetti Universidade Estadual Paulista (UNESP) Mestrado em Música (Composição) Resumo: A música é uma arte que se desenvolve ao longo do tempo e, neste artigo, pretende-se tratar de algumas questões decorrentes do trabalho do compositor, referentes ao tempo musical. Neste contexto, abordamos dois pólos distintos deste tema: a formalização musical e a percepção psicológica do tempo pelo ouvinte. Neste sentido, são abordadas as definições de Iannis Xenakis sobre as relações das estruturas musicais com o tempo. São elas as categorias fora-dotempo, no-tempo e temporal. Com relação à categoria fora-do-tempo, ressalta-se a sua importância no processo de formalização musical. São feitas algumas considerações sobre a realização do processo de formalização como, por exemplo, a utilização de modelos matemáticos tanto planejamento composicional, como no tratamento das diversas características do som. Com relação à percepção do tempo musical pelo ouvinte, ou seja, o momento em que ocorre a realização musical no tempo (categoria temporal), aborda-se as diferentes maneiras as quais podemos atuar neste campo. Aqui são tratadas a relação de marcações do metrônomo com o tempo que, apesar de apresentar alguns valores que têm uma relação exata, configura-se, na sua grande maioria, como uma relação não-linear. O “tempo-dilatado” de Grisey é outro conceito trabalhado que pode influenciar a percepção sonora do ouvinte. Este conceito estabelece um paralelo entre a grande ocorrência de elementos previsíveis numa obra musical com a possibilidade de gerar interesse auditivo na estrutura interna do som, ou seja, na sua estrutura acústica (em detrimento da audição das macroestruturas, tais como melodia, 89 harmonia, ritmo, etc.). Toda esta discussão é introduzida por algumas questões de âmbito mais abrangente, que são pertencentes à Filosofia da Música, tais como “O que é música?”, “Qual a sua utilidade?” e “Onde está a música?”. São questões aparentemente simples mas que, até os dias de hoje, não possuem uma resposta definitiva. Palavras Chave: tempo musical, estruturação musical, formalização, arte temporal A MISSA BREVIS DE LINDEMBERGUE CARDOSO UMA ANÁLISE À LUZ DO CONCÍLIO VATICANO II Marco Antônio Ramos Feitosa Universidade Federal da Bahia Mestrado / Composição Resumo: Este artigo trata das novidades introduzidas na música litúrgica, a partir do Concílio Vaticano II, descrevendo primeiramente o seu contexto histórico, seguido do processo de inculturação desencadeado e, finalmente, tomando por objeto de análise a Missa Brevis de Lindembergue Cardoso, a fim ilustrar esse novo panorama e discutir suas estratégias composicionais. Palavras-chave: Música Brasileira – Música Litúrgica – Missa – Lindembergue Cardoso – Concílio Vaticano II OS PROCEDIMENTOS COMPOSICIONAIS NO PRIMEIRO MOVIMENTO DO SEPTETO DE IGOR STRAVINSKY Paulo Henrique Raposo UNIRIO/PPGM Mestrado/Composição Musical RESUMO: O Septeto de Igor Stravinsky é uma obra híbrida, que apresenta procedimentos seriais e não-seriais. Foi escrita entre 1952 e 1953 e é a segunda composição de seu último período composicional. Este artigo propõe uma análise do primeiro movimento desta obra, destacando suas características harmônicas e formais. Do ponto de vista harmônico, foi possível observar que o compositor emprega escalas sintéticas e séries não-dodecafônicas. Estes materiais se relacionam com a estrutura deste movimento (entendida aqui como uma forma sonata), onde cada seção apresenta uma característica harmônica distinta. O motivo inicial da obra funciona como um princípio unificador das alturas, já que é tratado ora de acordo com técnicas contrapontísticas tradicionais (como o cânone, fugatto e stretto) ora como série. Este trabalho também apresenta uma visão geral de seu último período, do ponto de vista do emprego do serialismo, além de propor uma discussão sobre os motivos que o levaram a adotar esta técnica. São abordadas as hipóteses de que esta escolha se deu pela desvalorização de sua música por parte das vanguardas da época, da influência do regente Robert Craft e das relações do serialismo com sua poética. PALAVRAS-CHAVE: Stravinsky, procedimentos composicionais neoclassicismo, serialismo, 90 DANÇAS AFRICANAS E BRASILEIRAS EM GINGA DE MARISA REZENDE Potiguara Curione Menezes Programa de Pós-Graduação em Música / Processos de Criação Musical / Técnicas Composicionais e Questões Interpretativas Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo Resumo: Pretende-se investigar a utilização das danças africanas ogogo e agbadza e do samba brasileiro na construção da peça em questão. Além disso, existe a intenção de comparar a abordagem adotada pela compositora na escolha e no tratamento deste material étnico com algumas das maneiras com que o elemento afro foi trabalhado no decorrer do século XX, particularmente com o tratamento villa-lobiano desse material em algumas de suas composições. O enfoque adotado na análise proposta incidirá principalmente sobre as estruturas rítmicas de Ginga (1994), tentando relacioná-las com os elementos das danças que inspiraram sua composição. Este artigo está inserido numa pesquisa maior que pretende investigar um novo tipo de utilização de elementos de brasilidade em obras musicais no final do século XX, entre os anos 1980 e 2000, período que se situa após a dissolução da oposição nacionalismo versus vanguarda. Palavras Chave: análise musical, música afro-brasileira, música contemporânea, brasilidade, modernismo 91 SO – Sonologia TÉCNICOS DE ESTÚDIOS DE GRAVAÇÃO: TRAJETÓRIA DE FORMAÇÃO MUSICAL Alexandre Bezerra Viana UNIRIO/PPGM Doutorado em Música História da Música Resumo: O tema principal da pesquisa de doutorado é constituído pela formação dos profissionais de estúdio de gravação musical da cidade de Natal, Rio Grande do Norte. Os estudos preliminares mostram como se dá a formação daqueles técnicos e como é possível analisar a relação entre a competência musical e a qualidade das gravações realizadas. Entre os profissionais entrevistados, todos eles afirmaram tocar algum instrumento, mas apenas alguns possuem formação musical formal. Compostos em sua maioria de autoditadas, não se observa uma preocupação na formação formal nem musical nem de áudio. Uma característica bastante forte é o prazer que estes músicos possuem em trabalhar com gravação. Mesmo não precisando deste a profissão para a subsistência, alguns preferem manter ativo o vínculo com o ambiente dos estúdios de gravação e os que dependem deste serviço para sobreviver, buscam através de amigos, revistas e internet uma forma rápida do aprendizado e nas técnicas de gravação. Por não possuir um diploma específico que possa medir o nível desses profissionais, a pesquisa tem observado, até o momento, não ser possível afirmar qual técnico possui melhor qualificação para desempenhar as gravações por eles realizadas. Palavras-chaves: música, estúdios de gravação, educação profissional MÚSICA-VÍDEO: UMA EXPERIÊNCIA TRANS-SENSORIAL Marcelo Carneiro de Lima Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO/PPGM Doutorado em Música Linguagem e Estruturação Musical Resumo: Este trabalho aborda a trans-sensorialidade a partir do música-vídeo. Como um modelo de arte audiovisual, o música-vídeo compartilha as características das artes videográficas em geral, por exemplo, a hibridização das linguagens e o trânsito dos sentidos, possibilitando a ênfase na trans-sensorialidade como definida por Michel Chion: percepções que não são de nenhum sentido em particular, mas do conjunto dos sentidos. Como especificidade, o música-vídeo caracteriza-se por ser um produto da ação do compositor (associado ou não a um videasta) que partindo da sua formação específica aborda o meio videográfico com uma leitura particular na proposição de um trabalho audiovisual. Partindo da hipótese de que a experiência trans-sensorial pode possibilitar novas abordagens em relação à composição musical e audiovisual, apresenta-se o conceito 92 elaborado por Chion comparando-o com a noção de sinestesia. Em seguida, são apresentadas duas análises resumidas de dois trabalhos de música-vídeo: a primeira, um exercício acadêmico sobre o vídeo Eyeblink de Yoko Ono, e a segunda, sobre Domingo, música-vídeo de Rodolfo Caesar. Palavras-Chave: Música-vídeo, Trans-sensorialidade, Hibridização 93