SIMPOM
I SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PÓS-GRADUANDOS EM MÚSICA
XV Colóquio do Programa de Pós-Graduação em Música da UNIRIO
Pesquisa em Música: novas conquistas e novos rumos
PROGRAMAÇÃO E
CADERNO DE RESUMOS
Rio de Janeiro, 8 a 10 de Novembro de 2010
www.unirio.br/simpom
Realização
Patrocínio
UNIRIO/CLA/PPGM
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
UNIRIO
REITORA
Malvina Tânia Tuttman
VICE-REITOR
Luiz Pedro San Gil Jutuca
PRÓ-REITORA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
Maria Tereza Serrano Barbosa
DECANO DO CLA
José da Costa Filho
COORDENADOR DO PPGM
Sérgio Azra Barrenechea
SECRETÁRIA DA COORDENAÇÃO DO PPGM
Ana Cristina Neiva da Silva
SECRETÁRIO DE ENSINO DO PPGM
Aristides Antônio Domingues Filho
José Nunes Fernandes
Organizador do texto
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA/UNIRIO
Av. Pasteur, 436 – Praia Vermelha
Rio de Janeiro – RJ - Cep: 22290-040
Tel: (21) 2542-2554
www.unirio.br/ppgm
2
SIMPOM
I SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PÓS-GRADUANDOS EM MÚSICA
Comissão Organizadora
Presidente: Prof. Dr. José Nunes Fernandes
Vice-presidente: Prof. Dr. Sérgio Azra Barrenechea
Membros:
Doutorando Daniel Puig
Doutoranda Domitila Ballesteros
Doutoranda Fernanda Canaud
Doutorando João Miguel Bellard Freire
Doutoranda Willa Soanne
Mestranda Joana Malta Gomes
Mestrando Jonathan Gregory
Bacharelanda Denise Carvalho de Figueiredo
Licenciando Nelson Orlando Neto
Comissão Artística
Diretor Artístico: Prof. Dr. Nailson Simões
Assistente: Licenciando Marcos Ferraz
3
SIMPOM
I SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PÓS-GRADUANDOS EM MÚSICA
Comitê Científico
Presidente: Prof. Dr. Silvio Augusto Merhy (UNIRIO)
Membros:
Teoria e Prática da Execução Musical
Profa. Dra. Lúcia Barrenechea (UNIRIO)
Profa. Dra. Cristina Capparelli Gerling (UFRGS)
Profa. Dra. Diana Santiago (UFBA)
Educação Musical
Profa. Dra. Monica de Almeida Duarte (UNIRIO)
Profa. Dra. Luciana Del Ben (UFRGS)
Profa. Dra. Margarete Arroyo (UFU)
Musicologia
Prof. Dr. Carlos Alberto Figueiredo (UNIRIO)
Prof. Dr. Paulo Castagna (UNESP)
Prof. Dr. David Cranmer (Universidade Nova de Lisboa - UNL)
Linguagem e Estruturação Musical/Teoria da Música
Prof. Dra. Carole Gubernikof (UNIRIO)
Prof. Dr. Paulo de Tarso Salles (USP)
Profa. Dra. Adriana Lopes Moreira (USP)
Sonologia e Composição
Profa. Dra. Vania Dantas Leite (UNIRIO)
Prof. Dr. Rodolfo Caesar (UFRJ)
Prof. Dr. Marcos Vieira Lucas (UNIRIO)
Profa. Dra Ilza Nogueira (UFPB)
Etnomusicologia
Profa. Dra. Elizabeth Travassos (UNIRIO)
Prof. Dr. Samuel Araújo (UFRJ)
Prof. Dr. Carlos Sandroni (UFPE)
Pareceristas convidados
Inês de Almeida Rocha (Colegio Perdro II)
José Ruy Henderson Filho (UEPA)
Luiz Otávio Braga (UNIRIO)
Maria Cristina de Carvalho Cascelli de Azevedo (UnB)
Salomea Gandelman (UNIRIO)
4
APRESENTAÇÃO
Desde 1996, o Programa de Pós-Graduação em Música
(PPGM) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
(UNIRIO) realiza anualmente o Colóquio de Pesquisa em Música,
que tem como objetivo apresentar e discutir as pesquisas
desenvolvidas pelos alunos do Programa nos níveis de mestrado e
doutorado (com resultados publicados na revista anual Cadernos do
Colóquio). O Colóquio apresenta programação que envolve um
convidado especial (conferencista), mesas redondas, comunicações
dos resultados das pesquisas dos discentes e apresentações musicais.
Conferencistas como Affonso Romano de Sant'Anna, Keith
Swanwick, José Antônio de Almeida Prado, Carlos Sandroni, Beatriz
Ilari, Silvio Barbato, Edino Krieger, Gilberto Velho, Luis Paulo Horta,
Jocy de Oliveira, entre outros, contribuíram de forma inestimável ano
a ano.
Com objetivo de ampliar o âmbito do Colóquio, o PPGM criou
em 2010 um evento semelhante, porém com maior alcance,
denominado SIMPOM - I SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PÓSGRADUANDOS EM MÚSICA, que passa a integrar o Colóquio de
Pesquisa em Música, e cujo modelo será reproduzido nos anos
seguintes, abarcando os alunos de mestrado e doutorado em música do
Brasil e apresentando conferências de pesquisadores internacionais e
palestras de pesquisadores brasileiros e estrangeiros renomados.
Apesar de reconhecer a importância da produção de outras áreas
específicas de Artes e das Ciências, não foram aceitos trabalhos
daquelas áreas nem tampouco de bolsistas de iniciação científica ou de
docentes pesquisadores. Portanto, o evento envolverá somente alunos
de mestrado e doutorado em Música, ação inédita no Brasil até então,
para que exponham seus projetos, troquem experiências com outros
pesquisadores, e divulguem e discutam os resultados obtidos em suas
pesquisas. Entretanto, a participação de interessados foi admitida para
assistir e receber certificado de assistência, assim como os Anais.
A justificativa e relevância do evento diz respeito ao seu
pioneirismo, uma vez que os outros encontros existentes no Brasil
comportam todos os tipos de pesquisadores de suas áreas e não
somente alunos de mestrado e doutorado em música. É novo também
o fato de que o SIMPOM propiciará, em âmbito nacional, a discussão
e a socialização das pesquisas nas suas etapas de execução e permitirá
obter, imediatamente, um estado da arte vivo e atualizado. Além disso,
a presença de pesquisadores brasileiros e conferencistas internacionais
contribuirá para a divulgação do que se chama "o conhecimento
novo", que deverá surgir durante as seções e ficará registrado nos
anais do evento.
O Programa do Simpósio está dividido por sete subáreas da
Música e inclui conferências, mesas redondas, apresentações orais,
5
apresentações de pôsteres e apresentações musicais. A Comissão
Organizadora selecionou, com indicação do Comitê Científico, os
melhores projetos dentro de cada uma das subáreas do Simpósio para
receberem menções honrosas. O evento contará com três
conferencistas internacionais e palestrantes brasileiros e estrangeiros
de destaque nas subáreas da música abarcadas pelo Simpósio.
Os conferencistas internacionais do I SIMPOM são o Prof.
Dr. Bernard Lortat-Jacob, do Laboratório de Etnomusicologia do
Museu do Homem (Centro Nacional de Pesquisa Científica de
Paris) e LESC - Universidade de Paris-X/Nanterre, que ministrará a
Conferência Magna; a Profa. Dra. Lucy Green do Institute of
Education, University of London e o Prof. Dr. Jonathan Dunsby, da
The Eastman School of Music - University of Rochester.
Como palestrantes, o I SIMPOM convida os seguintes
músicos pesquisadores: Prof. Dr. Rodrigo Cicchelli (UFRJ), Prof. Dr.
Ricardo Tacuchian (UNIRIO), Profa. Dra. Denise Lopes Garcia
(UNICAMP), Prof. Dr. Fernando Iazzetta (USP), Profa. Dra. Martha
Ulhôa (UNIRIO), Profa. Dra. Evguenia Roubina, (Universidad
Nacional Autónoma de México), Prof. Dr. Charles Ford (Institute of
Musical Research, University of London), Prof. Dr. Norton Eloy
Dudeque (UFPR) e o Prof. Dr. Celso Loureiro Chaves (UFRGS).
A finalidade do SIMPOM é criar, em caráter permanente, um
espaço exclusivo de discentes de pós-graduação em Música (Mestrado
e Doutorado) dos Programas de Pós-Graduação em Música brasileiros
com nível máximo de excelência, e com possibilidade futura de: (a)
vir a abarcar os alunos de outros programas (Artes, Educação,
Sociologia, Comunicação, Filosofia, Antropologia, História,
Informática, entre outros) que desenvolvam investigações na área da
Música; (b) torná-lo de nível internacional, abrangendo programas de
pós-graduação em música, primeiramente da América Latina e, em
seguida, dos outros continentes (Ásia, Oceania, África, Europa e a
América do Norte não latina). Assim, o SIMPOM também pretende:
divulgar a geração de novos conhecimentos e de novos produtos na
área da música, promover e elevar a qualidade da produção científica
e tecnológica ligada à formação de pós-graduados em música no
Brasil (mestres e doutores) tendo em vista o acesso a conhecimentos
novos na área da Música, incentivar e apoiar a participação de pósgraduandos (mestrado e doutorado) e comunidade científica em geral
em evento científico de alto nível na área da música, abarcando as
subáreas e linhas de pesquisa dos programas de pós-graduação em
música brasileiros, divulgar um estado da arte, atualizado a cada ano,
do conhecimento produzido por discentes nos PPGM do Brasil.
Rio de Janeiro, 8 de Novembro de 2010
José Nunes Fernandes
Presidente da Comissão Organizadora do I SIMPOM
6
Palavras do Coordenador do PPGM
É uma satisfação imensa poder participar da idealização e realização
de um evento como o I SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PÓSGRADUANDOS EM MÚSICA! Acredito que o PPGM, a UNIRIO e
a comunidade acadêmica da área de música estão de parabéns por
propor, realizar e prover ressonância a esta maravilhosa empreitada!
No início, pareceu-me uma tarefa hercúlea e um tanto idealista quando
se propôs criar um evento que pretendesse representar a produção dos
pós-graduandos em música brasileiros. Entretanto, também ficou claro
que tal proposta viria suprir as necessidades deste importante
segmento da “academia musical”. Admiravelmente, o resultado deste
processo está aqui concretizado. Acredito firmemente que esta
primeira edição do SIMPOM, a primeira de muitas, consiga traduzirse como um marco significativo para os interessantes caminhos que
ainda vamos percorrer na pesquisa em música.
Não posso deixar de fazer uma menção especial ao idealizador e
presidente da Comissão Organizadora do SIMPOM, o Prof. José
Nunes Fernandes – que incansavelmente sempre seguiu em frente
mesmo nos momentos de maiores vicissitudes.
E finalmente gostaria de assegurar que este evento não seria possível
sem o valoroso apoio de nossa reitora, Malvina Tuttman e de nosso
vice-reitor Luiz Pedro Jutuca, do Instituto Villa-Lobos, na figura de
nosso diretor Dawid Korenchendler, de todos integrantes do corpo
docente e discente do PPGM e seus funcionários, e das agências de
fomento brasileiras, CAPES e CNPq.
Sucesso a todos!
Sérgio Azra Barrenechea
Coordenador do PPGM/UNIRIO
7
A Palavra da Reitora
A UNIRIO realiza um dos encontros científicos que marcará
a história da Pós-Graduação em Música no Brasil – O I
SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PÓS-GRADUANDOS EM
MÚSICA (SIMPOM). A valiosa publicação de seus Anais,
bem como este Livro de Resumos e Programa, possibilita
dar visibilidade à riqueza da pesquisa produzida pelos
discentes de mestrado e doutorado em Música do Brasil.
Dada à excelência e tradição dos profissionais da área da
Música, desde os tempos do importante Conservatório
Nacional de Canto Orfeônico, a nossa Universidade é
reconhecida nacional e internacionalmente. Assim, sinto-me
contemplada por compartilhar do mesmo espaço acadêmico
de tantos que, com seu trabalho, enobrecem a Universidade
Pública.
Um excelente Simpósio a todos!
Malvina Tuttman
Reitora da UNIRIO
8
SUMÁRIO
Página
Programação
10
Conferências
11
Mesas Redondas
12
Apresentações Musicais
13
Programas dos Concertos e Mini-concertos
Horário das apresentações: Pôsteres e Comunicações
19
Resumos
24
Educação Musical
Linguagem e Estruturação Musical/Teoria da Música
Musicologia
Teoria e Prática da Execução Musical
Etnomusicologia
Composição
Sonologia
24
48
54
66
79
87
92
9
PROGRAMAÇÃO
8 de novembro
9 de novembro
10 de novembro
Manhã
8:00
–
9:00
Credenciamento
(Hall)
9:00
–
9:45
Abertura
(Auditório)
Mini-concerto 1
9:45
–
11:15
Conferência
Magna
Dr. Bernard
Lortat-Jacob
(Auditório)
11:15
–
11:30
Intervalo
11:30
–
13:00
13:00
–
14:00
14:00
–
15:00
9:00
–
10:30
Mesa Redonda 1
Composição
(Auditório)
Intervalo
(almoço)
Pôsteres
Apresentação
(Hall)
Mini-concerto 2
10:30
–
11:45
Conferência 2
Dra. Lucy
Green
(Auditório)
Mesa Redonda 2
Sonologia
(Auditório)
9:00
–
10:30
10:30
–
11:00
Conferência 3
Dr. Jonathan
Dunsby
(Auditório)
Mini-concerto 3
Mesa Redonda 4
11:45
–
13:30
13:30
–
14:30
Mesa Redonda 3
Musicologia
(Auditório)
Intervalo
(almoço)
Tarde
14:30
–
18:30
Pôsteres
Exposição (Hall)
15:00
–
18:30
Comunicações
(Salas 1 a 5)
15:00
–
17:00
Reunião com alunos
egressos do PPGM /
UNIRIO (Auditório)
11:00
–
12:45
13:00
–
14:00
14:00
–
18:30
Linguagem e
Estruturação
Musical/Teoria
da Música
(Auditório)
Intervalo
(almoço)
Pôsteres
Exposição
(Hall)
(Grupo de Choro)
15:30
–
18:30
Comunicações
(Salas 1 a 5)
15:00
–
18:30
Comunicações
(Salas 1 a 5)
Noite
18:30
–
19:00
Intervalo
19:00
–
20:00
Apresentação
Musical
(Auditório)
18:30
–
19:00
Intervalo
19:00
–
20:00
Apresentação
Musical
(Auditório)
18:30
–
19:00
19:00
–
19:15
19:15
20:15
Intervalo
Encerramento
Apresentação
Musical
(Auditório)
10
Conferências
Dia 8/11 – 9:45 às 11:15 hs
Prof. Dr. Bernard Lortat-Jacob
(Conferência Magna)
Laboratório de Etnomusicologia do Museu do Homem
[Centro Nacional de Pesquisa Científica de Paris] e LESC Universidade de Paris-X/Nanterre
Quand les affects confondent parole et musique
Dia 9/11 – 9:00 às 10:30 hs
Profa. Dra. Lucy Green
Institute of Education, University of London
Informal popular music learning practice and their relevance
for formal music educators
Dia 10/11 – 9:00 às 10:30 hs
Prof. Dr. Jonathan Dunsby
The Eastman School of Music - University of Rochester
History, Theory, Scarlatti‟s K. 87
11
Mesas Redondas
1-Composição (8/11)
Mediador: Prof. Dr. Marcos Vieira Lucas (UNIRIO)
Prof. Dr. Rodrigo Cicchelli (UFRJ)
O Ensino da Composição Musical na Universidade Brasileira
Contemporânea: indagações preliminares
Prof. Dr. Ricardo Tacuchian (UNIRIO)
Questões Controversas do Ofício de Compositor
2-Sonologia (9/11)
Mediadora: Profa. Dra. Vânia Dantas Leite (UNIRIO)
Profa. Dra. Denise Lopes Garcia (UNICAMP)
Partitura de escuta: confluência entre sonologia e
análise musical
Prof. Dr. Fernando Iazzetta (USP)
Música, técnica e metier
3-Musicologia (9/11)
Mediadora: Profa. Dra. Martha Ulhôa (UNIRIO)
Profa. Dra. Martha Ulhôa (UNIRIO)
Musicologia como Escuta - revendo conceitos e métodos do estudo da
música no século XXI
Profa. Dra. Evguenia Roubina
(Universidad Nacional Autónoma do México)
¿Ver para creer?: una aproximación metodológica al estudio de la
iconografía musical
Prof. Dr. Charles Ford
(Institute of Musical Research, University of London)
Masculine and feminine sub-styles in Mozart’s operatic music
4-Linguagem e Estruturação Musical/Teoria da Música (10/11)
Mediadora: Profa. Dra. Carole Gubernikoff (UNIRIO)
Prof. Dr. Norton Eloy Dudeque (UFPR)
Forma musical como processo
Prof. Dr. Celso Loureiro Chaves (UFRGS)
A análise morta e as mensagens do outro lado
12
Apresentações Musicais
Concertos
Dia 8: Orquestra da UNIRIO
Regente: Guilherme Bernstein
19:00 às 20:00
Dia 9: Grupo Novo da UNIRIO - GNU
Direção: Marcos Lucas
19:00 às 20:00
Dia 10: Orquestra Barroca da UNIRIO (Camerata Quantz)
Direção: Laura Ronái
19:15 às 20:15
Mini-concertos
Dia 8: Grupo de Trompetes da UNIRIO
Direção: Nailson Simões
9:20 às 9:45
Dia 9: Grupo Quatro Kilinhos -Grupo de Choro
Direção: João Gabriel Menezes
14: 00 às 15:00
Dia 10: Percussão
Daniel Serale – 10:30 às 11:00
13
PROGRAMAS DOS CONCERTOS E MINI-CONCERTOS
Orquestra da UNIRIO
Regência: Guilherme Bernstein
Padre José Maurício Nunes Garcia. Abertura em Ré
Franz Schubert. Sinfonia n.6
Violinos
Ayran Oliveira
Flank Carlaly
Julia Laporte
Luisa de Castro
Milena Arca
Ulisses Venceslau
Mateus Barros
Yuri Reis Correa
Hugo Oliveira
Flautas
Jefferson Souza
Luíza Braga Moura
William Shainer
Rachel Silva
Igor Silveira
Clarinetas
Mauricio Silva
Mauro Vasconcellos
Mateus Falkemback
Diogo Maia
Trompetes
Eduardo Santana
Henrique Vaz
Violas
Ana Luiza Lopes
Luciana Garrido
Daniel Oliveira
Violoncelos
Glenda Carvalho
Jéssica Gomes
Murilo Alves
Lauro Lira Lopes
Mateus Rangel
Contrabaixos
Érika Brito Nande
Lise Bastos
Pablo Arruda
Oboés
Jonathan Yoshikawa
Giselle Milano
Juliana Bravin
Fagotes
Débora Nascimento
Douglas Clemente
Trompa
Daniel Soares
A ORQUESTRA DA UNIRIO é formada pelos bacharelandos em
instrumento do Instituto Villa-Lobos da Universidade Federal do Rio
de Janeiro. Ernani Aguiar e Ricardo Tacuchian, seus primeiros
regentes, imprimiram a filosofia de conciliar o grande repertório com
a música brasileira, tradicional e contemporânea, estreando inúmeras
obras de autores nacionais. Desde 2004 sob a direção de Guilherme
Bernstein, a ORQUESTRA DA UNIRIO apresenta-se regularmente
no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, na Sala Cecília Meireles, na
Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro, nas Igrejas da Glória do
Outeiro e da Candelária e em diversos outros locais importantes na
vida cultural carioca. Tem recebido solistas importantes, como os
professores da UniRio Paulo Bosísio, Luís Carlos Justi e Nicolas de
Souza Barros, solistas internacionais como François Sochard, Shalev
Ad-El e Licia Lucas, entre outros, e apresentou à cena artística jovens
solistas de seus quadros que hoje integram as mais importantes
orquestras do país.
14
Grupo de Trompetes da UNIRIO - GTU
Direção: Nailson Simões
Benjamin Britten. Fanfarre for St. Edmundsbury
James M. Stephenson Fanfare for an Angel
Gilson Santos. Seventy Springs
Paquito D'Rivera. Vals Venezolano
Chico Buarque. Vai Trabalhar Vagabundo
Trompetes: Nailson Simões, Maico Lopes, Wilian Oliveira, Eduardo
Santana, Aquiles Moraes, Daniela Garcia, Marcos Ferraz, Orlando
Gonçalves, Gilson Santos
Atuando como um dos conjuntos de câmara da Universidade Federal
do Estado do Rio de Janeiro – (UNIRIO), o Grupo de Trompetes da
UNIRIO foi criado pelo então diretor do Grupo, o Prof. Titular de
Trompete da UNIRIO, Dr. Nailson Simões, com o objetivo principal
de pesquisar e divulgar a música brasileira de câmara para trompete,
funcionando ainda como um laboratório para os alunos de composição
da Universidade.
Desde sua criação, no segundo semestre de 1999, vem se apresentando
com freqüência na Universidade tocando obras compostas
especialmente para este grupo, transcrições e peças originais para a
formação de trios, quartetos ou quintetos de trompetes.
Formado por alunos do curso de Bacharelado e da Pós-Graduação, o
Grupo apresentou-se no I Encontro Internacional de Trompetes em
Campinas, promovido pela Associação dos Trompetistas Brasileiros,
no II Encontro Internacional de Metais em Vitória-ES, além de atuar
em apresentações acadêmicas como defesas de teses, simpósios,
colóquios do programa de pós-graduação, dentre outros.
Daniel Serale
Percussão
Duas peças brasileiras de Teatro Instrumental para um percussionista
Carlos Stasi (1990). Canção simples de tambor
Arthur Rinaldi (2007). Sonhos
I) Vozes de lobos antigos
II) O assassino
III) O vento sopra
IV) Junto ao lago
V) O andarilho
VI) A sagrada montanha
Daniel Serale é bacharel e licenciado em Artes Musicais,
especializado em Percussão, pelo Instituto Universitario Nacional del
Arte da Argentina. Mestrando na área de Práticas Interpretativas do
Programa de Pós-Graduação em Música da UNIRIO, com a pesquisa
Performance no Teatro Instrumental. O repertório brasileiro para um
percussionista.
15
É integrante do ensamble de música contemporânea Süden! e do
Grupo Novo da UNIRIO (GNU). Participou das últimas edições da
Bienal de Música Brasileira Contemporânea como intérprete e
compositor. Em 2008 lançou seu primeiro CD, Vibrafonauta, com
obras inéditas para vibrafone solista dedicadas a ele, e atualmente,
com o apoio do Fundo Nacional das Artes (Argentina), prepara o
lançamento do seu segundo CD, que será publicado junto a um livro
de sua autoria, com obras para percussão solo.
Grupo Quatro Kilinhos – Grupo de Choro
Direção: João Gabriel Menezes
Antonio Neves - Bateria
Aquiles Novaes - Trompete
Gabriel Menezes - Cavaquinho
Julião Rabello – Violão
Grupo Novo da UNIRIO – GNU
Direção: Marcos Lucas
Danilo Guanais. Antissalmo por um Desherói
Paulo Rios Filho. Música Peba No1 (qual?)
Luciano Leite Barbosa. Cinerário
Rami Levin. Dualities
Marcos Lucas. Carnaval
Alan Williams. Bog Bodies
Guilherme Bertissolo. Elucubrações INKZ Op.27
Integrantes:
Maria Carolina Cavalcanti (flauta)
Vicente Alexim (clarinete)
Ayran Nicodemo (violino)
Glenda Valéria (violoncelo)
Gabriel Lucena (violão)
Diana Maron (soprano)
Antônio Ziviani e Pablo Panaro (piano)
Conjunto de câmara especializado no repertório moderno e contemporâneo,
o GNU busca democratizar o acesso a esta produção musical tão criativa e
rica em variedade de linguagens e percepções. Tendo como principal meio a
realização de concertos, o grupo pretende tornar uma parte significativa da
cultura musical brasileira e universal, que tem sido pouco apresentada e
divulgada, mais conhecida do grande público. Para isso, os concertos do
GNU oferecem um programa diversificado, sempre introduzido por
comentários sobre as peças. Desde o início de sua formação, em 2003, o
grupo vem contribuindo para o incremento da produção contemporânea,
através de encomendas e estréias de peças de compositores brasileiros e
internacionais. No ano de 2009, foram oito peças tocadas pela primeira vez
em palcos cariocas, quase a totalidade dedicada ao grupo. Em 2010, este
número já foi superado no primeiro semestre, quando ocorreram dez estréias
mundiais, sendo nove de música brasileira e uma de compositor inglês, todas
elas dedicadas ao GNU.
Na busca da excelência na interpretação, o grupo tem recebido profissionais
16
com vasto conhecimento do repertório destes períodos, que muito
contribuíram para que o grupo chegasse à sua performance atual. Estas
contribuições se deram por meio de orientações em ensaios de peças escritas
especialmente para o GNU, como no caso da compositora Rami Levin
(EUA), ou do intercâmbio cultural, como o promovido com a estada de
Cesário Costa (Portugal), regente do famoso conjunto Orchestrutópica e da
Sinfônica do Porto, que ensaiou com o grupo obras do repertório
contemporâneo português, selecionadas pelo próprio maestro. Assim, os
concertos do GNU oferecem ao seu público um repertório pleno de
linguagens e expressões variadas, levando o ouvinte à percepção de outras
possibilidades do discurso musical artístico, bem diferentes das oferecidas
no cotidiano.
Orquestra Barroca da UNIRIO
Direção: Laura Ronái
Johan Helmich ROMAN - (1694-1758)
Ouverture, para orquestra de cordas e 2 oboés
Abertura
Adagio e Staccato
Presto
Johann Sebastian BACH (1685-1750)
2 Árias da Paixão segundo S. João
Von den Stricken, para alto, 2 oboés e baixo contínuo
Es ist vollbracht, para alto, cello e baixo contínuo
Marco UCCELLINI
(1603-1680)
Symphonia 1 (a Rovetta)
Allegro
Johann Sebastian BACH
(1685-1750)
Cantata BWV 82 Ich habe genug para barítono, oboé e cordas
Johann Joachim QUANTZ
(1714-1788)
Trio sonata em dó maior, para flauta doce, flauta transversal e baixo
contínuo
Andante
Alla breve
Largo
Vivace
Evaristo Felice DALL'ABACO (1675 – 1742)
Concerto à più instrumenti, em mi menor, op. V, nº3, para 2
flautas, fagote e cordas
Allegro
17
Integrantes:
Laura Rónai – Traverso e direção
artística
Vozes
Sophia de Otero – Mezzosoprano
Emerson Lima – Barítono
Sopros
Pierre Descaves – Oboé barroco
Claudio Frydman – Flauta doce e
traverso
Claudio Yabrudi – Traverso
Jeferson Souza - Traverso
Cordas
Flank Carlaly – Violino
Leonardo Cerante – Violino e
viola
Luciana Garrido – Viola
Marcos Rangel – Cello
Milena Arca – Violino
Oswaldo Vellasco – Violino
Roger Lagr – Violino
Contínuo
Cláudio Yabrudi – cravo
Jorge Ortiz – Cravo
A Orquestra Barroca da UNIRIO se dedica à interpretação do
repertório dos séculos XVII e XVIII com instrumentos históricos. O
grupo surgiu em 2002 a partir do trabalho da Camerata Quantz, grupo
coordenado pela flautista Laura Rónai, que se propunha a ser, mais
que um conjunto de câmara, uma oficina permanente de interpretação
histórica que reunisse professores, alunos e músicos interessados
nesse repertório. O programa passeia por obras de compositores mais
conhecidos do gênero como Vivaldi e Quantz assim como de
personagens mais obscuros do século das luzes, como Dall‟Abaco,
Roman e Uccellini, formando um quadro que ilustra bem a música
desse período. A Orquestra Barroca da UNIRIO vem se apresentando
desde 2002 (com o nome de Camerata Quantz) em diversos espaços
importantes como o CCBB de São Paulo, o SESC do Flamengo, o
Clube de Engenharia do RJ, a igreja da Lapa dos Mercadores pelo
Projeto Música nas Igrejas, o Paço Imperial pelo projeto Compasso
Clássico, dentro do projeto Música no IBAM, entre outros, assim
como na própria UNIRIO em diversos projetos interdisciplinares.
18
HORÁRIO DAS APRESENTAÇÕES:
PÔSTERES E COMUNICAÇÕES
Pôsteres
Apresentação – 14 horas – dia 8/11/10
ED – Educação Musical
NOME
Alvaro Henrique Borges
Jáderson Aguiar Teixeira
Liège Pinheiro dos Reis
Marcelo Inagoki Rodrigues
Maria Luiza Santos Barbosa
Tais Dantas da Silva
Paulo César Cardozo de
Miranda
TÍTULO DO TRABALHO
DA ESCUTA À PRÁTICA CRIATIVA: ISTO É
MÚSICA!
PEDAGOGIA DA PERCEPÇÃO MUSICAL
BASEADA EM DOIS NORTEAMENTOS
FILOSÓFICOS
MÚSICA NOS PROGRAMAS DE INGRESSO
AO ENSINO SUPERIOR: POSSIBILIDADES DE
AMPLIAÇÃO DO CONHECIMENTO MUSICAL
E DA PRODUÇÃO DE SABERES
PEDAGÓGICOS MUSICAIS
EDUCAÇÃO MUSICAL DE DEFICIENTES
VISUAIS – ANALISANDO POSSIBILIDADES
DE APLICAÇÃO DE ALGUNS PRINCÍPIOS DO
MÉTODO SUZUKI
PSICOPEDAGOGIA E MÚSICA: REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA
APRENDIZAGEM DO INSTRUMENTO
MUSICAL REALIZADA EM GRUPO:
FATORES MOTIVACIONAIS E INTERAÇÕES
SOCIAIS
JOGOS MUSICAIS: CONHECIMENTO,
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DOS
PROFESSORES EM ATIVIDADES DE SALA
DE AULA
LEM – Liguagem e Estruturação Musical/Teoria da Música
NOME
Emiliano Cardoso Sampaio
Humberto Amorim
Walter Nery Filho
TÍTULO DO TRABALHO
PARTICULARIDADES HARMÔNICAS NAS
COMPOSIÇÕES DE NAILOR AZEVEDO
“PROVETA” PARA A BANDA MANTIQUEIRA
RICARDO TACUCHIAN: CAMINHOS
ESTÉTICOS E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
ESTRUTURA E ORGANICIDADE NA PEÇA “O
PASSARINHO DE PANO” DE VILLA-LOBOS –
UM ESTUDO ANALÍTICO PRELIMINAR
MU – Musicologia
NOME
Luiz de França Costa
Lima Neto
Ricardo Miguel
Kolodiuk Smolinski
Vinícius José Spedaletti
Gomes
Willa Soanne Martins
TÍTULO DO TRABALHO
"A MÚSICA E A DANÇA DA FARSA TEATRAL
O JUIZ DE PAZ NA ROÇA (1838), DE LUIS
CARLOS MARTINS PENA: UMA
PERFORMANCE ESTÉTICO-POLÍTICA"
A ORQUESTRA SINFÔNICA DO RIO GRANDE
DO NORTE - SEU PROCESSO DE CRIAÇÃO
HELIO DELMIRO, VILLA LOBOS E O CHORO:
UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE
“CHAMA” E “CHOROS NO.1”
MÚSICA DE VANGUARDA E CULTURA DE
MASSAS
19
TPE – Teoria e Prática da Execução Musical
NOME
Janaína Paiva Garcia Sá
José Benedito Viana
Gomes
Ricardo Rosembergue
Garcia
TÍTULO DO TRABALHO
A PERCUSSÃO NA OBRA MUSEU DA
INCONFIDÊNCIA DE GUERRA-PEIXE
AULAS COLETIVAS DE INSTRUMENTO
COMO FATOR DE MOTIVAÇÃO PARA O
DESENVOLVIMENTO DA EXECUÇÃO
MUSICAL DE FLAUTISTAS EM CURSOS DE
GRADUAÇÃO
DISTONIA FOCAL E A ATIVIDADE DO
PERFORMER MUSICAL: UMA BREVE
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
ET - Etnomusicologia
NOME
Climério de Oliveira
Santos
Keila Souza Fernandes da
Cunha
Priscilla Maria Gallo
TÍTULO DO TRABALHO
SOU ANTIGO, POSSO FALAR: A
ANTIGUIDADE, UM ATRIBUTO
VALORATIVO DOS CABOCOLINHOS.
MÚSICA E ETNICIDADE JUDAICA NAS
CANÇÕES DO SHABAT EM RECIFE/PE
CAXIXI: UM EXEMPLAR DA PERCUSSÃO
AFRO-BRASILEIRA E SUA PERSPECTIVA
ETNOMUSICOLÓGICA
CO - Composição
NOME
Danilo Cesar Guanais de
Oliveira
TÍTULO DO TRABALHO
CIÊNCIA, DETERMINAÇÃO E ARTE: OS
QUADRADOS MÁGICOS E A COMPOSIÇÃO
20
Comunicações Orais
Segunda feira (8/11/10)
14:00
15:00
Pôsteres – apresentação (Hall)
Sala1 (ED)
15:30
18:00
Sala2 (ED)
Sala3 (TPE)
Sala4
(MU/ET)
Állisson
Popolin
Maria
Salete de
Carvalho
Bartolomeu
Wiese Filho
Gabriel
Sampaio
Souza Lima
Rezende
Ana Luisa
Fridman
Mario
André
Wanderley
Oliveira
Bruno
Rejan Silva
Mayra
Cristina
Pereira
Lélio
Eduardo
Alves da
Silva
Pablo
Panaro
(Coordenador
da Sessão)
Bruno
Westermann
Paulo
Roberto de
Oliveira
Coutinho
Daniela
Oliveira
dos Santos
Regina
Balan
Darcy
Alcantara
Neto
Fernando
Ariani
(Coordenador
da Sessão)
Simone
Marques
Braga
Wasti
Silvério
Ciszevski
Claudio
Frydman
Thiago
Cabral
Carvalho
Danilo
Jatobá
Beserra
Adelcio
Camilo
Machado
Denize
Zorzetti
(Coordenador
da Sessão)
Eliana
Asano
Ramos
Frank
Michael
Carlos
Kuehn
Sala5
(SO/CO)
Alexandre
Bezerra
Viana
Marcelo
Carneiro de
Lima
(Coordenador
da Sessão)
(Coordenador
da Sessão)
Alexandre
Francischini
Paulo
Henrique
Guimarães
Raposo
Potiguara
Menezes
Flavia
Cachineski
Diniz
21
Terça feira (9/11/10)
S1 (ED)
Fábio Miguel
S2
(TPE/MU)
Marcus de
Araújo
Ferrer
S3
-
(Coordenador
da Sessão)
Jaqueline
Soares
Marques
15:00
18:00
Ricardo
Newton
Lopes
Rodrigues
Joana Malta
Gomes
Alberto
Boscarino
(Coordenador da
Júnior
Sessão)
José Estevão
Moreira
Daniel
Andrioli
Rodrigues
Motta
José T.
d´Assumpção
Jr
Enrique
Valarelli
Menezes
Marcos
Alencar
Pelisson
Juliana
Martins dos
Santos
Fernando
Lacerda
Simões
Duarte
Fernando
E. M. S.
Fernandes
-
S4 (MU/ET)
S5 (TPE)
Márcio
Hugo
Antônio de
Vargas
Almeida(MU) Pilger
Juliana Carla
Bastos
João
Miguel
Bellard
Freire
(Coordenador
da Sessão)
-
Keila
Michelle
Silva
Monteiro
José
Alexandre
Carvalho
-
Laize Soares
Guazina
José
Wellington
dos Santos
-
-
-
Marcelo de
Castro Lopes
(Coordenador da
Sessão)
Rodrigo
Cantos
Savelli
Gomes
Larena
Franco de
Araújo
Leandro
Barsalini
Maico
Viegas
Lopes
22
Quarta feira (10/11/10)
S1(ED)
Antonio
Henrique
Seixas de
Oliveira
Lúcia
Regina de
Sousa
Moreira
Maira Ana
Kandler
15:00
18:00
Josiane
Paula
Maltauro
Lopes
Marcos dos
Santos
Moreira
Maria
Nazaré
Rocha de
Almeida
(Coordenador
da Sessão)
S2 (LEM)
Carlos
Almada
(Coordenador da
Sessão)
S3
-
Alexei
Figueiredo
Michailowsky
Daniel
Menezes
Lovisi
Ernesto
Frederico
Hartmann
Sobrinho
Sérgio Paulo
Ribeiro de
Freitas
Paula
Veneziano
Valente
Maurício
Funcia De
Bonis
S4 (M/ET)
Geremias
Tiófilo
Pereira
Junior
Iuri Lana
Bittar
(Coordenador
da Sessão)
-
Joêzer de
Souza
Mendonça
-
Lina
Noronha
-
Luciana
Barongeno
-
Marcelo
Fernandes
Pereira
Gabriel
Ferrão
Moreira
(ET)
S5(CO)
Alessandro
Goularte
Ferreira
Daniel
Alexander
de Souza
Escudeiro
Daniel Fils
Puig
(Coordenador
da Sessão)
Danilo
Rossetti
Marco
Antônio
Ramos
Feitosa
23
RESUMOS
Pôsteres e Comunicações
(por área e por ordem alfabética)1
ED – Educação Musical
O QUE JOVENS DO ENSINO MÉDIO APRENDEM DE
MÚSICA ATRAVÉS DE SUAS EXPERIÊNCIAS DIÁRIAS DE
ESCUTA: UM ESTUDO DE CASO
Állisson Popolin
Universidade Federal de Uberlândia – UFU
Mestrado em Artes – Sub-Área Música – Educação Musical
Resumo: Este artigo é apenas um recorte da pesquisa em andamento
que tem por finalidade desvelar o que jovens, estudantes do ensino
médio, sem educação musical formal ou não formal e que não toquem
qualquer instrumento musical, aprendem de música nas suas escutas
do dia a dia. Com base no atual estágio de pesquisas da área de
Educação Musical, na sua abordagem sociocultural, são pressupostos
desta investigação que: os jovens dedicam muitas horas diárias
escutando música; e que a aprendizagem musical ocorre
informalmente através das experiências musicais cotidianas. O
objetivo desta exposição é apresentar parte da revisão bibliográfica
empreendida e que tem servido para situar, precisar e conceituar o
foco da pesquisa. A questão-problema a ser investigada é: o que os
jovens aprendem de música de suas experiências cotidianas de escuta
musical hoje em dia? O referencial teórico apóia-se na perspectiva
sociocultural da Educação Musical. Quantos aos procedimentos
metodológicos, optei pelo estudo de caso em que serão selecionados
cinco jovens estudantes do Ensino Médio que utilizam vários meios
diferentes para escutar música (internet, celular, MP3, Ipod, TV/DVD,
Rádio, CD, shows e apresentações musicais) e que também não
tenham tido educação formal ou não formal e que não toquem
instrumentos. A importância desta pesquisa para Educação Musical
justifica-se por contribuir para discussões sobre ensino-aprendizagem
de música, possibilitando o desenvolvimento de propostas para outros
fundamentos das teorias, práticas, conceitos e discursos com ênfase
nos saberes pedagógico-musicais que emergem da cultura jovem e da
relação jovens e músicas na atualidade visando uma prática educativomusical significativa.
Palavras-Chave: Jovens, Escuta de música, Tecnologia, Ensinoaprendizagem musical, Educação Musical
1
Os dados (nomes, instituições/cursos/áreas) e o texto são de responsabilidade única
dos autores.
24
DA ESCUTA À PRATICA CRIATIVA: ISTO É MÚSICA!!!
Alvaro Henrique Borges
Instituto de Artes – UNESP
Doutorado em Música / Educação Musical
Resumo: Este texto trata-se de um recorte das experiências que
ocorreram com um grupo de educadores musicais, os quais atuam em
escolas regulares de Minas Gerais e que foram sujeitos da pesquisa
desenvolvida pelo autor acerca da situação do ensino musical em
escolas do sistema regular de ensino. O objetivo da pesquisa foi
aproximar a prática musical dos sujeitos com um repertório que
contemplasse novas possibilidades de ouvir e fazer música. A
fundamentação destas possibilidades foram embasadas nas idéias de
pedagogos músicos, que atuam desde a segunda metade do século XX,
a saber: R. M. Schafer, J. Paynter, G. Self, B. Porena e G. Reibel. O
trabalho foi realizado a partir das abordagens qualitativas elegendo-se
o caráter metodológico intervencionista com observação participante e
privilegiou-se a descrição, a análise e a interpretação de dados.
Palavras-chave: Música, Ensino, Criatividade, Música
Contemporânea
MÚSICA PARA TODOS OS OUVIDOS: UM ESTUDO
SOBRE A DIVERSIDADE DE LINGUAGENS APLICADAS AO
ENSINO MUSICAL
Ana Luisa Fridman
USP - Doutorado em Música
Processos de Criação Musical
Resumo: O artigo trata das transformações que se refletiram na
maneira de se pensar a música da atualidade e na transmissão destas
transformações para o ensino musical. O artigo defende o
estabelecimento de novas fronteiras no que diz respeito à música e seu
ensino, sendo que o enfoque principal do artigo será mostrar a
diversidade na qual nos encontramos hoje. A partir da idéia de
diversidade, propomos que o mesmo conceito possa se estender ao
ensino musical de maneira abrangente, estabelecendo novos territórios
de exploração. Para ilustrar a idéia do artigo, serão tratadas as
transformações culturais provindas da acessibilidade virtual da
internet, o avanço da tecnologia e sua influência na paisagem sonora
urbana e a música não ocidental, que ainda hoje é pouco explorada na
formação do músico no Brasil, embora esteja presente na
performance.
Palavras-Chave: ensino musical, diversidade territorial, música não
ocidental, acessibilidade virtual
25
MÉTODOS E ENSINO DE TROMBONE NO BRASIL – UMA
REFLEXÃO PEDAGÓGICA
Antonio Henrique Seixas de Oliveira
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Mestrado em Música / Educação Musical
Resumo: Este artigo, originado a partir da pesquisa realizada para a
elaboração da dissertação de mestrado de mesmo nome, tem por
objetivo traçar um panorama não generalizável do ensino de trombone
nos cursos superiores federais no país a partir da análise de métodos
de trombone e da leitura interpretativa de questionários aplicados a
docentes e alunos destas instituições. Foi realizada, inicialmente, uma
revisão de literatura concernente ao ensino de música e práticas
instrumentais dos séculos XVII ao XXI, com objetivo de abordar
aspectos históricos e pedagógicos e verificar quais modificações o
ensino de instrumentos musicais sofreu ao longo do tempo até chegar
aos moldes em que é realizado na maioria das instituições nos dias de
hoje. A metodologia de pesquisa foi embasada teoricamente pela
dialética e a fenomenologia. Tendo como referencial teórico Libâneo
(1990), Freire (1997) e Marques (1999) foram analisados os métodos
de trombone, a partir do seu conteúdo técnico e pedagógico, além dos
questionários aplicados a professores e alunos das universidades
federais que possuem curso superior em trombone. Ao final do
trabalho foi feita a triangulação dos dados obtidos a partir das análises
dos métodos e questionários apontando conclusões quanto ao
ensino/aprendizagem de música através do trombone no Brasil.
Palavras Chave: Métodos, Trombone, Ensino de Música, Práticas
Instrumentais, Bacharelado em Instrumento
SOBRE O ENSINO DE INSTRUMENTOS MUSICAIS A
DISTÂNCIA E A AUTONOMIA DO ALUNO
Bruno Westermann
Universidade Federal da Bahia
Mestrado em Música/Educação Musical
Resumo: O presente artigo, parte integrante de uma pesquisa de
mestrado em andamento, pretende contextualizar o leitor no que se
refere aos assuntos principais da pesquisa: educação a distância,
educação musical a distância e autonomia do aluno. O artigo apresenta
um breve história da EaD no Brasil, comentários sobre iniciativas de
ensino de música através desta modalidade. Em seguida, é explicada a
estrutura da disciplina de violão do Curso de Licenciatura em Música
a Distância da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Por último
é apresentada uma revisão de bibliografia sobre o termo autonomia do
aluno e também são feitos comentários sobre o papel deste conceito
no ensino de violão a distância e particularmente, no curso de
licenciatura em questão.
Palavras-chave: Educação a distância, Educação Musical a Distância,
Ensino de Instrumento, Autonomia do aluno
26
ADOLESCENTES E O SERTANEJO UNIVERSITÁRIO: O
GOSTO COMO UMA ATIVIDADE REFLEXIVA
Daniela Oliveira dos Santos
Universidade Federal de Uberlândia
Mestrado em Artes – Sub-Área Música – Educação Musical
Resumo: Esta comunicação traz uma reflexão sobre o gosto a partir
de um recorte da pesquisa em andamento: “Que Música Boa!”:
Modos de relação entre adolescentes e o Sertanejo Universitário, no
Programa de Mestrado em Artes – Área Música - da Universidade
Federal de Uberlândia. Partindo de um questionamento na área da
Educação Musical, no qual a pesquisadora, professora de música na
escola regular, busca compreender os modos de relação que os
adolescentes têm com o estilo musical Sertanejo Universitário, essa
pesquisa também traz como objetivo compreender como o gosto é
construído nas relações dos adolescentes com o estilo. A pesquisa será
realizada com um grupo de 3 a 5 adolescentes escolhidos devido aos
seus modos de relação com o Sertanejo Universitário, já que as
práticas com o estilo refletem muito dos seus modos de relação com a
música. Cantar junto, colecionar letras das músicas, dançar, ouvir,
tocar, todos esses modos de relação com o estilo são práticas que a
pesquisa buscará compreender a partir das narrativas desses
adolescentes. O artigo está dividido em seções: na primeira
apresentarei a pesquisa em andamento, tratando dos objetivos,
metodologia adotada e referencial teórico. Em seguida farei uma
explanação sobre o estilo musical Sertanejo Universitário e, logo após,
trarei uma reflexão acerca da construção do gosto musical como uma
atividade reflexiva dentro dos estudos do sociólogo Antoine Hennion.
Os apontamentos advindos dos estudos no campo da Sociologia da
Música muito contribuem para a compreensão da relação entre sujeito,
música e a constituição do gosto.
Palavras-Chave: Adolescentes, Gosto, Sertanejo Universitário
APRENDIZAGENS EM PERCEPÇÃO MUSICAL: UM
ESTUDO DE CASO COM ALUNOS DE UM CURSO
SUPERIOR DE MÚSICA POPULAR
Darcy Alcantara Neto
UFMG/PPGMUS
Mestrado em Música / Subárea: Educação musical
Resumo: O artigo descreve uma pesquisa em andamento, cujo
objetivo é compreender os significados atribuídos por alunos de um
curso de bacharelado em música popular às habilidades e
conhecimentos relacionados à teoria e percepção musical, buscando
identificar possíveis impactos dos processos de aquisição de
conhecimentos formais sobre suas práticas musicais. Como músicos
populares, estes alunos possuem um background em que se destacam
conhecimentos e habilidades desenvolvidos através de práticas
informais de aprendizagem (tocar de ouvido, escolher seu próprio
repertório e compor e improvisar extensivamente, por exemplo). Por
outro lado, tais alunos também apresentam conhecimentos e
27
habilidades formais (em especial, a utilização das ferramentas de
leitura e escrita musical convencional e a discriminação auditiva de
certos elementos e estruturas musicais), já que estes são requisitados
para o ingresso em um curso de música, por meio de exames
específicos. Os perfis dos alunos conjugam, assim, características
típicas de aprendizagens formais e informais. A pesquisa, de caráter
qualitativo, utiliza a abordagem conhecida como “estudo de caso
instrumental”, e emprega questionários e grupos focais como
instrumentos de coleta de dados. Os discursos dos alunos serão
interpretados à luz de outras pesquisas acerca do ensino de percepção
musical (que caracterizam o ensino tradicional como fragmentado,
descontextualizado, mecânico e distante da própria “música”) e a
respeito de como os músicos populares aprendem. A pesquisa
pretende oferecer contribuições para relativizar a perspectiva
etnocêntrica que naturaliza conhecimentos da tradição clássica como
musicais “em si mesmos”, bem como apontar caminhos
metodológicos integradores para o ensino de percepção musical na
graduação.
Palavras chave: percepção musical; música popular; aprendizagens
informais
PAISAGEM SONORA: UM ESTUDO DA VOZ HUMANA
COMO SÍMBOLO SONORO
Fábio Miguel
Programa de Pós-graduação em Música
Instituto de Artes da UNESP
Doutorado em Música / Ecologia Sonora
Resumo: Discute a respeito de uma pesquisa de doutorado, que
objetiva estudar a voz humana como símbolo sonoro no contexto do
espaço acústico do bairro Jardim Utinga; compreender como os
moradores se relacionam com esse som em meio a tantos outros e,
também, como um possível desequilíbrio na relação homem-ambiente
sonoro pode trazer modificações no plano simbólico. Para isso,
utiliza-se o conceito de símbolo sonoro, dado por SCHAFER (2001)
para tratar um evento sonoro, no caso a voz, além de suas sensações
mecânicas e funções sinalizadoras. Ampara-se também, nas idéias de
GEERTZ (1989, 1997) para pensar a voz humana como um símbolo
sonoro que é parte de um sistema geral de formas simbólicas que
constitui a cultura, em que os elementos desse sistema - símbolos
significantes - se, profundamente interpretados possibilitam conhecer
a comunidade do Jardim Utinga. Ainda, transpõem-se os conceitos de
ecossistema nativo, transformado e antrópico de SOFFIATI (2002)
para ambiente sonoro nativo, transformado e antrópico para uma
análise dos possíveis desequilíbrios no ambiente sonoro do bairro.
Mostra-se, como e por que, os procedimentos metodológicos iniciais
foram modificados. Comenta-se brevemente a respeito do critério de
amostra probabilística RICHARDSON (1999) adotado para confecção
da amostra das ruas, da amostra dos dias da semana, do tempo de
gravação e da amostra de pessoas do bairro para responder o
questionário. Sem analisar, comenta-se a respeito de gravações
realizadas em julho; do questionário semi-estruturado que será
aplicado aos moradores das ruas onde ocorreram as gravações, o que
se pretende com as questões elaboradas e acerca do método do DSC
28
(Discurso do Sujeito Coletivo) para análise das entrevistas. Conclui-se
explicitando os desdobramentos do seminário (THIOLLENT, 2002)
que será realizado e de que maneira o referencial teórico, em conjunto
com os dados levantados, fundamentam a reflexão da voz humana
como símbolo sonoro no Jardim Utinga.
Palavras-chave: Ecologia Acústica, Paisagem Sonora, Voz, Símbolo
Sonoro, Educação Sonora
MÚSICA EM COM-JUNTO: UM PIQUENIQUE MUSICAL
Fernando Caiuby Ariani Filho
UNIRIO/PPGM
Doutorado em Música - Ensino e aprendizagem
Resumo: Comunicação de pesquisa de doutorado de mesmo título em
andamento no PPGM/UNIRIO, cujos objetivos são o de investigar as
possibilidades e desdobramentos de um trabalho de canto em grupo
cujo resultado não seja definido a priori, mas que seja desenvolvido a
partir dos encontros e contribuições dos indivíduos sem qualquer
seleção prévia, classificatória ou eliminatória; investigar quais as reais
motivações que levam indivíduos leigos, sem pretensões profissionais
a se reunir regularmente em grupo para fazer música. São elas
musicais ou sociais? Domínio técnico ou necessidade de
sociabilização e trocas afetivas? Realizar com perfeição uma
determinada partitura ou desenvolver a musicalidade e contribuir no
processo, por mais simples que seja sua participação e contribuição?
Como manter um grupo heterogêneo como esse vivo e unido? Quais
os fatores mais importantes nessa manutenção? Interações afetivas ou
resultados musicais de excelência? A partir dessas questões foi criado
o grupo Com-Junto Sá Pereira que trabalha com base nessas questões
desde 2007. Dialogando com a produção de pensadores a elas afeitos
tais como Blacking, Rogers e Santos – entre outros, explicitados no
corpo do texto –, o aprofundamento da pesquisa a respeito dos
processos grupais e suas implicações colocou o pesquisador diante dos
princípios da Gestalt com os quais foi estabelecida uma discussão em
contraponto com a história e desenvolvimento do Com-Junto Sá
Pereira. É apresentado um relato de experiência cujos resultados
envolvem a coletânea e análise do material colhido desde a origem do
grupo que inclui depoimentos, enquetes regulares e produção de
música composta e recriada durante o processo, e que derivou das
diversas contribuições e interações entre os participantes, sempre
acolhidos sem exceção e sem qualquer seleção prévia. Também foram
desenvolvidas técnicas e propostas pedagógicas para dar conta das
inúmeras situações que um trabalho baseado em hipóteses a posteriori
como esse é capaz de gerar.
Palavras-chave: coral amador; motivação; processo; afetividade;
hipótese a posteriori; relato de experiência; proposta pedagógica
29
PEDAGOGIA DA PERCEPÇÃO MUSICAL
BASEADA EM DOIS NORTEAMENTOS FILOSÓFICOS
Jáderson Aguiar Teixeira
Universidade Federal do Ceará
Mestrado em Educação Brasileira / Subárea: Ensino de Música
Resumo: Este artigo esclarece duas práticas educativo-musicais que
experimentei e pesquisei em conexão com norteamentos teóricofilosóficos. Reflito sobre tais práticas preocupando-me com a
percepção musical, sobretudo, enquanto disciplina acadêmica. Os
resultados da pesquisa apontam para duas filosofias da percepção
musical que eu chamei de Percepção Mecanicista e Percepção
Complexa. A visão de mundo mecanicista fragmenta o conhecimento
em disciplinas e dificulta uma percepção integralizante da linguagem
musical, seccionando o texto musical a ponto de restringir a percepção
musical a aspectos elementares da música. A visão complexa procura
considerar a resolução de um problema sem afastá-lo da rede de
elementos que o constitui. Tal concepção remete a uma necessidade
de reintegração das disciplinas em educação e a ponderação da
Percepção Musical como uma disciplina através da qual esse processo
pode ser imediatamente vivenciado. O corpo como locus da
possibilidade de expressão é negado ou afirmado a depender do
direcionamento teórico mecanicista ou complexo que venha a
fundamentar a pedagogia musical. O conceito de percepção musical
anteriormente ligado a apreciação passiva objetiva na concepção
mecanicista é redirecionado à perspectiva de interação intersubjetiva
com abertura para um diálogo transdisciplinar, que reúne discussões
anteriormente separadas por disciplinas como história da música,
harmonia, contraponto, estética, composição, música brasileira e
performance. A abordagem mecanicista conduz as aulas de percepção
aos ditados musicais de discriminação sonora. A complexa, à
apreciação de relações de significado linguístico-musicais que só
adquirem sentido numa interação, mediante a expressão, com o
discurso musical. Por fim, o artigo sugere objetivamente formas
possíveis de aperfeiçoar didaticamente o desenvolvimento da
percepção tendo como recurso primário a expressão musical em vez
da apreciação passiva, estritamente racionalista.
Palavras-chave: percepção musical, mecanicismo, complexidade,
corpo
“ATÉ HOJE AQUILO QUE EU APRENDI EU NÃO ESQUECI:
EXPERIÊNCIAS MUSICAIS NAS LEMBRANÇAS DE
IDOSAS”
Jaqueline Soares Marques
Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
Mestrado em Artes/Música
Resumo: Esta comunicação apresenta um projeto em andamento que
tem como foco as experiências musicais de idosas. O objetivo geral da
pesquisa é compreender experiências musicais nas lembranças de
idosas, e como objetivos específicos pretende-se evocar espaços nos
quais essas experiências musicais acontecem, reconstruir os tipos de
30
experiências musicais, interpretar os meios pelos quais essas
experiências foram vividas, descrevendo e discutindo o conteúdo
dessas experiências. Considerada como pesquisa qualitativa tem como
opção metodológica a História Oral e utiliza a entrevista como
procedimento de coleta de dados. O referencial teórico tem como base
a discussão sobre experiência musical como experiência social, bem
como a questão da memória e da lembrança relacionadas à memória
de “velhos”, que nesse caso são mulheres. Acredita-se que esse estudo
vem a contribuir para a área na elaboração de propostas pedagógicomusicais que envolvem esse público, para a organização e
planejamento de políticas públicas relacionadas ao envelhecimento,
para a compreensão das maneiras que a música e o seu
ensino/aprendizagem podem marcar presença nesse processo
possibilitando outra percepção da velhice. Apresenta-se também a
análise de duas entrevistas já realizadas focalizando os tipos de
experiências musicais, os espaços dessas experiências, bem como os
meios através dos quais foram vividas pelas idosas. Nessas primeiras
análises vários aspectos emergiram dos dados já coletados como, por
exemplo: as experiências relacionadas ao cantar, ao ouvir, ao brincar
são práticas musicais bastante lembradas pelas idosas. As formas
como essas práticas são experienciadas estão sendo analisadas. Outros
aspectos dessas experiências que apareceram, estão relacionados ao
repertório, ao ser mulher, aos “nãos”, ou seja, às impossibilidades
dessas idosas de aprenderem música ao longo de suas vidas. Algumas
considerações apontam várias outras possibilidades de análises ainda
não vieram à tona, mas que poderão aparecer por meio da
reconstrução das experiências musicais nas lembranças de cada idosa.
Palavras-chave: experiências musicais, lembranças, idosas
ESTUDO DA CRIANÇA PEQUENA COM NECESSIDADES
EDUCACIONAIS ESPECIAIS E SEU COMPORTAMENTO
MUSICAL: O MÉTODO DE ANÁLISE
Joana Malta Gomes
UNIRIO – PPGM
Mestrado – Música e Educação
Resumo: Neste artigo procuro apresentar um método de análise
qualitativa do comportamento da criança com necessidades
educacionais especiais na aula de música. A atual proposta de
educação inclusiva pretende que todas as crianças possam estar
incluídas em turmas regulares do ensino básico, independente da sua
condição física, econômica, social ou intelectual. Como ensinar
música diante da diversidade? O que seria uma necessidade
educacional especial na aula de música? Qual suporte teórico ou
prático um professor de música necessita para dar conta da
complexidade da educação inclusiva? Foi a partir da minha prática
como professora de música de crianças com necessidades
educacionais especiais que estas questões surgiram e me levaram a
buscar, por meio desta pesquisa, teorias que possam explicar o
comportamento dessas crianças e que possibilitem a proposição de
estratégias para sua inclusão na aula de música. Esta pesquisa (ainda
em andamento) conta uma seleção de cinco escolas de educação
31
infantil situadas na cidade do Rio de Janeiro. Os dados estão sendo
coletados por meio de questionários dirigidos à direção da escola;
entrevistas semi-estruturadas aos professores de música e observação
de suas aulas. O método de análise aqui proposto procura interpretar o
comportamento da criança especial com o objetivo de entender quais
as dificuldades de aprendizado que tal criança apresenta. O constructo
comportamento é decomposto em quatro partes para análise dos dados
a fim de evidenciar o comportamento musical da criança. As
categorias são derivadas dos próprios dados e organizadas de acordo
com os aspectos emocionais, motores, sociais e musicais do
comportamento da criança. Tal análise pretende obter resultados que
expliquem a complexidade do comportamento das crianças com
necessidades educacionais especiais incluídas em turmas regulares na
escola de educação infantil.
Palavras-chave: inclusão, aprendizado de música, análise qualitativa,
educação infantil
EXISTE A MÚSICA?
VARIAÇÕES SOBRE A ALEGORIA DOS CEGOS E DO
ELEFANTE
José Estevão Moreira
UNIRIO/Mestrado em Música/Música e Educação
Resumo: neste artigo proponho, a partir do conceito de jogos de
linguagem e do argumento da impossibilidade de uma linguagem
privada – ambos de Wittgenstein –, 3 abordagens da alegoria dos
cegos e do elefante, como metáforas para falar sobre “música”.
Levando-se em consideração o corriqueiro uso desta metáfora são
apresentadas diferentes implicações a partir de diferentes operações
lógicas e formas de pensar a alegoria dos cegos e do elefante. Em
diálogo com as primeiras constatações, em conjunto com as ideias do
filósofo François Jullien, realizo uma abordagem para o problema das
categorias de pensamento como categorias linguísticas (Benveniste) e
da aspiração de universalidade do discurso sobre música no ocidente e
a “interferência” da língua na produção de sentido. Tal questão sobre
os universais e também sobre os jogos de linguagem são importantes
em nossa abordagem por dois fatores: (1) de acordo com Wittgenstein
a comunicação se dá através de jogos de linguagem que encerram em
si pressupostos implícitos em cada prática, comuns aos indivíduos que
partilham do mesmo contexto (ou próximos, familiares) e que por
consequência gozam de (a) modos de vida similares, que se realizam
através de (b) uma linguagem que só pode ser pública - e não privada,
portanto; (2) a nossa língua – e nossas operações lógicas – teriam,
segundo Wittgenstein e Jullien (a partir de Benveniste) uma
importante determinação uma vez que são sumetidas às contingências
da língua. As conclusões são ponderadas com relação à “música” e
também no contexto da educação musical.
Palavras-chave: Wittgenstein, filosofia da linguagem, música,
educação
32
O REGENTE DE CORO: EDUCADOR E ARTISTA
José Teixeira d´Assumpção Junior
UNIRIO/ PPGM
Mestrado em Música e Educação
Resumo: Este texto é parte de uma dissertação de mestrado em
andamento. O objetivo principal da presente pesquisa parte da
proposta de encontrar subsídios que fundamentem o raciocínio de que
o regente de coral por formação, vinculado a quaisquer instituições,
empresas ou associações brasileiras, precisa ter como elemento
essencial em sua prática de trabalho uma efetiva postura de educador,
com preocupações fundamentalmente pedagógicas, excetuando-se
deste rol os coros profissionais, os quais recebem remuneração pela
atividade que realizam. A partir de tal afirmação, pretende-se
constatar que uma atividade coral assim constituída pode apresentar
significativo diferencial em relação àquela exclusivamente voltada
para a performance pela “performance”, na qual a exclusão surge
como fator constante que caracteriza o modelo vigente. Esta distinção
não fundamenta-se somente nos resultados técnicos que possivelmente
serão alcançados, mas, sobretudo, na imensa perspectiva de
crescimento individual que estará inserida no processo como um todo,
onde os problemas possam ser contornados e resolvidos por meio de
uma atuação conscienciosa do regente que, enquanto artista, estará à
frente do grupo que lidera como aquele que o orienta da maneira mais
positiva possível e, enquanto educador, utilizará as práticas
pedagógicas com o propósito de criar um referencial estético que
satisfaça as expectativas de si próprio, do coro e do público, aliado a
valores absolutamente imprescindíveis à prática musical. O texto
procurará trazer à baila, portanto, questões referentes à prática do
regente de coro no sentido de facilitar a compreensão da sua conduta
no vasto processo de formação e êxito de um coral. Ao buscar
elementos, a partir deste enfoque, ratifica-se a idéia de que o sucesso
de qualquer coro depende, fortemente, das ações pedagógicas
adotadas por seu regente.
Palavras-chave: Regência coral, canto-coral, performance e educação
musical
A MÚSICA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL: UM ESTUDO COM PROFESSORAS DE
MÚSICA DAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE VERA CRUZ DO
OESTE-PARANÁ
Josiane Paula Maltauro Lopes
Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC
Mestrado em Música – Educação Musical
Resumo: O presente trabalho discorre sobre o projeto de pesquisa de
mestrado em música – Educação Musical, pelo Programa de PósGraduação em Música da Universidade do Estado de Santa Catarina.
33
A pesquisa está sendo realizada no município de Vera Cruz do Oeste Paraná, e tem como objetivo principal compreender a configuração
das aulas de música inseridas no currículo dos anos iniciais do ensino
fundamental das escolas públicas deste município, bem como
investigar a formação do professor de música atuante nesta localidade.
No município onde ocorre a pesquisa, a música é disciplina curricular
nos anos iniciais, tendo um professor específico para ministrar as
aulas de música. Porém, este professor não tem uma formação
específica de música, o que despertou o interesse em entender a
formação e atuação deste profissional, que conhecimentos musicais
julgam necessários para ministrar as aulas e como se fundamentam
estas aulas. A metodologia a ser utilizada é a abordagem qualitativa e
os dados estão sendo gerados através de consultas a documentos
oficiais, entrevistas semi-estruturadas e observações não-participantes.
Palavras-chave: educação musical, séries iniciais, formação do
professor de música
ASPECTOS ACÚSTICOS E FISIOLÓGICOS
DO SISTEMA RESSONANTAL VOCAL
COMO FERRAMENTA PARA O ENSINOAPRENDIZAGEM DO CANTO LÍRICO
Juliana Martins dos Santos
UNIRIO – Curso de Mestrado
Música e Educação
Resumo: Esta comunicação é o resumo de nossa dissertação,
defendida em 2010, cujo objetivo foi levantar que ferramentas
técnicas poderiam subsidiar o ensino-aprendizagem do canto lírico
com enfoque na ressonância vocal. Esse tema foi selecionado devido à
lacuna que existe na literatura sobre esse aspecto da técnica vocal em
português. Foi realizada uma revisão sobre acústica e fisiologia
vocais com enfoque no sistema ressonantal do trato vocal do cantor
lírico com base em estudos na área de física, anátomo-fisiologia,
fonoaudiologia e pedagogia vocal. Paralelamente foram selecionados
11 cantores/professores de canto cuja atividade era dividia entre
performance e o ensino do canto. Os professores tinham mais de 30
anos de idade, pelo menos 5 de docência, cantam ativamente e eram
oriundos de Rio de Janeiro, Niterói, São Paulo, Londrina, Curitiba,
Natal e Uberlândia. Dos 11 professores, 2 foram entrevistados
pessoalmente e 9 responderam ao modelo de questionário que consta
no Anexo 1 de nossa pesquisa. O questionário apresentava perguntas
que cobriam o aprendizado, prática e ensino da ressonância vocal.
Após o exame das respostas fornecidas foram levantados os principais
problemas técnicos encontrados e feito o confronto com a literatura
estudada. As conclusões finais também são encontradas no final desse
artigo.
Palavras-chave: Voz cantada, Acústica vocal, Canto lírico,
Pedagogia vocal
34
BANDAS DE MÚSICA ESCOLARES BRASILEIRAS:
ANALISANDO COMPOSIÇÕES DOS ALUNOS
INTEGRANTES
Lélio Eduardo Alves da Silva
UNIRIO – Curso de Doutorado
Ensino-aprendizagem em música
Resumo: Este faz parte de uma tese de doutorado cujos objetivos são:
analisar a atuação de mestres de bandas escolares, avaliar o
desenvolvimento musical de alunos e, após verificação destes
resultados, propor metodologias de ensaio para bandas de música
escolares. Entretanto, nesta comunicação nos deteremos somente à
avaliação do desenvolvimento musical dos alunos de bandas de
música escolares. Para alcançar tal objetivo da pesquisa foram
analisadas três formas de se relacionar com a música (Swanwick,
1988): apreciação musical (questionário e entrevista confirmatória
semi-estruturada); Composição (composição e improvisação) e
Performance (estudo preparado e estudo à primeira vista). Os sujeitos
pesquisados pertenciam a quatro bandas de música escolares e foram
escolhidos através de sorteio, perfazendo um total de dezesseis
indivíduos, sendo quatro de cada banda. As composições, aqui
relatadas, foram criadas por quatro alunos oriundos de uma das bandas
(Banda A, neste trabalho) e foram analisadas com base na Teoria
Espiral de Desenvolvimento Musical (Swanwick, 1988).
Palavras chave: banda de música, composição; desenvolvimento
musical, Teoria Espiral de Desenvolvimento Musical
MÚSICA NOS PROGRAMAS DE INGRESSO AO
ENSINO SUPERIOR: POSSIBILIDADES DE AMPLIAÇÃO DO
CONHECIMENTO MUSICAL E DA PRODUÇÃO DE
SABERES PEDAGÓGICOS MUSICAIS
Liège Pinheiro dos Reis
Universidade de Brasília
Mestrado em Música – Educação Musical
Resumo: A música é objeto de avaliação do Programa de Avaliação
Seriada da Universidade de Brasília (PAS/UnB) desde 1996. A
proposta do PAS tem sido responsável por transformações e mudanças
curriculares no cenário educacional do Distrito Federal. Considerando
este cenário, neste pôster apresentamos um recorte de pesquisa de
mestrado em andamento que pretende investigar de que forma a
proposta de avaliação da música no PAS e vestibular está sendo
desenvolvida pelos professores de música nas escolas de Ensino
Médio (EM) de Brasília (Asa Norte e Asa Sul). Este artigo aborda
especificamente o Ensino Médio como modalidade educacional em
discussão, a presença da música no Ensino Médio da cidade de
Brasília e as influências que essa modalidade de ensino tem sofrido
em virtude dos vestibulares tradicional e seriado (PAS/UnB) e do
35
Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Os documentos oficiais
que direcionam a Educação Básica do Distrito Federal e os
documentos fornecidos como guias aos candidatos pela Universidade
local fundamentam a discussão proposta. Para apresentar o cenário
educacional brasiliense e justificar a pesquisa realizamos um estudo
inicial, exploratório, para identificar a presença da música nas escolas
de Ensino Médio do Plano Piloto. Os resultados revelam duas
realidades distintas no cenário educacional do DF: a inserção da
música no currículo das escolas da rede particular de ensino e a
exclusão da aula de música na rede pública de ensino. Os resultados
obtidos são significativos, pois revelam transformações sociais e
pedagógicas no cenário educacional a partir da inserção da música nos
exames de ingresso as Instituições de Ensino Superior (IES),
apontando a importância de se investigar e discutir a presença da
música no contexto educacional.
Palavras-chave: Ensino Médio, música na escola, programas de
acesso às IES
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS: CAMINHOS PARA A
COMPREENSÃO DA APRECIAÇÃO MUSICAL?
Lúcia Regina de Sousa Moreira
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
Mestrado em Música
Música e Educação
Resumo: Este artigo apresenta um relato parcial da pesquisa que
busca verificar se existe uma representação social de „apreciação
musical‟ construída pelos professores de música, utilizando como
ferramenta a Teoria das Representações Sociais. Podemos justificar a
utilização desta teoria porque acreditamos que o conhecimento é
construído socialmente e que se dá na interação entre a sociedade e os
indivíduos, grupos ou sujeitos sociais. Neste caso, procuramos
entender se os professores de música têm construído um conceito
compartilhado socialmente sobre apreciação musical, se consideram
esta atividade importante para o desenvolvimento musical dos seus
alunos e como realizam suas atividades de apreciação em sala de aula.
Para tal analisamos o discurso dos professores por meio de entrevistas
(que ainda estão em andamento) com professores de escolas públicas
que tem em seu currículo consolidada a disciplina de Música, a saber:
Cap UERJ, Cap UFRJ e Colégio Pedro II. Utilizamos para a
apreensão das prováveis representações da apreciação musical a
análise retórica dos discursos, considerando seu caráter argumentativo
e intencional. No decorrer da pesquisa, já verificamos que existem
várias opiniões sobre o que é apreciar e que a apreciação musical tem
ocupado pouco espaço nas discussões sobre Educação Musical. Isto
nos levou a pensar que a razão dessa superficialidade no tratamento da
apreciação pode estar na falta de uma representação social que
pudesse orientar pensamentos, ações e comportamentos dos
professores em relação à apreciação musical. Portanto, utilizamos o
referencial de K. Swanwick, que considera a apreciação musical como
uma das três principais atividades musicais para o ensino e
aprendizagem da música para confrontar com as idéias apresentadas
36
por outros pesquisadores da temática e de S. Moscovici para a
compreensão da Teoria das Representações Sociais.
Palavras-chave: Apreciação
Educação Musical
Musical,
Representações
Sociais,
OS PROCESSOS DE MUSICALIZAÇÃO DOS
INSTRUMENTISTAS DE SOPRO NAS BANDAS MUSICAIS
DO MEIO OESTE CATARINENSE - DADOS INICIAIS DA
PESQUISA
Maira Ana Kandler
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)
Mestrado em Música
Subárea: Educação Musical
Resumo: O presente trabalho apresenta resultados parciais de uma
pesquisa de mestrado que está sendo desenvolvida junto ao Programa
de Pós-Graduação em Música, subárea: Educação Musical, da
Universidade do Estado de Santa Catarina. A investigação ligada à
linha de pesquisa Formação, processos e práticas em educação
musical, tem como principal objetivo estudar o processo de
musicalização dos instrumentistas de sopro das bandas de música da
região do meio oeste do Estado de Santa Catarina, buscando observar
como ocorre o ensino e o aprendizado de música nesses grupos e as
metodologias utilizadas. A revisão de literatura inclui a classificação
das bandas, o ensino de música e as metodologias de ensino utilizadas
nesses grupos. Após a revisão de literatura são descritas algumas
características da região onde o estudo está sendo desenvolvido. Além
da revisão de literatura são apresentadas características da região onde
o estudo está sendo desenvolvido. A pesquisa, de caráter qualitativo,
pode ser classificada como um estudo exploratório. A coleta de dados,
através de entrevistas com os maestros responsáveis pelas bandas
investigadas, foi realizada entre os meses de abril e julho do corrente
ano. Os dados apresentados neste texto trazem informações sobre a
formação musical dos maestros, a atuação e função desenvolvida por
outros profissionais junto às bandas, a classificação das bandas
encontradas, o ensino de música desenvolvido, os métodos de ensino
teórico e instrumental utilizados e o tempo de aprendizado anterior à
participação na banda.
Palavras-chave: banda de música, musicalização, educação musical,
ensino de música
37
EDUCAÇÃO MUSICAL DE DEFICIENTES VISUAIS –
ANALISANDO POSSIBILIDADES DE APLICAÇÃO DE
ALGUNS PRINCÍPIOS
DO MÉTODO SUZUKI
Marcelo Inagoki Rodrigues
Escola de Música da UFRJ - Curso de Mestrado em Música
Subárea: Educação Musical
Resumo: Esta pesquisa qualitativa, em andamento no Instituto
Benjamin Constant, conta com a participação de alguns alunos do
próprio IBC (cerca de onze alunos de música) e visa relacionar o
método Suzuki à educação musical de pessoas cegas e de baixa visão.
Essa idéia surgiu do pressuposto de que o método Suzuki, no âmbito
da educação musical, trabalha primeiro com o vivenciar musical para
que depois seja inserida a leitura musical. Para o deficiente visual, é
oportuno começar pela vivência musical, pois ele necessita trabalhar
os diversos elementos extra-visuais com o objetivo de amenizar a sua
condição de deficiente visual e elaborar imagens corporais que
exercitem a sua faculdade de interpretar o meio no qual está inserido
Verificamos também que começar o estudo da música através de uma
prática musical isenta de notação musical não significa permanecer ou
continuar com essa proposta, porque nada impede que o estudo
musical, no início, baseie-se no desenvolvimento de músicas já
escritas no sistema Braille a fim de preparar o aluno de música com
deficiência visual para o posterior estudo da musicografia Braille.
Quando o aluno for aprender a ler música em Braille, já poderá estar
executando músicas que já estejam escritas nesse sistema. Essa
pesquisa também dá margem a uma investigação instrumental, e o
instrumento escolhido pelo autor foi o violão. O instrumento de
Suzuki era o violino, porém o autor da pesquisa acredita que o violão
pode absorver características metodológico-musicais pertinentes ao
violino através de adaptações que combinem com “idioma musical”
do violão. Com essa pesquisa o autor pretende contribuir para a
educação musical especial, apontado caminhos de aprendizagem
musical para os alunos de música com deficiência visual e contribuir,
através da prática musical, para a integração do deficiente visual em
espaços de convívio musical.
Palavras-chave: Deficiência visual, método Suzuki, violão, educação
musical
POSSIBILIDADES DE MAPEAMENTO ESTRUTURAL,
PEDAGÓGICO E SOCIAL EM FILARMÔNICAS
ALAGOANAS
Marcos dos Santos Moreira
Universidade Federal da Bahia
Doutorando em Educação Musical
Resumo: Este artigo propõe dar seguimento a nossa abordagem sobre
bandas de música, tal qual foi a dissertação de Mestrado sobre assunto
similar de análise de métodos, defendida no ano de 2007, intitulada
38
“Aspectos históricos, sociais e pedagógicos nas filarmônicas do
Divino e Nossa Senhora da Conceição do Estado de Sergipe”,
apresentada nesta Universidade. Desta vez, concentraremos o estudo
em uma das funções da Música no lado social, analisando o perfil dos
integrantes de Bandas Filarmônicas do interior alagoano, realizando
um mapeamento físico estrutural, social e pedagógico.
Palavras-chave: Banda de Música, metodologia e sociedade
O ENSINO NÃO FORMAL EM MÚSICA: REFLEXÕES
SOBRE CONCEPÇÕES PEDAGÓGICO-MUSICAIS E A
FORMAÇÃO DA IDENTIDADE PROFISSIONAL DE UM
MÚSICO TROMPISTA DE ORQUESTRA SINFÔNICA
Marcos de Alencar Pellizzon
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO
Curso de Mestrado em Música / Música e Educação
Resumo: Este artigo é baseado em nossa pesquisa de mestrado e
discorre sobre o trajeto de formação do músico de orquestra e
professor de trompa e seu contexto no âmbito da educação não formal.
Apresenta sucintamente o contexto de surgimento deste professor e os
resultados da análise de sua pedagogia e da relação desta com o
mundo do trabalho, feitos a partir da Teoria das Representações
Sociais e Análise Retórica. Observando o êxito alcançado por alguns
músicos de orquestra sinfônica profissional, formados fora do âmbito
acadêmico, em preparar novos músicos de orquestra, ao longo de suas
carreiras, propusemo-nos, em nossa dissertação de mestrado,
investigar a trajetória de um músico professor, que chamamos de JS.
Nossa pesquisa foi conduzida dentro dos paradigmas da pesquisa
qualitativa, mediante a entrevista semiestruturada, portanto
consideramos o contexto histórico, social, cultural e territorial de
nossa unidade de estudo e dos demais participantes da pesquisa. Para
melhor analisar e compreender nosso objeto pesquisamos a trajetória
de formação musical de cinco pessoas, o professor e quatro de seus
alunos, sendo três destes profissionais com mais de 10 anos de
experiência em bandas e orquestras sinfônicas. Somado a recentes
estudos que abordam a questão da experiência prática do músico
professor, identificada como competência produtiva comprovada e
legitimada socialmente, este artigo procura contribuir com a reflexão
sobre a educação não formal em concomitância com o ensino formal,
propondo um entendimento dialógico que possa auxiliar na
compreensão dos processos de educação musical.
Palavras-chave: formação musical, educação não formal,
representações sociais, orquestra sinfônica, identidade profissional
39
PSICOPEDAGOGIA E MÚSICA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Maria Luiza Santos Barbosa
Universidade Federal da Bahia (UFBA)
Mestrado em Educação Musical
Resumo: Este artigo pretende agrupar algumas referências
bibliográficas que tratam de Dificuldades e Transtornos de
Aprendizagem, utilizando a Educação Musical como auxiliar no
tratamento desses transtornos. As áreas focadas para que este trabalho
se desenvolva de forma interdisciplinar são Psicopedagogia,
Psicologia da Música e Educação Musical.
Palavras-chave: Psicopedagogia, Educação Musical, Cognição
CORPO-VOZ-EMOÇÃO: UMA PROPOSTA DE PRÁTICAS
SENSIBILIZADORAS PARA O ENSINO DO CANTO LÍRICO
Maria Nazaré Rocha de Almeida
UNIRIO/PPGM
Doutorado em Música
Resumo: Este artigo tem como objetivo relatar parte dos resultados
prático-laboratoriais da pesquisa de doutorado cujo título é Corpo-vozemoção: uma proposta de práticas sensibilizadoras para o ensino do
canto lírico. Metodologicamente, temos como objeto de análise o
trabalho prático realizado com os alunos da disciplina Oficina de
Canto do Bacharelado em Canto da UNIRIO aos quais aplicamos
exercícios de sensibilização, expressão e consciência corporal
buscando a integração corpo-voz-emoção de acordo com os princípios
bioenergéticos de Reich (2004) e Lowen (1985). Nesta primeira fase
de coleta de dados decorrentes de 12 encontros de 2 horas cada, os
exercícios propostos foram registrados em foto, áudio e vídeo para
análise posterior dentro de um enfoque epistemológico evidenciado na
corporeidade de Assmann (1995), apoiado nos conceitos de
construção de conhecimento de Freire (1996) e nos saberes propostos
por Pires (2007): saber pensar, saber sentir, saber brincar, saber
criar. Parte dos resultados obtidos até o momento é a constatação da
pouca consciência corporal dos alunos de canto e a tendência de
segmentarem corpo/mente/emoção. Após os exercícios a maioria
percebeu com clareza a sensação de soltura e de espaços extras que
levaram a uma emissão vocal mais livre, mais fácil e de melhor
qualidade. Com base na literatura e nos dados que emanarem da
pesquisa prática pretende-se defender uma visão de ensino em que
haja a inclusão do corpo associado à história de vida e às emoções do
aprendente. Tais informações servirão de ferramentas para que o
professor de canto oriente seus alunos na direção de uma voz autêntica
e plena dentro de um corpo único, íntegro e livre.
Palavras-chave: canto lírico, corporeidade, procedimentos de ensino
40
INICIAÇÃO AO VIOLONCELO: ANÁLISE DE TRÊS
MÉTODOS E PROPOSTA DE SUA SUPLEMENTAÇÃO COM
REPERTÓRIO DO FOLCLORE BRASILEIRO
Maria Salete de Carvalho
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO
Mestrado em Educação Musical
Resumo: Este artigo refere-se à pesquisa de mestrado, concluída neste
ano de 2010, que analisou métodos de iniciação ao violoncelo para
crianças entre cinco e dez anos, com vistas a sua suplementação com
repertório do folclore brasileiro. Em uma primeira etapa fez-se uma
análise crítica de três métodos alemães para iniciação ao instrumento:
Der Cello-Bär - Meine Erst Celloschule (O Urso Cello - Meu primeiro
método de violoncelo), Früher anfang auf dem Cello (Iniciação ao
violoncelo), Cello mit Spass und Hugo (Cello divertido com tio
Hugo), respectivamente dos autores Heike Wundling, Egon
Sassmannshaus e Gerahrd e Renate Mantel. Tal análise, que teve
como fundamento teórico o Modelo C(L)A(S)P de Keith Swanwick
(1979) e a Teoria Espiral do Desenvolvimento Musical de Keith
Swanwick e June Tillman (1986) e Swanwick (1988), mostrou que os
métodos estudados estão centrados na aquisição da técnica
instrumental e na performance, apontando não só para a necessidade
de neles implementar as atividades de Composição, Apreciação e
estudos de Literatura sobre música, bem como de sua suplementação
com música brasileira que trate de questões semelhantes às propostas
nos referidos métodos, já que os mesmos utilizam canções do folclore
alemão. Em uma segunda etapa foi feita uma extensa pesquisa
bibliográfica que resultou na seleção de 227 canções da tradição
folclórica brasileira, para serem executadas utilizando-se o padrão de
digitação característico da primeira posição fechada e estendida,
conforme proposto nos métodos alemães. As canções, apresentadas na
forma de banco de dados, são um material pedagógico-musical valioso
tanto no estudo introdutório do instrumento, como na prática de
música de câmara ou ainda, como complementação dos métodos
alemães estudados.
Palavras-chave: violoncelo, análise de métodos, música brasileira,
canções folclóricas
GRADUAÇÃO E GRADUANDOS: UM ESTUDO EM
ANDAMENTO NA LICENCIATURA EM MÚSICA
DA UNIMONTES
Mário André Wanderley Oliveira
UFPB /PPGM
Mestrado em Música (Educação Musical)
Resumo: Este trabalho apresenta resultados parciais de uma pesquisa
que vem sendo realizada na Universidade Estadual de Montes Claros
– Unimontes. O empreendimento investigativo tem como intuito
compreender as inter-relações que se estabelecem entre o perfil de
41
formação da Licenciatura em Artes/Música da Unimontes e aspectos
socioculturais, expectativas e pretensões profissionais dos estudantes
do Curso. Através de uma pesquisa bibliográfica abrangendo as áreas
de educação musical, educação, sociologia, etnomusicologia,
antropologia e áreas afins; pesquisa documental contemplando
documentos do referido Curso; e aplicação de questionários e
entrevistas com estudantes, tem sido possível constatar que o Curso da
Unimontes, apesar de nem sempre apresentar características
formativas e socioculturais esperadas pelos estudantes, tem
conseguido direcioná-los para áreas às quais os próprios estudantes
consideram ser os pontos fortes da graduação: pesquisa em Educação
Musical e Etnomusicologia, ensino em escolas especializadas e no
ensino fundamental.
Palavras-chave: formação, Curso de Artes Música da Unimontes,
Montes Claros
PERCEPÇÃO MUSICAL: PRINCIPAIS CRÍTICAS E
PROPOSTAS METODOLÓGICAS
Pablo Panaro
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
Mestrado em Música
Música e Educação
Resumo: O desenvolvimento do sentido auditivo é considerado como
de fundamental importância para o desempenho do músico
profissional. A disciplina Percepção Musical, responsável pelo
desenvolvimento do ouvido musical, possui forte presença nos
currículos de graduação em música. Quais são as metodologias de
ensino comumente adotadas por essa disciplina, e qual o efetivo
alcance dessas práticas pedagógicas? Com este texto, procuramos
apresentar um sucinto panorama da disciplina e de suas práticas,
colocando em diálogo quatro autoras cujas pesquisas abordam a
questão da Percepção Musical: Virgínia Helena Bernardes Ferreira,
Cristina Bhering, Cristiane Hatsue Vital Otutumi e Maria Flávia
Silveira Barbosa. Verificamos que as principais críticas elaboradas por
essas autoras à disciplina dizem respeito à fragmentação do discurso
musical, e que os caminhos propostos para a superação das limitações
encontradas orientam-se no sentido de uma percepção mais ampla e
menos atomística da linguagem musical.
Palavras-chave: Percepção
metodologias de ensino
musical;
treinamento
auditivo;
42
JOGOS MUSICAIS: CONHECIMENTO, COMPETÊNCIAS
E HABILIDADES DOS PROFESSORES EM ATIVIDADES DE
SALA DE AULA
Paulo César Cardozo de Miranda
Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”
Instituto de Artes
Mestrado em Música - Subárea: Educação Musical / Etnomusicologia
Resumo: A pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso de
natureza qualitativa, realizado com docentes em escola pública da
cidade de São Paulo, e tem como foco os jogos e brincadeiras
musicais na Educação Musical. Buscou-se compreender a importância
dos jogos musicais entendidos como conhecimento e atividades
lúdicas desenvolvidos em atividades escolares, assim como
intermediadores na sensibilização e potencialização das competências
e habilidades exigidas ao educador, nos termos propostos por
Perrenoud (2000). Para a análise e a crítica desse material tomaram-se
as proposições de Loureiro (2003) de que a música tem um papel
fundamental na educação, contribui na formação de valores do
indivíduo e na socialização, dando, assim, significado ao diálogo
sobre educação musical associada ao indivíduo em formação e, ao
aprendizado da música corroborado por Fonterrada (2008) e Schafer
(1991), além de ser intermediador nos aspectos cognitivos, de acordo
a Vigotski (1996). Portanto, realizou-se sob o olhar da antropologia
cultural urbana, com base em Fernandes (1979), pesquisa via
questionários, com perguntas abertas e fechadas, para levantamento
do perfil do conhecimento e necessidades docentes em relação às
atividades educativas musicais e etnomusicográficas. Encontraram-se
evidências de que os jogos e brincadeiras musicais têm papel
importante como ferramenta de formação e de aula, porém evidenciase que os professores não estão preparados para utilizá-los no
cotidiano, portanto, não se apresenta de modo claro o
desenvolvimento de habilidades e competências para tanto, assim
como há evidência da necessidade de um programa de formação
continuada em Educação Musical.
Palavras-Chave: jogos e brincadeiras musicais, educação musical,
competências, habilidades musicais
A APLICAÇÃO DO ENSINO DE MÚSICA NO PROCESSO
DE REABILITAÇÃO DO DEFICIENTE VISUAL
Paulo Roberto de Oliveira Coutinho
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Curso de Mestrado - Educação Musical
Resumo: Este estudo levanta algumas observações de resultados
obtidos na aplicação do ensino de música no processo de
reabilitação do deficiente visual no Instituto Benjamin Constant.
Ensinando música para deficientes visuais que perderam ou estão
perdendo a visão na fase adulta, percebemos melhor suas angústias,
ansiedades e suas dificuldades atribuídas à perda da visão de forma
repentina. O objetivo desta pesquisa é relatar de forma investigativa
43
nossas estratégias propostas nas aulas de violão em grupo e nas aulas
de musicalização, e como essas estratégias podem influenciar no
aprendizado musical e na vida social desses reabilitandos. Como
metodologia, desenvolvemos entrevistas semi-estruturadas para a
coleta de dados juntamente com um levantamento bibliográfico de
assuntos que giram em torno de nossa pesquisa. Destacamos nesse
trabalho a proposta da pedagogia liberal renovada não-diretiva, uma
das linhas pedagógicas apontadas por Libâneo, influenciada pela
pedagogia da motivação desenvolvida por Carl Rogers, na qual trata
justamente de um relacionamento entre professor/aluno, onde o
professor é um agente facilitador e mediador de todo o processo.
Dialogando com alguns autores da área da psicologia e da educação
musical conseguimos nos apreender e investigar o processo de
ensino e aprendizagem desses alunos, o que nos trouxe a tona alguns
resultados como: uma maior procura pelas aulas de música; o violão
como uma atividade de lazer fora das aulas; a forma de se expressar
e se comunicar com a música nas aulas e nas apresentações; um
sentimento de superação e busca pela auto-estima.
Palavras-chave: deficiente visual, musicalização, pedagogia da
motivação, reabilitação
CORO DA UEL: CANTANDO E CONTANDO SUAS
REPRESENTAÇÕES
Regina Maria Bilha Balan Mazzarin
UNIRIO - Mestrado em Música
Música e Educação
Resumo: Este artigo surgiu como resultado de uma pesquisa de
mestrado concluída em 2010 que discutiu sobre aspectos históricos,
sociais e musicais do Coro da Universidade Estadual de Londrina.
Este coro encontrava-se em informalidade histórica e se constitui de
grande importância para cidade. As questões que guiaram este estudo
foram: por que as pessoas procuram ou procuraram o Coro da UEL
para cantar; como este coro criou a sua identidade ao longo da
história; como essa identidade se estabeleceu perante a cidade e outros
coros; e se o mesmo ampliou o âmbito das práticas musicais de seus
integrantes. O objetivo era compreender se o Coro da UEL se
constituía como uma Representação Social construída por seus ex e
atual regente e por seus ex e atuais cantores. Realizamos entrevistas
semi-estruturadas com uma unidade de análise. Utilizamos a retórica
como ferramenta de análise das entrevistas para compreender como os
mesmos construíram suas relações e representações a partir do seu
fazer musical no coro. Amparamo-nos também na Teoria das
Representações Sociais, de Serge Moscovici e seus discípulos, bem
como nas Funções da Música, de Allan Merriam. Concluímos que os
integrantes do coro vivem um entrelaçamento das funções da música
durante os ensaios e apresentações e para além dos mesmos de forma
dinâmica e numa inter-relação entre o eu-outro-objeto. Observamos
que o coro em estudo é o resultado desta intersubjetividade e de forma
partilhada seus ex e atuais integrantes construíram uma representação.
Com isso o Coro da Universidade Estadual de Londrina se constitui
como uma representação social.
44
Palavras-Chave: coro, representação social, funções da música
AVALIAÇÃO EM CANTO CORAL EM ESCOLA
PROFISSIONALIZANTE:
“UM POR TODOS OU TODOS POR UM”?
Simone Marques Braga
UFBA/Doutorado em Educação Musical
Resumo: A oportunidade de lecionar a disciplina Canto Coral, em
currículo de escola profissionalizante de música, na formação de
jovens e adultos instrumentistas, gerou reflexão acerca do processo
avaliativo: como avaliar o desempenho individual no contexto
coletivo do canto coral na escola? Esta problemática foi ponto de
partida para a elaboração da pesquisa do Mestrado em Educação
Musical do Programa de Pós Graduação em Música da UFBA, sob a
orientação da Profª Drª Cristina Tourinho, a ser aplicada no Curso
Técnico em Instrumento no Centro de Educação Profissional
Pracatum, em Salvador. Foram elaboradas e aplicadas, em três turmas
de 1º ano, atividades musicais envolvendo conhecimentos do
instrumento voz e abordando execução, apreciação, saberes teóricos,
criação e aspectos de técnica para verificar o desenvolvimento
individualizado, baseadas no Modelo C.(L).A.(S).P de Swanwick
(1979) e a concepção de conteúdos concebida por Coll (1994). Os
seus objetivos foram elaborar atividades para avaliar o
desenvolvimento individual; estar coerente com a proposta de ensinoaprendizagem da educação profissional; adotar uma avaliação
processual; valorizar as diferenças e particularidades de cada aluno;
desenvolver ou potencializar competências e habilidades exigidas pelo
mercado de trabalho atual; definir conteúdos a serem desenvolvidos
no canto coral e contribuir para a construção de conhecimentos teórico
e prático do instrumento voz. Os resultados obtidos na aplicação
destas atividades apontam ser uma estratégia relevante para a
verificação dos conteúdos, material didático, método de ensino,
postura docente e processo avaliativo. Os dados coletados permitem
concluir que uma avaliação planejada e diversificada, o considerar a
duração da aula, prazos e datas do calendário escolar, objetivos da
proposta de ensino, conteúdos e o processo do desenvolvimento de
saberes musicais dos alunos, adequa-se ao contexto profissionalizante
escolar.
Palavras-chave: avaliação musical, canto coral, educação profissional
45
APRENDIZAGEM DO INSTRUMENTO MUSICAL
REALIZADA EM GRUPO: FATORES MOTIVACIONAIS E
INTERAÇÕES SOCIAIS
Tais Dantas
Universidade Federal da Bahia – PPGMUS
Doutorado em Educação Musical
Resumo: Este trabalho apresenta reflexões acerca de fatores
motivacionais e interação na aprendizagem do instrumento musical
realizada em grupo. A abordagem é fruto da pesquisa de Mestrado em
Educação Musical realizada na Universidade Federal da Bahia que
investigou aspectos psicossociais relacionados ao ensino coletivo de
instrumentos musicais e suas influencias para a aprendizagem
musical. O interesse em trazer o tema à discussão surgiu após a
obtenção dos resultados da pesquisa onde se verificou que, dentre
outros fatores, a convivência e a interação com os colegas é o fator
que mais motiva os estudantes para a aprendizagem musical. A
pesquisa foi desenvolvida por meio de um estudo de caso exploratório
realizado com professores do ensino coletivo e com alunos de duas
turmas do 6º ano do ensino fundamental II do Colégio Adventista de
Salvador (Bahia) que participam das aulas de instrumentos de cordas,
oferecidas na grade curricular como opção na disciplina Artes. Na
busca de fundamentos para solidificar o entendimento das interações
sociais no âmbito da aprendizagem musical, este texto destaca
aspectos relacionados às funções sociais da música; à relação existente
entre motivação, performance musical e motivação; e à relação
existente entre prática musical e identidade social. O texto apresenta
ainda as contribuições de Vygotsky para a psicologia da educação, no
que diz respeito à importância das interações sociais na aquisição de
conhecimento. Observando o contexto onde a pesquisa foi
desenvolvida, o trabalho encontrou também aporte nas propostas de
Henri Wallon e sua teoria a respeito do desenvolvimento do ser
humano.
Palavras-chave: aprendizagem musical, motivação, interações sociais
ARTES E MÚSICA NOS CURSOS DE PEDAGOGIA
PAULISTAS
Wasti Silvério Ciszevski
Universidade Estadual Paulista - Instituto de Artes da UNESP
Mestrado em Música
Educação Musical
Resumo: Esta comunicação trata da pesquisa de mestrado em
andamento “O espaço da música nos cursos de Pedagogia do Estado
de São Paulo”, que tem por objetivo conhecer a realidade da formação
musical desses cursos, verificando quais suas propostas, desafios e
necessidades. Nesta comunicação será apresentado um breve histórico
acerca da formação de professores polivalentes no Brasil, os caminhos
metodológicos utilizados na pesquisa e trazidos alguns resultados
46
iniciais, que dizem respeito ao espaço da música no campo das Artes,
tendo como enfoque os currículos dos cursos de Pedagogia paulistas.
Palavras-chave: educação musical, ensino de artes, currículo,
formação de professores, cursos de Pedagogia
47
LEM – Liguagem e Estruturação Musical/Teoria da Música
DELEUZE E O ABLETON LIVE: A CRIAÇÃOPERFORMANCE PELA IMPROVISAÇÃO EM UM
SOFTWARE PARA MÚSICOS DIGITAIS
Alexei Michailowsky
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/PPGM
Doutorado em Música
Sub-área: Linguagem e Estruturação Musical
Resumo: Para o musicólogo britânico Andrew Hugill, a emergência e
o desenvolvimento de tecnologias eletrônicas e digitais aplicadas à
música favoreceram o surgimento de uma nova categoria de músicos,
os músicos digitais, situada no vácuo entre as tradições popular e de
concerto, sem vínculos estritos com alguma delas, mas com trânsito
entre ambas, e buscando constantemente formas de diálogo. Dentre as
ferramentas mais importantes utilizadas atualmente pelos músicos
digitais, destaca-se o software alemão Ableton Live, cuja proposta
fundamental é a de apresentar uma plataforma aberta e convergente
sobre a qual sistemas metafóricos diversos, situados basicamente entre
o músico instrumentista e o DJ – cuja expressão musical se constrói a
partir da reprodução de peças ou trechos musicais pré-gravados –,
podem ser projetados, montados e manipulados pelo usuário para
geração e processamento de sons. A partir dessas metáforas, a
composição pode ocorrer no próprio ato da performance. Esta, por sua
vez, se funda na articulação e combinação de materiais musicais pela
improvisação, e se orienta não necessariamente pela leitura de um
texto codificado, mas por uma “super-escuta” situada entre os
conceitos de entendre e comprendre formulados por Pierre Schaeffer
(1910-1995). Diante de um quadro no qual a composição musical
surge norteada por uma ampla noção de liberdade e a relação entre as
figuras do compositor e do intérprete apresenta características bastante
singulares, este trabalho procura associar a criação-performance
musical improvisada através do Live com alguns conceitos lançados
pelo filósofo francês Gilles Deleuze (1925-1995), e propor uma
perspectiva diferente de abordagem relativa às práticas musicais de
composição, execução e improvisação.
Palavras-chave: músicos digitais, softwares de criação e execução
musical, Ableton Live, improvisação musical, composição musical,
Gilles Deleuze
48
“NAS FRONTEIRAS DA TONALIDADE”: TRADIÇÃO E
INOVAÇÃO NA HARMONIA E NA FORMA DA PRIMEIRA
SINFONIA DE CÂMARA, OP. 9, DE ARNOLD SCHOENBERG
Carlos de Lemos Almada
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
Doutorado em Música
Linguagem e Estruturação Musical
Resumo: Este texto pretende apresentar em linhas gerais o conjunto
de minhas pesquisas de mestrado e de doutorado, ambas direcionadas
a uma análise aprofundada da Primeira Sinfonia de Câmara op.9,
composta por Arnold Schoenberg. Focalizando a estrutura formal
dessa obra, a pesquisa de mestrado tornou-se a base para o estudo
desenvolvido no doutorado, cuja abordagem centrou-se na estrutura
harmônica. A importância de tal base é constatada não apenas na
organização de um conjunto de referências para a análise harmônica
(seccionamento formal, identificação e hierarquia de motivos e temas
etc.), como também na elaboração de estratégias metodológicas. A
integração das metodologias formal e harmônica tornou-se um fator
decisivo para a consecução do estudo global, cujo principal objetivo é
validar a hipótese de que a Sinfonia de Câmara teria atuado como uma
peça-chave, não só em relação ao período tonal de Schoenberg, como
também à própria história da música. Isto se deveria à conjunção de
dois fatores decisivos: uma infraestrutura formal e harmônica
solidamente ancorada na tradição musical austrogermânica (da qual
Schoenberg considerava-se o principal continuador) e um número
surpreendente de inovações (principalmente vinculadas ao campo da
harmonia), fruto de um longo e gradual processo de aperfeiçoamento
de obras precedentes do compositor. Portanto, o equilíbrio especial
entre tradição e inovação que se percebe na Sinfonia schoenberguiana
é o ponto central deste estudo. Como referencial teórico para o
trabalho foram levados em conta especialmente diversos textos
escritos pelo próprio Schoenberg (livros, artigos e ensaios), que
nortearam não só a elaboração de uma contextualização histórica da
obra, como também propiciaram uma adequada fundamentação para
questões conceituais e terminológicas ligadas aos aspectos formais (aí
incluída a construção motívico-temática) e harmônicos.
Palavras-chave: Primeira Sinfonia de Câmara op.9 – Harmonia –
Análise – Tradição – Inovação
RADAMÉS GNATTALI E A TRILHA MUSICAL NO CINEMA
BRASILEIRO
Daniel Menezes Lovisi
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO
Mestrado (Área de concentração: Musicologia / Subárea: Linguagem e
Estruturação Musical)
Resumo: Breve estudo da trajetória do compositor gaúcho Radamés
Gnattali como compositor de trilhas musicais para filmes nacionais e
sua relação com diferentes movimentos estéticos dentro da linguagem
cinematográfica brasileira. Através de considerações musicais a
respeito das trilhas musicais dos filmes Rio 40 graus e Cala a boca
49
Etelvina, busca-se compreender, em linhas gerais, como o compositor
estruturou suas composições e o modo como estas são articuladas às
estórias que acompanham. Tendo em vista o fato do Brasil ser um dos
grandes mercados importadores de filmes estadunidensenses, busca-se
ainda entender de que forma o compositor foi influenciado pelos
filmes estrangeiros, e como suas trilhas musicais revelaram, muitas
vezes, estilos existentes em trilhas de produções norte-americanas.
Palavras-chave: música, cinema, trilha sonora, Radamés Gnattali
PARTICULARIDADES HARMÔNICAS NAS COMPOSIÇÕES
DE NAILOR AZEVEDO “PROVETA” PARA A BANDA
MANTIQUEIRA
Emiliano Cardoso Sampaio
Universidade Estadual de Campinas
Mestrando em música – Fundamentos Teóricos
Resumo: Este trabalho apresenta parte da pesquisa de mestrado, que
tem como objeto de investigação, o lado menos conhecido do músico
Nailor Azevedo “Proveta”, como compositor da Banda Mantiqueira.
A realização das análises musicais das composições “À Procura” e
“Bixiga”, dos álbuns “Aldeia” (1996) e “Bixiga” (2000), nos levou a
perceber a utilização de procedimentos técnicos que parecem ser
característicos da sonoridade de suas composições para a Banda
Mantiqueira, e que essas particularidades na escrita musical refletem
uma formação musical que passou pelo estudo de gêneros musicais
diversos, num contexto histórico em que os processos de hibridização
cultural são muito presentes. A partir da análise de trechos das
composições, pretendemos mostrar as características mais marcantes
na escrita de Nailor em relação à utilização da harmonia, mostrando
como a formação de Nailor, como músico de sopro que não toca
nenhum instrumento de harmonia, faz com que o pensamento
harmônico presente nas composições tenha particularidades, sendo a
harmonia, para Nailor, vivenciada a partir da experiência de tocar um
instrumento melódico. Em resumo, é neste lado menos conhecido de
Nailor, como compositor da Banda Mantiqueira, que identificamos o
lado mais experimental de sua produção musical.
Palavras-chave: Banda Mantiqueira, Nailor Azevedo, música
popular, arranjo, composição
CLAUDIO SANTORO E O II CONGRESSO DE
COMPOSITORES PROGRESSISTAS DE PRAGA
Ernesto Hartmann
UNIRIO - Doutorado em Música
Linguagem e Estruturação Musical
Resumo: A presente comunicação aborda o período Nacionalista, do
compositor brasileiro Claudio Santoro, a partir da análise da influência
do Zdhanovismo, política soviética de cultura, imposta durante o
Stalinismo na URSS. Como conseqüência, o discurso de Santoro
aponta para uma mudança radical em sua estética, moldada a partir de
1948 pela sua orientação política-ideológica.
50
Palavras-chave: Zhdanovismo, Cláudio Santoro, Realismo Socialista
RICARDO TACUCHIAN: CAMINHOS ESTÉTICOS E
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Humberto Amorim
UNIRIO –PPGM
Doutorado em Música
Linguagem e Estruturação Musical
Resumo: Este artigo se divide em duas etapas sobre as quais se
objetivam cumprir dois propósitos: 1) Como proposta primeira, tecer
um breve panorama sobre a trajetória do compositor brasileiro
Ricardo Tacuchian (1939), que será dividida em 04 vertentes de
atuação: como regente; como professor; como animador e líder
cultural; e, finalmente, como compositor. Na análise desta última, será
proposta também uma subdivisão de sua produção artística em 05
distintos momentos criativos, revelando as inclinações estéticas que
orientaram a produção do compositor entre as décadas de 1970 e
2000; 2) Como proposta segunda, será apresentada uma primeira e
inédita revisão bibliográfica sobre o objeto de estudo, dividindo a
literatura disponível sobre o tema em 04 níveis de categorização: 1)
Verbetes em dicionários ou enciclopédias de música; 2) Citações em
livros de música e, especialmente, história da música brasileira; 3)
Artigos publicados em revistas especializadas e trabalhos acadêmicos
de autores diversos; 4) E, finalmente, artigos publicados em revistas
especializadas e trabalhos acadêmicos do próprio compositor.
Palavras-chave: Ricardo Tacuchian, fases composicionais, revisão
bibliográfica
REMINISCÊNCIA E PARÁFRASE: ESTUDO DE CASO
Maurício De Bonis
ECA-USP
Doutorado / Linguagem e Estruturação Musical
Resumo: Em meio a uma pesquisa sobre citações e referências
históricas em processos de criação na música contemporânea, comecei
a cotejar os objetos de estudo com alguns casos análogos em minha
própria produção como compositor. Na peça para piano
Réminiscences de Turandot, imaginei uma espécie de paráfrase, “à
maneira” das paráfrases operísticas de Liszt, mas com os recursos
composicionais dos dias de hoje. Muito mais que ao virtuosismo
instrumental, dediquei-me à elaboração harmônica, polifônica e
textural a partir de alguns materiais extraídos do Turandot de Puccini.
Nos textos de Henri Pousseur e Willy Corrêa de Oliveira, a intenção
semântica operada com esse procedimento metalinguístico é vista
como uma possibilidade criativa de importância marcante no estado
atual da linguagem musical.
51
Palavras-chave: paráfrase, metalinguagem, composição
PIXINGUINHA E O MODELO VERTICAL DE
IMPROVISAÇÃO DO CHORO BRASILEIRO
Paula Veneziano Valente
ECA/USP
Doutorado em Processos de Criação Musical
Resumo: Este artigo é uma reflexão sobre o aspecto improvisação na
obra de Pixinguinha. Através de análise de um de seus contracantos
observamos seus principais caminhos e preferências a fim de
apresentar um modelo predominante em suas improvisações
Palavras-chave: Improvisação, Análise, Música Popular Brasileira
DA METÁFORA DO CAMINHANTE NA TEORIA DA
HARMONIA TONAL
Sérgio Paulo Ribeiro de Freitas
Universidade Estadual de Campinas – Unicamp
Programa de Pós-Graduação em Música – Doutorado
Fundamentos Teóricos da Música Popular
Resumo: A presente comunicação é parte de um estudo sobre as
atuais práticas teóricas da música popular que leva em consideração
aquela consabida condição de que nossa experiência com a música
(com a crítica, a composição, a fruição, a análise, a historiografia, a
teoria musical, etc.) requer experiência com uma trama altamente
elaborada de metáforas e analogias. Na presente oportunidade
aborda-se parcialmente algumas das propriedades, procedências,
pertinências e alcances que, de maneira pluricausal, se mesclam
ajudando a construir e a sustentar a imagem, dada como comum na
teoria da harmonia tonal contemporânea, de que a sucessão
combinada de acordes, áreas tonais, regiões ou tonalidades pode ser
imaginada, apreendida, descrita e racionalizada como uma espécie de
“caminhada” que, passando por certos lugares e fases, expectativas e
ocorrências, obstáculos e prolongações, contrastes e reiterações, etc.,
tende a nos conduzir para um determinado fim enriquecendo-nos
com os percalços do trajeto.
Palavras-chave: metáfora, Metaforologia da harmonia tonal, práticas
teóricas da música popular
52
ESTRUTURA E ORGANICIDADE NA PEÇA “O
PASSARINHO DE PANO” DE VILLA-LOBOS – UM ESTUDO
ANALÍTICO PRELIMINAR
Walter Nery Filho
Universidade de São Paulo (USP)
Técnicas Composicionais e Questões Interpretativas
Linguagem e Estruturação Musical
Resumo: Parte integrante da coletânea de nove peças para piano solo
A Prole do Bebê Nº2, O Passarinho de Pano se insere como um dos
objetos de minha pesquisa de mestrado, a qual diz respeito à análise
integral do ciclo. Apesar de não ser dotado de uma habilidade
incomum ao piano, Villa-Lobos possuía absoluto domínio sobre a
técnica de escrita pianística. Nitidamente preocupado em revelar
novos processos composicionais, colocou seu trabalho sempre a
serviço de um resultado de elevado significado expressivo. De fato, a
Prole do Bebe Nº2 alinhava a escrita de Villa-Lobos com a escrita que
pouco a pouco se esboçava na Europa do início do século XX e o
compositor, por meio de uma rítmica estimulada por acentuações
imprevistas e de um atonalismo mais ousado, aproximava-se dos
vanguardistas contemporâneos como Stravinsky, Varèse e Bartók sem
que esse paralelismo incorresse em perda da sua identidade nacional e
de suas características particulares. Cada peça da coleção é
impregnada de notável teor imagético e deixa transparecer, através de
mecanismos sinestésicos, as entidades assinaladas no subtítulo da
obra, a saber, Os Bichinhos. No caso específico d‟ O Passarinho de
Pano, sétima peça da coletânea, podemos ir mais além.
Diferentemente das demais obras da coleção, é desprovida de funções
tonais e de aparentes motivos, ao mesmo tempo em que possui uma
natureza quase que integralmente atemática, a não ser pela tênue
citação da melodia folclórica “Olha o Passarinho Domine”. Em uma
primeira aproximação, estes fatos evocam estratégias analíticas
voltadas para a pesquisa de aspectos relacionados às relações
intervalares e ao tratamento de possíveis motivos existentes.
Palavras-chave: O Passarinho de Pano, Villa-Lobos, A Prole do Bebê
No 2
53
MU – Musicologia
O FADO PORTUGUÊS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO:
1950-1970
Alberto Boscarino Junior
UNIRIO/PPGM
Doutorando em Música/Musicologia
Resumo: Esta comunicação busca compreender a trajetória do fado no
Brasil como canção popular portuguesa e sua relação com os
imigrantes portugueses estabelecidos no Rio de Janeiro no decorrer do
século XX. Serão analisados o fado e os meios de difusão utilizados
pelas colônias portuguesas estabelecidas na cidade do Rio de Janeiro
entre as décadas de 1950 e 1970, as quais organizavam eventos sociais
a fim de preservar sua memória cultural. Na década de 1960, o fado
português passa por uma reformulação estética em relação a sua
forma, harmonia e temática, como podemos observar através da
trajetória artística da cantora Amália Rodrigues e de suas
composições. O período escolhido para o estudo do fado no Rio de
Janeiro pode revelar diferentes aspectos acerca da escuta musical da
colônia portuguesa à época, inclusive uma divisão entre adeptos do
formato estético novo e ouvintes tradicionalistas que rechaçaram em
um primeiro momento o fado que se atualizava. O conceito de mundo
artístico, de Howard Becker auxiliará na interpretação das práticas
musicais e sociais em torno do fado português, incluindo a análise das
predisposições interiorizadas, do espaço artístico, das relações
existentes entre as redes sociais e a forma de cooperação dos atores
sociais. Além do suporte teórico adotado, serão consultadas fontes
documentais e colhidos depoimentos orais de pessoas que integram
essa rede social luso-brasileira. O presente ensaio obtém informações
através da metodologia adotada em nossa pesquisa, fundamentada na
coleta de dados através da história oral. Buscamos assim reconstituir
uma parte da história musical da cidade, investigando a música do
fado e sua relação com a diáspora portuguesa na cidade do Rio de
Janeiro.
Palavras-chave: Fado, Imigração Portuguesa, Mundo Artístico,
História Oral
QUADROS DE UMA EXPOSIÇÃO - DIFERENTES FORMAS
DE ORQUESTRAÇÃO
Daniel Andrioli Rodrigues Motta
UNESP/Instituto de Artes
Mestrado em Música / Musicologia
Resumo: Este projeto prentende estudar a suíte “Quadros de Uma
Exposição” de Modest Mussorgsky, a orquestração dela feita por
Maurice Ravel e o arranjo para violão solo de Kazuhito Yamashita, de
maneira comparativa. Partindo da análise do original para piano do
“Quadros de Uma Exposição” de Modest Mussorgsky, será realizada
54
uma pesquisa dos processos composicionais utilizados por Maurice
Ravel para sua orquestração da mesma obra e como estes processos
foram utilizados por Kazuhito Yamashita em seu arranjo para violão
solo. A pesquisa desperta grande interesse nos violonistas por
trabalhar com uma obra tão rica e complexa para o instrumento e
busca levantar um novo olhar para a importância da orquestração
realizada por Ravel e da obra mais famosa de Mussorgsky.
Palavras-Chave: Violão, Orquestração, Ravel, Mussorgsky,
Yamashita, Quadros de uma Exposição
ELABORAÇÕES RÍTMICAS EM JOÃO GILBERTO
Enrique Menezes
Universidade de São Paulo – ECA/USP
Mestrado em Música / Musicologia
Resumo:A música de João Gilberto tem sido bastante estudada por
autores diversos, através de variadas abordagens. Dentre elas, a mais
presente é a biográfica, que prioriza a descrição de fatos ocorridos na
vida pessoal e nas relações sociais do autor, em detrimento do fato
musical em si. Pretendemos contribuir aqui pelo viés da musicologia,
através de uma análise calcada em suas tradições. Elegemos a
elaboração rítmica da música de João Gilberto como recorte
específico, procurando esclarecer um pouco mais sua arte através de
aproximações com outras concepções rítmicas brasileiras.
Palavras-Chave: Síncopa, offbeat timing, planos sonoros
CRÍTICA MUSICAL – REPRODUÇÃO DE
RECONHECIMENTO
Fernando Eduardo M. S. Fernandes
UNIRIO – Programa de Pós-Graduação em Música
Mestrado em Música - Musicologia
Resumo: Este artigo apresenta reflexões sobre o material que vem
sendo coletado desde o início da escolha do tema desta pesquisa. Os
resultados parciais demonstrados aqui se referem à análise de críticas
musicais jornalísticas, tanto do ponto de vista musicológico, no que
diz respeito ao léxico presente nos textos dos críticos, quanto do ponto
de vista sociológico quando se tratam de reflexões sobre do grau de
relevância deste seguimento da comunidade jornalística e a relação
deste com o campo profissional da música. Os resultados e conclusões
parciais presentes neste texto fazem parte de uma seção importante do
quadro geral da pesquisa e principalmente dos estudos sociológicos a
que ela está relacionada, porém este texto representará uma sub-seção
inserida em um seguimento da pesquisa que busca relacionar
conceitos e teorias trazidas do sociólogo Pierre Bourdieu com os
produtos culturais e principalmente com o discurso sobre música que
são veiculados pelos periódicos mais conhecidos. Como objeto central
da pesquisa, o discurso sobre música é analisado aqui a partir de
comparações entre diferentes textos de críticos de música que
publicam suas avaliações nos cadernos de cultura semanais dos
55
jornais. Três críticas são descritas e analisadas neste texto, uma se
refere ao cantor e compositor Raul Seixas e as outras duas avaliam um
disco recém lançado de Gilberto Gil. Partindo da hipótese da
existência de um discurso consistente e capaz de se reproduzir por
diferentes meios de comunicação da sociedade, os textos dos críticos
de música são pensados aqui como sendo uma forma materializada
deste discurso que está presente principalmente no senso comum e nas
lutas em busca de distinção e afirmação, realizadas entre os diferentes
grupos sociais que compõe a sociedade brasileira dos dias de hoje.
Palavras-chave: Crítica musical; reprodução; reconhecimento
MÚSICA
E
ULTRAMONTANISMO:
UMA
CONFIGURAÇÃO “MODERNA” DA POLIFONIA NAS
MISSAS DE FURIO FRANCESCHINI?
Fernando Lacerda Simões Duarte
Instituto de Artes de São Paulo – UNESP
Mestrado em Música – Área de concentração: Musicologia
Resumo: Este trabalho apresenta resultados parciais, procedimentos e
conceitos explicadores utilizados no estudo das seis missas compostas
entre 1907 e 1971 pelo mestre-de-capela da Sé de São Paulo, Furio
Franceschini (1880-1976). Partiu-se do pressuposto de que
compreender integralmente uma obra musical só é possível se esta for
considerada em sua função – neste caso, ritual – e nos contextos
histórico e social em que foi composta. Assim, buscou-se
compreender a relação entre a mudança na concepção do que seria a
música sacra adequada ao culto católico e as mudanças institucionais
pelas quais a Igreja Católica passou ao longo do século XIX. A coincidência dos dois movimentos de restauração – musical e
institucional – resultou no Motu proprio (1903) de Pio X, documento
que regulou com força de um “código jurídico de música sacra” as
composições do período. Foram analisadas suas principais disposições
e de outros documentos emanados pela Cúria Romana, bem como
seus reflexos na prática musical mesmo em regiões periféricas como o
Brasil. A principal questão levantada diz respeito ao estilo aplicado
por Franceschini em suas missas, ou seja, o que há dos estilos
moderno, antigo e palestriniano nestas obras classificadas como
repertório restaurista. Para a compreensão do período, recorreu-se a
conceitos explicadores da História e da Sociologia Jurídica. A análise
musical foi realizada com o intuito de identificar nas obras enfocadas
características comuns que determinassem o estilo composicional
empregado. Com vistas a uma efetiva contribuição em nível prático,
buscou-se utilizar o presente estudo como uma ferramenta para a
compreensão da prática musical hodierna na Igreja Católica. Assim,
questionou-se a visão estabelecida de uma irrevogável perda de
sentido do repertório restaurista em detrimento da música pósconciliar, bem como a noção de unidade da Igreja incentivada por
Roma na primeira metade do século XX.
Palavras-chave: Furio Franceschini, Missas, Ultramontanismo, Motu
próprio
56
DAS RELAÇÕES ENTRE VOLIÇÃO ARTÍSTICA E MEIOS
TÉCNICOS: DISCUSSÕES PRELIMINARES PARA UMA
POSSÍVEL CRÍTICA DA “VIDA MUSICAL”
Gabriel Sampaio Souza Lima Rezende
Universidade Estadual de Campinas – Unicamp
Programa de Pós-Graduação em Música – Doutorado
Fundamentos Teóricos
Resumo: As relações entre volição artística e meios técnicos são o
ponto de partida para as reflexões apresentadas neste artigo. Tomando
como referências as obras de Immanuel Kant, Max Weber e Theodor
Adorno, discutiremos essas relações visando construir uma base
teórica para uma possível crítica de noções norteadoras da “vida
musical”, tais como “autonomia”, “originalidade” e “espontaneidade”.
Inicialmente, apoiado na teoria kantiana, o foco recai sobre a
dimensão idealista do fazer musical. Em seguida, a perspectiva
weberiana de uma sociologia da música empírica desloca a atenção
para a dimensão material desse fazer. Por fim, em uma espécie de
síntese, o pensamento musical de Adorno coloca em primeiro plano as
relações entre sujeito e material musical.
Palavras-chave: Música e sociedade, Kant, Max Weber, Adorno
“TUA IMAGEM PERMANECE IMACULADA”: NOTAS
SOBRE UMA TRANSCRIÇÃO DO ARRANJO DE RADAMÉS
GNATTALI PARA LÁBIOS QUE BEIJEI, 1937
Geremias Tiófilo Pereira Júnior
UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
Programa de Pós-Graduação em Música – Mestrado
Fundamentos Teóricos da Música Popular (Musicologia)
Resumo: Esta comunicação tem por objetivo mostrar algumas das
características do trabalho de Radamés Gnattali como arranjador
enfocando a valsa canção “Lábios que beijei”, uma composição de J.
Cascata e Leonel Azevedo gravada, em 1937, por Orlando Silva. O
“cantor das multidões” despontou com grande projeção no mercado
fonográfico brasileiro com essa canção, contribuindo para o crescente
reconhecimento do nome de Radamés Gnattali como arranjador.
Considera-se que com este arranjo para “Lábios que beijei” Radamés
Gnattali marcou o início de sua profissionalização no mercado
fonográfico. A partir destes dados e tendo em vista que, até o presente
momento, não foi possível encontrar manuscritos das partituras
referentes a esta gravação optei por realizar uma transcrição do
referido arranjo. Ciente de que não se trata de uma transcrição exata, e
dadas as características das reproduções em áudio hoje disponíveis,
essa tarefa resulta numa partitura um tanto limitada, no entanto busca
atingir uma realidade próxima ou suficiente para os objetivos deste
trabalho. Diante disso, procuro neste arranjo de Radamés Gnattali
detectar procedimentos que influem no resultado musical da obra tais
como: o manejo no tratamento da instrumentação entre cordas sopros
57
e percussão; o equilíbrio entre o grupo instrumental e o canto; e a
contribuição dos intérpretes, instrumentistas e cantor, que com esta
gravação produziram um número musical que tocou massivamente no
Brasil. Além disso, tangencialmente, procuro abordar também
algumas questões referentes ao entorno cultural, social e histórico
brasileiro da época buscando com isso, pistas para situar o período
inicial de Radamés Gnattali como arranjador.
Palavras-chave: arranjo, transcrição, Radamés Gnattali, música
brasileira, indústria fonográfica
A RODA É UMA AULA: UMA ANÁLISE DOS PROCESSOS
DE ENSINO-APRENDIZAGEM DO VIOLÃO ATRAVÉS DA
ATIVIDADE
DIDÁTICA
DO
PROFESSOR
JAYME
FLORENCE (MEIRA)
Iuri Lana Bittar
UNIRIO/PPGM
Mestrado em Música-Musicologia
Resumo: Jayme Florence, o Meira (1909-1982), é reconhecido na
literatura como um dos principais mestres de violão no Rio de Janeiro,
levando em conta alguns dos seus discípulos, como Baden Powell,
Raphael Rabello ou Maurício Carrilho. Porém, pouco se fala sobre o
conteúdo musical utilizado por Meira, que tanto contribuiu para a
formação desses, e também de tantos outros violonistas, profissionais
ou amadores. Buscamos nesse artigo, trazer à tona alguns elementos
que contribuam para a (re)construção de um perfil de Meira enquanto
professor. As fontes que fundamentam essa discussão são as
entrevistas, realizadas durante nossa pesquisa, com alguns ex-alunos
de Meira. Através das lembranças de seus alunos, e das descrições
referentes às aulas, nos aprofundamos em diversos aspectos, como
métodos utilizados por Meira, exercícios técnicos, repertório e a
própria dinâmica das aulas, onde Meira trazia para dentro do espaço
de ensino-aprendizagem do violão elementos presentes na prática
musical do choro, fazendo da sua aula, em alguns momentos,
verdadeiras rodas de choro. Outras fontes também nos auxiliaram
nesta discussão, como alguns manuscritos preservados pelos alunos,
desde a época em que estudavam com Meira, recortes de jornais e
revistas presentes no acervo pessoal de Meira, além de citações e
depoimentos relativos à sua atividade como professor, presentes em
diversas referências bibliográficas.
Palavras-chave: Meira, violão, ensino, acompanhamento, roda de
choro
58
O SAGRADO NA MPB E NA CANÇÃO SACRA:
UMA OLHAR DA TEOMUSICOLOGIA
Joêzer de Souza Mendonça
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Programa de Pós-Graduação em Música (Doutorado)
Subárea: Musicologia
Resumo: a música cristã no Brasil tem sido objeto de expressivo
interesse das diferentes áreas do conhecimento acadêmico, haja vista
que, na primeira década do século XXI, a música é a estrutura em cujo
entorno se desenvolvem o crescimento comercial e a expansão dos
cristãos na sociedade brasileira. Esse artigo busca articular os estudos
da teomusicologia como campo auxiliar de entendimento das práticas
musicais do cristianismo no Brasil. Como uma musicologia
teologicamente informada, a teomusicologia pode proporcionar uma
abordagem mais centrada na interpretação teológica da palavra
religiosa cantada. Não só a música sacra, mas a música secular,
particularmente a música popular brasileira, também apresenta temas
religiosos. Há muitos compositores que revelam sua visão das crenças
e práticas cristãs por meio das letras de suas músicas, embora possa
ocorrer divergências entre músicos seculares e cristãos quanto à
compreensão de doutrinas. O objetivo deste artigo é verificar como a
música pode revelar os diferentes modos de interpretação da
divindade bíblica por meio da análise dos componentes musicais e
literários de duas canções com o mesmo título, Se eu quiser falar com
Deus, sendo uma de autoria de Gilberto Gil, e a outra de Mário Jorge
Lima, compositor cristão. Conquanto ambas as músicas abordem a
relação entre o ser humano e Deus, em especial a comunicação
espiritual com Deus, suas letras são contrastantes no modo de articular
essa relação. Os dois compositores demonstram suas distintas
maneiras de compreensão bíblica, o que talvez seja motivado por suas
diferentes esferas de atuação profissional e vivência religiosa.
Palavras-chave: teomusicologia, música sacra, música secular,
canção cristã
DARIUS MILHAUD E O BRASIL
Lina Maria Ribeiro de Noronha
Instituto de Artes – UNESP
Doutorado em Música / Musicologia
Resumo: Este trabalho busca mostrar a relação entre a produção do
compositor francês Darius Milhaud e o Brasil, em especial a ligação
com a música brasileira que se apresenta na sua obra de maior
repercussão: Le Boeuf sur le Toit. Os textos tomados como referência
para esse estudo são os do próprio Milhaud e os de Manoel Corrêa do
Lago. A abordagem da relação entre a produção de Milhaud, a música
popular brasileira e os seus ouvintes-interlocutores durante o período
em que permaneceu no Brasil está embasada na presença obrigatória
do público como elemento invariavelmente ligado a todo fato musical,
segundo conceitos da sociologia da música. São tomadas como
59
referências as tipologias de público de Supicic e as tipologias de
escuta propostas por Adorno. Em Le Boeuf sur le Toit, Milhaud, ao
mesmo tempo em que faz uso da música popular brasileira de uma
forma “folclorizante”, mostra encontrar nessa mesma música
elementos em comum com a sua própria linguagem musical, que ele
associa a uma certa latinidade, presente tanto na música brasileira
como na música francesa. O uso de elementos musicais tidos como
“exóticos” era uma atitude comum aos compositores franceses do
período e favorecia algo igualmente importante entre os nacionalistas
no Brasil: a incorporação da música brasileira a uma linguagem
musical européia.
Palavras-chave: Darius Milhaud, música brasileira, sociologia da
música, público, nacionalismo
MARIO DE ANDRADE, PROFESSOR DO CONSERVATÓRIO
DRAMÁTICO E MUSICAL DE SÃO PAULO
Luciana Barongeno
Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo
Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Música
Musicologia
Resumo: Orientada por Mario de Andrade, Oneyda Alvarenga
escreve A linguagem musical como trabalho de conclusão do Curso de
História da Música no Conservatório Dramático e Musical de São
Paulo. O exame do manuscrito que registra o processo de criação
aponta documentos que remetem à atuação de Mario de Andrade no
magistério. O rastreamento de suas atividades naquela instituição de
ensino possibilita o estudo de sua formação musical, artística e
intelectual entre 1911 e 1945. O presente artigo tem como objetivo
investigar as circunstâncias que permeiam o projeto pedagógico de
Mário de Andrade, tomando como referência o Conservatório
Dramático e Musical de São Paulo.
Palavras-chave: Mario de Andrade, magistério, Conservatório
Dramático e Musical de São Paulo
A MÚSICA E A DANÇA DA FARSA TEATRAL O JUIZ DE
PAZ NA ROÇA (1838), DE LUIS CARLOS MARTINS PENA:
UMA PERFORMANCE ESTÉTICO-POLÍTICA
Luiz Costa-Lima Neto
UNIRIO/PPGM
Doutorado - Musicologia
RESUMO: Neste texto pretendo verificar como certos números de
música, canto e dança associados ao universo do lundu foram
utilizados pelos artistas responsáveis pela produção literária e musical
“culta” do romantismo, com o duplo objetivo de entretenimento e
crítica política e social. Analisarei especialmente a farsa teatral O juiz
de paz na roça, de autoria do comediógrafo, crítico musical,
compositor e cantor Luis Carlos Martins Pena (Rio de Janeiro, 1815 –
60
Lisboa, 1848), estreada na cidade do Rio de Janeiro, em 4 de outubro
de 1838, durante o período politicamente conturbado da Regência, e
encerrada com um número misto de fado e tirana.
Palavras-chave: Martins Pena, música, dança
COMPARAÇÕES ENTRE FONTES MANUSCRITAS E
EDITADAS DOS ESTUDOS Nº 2 E 3 PARA VIOLÃO DE
CAMARGO GUARNIERI
Marcelo Fernandes Pereira
Universidade de São Paulo
Doutorado em Música - Processos de Criação Musical
Resumo: O presente artigo procura descrever as diferenças entre as
partituras editadas e as fontes manuscritas dos Estudos 2 e 3 para
violão solo de Camargo Guarnieri (1907 – 1993). Esses manuscritos
encontrados no arquivo pessoal do compositor, atualmente locado no
IEB - Instituto de Estudos Brasileiros – da Universidade de São Paulo
são autógrafos de Guarnieri, mas tampouco temos certeza se são os
mesmo manuscritos enviados para edição. O problema enfocado neste
artigo se origina da prática das edições/revisões realizadas por
instrumentistas, cujos objetivos de adaptação da obra ao idiomático
instrumental se contrapõe a uma versão fiel à notação do autor. Em se
tratando de compositores não violonistas, as alterações muitas vezes
se fazem necessárias, contudo a falta de um texto crítico musicológico
faz com que a versão elaborada pelo revisor constitua a única versão
da obra, enquanto deveria ser apenas uma proposta, aberta a
discussões ulteriores, realizadas por outros pesquisadores. Assim,
nosso objetivo em relação à comparação desses manuscritos com a
edição é fornecer uma fonte prática para que intérpretes - de posse da
edição comercial - possam elaborar suas próprias versões. As
comparações realizadas nesse artigo permitirão - além da investigação
da própria dinâmica de elaboração desses manuscritos - verificar o
grau de proficiência da escrita instrumental do autor, uma vez que os
manuscritos aqui utilizados expressam - se não de forma definitiva,
pelo menos de algum determinado momento - o plano do autor para
cada obra. Serão realizadas observações quanto às causas e efeitos
dessas alterações em relação à exeqüibilidade e a questões idiomáticas
do instrumento e serão também consideradas as implicações dessas
modificações em relação ao discurso musical. Para tanto, realizaremos
uma introdução contendo breve contextualização histórica dos estudos
em questão.
Palavras Chave: violão; Camargo Guarnieri; edições de partituras
61
MISTAGOGIA DA MÚSICA RITUAL: CAMINHOS PARA A
FORMAÇÃO
Márcio Antônio de Almeida
Instituto de Artes da UNESP
Programa de Pós-graduação em Música
Doutorado em Música
Resumo: Estudos comparativos de textos das catequeses mistagógicas
de autores dos séculos IV e V d.C., sobretudo, no final do século 19 e
início do século 20 tornaram possível a consolidação do método
mistagógico, por meio do qual os iniciados no processo de
cristianização eram introduzidos no mistério. A reforma litúrgica do
Concílio Vaticano II, particularmente, no que se refere à música ritual
abriu possibilidades de integrar o conhecimento técnico musical ao
conhecimento bíblico-teológico-litúrgico no processo formativo dos
agentes. Neste sentido, o objetivo desta pesquisa concentrou-se na
adaptação do método mistagógico ao processo de formação litúrgicomusical a fim de qualificar o exercício ministerial dos que se ocupam
do canto e da música na liturgia. Para chegar à adaptação recorreu-se a
elementos da história da igreja e da liturgia cotejados com textos da
Patrística, em especial, de Ambrósio de Milão, Cirilo de Jerusalém,
Teodoro de Mopsuéstia e João Crisóstomo. Esses padres da igreja dos
séculos IV e V, apresentaram a sistemática do método em questão.
Para se adentrar no caminho do mistério, havia a necessidade de se
partir do gesto ritual, compreender seu sentido teológico e a atitude
correlata ao conhecimento do rito celebrado. No caso da música ritual,
o caminho apresenta uma sistemática semelhante, cujo ponto de
partida é o canto/música como ação ritual. Texto, melodia e contexto
litúrgico constituem o primeiro passo. A seguir, parte-se para a
reflexão teológica a partir da raiz bíblica do evento que o canto
exprime. Por último, a experiência de recontar o processo vivido
celebrado a partir da experiência celebrativa que o canto permite
realizar. O método adaptado, não obstante as lacunas, tem se mostrado
um importante recurso formativo na prática da música ritual pósconciliar.
Palavras-chave: Música ritual, método mistagógico, reforma
litúrgica, formação litúrgica
AEROFONES NO RIO DE JANEIRO NOS SÉCULOS XVIII E
XIX: UMA ABORDAGEM A PARTIR DE DOCUMENTOS
ALFANDEGÁRIOS
Mayra Pereira
UNIRIO – Doutorado em Música
Documentação e História da Música
Resumo: A necessidade de se obter mais informações sobre
instrumentos musicais no Rio de Janeiro até o início do séc. XIX,
período marcado pela escassez de registros regulares, faz com que,
cada vez mais, pesquisadores busquem fontes alternativas para a
investigação do tema. Neste sentido, documentos alfandegários
62
mostram-se relevantes como fonte de pesquisa desta época, já que
indicam a movimentação de entrada e saída de mercadorias do porto
da cidade controlados pela metrópole portuguesa. A partir da
localização de uma série de manuscritos de alfândega do Rio de
Janeiro do final do séc. XVIII e início do séc. XIX, cujo conteúdo
revela a presença de muitos instrumentos musicais, propôs-se fazer
este estudo terminológico e organológico específico dos aerofones
citados em três destes registros. Com a análise de tais documentos
verifica-se a possibilidade de se dividi-los em dois grupos: o dos que
se referem exatamente à importação de produtos, como os volumes da
Balança Geral do Commercio do Reyno de Portugal com os seus
Domínios e o Mappa ou Rellaçaó de todas as fazendas e Generos,
vindos dos Portos, nella declarados, que pela Alfandega da Cidade do
Rio de Janro, foraó despachados no Anno de 1802 e o daqueles que
informam os valores de referência dos produtos para a cobrança dos
impostos no momento da entrada dos artigos na alfândega, como a
Nova Pauta para Alfândega do Rio de Janeiro. Além de informações
sobre a avaliação dos produtos, são extraídas destas fontes algumas
características e aspectos curiosos de instrumentos musicais
usualmente importados. Destacam-se neste artigo as abordagens dos
fagotes, flautas, gaitas, órgãos, realejos, trompas, clarins e trombetas.
Palavras-chave: Aerofones, Rio de
terminologia, documentos alfandegários.
Janeiro,
organologia,
A ORQUESTRA SINFÔNICA DO RIO GRANDE
DO NORTE - SEU PROCESSO DE CRIAÇÃO
Ricardo Miguel Kolodiuk Smolinski
UNIRIO/UFRN/ Programa de Pós-graduação em Música
Doutorado em Musicologia
Resumo: A Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte é uma das
mais importantes instituições musicais do Estado, atuando há 33 anos.
O trabalho ora apresentado compreende uma etapa inicial de uma
pesquisa mais ampla sobre o desempenho desta Orquestra. Trata-se
aqui de uma reconstituição de sua criação e de sua implantação e que
se reporta ao período que vai de 1976 a 1978. Ao abordar essa fase
importante de uma instituição cultural voltada para a música, a
preocupação foi a de pesquisar diversos aspectos tais como o das
variáveis que influenciaram a sua criação, a sua performance, e as que
ficavam dependentes das decisões das políticas governamentais, locais
e nacionais. Os aspectos da sua implantação e os passos que
antecederam a sua criação foram reconstituídos na coleta de dados
dos principais jornais do Estado e em arquivos públicos, inclusive no
acervo documental do Teatro Alberto Maranhão; em entrevistas e na
compilação de informações sobre a sua programação. A Orquestra
Sinfônica do Rio Grande do Norte – OSRN, vinculada à Fundação
José Augusto, instituição responsável pela política cultural do Estado,
vem se consolidando pela importância de sua atuação na divulgação
da música erudita apesar de ter apresentado períodos de grande
instabilidade. Investigar uma instituição cultural como uma Orquestra
63
Sinfônica, é procurar na sua história se houve aperfeiçoamento
direcionado a um profissionalismo em todas suas atividades. As
dificuldades iniciais para o projeto de criação, a falta de profissionais,
a necessidade de convocar músicos de fora do Estado, foram
registradas. A abordagem também procurou elaborar uma análise
sobre a performance, constatando-se um repertório que se restringia
do barroco ao clássico. Uma atividade que se sobressaiu foi a exigida
pela Secretaria Estadual de Educação em se ter apresentações de
Concertos didáticos destinados ao público jovem das escolas
estaduais.
Palavras-chave: música, sinfônica, história, cultura, documentação
APONTAMENTOS ACERCA DA ANÁLISE SCHENKERIANA
NA MÚSICA POPULAR: UM ESTUDO DE CASO EM DOIS
PRELÚDIOS DE LUIZÃO PAIVA
Thiago Cabral Carvalho
UFPB/PPGM
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI)
Subárea: Musicologia Sistemática
Resumo: Apresentamos uma mostra do modelo analítico de Heinrich
Schenker (1868-1935) à luz de uma avaliação dos processos e técnicas
composicionais da música popular instrumental contemporânea. Para
tanto, averiguamos dois prelúdios para piano do compositor piauiense
Luizão Paiva (1950). Em sua obra, reconhecemos a justaposição de
procedimentos técnicos advindos tanto da música popular quanto da
erudita. Numa reflexão mais ampla, enunciamos que o tratamento
imbricado entre popular e erudito indicia a gênese de um
posicionamento ideológico-composicional, uma intencionalidade
particularizada na criação musical.
Palavras-chave:
Análise
Schenkeriana,
Música
Contemporânea, Prelúdios para Piano, Luizão Paiva
Popular
HELIO DELMIRO, VILLA LOBOS E O CHORO:
UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE “CHAMA” E
“CHOROS NO.1”
Vinícius José Spedaletti Gomes
Universidade de São Paulo –ECA / Departamento de Música
Mestrado em Musicologia
Resumo: O artigo apresenta breve análise comparativa entre peças
para violão solo de Delmiro e Villa-Lobos, do ponto de vista
composicional (formal, estrutural, harmônico, melódico e rítmico) e
idiomático do gênero (choro). Apresenta também sucinto apanhado
historiográfico, pertinente para compreensão mais ampla do material
musicológico analisado. A análise integra a dissertação de mestrado
“Helio Delmiro – Composições para Violão Solo”, em
desenvolvimento pelo autor do artigo.
64
Palavras-chave: choro, Helio Delmiro, Villa-Lobos, violão
MÚSICA DE VANGUARDA E CULTURA DE MASSAS
Willa Soanne Martins
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/PPGM
Doutorado em Música
Resumo: A pesquisa trata de questões acerca da vanguarda atual e a
tecnologia, observando-se historicamente o fenômeno da vanguarda
na música e sua importância enquanto reação à cultura de massas.
Palavras-chave: música de vanguarda, cultura de massas, tecnologia
65
TPE- Teoria e Prática da Execução Musical
RADAMÉS GNATTALI: O CONCERTINO N. 2 PARA
VIOLÃO E ORQUESTRA E A UTILIZAÇÃO DO DEDO
MÍNIMO DA MÃO DIREITA
Bartolomeu Wiese Filho
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO/PPGM
Doutorado em Música/Teoria e Prática da Execução Musical
Resumo: Apresenta o resultado das pesquisas realizadas sobre o
Concertino n. 2 para violão e orquestra de Radamés Gnatalli, onde o
compositor deixou assinaladas as suas intenções sonoras relacionadas
à digitação da mão direita. As marcações expostas pelo compositor na
referida obra exigem do intérprete a utilização do dedo mínimo da
mão direita – ao modo de Garoto tocar –, obtendo-se, dessa forma,
acordes plaqués. O trabalho apresenta ainda uma comparação entre a
obra editada e os manuscritos do compositor, além de um breve
histórico da técnica violonística da mão direita, com ênfase nos
autores que utilizaram o dedo mínimo.
Palavras-Chave: Radamés Gnattali – Dedo mínimo da mão direita –
Concertino n. 2 – Acorde plaqué.
IMPROVISAÇÃO, CONTRABAIXO ACÚSTICO E MÚSICA
POPULAR BRASILEIRA INSTRUMENTAL: REFLEXÕES
ATRAVÉS DA REVISÃO DE LITERATURA
Bruno Rejan Silva
Mestrando do Programa de Pós Graduação em Música UFG
Bolsista do REUNI
Interpretação/Teoria e Composição
Resumo: Este presente artigo é parte da minha pesquisa de mestrado
(revisão de literatura) que visa demonstrar algumas características
sugestivas de brasilidade na improvisação ao contrabaixo. Este artigo
reflete através da comparação, concordância e discordância das idéias
de diferentes autores, temas que delineiam a minha pesquisa de
mestrado: improvisação, contrabaixo e Música Popular Brasileira
Instrumental. Apesar de improvisação conotar uma situação
espontânea e sem prévia preparação, alguns autores como Haro
(2006), Borém e Santos (2003), Nettl (2010) e Visconti (2005)
afirmam que é resultado de preparação e pesquisa de uma dada
linguagem estilística: ritmos, melodias e progressões harmônicas
específicas, bem como as articulações e dinâmicas. A improvisação é
conteúdo essencial da Música Popular Brasileira Instrumental (MPBI),
e é principalmente através dela que observa-se relações de hibridismo,
globalização e identidade cultural, como propõem Piedade (2005) e
Cirino (2009). No contexto da improvisação na MPBI, o contrabaixo
66
se destaca como um instrumento que apresenta diversas opções
técnicas e tímbricas para para uma performance como uso de
pizzicato, uso do arco e uso de técnicas expandidas (uso do
instrumento como percussão, por exemplo). Dessa maneira, partindo
dessas reflexões, espera-se integralizar esses três temas para que,
posteriormente possam surgir novas elucidações, com enfoque na
performance do contrabaixo.
Palavras-chave: Música Popular Brasileira Instrumental, performance
musical, improvisação e contrabaixo acústico
A HOMOGENEIDADE SONORA NA FLAUTA –
UMA ABORDAGEM HISTÓRICA E INTERPRETATIVA
Claudio Frydman
UNIRIO
Doutorado em Teorias e Práticas Intepretativas
Resumo: Qualquer pessoa interessada em aprender flauta transversal
depara-se com uma dificuldade preliminar: a emissão de um bonito
som. Aliás, esta não é uma preocupação apenas dos flautistas; todos os
músicos estão sempre à procura “daquele” som. Segundo os preceitos
didáticos da literatura moderna de flauta, a rotina básica para a
formação (e fixação) da embocadura livre exige do aluno a emissão de
notas longas, com a meta de equilibrar o timbre tanto nos graves
quanto nos agudos. Essas premissas de “gosto”, de “beleza”, foram
incutidas principalmente pela Escola Francesa, partidária do
instrumento (e do sistema de digitação) desenvolvido pelo alemão
Theobald Boehm, em 1832 – cujo modelo definitivo foi concluído em
1847 – que teve como principais características a padronização das
digitações, sua adequação ao temperamento igual e a homogeneidade
sonora. Seu sistema não foi adotado universalmente de imediato,
coexistindo com outros durante o restante do século, mas aos poucos
se tornaria o paradigma da flauta transversal. Doravante, os
compositores passariam a idealizar e criar suas obras a partir desta
feição específica. Mas será que esta metodologia de estudos diários é
adequada a outros modelos de instrumento? E quanto às composições
anteriores ao desenvolvimento deste sistema, também devem se
imbuir desta estética sonora? São estas as respostas que procuramos
neste artigo, resultado de uma investigação organológica, seja no
cotejo de métodos e tratados do passado, mas principalmente através
da prática de instrumentos antigos.
Palavras-chave: flauta transversal, métodos, história, interpretação
67
ELEMENTOS DA ESTÉTICA EXPRESSIONISTA
PRESENTES NA OBRA SERTÃO CENTRAL, OPUS 84 PARA
PIANO DE LIDUÍNO PITOMBEIRA
Danilo Jatobá Beserra
UNIRIO/PPGM
Mestrado em Música/Práticas Interpretativas
Resumo: Este artigo expõe algumas das características peculiares da
música expressionista presentes na obra Sertão Central, opus 84 de
Liduíno Pitombeira. A analogia a essa escola do Modernismo europeu
partiu da percepção de detalhes de sonoridade e do caráter descritivo
que o compositor confere à obra na folha de rosto da partitura. Dentre
as características, são evidenciadas três principais: a expressividade, o
uso de dissonâncias e o atonalismo (embora não utilizado
estritamente). Além desses recursos, observa-se o emprego do
“tetracorde 0167”, presente na música de alguns compositores do
século XX, como Béla Bartók. Para compor este trabalho, foi feito um
breve levantamento biográfico da vida acadêmica e profissional de
Liduíno Pitombeira, listagem de suas obras para piano compostas até
o momento atual, identificação de particularidades da escrita
pianística de Pitombeira de acordo com Karina Praxedes (2009),
caracterização do Expressionismo segundo Silvia Dafferner (2010) e o
musicólogo Paul Griffiths (1998) e definição de “célula Z” por Elliott
Antokoletz (1984). O estilo musical de Liduíno Pitombeira reflete,
segundo o próprio compositor, a união entre linhas nacionalista e
universalista e, dessa forma, cria um estilo musical próprio.
Palavras-chave: Liduíno Pitombeira, música brasileira para piano,
expressionismo
MÚSICA BRASILEIRA PARA O ENSINO DO PIANO NO
NÍVEL ELEMENTAR
Denise Zorzetti
UNIRIO/PPGM
Doutorado em Música
Teoria e Prática da Interpretação
Resumo: Este trabalho faz uma proposta de repertório de música
brasileira para o ensino do piano no nível elementar, partindo do
princípio de que, nos primeiros anos de estudo, são utilizados métodos
de ensino específicos para a iniciação ao instrumento. Tem como
objetivo principal fornecer subsídios ao professor de piano para a
escolha de material adequado ao nível de desenvolvimento de seu
aluno. Para definir as características do nível elementar, foram
utilizadas, principalmente, as delimitações propostas por Gandelman
(1997) e Uszler (1995 e 2000). Após relacionar quais aspectos da
execução pianística são característicos do nível elementar, foi
realizado um levantamento de obras de compositores brasileiros que
oferecem a oportunidade de trabalhar os aspectos observados. A opção
por música brasileira se baseia no princípio de que a utilização de
elementos pertencentes ao universo do aluno pode funcionar como
68
uma motivação a mais. Discutem-se, ainda, os diferentes critérios a
serem considerados na escolha de repertório, tais como as
características técnicas, musicais e de leitura da obra em questão, bem
como as características individuais de cada aluno e seus objetivos
pessoais. São apresentados, como exemplo, peças que oferecem a
oportunidade de trabalhar diferentes aspectos da execução pianística e
utilizam, para tanto, elementos da cultura nacional, através do
emprego dos seguintes procedimentos: citação direta de temas
folclóricos ou populares, harmonizados com uma linguagem
tradicional ou com elementos mais contemporâneos; utilização de
ritmos ou gêneros característicos, mas com a criação de temas
originais; ou, ainda, apenas a sugestão de aspectos presentes na
música brasileira, como certas fórmulas melódicas, rítmicas e
polifônicas. Espera-se, com esta proposta, contribuir com
direcionamentos para o trabalho do professor de escolha do repertório
de música brasileira para alunos de nível elementar.
Palavras-chave: piano, repertório de ensino, nível elementar, música
brasileira
AS RELAÇÕES TEXTO-MÚSICA E O PROCEDIMENTO
PIANÍSTICO NA CANÇÃO LEILÃO DE JARDIM (1971) DE
ERNST MAHLE
Eliana Asano Ramos
UNICAMP/Instituto de Artes
Mestrado em Música – Práticas Interpretativas
Resumo: A presente comunicação é parte de uma pesquisa de
mestrado em andamento e tem a finalidade de apresentar resultados
parciais por meio de uma análise da canção Leilão de Jardim (1971),
de Ernst Mahle, com especial enfoque no procedimento pianístico. A
pesquisa original, intitulada “As relações texto-música e o
procedimento pianístico em seis canções de Ernst Mahle: propostas
interpretativas”, tem o objetivo principal de propor diretrizes que
orientem a interpretação de seis canções para canto e piano de Ernst
Mahle (1929). O compositor, nascido na Alemanha e naturalizado
brasileiro, está no Brasil desde 1951. Seu vasto conjunto de obras
abrange mais de duas mil composições, incluindo peças escritas para
todos os instrumentos de orquestra, música de câmara para as mais
variadas formações, concertinos e concertos para vários instrumentos
solistas e orquestra, obras para canto, coro, orquestra de câmara,
orquestra sinfônica, balés e óperas. As peças escritas para canto e
piano somam cerca de trinta e cinco canções, sem contar as várias
versões de uma mesma canção para diferentes vozes e
acompanhamento. O processo de investigação fundamenta-se em três
abordagens: (1) estudo do texto, (2) análise da estrutura musical e (3)
exame dos aspectos pianísticos. O exame da estrutura musical tem
fundamento no critério organizacional proposto por White (1994) e na
técnica de análise desenvolvida por Schoenberg (2008), ao passo que
o exame do texto e dos aspectos pianísticos segue o modelo de análise
proposto por Stein e Spillman (1996). A realização da pesquisa
proporciona uma reflexão sobre a interpretação da canção de câmara
brasileira do século XX e contribui para a incipiente pesquisa
69
acadêmica na área, colaborando para a divulgação da obra do
compositor e para o alargamento da bibliografia existente. Apoio
FAPESP.
Palavras-Chave: canção de câmara brasileira, piano, performance,
análise, Ernst Mahle
REPRODUÇÃO, INTERPRETAÇÃO OU PERFORMANCE?
ACERCA DA NOÇÃO DE PRÁTICA MUSICAL NA
TRADIÇÃO CLÁSSICO-ROMÂNTICA VIENENSE
Frank Michael Carlos Kuehn
Doutor em Música (UNIRIO)
Teoria e Prática da Execução Musical
Resumo: O termo “reprodução musical”, empregado por Theodor
Adorno em grande número de fragmentos e manuscritos redigidos,
aproximadamente, entre 1925 a 1965, pode ser definido, de forma
elementar, como a realização sonora de uma obra musical com base
em sua partitura. Tendo representado na tradição vienense da segunda
metade do século XIX e das primeiras décadas do século XX uma
prática em que o exercício da interpretação estava vinculado ao da
composição, mantém-se hoje quase exclusivamente por meio da
repetição de um repertório historicamente definido e delimitado.
“Reprodução musical”, todavia, designa um processo multiforme de
grande potencial produtivo e transformador, cuja abrangência
conceitual aumenta sensivelmente quando se lhe atribuem a
interpretação e a performance como elementos (ou princípios) ativos.
Porque a análise do termo reprodução musical envolve a transliteração
e a tradução de conceitos teóricos fundamentais de um idioma para
outro, abordam-se primeiramente os critérios que norteiam a sua
aplicação no contexto da tradição clássico-romântica vienense. Em
seguida, são apresentadas algumas de suas implicações no debate atual
sobre questões dele decorrentes.
Palavras-chave: prática interpretativa, teoria da interpretação e da
performance, Theodor Adorno, teoria da reprodução musical, tradição
musical vienense
ASPECTOS IDIOMÁTICOS NA FANTASIA PARA
VIOLONCELO E ORQUESTRA DE HEITOR VILLA-LOBOS
Hugo Vargas Pilger
UNIRIO – Mestrado em Música
Práticas Interpretativas
Resumo: Este artigo se insere na linha de pesquisa de Teoria e Prática
da Execução Musical e tem como objetivo analisar alguns dos
recursos idiomáticos do violoncelo usados por Heitor Villa-Lobos
(1887-1959) em sua Fantasia para Violoncelo e Orquestra (1945),
além de apresentar fatos relevantes sobre essa obra, no intuito de
contextualizá-la dentro do repertório para este instrumento. Recorreuse, como método de estudo, à análise de partituras manuscritas e
70
editadas, bibliografia específica, depoimentos, artigos, reportagens,
além do estudo comparativo com outras obras para violoncelo de
outros compositores (e do próprio Villa-Lobos), que utilizaram
recursos idiomáticos idênticos ou semelhantes. Como resultado desse
trabalho, este pesquisador constatou que o compositor usou para o
violoncelo muitos dos elementos que também aparecem em suas obras
para outros instrumentos de cordas como, por exemplo, o violino e o
violão, tendo com recorrência e diversificação as cordas soltas,
glissandos, acordes de três ou quatro sons, além de recursos
composicionais como o uso de padrões simétricos de sons baseados na
disposição de teclas brancas e pretas dos instrumentos de teclado. Ao
se analisar mais profundamente a obra, percebe-se que a escrita vem
de um compositor que conhecia muito bem as possibilidades do
instrumento. Nada que ele escreveu para o violoncelo pode ser
considerado impossível de se executar, mesmo que em certas obras o
nível de complexidade seja alto. Trata-se de uma obra que, por seu
valor, deveria ser apresentada com mais frequência, não se
justificando suas raras execuções e gravações.
Palavras-chave: Villa-Lobos, fantasia, violoncelo
A PERCUSSÃO NA OBRA MUSEU DA INCONFIDÊNCIA DE
GUERRA-PEIXE
Janaína Paiva Garcia Sá
UNIRIO/PPGM
Mestrado em Música/Práticas Interpretativas
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo transmitir para o
músico percussionista a interpretação da percussão escrita por César
Guerra-Peixe na obra Museu da Inconfidência, com base nas
informações passadas pelo próprio compositor ao Prof. Luiz
D‟Anunciação, que na época da estreia feita pela Orquestra Sinfônica
Brasileira – OSB, conviveu com Guerra-Peixe e com este discutiu as
particularidades de se executar os trechos da percussão da obra. Suas
experiências adquiridas em Recife (Pernambuco) na década de 50
culminaram em seu livro Maracatus do Recife, publicado em 1955.
Após a Introdução, farei um breve histórico do compositor,
abrangendo sua ruptura com o dodecafonismo até sua completa
adesão ao nacionalismo, influenciado pelas ideias de Mário de
Andrade. A partir do item 3, comentarei sobre a obra e as
particularidades de execução do Tambor Militar e o solo em ostinato
do Bombo, ambos inseridos em Restos de um Reinado Negro, no
movimento IV, foco principal de minha pesquisa, por possuírem uma
maneira específica para serem tocados, dentro da linguagem própria
do autor. As entrevistas com o Prof. Luiz D‟Anunciação foram de
extremo valor à realização deste trabalho. A gravação feita pela OSB
em 1976, sob a regência de Isaac Karabtchevsky, é uma importante
fonte de consulta que utilizo como referência sonora por se tratar de
um trabalho que contou com a orientação de Guerra-Peixe nos
ensaios. Considerando a escassez de material acadêmico escrito sobre
71
este assunto, o trabalho poderá servir de parâmetro a percussionistas,
professores, compositores e regentes.
Palavras-chave: Guerra-Peixe, percussão, batuque pernambucano,
maracatu.
UMA ANÁLISE TEMPORAL DO OP. 117 BRAHMS
João Miguel Bellard Freire
UNIRIO/PPGM
Doutorado em Música
Teoria e prática da execução musical
Resumo: A presente comunicação é um recorte de uma pesquisa de
doutorado em andamento que busca analisar relações temporais na
performance, utilizando recursos oriundos do campo da análise
musical. A interface análise- performance tem sido cada vez mais
enfocada numa relação de ampliação da compreensão sobre a obra,
buscando obter achados que produzam impacto na interpretação
musical, sem uma relação de subserviência da performance a uma
análise, nem uma busca de ressaltar motivos melódicos ou relações
que não possam ser percebidas auditivamente. Com base em Rink
(1995), Levy (1995), Vinay (1995), Kramer (1988) e Clifton (1983),
foram analisados os três Intermezzi Op. 117 de Johannes Brahms,
enfocando questões temporais observadas em nossa performance dos
mesmos e na análise da partitura. Foram abordadas questões relativas
à métrica, ambigüidades temporais e grupamentos, entre outras. Essas
três peças apresentam questões temporais bastante interessantes e
significativas para a performance. Foram percebidas a alternância
entre estruturas regulares e irregulares, bem como a alternância entre
estruturas estáveis e instáveis. Apesar de manter os compassos de cada
Intermezzo do início ao fim, pudemos perceber a sobreposição de
diferentes métricas, a alternância ou sobreposição de ambigüidades
harmônicas e temporais, alternância ou sobreposição de regularidades
e irregularidades (fraseológicas e temporais, variação nos
grupamentos por ampliação gerando deslocamentos métricos e
deslocamento dos acentos. Embora seja uma análise preliminar, os
achados relativos à questão temporal nos parecem bastante
significativos para a performance, já que determinadas decisões
interpretativas podem reforçar, modificar ou até anular algumas das
questões aqui apresentadas.
Palavras-chave: tempo musical, análise, interpretação, Brahms
72
A UTILIZAÇÃO DAS LINHAS-GUIA NA PERFORMANCE E
NO ENSINO DA MÚSICA BRASILEIRA
José Alexandre Carvalho
Departamento de Música do Instituto de Artes/ Unicamp
Doutorado em Música / Práticas Interpretativas
Resumo: Minha tese de doutoramento parte de uma característica
comum entre alguns gêneros de música popular – a presença de
padrões rítmicos que organizam a estruturação rítmica geral – para
propor uma metodologia de ensino e performance através da
sistematização desta ocorrência. A partir das claves cubanas e da
experiência de sistematização das mesmas, pretendo definir o conceito
de clave e passar a utilizá-lo em outros contextos estilísticos. A
justificativa para este processo nasce de uma experiência pessoal
positiva de aprendizado – o uso de formas diferenciadas, específicas e
esteticamente orientadas de marcação do tempo – que é
posteriormente percebida como comum no meio musical popular. A
saber - de que se pode marcar o tempo não apenas através das
pulsações e dos acentos regulares, mas, também e principalmente de
uma forma que se coadune com a acentuação do ritmo em questão; e
da percepção de que este uso possa ser sistematizado e generalizado
para todos os gêneros de música que possuam herança africana. O que
será apresentado neste texto é a primeira parte da pesquisa que trata de
definir a importância da clave no universo musical de origem Afro nas
Américas, e depois procura conceituar e sistematizar o uso da clave na
música brasileira. A fase subseqüente da aplicação da clave no ensino
da performance da música brasileira ainda encontra-se em processo de
pesquisa e estruturação e não será discutida aqui.
Palavras-chave: clave, time-lines, música popular, samba, salsa
AULAS COLETIVAS DE INSTRUMENTO COMO FATOR DE
MOTIVAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA
EXECUÇÃO MUSICAL DE FLAUTISTAS
EM CURSOS DE GRADUAÇÃO
José Benedito Viana Gomes
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO
Doutorado em Música / Práticas Interpretativas
Resumo: Este trabalho trata da motivação e sua influência na
performance de instrumentista, mais especificamente de flauta
transversal. A proposta motivadora em foco é a inserção de aulas
coletivas de instrumento em cursos de graduação de flauta transversal.
A motivação é conceituada como um estado psicológico onde um
indivíduo é movido a executar uma determinada ação, ou conjunto de
ações, em processos de aprendizagem, no trabalho ou em outra esfera
da sua vida. As reflexões sobre a motivação são direcionadas sobre
atividades em aulas coletivas e estudos coletivos de estudantes de
curso superior em música que se preparam para atuar como
73
instrumentistas profissionais, mais precisamente flautistas. A
problematização abordada baseia-se em questões como: o que pode
motivar flautistas a terem um melhor desenvolvimento durante o curso
de graduação? As observações foram feitas com base na implantação
de uma turma coletiva com alunos do curso de graduação em flauta
transversal da Faculdade de Música do Espírito Santo a partir do ano
de 2008. A proposta foi a de fazer com que os alunos não somente
tivessem aulas coletivas, como também estudassem coletivamente,
para tal, foi necessário propormos inovações metodológicas. Com o
objetivo de motivar o desenvolvimento da prática interpretativa, foram
realizadas apresentações em sala de aula repertório de estudo
individual, ou seja, estudos melódicos e peças de concerto por cada
aluno. Uma das conclusões que chegamos até o momento neste
trabalho de pesquisa é que o trabalho coletivo em aula e em estudos
coletivos por parte de alunos do curso superior de flauta motivou de
forma acentuada a participação e interesse deles, consequentemente, o
aumento na qualidade da prática interpretativa.
Palavras-chave: aulas coletivas, motivação, execução musical, flauta
transversal prática interpretativa
ESTUDO INTERVALAR PARA PIANO N. 2 DE EDINO
KRIEGER: UM ESTUDO DE RESSONÂNCIA
José Wellington dos Santos
UNIRIO – Doutorado em Música
Teoria e Prática da Interpretação
RESUMO: O contínuo aprimoramento mecânico do piano, desde sua
invenção no início do século XVIII, tem produzido instrumentos com
novas possibilidades de ressonância acústica exploradas expressiva e
idiomaticamente pelos compositores na construção de seus estilos
clavicinistas. Este artigo, além de situar os Estudos intervalares para
piano de Krieger na totalidade da sua produção para este instrumento,
analisa e discute o Estudo 2, Das terças, sublinhando a ressonância
através da escrita, ao mesmo tempo em que propõe soluções
interpretativas relacionadas ao melhor aproveitamento dos recursos do
piano para se obter tal efeito.
Palavras-chave: Edino Krieger, piano, estudo, ressonância
O VOCABULÁRIO DO CHORO, DE MÁRIO SÈVE:
ESTRUTURA E POSSIBILIDADES DE UTILIZAÇÃO NO
ENSINO TÉCNICO DA FLAUTA TRANSVERSAL
Larena Franco de Araújo
UNIRIO/PPGM
Doutorado em Música/ Práticas Interpretativas
Resumo: O artigo explora a obra Vocabulário do Choro, de Mário
Sève, livro de estudos sobre o choro para instrumentos melódicos,
publicado em 1999. Comenta a estrutura da obra e as possibilidades de
sua utilização no ensino técnico da flauta transversal. Conclui que a
obra oferece um conjunto consistente de exercícios sobre o choro,
propiciando ferramentas para o desenvolvimento de sua interpretação,
74
por meio da técnica instrumental, do domínio formal e da
improvisação. A obra é também uma proposta alternativa de
exercícios para o ensino da técnica da flauta transversal, que permite o
trabalho de questões relacionadas à fluência de leitura e de execução
ao instrumento, articulação, saltos intervalares e controle dos dedos
(velocidade). Deixa de contemplar satisfatoriamente os aspectos de
sonoridade, homogeneidade entre registros, respiração e nuances
(dinâmica, andamento, fraseado e caráter), para os quais se sugere
complementar com obras tradicionais para o instrumento. Sua
utilização num contexto acadêmico poderia ser proveitosa para
flautistas interessados no gênero.
Palavras-chave: técnica; flauta transversal; choro; ensino
SUAVE, BATERIA, SUAVE!
Leandro Barsalini
UNICAMP – IA/ Música
Doutorado em música
Teoria e prática da execução musical
Resumo: A incorporação do instrumento bateria na música brasileira
aconteceu no mesmo período em que o samba se consolidou como gênero de
nossa música popular. A partir da utilização do instrumento, alguns padrões
de execução do ritmo foram desenvolvidos, sendo que parte desses padrões
surgiu como uma maneira de adaptar ou substituir o característico
agrupamento de instrumentos de percussão. Desta forma, o caráter coletivo
da execução em instrumentos outrora adaptados ou desenvolvidos para o
samba – como prato e faca, frigideira ou mesmo o surdo, foi em muitas vezes
substituído pela execução individual na bateria. Isso ocorreu com maior
freqüência em arranjos considerados mais requintados, como executados por
orquestras na Rádio Nacional, e que se oficializaram como exemplos de
expressividade afinada a certo ideário de identidade nacional. Alguns anos
depois, mesmo a presença da própria bateria no samba é relativizada, quando
a bossa nova trata a percussão como um aspecto subsecivo, a ser substituída
através de novas abordagens violonísticas. A partir da análise de três
exemplos musicais, é possível apontar algumas implicações desse processo
de redução da percussão em determinados estilos do samba urbano carioca, e
identificar algumas ressonâncias que ideários modernizadores adotados por
parte da intelectualidade nacional imprimiram na música popular.
Palavras-chave: samba, bateria, percussão
CONSIDERAÇÕES SOBRE A INTERPRETAÇÃO DA PEÇA
ALECRIM PARA TROMPETE SEM ACOMPANHAMENTO
Maico Viegas Lopes
UNIRIO/PPGM
Doutorado em Música
Teoria e Prática da Execução Musical
75
Resumo: As obras pra instrumento solo sem acompanhamento são
extremamente difíceis de serem interpretadas, uma vez que toda a
responsabilidade depende apenas de um intérprete. Muitas vezes sua
participação pode auxiliar o processo composicional e o contato direto
com o compositor pode sanar dúvidas relacionadas ao idiomatismo do
instrumento e da estética do compositor. Este trabalho é um estudo
que tem como objetivo apresentar sugestões interpretativas para a obra
Alecrim, para trompete sem acompanhamento, do compositor Ricardo
Tacuchian. Esta peça foi composta a partir de uma ferramenta
composicional desenvolvida pelo compositor, o sistema-T, e é uma
contribuição significativa para o repertório trompetístico, pois explora
a tessitura e questões técnicas para o estudo deste instrumento como
os golpes de língua, além de outros recursos do instrumento que se
referem, principalmente, à alteração dos parâmetros timbre e
dinâmica. A análise estrutural da peça bem como as sugestões
interpretativas propostas são respaldadas pelo contato direto com o
compositor. Na nossa condição de intérprete, ao abordarmos a questão
da relação entre compositor e intérprete, visamos incentivar a
existência de uma via direta de comunicação: o intérprete oferece sua
contribuição através de sua experiência e vivência musical, agregando
sugestões às idéias do compositor, e os compositores, por sua vez,
fazem uso de tal contato como uma ferramenta de auxílio, não só
adquirindo mais intimidade em relação ao idiomatismo dos
instrumentos, como também ampliando seu conhecimento no que diz
respeito à escrita e às concepções interpretativas dos instrumentistas.
Esperamos que este trabalho possa servir de incentivo a posteriores
pesquisas sobre o repertório brasileiro para trompete sem
acompanhamento e destacar a importância deste estudo direcionado
para a interpretação, contribuindo para o desenvolvimento da pesquisa
na área. Um trabalho de conscientização e elucidação por parte de
ambos os lados, do compositor e do intérprete.
Palavras-chave: interpretação – música brasileira – sugestões
interpretativas – trompete sem acompanhamento
A VIOLA DE 10 CORDAS NO CHORO “CARINHOSO” –
UMA PROPOSTA DE ARRANJO
Marcus Ferrer
UNIRIO/PPGM
Doutorado em Música
Teoria e Prática na Interpretação Musical
Resumo: A viola de 10 cordas é um instrumento de origem
portuguesa trazido para o Brasil pelos primeiros colonizadores e
jesuítas, ainda no século 16. Luis da Câmara Cascudo, em seu
Dicionário do Folclore Brasileiro, escreveu: “Deve ter sido o primeiro
instrumento de cordas que o Brasil conheceu. O século do
povoamento brasileiro, o século XVI, foi a época do esplendor da
76
viola em Portugal, expresso nos autos de Gil Vicente e nos
Cancioneiros”. (1954, p.639). Se atentarmos para o fato de que a
colonização do Brasil se desenvolveu, principalmente, a partir de duas
cidades – Salvador e Rio de Janeiro – poderíamos concluir que a viola
deveria ter sido um instrumento bastante utilizado ou, pelo menos, um
dos instrumentos musicais adotados na cidade do Rio de Janeiro, o
que de fato aconteceu por mais ou menos 400 anos. No entanto, houve
um momento em que o violão passou a ocupar o lugar da viola e esta
deixou de ser utilizada pelos músicos cariocas. Essa mudança ocorreu
durante o século 19 e ao fim deste século, quando começaram a
aparecer no Rio de Janeiro gêneros musicais como Maxixe e Choro, e
mais tarde Samba, a viola não mais fazia parte da vida musical
carioca. O fato de a viola não ter sido utilizada em nenhum deles
instigou-nos a realizar uma pesquisa de inserção do instrumento nestes
gêneros, por meio de arranjos para a viola solo de algumas obras
selecionadas. O arranjo de “Carinhoso”, de Pixinguinha, é, dentre os
arranjos, um dos mais representativos, sendo objeto de análise para a
Tese de Doutorado. Nesta Comunicação, comentamos parte desta
análise musical.
Palavras-chave: Viola de 10 cordas, Choro, arranjo, análise musical
DISTONIA FOCAL E A ATIVIDADE DO PERFORMER
MUSICAL: UMA BREVE REVISÃO DE LITERATURA
Ricardo Rosembergue Garcia
Universidade Federal de Goiás – EMAC
Mestrado em música – Performance Musical
Resumo: O presente artigo discute a Distonia Focal do Músico e sua
relação com a perfomance em instrumentos de sopro. O trabalho
apresenta o conceito de Distonia, suas principais causas e sintomas
relacionados com a prática de instrumental e elenca possíveis
caminhos de prevenção com base em uma breve revisão da literatura
disponível sobre o tema. O texto está fundamentado em trabalhos de
Llobet (2002;2007), Altenmüller e Jabusch (2010) e Watson (2009),
pesquisadores que são referência sobre o tema. A prevenção contra
este distúrbio é necessária nos dias de hoje quando as performance
acontecem em situações cada vez mais diferenciadas e com exigências
técnicas e cobrança social altíssimas. A principal conclusão a que se
chega é que a Distonia Focal do Músico é uma desordem do
movimento que compromete a dimensão física do fazer musical e
pode levar instrumentistas a interromper suas carreiras e até mesmo
encerrá-las. A prevenção é possível, necessária no contexto atual da
performance e acessível aos músicos, porém, a informação precisa ser
melhor divulgada.
Palavras-chave: Distonia Focal; Técnica instrumental; Performance
Musical; Corpo humano.
O REPERTÓRIO SINFÔNICO NACIONAL NA FORMAÇÃO
DO CONTRABAIXISTA BRASILEIRO: CONSIDERAÇÕES
SOBRE A LITERATURA DISPONÍVEL
77
Ricardo Newton Lopes Rodrigues
Universidade Federal de Goiás - EMAC
Mestrado em música/Teoria e Prática da Execução Musical
Resumo: Este artigo apresenta uma revisão da literatura disponível no
Brasil, acerca do material que trata da pedagogia do contrabaixo e sua
relação com o repertório sinfônico nacional na formação do
contrabaixista brasileiro. A presente investigação busca atingir seu
objetivo, através da consulta de livros, periódicos, apontamentos de
palestras e conferências sobre pedagogia da performance musical,
particularmente de contrabaixo. A principal conclusão a que se chegou
foi que a inclusão de material sobre estratégias de preparação das
partes de contrabaixo referente ao repertório orquestral brasileiro no
universo da pedagogia da performance do instrumento, constitui um
significativo contributo para contrabaixistas, performers/educadores,
estudantes, compositores, regentes e pesquisadores da área de música.
Palavra-chave: contrabaixo, pedagogia da performance, repertório
sinfônico nacional
78
ET – Etnomusicologia
ESTÃO QUERENDO TIRAR MEU NOME DO SAMBA:
BENITO DI PAULA E SUA (NÃO) CONSAGRAÇÃO NO
CAMPO DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA
Adelcio Camilo Machado
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Mestrado em Música; Subárea: Etnomosicologia
Resumo: Fruto de uma pesquisa mais ampla de mestrado, ainda em
andamento, intitulada “Quem te viu, quem te vê: o sambão-joia da
década de 1970”, este texto está centrado na figura de Benito di Paula,
procurando entender as peculiaridades de sua inserção no cenário da
música popular brasileira durante a referida década. Apesar da grande
vendagem de seus discos entre os anos de 1974, quando se deu sua
primeira aparição nas pesquisas de discos mais vendidos, e o final da
década, atingindo números comparáveis aos de outros sambistas que
conseguiram se consagrar no campo da MPB como Martinho da Vila,
Paulinho da Viola e Clara Nunes, nota-se que Benito não é
considerado pela historiografia da música popular brasileira como um
importante representante do samba ou da MPB, sendo normalmente
esquecido pela bibliografia ou pela discografia destes segmentos
musicais. Portanto, através da análise de um dos primeiros sucessos de
Benito, a canção “Retalhos de cetim”, gravada em seu LP “Um novo
samba” de 1974, composta e interpretada por ele, buscaremos
perceber algumas características de seu estilo enquanto cancionista,
procurando identificar a presença de elementos alheios à tradição
consagrada do samba ou da MPB, compreendendo de que maneira
isso pode influenciar no grau de consagração artística alcançado por
Benito. Com isso, mais do que estudar a obra deste sambista em
específico, este texto pode contribuir para que melhor se entenda o
campo da música popular brasileira durante a década de 1970,
refletindo sobre questões como tradição, memória e lutas simbólicas.
Palavras-chave: Benito di Paula, samba, anos 1970, lutas simbólicas
MODINHA: AS PRIMEIRAS CONFLUÊNCIAS ENTRE O
ERUDITO E O POPULAR NA MÚSICA BRASILEIRA
Alexandre Francischini
Universidade Estadual Paulista (UNESP)
Musicologia / Etnomusicologia
Resumo: o artigo tem por foco a ainda recorrente polarização
hierarquizada entre música erudita e música popular. No intuito de
demonstrar que tal polarização sempre esteve pautada, antes de tudo,
em questões essencialmente políticas e ideológicas, foram analisados
os discursos sobre a procedência erudita ou popular da modinha
(considerada por alguns historiadores e musicólogos o primeiro
gênero de música brasileira) presentes em obras de autores
79
especialistas no assunto, tais como: José Ramos Tinhorão, Bruno
Kiefer, Mozart de Araújo, Mário de Andrade e Gerard Béhague. E por
fim, visando descortinar as origens e a proposição da supressão da
dicotomia supra-mencionada (erudito versus popular) foram cotejados
esses discursos com as idéias e conceitos – tais como apropriação e
circulação cultural – expressos nas obras de autores como Mikhail
Bakhtin, Roger Chartier e Stuart Hall, dentre outros.
Palavras-chave: música brasileira; modinha; cultura popular
SOU ANTIGO, POSSO FALAR: A ANTIGUIDADE, UM
ATRIBUTO VALORATIVO DOS CABOCOLINHOS
Climério de Oliveira Santos
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - PPGM
Curso: Doutorado – Etnografia das Práticas Musicais
Subárea: Etnomusicologia
Resumo: A comunicação discute a importância da antiguidade para os
grupos de cabocolinhos em Pernambuco, sobretudo, a Tribo Canindé.
O trabalho verifica se a antiguidade está relacionada a elementos
intrínsecos da música e como a idéia de antiguidade, tida como
atributo valorativo, é vivencia pelos cabocolinhos.
Palavras-chave: Cabocolinho. Antiguidade. Música. Valores
TRÂNSITO MUSICAL E IDENTIDADE NA CAPOEIRA
ANGOLA
Flávia Diniz
UFBA/PPGM
Mestrado em Etnomusicologia
Resumo: Neste artigo apresento resultado parcial da pesquisa de
Mestrado em Etnomusicologia sobre o trânsito musical entre o
Candomblé - e dentro dele o Culto ao Caboclo -, o Samba de Roda e a
Capoeira, com foco na Capoeira Angola. Procurei identificar os
elementos musicais em trânsito entre as formas expressivas e religião
afro-brasileiras em questão, iluminando, sempre que possível, a
correlação com seus elementos extra-musicais, presentes em seus
rituais, corporalidades, cosmogonias e trajetórias históricas. A
pesquisa de campo aconteceu junto ao Grupo Nzinga de Capoeira
Angola, em Salvador, BA, em 2009 e 2010, assim como no ambiente
mais amplo das formas expressivas e religiões afro-brasileiras nesta
cidade. Sendo praticante de Capoeira Angola, participei de treinos,
eventos e Rodas de Capoeira, freqüentei festas públicas de Candomblé
e Caboclo e Sambas de Roda, realizei entrevistas com Mestres e
discípulos na Capoeira Angola e com lideranças sociais ligadas ao
Movimento Negro, colhendo informações também em discussões e
palestras com a presença de lideranças religiosas. Pautei-me, ainda,
em registros musicais e áudio-visuais já existentes, produzidos sobre
ou pelos próprios grupos e comunidades aqui abordados, assim como
80
em gravações e anotações feitas por mim nestes contextos. Na
primeira parte deste artigo apresento uma breve discussão sobre
termos geralmente atribuídos à Capoeira Angola, como “tradicional”,
“popular” e “afro-brasileiro”, depois busco definir rapidamente os
termos “identidade” e “etnicidade” e sua relevância para a pesquisa
etnomusicológica. Finalmente, abordo o trânsito musical, definindo-o,
problematizando-o e apresentando exemplos musicais. A vinculação
deste trânsito musical com o contexto mais amplo desta cultura
musical “afro-brasileira”, da qual fazem parte a Capoeira Angola, o
Candomblé e o Samba de Roda, levaram-me a relacioná-lo com as
questões em torno da construção de identidade.
Palavras-chave: Capoeira Angola; Candomblé; Samba de Roda;
trânsito musical; identidade.
O ELEMENTO INDÍGENA NA OBRA DE HEITOR VILLALOBOS: UMA PESQUISA EM FINALIZAÇÃO
Gabriel Ferrão Moreira
PPGMUS/UDESC
Musicologia-Etnomusicologia
Resumo: Neste artigo discuto os resultados preliminares da minha
pesquisa de mestrado intitulada “O elemento indígena na obra de
Heitor Villa-Lobos: Observações analíticas e considerações” que será
defendida em fevereiro de 2011. Partindo da hipótese da existência de
um vocabulário composicional coerente e auto-referente de VillaLobos na representação do universo indígena brasileiro, analiso os
Três Poemas Indígenas de 1926 obtendo com essa abordagem
recursos analíticos e parâmetros para prosseguir na análise de trechos
de obras de temática indígena em Villa-Lobos. O objetivo do trabalho
é elaborar um léxico dos recursos composicionais de Villa-Lobos na
representação do indígena e discutir a dimensão musical, histórica e
poética da representação do indígena em sua música. Os resultados
encontrados apontam como recursos composicionais de Villa-Lobos
na representação do universo indígena os acordes de quartas
sobrepostas em movimentação paralela, melodias em graus conjuntos
– inclusive cromatismos - com saltos de terça e de pouco alcance
melódico, paralelismos melódicos em geral, ostinatos curtos, texturas
variadas e eventuais citações de melodias indígenas bem como outros
índices relevantes. Na dissertação também discuto a construção
simbólica do indígena na França desde os tempos da pirataria francesa
na costa brasileira até a admiração causada pelo exótico nas
Exposições Universais de Paris do final do século XIX e o entusiasmo
da intelligentsia francesa com o indígena nas primeiras décadas do
século XX. No Brasil, demonstro como a abordagem da música
indígena feita por Villa-Lobos foi especial, por diversos fatores, como
o acesso a etnografias de Roquete-Pinto e o desenvolvimento
particular da carreira do compositor durante sua vida.
Palavras-chave: Musicologia, Análise Musical, Heitor Villa-Lobos,
Indígena
81
O CLUBE DO CHORO DA PARAÍBA: PERFORMANCE
MUSICAL E RELATOS DE APRENDIZADO DE CAMPO
Juliana Carla Bastos
Universidade Federal da Paraíba
Pós-graduação em Música
Mestrado em Etnomusicologia
Resumo: O trabalho a seguir apresenta de forma sintética a
dissertação de mestrado da autora, que investigou os elementos
constituintes da performance musical do Clube do Choro da Paraíba.
De forma paralela ao texto, são feitos relatos acerca do aprendizado
pessoal que envolveram a feitura do trabalho. A dissertação foi feita
com base nos preceitos teóricos da etnomusicologia e os resultados
apontaram como elementos-chave da performance desse universo a
idéia de “resgate da tradição” e a preocupação permanente em agradar
ao público. O Clube do Choro da Paraíba, universo de pesquisa em
questão, ofereceu bem mais do que a oportunidade de estudar mais
uma manifestação musical brasileira: com ele, veio também a chance
de entender de maneira efetiva algumas relações cotidianas que
permeiam e permearão a vida e a carreira de muitas pessoas que se
propõem a fazer uma pós-graduação em Música.
Palavras-chave: Clube do choro, etnomusicologia, aprendizado
acadêmico, aprendizado pessoal
PEIXE VIVO: UM PROCESSO DE CRIAÇÃO MUSICAL NA
AMAZÔNIA
Keila Michelle Silva Monteiro
Instituto de Ciências da Arte da Universidade Federal do Pará.
Curso de Pós Graduação em Artes/Música
Resumo: Este artigo tem como tema o processo de criação de um dos
grupos de música urbana na Amazônia que trabalha com a pluralidade
cultural. Sendo meu objeto/sujeito de pesquisa o álbum Peixe Vivo da
banda “Cravo Carbono”, lançado em 2001 em Belém do Pará,
pretendo contextualizá-lo social e culturalmente de modo a entender o
seu processo de criação. Para definir a pluralidade cultural que
permeia o álbum, terei como base teórica as obras A identidade
cultural na pós-modernidade de Stuart Hall (2005), que estuda a
questão da identidade na modernidade tardia, na qual se chocam
elementos “tradicionais”, “modernos”, “locais” e “globais” na práxis
das sociedades do mundo atual e Culturas Híbridas: estratégias para
entrar e sair da modernidade de Néstor García Canclini (2006)
também estudioso do convívio hibridizado desses elementos nas
sociedades e na cultura da América Latina. E para entender o contexto
em que o álbum foi criado, utilizarei, ainda, como referencial teórico
textos de Gerard Béhague, John Blacking, Alan Merriam e Bruno
Nettl, a fim de que eu possa compreender os músicos da banda como
indivíduos e seres que vivem em sociedade, a qual possui uma cultura
determinada. Portanto, a pluralidade cultural será abordada, a
82
princípio, no contexto da América Latina, passando-se pelo Brasil até
que seja estudada no contexto amazônico, mais especificamente, na
Belém dos anos 90 e 2000, cenário do qual participava a banda
“Cravo Carbono” na época em que criou o álbum Peixe Vivo. Depois,
farei um breve resumo da história da banda e do álbum, para que eu
possa, enfim, estudar o seu processo de criação dentro desse contexto.
Palavras-chave: Peixe Vivo, Cravo Carbono, criação, hibridação,
Amazônia
MÚSICA E ETNICIDADE JUDAICA NAS CANÇÕES DO
SHABAT EM RECIFE/PE
Keila Souza Fernandes da Cunha
Universidade Federal da Paraíba
Mestrado em Música/Etnomusicologia
Resumo: Este trabalho tem como foco as canções do Shabat como
marcador identitário e seus contextos sócio-culturais. Busca-se
refletir sobre as possíveis relações entre a música realizada durante
o Shabat, uma prática cultural/religiosa realizada por alguns judeus
recifenses, com a própria identidade judaica. Atualmente algumas
famílias judaicas descendentes de imigrantes no Recife, capital
pernambucana, mesmo sendo impactadas pelos processos dinâmicos
das mudanças culturais que afetam as sociedades contemporâneas,
ainda realizam o ato de acender as velas ao entardecer da sexta feira,
ou seja, quando aparece a primeira estrela no céu vespertino, dando
início assim a uma prática que é tão antiga quanto à própria história
do judaísmo desde os tempos da antiguidade. Tendo em vista a
existência de um repertório musical específico para tal e que o
mesmo é usado nas celebrações do Shabat por milhões de judeus no
mundo todo, a pesquisa em andamento enfoca o papel da música
com suas funções, bem como sua execução no lar judaico e na
sinagoga, locais estes onde se pratica o Shabat, sendo esta um tipo
de investigação que envolve a pesquisa em campo com coleta de
dados para uma análise principalmente qualitativa e
complementarmente quantitativa objetivando esclarecer a relação
música-identidade. Ainda dentro da concepção Etnomusicológica,
este estudo busca compreender dentre muitos outros aspectos a
relação entre a música shabática e a questão da etnicidade, tema
bastante recorrente em pesquisas acadêmicas no século XXI das
ciências sociais, considerando sua importante e crescente ligação com
muitas pesquisas de caráter etnomusicológico quando as mesmas dão
destaques aos aspectos musicais que constroem ou podem ser
intrínsecos a uma sociedade com seus significados e simbolismos.
Palavras-chave: música judaica, Shabat, identidade judaica,
etnicidade.
83
OS PROJETOS SOCIAIS E A MÚSICA NO „FRONT‟ DAS
LUTAS CONTEMPORÂNEAS: ENTRE A BIOPOLÍTICA E A
INVENÇÃO DA VIDA
Laize Guazina
UNIRIO/PPGM
Doutorado em Música / Etnomusicologia
Resumo: Neste artigo busca-se compreender as práticas musicais nos
projetos sociais, sobretudo pelo ensino de música, a partir dos estudos
foucaultianos em articulação com a etnomusicologia, pela proposta de
uma Etnomusicologia do Poder. As práticas musicais nos projetos
sociais têm sido compreendidas como capazes de construir novas
oportunidades de vida às populações mais pobres, modificando suas
realidades de maneira positiva. Tal associação ganha evidência nos
dias atuais em relação ao enfrentamento das adversidades como
desemprego, ao acesso precário à educação e à cultura, ao
enfrentamento da violência, até às lutas por direitos políticos e
legitimidade social. A gênese desses fenômenos sociais está
intimamente relacionada ao neoliberalismo, que tanto produziu essas
adversidades quanto abriu espaço para os projetos por meio de
políticas de terceirização dos braços do Estado. As práticas musicais
passaram a ter grande presença nos meios mais empobrecidos através
dos projetos sociais, tornando-se meio de combater as mazelas
resultantes do capitalismo. Assim, temos uma conjuntura complexa,
onde as práticas musicais nos projetos sociais tanto permitem acesso a
oportunidades, quanto estão ligadas às políticas neoliberais e
adversidades que produziram os projetos. Essas são relações que
demandam uma análise problematizadora e desnaturalizante das
práticas musicais nos projetos sociais.
Palavras-chave: projetos sociais, práticas musicais, biopolítica,
invenção da vida, Etnomusicologia do Poder
A FIGURA DO PALHAÇO EM FOLIAS DA ZONA DA MATA
DE MINAS GERAIS
Marcelo de Castro Lopes
UNIRIO/PPGM
Doutorando em Etnomusicologia
Resumo: As folias que não se encontram mais no “mundo camponês”
descrito por Brandão encontram-se em uma nova rede de relações que
implica, entre outras mudanças, na redefinição de papéis. É neste
contexto que o presente trabalho tem por finalidade investigar a figura
do palhaço e suas relações com processos em curso em folias de reis
nas cidades de Rio Pomba e Juiz de Fora, ambas situadas na Zona da
Mata do estado de Minas Gerais. Descrita na literatura sobre o
assunto, a ampla gama de variações locais e regionais apresenta várias
versões, muitas delas conflitantes sobre representações e funções da
enigmática figura mascarada presente em muitas folias. Ao longo do
trabalho busco confrontar a literatura sobre palhaços com os dados
obtidos em campo durante a pesquisa que desenvolvo atualmente
84
sobre as práticas de folias na Zona da Mata de Minas Gerais. Embora
encontrando-se as folias de Juiz de Fora e a folia de mestre Célio em
Rio Pomba em contextos muito distintos, o palhaço funciona como
elemento comum para a análise de processos em curso em ambos os
casos. As relações com as novas gerações, os meios de comunicação
de massa e o poder público são aspectos comuns a estes dois universos
e passam pela figura do palhaço. As reflexões de Bitter sobre os
aspectos de marginalidade, ambigüidade e questionamento da ordem
por parte da figura do palhaço serão de grande importância para a
análise da relação dos jovens de Juiz de Fora com este elemento e por
conseqüência com a folia de uma forma geral. As idéias de Appadurai
lançam luzes sobre a construção de projetos para sua folia elaborados
por mestre Célio, onde a figura do palhaço desempenha papel
estratégico de grande relevância.
Palavras – Chave: Folia de reis, palhaço, Zona da Mata, Rio Pomba,
Juiz de Fora
CAXIXI: UM EXEMPLAR DA PERCUSSÃO AFROBRASILEIRA E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA REFLEXÕES
DE PERSPECTIVA ETNOMUSICOLÓGICA
Priscila Maria Gallo
Programa de Pós-Graduação em Música -UFBA
Mestrado-Etnomusicologia
Resumo: O foco deste artigo é o exemplar da percussão afrobrasileira conhecido como Caxixi e suas conexões com conceitos e
reflexões de perspectiva etnomusicológica. Trata-se de um
instrumento idiofônico, chocalho de cesto, originário da cultura bantu,
termo que remete a uma etnia pertencente à região africana do CongoAngola, no qual era utilizado em funções rituais e cerimoniais. O
artigo analisa as transformações ocorridas nos usos e funções deste
instrumento, retirado de sua região de origem durante o regime
escravocrata e transplantado para o Brasil, onde adquire outros usos e
funções, ligados menos a práticas religiosas e mais a práticas
populares.
Palavras-chave: caxixi, afro-brasileiro, percussão, etnomusicologia
TIAS BAIANAS QUE LAVAM, COZINHAM, DANÇAM,
CANTAM, TOCAM E COMPÕEM: UM EXAME DAS
RELAÇÕES DE GÊNERO NO SAMBA DA PEQUENA ÁFRICA
DO RIO DE JANEIRO NA PRIMEIRA METADE
DO SÉCULO XX.
Rodrigo Cantos Savelli Gomes
Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC
Mestrado em Música/Musicologia-Etnomusicologia
Resumo: Esta investigação lança-se sobre o samba na cidade do Rio
de Janeiro na primeira metade do século XX – período inicial de sua
consolidação como símbolo nacional – de modo a analisar a atuação
das mulheres neste processo. A literatura apresenta escassas
informações que apontem a figura feminina como sujeito importante
para a construção desta manifestação cultural, o que tem conduzido
85
pesquisadores a apresentar o samba como um espaço essencialmente
masculino. Assim, num primeiro momento, este estudo mostra uma
face feminina do samba, baseando-se, para isso, em dados
secundários, como notas-de-rodapé, anexos, informações dispersas e
marginais da literatura produzida sobre o samba. Num segundo
momento, ainda em andamento, estes dados serão complementados
com a revisão de documentos históricos, recortes de jornais e revistas
da época, bem como com depoimentos de interlocutores,
pesquisadores, músicos e informantes. O foco inicial foi a “Pequena
África do Rio de Janeiro” (MOURA, 1995), contexto tomado pela
maioria dos pesquisadores como o principal ambiente onde o samba
teria encontrado um terreno propício para seu desenvolvimento
enquanto gênero musical característico da cultura brasileira e símbolo
da identidade nacional. Identifiquei neste reduto a presença de
musicistas como Ciata, Perciliana, Carmem do Ximbuca, Maria
Adamastor, Amélia Aragão, Mariquita, entre outras. Trata-se, pois, de
um mundo musical feminino desvalorizado, obscurecido por uma
construção histórica criada pelas classes superiores, focada nos
grandes personagens, nos grandes eventos supostamente mais
importantes, no domínio da vida pública, na tradição escrita, com
escassos ou mesmo nenhum interesse na face doméstica, na tradição
oral, no conhecimento das mulheres. Num segundo momento, este
estudo pretende fazer uma análise da passagem do samba da “Pequena
África” para o meio radiofônico, de modo a verificar como a mulher
se colocou neste processo. Parto do princípio que para o samba se
estabelecer como símbolo da identidade nacional (desde a primeira
gravação em 1917 até os dias atuais) diversos aspectos da cultura do
samba foram reinventados (SANDRONI, 2007; CALDEIRA, 2007),
entre eles, o campo das relações de gênero. Estas transformações
foram necessárias para que o samba pudesse transitar entre os diversos
biombos da sociedade, propondo neste processo uma reestruturação
nas relações de gênero baseadas em interesses políticos, econômicos,
ideológicos, comerciais, estético-musicais.
Palavras-chave:
Etnomusicologia
relações
de
gênero;
mulheres
no
samba;
86
CO – Composição
A EXPLORAÇÃO DE ASPECTOS DE REFERENCIALIDADE
NA COMPOSIÇÃO DE MÚSICA ELETROACÚSTICA
Alessandro Goularte Ferreira
Universidade Federal do Paraná
Curso de Pós-Graduação em Música – Mestrado
Teoria e Criação Musical
Resumo: Este artigo tem como objetivo apresentar uma reflexão
teórica e uma revisão de conceitos e termos de compositores e teóricos
de conhecida importância no âmbito da música eletroacústica, com
foco nas relações de referência ou remissão intrínseca e extrínseca dos
sons. Inicialmente são abordadas questões que dizem respeito à
significação e à escuta. São analisadas as relações entre composição
eletroacústica, teoria musical pós-schaefferiana, e a crescente
valorização, no terreno musical, da referencialidade externa, das
referências sonoras (e não-sonoras) do mundo. É investigada ainda a
relevância do fenômeno da percepção sonora como ferramenta e
suporte para a criação de estratégias composicionais que tenham como
objetivo a exploração dos aspectos internos e externos de
referencialidade. Posteriormente são abordadas noções, técnicas,
conceitos, e processos que podem auxiliar a criação e exploração de
diferentes níveis de referencialidade na composição de música
eletroacústica.
Palavras-chave: referencialidade, música eletroacústica, composição,
estética
PRA QUEM QUER ME VISITAR: UMA CONSTRUÇÃO
IDIOMÁTICA-HARMÔNICA-MELÓDICA NA CANÇÃO DE
GUINGA E ALDIR BLANC
Daniel Alexander de Souza Escudeiro
Universidade Federal da Bahia/PPGMUS
Mestrado em Música
Composição Musical
Resumo: Ao constatar que muitas canções são produzidas tendo em
vista a melodia e o acompanhamento, par constante desta produção
musical brasileira, seus procedimentos nos fazem pensar que fatores
compositivos podem ser importantes na sua elaboração. Guinga por
sua vez aparece no cenário brasileiro como um dos principais
compositores neste gênero de música. Assim, o presente estudo
buscou analisar as possibilidades compositivas da canção das quais o
acompanhamento e melodia tem uma relação idiomática, melódica e
harmônica. Foi feito um estudo da canção Pra quem quer me visitar
(Guinga/Aldir Blanc), na qual Guinga apresenta, em seu álbum de
partituras, um idiomatismo muito peculiar do violão. Também se
observaram quais meios são utilizados para produzir, de forma clara e
sintética, os recursos composicionais na relação melodia87
acompanhamento desta canção, propondo também alguns conceitos
decorrentes dessa investigação, os quais possam esclarecer e ampliar o
nosso olhar analítico. Foram encontrados três tipos de construção
melódica: literal, semi-literal e construção aberta. Além disso,
constatou-se que existe uma relação entre a composição do
acompanhamento e o movimento da mão esquerda, sugerindo três
tipos compositivos: transversal, horizontal e vertical. De um modo
geral percebeu-se que a melodia está subordinada ao
acompanhamento, e por um procedimento econômico já se faz pronta
– a parte acompanhada gera a melodia. Da mesma maneira a harmonia
em certos momentos convida à apresentação de uma determinada
fôrma, e em outros momentos a fôrma e os movimentos propostos
conduzem a uma determinada harmonia, as cordas soltas
proporcionam movimento e liberdade, pois o violonista encontra mais
facilidades técnicas e opções de colorido harmônico. Desta maneira
Guinga se diferencia em sua conduta criativa apresentando recursos de
compositores da vanguarda violonística, ao mesmo tempo, que
viabiliza uma linguagem tonal e coerente com o estilo da canção
popular, recheado de idiomatismos típicos do instrumento
(violonismos) - melódicos e harmônicos.
Palavras-Chave:
Guinga
Composição,
Análise,
Idiomatismo,
Canção,
PLANIMETRIA EM KOELLREUTTER E ATRATORES
ESTRANHOS COMO METÁFORA PARA A COMPOSIÇÃO
MUSICAL COM IMPROVISAÇÃO GUIADA
Daniel Puig
Colégio de Aplicação da UFRJ
UNIRIO/ PPGM
Doutorado em Música/Linguagem e Estruturação Musical
Resumo: Este artigo procura delinear as possibilidades da utilização
do conceito de atrator estranho, provindo da Teoria do Caos, como
metáfora para a composição musical que se utiliza da improvisação
guiada. Inicia por expor o conceito de planimetria como entendido por
H. J. Koellreutter, em suas relações com a Psicologia da Gestalt e seus
princípios básicos, com o serialismo numa visão estruturalista e com
uma visão dinâmica do silêncio, entendido como plano ou espaço
continente das ocorrências musicais. O relacionamento entre esta
concepção e ideias provenientes da Teoria do Caos, em especial o
funcionamento de sistemas dinâmicos não-lineares, é explorado com
relação à composição de Caotrios 1 e de sua execução em dois
momentos diferentes: na estreia, em 1995, e nos Cursos Internacionais
de Férias para a Nova Música, em Darmstadt, Alemanha, em 2010. A
partir da exposição do conceito de atrator estranho, de suas
particularidades e das rupturas de paradigma que representa para a
nossa visão de mundo, faz-se uma relação entre este, a planimetria e a
possibilidade de utilizá-lo como metáfora para o pensamento
composicional que se utiliza da improvisação guiada, baseando as
conclusões nos resultados obtidos com Caotrios 1.
88
Palavras-chave: composição, improvisação, planimetria, atratores
estranhos
CIÊNCIA, DETERMINAÇÃO E ARTE: OS QUADRADOS
MÁGICOS E A COMPOSIÇÃO
Danilo Cesar Guanais de Oliveira
DINTER UFRN/UNIRIO
Doutorado em Composição
Resumo: Serão analisados aspectos históricos e estruturais dos
quadrados mágicos e apresentados os materiais resultantes dessa
investigação para efeito da composição de uma obra para coro,
solistas e orquestra, a Paixão. O quadrado mágico, um dispositivo de
características de construção matemáticas, adquiriu contornos místicos
ao longo da história, por suas propriedades de simetria e beleza. O
processo criativo dentro de uma perspectiva determinística, procura
analisar o papel de estruturas pré-estabelecidas para a obtenção de
materiais destinados a integrar o repertório de elementos précomposicionais.
Palavras-chave: Música, Composição, Quadrados Mágicos
MÚSICA – ARTE TEMPORAL
Danilo Rossetti
Universidade Estadual Paulista (UNESP)
Mestrado em Música (Composição)
Resumo: A música é uma arte que se desenvolve ao longo do tempo
e, neste artigo, pretende-se tratar de algumas questões decorrentes do
trabalho do compositor, referentes ao tempo musical. Neste contexto,
abordamos dois pólos distintos deste tema: a formalização musical e a
percepção psicológica do tempo pelo ouvinte. Neste sentido, são
abordadas as definições de Iannis Xenakis sobre as relações das
estruturas musicais com o tempo. São elas as categorias fora-dotempo, no-tempo e temporal. Com relação à categoria fora-do-tempo,
ressalta-se a sua importância no processo de formalização musical.
São feitas algumas considerações sobre a realização do processo de
formalização como, por exemplo, a utilização de modelos
matemáticos tanto planejamento composicional, como no tratamento
das diversas características do som. Com relação à percepção do
tempo musical pelo ouvinte, ou seja, o momento em que ocorre a
realização musical no tempo (categoria temporal), aborda-se as
diferentes maneiras as quais podemos atuar neste campo. Aqui são
tratadas a relação de marcações do metrônomo com o tempo que,
apesar de apresentar alguns valores que têm uma relação exata,
configura-se, na sua grande maioria, como uma relação não-linear. O
“tempo-dilatado” de Grisey é outro conceito trabalhado que pode
influenciar a percepção sonora do ouvinte. Este conceito estabelece
um paralelo entre a grande ocorrência de elementos previsíveis numa
obra musical com a possibilidade de gerar interesse auditivo na
estrutura interna do som, ou seja, na sua estrutura acústica (em
detrimento da audição das macroestruturas, tais como melodia,
89
harmonia, ritmo, etc.). Toda esta discussão é introduzida por algumas
questões de âmbito mais abrangente, que são pertencentes à Filosofia
da Música, tais como “O que é música?”, “Qual a sua utilidade?” e
“Onde está a música?”. São questões aparentemente simples mas que,
até os dias de hoje, não possuem uma resposta definitiva.
Palavras Chave: tempo musical, estruturação musical, formalização,
arte temporal
A MISSA BREVIS DE LINDEMBERGUE CARDOSO
UMA ANÁLISE À LUZ DO CONCÍLIO VATICANO II
Marco Antônio Ramos Feitosa
Universidade Federal da Bahia
Mestrado / Composição
Resumo: Este artigo trata das novidades introduzidas na música
litúrgica, a partir do Concílio Vaticano II, descrevendo primeiramente
o seu contexto histórico, seguido do processo de inculturação
desencadeado e, finalmente, tomando por objeto de análise a Missa
Brevis de Lindembergue Cardoso, a fim ilustrar esse novo panorama e
discutir suas estratégias composicionais.
Palavras-chave: Música Brasileira – Música Litúrgica – Missa –
Lindembergue Cardoso – Concílio Vaticano II
OS PROCEDIMENTOS COMPOSICIONAIS NO PRIMEIRO
MOVIMENTO DO SEPTETO DE IGOR STRAVINSKY
Paulo Henrique Raposo
UNIRIO/PPGM
Mestrado/Composição Musical
RESUMO: O Septeto de Igor Stravinsky é uma obra híbrida, que
apresenta procedimentos seriais e não-seriais. Foi escrita entre 1952 e
1953 e é a segunda composição de seu último período composicional.
Este artigo propõe uma análise do primeiro movimento desta obra,
destacando suas características harmônicas e formais. Do ponto de
vista harmônico, foi possível observar que o compositor emprega
escalas sintéticas e séries não-dodecafônicas. Estes materiais se
relacionam com a estrutura deste movimento (entendida aqui como
uma forma sonata), onde cada seção apresenta uma característica
harmônica distinta. O motivo inicial da obra funciona como um
princípio unificador das alturas, já que é tratado ora de acordo com
técnicas contrapontísticas tradicionais (como o cânone, fugatto e
stretto) ora como série. Este trabalho também apresenta uma visão
geral de seu último período, do ponto de vista do emprego do
serialismo, além de propor uma discussão sobre os motivos que o
levaram a adotar esta técnica. São abordadas as hipóteses de que esta
escolha se deu pela desvalorização de sua música por parte das
vanguardas da época, da influência do regente Robert Craft e das
relações do serialismo com sua poética.
PALAVRAS-CHAVE: Stravinsky,
procedimentos composicionais
neoclassicismo,
serialismo,
90
DANÇAS AFRICANAS E BRASILEIRAS EM GINGA DE
MARISA REZENDE
Potiguara Curione Menezes
Programa de Pós-Graduação em Música / Processos de Criação
Musical / Técnicas Composicionais e Questões Interpretativas
Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo
Resumo: Pretende-se investigar a utilização das danças africanas
ogogo e agbadza e do samba brasileiro na construção da peça em
questão. Além disso, existe a intenção de comparar a abordagem
adotada pela compositora na escolha e no tratamento deste material
étnico com algumas das maneiras com que o elemento afro foi
trabalhado no decorrer do século XX, particularmente com o
tratamento villa-lobiano desse material em algumas de suas
composições. O enfoque adotado na análise proposta incidirá
principalmente sobre as estruturas rítmicas de Ginga (1994), tentando
relacioná-las com os elementos das danças que inspiraram sua
composição. Este artigo está inserido numa pesquisa maior que
pretende investigar um novo tipo de utilização de elementos de
brasilidade em obras musicais no final do século XX, entre os anos
1980 e 2000, período que se situa após a dissolução da oposição
nacionalismo versus vanguarda.
Palavras Chave: análise musical, música afro-brasileira, música
contemporânea, brasilidade, modernismo
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SO – Sonologia
TÉCNICOS DE ESTÚDIOS DE GRAVAÇÃO: TRAJETÓRIA
DE FORMAÇÃO MUSICAL
Alexandre Bezerra Viana
UNIRIO/PPGM
Doutorado em Música
História da Música
Resumo: O tema principal da pesquisa de doutorado é constituído
pela formação dos profissionais de estúdio de gravação musical da
cidade de Natal, Rio Grande do Norte. Os estudos preliminares
mostram como se dá a formação daqueles técnicos e como é possível
analisar a relação entre a competência musical e a qualidade das
gravações realizadas. Entre os profissionais entrevistados, todos eles
afirmaram tocar algum instrumento, mas apenas alguns possuem
formação musical formal. Compostos em sua maioria de autoditadas,
não se observa uma preocupação na formação formal nem musical
nem de áudio. Uma característica bastante forte é o prazer que estes
músicos possuem em trabalhar com gravação. Mesmo não precisando
deste a profissão para a subsistência, alguns preferem manter ativo o
vínculo com o ambiente dos estúdios de gravação e os que dependem
deste serviço para sobreviver, buscam através de amigos, revistas e
internet uma forma rápida do aprendizado e nas técnicas de gravação.
Por não possuir um diploma específico que possa medir o nível desses
profissionais, a pesquisa tem observado, até o momento, não ser
possível afirmar qual técnico possui melhor qualificação para
desempenhar as gravações por eles realizadas.
Palavras-chaves: música, estúdios de gravação, educação profissional
MÚSICA-VÍDEO: UMA EXPERIÊNCIA TRANS-SENSORIAL
Marcelo Carneiro de Lima
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO/PPGM
Doutorado em Música
Linguagem e Estruturação Musical
Resumo: Este trabalho aborda a trans-sensorialidade a partir do
música-vídeo. Como um modelo de arte audiovisual, o música-vídeo
compartilha as características das artes videográficas em geral, por
exemplo, a hibridização das linguagens e o trânsito dos sentidos,
possibilitando a ênfase na trans-sensorialidade como definida por
Michel Chion: percepções que não são de nenhum sentido em
particular, mas do conjunto dos sentidos. Como especificidade, o
música-vídeo caracteriza-se por ser um produto da ação do compositor
(associado ou não a um videasta) que partindo da sua formação
específica aborda o meio videográfico com uma leitura particular na
proposição de um trabalho audiovisual. Partindo da hipótese de que a
experiência trans-sensorial pode possibilitar novas abordagens em
relação à composição musical e audiovisual, apresenta-se o conceito
92
elaborado por Chion comparando-o com a noção de sinestesia. Em
seguida, são apresentadas duas análises resumidas de dois trabalhos de
música-vídeo: a primeira, um exercício acadêmico sobre o vídeo
Eyeblink de Yoko Ono, e a segunda, sobre Domingo, música-vídeo de
Rodolfo Caesar.
Palavras-Chave: Música-vídeo, Trans-sensorialidade, Hibridização
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PROGRAMAÇÃO E CADERNO DE RESUMOS