M. Pelosi, V. Souza, A. Schreiber, C. Dan – Centro Terapia Ocupacional do Rio de Janeiro O Centro de Terapia Ocupacional do Rio de Janeiro como Centro de Referência na Área da Comunicação Alternativa Rio de Janeiro Occupational Therapy Center as a Reference Center for Alternative Communication Centro de Terapia Ocupacional do Rio de Janeiro Miryam Bonadiu Pelosi, Vera Lúcia Vieira de Souza, Ana Helena Schreiber, Claudia Yukie Dan Endereço para correspondência: Miryam Bonadiu Pelosi Av. das Américas, 700, Bloco 6, sala 152 Barra da Tijuca Rio de Janeiro – RJ CEP: 22640-100 e-mail:[email protected] Resumo O texto relata a experiência vivida pelos terapeutas ocupacionais do Centro de Terapia Ocupacional do Rio de Janeiro – CTORJ, no âmbito da formação de profissionais de saúde e educação, familiares e cuidadores na área de Comunicação Alternativa e Ampliada. Desde sua criação em 2000 foram realizados 21 cursos de formação abrangendo mais de 300 participantes; palestras e supervisões sistemáticas a escolas e instituições como a APAE de Niterói, a FUNLAR – Fundação Municipal Lar Francisco de Paula e a Escola Areno; cursos a clínicas, Centros de Reabilitação e Instituições em todo Brasil e capacitações a Secretarias de Saúde e Educação. No último ano foram realizadas capacitações à Secretaria de Educação de Niterói, Angra dos Reis,Volta Redonda e à Secretaria de Educação do Estado do Paraná. O CTORJ possui, ainda, um site na internet que contém informações sobre comunicação alternativa e ampliada onde disponibiliza aplicativos desenvolvidos a partir de vários softwares. Palavras-chave: Terapia ocupacional, necessidades educacionais especiais, comunicação alternativa e ampliada, formação de profissionais. M. Pelosi, V. Souza, A. Schreiber, C. Dan – Centro Terapia Ocupacional do Rio de Janeiro O presente trabalho tem como objetivo relatar a experiência vivida pelos terapeutas ocupacionais do Centro de Terapia Ocupacional do Rio de Janeiro – CTORJ, no âmbito da formação de profissionais de Saúde e Educação, familiares e cuidadores na área de Comunicação Alternativa e Ampliada. O Centro de Terapia Ocupacional do Rio de Janeiro foi formado no ano de 2000 para atendimento de crianças, adolescentes e adultos com disfunções motoras em graus variados, múltipla deficiência, deficiência visual e transtornos de aprendizado. A dificuldade de comunicação oral e/ou escrita é um aspecto preponderante no trabalho diário do Centro, além, da atenção com a formação de profissionais. A Comunicação Alternativa e Ampliada (CAA) caracterizada por um conjunto de símbolos, estratégias e técnicas para o desenvolvimento de uma comunicação que complemente ou suplemente a fala é uma área, ainda, pouco conhecida pelos profissionais da Saúde e da Educação da rede pública e privada no Brasil. A XI Conferência Bianual da ISAAC – International Society for Augmentative and Alternative Communication que aconteceu pela primeira vez na América Latina, em outubro de 2004, reuniu na cidade de Natal 450 participantes de 33 países. Nesse grupo havia apenas 60 participantes do Brasil que se mobilizaram para a organização de eventos brasileiros bianuais, intercalados ao evento internacional, com o objetivo de difundir o trabalho da comunicação alternativa no nosso país. Recente estudo conduzido por Pelosi e Nunes (2004) apontou para a inexperiência dos terapeutas ocupacionais que trabalham na Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro na área de Comunicação Alternativa e a ausência de serviços à população, nessa área. No Rio de Janeiro, o trabalho de comunicação alternativa vem acontecendo em centros de reabilitação, consultórios privados e nas universidades. A Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ possui uma linha de pesquisa em comunicação alternativa no Curso de Pós-Graduação em Educação, que foi criada em 1995. Nunes e Nunes (2003) descrevem 13 trabalhos de pesquisa realizados no período de 1997 a 2002 que envolveram temas como o desenvolvimento da leitura e escrita, a interação de 2 M. Pelosi, V. Souza, A. Schreiber, C. Dan – Centro Terapia Ocupacional do Rio de Janeiro usuários de comunicação alternativa e seus professores na escola e outras diferentes intervenções. Desde a sua criação, o CTORJ teve papel fundamental na divulgação da área de comunicação alternativa na mídia nacional. Foram veiculadas 16 matérias em jornais, três artigos em revistas, três entrevistas em rádios e dois programas de televisão divulgando o trabalho da comunicação alternativa. Jornais como “O Dia”, “Jornal do Brasil”, “Jornal Extra”, “O Globo”, “Jornal do Comércio” e o “Jornal do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional” apresentaram matérias como “Alta Tecnologia a serviço da Terapia Ocupacional”, “De volta “às falas””; “Deficientes falam por computador”, “Toda forma de comunicar vale a pena”, entre outras reportagens. Na televisão reportagens como o “Software para crianças deficientes – formas de adaptação e resultados” apresentados no RJ TV na Rede Globo e a participação no programa “Sem Censura”, da TV Educativa, também contribuíram para a disseminação da informação. A participação em eventos científicos tem procurado divulgar o trabalho da Comunicação Alternativa através de apresentações orais, pôsteres, cursos e workshops. Nos últimos cinco anos foram mais de 25 trabalhos apresentados em congressos como: VII, VIII e o IX, Congresso Brasileiro de Terapia Ocupacional; 1a Muestra y Foro de Equipamento, Tecnologia Assistiva y Servicios para Personas con Capacidades Diferentes, que aconteceu no Uruguai e o II Seminário Internacional da Sociedade Inclusiva. Temas como: “O papel do terapeuta ocupacional na tecnologia assistiva”, “A Comunicação Alternativa como recurso de inclusão social”, “As contribuições da CAA no processo de inclusão escolar de uma criança com disfunção neuromotora” e “A tecnologia como facilitador da comunicação na paralisia cerebral” foram alguns dos temas abordados. Na área clínica, o CTORJ presta atendimento individual e em grupo aos seus clientes, além de oferecer serviços à comunidade através de palestras e supervisões aos alunos com dificuldades de comunicação que estão inseridos nas escolas públicas. Desde sua fundação, o CTORJ tem tido a preocupação de capacitar os profissionais da Saúde e Educação instrumentalizando-os para o acompanhamento dos usuários na clínica e na escola. Durante quatro anos, o CTORJ participou da formação de 12 alunas do curso de terapia ocupacional dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo com o oferecimento de estágios curriculares. Todas as estagiárias tiveram a oportunidade de 3 M. Pelosi, V. Souza, A. Schreiber, C. Dan – Centro Terapia Ocupacional do Rio de Janeiro aprender sobre os recursos de baixa e alta tecnologia na área de comunicação alternativa, conhecimentos esses que foram disseminados em suas universidades de origem através das supervisões periódicas que participavam. Desde 2000 foram realizados 21 cursos de formação no CTORJ abrangendo mais de 300 participantes. Cursos como: “A Comunicação Alternativa para cuidadores”, “O uso do computador para o desenvolvimento da comunicação escrita”, “Facilitando a comunicação e a inclusão escolar” e “Construindo pranchas de comunicação e Materiais pedagógicos adaptados utilizando o software Boardmaker e o programa Word” são alguns dos exemplos. Considerando as necessidades dos usuários com múltipla deficiência foram realizados, também, cursos com temas complementares à comunicação alternativa. O curso “Visão subnormal e a preparação para a inclusão escolar”, o workshop “Adaptação do material escolar para favorecer à inclusão de crianças portadoras de baixa visão e múltipla deficiência” e os cursos sobre sitting e órteses de membros superiores exemplificam esse grupo de cursos. Além dos cursos realizados no próprio Centro, foram realizadas, ao longo desses seis anos, palestras e supervisões sistemáticas a escolas e instituições como a APAE de Niterói, a FUNLAR – Fundação Municipal Lar Francisco de Paula e a Escola Areno. O trabalho desenvolvido na APAE de Niterói possibilitou a formação em serviço dos profissionais que trabalhavam no S.E.I. cuja sigla significava Socialização, Estimulação e Integração até a criação de um Centro de Atendimento na área de CAA. Oferta de cursos e workshops às clínicas, centros de reabilitação e instituições em todo Brasil e curso de capacitação às Secretarias de Saúde e Educação têm feito parte da rotina dos terapeutas ocupacionais que trabalham no Centro. Foram realizados mais de 30 cursos sobre Comunicação Alternativa nos últimos seis anos em cidades como: Salvador, Natal, Belo Horizonte, Londrina, Curitiba, São Paulo, Lins, Volta Redonda, Telâmaco Borba, Umuarama, Angra dos Reis, Uberaba, Niterói e Rio de Janeiro. No último ano foram realizados cursos de capacitação às secretarias municipais de Educação de Niterói, Angra dos Reis e Volta Redonda e à Secretaria de Educação do estado do Paraná. 4 M. Pelosi, V. Souza, A. Schreiber, C. Dan – Centro Terapia Ocupacional do Rio de Janeiro Os terapeutas do Centro já coordenaram três projetos de pesquisa na área de comunicação alternativa que resultaram em duas dissertações de mestrado e uma de doutorado, esta em andamento, junto à Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O CTORJ possui, ainda, um site na internet que contém informações sobre comunicação alternativa e ampliada, baixa visão e terapia ocupacional onde disponibiliza, ao público em geral, aplicativos desenvolvidos com os softwares PowerPoint, IntelliPics, ClickIt e Boardmaker além da possibilidade de download de softwares desenvolvidos por seus terapeutas como o software Comunique e o Teclado Comunique. Os terapeutas do Centro respondem em média a 100 e-mails mensalmente solicitando informações e esclarecimentos sobre a Comunicação Alternativa e Ampliada. O mais recente projeto do grupo é a organização de um curso de capacitação de professores e estudantes dos cursos de pedagogia, fonoaudiologia e terapia ocupacional para o trabalho como professor de apoio de alunos com dificuldades comunicativas. A proposta da formação é favorecer a inclusão dos alunos nas escolas regulares. A experiência vivenciada pelos terapeutas ocupacionais do CTORJ nesses primeiros anos de trabalho aponta para a carência de informações e de profissionais trabalhando na área de comunicação alternativa no nosso país. Outras iniciativas de divulgação e esclarecimento da área serão muito bem vindas nessa fase de expansão. Referências Bibliográficas: Nunes, L.R. e Nunes D.R.(2003). AAC intervention research with children and youth with moderate and severe disabilities in Brazil. American Speech-Language-Hearing Association Division 12: Perspectives on Augmentative and Alternative Communication, 12 (3), 2-6. Pelosi, M.B. e Nunes, L.R. (2004). Inclusão escolar – Uma parceria das Secretarias de Educação e de Saúde do município do Rio de Janeiro utilizando a tecnologia assistiva. In Proceedings (CD ROM) of the XI Conference of the International Society for Augmentative and Alternative Communication – ISAAC. Natal: outubro de 2004. 5