PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática OBJETO DE APRENDIZAGEM PARA DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES DE VISUALIZAÇÃO E REPRESENTAÇÃO DE SECÇÕES CÔNICAS: atividades para o Ensino Médio Adilson Lopes de Oliveira Belo Horizonte 2011 Adilson Lopes de Oliveira OBJETO DE APRENDIZAGEM PARA DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES DE VISUALIZAÇÃO E REPRESENTAÇÃO DE SECÇÕES CÔNICAS: atividades para o Ensino Médio Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais., como requisito parcial para obtenção do título de Mestre Área de Concentração: Matemática Orientador: Prof. Dr. João Bosco Laudares Belo Horizonte 2011 FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais O48o Olivera, Adilson Lopes de Objeto de aprendizagem para desenvolvimento de habilidades de visualização e representação de secções cônicas: atividade para o ensino médio / Adilson Lopes de Olivera. Belo Horizonte, 2011. 106 p. Orientador: João Bosco Laudares Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática 1. Tecnologia educacional. 2. Inovações educacionais. 3. Educação Inovações tecnológicas. 4. Matemática – Estudo e ensino. 5. Ensino auxiliado por computador. 6. Software. I. Laudares, João Bosco. II. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática. III. Título. ........... CDU: 51:37 Adilson Lopes de Oliveira Objeto de Aprendizagem para desenvolvimento de habilidades de visualização e representação de secções cônicas - atividades para o Ensino Médio - Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. ___________________________________________________ João Bosco Laudares (Orientador) – PUC Minas ___________________________________________________ Dimas Felipe de Miranda – PUC Minas ___________________________________________________ Wagner Ahmad Auarek - UFMG Belo Horizonte, 06 de maio de 2011 Dedico esta dissertação ao meu exemplo de professor, meu pai, Afonso, que, ao longo de sua carreira, demonstrou, com muita sabedoria, discernimento e dedicação, como ser um verdadeiro educador. Obrigado por ser meu pai, profissional correto e competente, fonte de inspiração, apoio e ensino diário. AGRADECIMENTOS Em especial, ao meu orientador, João Bosco Laudares, pelo apoio, incentivo, confiança, amizade, simplicidade e dedicação que foram decisivos durante a orientação deste trabalho; minha admiração e meu eterno agradecimento. Aos colegas do Grupo de Pesquisa em Informática e Metodologia para o Ensino de Matemática – GRUPIMEM, pela importância do trabalho que desenvolvemos. Aos professores Doutores Dimas Felipe de Miranda, João Bosco Laudares e Wagner Ahmad Auarek, pelas valiosas sugestões, quando da banca examinadora. À minha esposa, Tânia, pelo imprescindível apoio, paciência e incentivo para a realização de todos os meus projetos. Aos meus filhos, Fabinho e Adriana, pela presença e pela compreensão durante a execução deste trabalho. À minha mãe, Esther, pela compreensão em meus momentos de ausência. Aos meus irmãos Afonso, Kepler e Dulcinéa, pela amizade e pelo apoio. À minha amiga, Maria Inês Gariglio, pelo apoio, pelo incentivo, pela compreensão em meus momentos de ausência. Ao meu amigo, Fernando Amaral, professor do programa de Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática da PUC Minas, pelo grande incentivo. À colega do Mestrado, Maria Beatriz, pela amizade e pela parceria durante o decorrer do curso. Ao diretor geral do CEFETMG, prof. Dr. Flávio Antônio dos Santos, pelo apoio para a realização deste Mestrado. À minha amiga, Renata, pela paciência e pelo incansável trabalho de revisão desta dissertação de Mestrado. Aos estudantes do Colégio Marista Dom Silvério, pela preciosa contribuição para a realização desta pesquisa. “A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria.” Paulo Freire RESUMO A pesquisa apresentada nesta dissertação teve como objetivo construir Objetos de Aprendizagem e analisar como, ao usá-los, os estudantes identificam e conceituam uma cônica (Elipse, Hipérbole e Parábola). Para isso, foi utilizado o software dinâmico GeoGebra em todo processo de construção e reconhecimento de cada cônica. Ao construir o primeiro Objeto de Aprendizagem, que permitiu o reconhecimento de uma Elipse, os estudantes analisaram e discutiram, em atividades investigativas, diferentes formas de utilização desse software para se chegar ao conceito de tal figura geométrica. Ao final de cada atividade, os estudantes identificaram o formato da cônica pelas curvas verificadas nas figuras/fotos apresentadas por eles. Em outro momento da pesquisa, o professor pesquisador construiu outros Objetos de Aprendizagem visando à identificação e à elaboração do conceito de cada uma das cônicas. As atividades elaboradas foram baseadas nas teorias relativas a Atividades Investigativas e Objetos de Aprendizagem. A análise das discussões e do resultado das atividades propostas revelou grande envolvimento dos estudantes no trato com a abordagem pedagógica e com o software educacional empregado. Palavras chave: Objeto de aprendizagem, Investigação Matemática, Estudo das Cônicas, Tecnologia, Software Educacional. ABSTRACT The piece of research presented in this work had as objective the construction of Learning Objects and to analyze how, when used, the students identify and conceptualize a conic section (Ellipse, Hyperbola, Parabola). To accomplish this, the dynamic software GeoGebra was employed in the process of construction and recognition of each conic section. In the first Learning Object construction, which provided an ellipse recognition, the students analysed and discussed, during investigative activities, different ways of the software employment to conceptualize each geometric figure. At the end of each activity, the students identified the conic section format by means of the verified curves presented in the pictures/photos brought by them. In another moment, the teacher/ researcher has contructed other Learning Objects aiming at the identification and concept elaboration of each of the studied conic sections. All the activities were based upon the theories related to Investigative Activities and Learning Objects. The discussion and results analysis has revealed a deep students' involvement with the pedagogical approach as well as with the employed educational software. Keywords: Learning Object, Mathematical Investigation, Conic Sections Study, Technology, Educational Software. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: Parte superior do software GeoGebra ............................................ 48 FIGURA 2: Página inicial do software GeoGebra .............................................. 49 FIGURA 3: Grupo de estudantes executando a primeira atividade ................. 54 FIGURA 4: “Dente-de-leão” apresentado pelo grupo 5 .................................... 63 FIGURA 5: Foto de uma traqueia apresentada pelo grupo 1............................ 73 FIGURA 6: Torre de Refrigeração de Usinas Nucleares ................................... 78 FIGURA 7: La Pedrera, Arcos parabólicos......................................................... 80 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1: Parábolas com simetria no eixo das ordenadas ......................... 30 GRÁFICO 2: Parábolas com simetria no eixo das abscissas ou eixos paralelos a este............................................................................... 31 GRÁFICO 3: Segmento de reta construído pelo grupo 1.................................. 56 GRÁFICO 4: Elipse construída pelo grupo 1 ..................................................... 57 GRÁFICO 5: Mediatriz construída pelo grupo 1 ................................................ 59 GRÁFICO 6: Soma das distâncias de um ponto qualquer aos focos da Elipse, construído pelo grupo 1 ................................................... 61 GRÁFICO 7: Elipse construída sobre o “dente-de-leão” construído pelo grupo 5 ............................................................................................. 65 GRÁFICO 8: Elipse sobreposta no “dente-de-leão” construída pelo grupo 5 67 GRÁFICO 9: Elipse construída pelo grupo 3 ..................................................... 74 GRÁFICO 10: Hipérbole construída por um grupo da turma de exatas .......... 76 GRÁFICO 11: Parábola construída por um grupo da turma de exatas............ 79 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 11 2 EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E A APRENDIZAGEM .................................... 16 2.1 A aula de investigação ............................................................................. 16 2.2 Objetos de investigação........................................................................... 18 2.3 As tecnologias como suporte da didática matemática ......................... 20 2.4 Objeto de Aprendizagem e o conceito.................................................... 24 2.5 O ensino de geometria analítica e o currículo........................................ 26 3 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS – PCN E OS LIVROS DIDÁTICOS..................................................................................... 33 3.1 Livros didáticos ........................................................................................ 35 4 ELABORAÇÃO DOS OBJETOS DE APRENDIZAGEM .............................. 43 5 APLICAÇÃO E ANÁLISE ............................................................................. 52 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 82 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 86 APÊNDICE........................................................................................................ 89 11 1 INTRODUÇÃO O ensino aprendizagem de Matemática sempre foi um desafio tanto para o professor quanto para o estudante. Como professor de Matemática em escolas públicas e privadas, há mais de trinta e cinco anos, sempre nos incomodou a dificuldade do estudante no ensino e na aprendizagem da Matemática, especialmente no estudo da Geometria, seja ela Plana, Espacial ou Analítica. Nossa primeira experiência com o ensino de Geometria ocorreu em turmas de 7ª série, na década de 70, quando lecionei duas disciplinas: Desenho Geométrico e Matemática. A inclusão do Desenho Geométrico teve como objetivo minimizar o nível de dificuldade que os estudantes encontravam ao estudar Geometria Plana. No mesmo período, passamos a lecionar também no Ensino Médio e em turmas de prévestibular. Nelas a Matemática se dividia em Matemática 1 (um), destinada ao estudo da aritmética e da álgebra, e Matemática 2(dois), destinada ao estudo da geometria. Nossa vontade em querer descobrir alternativas que despertassem no estudante um maior interesse pelo estudo da geometria fez com que trabalhássemos com a Matemática 2 (dois). Essa experiência nos obrigou a percorrer caminhos que permitissem ao estudante uma maior facilidade na resolução de problemas de Geometria e no entendimento de seus diversos conteúdos. A partir de 1980, passamos também a lecionar em escolas públicas, com início no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFETMG), em diversos cursos técnicos e, posteriormente, em cursos superiores. No período de 1984 a 1994, lecionamos na Escola Municipal Profª Isaura Santos. Com o tempo, fomos adquirindo experiência e passamos a coordenar em diversas escolas a área de Matemática. Assim pudemos verificar que a dificuldade quanto ao estudo da Geometria não era apenas do estudante, mas também do professor que, em muitos casos, preferia não trabalhar com séries em que se estudava Geometria. Tal procedimento era justificado pelo desconhecimento do conteúdo ou pela falta de tempo para extrapolar o que era apresentado no livro didático. Em diversas ocasiões, propostas de mudanças no processo de ensino e aprendizagem foram apresentadas por equipes pedagógicas de escolas em que lecionamos, visando à melhoria do nível dos estudantes e quase sempre sem 12 grandes resultados. O não envolvimento do professor na elaboração dessas propostas talvez possa ter sido o principal fator que o levou a desacreditar dessas supostas mudanças. Entretanto, nos últimos anos, há um incentivo à capacitação docente e uma expansão de programas de Educação Matemática e ensino de Matemática, o que levou as escolas a proporcionar disponibilidade para seus docentes. Reflexões foram aflorando no meio dos professores de Matemática: o que significa conhecer Matemática? Como ensinar Matemática para não matemáticos? Como participar do processo de construção de conhecimento matemático? Como enfatizar as ideias Matemáticas no mundo real? Qual o ambiente propício para ensinar e aprender Matemática? O que se esperar de um professor de Matemática? Com todas essas reflexões, o professor de Matemática passou a viver um momento de grandes mudanças didáticas. Houve uma diversificação de métodos que não mais privilegiava apenas a aula tradicional com o rigor das demonstrações e memorização das proposições, especialmente em geometria. A reflexão e a ação são permanentes por parte de quem aprende; a resolução de problemas é ponto fundamental para a formação de atitude investigativa do estudante; a análise de situações do dia a dia é parte integrante no processo de ensino e aprendizagem; a escrita passa a ser também uma forma de expressão do pensamento; a descoberta e a análise de erros são consideradas caminhos para a busca do acerto, transformando-se em mais uma fonte de conhecimento. Apesar de todo esse avanço na didática de Matemática, até hoje, em várias escolas, o ensino da Matemática se mantém da mesma forma como o que era feito no auge do movimento da Matemática moderna, o que é criticado por diversos autores como D’Ambrósio (2001). Segundo esse autor, a Matemática das escolas atuais é ensinada de forma descontextualizada e isso leva a um grande desinteresse dos estudantes. Ainda segundo ele, a educação deve ter como objetivo a formação do cidadão. Hoje, mudanças na forma de ensinar Matemática, visando às aplicações de seus conteúdos no dia a dia, têm proporcionado ao estudante a possibilidade de um maior entendimento desses diversos conteúdos matemáticos. Além disso, as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), principalmente a Internet e os softwares educacionais, passaram a ser um excelente instrumento para a aprendizagem da Matemática. 13 Os métodos utilizados nessa pesquisa foram definidos por atividades investigativas para criação de Objetos de Aprendizagem usando um software educacional denominado GeoGebra. Com a utilização desses recursos da informática, podem ser desenvolvidas atividades de aprendizagem, como é o caso dos Objetos de Aprendizagem. Macêdo, et al. (2007, p.20), citam que, segundo Wiley “os Objetos de Aprendizagem podem ser compreendidos como qualquer recurso digital que possa ser reutilizado para o suporte ao ensino”. Para os estudantes do Ensino Médio, na Geometria Analítica, especialmente no estudo das secções cônicas (Elipse, Hipérbole e Parábola), podem ser utilizados Objetos de Aprendizagem que permitem uma melhor compreensão desse conteúdo, além de um maior interesse em estudá-lo, o que será mostrado nos capítulos posteriores na pesquisa realizada. Constatamos em nossa prática que, nos últimos anos, as secções cônicas, quando estudadas no Ensino Médio, são quase sempre definidas como “lugar geométrico”, limitando-se apenas a encontrar as equações reduzidas das curvas. Muitas vezes, essa forma de estudar tal conteúdo, quando o que é avaliado se restringe apenas às suas equações, o professor utiliza a aula expositiva como único recurso didático, reduzindo ao máximo o estudo das cônicas. Nos últimos anos, como professor de Geometria Analítica em turmas do primeiro período de cursos de Engenharia, temos percebido que um grande número de estudantes desconhece conceitos geométricos básicos. O reconhecimento de uma figura geométrica é quase sempre feito pelo seu formato, deixando de lado qualquer conceito que possa justificar sua identificação. Nesse contexto, utilizar Objetos de Aprendizagem, no Ensino Médio, que permitam ao estudante compreender e identificar as cônicas e suas características, a partir de situações percebidas no dia a dia, dará condições para que os estudantes possam entender os conceitos e daí chegar às equações, facilitando seus estudos superiores. A partir dessas premissas, definiremos os objetivos da pesquisa realizada. Assim, o objetivo geral foi elaborado como se segue: 14 a ) Criar atividades que possibilitem trabalhar, no Ensino Médio, um Objeto de Aprendizagem para desenvolver as habilidades de visualização e representação, problematizando as relações com o cotidiano na compreensão das propriedades e dos conceitos das secções cônicas, para colaborar com o processo ensino e aprendizagem. Já os objetivos específicos foram: a) Identificar nos PCN’s as propostas do estudo das cônicas. b) Verificar, em livros didáticos, conteúdos sobre as secções cônicas. c) Elaborar atividades guiadas e investigativas para utilização na prática pedagógica do estudo das secções cônicas. d) Selecionar e identificar softwares educacionais, dinâmicos em geometria, que possibilitem investigar as cônicas. e) Desenvolver Objetos de Aprendizagem para identificar e estudar uma cônica. A questão formulada, após a problematização da temática em estudo, quanto ao estudo do conceito das cônicas, foi a seguinte: a ) Como desenvolver o estudo das secções cônicas, identificando suas características, com estudantes do Ensino Médio, a partir da visualização e da representação gráfica, para aquisição do pensamento geométrico, problematizando relações do cotidiano. Os capítulos foram estruturados da seguinte forma: No Capítulo I, apresentamos um referencial teórico que possibilita novos processos de aprendizagem da Matemática, como as investigações de Matemática em sala de aula. De acordo com Ponte (2003), a utilização de tecnologias que visam facilitar o ensino da Matemática (BORBA, 2003) e a criação de Objetos de Aprendizagem que auxiliam o aprendizado com o uso da tecnologia. No Capítulo II, apresentamos as orientações do PCNEM quanto ao uso da tecnologia no ensino da Matemática, além de analisar, em cinco livros didáticos, o 15 conteúdo sobre o estudo das cônicas, verificando de que forma os autores identificam as curvas e mostram suas propriedades. No Capítulo III, apresentamos as atividades investigativas que proporcionaram a elaboração de Objetos de Aprendizagem para identificação e estudo das cônicas. No Capítulo IV, apresentamos a aplicação e a análise dos resultados obtidos com o uso da tecnologia no aprendizado do estudante. No Capítulo V, apresentamos as considerações finais. PRODUTO O produto resultante da pesquisa são Objetos de Aprendizagem elaborados a partir das atividades investigativas guiadas e não guiadas, apresentados no APÊNDICE. 16 2 A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E A APRENDIZAGEM A busca da eficácia nos processos de ensino e aprendizagem em Matemática possibilita espaços para alternativas diferenciadas e inovadoras da didática, em estudos e pesquisas na educação Matemática. Assim, o ensino tradicional focado na transmissão do conteúdo tem sido criticado com a discussão de novas propostas metodológicas de origem na pedagogia progressista. Estas propostas estão sendo formuladas com suporte numa aula mais participativa por parte dos estudantes, como agentes de sua própria aprendizagem. Assim, pesquisas da aprendizagem da Matemática trazem novos processos como das investigações Matemáticas em sala de aula Ponte et al. (2003), novas tecnologias como facilitadoras ao ensino Borba et al. (2003), proposição de Objetos de Aprendizagem (MEC – SEED – 2007), entre outras estratégias. Todas estas inovações são “progressistas” porque rompem com a didática do professor transmissor para o professor que faz a interação, orienta o estudante, deixando de ser o centro do processo para interagir na horizontalidade do trabalho ativo do estudante na escola, isto é, o estudante trabalha, executa uma atividade, deixa a passividade e se torna ativo e responsável pela sua aprendizagem. 2.1 A aula de investigação Se, na pedagogia conservadora, professor e estudante se distanciam pela verticalidade do processo de entrega/recepção; na pedagogia progressista, o estudante se aproxima do professor e compartilha da descoberta do conteúdo, o qual não é dado pronto e acabado, segundo Freire (2008); numa pedagogia bancária, de depósito pelo professor do conhecimento formalizado no estudante; este numa posição passiva de receptor. A aula de transmissão passa a ser a aula de trabalho, de ação, de atitude viva, do fazer. Trata-se então de uma Matemática em construção, como uma ciência experimental, de lançamento de conjecturas, de viabilidade da intuição e da indução. 17 Na Matemática construída e trabalhada, há sempre uma conexão entre problema e investigação, pois uma investigação Matemática desenvolve-se usualmente em torno de um ou mais problemas. Pode mesmo dizer-se que o primeiro grande passo de qualquer investigação é identificar claramente o problema a resolver. Por isso, não é de admirar que, em Matemática, exista uma relação estreita entre problemas e investigações. (PONTE, 2003, p. 16). O processo de resolução de um problema se faz pela experiência, apesar de que, em alguns casos, o resultado correto não é objetivo principal, pois quando trabalhamos um problema, o nosso objetivo é, naturalmente, resolvê-lo. No entanto, para além de resolver o problema proposto, podemos fazer outras descobertas que, em alguns casos, se revelam tão ou mais importantes que a solução do problema original. Outras vezes, não se conseguindo resolver o problema, o trabalho não deixa de valer a pena pelas descobertas imprevistas que proporciona. (PONTE, 2003, p. 17). Nenhuma estratégia é sozinha a responsável pelo sucesso da aprendizagem, há, sem dúvida, lugar para os exercícios, os problemas, os projetos e as investigações. O grande desafio é articular esses diferentes tipos de tarefa de modo a constituir um currículo interessante e equilibrado, capaz de promover o desenvolvimento matemático dos estudantes com diferentes níveis de desempenho. (PONTE, 2003, p. 23-24). O estudante só aprende com a mobilização de seus recursos cognitivos e afetivos. Dessa forma, é convidado a atuar como matemático pela atividade cuja trajetória se inicia pela intuição, levantando hipóteses. Em seguida, pelo desenvolvimento operacional e, no final, fazendo uma avaliação dos resultados, buscando compatibilidade dos dados e informações propostas pelas conjecturas iniciais com as respostas obtidas. Há assim uma articulação contínua de conhecimentos prévios, interações entre propriedades e proposições com as quais o estudante trabalha, construindo conceitos e novos saberes, numa atitude investigativa. o conceito de investigação Matemática, como atividade de ensinoaprendizagem, ajuda a trazer para a sala de aula o espírito da atividade Matemática genuína, constituindo, por isso, uma poderosa metáfora educativa. O estudante é chamado a agir como um matemático, não só na formulação de questões e conjecturas e na realização de provas e refutações, mas também na apresentação de resultados e na discussão e argumentação com os seus colegas e o professor. (PONTE, 2003, p. 23). 18 Na pesquisa desenvolvida, foram utilizadas as 3 (três) fases de uma atividade de investigação. (i) introdução da tarefa, em que o professor faz a proposta à turma, oralmente ou por escrito, (ii) realização da investigação, individualmente, aos pares, em pequenos grupos ou com toda a turma, e (iii) discussão dos resultados, em que os estudantes relatam aos colegas o trabalho realizado. (PONTE, 2003, p. 25). Estas fases foram concretizadas com o apoio de um recurso informatizado, um software de Geometria Dinâmica, com objetivo de construção de um Objeto de Aprendizagem para estudo das cônicas: Elipse, Hipérbole e Parábola. Como ponto de partida da atividade de investigação, o professor pesquisador garantiu com uma preleção o significado da tarefa proposta e o que se esperava no transcorrer da atividade. O professor pesquisador realizou sua gestão como apoiador, incentivando a exploração e a formulação de questões, levantamento de conjecturas, seu teste, suas novas reformulações e justificação. Referenciou-se em Ponte (2003), ao propor desafios ao estudante num espírito interrogativo perante as ideias Matemáticas. O professor privilegia, então, uma perene discussão numa postura inquiridora, interrogativa, com proposição de questões abertas, promovendo uma reflexão ativa e contínua no trabalho do fazer Matemática. Fiorentini e Lorenzato (2009) definem o processo de investigação em duas etapas: formulação da questão ou do problema e construção das conclusões. Para consecução desta trajetória, há que se proporcionar ao estudante alternativas metodológicas para permitir tratar o problema e responder à questão de investigação, o que ocorreu com a construção do Objeto de Aprendizagem. 2.2 Objetos de Aprendizagem Segundo Wiley citado por Souza et al. (2007, p. 59-60), os Objetos de Aprendizagem (OA) são “definidos como qualquer entidade, digital ou não digital, que pode ser utilizada, reutilizada ou referenciada durante o aprendizado apoiado pela tecnologia.” 19 Muitos são os fatores favoráveis aos Objetos de Aprendizagem “OA” pela didática da Matemática, como flexibilidade, facilidade de atualização entre outros. Muitos “OAs” são elaborados para a álgebra, mas poucos para a geometria. A proposta de pesquisa das cônicas constitui uma proposta a contribuir para o crescimento de alternativas metodológicas à Educação Matemática, na Geometria. O professor pesquisador estimula os estudantes a executar as atividades com reflexão, a fazer questionamentos, a explorar intuitivamente os conceitos matemáticos presentes nas tarefas em realização. Com base nas etapas em desenvolvimento e nos resultados alcançados, o professor faz as verificações experimentais e valida as conjecturas levantadas, buscando legitimidade para a construção do “OA”. A proposta da pesquisa apresentada trouxe desafios ao longo da exploração do objeto, pois, a partir dos primeiros resultados, os estudantes foram desafiados a validar suas conjecturas. A ideia do “OA” surgiu com a preocupação de padronizar o desenvolvimento e a visualização de conteúdo, levando-se em conta as interações: estudante/professor, estudante/estudante. São criadas unidades de aprendizagem planejadas para inclusão de atividades e possibilidades de conexão com outros objetos. Se o “OA” contém animações e simulações, uma dinâmica, isto pode possibilitar processos cooperativos, estimulando o raciocínio, a criatividade, o pensamento reflexivo, a autonomia e a autoria. As atividades integradoras do “OA” elaboradas devem ser facilitadoras à compreensão e à interpretação dos conceitos em estudo. O uso do “OA” vai além da simples transposição dos livros didáticos para um formato digital, isto é, deve possibilitar a produção de atividades para descoberta de conceitos, proposições, propriedades, integrando com outras estratégias metodológicas do professor. As atividades elaboradas se caracterizam como “OA”, pois têm como características: a flexibilidade, por ser uma atividade investigativa; a fácil atualização, uma vez que são elaborados utilizando um editor de texto e a reusabilidade, pois são utilizados comandos do software GeoGebra. 20 2.3 As tecnologias como suporte da didática matemática Aprender é vivenciar, experimentar, atuar. Quando relacionamos, buscamos interações e vínculos integrando o que está isolado e disperso. Assim aprendemos quando descobrimos novas dimensões de significação que antes se nos escapavam, quando vamos ampliando o círculo de compreensão do que nos rodeia, quando, como numa cebola, vamos descascando novas camadas que antes permaneciam ocultas à nossa percepção, o que nos faz perceber de outra forma. Aprendemos mais quando estabelecemos pontes entre a reflexão e a ação, entre a experiência e a conceituação, entre a teoria e a prática; quando ambas se alimentam mutuamente. (MORAN, 2000, p. 23). O mesmo autor afirma que a aprendizagem acontece no encontro com os outros e depois num processo de síntese acontece uma reelaboração individual na interiorização das ideias e, então, na formulação dos conceitos, e, mais tarde, na formalização da definição ou criação de modelos. A teorização vai acontecer na produção de mecanismos que auxiliam a experiência e as situações de aprendizagem ao desaguar na generalização, num contexto participativo e de vivências, em interação. As tecnologias podem ser ótimos suportes para a comunicação, a diversificação de pensamentos e o aprender a buscar padrões, regularidades e generalizações, com manipulação diversificada de dados, imagens, diagramas, gráficos. O papel do professor muda, pois o professor é um pesquisador em serviço. Aprende com a prática e a pesquisa e ensina a partir do que aprende. Realiza-se aprendendopesquisando-ensinando-aprendendo. O seu papel é fundamentalmente o de um orientador/mediador. (MORAN, 2000, p. 30). Com acesso a tecnologias telemáticas, pode se tornar um orientador/gestor setorial do processo de aprendizagem, integrando de forma equilibrada a orientação intelectual, a emocional e a gerencial. Se aprender é relacionar e integrar, fator de aprendizagem é trabalhar integradamente com as tecnologias sejam as telemáticas, audiovisuais, sejam do computador, da internet. 21 Especificamente em rede, o computador se converte em um meio de comunicação, a última grande mídia, ainda em estágio inicial, mas extremamente poderosa para o ensino e aprendizagem. Com a Internet podemos modificar mais facilmente a forma de ensinar e aprender tanto nos cursos presenciais como nos cursos a distância. (MORAN, 2000, p. 44). Na sociedade altamente tecnizada e da informação, todos estamos reaprendendo a conhecer, a integrar o homem à técnica, a um grupo social, na amplitude da sociedade, permitida pela informatização generalizada seja na sociedade como um todo, seja nos processos laborais, de lazer entre outros. Masseto (2000) afirmava que a Escola ainda não tinha uma política de valorização intensiva da tecnologia computacional, principalmente, para o processo de ensinoaprendizagem, o que é corroborado por Costa e Oliveira (2004), ao defenderem que as novas tecnologias – NTs devem estar no projeto pedagógico, o que não tem ainda uma política bem definida pelas Escolas. Desta forma, “neste cenário, cabe perguntar: para que se preocupar com tecnologias que colaborem para um ensino e uma aprendizagem mais eficazes? Não basta o domínio do conteúdo como todos apregoam?” (MASSETTO, 2000, p. 134). A tensão entre método e conteúdo traz ao professor de Matemática uma preocupação quanto à viabilidade do tratamento do conteúdo no cumprimento do Plano de Ensino, optando pelo modo mais rápido que é a aula de transmissão. Desta forma, quanto ao processo de aprendizagem, considerando-se o método de trabalho pedagógico, Masseto (2000, p. 139) traz 4 (quatro) elementos quanto à inserção da tecnologia “o conceito mesmo do aprender, o papel do estudante, o papel do professor e o uso da tecnologia”. O mesmo autor traz 4 (quatro) tópicos para a discussão de aprendizagem/tecnologia: “Tecnologia e processo de aprendizagem; Tecnologia e mediação pedagógica; Tecnologia, avaliação e mediação pedagógica; O professor como mediador”. Masseto (2000, p. 138). Focando no tópico mediação pedagógica, temos: Por mediação pedagógica entendemos a atitude, o comportamento do professor que se coloca como facilitador, incentivador ou motivador da aprendizagem, que se apresenta com a disposição de ser uma ponte entre o aprendiz e sua aprendizagem – não uma ponte estática, mas uma ponte “rolante”, que ativamente colabora para que o aprendiz chegue aos seus objetivos. É a forma de se apresentar e tratar um conteúdo ou tema que ajuda o aprendiz a coletar informações, relacioná-las, organizá-las, manipulá-las, discuti-las e debatê-las com seus colegas, com o professor... (MASSETO, 2000, p. 144-145). 22 Na pesquisa realizada, foram usadas as novas tecnologias da informática educativa, especialmente o computador e a internet, com o intuito de desenvolver o que Masseto (2000, p.154) chama de “interaprendizagem: a aprendizagem como produto das inter-relações entre as pessoas.” Na pesquisa, estudante/estudante, estudante/professor. Lévy (1993), baseado nas tecnologias da inteligência, na passagem da oralidade para a escrita e daí para a informática, defende a criação de uma rede de significações criadas pelo estudante na interação com colegas, tendo como ator também o professor. Inicialmente, o conhecimento aparece desorganizado, desconexo, em múltiplas redes. O professor se encarrega de apoiar, com as tecnologias da inteligência, o trabalho mental do estudante, no seu universo de significações, entendendo que as redes individuais não são disjuntas, mas se entrelaçam numa interação simbiótica do coletivo. Portanto, o conhecimento, em relação de reciprocidade, é constituído e reelaborado individual e coletivamente. (VAZ, 2010, p. 28). A utilização das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação informáticas em ambiente educacional traz uma discussão sobre o lugar do computador em práticas educativas, enfatizando nas pesquisas e nos estudos a produção de significado, logo a conquista do saber por parte dos estudantes e professores, ambos em processo de elaboração cognitiva. Por outro lado, essa prática pedagógica estimula a utilização de problemas abertos, de formulação de conjecturas em que a sistematização só se dá como coroamento de um processo de investigação por parte de estudantes e, muitas vezes, do próprio professor. Dessa forma, busca-se superar práticas antigas com a chegada desse novo ator informático. Tal prática está também em harmonia com uma visão de construção de conhecimento que privilegia o processo e não o produtoresultado em sala de aula, e com uma postura epistemológica que entende o conhecimento como tendo sempre um componente que depende do sujeito. (BORBA, 2003, p. 45-46). Ainda, segundo o mesmo autor: O conhecimento é produzido por um coletivo formado por seres-humanoscom-mídias, ou seres-humanos-com-tecnologias e não, como sugerem outras teorias, por seres humanos solitários ou coletivos formados apenas por seres humanos. (BORBA, 2003, p. 48). 23 Esta estratégia de produção do conhecimento interativo, com mediação do professor, traz a elaboração cognitiva por simulação. A manipulação dos parâmetros e a simulação de todas as circunstâncias possíveis dão ao usuário do programa uma espécie de intuição sobre as relações de causa e efeito presentes no modelo. Ele adquire um conhecimento por simulação do sistema modelado, que não se assemelha nem a um conhecimento teórico, nem a uma experiência prática, nem ao acumulo de uma tradição oral. (LÉVY, 1993, p. 122). O mesmo autor afirma que a crescente importância das linguagens “orientadas para objeto” em informática pode ser eficiente instrumento de simulação que não remete a qualquer pretensa irrealidade do saber ou da relação com o mundo, mas antes a um aumento dos poderes da imaginação e da intuição. [...] O conhecimento por simulação interconexão em tempo real valoriza o momento oportuno, a simulação, as circunstâncias relativas, por oposição ao sentido molar da história ou à verdade fora do tempo e espaço, que talvez fossem apenas efeito da escrita. (LÉVY, 1993, p. 126). Uma das dificuldades da escola é quanto ao “tempo” que o saber a ser construído ou simulado deve consumir. Lollini (2003, p.43) defende que um dos méritos do computador no campo da educação é, porém, o de tentar resolver um dos grandes problemas da educação: como respeitar o ritmo da aprendizagem, como evitar defasagens entre os tempos propostos (ou impostos) pela escola e o tempo necessário ao estudante numa atividade particular em um determinado momento da vida. (LOLLINI, 2003, p.43) O professor responsável com seu plano de ação e cronograma tende a queimar etapas, exigindo do estudante efetivas ações superiores a suas possibilidades de captação, assimilação e consequente elaboração conceitual. Perante o computador, o estudante pode ser juiz das próprias escolhas, se isto lhe for permitido. O computador não grita nem impõe nada, e o estudante pode escolher os próprios ritmos automaticamente e sem dramas. A experiência demonstra que, desse modo, a aprendizagem é mais rápida e a atitude para com as disciplinas e a escola são mais positivas. (LOLLINI, 2003, p. 43). 24 2.4 Objeto de Aprendizagem e o conceito Os objetos matemáticos possuem características sociais e culturais e são frutos da mente do homem situado em diversos espaços, a escola como um deles, sem exclusividade. Sua construção visa à materialização do pensamento, pela linguagem, e são constituídos na estrutura da Matemática, definida pelos componentes: axioma, convenção, conceito, definição e o teorema. Na pesquisa realizada, foi investigado o conceito, que é a representação de um objeto matemático pela informalidade, pelo que Lins e Gimenes (1997) demonstraram do significado não matemático, isto é, a expressão de um conhecimento, sem a formalidade da linguagem simbólica da Matemática. Já a definição é entendida como a representação do saber formalizado e acadêmico. Pais (2001, p.56) diferencia o conceito da definição, pois aprender o significado de um conceito não é permanecer na exterioridade de uma definição, pois a sua complexidade não pode ser reduzida ao estrito espaço de uma mensagem linguística. Definir é necessário, mas é muito menos do que conceituar, porque o texto formal de uma definição só pode apresentar alguns traços exteriores ao conceito. Por exemplo, a definição de uma figura geométrica, por si só, não pode traduzir a essência do conceito correspondente. (PAIS, 2001, p.56) O conceito trabalhado anteriormente à definição traz a possibilidade de compreensão dos saberes matemáticos, porque a definição se faz quando da formalização de determinado conceito com a atualização da linguagem pela simbologia própria e específica de cada área do conhecimento. A formação do conceito requer uma rede de situações vivenciadas e articuladas. Desta forma, devemos observar ainda que a formação de um conceito não acontece através de um único tipo de situação, da mesma forma como uma única situação, geralmente, envolve uma diversidade de conceitos. O desafio consiste em destacar os invariantes referentes ao conceito principal que conduz a aprendizagem no momento considerado, articulando-os com outros conceitos já aprendidos pelo estudante. De posse dos conceitos já elaborados, o estudante é desafiado a compreender outras situações, onde aparecem os novos conceitos e novos invariantes. Portanto, conclui-se que a aprendizagem não pode ser efetuada em um contexto isolado, como se o significado pudesse subsistir por si mesmo. (PAIS, 2001, p. 60). 25 A elaboração conceitual pelo estudante exige, num processo de subjetivação, como síntese de extensa e complexa rede de significados pela articulação de grandezas com variáveis e parâmetros. O desenvolvimento das capacidades de análise demanda a compreensão, base epistemológica do trabalho com conceitos. Na elaboração da estrutura Matemática, tem-se a dialética do conceito e da definição, entendida por Vaz (2010, p. 39), se conceituar é uma atividade de compreensão do objeto em estudo e da criação subjetiva de significados pelo estudante, definir é manipular símbolos, registros, sinais da linguagem específica da área de conhecimento, na qual está emersa o objeto, o conceito em tratamento. (VAZ, 2010, p. 39) Portanto, a não dominação da simbologia da linguagem, isto é, seus códigos, registros e representações, é para o estudante empecilho à elaboração da definição. A matematização ou o algebrismo exarcebado pode levar o estudante à manipulação de fórmulas sem apreensão e compreensão do conceito. Entendemos que compreender é buscar o significado, em processo de fazer Matemática, que, segundo Ponte (2003), é, em essência, investir no estabelecimento de relações à procura de propriedades implícitas e subjacentes ao objeto em estudo, por meio de estratégias de aprendizagem que os estudantes desenvolvem para aprender Matemática Frota (2002). Já Laudares (1987, p. 3) traz quatro abordagens para a metodologia Matemática. Raciocínio e memorização, o ensino do essencial, a correlação dos conceitos matemáticos com a vida real, com outras disciplinas profissionalizantes e com a física, especialmente, a interfase, entre os próprios compartimentos da Matemática, isto é, da Álgebra e do Cálculo com a Geometria. (LAUDARES, 1987, p. 3) Para a consecução da pesquisa, ora apresentada, estudamos os métodos que poderiam facilitar o trabalho com conceito, entre outros: resolução de problemas, modelagem, Objeto de Aprendizagem, atividades investigativas. Optamos pela composição dos métodos de aprendizagem baseada nas atividades investigativas para elaboração do Objeto de Aprendizagem. Buscamos, referenciando-nos em Pais (2001), a proposição de situações didáticas, a partir de uma questão investigativa dada: o entendimento do conceito 26 das cônicas (Elipse, Hipérbole e Parábola) sem antecipar a definição, deixando os estudantes a trabalhar num processo de exploração. Pais (2001), baseado em Brousseau, apresenta uma tipologia de situações: (I) situações de ação; (II) situações de formulação; (III) situações de validação; (IV) situações de institucionalização. Na pesquisa realizada, ao ser oferecido ao estudante oportunidade e espaço de exploração de uma situação nova, a procura da elaboração conceitual teve aspectos e procedimentos destes tipos de situação que foram vivenciados, seja com as ações, seja com a formulação e a consequente validação do conceito das cônicas, em estabelecimento. Se, na pedagogia tradicional, o estudante não vivencia situações, não experimenta, não formula com atividades investigativas integradas a um Objeto de Aprendizagem, na pesquisa realizada com parâmetros da pedagogia progressista, foram oferecidas e oportunizadas diferentes situações para o estudante argumentar, para descobrir, e viabilizar uma proposição, como será mostrado nos próximos capítulos. 2.5 O ensino de geometria analítica e o currículo O estudo da Geometria Analítica teve início no século XVII com o filósofo e matemático René Descartes, que foi o inventor das coordenadas cartesianas. Uma característica importante da Geometria Analítica é a união da Geometria com a Álgebra, proporcionando definições de formas geométricas no modo numérico e extraindo informação numérica dessa representação. René Descartes, em 1637, no apêndice “Geometria do seu Discurso do Método”, criou as bases para os métodos da Geometria Analítica. Os princípios filosóficos de Descartes e esse livro permitiram criar as fundações para o cálculo, mais tarde introduzidas por Isaac Newton e também por Gottfried Wilhelm Leibniz. Por volta de 225 anos a.C., foi escrito, pelo matemático e astrônomo grego, Apolônio de Perga, o primeiro estudo completo sobre as cônicas, uma vez que antes 27 dele as secções cônicas já eram conhecidas há mais de um século, com pelo menos duas exposições importantes sobre o assunto, as de Aristeu e Euclides. Apolônio foi chamado o "Pai das Cônicas", pois sua obra, em um nível mais avançado, ultrapassou as demais no campo das secções cônicas. Foi ele que atribuiu às cônicas as designações ainda hoje utilizadas - Elipse, Parábola e Hipérbole, apresentando-as como secções produzidas numa mesma superfície cônica. A obra “As cônicas”, de Apolônio, foi fundamental para estudos posteriores, como é o caso da descoberta de Johannes Kepler, por volta de 1605, sobre as órbitas elípticas descritas pelos planetas em torno do sol; da descoberta de Galileu Galilei, em 1632, sobre a trajetória parabólica de projéteis; e da descoberta de Robert Boyle, em 1662, mostrando que, sob temperatura constante, a função que expressa a relação entre o volume de massa fixa de gás e a pressão exercida sobre ela é hiperbólica. Hoje verificamos diversas situações no mundo real em que são utilizadas as cônicas, como na construção de pontes, antenas, espelhos, lentes etc. A Geometria Analítica pode ser entendida como: a ) PLANA: - Ponto - Reta - Circunferência - Cônicas (Elipse, Hipérbole, Parábola) - Curvas em coordenadas paramétricas - Curvas em coordenadas polares: ciclóide, leminiscata, entre outras. b ) ESPACIAL: - Reta no espaço - Planos - Cilindros (quádricos, não quádricos) - Quádricas Seu estudo pode ser vetorial ou analítico, podendo também ter uma introdução conceitual vetorial e depois um tratamento não vetorial. Por exemplo, a 28 reta no espaço tem equação vetorial AB = nv , sendo v (vetor direcional da reta) ou em coordenadas cartesianas: x − x0 y − y 0 z − z 0 = = . a b c Na pesquisa da qual originou esta dissertação, o objeto de estudo ficou limitado à Geometria Analítica Plana com o estudo de cônicas. O estudante já no Ensino Fundamental tem contato com a Parábola no estudo do sinal da função quadrática. No Ensino Médio, a Parábola está no estudo de função quadrática e, geralmente, no final deste nível de ensino, há uma introdução às cônicas. Já no curso superior dos cursos da área exata (Matemática, Física, Engenharia, entre outras), a Geometria Analítica é conteúdo presente nos currículos, mas não com o mesmo status do Cálculo. Assim, nos últimos anos, houve uma fusão com Álgebra Linear, denominada em muitas universidades como GAAL (Geometria Analítica e Álgebra Linear). Parte da Geometria Analítica Espacial está nos planos de Cursos de Cálculo. A produção bibliográfica de Geometria Analítica não é abundante, pois vários livros de Cálculo a absorvem. Destacamos o livro de Quádricas de Miranda e Laudares (2011) com inúmeras edições desde 1988. Esta obra permite a visualização das figuras espaciais (planos, cilindros e quádricas), porque os autores fazem uma partição das superfícies com a identificação de curvas de nível e secção transversal. Mota (2010), em sua pesquisa de Mestrado, elaborou atividades com o software WINPLOT, usando a mesma metodologia de Miranda e Laudares, ampliando e facilitando o processo da visualização do traçado de superfícies no espaço. A questão problematizadora da pesquisa apresentada, entretanto, refere-se à exploração da interpretação gráfica das cônicas, enfatizando o tratamento geométrico das mesmas. A geometria Analítica, no seu fundamento teórico conceitual, requer a integração de dois estudos: 29 A tendência a um tratamento desequilibrado destes dois estudos, com mais ênfase para a Álgebra, pode algebrizar o estudo da Geometria Analítica, restando ao estudante uma manipulação das equações sem um entendimento da representação geométrica. A definição algebrizada e formal, baseada em “lugar geométrico”, sem uma ilustração geométrica, pode dificultar a compreensão do conceito e das propriedades das cônicas. Uma contínua referência ao gráfico com a equação, no estudo da variação de parâmetros da equação traz um efetivo entendimento das figuras e suas equações. Ao tratar isoladamente a equação, fica rompida a integração com a figura e não se cumpre o objetivo da interação da Álgebra com a Geometria. O estudante, ao trabalhar a relação das variações dos parâmetros da equação com a transformação das figuras, pode perceber melhor a interação gráfica e algébrica. Ao interpretar o problema, graficamente, antes de manipular as equações, podemos obter sucesso para as etapas de desenvolvimento dos cálculos, porque a análise dos dados e da questão a resolver é mais bem explicitada, objetivando a escolha mais correta dos passos a serem efetivados com o uso das diversas equações. Podemos também fazer, por intuição, levantamento de conjecturas ou, por simulação, uma estimativa de provável solução, graficamente. Isto é, o estudante pode prever sua solução, anteriormente, ao desenvolvimento algébrico, compatibilizando dados, parâmetros e provável procedimento das equações. Por exemplo, ao analisar a família das parábolas com vértices no eixo das ordenadas de 30 equação reduzida (vértice na origem) ou transladada (eixos paralelos aos coordenados). Se o estudante traçar o gráfico de algumas parábolas da família, poderá verificar melhor que o eixo de simetria pode ser o próprio eixo das ordenadas (Gráfico 1) ou o eixo das abscissas ou paralelos a este (Gráfico 2). Podemos também constatar que serão duas famílias de curvas a satisfazer as condições com variação dos parâmetros, como no gráfico a seguir: Gráfico 1: Parábolas com simetria no eixo das ordenadas Fonte: Elaborado pelo autor 31 Gráfico 2: Parábolas com simetria no eixo das abscissas ou eixos paralelos a este. Fonte: Elaborado pelo autor Sem o traçado do gráfico, a dificuldade seria grande para formalizar as equações e a variação dos parâmetros. Duas análises são requeridas na elaboração da equação: (I) qual é o formato da equação, isto é, como as variáveis se comportam por meio das operações de potência, de adição ou subtração de produto ou de divisão; (II) quais são os parâmetros e sua variação para caracterizar as curvas da família. Os estudantes apresentam dificuldade para diferenciar variáveis e parâmetros. Apenas fazem uma identificação, sendo as variáveis as últimas letras do alfabeto, e os parâmetros, geralmente, as primeiras. Na pesquisa realizada, optamos por trabalhar com as 3 (três) cônicas, enfatizando o tratamento gráfico, com a interpretação geométrica, por entender que, no Ensino Médio, se o estudante aprender o conceito das cônicas em sua visualização gráfica, teremos, no processo metodológico “em espiral”, no Ensino Superior, isto é, a construção do conhecimento em níveis e, em contínua ampliação, a continuidade do aprendizado. A definição formal, baseada em “lugar geométrico”, e a dedução da equação das cônicas podem ocorrer no nível superior, limitando-se, na Educação Básica, à aprendizagem conceitual e à interpretação gráfica no tratamento geométrico. 32 Finalmente, é importante destacar a dissertação da Macena (2007), que também contribuiu com a investigação em sala de aula para a aprendizagem das secções cônicas com significado. Na nossa revisão bibliográfica, constatamos o baixo número de investigação do ensino das cônicas. 33 3 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS – PCN E OS LIVROS DIDÁTICOS Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio - PCNEM mostram que o ensino deve ser direcionado para uma aprendizagem ativa, em que o aprendiz, além de dominar os conceitos e ter capacidade de utilizar fórmulas, deve desenvolver atitudes e valores. De acordo com o PCNEM (BRASIL, 2002, p. 83): “Saber aprender é condição básica para prosseguir aperfeiçoando-se ao longo da vida”. O domínio dos conceitos matemáticos, das demonstrações, das definições é importante para a construção de novos conceitos e isso permite ao estudante a validação de intuições na construção de técnicas aplicadas em diversas situações. De acordo com o PCNEM (BRASIL, 2002, p. 84), o estudante deve “compreender os conceitos, procedimentos e estratégias Matemáticas que permitam a ele desenvolver estudos posteriores e adquirir uma formação científica geral”. A Matemática, diante disso, tem um papel importante no Ensino Médio, pois cabe a ela a apresentação de novas informações e instrumentos que deem condições ao estudante de continuar aprendendo. O conhecimento matemático tem um papel significativo na formação do indivíduo. É com ajuda dele que o estudante desenvolve sua capacidade de raciocínio, de comunicação e o seu espírito crítico e criativo. Esse é um jogo de conhecimento que, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, faz com que o estudante se sinta desafiado, adquira o espírito de pesquisa e desenvolva ainda mais a capacidade de raciocínio e de autonomia. As tecnologias de informação ajudam a formação do indivíduo, desde que o mesmo interaja com a ciência e a tecnologia geradas na atual cultura tecnológica. Ao pensar nessas tecnologias para a Matemática, há que se identificar os diversos softwares educacionais e calculadoras em que os estudantes podem explorar e aprimorar conceitos matemáticos. Os softwares de informática educativa proporcionam experimentos e facilitam estratégias para resolver os diversos problemas. Para o estudo da Geometria Analítica, existem diversos softwares que permitem ao estudante investigar situações que o levem a uma compreensão 34 geométrica e algébrica de uma curva, o que contribui para desenvolver diversas habilidades como pensamento geométrico, estratégico e hierárquico.1 Essa estreita relação entre a Matemática e a tecnologia permite que o estudante utilize essas ferramentas, mas sem deixar que elas constituam o centro da questão, que é a aprendizagem dos conceitos. A velocidade com que se renovam essas fontes de tecnologia exige do estudante uma preocupação maior em saber lidar com múltiplas informações e em poder interagir com outras pessoas, permitindo-lhe assim um maior desenvolvimento de raciocínio de percepção e de competências para produção e transmissão de conhecimentos. De acordo com o PCNEM (BRASIL, 2002), o computador pode ser um excelente instrumento que facilita a investigação no processo de aprendizagem. O estudante pode aprender com os seus próprios erros e, junto com outros estudantes, trocar suas experiências e compará-las. Para isso, é fundamental a utilização de softwares educacionais adequados ao conteúdo estudado. Ainda segundo o PCNEM (BRASIL, 2002), a utilização da tecnologia de informação promove mudanças consideráveis na área do conhecimento: A denominada “revolução informática” promove mudanças radicais na área do conhecimento, que passa a ocupar um lugar central nos processos de desenvolvimento, em geral. É possível afirmar que, nas próximas décadas, a educação vá se transformar mais rapidamente do que em muitas outras, em função de uma nova compreensão teórica sobre o papel da escola, estimulada pela incorporação das novas tecnologias. (BRASIL, 2002, p. 6). A escola se adapta a essa nova realidade, com mudanças que não se limitem à instalação de novos meios de tecnologias de informação. O envolvimento do professor e do estudante, nesse processo de mudança, na forma de aprendizagem, permite a retirada do mesmo da condição de espectador passivo, garantindo-lhe uma aprendizagem significativa com desenvolvimento do conhecimento intuitivo, em direção ao conhecimento abstrato. O conhecimento matemático a ser desenvolvido, segundo orientação dos PCNs, requer competências, tais como: a abstração, a precisão, o rigor lógico. 1 Orientações Curriculares para o Ensino Médio: Secretaria de Educação Básica - MEC 35 3.1 Livros didáticos O livro didático é um importante material de auxílio ao professor e objeto de estudo para o estudante. Em muitos casos, esse instrumento é deixado de lado por diversos motivos, tais como: poucos exercícios, conteúdo pouco explorado e exercícios sem aplicação prática. A utilização de um livro didático de Matemática na terceira série do Ensino Médio tem se tornado um grande desafio para professores e estudantes. Por ser uma série que deixou de ser concluinte do Ensino Médio e passou a ter uma função preparatória para provas que permitem o ingresso a uma universidade, o professor procura adequar o conteúdo às exigências dessas provas, utilizando outros recursos didáticos, tais como: apostilas, listas de exercícios, simulados, entre outros. Os autores de diversas coleções para o Ensino Médio editaram o volume único como mais uma alternativa a ser utilizada no Ensino Médio. Com o objetivo de melhor entender esses livros didáticos e verificar o tratamento dado ao estudo das cônicas, objeto de nossa pesquisa, optamos por analisar três livros “volume 3” e dois livros “volume único”. São eles: Livro Título 1 2 3 Volume Autores Matemática 3 Contexto e aplicações Matemática 3 Matemática 3 Ciência e Aplicações Luiz Roberto Dante Editora Ano Ática 2008 Manoel Rodrigues Paiva Moderna 2009 Gelson Iezzi Atual 2010 Osvaldo Dolce Davi Degenszajn Roberto Périco Nilze de Almeida 4 Matemática Único Luiz Roberto Dante Ática 2008 5 Matemática Único Gelson Iezzi Osvaldo Dolce David Degenszajn Roberto Périco Atual 2007 A coleção do autor Manoel Rodrigues Paiva não possui o volume único; portanto, nossa análise de volume único restringiu-se aos outros dois autores. 36 Foram levantados os seguintes questionamentos: Q1 - O autor, ao iniciar o conteúdo, relata algum fato histórico com alguma atividade que venha a despertar no estudante um interesse sobre o tema? Q2 - Há uma preocupação em aplicar essa introdução no decorrer do conteúdo? Q3 - O tratamento dado à identificação de uma cônica é só algébrico? Q4 - O autor propõe atividades explorando a forma geométrica de uma cônica? Q5 - São apresentadas situações reais e cotidianas para o estudo de uma cônica? Q6 - Figuras são exploradas para a identificação de uma cônica? Q7 - São feitas revisões de conteúdos necessários ao estudo de uma cônica? Q8 - No estudo das cônicas, o autor faz alguma conexão com outros tópicos de Matemática já estudados? Q9 - Nos exercícios, são apresentadas situações contextualizadas com o cotidiano? Q10- O autor propõe atividades que exploram geometricamente o reconhecimento de uma cônica? Q11- O autor propõe a utilização de recurso tecnológico como instrumento de aprendizagem para o estudante? Questões livro Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q6 Q7 Q8 Q9 Q10 Q11 1 Sim Sim Não Sim Sim Não Não Sim Sim Não Não 2 Sim Não Não Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Não 3 Não Não Sim Não Não Não Não Sim Sim Não Não 4 Não Sim Não Sim Não Não Não Sim Não Não Não 5 Não Não Sim Não Não Não Não Sim Não Não Não Na tabela, as respostas “sim” foram dadas quando verificamos que o autor atende às questões levantadas em todo conteúdo sobre cônicas. 37 Percebemos que o enfoque maior sobre o estudo das cônicas, dado pelos autores, é algébrico, com uma forte tendência às equações das curvas. Entendemos que tal procedimento deveria ser deixado para o curso superior e que a construção geométrica, a visualização, o reconhecimento geométrico das cônicas é que deveriam ter um maior destaque na terceira série do Ensino Médio. O que os autores apresentam são figuras utilizadas apenas como ilustração, deixando de lado a análise das curvas que elas representam. Em nossa pesquisa, tivemos a preocupação de analisar as cônicas, a partir de figuras/fotos que apresentavam curvas com formato de uma cônica. De acordo com as Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNEM. Usar as formas geométricas para representar ou visualizar partes do mundo real é uma capacidade importante para a compreensão e construção de modelos para resolução de questões da Matemática e de outras disciplinas. Como parte integrante deste tema, o estudante poderá desenvolver habilidades de visualização, de desenho, de argumentação lógica e de aplicação na busca de solução de problemas. (BRASIL, 2002, p. 123). Finalmente, pudemos concluir o seguinte sobre os livros analisados: Volume 3 Autor: Luiz Roberto Dante No início do capítulo, o autor menciona fatos históricos citando a importante contribuição de Apolônio quanto ao “desenvolvimento dos conceitos das secções cônicas, acrescentando aos estudos já existentes o fato de essas curvas poderem ser obtidas a partir de um único sólido, o cone duplo...”, p.70. Em seguida, o autor sugere duas atividades, sendo que a primeira incentiva o estudante a identificar elementos e propriedades da Elipse e a segunda fala sobre as órbitas dos planetas que Kepler2 deduziu sobre suas formas elípticas, Q1. No iniciar do estudo de cada cônica, o autor faz referência ao que foi apresentado na introdução, Q2. A partir daí, o autor passa a explorar a construção 2 Johannes Kepler, astrônomo que por volta de 1605 descobriu que os planetas descrevem órbitas elípticas em torno do sol. (PAIVA, 2002) 38 das cônicas, com o objetivo de especificar seus elementos e a definição da curva como um lugar geométrico3·, Q3. O reconhecimento de uma cônica é feito, pelo autor, de forma algébrica, dando ênfase à análise da equação do segundo grau em x e y. Entretanto, em algumas atividades, são exploradas as formas geométricas em questões do cotidiano para resolução das mesmas, Q4, Q5. Em vários momentos, são feitos, em destaque, questionamentos e afirmações para reflexão, como verificamos: A excentricidade indica quando a elipse se aproxima de um segmento ou de uma circunferência, conforme seu valor se aproxima de 1 ou de 0, respectivamente. (p. 79). Se o plano for paralelo ao plano da base, obtemos uma circunferência, que também é uma seção cônica. (p. 78). Quanto mais próximo de 1 for a excentricidade, mais a hipérbole se aproxima de duas retas paralelas (perpendiculares ao eixo real) E se a excentricidade for cada vez maior, tendendo ao infinito, a hipérbole se aproxima de duas semirretas opostas (com origem em A1 e A2). (p. 86). Quanto aos exercícios propostos, o autor apresenta poucas questões contextualizadas, dando enfoque maior a questões tradicionais de aplicação algébrica, Q9. Volume 3 Autor: Manoel Paiva O autor apresenta o conteúdo de forma clara com diversas ilustrações que permitem ao estudante visualizar curvas com o formato de uma cônica. Logo na introdução do capítulo, o autor mostra a foto de uma ponte em que um dos cabos de sustentação tem o formato de uma parábola. Em seguida, ele utiliza o recurso de uma lanterna para mostrar as figuras cônicas e aproveita para relatar fatos históricos que enriquecem a apresentação, constatado na coluna Q1 da tabela. Com esses exemplos, além de outros apresentados no livro, o assunto torna-se mais atrativo 3 lugar geométrico É um conjunto de pontos que gozam de uma determinada propriedade P e que lhes é exclusiva. (OLIVEIRA; MORANDI, 1980) 39 para o estudante. Entretanto, as figuras não são exploradas para a identificação de propriedades das cônicas, conforme verificado na coluna Q2 da tabela. Da forma como o conteúdo é desenvolvido no livro, é permitido ao estudante conjecturar, identificar e construir um conhecimento sobre as figuras cônicas. Quando necessárias, são feitas revisões de conteúdos já estudados, Q7, com ilustrações, que permitem um melhor entendimento do assunto. Os exercícios são divididos em três etapas: de aplicação, contextualizadas e de desafio, Q9. Além disso, é apresentado, no final do capítulo, um roteiro de estudos com questões que incentivam o estudante a discutir sobre o assunto estudado, Q4, Q6, como verificamos na página 293: O que são figuras cônicas? Dê um exemplo de uma situação do cotidiano que apresente a forma elíptica. Dê um exemplo de uma situação do cotidiano que apresente a forma hiperbólica. Dê um exemplo de uma situação do cotidiano que apresente a forma parabólica. Essa preocupação do autor é coerente com as questões levantadas na pesquisa realizada. Quanto ao reconhecimento de uma cônica, o autor utiliza a interseção de planos, situações reais do cotidiano, além do reconhecimento algébrico em que a identificação das curvas é feita a partir de uma equação do 2o grau em x e y, inclusive em situações de rotação da figura geométrica no plano cartesiano, Q3, Q5. Volume 3 Autor: Gelson Iezzi e outros Os autores iniciam o conteúdo, explorando o conceito de uma superfície cônica e demonstrando as curvas obtidas por Apolônio ao seccionar essa superfície com planos em diversas posições. Como os autores não exploram essa introdução no decorrer do capítulo, ela tornou-se apenas ilustrativa, Q1, Q2. 40 A identificação da cônica é feita apenas de forma algébrica, deixando de explorar outras formas como a construção da curva, análise de figuras, dentre outras, Q3. Não há uma preocupação em apresentar uma situação real para que o estudante perceba uma aplicação prática do que está sendo estudado, Q5. Nas atividades, o autor apresenta exercícios com aplicação direta do conteúdo estudado com poucos problemas contextualizados, Q9. No final do livro, o autor demonstra, em seu “Manual do Professor”, uma preocupação com diversas situações que não são contempladas no capítulo sobre as cônicas. São trechos que, segundo o autor, foram tirados do parecer no 15/98 da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação: História da Matemática (p. 6). O recurso à história, além de esclarecer ideias Matemáticas que estão sendo construídas pelos estudantes, tornando a aprendizagem significativa, coloca-os em contato com um processo do qual fazem parte o formular e testar hipóteses, o raciocínio indutivo, a analogia, a intuição e a criatividade na resolução de problemas enfrentados pela humanidade no decorrer do tempo. Contextualização e aplicação a outras áreas de conhecimento (p. 7). O tratamento contextualizado do conhecimento é o recurso que a escola tem para retirar o estudante da condição de espectador passivo. Como recurso à história, o autor apresenta apenas uma aplicação no estudo da Elipse, sobre “As órbitas de planetas e cometas” em que é explorado o conceito de excentricidade. No estudo da Hipérbole e da Parábola, não consta aplicação prática em que são explorados conceitos e propriedades. Concluímos que os autores se apressam muito em trazer soluções algébricas, deixando de lado soluções geométricas. Na pesquisa, demonstramos a importância dessas soluções geométricas para o aprendizado do estudante. 41 Volume único Autor: Luiz Roberto Dante A introdução é feita como no livro 3 da coleção, também objeto de nossa análise, porém de forma resumida, Q1. Nesse volume único, o autor mostra três situações reais como exemplo. Entretanto, as situações apresentadas não são exploradas durante o desenvolvimento do conteúdo, Q2. Utilizando a construção da cônica, o autor identifica seus elementos e chega à sua definição como um lugar geométrico. Entretanto, essas construções não são exploradas nas atividades propostas pelo autor, Q4. Os poucos exercícios, constantes no capítulo, não apresentam contextualização e nem interdisciplinaridade, Q9, contraditoriamente, conforme consta na página 3 do referido autor: “Priorizamos os exercícios e problemas que envolvem contextualização, interdisciplinaridade e integração entre os temas matemáticos”. Algumas questões são apresentadas para reflexão do estudante, como é o caso das propriedades de uma cônica. Apesar de ser uma importante alternativa para a construção do conhecimento do estudante, tal fato não é reforçado nas atividades propostas. Volume único Gelson Iezzi e outros Os autores iniciam o assunto com uma aplicação prática, identificando as curvas nas seções verificadas em uma superfície cônica, porém sem nenhum fato histórico que permita ao estudante a construção do conhecimento proposto, Q1, Q2. As definições são apresentadas formalmente com linguagem algébrica de uma forma completa, não possibilitando ao estudante constatar e descobrir características de uma cônica, Q3. A maioria dos exercícios é de questões de provas de vestibulares de diversas escolas de Ensino Superior que quase sempre enfocam mais a álgebra do que a análise geométrica das cônicas, Q9. 42 No final do capítulo, os autores apresentam duas questões mais elaboradas, também de provas de vestibular, sob a forma de desafio que, segundo os mesmos, têm o objetivo de estimular a criatividade dos estudantes, porém sem nenhuma contextualização. Finalmente, nos dois livros de Matemática volume único, analisados, os autores justificam a edição desses livros como alternativa para o Ensino Médio visando atender a sequência diferenciada de conteúdos adotada nas diversas escolas e a diversidade do número de aulas semanais de Matemática em cada escola. Entretanto, em várias escolas, esses livros são adotados na terceira série do Ensino Médio com o objetivo de evitar o uso de apostilas, muito comum em escolas que fazem da terceira série um ano destinado à preparação dos estudantes para o exame de vestibular. Nesses livros de volume único, os conteúdos exigidos no Ensino Médio são apresentados de forma resumida, o que ajuda, mas não resolve o problema do material didático da terceira série. Muitas vezes, conteúdos que são pouco avaliados em provas de vestibulares são tratados no livro de forma superficial fazendo com que os estudantes não se interessem pelo assunto ou deixem de estudá-los. Nesta análise, pudemos constatar que os autores Manoel Paiva e Luiz Dante, nos volumes 3 das coleções, têm uma preocupação em despertar no estudante um maior interesse na construção do conhecimento das figuras cônicas. Fatos históricos, construção geométrica das curvas, situações reais de aplicação e problemas contextualizados são aspectos que estão de acordo com os PCNs e que mais nos chamaram a atenção. 43 4 ELABORAÇÃO DOS OBJETOS DE APRENDIZAGEM Pretendemos, com esta proposta investigativa guiada, elaborar Objetos de Aprendizagem utilizando recursos computacionais, que servirão de apoio para uma melhor aprendizagem quanto ao reconhecimento geométrico das cônicas e o seu conceito. Lima et al. (2007, p. 39) citam que de acordo com Valente a informática pode ser um recurso auxiliar para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem, no qual o foco da educação passa a ser o estudante, construtor de novos conhecimentos, em um ambiente Construtivista, Contextualizado e Significativo, definido por Schlunzen (2000), como um ambiente favorável que desperta o interesse do e o motiva a explorar, a pesquisar, a descrever, a refletir, a depurar as suas ideias. (VALENTE apud LIMA et al.,2007, p. 39) Propomos, nessa pesquisa, um estudo das cônicas a partir de formas identificadas em figuras/fotos de construções, de plantas, dentre outras encontradas no dia a dia. As atividades propostas contribuem para o aprendizado do estudante de uma forma mais simples, com os objetivos de: a) despertar o interesse para o estudo de figuras cônicas; b) desenvolver a capacidade de investigação de conceitos matemáticos; c) construir o conhecimento sobre as cônicas, com auxílio de um software educativo; d) interagir com os colegas promovendo discussões; e) estabelecer conjecturas sobre o que está sendo estudado; f) buscar soluções para facilitar a disseminação da atividade. O tema Objeto de Aprendizagem cujo estudo é muito recente, não tem ainda um consenso entre autores sobre sua definição. Entretanto, em todas as definições que se verifica, é sempre enfocado o ensino, o conhecimento e a reutilização do objeto, como fatores importantes para a constituição dele próprio. Lima et al.(2007, p.40) citam que Wiley define OA como “qualquer recurso digital que pode ser reusado para assistir a aprendizagem”. 44 Souza, Yonezawa e Silva (2007, p. 53) citam Wiley que: descreve Objetos de Aprendizagem (OA) como elementos de um tipo de instrução, com base em computador, com base no paradigma de orientação a objetos, utilizado na área de ciência da computação. Objetos são representações de abstrações do mundo real. (WILEY apud SOUZA; YONEZAWA ;SILVA , 2007, p. 53) Macêdo et al. (2007, p. 20) cita Bettio e Martins Não há um limite de tamanho para um Objeto de Aprendizagem, porém existe um consenso de que ele deve ter um propósito educacional definido, um elemento que estimule a reflexão do estudante e que sua aplicação não se restrinja a um único contexto (BETTIO; MARTINS, apud MACÊDO et al. 2007, p. 20) Entendemos que os Objetos de Aprendizagem devem favorecer a aprendizagem de um determinado conteúdo. Para isso, o envolvimento do estudante no processo de elaboração e execução do objeto é fundamental para se alcançar tal objetivo. Tarouco e Dutra (2007, p.88) mostram que “se deve pensar em cursos ou unidades de aprendizagem em que os objetos de aprendizagem se insiram em um contexto de interações entre professores e estudantes, bem como entre os próprios estudantes”. Souza, Yonezawa e Silva (2007, p. 52) citam Papert que: afirma que o professor deve buscar meios para promover a aprendizagem segundo um enfoque mais intervencionista e que propicia aos estudantes estabelecer conexões entre as estruturas existentes, com o objetivo de construir estruturas novas e mais complexas. (PAPERT apud SOUZA;YONEZAWA; SILVA 2007, p. 52) Para a constituição dos Objetos de Aprendizagem nessa pesquisa, optamos por dividi-la em duas etapas: 45 PRIMEIRA ETAPA Aplicação de três atividades investigativas guiadas a um grupo selecionado de 20 estudantes cujo objetivo era que eles constituíssem um Objeto de Aprendizagem e o aplicassem a um conjunto ampliado de estudantes. Para os estudantes que participaram da primeira etapa, foi dada a opção de escolha do software educativo a ser utilizado. Isso é corroborado por Costa (2001, p. 47) que define o software educativo como uma classe de software educacional cujo objetivo é o de favorecer os processos de ensino-aprendizagem. O que diferencia o SE de outras classes de software educacional, é o fato de ser desenvolvido com a finalidade de levar o estudante a construir determinado conhecimento relativo a um conteúdo didático. (COSTA, 2001, p. 47) A escolha do software educativo, quando feita pelos estudantes, é fundamental para que eles se sintam motivados e possam manuseá-lo com maior facilidade. Compete ao professor a orientação apresentando opções de softwares. Nessa pesquisa, o professor pesquisador sugeriu dois softwares educativos: o GeoGebra e o Winplot. Tanto um quanto o outro permite a construção e a análise de figuras geométricas. Em todas as atividades, apresentamos o título, os objetivos e a metodologia utilizada. Atividade 1: Análise dos softwares GeoGebra e Winplot Objetivo: Identificar o software que será utilizado para desenvolver as atividades. Metodologia: Iniciaremos a atividade instalando nos computadores, dois softwares educativos, Geogebra e Winplot, de domínio público. 46 Após a instalação dos softwares, o estudante deverá verificar os diversos comandos de cada software, utilizá-los, e finalmente fazer a opção daquele que melhor se adaptou. Atividade 2: Elipse Objetivos: • Construir uma Elipse utilizando os comandos do programa GeoGebra. • Identificar o centro da Elipse, seus eixos e suas propriedades. • Escrever os procedimentos utilizados para cada item da atividade, visando à elaboração de um Objeto de Aprendizagem. Metodologia: A atividade deve ser executada em dupla. Os estudantes devem verificar na tela inicial do software os comandos necessários para a execução de cada item da atividade. Nesta atividade, os estudantes devem descobrir as opções de comandos e executá-los. As dúvidas devem ser discutidas em cada dupla sem intervenção do professor pesquisador. Cada dupla deve registrar os procedimentos utilizados em cada item da atividade. Ao final, os grupos apresentarão a conclusão sobre a cônica estudada. Atividade 3: Reconhecimento de uma Elipse e estudo de suas simetrias e excentricidade Objetivos: • Reconhecer uma Elipse utilizando os comandos do programa GeoGebra. • Verificar as simetrias existentes. • Identificar os eixos: maior e menor. • Analisar a excentricidade. 47 • Escrever os procedimentos utilizados para cada item da atividade, visando à construção de um Objeto de Aprendizagem. • Construir um Objeto de Aprendizagem que permita ao conjunto ampliado de estudantes chegarem ao conceito de uma Elipse. Metodologia: Cada dupla deve transferir para o GeoGebra o arquivo da figura ou foto escolhida a fim de verificar se o formato da curva existente nele é uma Elipse. Utilizando o software GeoGebra, os estudantes devem analisar se figuras/fotos trazidas por eles têm o formato de uma Elipse. Assim como na primeira atividade, os estudantes devem escrever os procedimentos utilizados para a verificação da cônica. O tempo destinado à realização da atividade é de uma hora. Atividade 4: Objeto de Aprendizagem - Reconhecimento de uma Elipse O Objeto de Aprendizagem foi elaborado pelo grupo de estudantes que participou das três atividades investigativas guiadas. O professor pesquisador atuou como orientador na construção do Objeto de Aprendizagem. Na execução da atividade, esses estudantes atuaram como monitores e, ao final, eles e o professor pesquisador avaliaram o resultado obtido. A proposta de pesquisa se torna inovadora quando o professor pesquisador não se antecipa aos estudantes, criando um Objeto de Aprendizagem, mas propondo aos mesmos, através de uma atividade investigativa, que cheguem ao objeto por meio de descobertas, formulação de hipóteses e conjecturas. Com isso, estamos contribuindo para a melhoria de sua aprendizagem, pois o estudante aprende quando mobiliza os seus recursos cognitivos e afetivos com vista a atingir um objetivo. Esse é, precisamente, um dos aspectos fortes das investigações. Ao requerer a participação do estudante na formulação das questões a estudar, essa atividade tende a favorecer o seu envolvimento na aprendizagem. (PONTE, 2003, p. 23). 48 Durante a pesquisa realizada nas três primeiras atividades, o professor pesquisador observou as diversas opções encontradas pelos estudantes no software GeoGebra, para executar as atividades propostas. Foi a partir dessa diversidade de opções que os estudantes monitores elaboraram o Objeto de Aprendizagem, para ser aplicado ao conjunto ampliado de estudantes. Eles optaram por elaborar um Objeto de Aprendizagem, permitindo a utilização de comandos do software com fácil visualização e que levavam os estudantes a concluir o conceito de uma Elipse. Tais comandos são verificados na parte superior da tela inicial do GeoGebra, conforme figura. Figura 1: parte superior da tela inicial do GeoGebra Fonte: software GeoGebra Objetivos: • Construir uma Elipse utilizando os comandos do software “GeoGebra”. • Identificar o centro da Elipse, seus eixos e sua excentricidade. • Identificar em uma figura/foto uma curva com o formato de Elipse. Metodologia: A atividade deve ser executada em grupos de três estudantes e cada estudante monitor deve acompanhar dois grupos. As dúvidas devem ser sanadas pelos estudantes monitores sob o acompanhamento do professor pesquisador. Os estudantes monitores devem orientar os grupos sobre a utilização do arquivo com a figura/foto para análise da curva com formato de Elipse existente nele. Ao final da atividade, o professor pesquisador e os estudantes monitores farão uma avaliação do Objeto de Aprendizagem executado. 49 SEGUNDA ETAPA Aplicação de três objetos de aprendizagem elaborados pelo professor pesquisador. Na segunda etapa, os estudantes executaram a atividade sem o acompanhamento dos estudantes monitores. Pelo que havíamos avaliado na pesquisa, até o momento, os estudantes já tinham adquirido conhecimento suficiente quanto ao manuseio do software GeoGebra para o reconhecimento de uma cônica. Diante disso, nos três objetos de aprendizagem, da segunda etapa, os estudantes utilizaram outros comandos existentes no GeoGebra e disponíveis na parte inferior da tela inicial, no item “Comando”, conforme figura. Figura 2 - página inicial do software GeoGebra Fonte: software GeoGebra 50 Atividade 5: Objeto de Aprendizagem – Estudo da Elipse Objetivos: • Construir uma Elipse utilizando outros comandos do software “GeoGebra”. • Identificar em uma figura/foto o formato de uma Elipse. • Identificar propriedades da Elipse. Atividade 6: Objeto de Aprendizagem – Estudo da Hipérbole Ao constituir o Objeto de Aprendizagem sobre o estudo da Hipérbole, o professor pesquisador considerou o fato de os estudantes já terem adquirido, com o estudo da Elipse, um conhecimento satisfatório do software GeoGebra. Isto permitiu que os mesmos pesquisassem as melhores opções de comandos para se chegar ao conceito e reconhecimento de uma hipérbole. Nesta fase da pesquisa, os estudantes ainda não tinham nenhum conhecimento sobre outra cônica além da Elipse. Objetivos: • Construir uma Hipérbole. • Identificar seus eixos, focos, sua excentricidade e suas assíntotas. • Identificar em uma figura/foto o formato de uma Hipérbole. • Identificar na figura/foto propriedades da Hipérbole. Metodologia: O Objeto de Aprendizagem foi desenvolvido para ser feito em grupos de três estudantes. 51 Nos itens, o estudante poderá optar por utilizar o comando do GeoGebra que achar conveniente, desde que o leve à construção da Hipérbole e ao reconhecimento da curva no arquivo contendo a figura/foto. Atividade 7: Objeto de Aprendizagem – Estudo da Parábola Objetivos: • Construir uma parábola utilizando os comandos do software “GeoGebra”. • Identificar seu eixo, foco e reta diretriz. • Verificar sua excentricidade. • Identificar em uma figura/foto o formato de uma parábola. • Identificar propriedades da parábola. Metodologia: O Objeto de Aprendizagem foi desenvolvido para ser feito em grupos de três estudantes. A atividade prevista em cada item do objeto poderá ser feita utilizando os comandos que o grupo achar conveniente. 52 5 APLICAÇÃO E ANÁLISE Os sujeitos da investigação foram estudantes da terceira série do Ensino Médio do Colégio Marista Dom Silvério. Trata-se de uma escola, situada em Belo Horizonte, que mantém um ensino visando à formação integral do estudante, sem deixar de se preocupar com sua excelência acadêmica. Na primeira e na segunda série do Ensino Médio, os estudantes intensificam seus estudos visando ao vestibular nas diversas universidades do País. Na terceira série, esses estudantes são separados em quatro áreas de conhecimento: Biomédicas, Exatas, Humanas e Humanas Gerenciais, o que permite um maior aprofundamento dos conteúdos específicos para cada área. No início, foram selecionados vinte estudantes das diversas áreas de conhecimento, com disponibilidade fora do horário normal de aulas e com interesse em estudar as cônicas, utilizando programas de computadores que tratam da geometria analítica e que são de domínio público, isto é, free. São softwares de geometria dinâmica cujo “suporte tecnológico permite o desenho, a manipulação e a construção de objetos geométricos, facilita a exploração de conjecturas e a investigação de relações que precedem o uso do raciocínio formal.” (PONTE, 2003, p. 83) O objetivo desse trabalho foi o de elaborar, com a participação desses vinte estudantes, Objetos de Aprendizagem para o estudo e para a compreensão das cônicas. A participação dos estudantes foi uma estratégia adotada para que eles tivessem um maior envolvimento na elaboração do Objeto de Aprendizagem. Segundo Ponte (2003, p. 23): “Ao requerer a participação do estudante na formulação das questões a estudar, essa atividade tende a favorecer o seu envolvimento na aprendizagem”. Dos vinte estudantes selecionados, doze compareceram e fizeram o trabalho de multiplicadores, que foram denominados estudantes monitores. Iniciamos essa pesquisa com atividades investigativas, aplicadas em quatro encontros com os estudantes selecionados. Após a análise de cada uma delas, foi elaborado, com a participação dos estudantes, um Objeto de Aprendizagem referente a cada atividade investigada. Esses Objetos de Aprendizagem foram aplicados aos demais estudantes da terceira série do Ensino Médio. 53 Para que pudéssemos dar início ao desenvolvimento das atividades, propusemos aos estudantes, em um primeiro encontro, que instalassem em seus computadores os programas “GeoGebra” e “Winplot”. Em seguida, solicitamos que manipulassem os programas e identificassem aquele com o qual encontrassem maior familiaridade. A opção por trabalhar com computadores dos próprios estudantes foi em função da dificuldade de locomoção para o laboratório de informática do Colégio que fica em prédio separado, além do melhor aproveitamento do tempo disponibilizado para a execução da atividade. Primeira atividade Em um segundo encontro, os estudantes fizeram a primeira atividade cujo objetivo era o de verificar a preferência deles quanto ao software a ser utilizado. É importante ressaltar que nenhum desses estudantes tinha utilizado os softwares propostos anteriormente. Verificamos que todos optaram por utilizar o software GeoGebra, com algumas justificativas: “GeoGebra, porque ele é mais simples, tem comandos diretos e é mais dinâmico.” “GeoGebra, pois as funções e ferramentas têm mais fácil acesso e são autoexplicativas.” “O GeoGebra, por ter uma interface mais amigável, mais simples de ser compreendida à primeira vista, mais recursos na tela principal.” “GeoGebra, pois os comandos são mais objetivos e organizados.” Nesse mesmo encontro, propusemos aos estudantes que se organizassem em duplas, para que pudessem desenvolver a segunda atividade, cuja duração estava prevista para uma hora. Dessa forma, foram criados os grupos: G1, G2, G3, G4, G5 e G6. A opção de se trabalhar em grupo foi para favorecer o trabalho colaborativo, dentro de um relacionamento social entre os estudantes, incentivando discussões entre os membros de cada grupo, pois “no caso em que os estudantes trabalham em 54 grupo, as interações que se geram entre eles são determinantes no rumo que a investigação irá tomar.” Ponte (2003, p. 29) O desenvolvimento da atividade em duplas permitiu que eles discutissem sobre os aplicativos do software e encontrassem soluções para as questões propostas. O mais interessante foi que cada participante do grupo tentava convencer o outro, e até mesmo o professor, sobre as estratégias adotadas para a realização da atividade. Figura 3: Grupo de estudantes executando a primeira atividade Fonte: Foto do autor Nessa atividade, a expectativa era a de que os estudantes chegassem ao conceito de uma Elipse, sem conhecer a definição e a equação da mesma. No início do processo de identificação da cônica, foi proposta uma atividade com construção de pontos, segmentos e retas, até que, por meio dos recursos disponibilizados no GeoGebra, os estudantes conseguissem identificar a curva. 55 Em cada etapa dessa atividade, os estudantes verificavam a tarefa e escreviam os procedimentos utilizados para a construção do que foi solicitado, conforme demonstrado por um dos grupos de estudantes. Todos os gráficos foram construídos pelos estudantes sem a participação do professor pesquisador. Segunda atividade Elipse Atividade: Construção da Elipse Item 1: Identifique pontos nos quatro quadrantes do plano cartesiano. Grupo G1: 1o quadrante: (2, 3) 2o quadrante: (-1, 2) 3o quadrante: (-2, -2) 4o quadrante: (1, -1) Este item teve como principal objetivo a familiarização dos comandos existentes no GeoGebra e a verificação de conceitos básicos da Geometria Analítica no plano, tais como a localização de pontos no plano cartesiano. Os grupos utilizaram diversos recursos do software para executar o primeiro item da atividade, sem orientação do professor pesquisador. Item 2: Marque os pontos (-3, 4) e (2, 4), construa um segmento com estas extremidades, verifique sua medida e escreva o resultado encontrado. 56 Gráfico 3: Segmento de reta construído pelo grupo 1 Fonte: Dados do autor Grupo G1: “a=5u” Escreva o procedimento utilizado para construir o segmento e encontrar sua medida. Grupo G1: “Primeiramente, utilizamos a ferramenta “novo ponto” e criamos os dois pontos desejados. Depois disso, recorremos à ferramenta “segmento definido por dois pontos” e selecionamos os pontos (-3, 4) e (2, 4). Com isso, o programa criou o segmento e sua medida foi obtida ao selecionar a ferramenta “Distância, Comprimento e Perímetro” e clicar no segmento.” Nesse item da atividade, os grupos desenvolveram corretamente o que foi solicitado. Nenhuma orientação foi dada pelo professor pesquisador quanto à utilização dos comandos do software. Item 3: Construa uma Elipse utilizando os pontos (-3, 4) e (1, 4), chamados focos da Elipse. 57 Grupo G1: Gráfico 4: Elipse construída pelo grupo 1 Fonte: Dados do autor Escreva o procedimento utilizado para construir a Elipse. Grupo G1: “Utilizamos a ferramenta ‘Elipse’ e selecionamos os pontos (-3, 4) e (1, 4) como focos da Elipse. Depois disso, marcamos outro ponto qualquer para delimitar o tamanho da Elipse”. Na execução desse item, alguns grupos utilizaram o menu situado na parte superior da tela e outros procuraram na lista de comandos que o programa disponibiliza na parte inferior da tela. Os estudantes que optaram por verificar a lista de comandos perceberam que o software apresentava uma relação algébrica com a figura construída. Item 4: Identifique o centro da Elipse. Grupo G1: “(-0.5, 4)” 58 Escreva o procedimento utilizado para determinar o centro da Elipse. Grupo G1: “Utilizamos a ferramenta ‘comando’, no lado direito do vídeo e selecionamos ‘centro’”. Os grupos utilizaram a ferramenta comando para construir a Elipse e socializaram esse procedimento com os demais grupos. Dessa forma, eles puderam identificar o centro da Elipse de diversas maneiras. Item 5: Construa uma reta com os dois focos da Elipse. Escreva o procedimento utilizado para construir a reta. Grupo G1: “Utilizamos a ferramenta ‘reta’ e selecionamos os dois focos da Elipse anteriormente criada”. A partir do item 5, os estudantes começaram a compreender o que representavam os focos da Elipse. Houve manifestações de grupos mais adiantados na execução da atividade quanto ao comportamento da Elipse, quando se consideravam focos mais próximos e mais distantes entre si. Item 6: Encontre os pontos de interseção da reta com a Elipse. Grupo G1: “(2, 4) e (-4, 4)” Escreva o procedimento utilizado para encontrar os pontos de interseção. Grupo G1: “Utilizamos a ferramenta ‘Interseção de Dois Objetos’ para marcar os pontos de interseção. As coordenadas destes pontos foram obtidas ao observar a “zona algébrica”, localizada à esquerda do programa.” 59 Neste item, percebemos claramente que os estudantes já estavam se familiarizando com os comandos e com a relação algébrica identificada no GeoGebra. Alguns grupos marcaram no gráfico os pontos de encontro, sem utilizar o comando de interseção. Item 7: Encontre a distância entre os dois pontos de interseção – eixo maior da Elipse. Grupo G1: “d= 6,84 u” Item 8: Trace a reta mediatriz do segmento cujas extremidades são os focos da Elipse. Grupo G1: Gráfico 5: mediatriz construída pelo grupo 1 Fonte: Dados do autor Escreva o procedimento utilizado para encontrar a reta mediatriz. 60 Grupo G1: “Utilizamos a ferramenta ‘Mediatriz’ e selecionamos os dois focos”. Os estudantes tiveram um pouco de dificuldade para traçar a mediatriz. Apesar do conceito de mediatriz já ter sido estudado tanto na geometria plana quanto na geometria analítica durante o ano, vários estudantes o desconheciam. Para que pudessem dar continuidade à atividade, o professor pesquisador esclareceu que se poderia entender a mediatriz como sendo uma reta perpendicular ao segmento, passando pelo seu ponto médio. Este conceito de mediatriz proporcionou aos estudantes um maior entendimento ao dar continuidade à atividade. Item 9: Escreva os pontos de interseção da reta mediatriz com a Elipse. Grupo G1: “(-0.5, 1.66) e (-0.5, 6.34)” Item 10: Determine a distância entre os dois pontos encontrados – eixo menor da Elipse. Grupo G1: “d=4,68 u” Item 11: Calcule a soma das distâncias de um ponto qualquer da Elipse aos dois focos e compare o resultado com a medida do eixo maior. 61 Grupo G1: Gráfico 6: soma das distâncias de um ponto qualquer aos focos da Elipse, construído pelo grupo 1 Fonte: Dados do autor Item 12: Escreva as conclusões do resultado encontrado. Grupo G1: “Concluímos que a soma das distâncias de um ponto qualquer da Elipse aos focos tem o mesmo valor que a medida do eixo maior.” Esta também foi a conclusão dos demais grupos de estudantes, sendo que, em alguns casos, verificou-se uma pequena diferença entre a soma das distâncias dos pontos aos focos e a medida do eixo maior e que foi assim justificada: Grupo G2: “Concluímos que a soma das distâncias de um ponto qualquer da Elipse aos focos tem o mesmo valor que a medida do eixo maior. Como nossas medidas não foram perfeitas, observamos que existe uma pequena margem de erro devido à falta de precisão do cursor do mouse.” Grupo G4: “O resultado é praticamente igual, pois os valores foram 5,48 e 5,49. Assim, pode-se considerar que a soma das distâncias de um ponto qualquer da Elipse é igual ao eixo maior da Elipse.” 62 Grupo G5: “A distância entre qualquer ponto da Elipse e os focos da mesma é igual ao valor do eixo maior. Considera-se um erro de 0,01 u.m.” Nessa segunda atividade, percebemos uma mudança considerável no envolvimento dos estudantes para sua execução. Segundo eles, a descoberta da representação gráfica da Elipse e do seu conceito foi o que marcou essa atividade. A participação e a elaboração da atividade investigativa, passando por vários passos, sem receber pronto o conceito e uma fórmula de cálculo foi surpreendente, pois há na terceira série do Ensino Médio uma ansiedade para o imediatismo e o processo de soluções prontas, porque o “fantasma” do vestibular gera diversas cobranças da escola, da família e até mesmo do próprio estudante. Apesar de todas essas variáveis, verificamos que essa primeira atividade incentivou a investigação e propiciou uma aprendizagem na qual o estudante passou da posição de agente passivo para agente ativo, pois o estudante precisa ultrapassar o papel de passivo, de escutar, ler, decorar e de repetidor fiel dos ensinamentos do professor e tornar-se criativo, crítico, pesquisador e atuante, para produzir conhecimento. Em parceria, professores e estudantes precisam buscar um processo de autoorganização para acessar a informação, analisar, refletir e elaborar com autonomia o conhecimento. (MORAN, 2000, p. 71). Nesse processo participativo de ensinar e aprender, o estudante passou a se motivar com o uso da tecnologia nas aulas de Matemática. Segundo Moran (2000, p. 28), “podemos vivenciar processos participativos de compartilhamento de ensinar e aprender (poder distribuído) por meio de comunicação mais aberta, confiante, de motivação constante”. Para aplicação da terceira atividade, o professor pesquisador solicitou aos estudantes que trouxessem fotos ou figuras com curvas parecidas com a Elipse para que pudessem verificar se realmente tratava-se de uma Elipse. Nessa terceira atividade, além do reconhecimento de uma Elipse, os estudantes monitores teriam que identificar simetrias e excentricidade. Novamente, não foram fornecidas a definição e a interpretação desses dois conceitos, os quais foram conhecidos “via descoberta”. Como na segunda atividade, os procedimentos utilizados para sua execução foram registrados. 63 Terceira atividade Reconhecimento de uma Elipse e estudo de suas simetrias e excentricidade Item 1: Identifique na barra de ferramentas do Geogebra – “incluir imagem” e inclua a imagem que você pesquisou. Figura 4: “Dente-de-leão” apresentada pelo grupo 5 Fonte: Foto do autor Escreva o procedimento utilizado para incluir a imagem Grupo G5: “Clique na opção ‘Incluir imagem’ e, logo em seguida, selecione um ponto qualquer no plano. Depois, localize o arquivo da imagem e o selecione”. Neste item, os estudantes não se contiveram em realizar a atividade apenas no grupo e passaram a discutir com os demais grupos alternativas para inserir a foto/figura no software GeoGebra. Foi uma discussão proveitosa e várias fotos foram analisadas pelos diversos grupos. 64 Um dos grupos trouxe a foto de uma flor chamada “dente de leão” 4para ser analisada. Item 2: Como verificar se a curva apresentada na figura é ou não uma Elipse? Grupo G4: “A figura deve ter o valor das somas das distâncias aos focos a qualquer ponto da Elipse igual ao valor do eixo maior da figura.” Grupo G3: “Para verificar se a curva é uma Elipse, seleciona-se a ferramenta “Cônica Definida por Cinco Pontos.” Então se define esses cinco pontos na curva da figura. Após isso, pela equação do objeto, pode-se confirmar que é uma Elipse.” Grupo G6: “Utilizamos a ferramenta “Cônica passando por 5 pontos” e marcamos 5 pontos da curva descrita pela figura. Depois, na zona algébrica, colocamos o mouse acima do objeto criado e o programa nos forneceu o nome da curva.” Grupo G1: “Primeiro fizemos uma reta, depois, usando a ferramenta “Elipse”, criamos uma Elipse que coube perfeitamente na imagem.” O objetivo desse item era verificar se os estudantes conseguiriam identificar uma Elipse a partir do conceito que eles concluíram na segunda atividade. Ao invés de verificar se a soma das distâncias de qualquer ponto da Elipse, aos focos, tinha o mesmo valor do comprimento do eixo maior, conforme conclusão relatada por eles, vários grupos entenderam que deveria construir uma Elipse sobre a figura, prejudicando assim o item seguinte da atividade. Isto demonstrou que esses itens da atividade não ficaram claros para os estudantes. 4 Dente de leão é o nome vulgar de várias espécies pertencentes ao gênero botânico Taraxacum, das quais a mais disseminada é a Taraxacum officinale. É uma planta medicinal herbácea conhecida no Brasil também pelos nomes populares: taráxaco, amor-de-homem, amargosa, alface-de-cão ou salada-de-toupeira Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Dente-de-le%C3%A3o, Acesso em 20 mar 2011. 65 Item 3: A partir da sua resposta do item 2, construa sobre a figura uma Elipse. Gráfico 7: Elipse construída sobre o dente-de-leão construído pelo grupo 5 Fonte: Dados do autor Escreva o procedimento utilizado para construir a Elipse. Grupo G4: “Clique no sétimo ícone e escolha a opção “cônica definida por cinco pontos” e marque os pontos na figura.” Grupo G1: “Criamos dois focos e um ponto sobre a Elipse.” Grupo G5: “Tente criar, sobre a figura, um círculo. Observe o resultado e, após, use a ferramenta ‘cônica definida por 5 pontos’ para construir a figura no plano. Tire suas conclusões. Se necessário, exiba os pontos da cônica e compareos.” Item quatro: Faça movimentos com a Elipse utilizando o recurso disponível na barra de ferramentas do Geogebra. 66 Escreva o procedimento utilizado para movimentar a Elipse: Grupo G5: “Selecionar a opção “Mover” aplicar sobre os objetos da elipse (ponto, curva) e arrastá-los.” Grupo G3: “Selecione um ponto qualquer na Elipse e arraste este ponto para qualquer lado.” Grupo G1: “Utilizamos a movimentação de focos para mover os focos.” Essa diversidade de comandos do GeoGebra permitiu que os estudantes investigassem alternativas para execução da atividade. Item 5: Utilizando os focos, faça o movimento da Elipse e escreva sua conclusão. Grupo G5: “Independente da movimentação de um dos focos, mantém-se a soma das distâncias de qualquer ponto da Elipse a seus focos, ou seja, a soma das distâncias dos focos a qualquer ponto da Elipse é igual ao valor do eixo maior.” Grupo G3: “De acordo com a movimentação dos focos, a Elipse pode ficar mais magra ou mais gorda. Ao afastarmos o foco, ela fica mais magra e, ao aproximarmos, mais gorda.” Mesmo desconhecendo o conceito de excentricidade, a atividade permitiu que eles analisassem essa característica da Elipse. Item 6: Procure mover a Elipse, com o objetivo de sobrepô-la na figura inserida. 67 Gráfico 8: Elipse sobreposta no dente-de-leão construído pelo grupo 5 Fonte: Dados do autor Qual a sua conclusão sobre a curva existente na fotografia? Grupo G2: “Concluímos que a imagem é uma Elipse.” Todos os grupos chegaram à mesma conclusão Item 7: Construa o eixo maior e menor da Elipse. Identifique as simetrias existentes na Elipse. Grupo G4: “Podemos notar uma simetria na Elipse em relação aos seus eixos. O ponto de interseção entre o eixo maior e o menor divide estas retas exatamente no meio, criando um eixo de simetria.” Grupo G1: “Os eixos de simetria da Elipse são os eixos: menor e maior.” Nem todos os grupos conseguiram identificar as simetrias existentes. 68 Alguns estudantes disseram que não sabiam reconhecer uma simetria no gráfico. Diante disso, o professor pesquisador interrompeu a atividade e esclareceu o significado de uma simetria, tornando, a partir daí, possível a identificação das mesmas. Item 8: Na Elipse, construa um segmento cujos extremos sejam um dos focos e uma das extremidades do eixo menor. Item 9: Identifique o ângulo agudo formado pelo segmento construído e pelo eixo maior. Grupo G2: “59o19’” Escreva o procedimento utilizado para construir o ângulo. Grupo G4: “Selecione o oitavo item da barra de ferramentas e escolha a opção ‘ângulo’. Selecione três pontos no desenho, sendo que o ponto do meio é aquele que possui o ângulo a ser descoberto.” Grupo G3: “Utilizei a ferramenta ângulo, que se encontra na parte superior da janela e selecionei o segmento construído e o eixo maior.” Grupo G2: “Usamos a ferramenta ângulo e clicamos sobre os três pontos desejados.” Alguns estudantes encontraram dificuldade em marcar o ângulo desejado. Entretanto, com a troca de experiências entre os grupos, foi possível identificar o ângulo. 69 Item 10: Aumente e diminua o ângulo e descreva o que acontece com a Elipse. Grupo G4: “A Elipse muda a sua forma, conforme eu mudo o ângulo.” Grupo G1: “Ao diminuir o ângulo, a Elipse se achata. Ao aumentar, ela se aproxima cada vez mais de um círculo.” Os estudantes começaram a relacionar esse comportamento com o que havia sido feito no item 5 da atividade. Item 11: No triângulo retângulo formado pelo semieixo menor (b), pelo segmento que determina a metade da distância focal (c) e pelo segmento que une um dos focos da Elipse e uma extremidade do eixo menor (a), o que acontece com a razão “c/a”, chamada excentricidade da Elipse, quando aumentamos e diminuímos o ângulo construído. Grupos de estudantes: Grupo G4: “A razão c/a varia quando aumentamos e diminuímos o ângulo construído. Isso faz com que a excentricidade da Elipse também varie ficando mais “achatada” ou mais “gorda”. Quanto mais gorda, mais próxima de uma circunferência a Elipse está.” Grupo G3: “Quando aumentamos o ângulo construído, a razão c/a diminui, tendendo a 0. Quando diminuímos o ângulo construído, a razão c/a aumenta, tendendo a 1.” 70 Item 12: Qual a conclusão encontrada sobre a excentricidade de uma Elipse? Grupo G4: “A excentricidade da Elipse se dá pelo cosseno do ângulo formado por c e a. Esse cosseno varia de 0 a 1, sendo que, quanto mais próximo de zero esse valor de c/a for, mais próximo de ser uma circunferência esta Elipse está.” Grupo G2: “Quanto menor a excentricidade da Elipse, mais próxima da circunferência a Elipse está.” Grupo G3: “A excentricidade é dada pelo cosseno e varia de 0 a 1. Se a excentricidade se aproxima de 0, a Elipse tende a uma circunferência.” Verificamos, nessa atividade, que os estudantes multiplicadores encontraram poucas dificuldades em executar a tarefa. Uma das alunas que participou dessa atividade trouxe a foto de uma “traqueia” para análise. Segundo ela, em uma primeira análise, não conseguiu identificar o formato de uma Elipse. Entretanto, depois de utilizar alternativas de verificação apresentadas pelos demais grupos, ela concluiu que se tratava de uma Elipse. Outras figuras/fotos foram apresentadas para análise: “dente de leão”, “arco do triunfo”, “estádio de futebol”, dentre outras. Cada grupo verificou uma figura e, a partir daí, iniciamos o processo de criação do primeiro Objeto de Aprendizagem5, quarta atividade, a ser aplicado aos demais estudantes da terceira série do Ensino Médio. Quarta Atividade Esse Objeto de Aprendizagem foi aplicado em turmas de 50 estudantes, divididas em grupos de três estudantes e acompanhadas pelos estudantes multiplicadores/monitores e pelo professor pesquisador. 5 Objeto de Aprendizagem, Apêndice D, aplicado em turmas de cinquenta estudantes da área de exatas, biológicas e humanas. 71 Em todas as turmas, a participação dos estudantes, nessa quarta atividade, foi muito produtiva e os estudantes multiplicadores, que participaram da elaboração do Objeto de Aprendizagem, tiveram a oportunidade de “demonstrar”, aos demais colegas, propriedades da Elipse verificadas nas fotos de curvas que eles mesmos identificaram. Após o término da quarta atividade, reunimos com os estudantes multiplicadores e fizemos uma avaliação do trabalho desenvolvido. Verificamos que vários grupos encontraram certa dificuldade com alguns conceitos de geometria, como o caso do conceito de mediatriz. Percebemos também que os estudantes das áreas de exatas e biológicas tiveram menos dificuldade do que os estudantes da área de humanas. Após a avaliação feita com os estudantes multiplicadores, analisamos os Objetos de Aprendizagem, que todos os estudantes da terceira série de Ensino Médio usaram. Verificamos que a sequência adotada nessa atividade levou os estudantes a concluírem que a soma das distâncias de um ponto qualquer, pertencente à Elipse, aos focos, é sempre a mesma e igual ao eixo maior. Entretanto, a identificação da curva, um dos itens da atividade, foi feita de diversas formas, como demonstrado abaixo, por diversos grupos: “Uma Elipse é uma cônica com 2 focos na qual a soma das distâncias de qualquer ponto da figura aos focos é igual ao seu eixo maior.” “A soma das distâncias de um ponto qualquer na Elipse a seus focos é sempre igual ao valor do eixo maior da Elipse.” “Uma figura arredondada que possui dois focos equidistantes do eixo da Elipse.” “Para identificar uma Elipse, é necessário verificar se a medida do eixo maior é a mesma da soma das distâncias de um ponto qualquer aos dois focos.” “Quando a soma das distâncias de um ponto até os dois focos for a mesma, se trata de uma Elipse.” 72 “A distância entre as interseções do eixo menor com a Elipse aos focos é igual à metade do eixo maior.” “Para identificar uma Elipse, é necessário um eixo formado por duas retas perpendiculares formadas por 2 pontos pertencentes a uma das retas, com distância equivalente ao eixo. Além disso, são necessários dois focos que têm a mesma distância da mediatriz. E os pontos não devem pertencer à Elipse e pertencer à outra reta do eixo.” “Forma geométrica em que a soma das distâncias de qualquer ponto aos focos é igual ao eixo maior.” “Uma Elipse é identificada a partir de dois focos nos quais uma reta que passa por eles intercepta com a Elipse. A medida da distância dos pontos de interseção determina o eixo maior: que é necessariamente igual à soma da distância de qualquer ponto da Elipse aos dois focos.” “A Elipse é uma figura geométrica em que a soma das distâncias de qualquer ponto, pertencente à Elipse. a dois pontos simétricos, denominados focos é sempre igual ao eixo maior, portanto constante.” “Para identificar uma Elipse, é necessário um eixo formado por duas retas perpendiculares formadas por quatro pontos pertencentes às retas com distância equivalente dos eixos. Além disso, são necessários dois focos que têm uma mesma distância da mediatriz. Os pontos não devem pertencer à Elipse e sim à outra reta do eixo.” “Uma Elipse é definida como uma figura oval que possui dois eixos: um maior e outro menor, dois focos e um centro que é a interseção dos eixos.” No último item do Objeto de Aprendizagem, foi solicitado que os estudantes verificassem em fotos de arquivos disponibilizados para eles, se era possível identificar uma Elipse e, em caso afirmativo, especificar a medida do eixo maior, do eixo menor e do centro. 73 Nesse item, a participação dos estudantes monitores foi muito importante para a identificação da curva e verificação dos pontos solicitados. No final da atividade, os monitores utilizaram a foto de uma “traqueia” para apresentar, em cada turma, seu formato de Elipse, bem como as propriedades verificadas. Figura 5: Foto de uma traqueia apresentada pelo grupo um Fonte: Arquivo do autor Quinta atividade Como quinta atividade, o segundo Objeto de Aprendizagem6, elaborado com a participação dos estudantes multiplicadores, foi aplicado aos demais estudantes da terceira série do Ensino Médio. Nele foi proposto que construíssem uma Elipse e identificassem o eixo maior, o eixo menor, o centro, a excentricidade e as simetrias existentes nela. Nessa atividade, os estudantes encontraram um pouco de dificuldade em função do desconhecimento de conceitos geométricos e trigonométricos. Foi o momento em que interrompemos a atividade para esclarecer esses conceitos. Após os esclarecimentos necessários, os estudantes concluíram a atividade. 6 Objeto de Aprendizagem: Reconhecimento de uma Elipse e estudo de suas simetrias e excentricidade. Apêndice E 74 Ao analisar os Objetos de Aprendizagem feitos pelos estudantes, concluímos que a maioria deles não encontrou problemas para a execução da atividade. Um dos grupos de trabalho apresentou o seguinte resultado: Gráfico 9: Elipse construída pelo grupo 3 Fonte: Dados do autor • “D= (-0.5, 1.55) e E= (-0.5, 6.45)” • Ângulo EB̂G = “44,42o” • Excentricidade = “0,71” • Conclusão sobre excentricidade: “A excentricidade, quanto mais próxima de 1, a Elipse é mais achatada, quanto mais próxima de 0, ela se aproxima de uma circunferência.” Alguns grupos tiveram dificuldade em citar o ângulo cujo cosseno é a excentricidade da Elipse, conforme demonstrado a seguir: “Para encontrar a excentricidade, devemos calcular o cosseno do ângulo formado entre a interseção do eixo menor com a Elipse passando por um dos focos, chegando ao centro.” 75 “Ela é o cosseno do ângulo entre o semieixo menor e o eixo maior.” “A excentricidade é o cosseno do ângulo formado entre a interseção do eixo menor com a Elipse, passando por um dos focos, chegando ao centro.” Sexta atividade Hipérbole Como sexta atividade, foi aplicado o Objeto de Aprendizagem7 que tem como principal objetivo a construção e a identificação de propriedades de outra cônica, a Hipérbole. Esse Objeto de Aprendizagem não foi elaborado com a participação dos estudantes multiplicadores. A intenção era verificar qual seria o comportamento de toda turma diante de uma atividade que era desconhecida por todos. O resultado não foi o mesmo alcançado na atividade de análise da Elipse, em que o envolvimento dos estudantes na realização da atividade demonstrou a importância do papel exercido pelos estudantes multiplicadores. Optamos, então, por analisar os Objetos de Aprendizagem dos estudantes das turmas da área de exatas, uma vez que esses estudantes apresentaram maior interesse e facilidade durante a execução da atividade. Como nos outros Objetos de Aprendizagem, à medida que o estudante foi desenvolvendo a atividade, ele chegava a um conceito que lhe permitia reconhecer uma Hipérbole, como foi verificado na atividade seguinte, desenvolvida por um dos grupos de estudantes. 7 Objeto de Aprendizagem: Construção de uma hipérbole e identificação de propriedades. Apêndice F 76 Gráfico 10: Hipérbole construída por um grupo da turma de exatas Fonte: Dados do autor Nesta atividade, os estudantes concluíram que: “A diferença entre a distância de um ponto qualquer da hipérbole até um dos focos e a distância desse ponto até o outro foco sempre será igual ao eixo real.” A excentricidade também foi verificada a partir de outras construções feitas na Hipérbole, conforme verificado no Objeto de Aprendizagem (Apêndice F). No item questionado sobre o que se podia concluir em relação à excentricidade de uma Hipérbole, alguns estudantes encontraram dificuldade, procurando responder utilizando a mesma sequência de atividades do Objeto de Aprendizagem que os levou a chegar ao valor da excentricidade da Hipérbole. Outros estudantes concluíram ser o valor da excentricidade da Hipérbole maior do que uma unidade. Ao mover um ponto sobre a hipérbole, conforme solicitado no último item da atividade, os estudantes concluíram que: 77 “Quanto maior a excentricidade da Hipérbole, maior a abertura da Hipérbole, e quanto menor a excentricidade, menor a abertura. A excentricidade varia de 1 ao infinito.” “A excentricidade da Hipérbole é sempre maior que 1 e é a secante do ângulo formado pela assíntota e pela metade do eixo real.” Essa sexta atividade, realizada no início do mês de novembro, não teve o mesmo nível de resultado positivo como o da atividade sobre Elipse, que foi aplicada durante o mês de outubro. Ao questionar os estudantes tivemos alguns posicionamentos: “Estou preocupado com a prova do ENEM, e esse assunto não cai na prova.” “Esse assunto só cai na prova aberta da Federal.” “Você devia ter trabalhado esse assunto em dezembro.” Essas e outras argumentações feitas pelos estudantes foram verificadas principalmente nas turmas das áreas de humanas. Na turma da área de exatas, onde foram analisados os Objetos de Aprendizagem, o resultado foi melhor. Ao verificar, em fotos/figuras, o formato de uma Hipérbole, alguns grupos apresentaram figuras para análise. Um deles identificou o formato de uma Hipérbole em uma figura de um livro de Matemática para a terceira série do Ensino Médio. Nessa figura, apresentada abaixo, os estudantes do grupo identificaram o formato de uma Hipérbole, sua distância focal, o eixo real, o eixo imaginário e a excentricidade. 78 Figura 6: Torre de Refrigeração de Usinas Nucleares apresentada por um grupo da turma de exatas. Fonte: MANOEL PAIVA, 2009, vol.3. No momento em que este grupo de estudantes mostrou aos demais colegas a figura com a identificação da Hipérbole, fizemos alguns comentários sobre a figura, mostrando que a forma da torre era de uma Hiperbolóide, obtida pela rotação da Hipérbole em torno do eixo imaginário. Sétima atividade Parábola Para a sétima atividade, foi elaborado um Objeto de Aprendizagem8 que teve como objetivo a construção de uma parábola e a identificação de propriedades. A atividade foi realizada no início do mês de dezembro e foram analisados os Objetos de Aprendizagem dos estudantes das turmas da área de exatas. Com o conhecimento que os estudantes adquiriram ao estudar a Elipse e a Hipérbole, utilizando o GeoGebra, tornou-se possível a elaboração de um Objeto de 8 Objeto de Aprendizagem: Construção de uma parábola e identificação de propriedades- Apêndice G 79 Aprendizagem com comandos que permitiam ao estudante chegar ao conceito da cônica sem a necessidade de detalhamento das construções de retas, de pontos, de distâncias, dentre outras. Alguns grupos de estudantes, questionados na atividade proposta sobre o conceito de parábola, responderam: “Todos os pontos da Parábola estão equidistantes do foco e da reta diretriz.” “Curva na qual a distância de reta diretriz a qualquer ponto da curva é igual à distância deste mesmo ponto ao foco da parábola.” “Uma parábola é um conjunto de pontos em que a distância entre um ponto qualquer à reta diretriz e a distância dele ao foco é igual.” Todos os grupos conseguiram construir a parábola, conforme figura abaixo, apresentada por um dos grupos. Gráfico 11: Parábola construída por um grupo da turma de exatas Fonte: Dados do autor 80 Nesta atividade, foi também questionado sobre a excentricidade, em que todos responderam que a excentricidade, identificada pela razão entre a distância de um ponto da parábola à reta diretriz e a distância do mesmo ponto ao foco, era sempre igual a uma unidade. Quanto à existência de simetria na parábola construída, os estudantes identificaram a simetria e que era em relação ao eixo das abscissas. Para verificar se era possível identificar uma parábola em uma foto/figura, sugerimos aos estudantes uma foto dos Arcos Parabólicos de La Casa Millá, em Barcelona. Figura 7: LaPedreraParabola 9 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro: LaPedreraParabola.jpg Acesso em: 10 dez.2010 Após análise, um dos grupos de estudantes apresentou o resultado. Os estudantes não identificaram uma parábola no formato da curva. Houve uma série de discussões, inclusive com identificação da curva como sendo parte de uma Elipse. 9 Arcos com forma de catenária bajo la terraza de la Casa Milá (o La Pedrera) em Barcelona, Espanha. 81 Ao final da discussão, fizemos uma intervenção, chamando atenção para que, ao construir uma cônica, utilizando cinco pontos, o GeoGebra procura identificar uma das três cônicas: a Elipse, a Hipérbole ou a Parábola, e isto pode deixar de reconhecer curvas muito próximas dessas cônicas, como a curva chamada “catenária”10. Nesse caso, a curva apresentada para discussão é uma catenária e aparentava ser uma parte de uma Elipse. Nessa atividade, foi possível perceber que os estudantes aprenderam a reconhecer uma cônica a partir de seu conceito. Eles demonstraram ter compreendido os conceitos geométricos necessários para a construção das cônicas e também ter adquirido um conhecimento para utilização do software GeoGebra. 10 Catenária descreve uma família de curvas planas semelhantes às que seriam geradas por uma corda suspensa pelas suas extremidades e sujeitas à ação da gravidade. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Caten%C3%A1ria, Acesso em 20 mar 2011 82 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS A questão investigada se referiu à busca de uma nova metodologia para o estudo das cônicas no Ensino Médio, por meio de atividades investigativas para a construção de um Objeto de Aprendizagem. Com privilégio, enfatizou-se o estudo conceitual das cônicas. Partindo da atividade dos estudantes, com sua intuição, levantamentos de conjecturas, interação professor/estudante, estudante/estudante foi feito um convite aos estudantes para “o fazer matemática”, substituindo o simples receber matemática freiriano, evitando a educação bancária do depositar do professor no estudante. Assim, a pesquisa realizada demonstra que, quando um conteúdo é construído em parceria com os estudantes, transformando-os em agentes ativos no processo de ensino e aprendizagem, o resultado é bastante eficaz. Segundo Masseto (2000), o professor, nesse processo, é um facilitador e incentivador que faz a ponte entre o aprendiz e a sua aprendizagem. Tal procedimento, além de propiciar um melhor entendimento do conteúdo a ser explorado, ajuda o professor a estabelecer pontes entre a reflexão e a ação, entre experiência e a conceituação, o que nos leva a aprender cada vez mais, de acordo com Moran (2000). A orientação no estudo da Matemática passa a ocupar uma etapa de destaque no processo de aprendizagem do estudante. O professor deixa de ser um simples repassador de conteúdo, passando a propor desafios aos estudantes dentro de um espírito interrogativo, diante das ideias matemáticas, conforme Ponte (2003). Nessa perspectiva, o estudo das cônicas, em nossa pesquisa, facilitou a visualização da figura e a identificação de suas características, a partir da representação gráfica, explorando o pensamento geométrico em situações vivenciadas no cotidiano. A inovação nesse trabalho foi a participação intensiva dos estudantes na elaboração de um Objeto de Aprendizagem. Utilizando o GeoGebra puderam, sem nenhum conhecimento sobre o tema, investigar e construir um OA que permitiu conceituar uma Elipse. O acompanhamento do professor pesquisador foi fundamental para que conceitos matemáticos não fossem utilizados de forma equivocada. 83 Ao realizar essa experiência, verificamos a facilidade encontrada pelos estudantes em explorar um software matemático, além de seu envolvimento e de sua insistência para visualizar o gráfico e chegar ao conceito de uma cônica. A metodologia inovadora de repasse e troca entre os estudantes pelas três primeiras atividades investigativas, aplicadas a um grupo selecionado de estudantes e a sua elaboração, proporcionou condições, por meio de tentativas, para que encontrassem, no GeoGebra, os comandos que os levassem à construção de pontos, segmentos, retas, retas perpendiculares, dentre outros, necessários para se chegar à construção de uma Elipse. Como a atividade foi desenvolvida em duplas, verificamos que as discussões ocorridas em cada dupla, e entre elas, permitiram que se chegasse à construção da Elipse por diversos caminhos. Ressaltamos a diversidade de soluções encontradas como resultado do trabalho interativo e da possibilidade de experimentar sem uma exposição prévia do professor. Na atividade em que os estudantes identificaram a Elipse em figuras/fotos trazidas por eles, houve uma efetiva integração do saber escolar e não escolar, a realidade adentrando a sala de aula. Percebemos que houve um avanço mais significativo no processo de aprendizagem do conteúdo proposto. Isto nos leva a aceitar a didática da ação para a elaboração conceitual, isto é, a importância de se construir um conceito matemático antes de defini-lo. No nosso entendimento isto não significa dar mais ou menos importância às definições, mas sim permitir um maior e melhor entendimento delas. De acordo com Pais (2001), ao aprender o significado de um conceito, extrapola-se o texto formal de uma definição. O Objeto de Aprendizagem, elaborado pelos estudantes selecionados e aplicado aos demais colegas da série, permitiu que esses estudantes tivessem uma oportunidade de socializar o conhecimento adquirido, esclarecendo dúvidas e mostrando as diversas opções encontradas para a identificação da Elipse. Na aplicação dos outros OAs, que permitiram identificar e conceituar a Hipérbole e a Parábola, os estudantes demonstraram novamente a importância de se construir o conceito de uma cônica e, a partir daí, analisar e identificar suas propriedades. Nessa experiência, percebemos que as dificuldades encontradas, principalmente na Hipérbole, eram transformadas em desafios, sempre com alguma 84 alternativa para solução do problema, pois a Hipérbole, pela sua forma assintótica, traz maiores dificuldades de construção. Os problemas propostos em livros didáticos do Ensino Médio, enfatizando mais a construção, a identificação e o conceito de cada cônica, não trazendo o estudo algébrico dessas curvas, poderiam oportunizar mais tempo ao professor do Ensino Médio de exploração conceitual, cabendo ao Ensino Superior tratar das equações e de seus parâmetros. O uso do computador nessa pesquisa, além de ter sido facilitador, foi mais um incentivador para descobertas e conclusões construídas dentro de um espírito participativo e envolvente tanto para o estudante quanto para o professor. É importante salientar que o uso das tecnologias para a aprendizagem de conceitos, como os das cônicas, não tem o objetivo de eliminar métodos tradicionais de aulas expositivas. Elas ajudam a compreensão dessas aulas quando se pretende construir o conhecimento do conteúdo proposto na mesclagem de processos. Além disso, estimula o professor a percorrer novos caminhos que visam à aprendizagem do estudante. A diversificação de métodos pode trazer um movimento na efetivação da didática. Assim, a exposição junto à aula dialogada e interativa pode constituir parâmetro de flexibilização na elaboração do saber, já construído e a construir. Em suma, podemos sintetizar essas considerações finais em 2(duas) importantes conclusões: A primeira a que chegamos, após a pesquisa realizada, é de que, no Ensino Médio, podemos privilegiar o estudo de conceitos sobre as cônicas, permitindo ao estudante analisar e identificar uma cônica sem a necessidade de chegar à sua equação. Uma segunda conclusão, não menos importante, foi em função do aprendizado adquirido nessa pesquisa, que incluímos em nossa atividade como professor, esse formato didático diferenciado para o ensino da Matemática. A nossa aula que sempre teve a função de repassar conteúdos adquiridos passou a ser um momento de discussão, de troca de experiências, da vivência de situações problematizadoras e de investigação. Isto não significa que houve um rompimento com a aula expositiva, mas sim uma importante contribuição para que a exposição de conteúdos seja enriquecida com compartilhamento de ideias, proporcionando uma maior aproximação entre o professor e o estudante, visando à construção de 85 conteúdos matemáticos, procurando mais a presença do educador do que simplesmente o professor que ensina. 86 REFERÊNCIAS BORBA, Marcelo de Carvalho; PENTEADO, Miriam Godoy. Informática e Educação Matemática. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003, 104 p. BRASIL. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. PCN+ Ensino Médio: Orientações Educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias. Brasília: MEC/SEF, 2002. BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Ciência da natureza, Matemática e suas tecnologias. Brasília: Ministério da Educação, 2006. 135 p.(Orientações para o ensino médio: volume 2). COSTA, J.W.; OLIVEIRA, M.A.M. (Orgs.). Novas Linguagens e Novas Tecnologias: Educação e Sociabilidade. Petrópolis (RJ): Vozes, 2004, v. 1, 149 p. D´AMBRÓSIO, Ubiratan. Prefácio. In: BORBA, M. C.; ARAÚJO, J. L. (Orgs.). Pesquisa Qualitativa em Educação Matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. DANTE, Luiz Roberto. Matemática contexto & aplicações: 3 ensinos médio. 3. Ed. São Paulo: Ática, 2008. FIORENTINI, Dario; LORENZATO, Sérgio. Investigação em educação Matemática: percursos teóricos e metodológicos. 3.ed. rev. Campinas (SP): Autores Associados, 2009. (Coleção Formação de Professores) FREIRE, Paulo; SHOR, Ira. Medo e Ousadia: O cotidiano do professor. Tradução Adriana Lopez, revisão técnica de Lólio Lourenço de Oliveira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. 226 p. FROTA, Maria Clara Resende. O pensar matemático no ensino superior: concepções e estratégias de aprendizagem dos alunos. 2002. 287f. Tese (Doutorado). – Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Educação, Belo Horizonte. IEZZI, Gelson; DOLCE, Oswaldo; PÉRIGO, Roberto. Matemática: volume único. 4. Ed. São Paulo: Atual, 2007. 87 LAUDARES, João Bosco. Educação Matemática. Belo Horizonte: CEFETMG, 1987. LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência: O futuro do pensamento da era da informática. Tradução Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993. 208 p. (Coleção TRANS) LIMA, Ivan Shirahama Loureiro de et al. Criando interfaces para objetos de aprendizagem. In: PRATA, Carmem Lúcia; NASCIMENTO, Anna Christina Aun de Azevedo (orgs). Objetos de Aprendizagem: Uma proposta de recurso pedagógico. Brasília: MEC, SEED, 2007, p.39-48. LINS, Rômulo Campos; GIMENEZ, Joaquim. Perspectivas em aritmética e álgebra para o século XXI. Campinas, São Paulo: Papirus, 1997. LOLLINI, Paolo. Didática e Computador: quando e como a informática na escola. Tradução: Antônio Vietti e Marcos J. Marcionilo. 3. Ed. São Paulo: Edições Loyola, 2003, 243 p. MACÊDO, Laécio Nobre de et al. Desenvolvendo o pensamento proporcional com o uso de um objeto de aprendizagem. In: PRATA, Carmem Lúcia; NASCIMENTO, Anna Christina Aun de Azevedo (orgs). Objetos de Aprendizagem: uma proposta de recurso pedagógico. Brasília: MEC, SEED, 2007, p.17-26. MACENA, Marta Maria Mauricio. Contribuições da investigação em sala de aula para uma aprendizagem das secções cônicas com significado. 2007. 162f. Dissertação( Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Exatas e da Terra, 2007. MASSETO, Marcos T. Mediação pedagógica e uso da tecnologia. In: MORAN, José Manuel; MASSETO, Marcos T.; BEHRENS, Marilda Aparecida (orgs). Novas tecnologias e mediação pedagógica. 17. Ed. Campinas (SP): Papirus, 2000, p.133-173. MIRANDA, Dimas Felipe; LAUDARES, João Bosco. Quádricas. Belo Horizonte: Fumarc, UCMG, 1982. MORAN, José Manuel. Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias audiovisuais e telemáticas. In: MORAN, José Manuel; MASSETO, Marcos T.; BEHRENS, Marilda Aparecida (orgs). Novas tecnologias e mediação pedagógica. 17. Ed. Campinas (SP): Papirus, 2000, p.11-65. 88 MOTA, Janine Freitas. Um estudo de planos, cilindros e quádricas explorando seções transversais na perspectiva da habilidade de visualização com o software WINPLOT. 2010. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática ) - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. OLIVEIRA, Afonso Soares de; MORANDI, Henrique Morais. Matemática Prática e Instrumental, vol. 3, São Paulo: Lê, 1980 PAIS, Luiz Carlos, Didática da Matemática: uma análise da influência francesa. Belo Horizonte: Autêntica, 2001, 128 p. PAIVA, Manoel Rodrigues. Matemática: vol. 3. São Paulo: Moderna, 2002. PONTE, João Pedro da; BROCARDO, Joana; OLIVEIRA, Hélia. Investigações Matemáticas na sala de aula. Belo Horizonte: Autêntica, 2003, 152 p. SOUZA, Aguinaldo Robinson de et al. Desenvolvimento de habilidades em tecnologias da informação e comunicação (TIC) por meio de objetos de aprendizagem. In: PRATA, Carmem Lúcia; NASCIMENTO, Anna Christina Aun de Azevedo (orgs). Objetos de Aprendizagem: uma proposta de recurso pedagógico. Brasília: MEC, SEED, 2007, p.49-57. SOUZA, Maria de Fátima C. de et al. Desenvolvimento de habilidades em tecnologias da informação e comunicação (TIC) através de objetos de aprendizagem. In: PRATA, Carmem Lúcia; NASCIMENTO, Anna Christina Aun de Azevedo (orgs). Objetos de Aprendizagem: uma proposta de recurso pedagógico. Brasília: MEC, SEED, 2007, p.59-69. TAROUCO, Liane M. R.; DUTRA, Renato. Padrões e interoperabilidade. In: PRATA, Carmem Lúcia; NASCIMENTO, Anna Christina Aun de Azevedo (orgs). Objetos de Aprendizagem: uma proposta de recurso pedagógico. Brasília: MEC, SEED, 2007, p.81-92. VALENTE, J. A. Formação de educadores para o uso da informática na escola. Campinas (SP): UNICAMP, 2003. VAZ, Ieda do Carmo. Os conceitos de limite, derivada e integral em livros didáticos de Cálculo e na perspectiva de professores de matemática e de disciplinas específicas em cursos de engenharia. 2010. 177f. Dissertação (Mestrado) - Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais. 89 APÊNDICES • ATIVIDADES • OBJETOS DE APRENDIZAGEM 90 APÊNDICE A - Análise dos softwares GeoGebra e Winplot I Objetivo: Identificar o software que será utilizado para desenvolver as atividades. II Metodologia: Iniciaremos a atividade instalando dois softwares educativos, Geogebra e Winplot, de domínio público, nos computadores. Após instalação dos softwares o aluno deverá verificar os diversos comandos de cada software, utilizá-los, e finalmente fazer a opção daquele que melhor se adaptou. III Atividade: um) Você encontrou dificuldade para instalar os programas GeoGebra e Winplot no computador? __________________________________________________________________ 2) Se sua resposta foi positiva, faça suas observações sobre o problema encontrado. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 3) Ao verificar os programas qual deles você encontrou maior facilidade para manipular os comandos? (Justifique sua resposta) ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 91 APÊNDICE B – Estudo da Elipse no GeoGebra I. Objetivos: • Construir uma Elipse utilizando os comandos do programa GeoGebra • Identificar o centro da Elipse, seus eixos e suas propriedades. • Escrever os procedimentos utilizados para cada item da atividade, visando à elaboração de um objeto de aprendizagem. II. Metodologia: A atividade deve ser executada em dupla. Os alunos devem verificar na tela inicial do software os comandos necessários para a execução de cada item da atividade. Nesta atividade, os alunos devem descobrir as opções de comandos e executá-los. As dúvidas devem ser discutidas em cada dupla sem intervenção do professor pesquisador. Cada dupla deve registrar os procedimentos utilizados em cada item da atividade. Ao final, os grupos apresentarão a conclusão sobre a cônica verificada. III Atividade 1) Identifique pontos nos quatro quadrantes do plano cartesiano 1o quadrante: 2o quadrante: 3o quadrante: 4o quadrante: 92 Escreva o procedimento utilizado para identificar os pontos ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 2) Marque os pontos (-3, 4) e (2, 4), construa um segmento com estas extremidades, verifique sua medida e escreva o resultado encontrado. _________________________________________________________________ Escreva o procedimento utilizado para construir o segmento e encontrar a sua medida. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 3) Construa uma Elipse utilizando os pontos (-3,4) e (1, 4), chamados focos da Elipse. Escreva o procedimento utilizado para construir a Elipse ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 4) Identifique o centro da Elipse ___________________________________________________________________ 5) Construa uma reta com os dois focos da Elipse Escreva o procedimento utilizado para construir a reta ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 6) Encontre os pontos de interseção da reta com a Elipse ___________________________________________________________________ 93 Escreva o procedimento utilizado para encontrar os pontos de interseção ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 7) Encontre a distância entre os dois pontos de interseção – eixo maior da Elipse. __________________________________________________________________ 8) Trace a reta mediatriz do segmento cujas extremidades são os focos da Elipse Escreva o procedimento utilizado para encontrar a reta mediatriz ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 9) Encontre os pontos de interseção da reta mediatriz com a Elipse __________________________________________________________________ 10) Determine a distância entre os dois pontos encontrados – eixo menor da Elipse. ___________________________________________________________________ 11) Calcule a soma das distâncias de um ponto qualquer da Elipse aos dois focos e compare o resultado com a medida do eixo maior. Escreva as conclusões do resultado encontrado ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 94 APÊNDICE C - Reconhecimento de uma Elipse e estudo de suas simetrias e excentricidade I Objetivos: • Reconhecer uma elipse utilizando os comandos do programa GeoGebra. • Verificar as simetrias existentes. • Identificar os eixos: maior e menor da Elipse. • Analisar a excentricidade da Elipse. • Escrever os procedimentos utilizados para cada item da atividade, visando à construção de um objeto de aprendizagem. • Construir um Objeto de Aprendizagem que permita ao conjunto ampliado de alunos chegarem ao conceito de uma Elipse II Metodologia: Cada dupla deve transferir para o GeoGebra o arquivo da figura ou foto escolhida a fim de verificar se o formato da curva existente nele é uma Elipse. Utilizando o software GeoGebra os alunos devem analisar se figuras/fotos trazidas por eles tem o formato de uma elipse. Assim como na primeira atividade, os alunos devem escrever os procedimentos utilizados para a verificação da cônica. O tempo destinado à realização da atividade é de uma hora. III Atividade: 1) Identifique na barra de ferramentas do GeoGebra –“incluir imagem” e inclua a imagem que você pesquisou. Escreva o procedimento utilizado para incluir a imagem. ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ 95 2) Como você verifica se a curva apresentada na figura é ou não uma Elipse? ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ 3) A partir da sua resposta do item 2, construa sob a figura uma Elipse. Escreva o procedimento utilizado para construir a Elipse. ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ 4) Faça movimentos com a Elipse utilizando recurso disponível na barra de ferramentas do GeoGebra. Escreva o procedimento utilizado para movimentar a Elipse ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ Utilizando os focos, faça o movimento da Elipse e escreva sua conclusão. ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ 96 5) Procure mover a Elipse com objetivo de sobrepô-la na figura inserida. Qual a sua conclusão sobre a curva existente na fotografia? ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ 6) Construa o eixo maior e menor da Elipse. 7) Identifique as simetrias existentes na Elipse. ___________________________________________________________ __________________________________________________________ 8) Na Elipse, construa um segmento cujos extremos são: um dos focos e uma das extremidades do eixo menor. 9) Identifique o ângulo agudo formado pelo segmento construído e pelo eixo maior. Escreva o procedimento utilizado para construir o ângulo. ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ 10) Aumente e diminua o ângulo e descreva o que acontece com a Elipse. ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ 97 11) No triângulo retângulo formado pelo semieixo menor (b), pelo segmento que determina a metade da distância focal (c) e pelo segmento que une um dos focos da Elipse e uma extremidade do eixo menor (a), o que acontece com a razão c/a, chamada excentricidade da Elipse, quando aumentamos e diminuímos o ângulo construído. ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ 12) Qual a conclusão encontrada sobre a excentricidade de uma Elipse? ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ 98 APÊNDICE D - Objeto de Aprendizagem: Reconhecimento de uma Elipse I Objetivos: • Construir uma Elipse utilizando os comandos do software “GeoGebra”. • Identificar o centro da Elipse, seus eixos e sua excentricidade. • Identificar em uma figura/foto uma curva com o formato de Elipse. II Metodologia: A atividade deve ser executada em grupos de três alunos e cada aluno monitor deve acompanhar dois grupos. As dúvidas devem ser sanadas pelos alunos monitores sob o acompanhamento do professor pesquisador. Os alunos monitores devem orientar os grupos sobre utilização do arquivo com a figura/foto para análise da curva com formato de Elipse existente nele. Ao final da atividade, o professor pesquisador e os alunos monitores farão uma avaliação do Objeto de Aprendizagem executado. III Atividade: 1) Acesse o programa “GeoGebra”. 2) Na parte superior do vídeo clique em “Exibir”; em seguida, no item “Malha” e no item “Janela de Álgebra”. 3) Marque um ponto em cada quadrante do plano cartesiano. 1o quadrante: ............... 2o quadrante: ............... 3o quadrante: ............... 4o quadrante: ............... 4) Na parte superior, clique em “Arquivo” e, em seguida, no item “Novo”. 5) Na parte superior, clique no 2o quadro (novo ponto) e marque os pontos (-4, 2) e (4, 2). 6) Utilizando o quadro seguinte, construa um segmento unindo os dois pontos. 99 7) No oitavo quadro, identifique o comprimento do segmento traçado. Resultado: ............... 8) Verifique no sétimo quadro a opção “Elipse” e construa uma Elipse, utilizando os pontos (-4, 2) e (4, 2) como seus focos e um terceiro ponto não pertencente à reta que contém os focos. Terceiro ponto: .............. 9) Verifique no terceiro quadro a opção “Reta Determinada por dois Pontos” e construa uma reta passando pelos da Elipse. 10) Verifique no segundo quadro “Interseção de dois objetos” e determine a interseção entre a Elipse e a reta construída. Pontos de interseção: ................... ..................... 11) Encontre a distância entre os dois pontos de interseção, que é identificada como eixo maior da Elipse. Eixo maior: ................ 12) Utilizando o quarto quadro, construa uma mediatriz do eixo maior da Elipse. 13) Encontre a interseção do eixo maior com a mediatriz, que é o centro da Elipse. Centro de Elipse: ............... 14) Determine a interseção da mediatriz com a Elipse. Pontos de Interseção: ...................... ....................... 15) Determine a distância entre os dois pontos encontrados, que é identificada como eixo menor da Elipse. Eixo menor: .................... 16) Identifique um ponto qualquer na Elipse e calcule as distâncias desse ponto aos focos, some o resultado e compare com a medida do eixo maior. 17) Repita esse procedimento com outro ponto qualquer, pertencente à Elipse. 18) Escreva suas conclusões sobre o resultado encontrado. 19) A partir do que foi estudado com o auxílio do GeoGebra, como você identifica uma Elipse? 20) Utilizando o arquivo com a foto, que foi disponibilizada para você, verifique se a curva existente nela tem um formato de Elipse. Caso tenha, identifique o eixo maior, eixo menor, centro e a distância entre os focos. Eixo maior: ......... Eixo menor: ........ Centro: ........... 100 APÊNDICE E - Objeto de Aprendizagem – Estudo da Elipse I Objetivos: • Construir uma Elipse utilizando outros comandos do software “GeoGebra”. • Identificar em uma figura/foto o formato de uma Elipse. • Identificar propriedades da Elipse. II Metodologia: O Objeto de aprendizagem foi desenvolvido para ser feito em grupos de três alunos. Será utilizada alternativa de comandos para a execução dos itens propostos no Objeto. Os alunos já tiveram acesso ao software na atividade quatro, com orientação dos alunos monitores; portanto, o trabalho será desenvolvido pelos grupos, onde o aluno monitor será mais um integrante desse grupo. III Atividade: 1) Acesse o programa “GeoGebra”. 2) Na parte inferior da tela “Entrada” escreva o ponto A= (-3, 4) e tecle “enter”. Repita o processo com os pontos B= (2,4) e C= (3,4). 3) Localize no lado direito da parte inferior da tela a palavra “Comando”, clique em “Elipse”. Na linha de Entrada, em que aparece “Elipse”, escreva dentro dos colchetes as letras A,B,C. Tecle “enter” 4) Construa o eixo menor da Elipse. 5) Utilizando a linha de comando determine os pontos de interseção da Elipse com o eixo menor. D=(....,....) e E=(....,....) 6) Construa o eixo maior da Elipse 7) Encontre o ponto G centro da Elipse 8) Determine o ângulo EGB Medida do ângulo EGB:........ 101 9) Determine a excentricidade da Elipse 10) O que se pode concluir sobre a excentricidade de uma Elipse? ___________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 11) Identifique as simetrias existentes na Elipse: Simétrico em relação à reta x=.... Simétrico em relação à reta y = ... 12) Utilizando o arquivo com a foto, verifique se a curva existente nela tem o formato de uma Elipse. Caso tenha especifique: Eixo maior:............. Eixo menor: ............ Focos:........ Excentricidade: ..... 102 APÊNDICE F - Objeto de Aprendizagem – Estudo da Hipérbole I Objetivos: • Construir uma Hipérbole. • Identificar seus eixos, focos, sua excentricidade e suas assíntotas. • Identificar em uma figura/foto o formato de uma Hipérbole. • Identificar na figura/foto propriedades da Hipérbole. II Metodologia: O Objeto de aprendizagem foi desenvolvido para ser feito em grupos de três alunos. Nos itens, o aluno poderá optar por utilizar o comando do GeoGebra que achar conveniente, desde que o leve à construção da Hipérbole e ao reconhecimento da curva no arquivo contendo a figura/foto. III Atividade: 1) Acesse o programa GeoGebra 2) Escolha três pontos. A= (.....,.....) B= (.....,.....) C= (.....,.....) 3) Construa a Hipérbole, conhecendo os pontos A, B e C. Verifique em “Comando” o item “foco” e Identifique os focos da Hipérbole. .................... 4) .................. Calcule a diferença das distâncias do ponto pertencente à Hipérbole aos seus focos. ............................ 5) Verifique a interseção da reta que passa pelos focos com a Hipérbole. D=(....,....) E= (....,....) 103 6) Determine o comprimento do segmento que une os dois pontos de interseção, chamado eixo real da Hipérbole. ....................... 7) Compare o resultado encontrado com a diferença das distâncias do ponto pertencente à Hipérbole aos seus focos. 8) Repita o item 3 com outro ponto da Hipérbole. 9) Tire suas conclusões e escreva como você identifica uma Hipérbole. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 10) Construa a mediatriz do eixo real 11) Determine o ponto de interseção “F” da mediatriz com o segmento DE, centro da Hipérbole. 12) Construa uma circunferência com centro em F e raio FB 13) Construa, utilizando “Comando”, na parte inferior da tela, as “Assíntotas” da Hipérbole. 14) Encontre a interseção das “Assintótas” com a circunferência. (.....,.....) (.....,.....) (.....,.....) (.....,.....) 15) Construa o retângulo cujas extremidades são os pontos de interseção das assíntotas com a circunferência. 16) A interseção dos lados do retângulo, paralelos ao eixo real, com a mediatriz forma um segmento que é chamado eixo imaginário da Hipérbole. 17) Determine o comprimento desse eixo imaginário. ...................... 18) Calcule a razão entre a metade da distância entre os focos e a metade do eixo real. O resultado encontrado é o valor da excentricidade da Hipérbole. Excentricidade = ............ 19) Identifique a relação existente entre a excentricidade, a assíntota e o eixo real da Hipérbole? 104 20) O que se pode concluir sobre a excentricidade de uma Hipérbole? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 21) Utilizando o comando “Mover” no primeiro quadro na parte superior da tela, clique em ponto da Hipérbole, faça movimentos com ele e tire suas conclusões sobre a excentricidade da Hipérbole. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 22) Utilizando o arquivo com a foto, verifique se a curva existente nela tem o formato de uma Hipérbole. Justifique sua resposta: ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 105 APÊNDICE G - Objeto de Aprendizagem – Estudo da Parábola I Objetivos: • Construir uma parábola utilizando os comandos do software “GeoGebra”. • Identificar seu eixo, foco e reta diretriz. • Verificar sua excentricidade. • Identificar em uma figura/foto o formato de uma parábola. • Identificar propriedades da parábola. II Metodologia: O Objeto de aprendizagem foi desenvolvido para ser feito em grupos de três alunos. A atividade prevista em cada item do objeto poderá ser feita utilizando os comandos que o grupo achar conveniente. III Atividade: 1) Construa uma reta que passa por A=(-2,0) e O=(0,0). 2) Construa uma perpendicular AO, no ponto A=(-2,0). 3) Marque o ponto B=(2,0). 4) Verifique em “Comando” o item “parábola” e construa uma parábola, com foco no ponto B e a reta perpendicular ao eixo x, AO, como reta diretriz. 5) Marque um ponto na parábola e verifique a distância desse ponto à reta diretriz e a distância dele ao foco. 6) Repita o processo com mais pontos. 7) Qual foi a conclusão a que você chegou sobre o conceito de uma parábola? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 106 8) Determine a razão entre a distância do ponto pertencente à parábola até a reta e a distância desse ponto ao foco. ............ (Excentricidade da Parábola) 9) Existe alguma simetria na parábola construída? ............. Em relação a quem? ............ ..................... 10) Utilizando o arquivo com a foto, verifique se a curva existente nela tem o formato de uma parábola. Justifique sua resposta: ______________________________________________________________ ______________________________________________________________