XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. POTENCIALIDADE DE APLICAÇÃO DA PRODUÇÃO MAIS LIMPA: UM ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DO RAMO METAL-MECÂNICO Bruno Miranda dos Santos (UFSM) [email protected] Vinicyus Mourao Monteiro Guillet (UFSM) [email protected] Morgana Pizzolato (UFSM) [email protected] “Este trabalho tem como objetivo discutir sobre a importância do uso da produção mais limpa em uma empresa do ramo metal-mecânico situada na região central do Rio Grande do Sul. O artigo tem como objetivo introduzir os conceitos e práticas da Produção mais Limpa na empresa citada. Foi utilizada como base da realização do estudo a metodologia de implantação de Produção mais Limpa desenvolvida pelo Centro Nacional de Tecnologias Limpas. As principais oportunidades de PmaisL foram identificadas no setor de pintura.” “This paper aims to discuss the importance of the use of cleaner production in a metal-mechanic company located in the central region of Rio Grande do Sul The pape raims to introduce the concepts and practices of cleaner production in the company mentioned. Was used as the basis for conducting the study the methodology of implementation of cleaner production developed by Centro Nacional de Tecnologios Limpas (CNTL). The major opportunities were identified in PmaisL painting sector.” Palavras-chaves: Produção mais limpa, setor metal mecânico, oportunidades de melhoria. (cleaner production, metal mechanic industry, opportunities for improvement) XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. 1. Introdução Em uma época onde o Brasil está em grande prosperidade econômica, empresas do exterior e empresas nacionais estão investindo grandes valores com intuito de atingir mais mercados e por consequência grandes lucratividades. Entretanto, devido ao pensamento equivocado de que o lucro deve ser imediato, e que uma gestão ambiental não trará ganhos, empresários estão pondo os cuidados com o meio ambiente em segundo plano (LEMOS; NASCIMENTO, 1999). Obviamente, para mostrar que acreditar que gestão ambiental não atinge lucros é um pensamento equivocado, é importante trazer definições sobre aquela. De acordo com Lima et. al. (2010), Gestão Ambiental procura, por meio de ações integradas com as diversas áreas da organização, reduzir ou minimizar os impactos ao meio ambiente, com ações integradas que buscam adequação à legislação e melhoria da imagem da organização. Para Assis et. al. (2009), a gestão ambiental é uma forma de inovação que surge para amenizar os impactos decorrentes das atividades empresariais, valorizando o bem-estar da comunidade e preservando o meio ambiente, além de trazer indicadores importantes à tomada de decisões dos gestores. De acordo com esses autores, pode-se facilmente perceber o quanto gerir corretamente os assuntos ligados a questões ambientais pode trazer lucros às empresas. Diante desse panorama, apresenta-se a Produção Mais Limpa (PmaisL), a qual, de maneira sintética, significa aplicar formas de minimizar a produção de resíduos, gerando ganhos econômicos (PEREIRA et. al., 2007). A justificativa desse estudo está no sucesso que trabalhos anteriores mostraram, seja pela importância que a PmaisL traz para melhorar o processo produtivo como um todo, seja expondo a possibilidade de novas alternativas para a diminuição de resíduos gerados. Para melhor visualização, é apresentado como exemplo um estudo de caso na cabine de pintura de uma empresa do setor metal-mecânico localizada no estado do Rio Grande do Sul. A Produção Mais Limpa foi implantada em toda a empresa, tendo sido escolhido para o estudo de caso um dos setores considerado mais crítico, o setor de pintura, mais especificamente uma das cabines de pintura. Um dos problemas encontrados no processo foi a percepção de que as pistolas de pintura estavam sendo utilizadas com o dobro de pressão acima do recomendado pela fabricante. O processo de pintura utilizava 70 psi de pressão nas pistolas e as indicações dos fabricantes eram de que, para o tipo de técnica de pintura utilizada, seria suficiente a pressão de 35 psi. Foram levantados os dados de consumo, por meio do balanço de massa e, após a adaptação à recomendação específica, foi efetuada a comparação com os dados históricos de consumo em relação à produção, obtendo-se uma sensível redução no consumo de tinta e na geração de resíduo da mesma. Em suma, pode-se perceber que a empresa teve benefício ambiental com a redução na emissão de solventes e tintas no ar, menor consumo de tinta por peça produzida e melhoria no ambiente de trabalho, e benefício econômico com a redução na compra total de matéria-prima (tintas e solventes). Além disso, o ganho obtido no benefício econômico foi gerado por uma medida de housekeeping, a qual não gerou investimentos, mostrando que a PmaisL pode ser realizada de forma simples, sem a necessidade de tecnologias sofisticadas, exigindo, neste caso, somente a mudança de atitudes e a análise crítica do processo produtivo. Nesse contexto, é objetivo deste trabalho introduzir os conceitos e práticas da Produção Mais Limpa numa empresa do ramo metal mecânico. Lemos e Nascimento (1999) mostram a 2 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. importância da PmaisL citando que a empresa, quando começa a preocupar-se com as questões ambientais e adota estratégias de Produção Mais Limpa, começa a usufruir de um processo de melhoria contínua, que propicia o surgimento de inovações em todos os sentidos (processo, produto e gerência). 2. Produção mais limpa Historicamente, a PmaisL tem suas origens nas propostas estimuladas pela Conferência de Estocolmo de 1972 como tecnologia limpa. Um conceito de tecnologia limpa deveria alcançar três propósitos distintos, porém complementares: lançar menos poluição no meio ambiente, gerar menos resíduos e consumir menos recursos naturais, principalmente os não renováveis (BARBIERI, 2004). Segundo Ribeiro et. al. (2007), a PmaisL integra os objetivos ambientais aos processos de produção, a fim de reduzir os resíduos e as emissões geradas, em termos de quantidade e periculosidade. CNTL (2003) propõe que a priorização das oportunidades esteja fundamentada na escala de prioridades para prevenção de resíduos, ou seja, os níveis de aplicação da PmaisL que são apresentados na Figura 1. Figura 1 - Níveis de aplicação da Produção mais Limpa Fonte: CNTL (2003) De uma maneira genérica, a PmaisL é gerir os processos produtivos conjuntamente com uma política correta com meio ambiente, de modo que a primeiro momento se tenham as mínimas perdas lucrativas possíveis, e posteriormente se consigam ganhos financeiros baseados na diminuição de desperdícios (ELMO, SILVA, 2002). De acordo com Pimenta (2007) a PmaisL 3 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. é uma ferramenta favorável a atuação das empresas de forma preventiva em relação aos seus aspectos ambientais, através da minimização de impactos associados com a diminuição de custos e otimização de processos, recuperação e otimização do uso de matérias-primas e energia, tendo, de forma geral, ganho de produtividade a partir de um controle ambiental preventivo. 3. Metodologia Em primeiro plano, é importante salientar que este trabalho tem a classificação de gerador de conhecimentos por meio de um estudo prático quantitativo, ou seja, é por meio do conhecimento da aplicação prática e coleta de dados que se consegue apresentar resultados com base em números. Silva (2004) define que um trabalho desse modelo tem essa classificação porque gera conhecimentos para aplicação prática, dirigidos às soluções de problemas específicos, envolve verdades e interesses locais; Com objetivo exploratório e descritivo apresentados de forma contundente em um estudo de caso, vistas a conseguir informações ou a construir hipóteses. Ainda, este estudo esta baseado na aplicação das técnicas de PmaisL segundo definições do CNTL (2003) que, por sua vez, define cinco fases no processo de implantação daquela: Planejamento e Organização; Pré-avaliação e Diagnóstico; Avaliação de PmaisL; Estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental e; Implementação de soluções e plano de continuidade. Através da metodologia desenvolvida e apoiada pela United Nations Industrial Development Organization (UNIDO), o CNTL oferece alternativas viáveis aos setores produtivos para a identificação de técnicas de Produção Mais Limpa através de todas as etapas desenvolvidas, que implantadas em processos, permitem a minimização de resíduos sólidos, efluentes líquidos e emissões atmosféricas, além de eficiência no uso da energia e racionalização no emprego da água. A metodologia proposta por CNTL (2003) apresenta, dentro das cinco fases, 14 passos. Por questões de conveniência o estudo de caso foi desenvolvido aplicando parte dos passos da metodologia, porém, de essencial importância para que fosse iniciado o estudo em questão. Os passos aplicados foram: Diagnóstico da situação atual da empresa em relação à PmaisL; Observação de riscos ambientais e escolha de um problema para a aplicação da PmaisL; O problema e seus detalhes (fluxogramas); Diagnóstico Ambiental e de Processo; Resultados e identificações de oportunidades. 4. Estudo de Caso O local escolhido para o projeto de aplicação da PmaisL foi uma empresa que atua no ramo metal mecânico localizada na região central do Rio Grande do Sul. 4.1. Diagnóstico da situação atual da empresa em relação à PmaisL A empresa estudada nesse trabalho localiza-se na região central do Rio Grande do Sul, com atuação predominante na área metal mecânica voltada para o mercado agrícola. Sua gama de produtos é ampla, variando desde bombas de irrigação a graneleiros. Foi fundada na década de 70 e conta atualmente com 200 colaboradores distribuídos em diferentes setores, conforme apresentado na Figura 2. 4 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. Figura 2 – Distribuição setorial dos colaboradores Devido a ser uma empresa de grande porte, o primeiro contato teve quer ser agendado por intermédio de um professor responsável, o qual nos forneceu uma carta de apresentação para a primeira visita. Já os demais encontros foram agendados diretamente com o setor de engenheira. Para facilidade de entendimento, chamaremos a empresa em questão de ‘Empresa X’. 4.2. Observação de riscos ambientais e escolha de um problema para a aplicação da PmaisL Infelizmente, hoje em dia, é comum se encontrar problemas ambientais em grandes indústrias. As atividades industriais podem interferir no meio ambiente através de diversas maneiras em seus processos como produção (utilização de matérias primas, energia, água e consequente emissão atmosféricas, efluentes, geração de resíduos sólidos, ruído e vibração), distribuição, comercialização, etc. Na empresa X não foi diferente. Durante as primeiras visitas, foram observados diversos problemas, desde má condução de alguns resíduos sólidos até poluição da água por produtos químicos (óleos, tintas). Embora a existência dessas irregularidades estivesse explícita, o objetivo era estudar somente um desses problemas. Sabido isso, o problema escolhido foi a poluição que a câmara de pintura gerava, pois foi entendido que seria uma boa oportunidade para aplicação das políticas da PmaisL. 4.3. O problema e seus detalhes (fluxogramas) Como dito, o problema ambiental escolhido foi a poluição gerada pela câmara de pintura. Primeiramente, a fim de familiarização, é importante entendermos o funcionamento dessa câmara. O sistema é simples, as peças/implementos a serem pintados entram na câmara e por processo manual, com pistolas de pressão, o produto sai pintado. Além de tinta, solventes e água são usados no processo. A água faz o papel de diluir as moléculas de tinta através da tecnologia de Cortina ou Parede de água, onde há uma ventilação forçada fazendo as impurezas do ar se colar a cortina deixando o ar menos impregnado de partículas de tinta. É importante fixar que há um piso impermeável sob a câmara com sobras de pelo menos um metro em todas as extremidades, com o intuito de não haver contato da tinta com o solo. 5 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. De forma a melhorar o entendimento do processo, apresentamos dois fluxogramas do processo da pintura, um qualitativo e um quantitativo. As flechas verdes representam as entradas de materiais e as vermelhas as saídas. Figura 3 – Fluxograma Qualitativo 6 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. Figura 4 – Fluxograma Quantitativo Como é possível perceber nos fluxogramas, a câmara de pintura gera diversos resíduos. Entretanto, é importante destacar que cada sobra de material sem utilidade é coletada por uma empresa especializada, exceto o lodo formado pela mistura de barro e tinta. 4.4. Diagnóstico Ambiental e de Processo A busca de soluções e alternativas que causem menores riscos e impactos ambientais envolve efetivamente a aplicação de melhores práticas de gerenciamento ambiental. Para atender a essas práticas, as empresas devem adotar ações proativas, que busque uma mobilização da alta gerência da empresa. Essas alternativas podem promover a redução da quantidade e/ou toxicidade dos despejos da produção e dos produtos finais durante seu ciclo de vida. Ainda, eliminam ou amenizam os custos com o mau uso dos insumos e com o descarte incorreto dos resíduos. As organizações que operam e implantam um programa de PmaisL através de um sistema de gestão ambiental, são aquelas que geram custos mais baixos e obtém maiores benefícios. Quando esses programas são aplicados de maneira ativa, eles trazem muitas vantagens em termos de competitividade. Segundo Braile e Cavalcanti (1993), o planejamento e organização requerem o compromisso para com o programa de redução de resíduos, fixando objetivos claros e organização. Considerando a diversidade de especializações que há na área da pintura industrial, cada empresa deve avaliar seu desempenho detalhadamente e adotar o sistema que atenda melhor às suas necessidades. A principal preocupação analisada na Empresa X, neste primeiro momento, relaciona-se à implantação de um sistema de gerenciamento dos resíduos gerados no processo de pintura. 7 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. Com o objetivo de promover o controle efetivo da geração e destinação de seus resíduos industriais, foi realizado, junto com o engenheiro responsável, o estudo do processo de pintura, além de várias visitas no chão de fábrica. Ao final do estudo, foi possível traçar o perfil do resíduo gerado pela fábrica. Constatou-se que a maior geração de resíduos corresponde aos restos de tintas e seus derivados. A partir daí foi necessário a utilização de ferramentas de gestão que mostrasse com mais clareza os reais motivos da ocorrência do risco ambiental analisado. Foi utilizada, para melhor visualização dos problemas, uma planilha de aspectos e impactos ambientais, uma tabela onde estão relacionados os insumos, custos e seus respectivos resíduos e, por fim, uma tabela resumo onde consta, de uma maneira geral, todos os problemas ligados a este processo. 4.4.1. Planilha de Aspectos e Impactos Ambientais Quando se fala em problemas de gestão ambiental é importante apresentar um estudo à parte sobre os aspectos e impactos do processo em questão. Aspecto ambiental é qualquer intervenção direta ou indireta das atividades ou serviços de uma organização sobre o meio ambiente quer seja adversa ou benéfica (SIMÕES, M. 2011). Os aspectos ambientais identificados no setor de pintura da empresa X foram: Possibilidade de vazamento de agentes químicos; Uso indevido da pistola de pintura. Impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que direta ou indiretamente afetem: A saúde, a segurança e o bem estar da população; As atividades sociais e econômicas; A qualidade dos recursos ambientais; etc. (GOULART, M. ET. AL. 2003). Os impactos ambientais identificados no setor de pintura da Empresa X foram os seguintes: Contaminações; Incômodo; Saúde. A planilha de aspectos e impactos ambientais (Figura 5) foi elaborada com a ajuda do Engenheiro responsável pelos processos da empresa. Junto com ele, conseguiu-se organizar e identificar os principais aspectos e impactos gerados pelo processo estudado. A conclusão obtida, após a realização do estudo, é que apesar de haver certa importância da empresa com os impactos gerados, há alguns pontos a serem analisados e posteriormente melhorados, de forma a minimizar a poluição desse processo ao ambiente. 8 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. Figura 5 – Grau de importância: 0-5 (0-Baixa, 3-Média, 5-Alta) Grau de prioridade: 0-5 (0-Baixa, 3-Média, 5Alta) 4.4.2. Tabela de Relações Apesar de ser uma ferramenta bastante simples, a sua aplicação foi de essencial importância para que se conseguisse visualizar, de uma maneira mais clara, todas as partes que constituíam o processo, assim como foi possível classificar as mesmas qualitativamente e quantitativamente. Figura 6 – Tabela de Relações Como podemos observar na figura, o processo gera de 1600 a 1800 litros de água contaminados por moléculas de tinta. A retirada desse efluente acontece uma vez por mês e é colocada em um recipiente apropriado e conduzida por uma empresa especializada até o local adequado. São usados 2200 litros de tinta por mês, o que corresponde a 120 latas. Os galões de tintas são levados por uma empresa terceirizada (CETRIC - Central de Tratamento de Resíduos Sólidos Industriais) até um aterro na cidade de Gravataí no Rio Grande do Sul. 4.4.3. Tabela Resumida dos Riscos Com esta ferramenta foi possível visualizar as fontes geradoras de resíduos do processo. Posteriormente, após analisadas, foi possível descrever o porquê de essas fontes serem consideras riscos ambientais para a Empresa X. 9 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. Figura 7 – Classificação geral do processo 4.5. Resultados e identificação de oportunidades de PmaisL Acima, foi possível notar que a Empresa X possui uma política de gestão ambiental, visto que para a maioria dos resíduos gerados há uma alternativa correspondente. Entretanto, após todos os estudos, foi diagnosticado que uma PmaisL deveria ser aplicada como solução para o inapropriado isolamento da câmara de pintura. Para esclarecer, na Empresa X, a câmara de pintura se encontra na parte lateral da área de chão de fábrica. Ao lado esquerdo, à frente e atrás da câmara há piso impermeável suficiente, porém, ao lado direito há somente 1 metro desse piso. A partir disso, foi notório o frequente escorrimento de tinta para a terra através do lado direito, ocasionando uma mistura (tinta + barro) a qual é considerada uma poluição. Finalmente, trazendo como solução a essa questão, foi indicado a construção de mais dois metros de calçamento impermeável ao lado esquerdo, além da implantação de canaletas (em vermelho na figura 8) em torno de toda a câmara de pintura a fim de conter de uma melhor forma o escorrimento de tinta. Essa solução além de representar uma PmaisL e proteger o meio ambiente, evita os riscos da empresa ser multada por desobedecer as normas de gestão ambiental. 10 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. Figura 8 – Antes e depois da aplicação da PmaisL 5. Discussão dos resultados Implantar novas medidas numa empresa está sempre relacionado com o custo-benefício. Nesse estudo de caso, é notório como uma alternativa simples de PmaisL pode ser extremamente benéfica para solucionar problemas ambientais. Além disso, é possível perceber que através da aplicação das práticas de Produção Mais Limpa, obtêm-se diversas vantagens como a redução dos custos de produção e aumento da eficiência e competitividade, redução das infrações aos padrões ambientais previstos na legislação, diminuição dos riscos de acidentes ambientais, melhoria das condições de saúde e segurança do trabalhador, entre tantas outras que elevam a empresa a uma posição de mais destaque. Para um estudo posterior, de modo a melhorar o sistema produtivo como um todo e conseguir diminuir ao máximo os riscos de danos ao meio ambiente, aconselha-se estudar um meio viável de transferir a câmara de pintura para uma área mais afastada dos operadores no chão de fábrica, evitando assim também, problemas de saúde devido a poluição do ar por partículas de tinta. Dessa forma, este trabalho demonstrou, baseado em um estudo de caso realizado numa indústria metal mecânica, que apesar de possuir soluções simples, a PmaisL é uma aplicação interessante a uma empresa. Uma produção eficiente, sem riscos ao meio ambiente e lucrativa pode acontecer a partir de uma Produção mais Limpa. 6. Conclusão 11 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. Este artigo apresentou um estudo de caso de prática da Produção mais Limpa numa empresa do ramo metal mecânico. Este estudo foi realizado a partir da metodologia sugerida por CNTL (2003) e que possui cinco fases de implantação. Inicialmente foi realizado o diagnóstico da situação atual da empresa em relação à PmaisL. Na sequência, foi entendido o processo produtivo por meio dos fluxogramas qualitativo e quantitativo do processo produtivo. Também foi elaborada a planilha de aspectos e impactos ambientais para então identificar oportunidades de PmaisL. As oportunidades de PmaisL foram focadas no setor de pintura da empresa. 7. Referências CENTRO NACIONAL DE TECNOLOGIAS LIMPAS (CNTL). Série Manual de Produção mais Limpa. Porto Alegre: SENAI-RS, 2003. Disponível em: http://wwwapp.sistemafiergs.org.br/portal/page/portal/sfiergs_senai_uos/senairs_uo697/proximos_cursos/Princ% EDpios%20B%E1sicos%20de%20PmaisL%20em%20Matadouros%20Frigor%EDficos.pdf>. Acesso em abril 2012. EMMEL, L. 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