UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
SA: TOMADA DE CONSCIÊNCIA: O CAMINHO DO FAZER AO COMPREENDER
PROF. FERNANDO BECKER
CAPÍTULO VII
A MANOBRA DOS CARRINHOS
Caroline Ponso
Daniela Brun Menegotto
Vanice Loose
O PROBLEMA


Consiste em possibilitar diversas trajetórias curvas a alguns
carrinhos;
Utiliza-se um dos eixos (da roda) tranversais móveis e ligase através deles as rodas dianteiras ou traseiras, ou ainda
o eixo longitudinal do carrinho, que liga os eixos da roda
e é fixo em relação ao carrinho:
Eixo transversal dianteiro
Eixo longitudinal
Eixo transversal traseiro

Os eixos podem ser orientados através da mão em uma
direção ou em outra.
OS OBJETIVOS

O Capítulo VII trata de:

estudar o progresso das ações com um
fim a atingir ou uma trajetória a
realizar;
 analisar
as tomadas de consciência e a
compreensão correspondentes.
O MATERIAL

Dispõe-se de três carrinhos sem volantes e munidos de um eixo
longitudinal fixo;

O Carrinho I possui um eixo tranversal móvel ligando as duas rodas
dianteiras e um eixo transversal fixo ligando as duas rodas traseiras.
Pode-se deixar o eixo móvel dianteiro em situação perpendicular ao eixo
longitudinal, o que assegura ao carrinho uma marcha reta para a frente,
ou lhe imprime uma rotação de 30 ou 60 graus para a direita ou para a
esquerda, o que impõe ao carrinho um trajeto curvo em uma dessas duas
direções:
D
Carrinho I
D
ou
T
T
O MATERIAL

Dispõe-se de três carrinhos sem volantes e munidos de um eixo
longitudinal fixo;

O Carrinho II apresenta um eixo transversal dianteiro fixo e um eixo
tranversal traseiro móvel, suscetível às mesmas inclinações de 30 ou 60
graus para a direita ou para a esquerda, que assim dirigem o carrinho em
sentido inverso, esquerda ou direita, já que se trata de uma manobra
relativa às rodas traseiras:
D
Carrinho II
D
ou
T
T
O MATERIAL

Dispõe-se de três carrinhos sem volantes e munidos de um eixo
longitudinal fixo;

O Carrinho III comporta os dois tipos de manobras, de onde se deduz
que, se os dois eixos transversais móveis são exatamente paralelos, o
carrinho andará para a frente, em linha reta:
D
Carrinho III
D
ou
T
T
A APLICAÇÃO DO EXPERIMENTO...
Nível I B
Nível II A
O NÍVEL IA

O nível IA é caracterizado por encaminhamentos conduzidos
pela mão sem utilização dos eixos tranversais móveis, salvo
quando for solicitado.
CLO (5;2), para o trajeto retilíneo AB empurra o carrinho com a mão.
Como você colocou a mão? – Assim (por cima). É fácil com a mão? - Sim.
E as rodas, podem ajudá-la? – Sim, a rodar. Recomece. Você pode fazer
mexer as rodas. – (Mesma conduta, sem utilizar as rodas). E esta (curva
acentuada)? - Eu a empurro, levanto-a para girar.
O NÍVEL IA




O primeiro ponto interessante das reações deste nível é a maneira
pela qual o indivíduo projeta o trajeto que o carrinho deve seguir
de A a B, indicando uma reta ligando os dois pontos, porém
interrompida em sua parte central por uma curva que se estende
até cercar o bloco P;
Neste nível, normalmente, não se observa o carrinho colocado em
posição oblíqua no ponto de partida;
Um segundo ponto a ser notado é a tendência geral em acreditar
que as rodas só podem rodar em linha reta para a frente, e não
girar. Desta forma o sujeito não tenta nenhuma manobra e se limita
a conduzir o carrinho com a mão;
A tomada de consciência é, a princípio, centralizada no próprio
resultado do ato, pois quando o sujeito é interrogado sobre o que
fez, limita-se a mostrar o caminho percorrido.
O NÍVEL IB

No nível IB o eixo transversal dianteiro é notado e começa a ser
utilizado.
SAR (6;0) dirige, a princípio, o carrinho com a mão. -Você vê, as rodas
mexem (virando o eixo). Isso pode servir? - Sim, para virar. Experimente.
(Mesmo procedimento manual). Você usou isso? – Não, porque não se
pode virar (como se quer). (Fixa-se o eixo inclinado). (Sucesso após
reajustes com a mão). – E assim (inclinação mais acentuada do eixo)? –
Ele vira mais (= ainda mais), porque (o eixo) está mais atrás. Ele pode
virar mais, porque as rodas estão mais viradas.
O NÍVEL IB





Neste nível o sujeito é capaz de prever a compreensão da rotação;
Um outro progresso significativo é a previsão, geralmente correta,
sobre a trajetória a ser percorrida para contornar o obstáculo:
uma grande curvatura única e não mais uma reta interrompida por
uma cuva (como no nível IA);
Em função da manobra de partida, as direções: esquerda e direita
e os demais trajetos são, normalmente, previstos (contorno sobre ou
sob os pontos extremos de A e B);
Embora os sujeitos façam a previsão do trajeto a ser percorrido
antecipadamente, cada um é obrigado a fazer, no decorrer do
percurso, uma série de correções (conduzindo o carrinho com a mão
ou modificando a manobra por reajuste do eixo transversal
dianteiro);
A tomada de consciência das ações sucessivas do indivíduo ‘não é
melhor do que no nível IA.
O NÍVEL IIA

Neste nível o indivíduo prevê (antecipa) trajetos completos de
uma só vez, desde a partida do carrinho, pela manobra das
rodas dianteiras, e, em caso de correções com a mão, toma
consciência das minúcias de algumas intervenções.
MER (7;2), – Quanto mais as rodas viram mais vão para o lado para o
qual se quer virar, e vira (em círculo) menor. - E isto (eixo longitudinal) é
importante? - Não, basta virar as rodas.
O NÍVEL IIA




O grande progresso neste nível são as previsões corretas das
direções, ou seja, as antecipações em relação às direções;
O sujeito toma consciência, de maneira bastante precisa, das
correções que efetuou;
A escolha das orientações supõe uma regulagem ativa, fonte da
tomada de consciência, enquanto que as regulagens dos níveis
precedentes são mais automáticas;
Duas lacunas são evidenciadas neste nível:


Quando o obstáculo P está mais afastado e precisa ser contornado, o
sujeito limita-se em recuar o ponto de partida do carrinho, sem mudar
ele mesmo a orientação do objeto;
Inadaptação em presença do carrinho II, em que a manobra em função
do eixo transversal traseiro faz, ao contrário, desviar o eixo
longitudinal no sentido contrário.
O NÍVEL IIB E A FASE III

No nível IIB há coordenação entre as ações do eixo longitudinal e do
eixo transversal dianteiro (carrinho I), bem como previsão dos efeitos
do eixo traseiro para o carrinho II, porém sem compreensão da
ligação entre esses efeitos e as posições do eixo longitudinal;
HAL (9;0), Em que é preciso prestar atenção? – Nas rodas. E o eixo
(longitudinal), é importante? - Sim. Em que é preciso chamar mais
atenção? – Nos dois.

Tomada de consciência de dois fatores: a posição do carrinho e também a
posição da roda são fatores que interferem no trajeto percorrido;
O NÍVEL IIB E A FASE III

Os indivíduos da fase III compreendem melhor tal relação
(posições e efeitos dos eixos).
AED (12;3), carrinho III, com bruscas manobras paralelas dos dois pares
de roda. Aonde ele vai? – Ele não vai poder andar. Como é que você
sabe? - Olhei a direção das rodas (mostra sua posição igual, em relação
ao eixo longitudinal). Como foi que elas viraram? – No mesmo sentido,
portanto o carrinho andará em linha reta. Porque? – Porque estas rodas
estão (exatamente) na mesma direção.
Conclusões

Úteis constatações sobre o encadeamento das observáveis,
conceituadas ou não, e das coordenações inferenciais sobre as
relações entre o sucesso prático e a compreensão:

Primeira observável: é sobre a orientação global do carrinho que o
indivíduo pensa agir com a mão, considerando que as rodas só servem
para andar e não para virar (nível IA);

Segunda observável: o movimento das rodas não é reconhecido como
elemento modificador da direção do carrinho (nível IA);

Terceira observável: apenas a posição das rodas dianteiras determina a
direção do carrinho, podendo tal direção ser “reta” ou curva (nível IB);
Conclusões

Quarta observável: qualquer mudança, ainda que leve, de manobra
modifica a direção do carrinho (nível IIA);

Além das regulagens ativas e das tomadas de consciência que resultam esta
observável, ela conduz ainda a uma nova coordenação inferencial: cada uma
das curvaturas necessárias durante o trajeto prolonga-se em um círculo, sendo
que o diâmetro dessas trajetórias circulares depende da amplitude da manobra.

Há coordenações entre as antecipações em função da manobra e as
previsões direcionais em função da posição de partida (nível IIB);

O papel do eixo longitudinal não é apenas previsto, mas também é
compreendido (fase III).
Referências Bibliográficas

PIAGET, Jean. Fazer e Compreender. São Paulo: Melhoramentos, 1978.
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Capitulo VII A manobra dos carrinhos