IX Salão de Iniciação Científica PUCRS Efeitos da manipulação da transmissão colinérgica sobre o prejuízo de memória de reconhecimento induzido pela administração neonatal de ferro. Luisa Alcalde ,de Lima, MN; Pietá, V; Presti-Torres, J; Dornelles, A; Scalco, FS; Guimarães, MR; Vedana, G ; Schröder N. 1 Laboratório de Biologia e Desenvolvimento do Sistema Nervoso Central, PUCRS, 2 Faculdade de Biociências, PUCRS. Resumo Introdução Evidências clínicas e experimentais sugerem que o excesso de ferro em regiões específicas do encéfalo pode desencadear a formação de radicais livres citotóxicos, podendo estar, desse modo, envolvido na etiologia de desordens neurodegenerativas (Jenner et al., 1998). Níveis elevados de ferro têm sido encontrados em cérebros de pacientes acometidos por diferentes desordens neurodegenerativas, tais como as doenças de Parkinson (Kienzl et al., 1995; Ebaldi et al., 1996; Griffths et al., 1999) Huntington (Bartzoks et al., 1999), Hallervorden-Spatz (Galvin et al., 2000) e Alzheimer (Lynch et al., 2000), bem como no envelhecimento normal (Benkovich & Connor, 1993; Martin et al., 1998). Estudos anteriores demonstraram que camundongos e ratos tratados com ferro no período neonatal apresentam severos déficits de memória na fase adulta (Fredriksson et al., 1999; Fredriksson et al., 2000; Schröder et al., 2001; de Lima et al., 2005a). Adicionalmente, foi demonstrado que estes déficits de memória podem ser atenuados pela selegilina [um inibidor da MAO], pela desferoxamina [um quelante de ferro] e pelo rolipram [um inibidor da fosfodiesterase do tipo 4] (de Lima et al., 2005b; 2007; 2008; Budni et al., 2007). O objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito agudo da administração dos agentes colinérgicos galantamina (inibidor da acetilcolinesterase) e oxotremorina (agonista de receptores muscarínicos) sobre os déficits de memória induzidos pelo ferro. IX Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2008 Metodologia Ratos Wistar machos receberam veículo ou ferro (10.0mg/Kg) via oral do 12-14 dia de vida pós-natal. Quando os animais atingiram 3 meses de idade, eles foram submetidos à tarefa de reconhecimento do objeto novo. Um índice de reconhecimento, expresso pela taxa TN/(TF+TN) (onde, TF=tempo gasto explorando o objeto familiar; TN=tempo gasto explorando o objeto novo) foi calculado para cada animal. Resultados Os ratos tratados com o ferro mostraram prejuízos na memória de reconhecimento de longa duração (mediana[intervalos interquartis]) = 0.75(0.68/0.78) e 0.55(0.47/0.60) para os grupos controle e com ferro, respectivamente; n=10. Os ratos tratados com ferro que receberam galantamina (1mg/kg ip) imediatamente após a sessão de treino, apresentaram índices de reconhecimento normais (0.74[0.71/0.79]; n=10), quando comparados com o grupo controle. De modo oposto, ratos tratados com ferro que receberam oxotremorina (0.5mg/kg ip) imediatamente após sessão do treino, mostraram uma melhora, mas não uma reversão completa do déficit de memória (0.66[0.60/0.69]; n=10). Conclusão Os resultados mostram que a manipulação farmacológica do sistema colinérgico pode reverter os déficits de memória de reconhecimento induzidos pela administração de ferro no período neonatal. Os presentes achados estão de acordo com a hipótese de que, pelo menos em parte, os déficits cognitivos induzidos pelo ferro estão relacionados com uma disfunção da transmissão colinérgica cerebral. Referências 1. Bartzokis G, Cumminigs J, Perlman S, Hance DB, Mintz J. Increased basal ganglia iron levels in Huntington disease. Arch Neurol 1999;56:569-574. 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