CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO
LATO SENSU
Uma parceria entre o CLASI
e a FAVI – Faculdade Vicentina de Curitiba
Trabalho de Conclusão do Curso
SER HUMANO: UM SER INTEGRADO E INTEGRAL
SILVIA DE SOUZA
Campinas - 2011
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Ser Humano: Um Ser Integrado e Integral
EU
Corpo
”Quem olha para fora, sonha, e quem olha para dentro, acorda”. Jung
REFLEXÃO
“Servir é conhecer quem a outra pessoa é, e ser capaz de tolerar, dar passagem ao seu lixo.
O que a maioria faz é deixar passar a qualidade da pessoa para lidar com o seu lixo. De fato,
você deveria fazer exatamente ao contrário. Lidar com quem elas são, e deixar passar seu
lixo. Interaja com elas como se fossem Deus.
E, cada vez que você receber lixo delas, deixe o lixo passar e volte a interagir com elas como
se fossem DEUS.”
Werner Erhard
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AGRADECIMENTO
Uma das qualidades que muito aprecio nas pessoas, e particularmente nos clientes ou pacientes, é
a gratidão. Agradecer com um coração verdadeiro fortalece o vinculo, uma vez que o que está por
trás desta gratidão, é o comprometimento das partes envolvidas.
Como pessoa e profissional, sou imensamente grata a todos os mestres, líderes que tive e ainda
tenho na vida, e aos clientes e pacientes que confiaram e confiam em mim, contribuindo para o meu
aperfeiçoamento dia a dia.
Agradeço aos meus pais (in memoriam), pelo compromisso incansável que eles tiveram para
comigo, e principalmente com o Meu compromisso como ser humano.
Apesar de alguns percalços ao longo do curso, e que julgo ter sido todos eles para nossa evolução,
quero agradecer de coração a toda equipe de apoio e coordenação, e em especial, à Mani, por esta
possibilidade e oportunidade.
Silvia de Souza
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SUMÁRIO
Contra capa..................................................................................................................................... 01
Reflexão........................................................................................................................................... 02
Agradecimento................................................................................................................................ 03
Sumário............................................................................................................................................ 04
Prefácio............................................................................................................................................ 05
Introdução........................................................................................................................................ 06
CAPÍTULO I - Ser Humano: Um Ser Integrado e Integral
Corpo, Mente e Espírito: Uma trindade em evolução...................................................................... 07
O que é ser Integral?........................................................................................................................ 09
A evolução da consciência................................................................................................................10
Figura: O desenvolvimento psicológico e envolvimento................................................................. 14
CAPÍTULO II - Grandes Contribuições: FREUD – JUNG – MASLOW e KEN WILBER
Freud e a Psicanálise....................................................................................................................... 15
Figura: Aparelho psíquico ou Estrutura psíquica............................................................................. 18
Jung e o Inconsciente Coletivo........................................................................................................ 19
Maslow e a “Pirâmide de Maslow”................................................................................................. 23
Ken Wilber e a Psicologia Integral ................................................................................................... 27
CAPÍTULO III - Psicologia Transpessoal: Uma nova abordagem
10.0
Equilibrando os aspectos intelectuais, emocionais, físicos, sociais e espirituais................11
Visão Transpessoal do Homem.......................................................................................... 32
CAPÍTULO IV - Considerações Finais
12.0
Uma experiência transpessoal pessoal............................................................................... 33
13.0 Contribuição da Psicologia Transpessoal para mim........................................................... 33
14.0 Conclusão............................................................................................................................ 34
15.0 Referências Bibliográficas.................................................................................................... 37
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PREFÁCIO
Sou assistente social e psicanalista, com atuação na área de RH há aproximadamente 20 anos, e,
em consultório há aproximadamente 06 anos. Meu compromisso pessoal desde o início da minha
carreira profissional tem sido o de apoiar/ajudar as pessoas a atingir seu maior poder de realização
na vida: Acreditar Em Si Mesmas, que é o que eu também acredito!
Sou grata a todas as pessoas que me ajudaram a elaborar e amadurecer minha visão profissional.
Além disso, duas metodologias que contribuíram mais especificamente para a minha experiência
como terapeuta: Capacitação em Hipnose e Hipnoterapia com ênfase nas Neurociências da
Cognição e do Comportamento Humano, e, a Psicologia Transpessoal Integrativa e suas aplicações
na Saúde e na Educação.
Silvia de Souza
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INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como finalidade atender as exigências curriculares do Centro Latino Americano de
Saúde Integral e Faculdade Vicentina, para a obtenção da certificação do curso de Especialização: A
Psicologia Transpessoal Integrativa e suas Aplicações na Saúde e na Educação.
O TCC deve expressar também a experiência individual de autotransformação vivenciada durante
todo o processo do curso, a partir das 04 dimensões da existência:
1.0 - O Saber Pensar
2.0 - O Saber Fazer
3.0 - O saber Conviver
4.0 - O saber Ser
Quero ressaltar que o meu interesse pela Pós em Psicologia Transpessoal, se deu por três razões
importantes: primeiramente por tratar-se do estudo da consciência, como instrumento divino que nos
aproxima da Consciência Absoluta que é DEUS, em seguida por contribuir para a evolução e
transformação interior do homem, como ser humano, e por fim, por poder utilizar o método como
recurso de intervenção terapêutico/pedagógica.
O tema por mim escolhido Ser Humano: Um Ser Integrado e Integral, objetiva mostrar a minha
apreciação pela evolução contínua do homem, frente à vida.
Silvia de Souza
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CAPÍTULO I
1.0 – Corpo, Mente e Espírito: Uma trindade em evolução
O que é Mente, Corpo e Espírito
Corpo, vem do latim corpu, que significa a “estrutura física do homem ou do animal”, “tudo que tem
extensão e forma”; “porção da matéria (definição química).
Mente, vem do latim, que significa “faculdade de conhecer”, “inteligência”; é o estado da consciência
ou subconsciência que possibilita a expressão da natureza humana. 'Mente' é um conceito bastante
utilizado para descrever as funções superiores do cérebro humano relacionadas a cognição e
comportamento.
Espírito, do latim spiritu, que significa “Princípio animador que dá vida aos organismos físicos”;
“sopro vital”; “alma”; “as faculdades mentais do homem em contraposição à sua parte física”;
“Inteligência”.
O princípio do Equilíbrio
O princípio do Equilíbrio afirma que, onde quer que várias partes formem um todo (um sistema),
devemos prestar atenção e nos dedicar a cada parte, sob pena de que tanto as partes não atendidas
quanto o todo sofram ou tenham problemas por isso. Por exemplo, se você estuda e tem 7
disciplinas e não se dedica devidamente a todas, isto irá afetar as disciplinas negligenciadas e todo
o curso que está fazendo. Se você tem 2 filhos e dá mais atenção a um, o outro sofrerá por isso,
seja no futuro próximo ou no longo prazo, e a família pode ser afetada pelo problema.
Ainda na família, há interesses que são de seus membros e outros da família em si. A tentativa de
fazer prevalecer interesses individuais em detrimento dos familiares pode provocar desavenças e
brigas. Se somente o interesse familiar predominar, os membros podem ser prejudicados. Entre
marido e mulher, requerem equilíbrio fatores variados, como a distância (nem próximos nem
distantes demais) e a possessividade.
Como ser humano, você tem corpo, mente e espírito.
No nível do Corpo: se você se dedicar muito ao corpo e ao espírito, esquecendo a mente, será
forte, integrado e irá se dedicar a outras pessoas, mas com poucos conhecimentos e outros recursos
racionais. Sua nutrição requer alimentos, ar e prazer (fique sem para ver). A alimentação por si
requer variação para ser equilibrada.
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Mesmo o desenvolvimento do corpo requer equilíbrio. Se você for para a academia e fizer peso para
um só braço, ou desenvolver mais a parte muscular em detrimento da aeróbica podem imaginar o
que vai acontecer.
No estágio do Corpo, denominado pela realidade Física, há uma busca por impulsos visando a
sobrevivência, sensações e prazeres. Neste estágio prevalece o lado egocêntrico do “Eu”.
No nível mental, uma pessoa pode se desequilibrar dedicando mais atenção ao passado
(lembranças boas ou ruins), e esquecer os planos. Pode ficar sonhando com o futuro ou
preocupando-se com ele (ânsia por mudanças imediatas e necessidade de antecipá-lo para livrar-se
de ter de enxergar e, mais ainda, experimentar as dores do passado), e esquecer sua experiência.
Ou pode ainda planejar e lembrar-se, esquecendo-se de estar no presente e usufruir das coisas
boas que conquistou. E as pessoas que parecem que tomam decisões baseadas somente em
emoções? Ou aquelas que parecem que são lógica pura? Tem também aquelas que só agem por
necessidade, quando é preciso, enquanto que outras sabem temperar devidamente o “tenho que”,
com o “quero”.
No estágio da Mente, denominado pela realidade Emocional/Racional, o indivíduo se expande para
além do corpo e começa a compartilhar relações com muitos outros, com base talvez em valores
comuns, interesses mútuos, ideais ou sonhos comuns. Como eu posso usar a minha mente para
assumir o papel de outro – colocar-me em sua pele e sentir como é estar em seu lugar... Neste caso,
a minha identidade passa do “Eu” para o “Nós”.
No nível do Espírito: o corpo precisa do espírito assim como um rádio, para funcionar, precisa da
eletricidade. Pense num rádio a pilha, por exemplo. Ao colocarmos pilhas nele e ligá-lo, a
eletricidade armazenada nas pilhas dá vida ao rádio, por assim dizer. Sem as pilhas o rádio não
funciona. O mesmo se dá com um rádio elétrico, quando desligado da tomada. De modo similar, o
espírito é a força que dá vida ao nosso corpo.
Quando os nossos três corpos inferiores (físico, emocional e mental), perdem o vinculo com o
(espírito), eles se desintegram...
No estágio do Espírito, o corpo, a mente, o todo, é denominado por uma força impessoal, porque
assim como é a eletricidade, que não tem a capacidade de sentir ou de pensar, o espírito o é. Neste
caso, sem Este espírito, ou Esta Força de Vida, o nosso corpo “expira”.
“Se você fosse cego, surdo, mudo, sem nariz e com o tato insensível, ainda estaria vivo dentro de si
mesmo”.
Somos um espírito, que opera uma mente, que opera um cérebro, que opera um corpo.
O desequilíbrio, como podemos ver, pode ocorrer em todos os níveis, do mais genérico ao mais
específico, e, portanto pode parecer crítico lidar com eles, o que não é necessariamente complicado.
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Por isso é importante estarmos em equilíbrio e evolução. Estar em equilíbrio e evolução, não é só
cuidar do corpo físico... Muitas vezes resulta do cultivo e prática de certos valores, como
cooperação, perdão e até hábitos perceptivos. É por isso que recebemos um ensinamento que tem o
equilíbrio como eixo: “Amai ao próximo como a ti mesmo”.
Na etiqueta chinesa, por exemplo, há uma tradição de cada um manter a xícara do outro cheia de
chá. Isto faz com que as pessoas, além de praticar o cuidar, também treinem o hábito de olhar de
vez em quando para o ambiente e para o outro, ao invés de manter a atenção exclusivamente em si.
As pessoas precisam evoluir cuidando do seu corpo, da sua mente e do seu espírito,
Qualquer fixação num dos níveis provoca desequilíbrio, infelicidade e doenças.
Ocorre que por vezes o Mental (realidade Emocional/Racional), exige autoridade em tudo que diz.
Logo, se instala um conflito, um barulho interno, que pode gerar a desintegração entre os corpos
inferiores e conseqüentemente provocar doenças.
Nesta realidade confusa e incompreendida, precisamos ouvir outra voz, a voz da nossa Alma...
Para ouvir nossa Alma (Energia Divina, existência além da matéria,), temos de calar o barulho do
medo em nossos três corpos inferiores e aprender a lei do silêncio. Do esvaziamento de nós
mesmos, do ego, da pessoa.
A idéia Zen da mente vazia, por exemplo, diz o professor Kenneth Kraft, estudioso budista da
Universidade Lehigh, que a “Mente é símbolo do próprio universo; que na verdade, a mente do
indivíduo e a mente do universo são consideradas como uma só coisa. Assim, quando esvaziamos
nossa mente pessoal e menor,perdendo a arraigada autoconsciência, conseguimos mergulhar na
mente universal, maior e mais criativa”.
“A mente vazia não é a mente inconsciente; ao contrário, é uma percepção lúcida, durante a
qual não se é perturbado pela costumeira tagarelice interior”.
2.0 - O que é ser Integral?
Integral – esta palavra significa integrar, reconciliar, juntar as partes, unir, abarcar. Ela não tem o
sentido de uniformidade, nem relações com a tentativa de eliminar todas as extraordinárias
diferenças, a multiplicidade de cores dos diferentes matizes do arco-íris humano. Essa palavra
remete à idéia de unidade na diversidade, de compartilhar atributos comuns e respeitar nossas
incríveis diferenças. Buscar, não só na humanidade, mas no Kosmos como um todo, uma visão mais
abrangente, uma Teoria de Tudo (T.T.), que garanta um espaço legítimo para a arte, para a moral,
para a ciência e para a religião.
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Uma conduta integralmente informada levará todas essas dimensões em consideração e, com isso,
chegará a uma abordagem mais abrangente e eficiente.
A questão é: será que é possível manter uma visão integral nos dias de hoje, dentro do clima de
guerra cultural, de política da integridade, de um milhão de paradigmas conflitantes, do pósmodernismo descontrutivista, do relativismo pluralista e da política do eu?
É possível que sim, só depende de “nós”. Uma prática de vida integral não dispensa conhecimentos,
ideologias, sonhos, fé... Ao contrário, favorece o crescimento, o desenvolvimento na vida real, a
transformação pessoal, mudança social, excelência nos negócios, consideração pelos outros ou
simplesmente felicidade na vida.
Como diz o mestre e doutor Taunay Daniel, “o conhecimento integral não invalida o conhecimento
técnico... O conhecimento técnico não necessariamente transforma o conhecedor... O conhecimento
Integral você esquece para transformar... Ele incorpora à pessoa e transforma... O conhecimento
técnico é o que está fora, é igual ao TER... O conhecimento Integral é o que está dentro, é igual ao
SER. Somos mais do que conhecimento técnico... Somos o que somos aqui e agora!”
Talvez as massas estejam mais inclinadas à guerras tribal e à limpeza etnocêntricas; mas e se as
próprias elites culturais tiverem essa mesma inclinação?
Estamos falando, em outras palavras, sobre a ponta da lança da própria evolução da consciência,
e se mesmo essa vanguarda estaria verdadeiramente pronta para uma visão integral.
Consciência: um Instrumento divino que nos aproxima da Consciência Absoluta, que é DEUS.
3.0 – A evolução da consciência
Mas o que é Consciência e como surgiu?
Como surgiu? Esta é uma pergunta para qual não há uma resposta. Admite-se, há muitos séculos,
que existe um certo nível de consciência em todas as formas vivas, desde os minerais, passando
pelos vegetais e animais até se tornar uma consciência auto-reflexiva como no ser humano. Um
grande filósofo grego disse que “a consciência dorme no mineral, sonha no vegetal, desperta no
animal e se torna consciência de si mesma no homem”.
A questão fica ainda mais complexa quando entendemos que, no ser humano, a consciência se
desdobra em níveis ou estágios bem diferenciados, que podem ser subconscientes e supra
conscientes. Numa era extremamente voltada ao materialismo e avessa a tudo que indique a
presença da subjetividade humana, devemos a Freud a descoberta da existência de níveis mais
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profundos e desconhecidos da mente, e que, não obstante, exercem enorme influencia em nosso
modo de ser.
Para a Neurociência, a Consciência faz parte do cérebro e que resulta da combinação dos milhões
de neurônios que produzem efeitos eletroquímicos e que portanto a consciência é como algo que
aparece quando o homem sente que ele um ser em si mesmo. Quando pode guiar a imaginação e
conduzir a criatividade por meio dessa consciência. Quando compreende o que é a dor, o
sofrimento, e também o prazer das outras pessoas. Sendo assim, consciência é fruto da
necessidade básica de nos mantermos vivos; é aquele estado em que a pessoa está ciente de suas
ações físicas e mentais.
Para a Psicologia, a consciência em si refere-se à excitabilidade do sistema nervoso central aos
estímulos externos e internos sob o ponto de vista quantitativo e, também, à capacidade de
integração harmoniosa destes estímulos internos e externos, passados e presentes, sob o ponto de
vista qualitativo.
Para a Psicanálise, a consciência é o conjunto de mecanismos psíquicos que se opõem à
expressão das pulsões primárias. A primeira forma de consciência passa pelas interdições parentais
recalcadas pela criança e conseqüente formação do superego. A consciência reflete sempre a
individualidade e unidade do ser humano e é obviamente lugar de todas as percepções,
pensamentos e emoções do indivíduo.
A cada conteúdo psíquico, a cada estado e processo psíquico, corresponde num momento um certo
grau ou nível de consciência. Este nível de consciência pode modificar-se com o tempo,
independentemente do conteúdo. Assim, reconhecemos modificações quantitativas da consciência.
Quanto à qualidade das vivências conscientes, embora sejam suscetíveis de transformação
ilimitada, estão associadas às propriedades e capacidades individuais.
Para a Psicologia Transpessoal, a consciência não é igual ao ego. Pelo contrário possui um
estatuto mais abrangente, e representa um saber Absoluto, o Todo, e quando se individualiza, tornase um saber que vai se sabendo, uma auto percepção que vai se constituindo e se alargando, como
uma luz que vai abargando cada vez mais um espaço maior na escuridão do não-saber.
É oportuno considerar aqui, um conceito importantíssimo que a psicologia Transpessoal herdou de
Jung, A INDIVIDUAÇÃO, que implica na idéia de uma continuidade progressiva da consciência em
direção a um estado de plenitude ao qual ele chamou de Self. Esse movimento dinâmico da
consciência foi chamado por Jung de “processo de individuação”, e significa um caminhar universal,
autônomo, inconsciente, em busca do equilíbrio dos conteúdos psíquicos conscientes e
inconscientes, das dualidades, dos princípios feminino e masculino, de luz e sombra.
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Desse modo, a individuação leva a personalidade, gradualmente, de um estado inicial de
indiferenciação originária a uma diferenciação crescente, até chegar à supremacia do ego, e daí
começa a sutilização crescente de um estado de unidade com o todo, até chegar no Self.
Mas afinal, quem somos? De onde vivemos? Para onde vamos? Porque o mundo existe? Qual o
sentido da existência? Essas perguntas existem desde a infância da humanidade e as respostas que
foram dadas, constituem o núcleo das grandes tradições espirituais do planeta, sabedoria
tradicional que já foi desprezada em nome da ciência, mas agora vem recebendo notáveis
confirmações por parte da moderna pesquisa cientifica da consciência.
Estamos vivendo um momento de crise social e planetária como nunca aconteceu antes na história.
O nível de desequilíbrio físico, moral e social atingiu um grau de ameaça tamanho, que não só a vida
humana está em perigo, como a do próprio planeta.
Por muito tempo se acreditou que o máximo que podíamos chegar em termos de evolução, era
conquistar um diploma universitário, ter uma família bem sucedida, um cargo de chefia ou uma
posição de destaque na sociedade.
Esse ideal de evolução já não satisfaz mais algumas mentes mais exigentes, que acreditam que
para além dessas metas culturais, existem outras que nascem do interior e apontam para um
desenvolvimento do Ser, e não da pessoa (persona, ego).
Algo nessas mentes, busca ir além daquilo que lhes foi ensinado como sendo a vida. Buscam algo
que dê sentido ao viver. Não se contentam com o modelo de consumo, sucesso e status que é
vendido como sendo aquilo que precisamos para ser felizes.
Este novo cenário está diretamente relacionado com uma visão integral, isto é, temos em nós
matéria, corpo, mente, alma e espírito, e com o modo como ela será recebida no mundo de hoje.
Existem centenas de diferentes pesquisadores tratando do crescimento e desenvolvimento da mente
– o estudo do desenvolvimento interior e da evolução da consciência. É claro que existem muitos
desacordos e detalhes conflitantes, mas todos, em geral, contam uma história parecida do
crescimento e do desenvolvimento da mente como uma série de estágios ou ondas que se
desdobram.
Uma coisa interessante com respeito aos estados de consciência é que, assim como vêm, eles vão
embora. Até mesmo experiências de pico ou estados alterados de consciência, por mais profundos
que sejam, surgem permanecem por um instante e desaparecem. Por mais maravilhosas que sejam
suas capacidades, elas são temporárias.
Não obstante, ainda que os estados de consciência sejam temporários, os estágios de consciência
são permanentes. Os estágios representam as conquistas efetivas alcançadas em termos de
crescimento e desenvolvimento. Uma vez que você tenha alcançado um estágio, ele se torna uma
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aquisição permanente... Uma vez que tenha atingido um estágio estável de crescimento e
desenvolvimento, você terá acesso às capacidades desse estágio – como uma consciência maior,
amor mais abrangente, mais responsabilidade ética, mais inteligência e percepção – em
praticamente qualquer hora que desejar. Estados passageiros tornam-se características
permanentes.
Quantos estágios de desenvolvimento existem? Existem modos infinitos de fatiar e mensurar o
desenvolvimento e, portanto existem modos infinitos de conceber os estágios, segundo Ken Wilber.
De acordo com o sistema do chakras da filosofia do yoga, por exemplo, existem sete principais
estágios ou níveis de consciência. Para o célebre antropólogo Jean Gebser, existem cinco estágios:
arcaico, mágico, mítico, racional e integral.
Eu em particular, gosto de um exemplo bem simples e eficaz colocado por Ken Wilber, que envolve
três níveis ou estágios: Egocêntrico, etnocêntrico e mundicêntrico.
Se tomarmos o desenvolvimento moral, por exemplo, constatamos que, ao nascer, a criança ainda
não foi socializada nos valores éticos e convenções da cultura; esse estágio é chamado de estágio
pré-convencional. É também chamado de egocêntrico, porque a percepção do bebê está em
grande parte voltada para si mesmo, portanto centrada no “eu”. Mas assim que a criança começa a
assimilar as regras e normas de sua cultura, ele vai entrando no estágio convencional da
moralidade. Esse estágio é também chamado de etnocêntrico (tradicional ou conformista), uma vez
que está centrado no grupo, tribo, clã, ou nação em que a criança está inserida e tende, portanto, a
excluir os que não pertencem a esse grupo. Mas no importante estágio seguinte de desenvolvimento
moral, o estágio pós-convencional, a identidade da criança volta a se expandir, dessa vez para
incluir a consideração e a preocupação com todas as pessoas, independentemente de sua raça, cor,
sexo ou credo, motivo pelo qual esse estágio é também é chamado de mundicêntrico. Aqui a
identidade pessoal se expande novamente, só que dessa vez, do “nós” para o “todos nós” ou todos
os seres humanos.
E se o desenvolvimento prosseguir, o próximo estágio será o do desenvolvimento moral, ao qual
Carol Gilligan chama de integrado, e depois...
Transformar-se não é negar as experiências e os conhecimentos anteriores, e sim aplicá-los cada
vez melhor. É mudar de atitude, e, isso começa em cada pessoa, para que seja realidade no grupo,
na empresa e no país.
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4.0 – Figura: O Desenvolvimento psicológico e envolvimento
Corpo = Eu = Egocêntrico
Mente = Nós = Etnocêntrico e
Espírito = Todos nós = Mundicêntrico.
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CAPÍTULO II
Grandes Contribuições: FREUD – JUNG – MASLOW e KEN WILBER
5.0 – Freud e a Psicanálise
Sigmund
Schlomo
Freud:
austríaco, formado em medicina e
especializado em tratamentos para
doentes mentais, foi o pai da
psicanálise.
ID, EGO e SUPEREGO: uma
topografia hipotética do aparelho
psíquico.
Freud criou o termo "psicanálise"
para designar um método para
investigar os processos
inconscientes e de outro modo
inacessíveis do psiquismo.
A psicanálise, apesar de ter surgido
apenas como um método de
tratamento das neuroses, se
configurou posteriormente em uma
teoria geral da mente, uma terapia
para os problemas anímicos, um
instrumento de investigação e uma profissão.
Trata-se de um complexo fenômeno intelectual, médico e sociológico. (WARD, ZÁRATE, 2002).
Como um teoria da mente humana, ela fornece uma topografia hipotética do aparelho psíquico
dividido em três sistemas, a saber: inconsciente, pré-consciente e consciente. Mas como afirma
Tallaferro (1996), eles não devem ser concebidos como estruturas rígidas e delimitados em três
planos distintos. Antes, devem ser considerados como forças, como investimentos energéticos que
se deslocam de certa forma, que têm um tipo de vibração específico.
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Dentro desses campos ou “regiões”, encontram-se as três instâncias chamadas id, ego e superego.
O ID é a instância psíquica mais arcaica e se encontra totalmente no inconsciente. É onde se
localizam as pulsões, e tem conexão íntima com o biológico. (TALLAFERRO, 1996). Segundo
Mednicoff (2008), “o id está voltado a satisfazer nossas necessidades básicas desde o começo da
vida. A atividade dele consiste em impulsos que buscam o prazer. Ele procura adquirir gratificação
imediata e não suporta frustração. É aquele nosso lado instintivo que não mede as conseqüências
dos atos para se satisfazer.”
Já o EGO, assim como o superego, é formado a partir do id. Segundo Tallaferro (1996), o ego nada
mais é, para Freud, “do que uma parte do id modificado pelo impacto ou a alteração das pulsões
internas e dos estímulos externos”. De acordo com Mednicoff (2008), para compreender a formação
do ego a partir do id devemos observar a vida dos bebês. Quando estão com fome, sujos ou com
alguma necessidade, eles choram e quase que imediatamente seus cuidadores atendem aos seus
pedidos. Mas à medida que crescem, percebem que nem sempre podem conseguir tudo o que
desejam, e dessa forma precisam se adaptar às exigências e condições impostas pelo meio em que
vivem. Isso mostra que enquanto o id é regido pelo chamado “princípio de prazer” (satisfação
imediata, sem pensar nas conseqüências), o ego é regido pelo “princípio de realidade” (o que é
possível alcançar em determinada situação, como alcançar, quais as conseqüências, etc.). O ego
tem como principal papel, portanto, “coordenar funções e impulsos internos, e fazer com que os
mesmos possam expressar-se no mundo exterior sem conflitos.” (TALLAFERRO, 1996).
O SUPEREGO, por sua vez, começa a se formar à medida que a criança percebe que existem
normas, regras e padrões morais que ela ouve tanto dos pais quanto da sociedade. Ela começa a
ser ensinada sobre o que é feio, o que é vergonhoso, etc., e acaba incorporando essas crenças à
estrutura psíquica, dando forma, assim, ao superego. (MEDNICOFF, 2008). Segundo Tallaferro
(1996), ele é aquilo a que normalmente damos o nome de “consciência” ou “voz da consciência”. O
superego, da mesma forma que nossos pais faziam, nos observa, guia e ameaça, sendo formado
pela introjeção do pai repressor. Ainda de acordo com Tallaferro (1996), seu mecanismo de
formação pode ser explicado pelo fato de que, com a incorporação do pai no ego, o filho introjeta a
atitude “má” daquele com o intuito de conservar o pai “bom” no mundo exterior. Isso é, o filho abstrai
a parte “má” do pai, a introjeta em sua consciência para manter o pai “bom” disponível no mundo
real. Assim ele escapa do perigo do pai “mau” e obtém, ao mesmo tempo, a proteção representada
pela imagem paterna “boa”. O superego é o responsável por nos infligir aquilo que denominamos
“remorso” ou “peso na consciência”. É por essa razão que verificamos que pessoas que tiveram pais
muito rígidos também são muito rígidas consigo próprias, mesmo que não percebam isso.
Essas instâncias psíquicas (id, ego e superego) não ficam, cada uma, localizadas especificamente
dentro ou do inconsciente, ou do pré-consciente ou do consciente. O ego, por exemplo, se localiza
dentro dessas três regiões, assim como o superego. São campos de limites imprecisos, dentro dos
quais essas instâncias adquirem características próprias desse nível da atividade psíquica.
16
(TALLAFERRO, 1996). E é dentro desse aparato, dessa topografia hipotética do aparelho psíquico,
que se dá lugar toda a dinâmica do psiquismo.
Sigmund Schlomo Freud (que em 1877 abreviou seu nome para Sigmund Freud), morreu em 23 de
setembro de 1939, aos 83 anos.
6.0 – Figura: Aparelho psíquico ou Estrutura psíquica
(Aparelho) ESTRUTURA PSÍQUICA
SUPEREGO
CONSCIENTE
V
A
T
O
P
V
A
L
O
R
E
S
Moral
Consciente
O EGO
recebe
estímulos
através dos 5
sentidos
INCONSCIENTE
Censura
Tu
Moral
Inconsciente
Mudinho
Contra - investe
Investe
EGO
Ao agir,
o EGO
consulta
os
valores
do
indivídu
o!
EU
Busca a
adequação
da Psiquê à
realidade do
meio •
ambiente,
aos padrões
sociais,
morais,
educacionais
, etc.
ID
É uma voz
que te
acusa,
cobra e
provoca
Culpa.
Não acusa
diretamente,
mas produz
Distonias
Emocionais,
como:
insônia,
taquicardia,
falta de ar,
dor de
cabeça, nos
ombros e
costas, fobia,
pânico, etc...
RECALQUE
Complexo de:
* Mágoas
* Culpas
* Sentimento
de
Inferioridade
Tendências
* Etc...
INSTINTO
Fonte dos
impulsos
que
influencia
m o ego a
agir na
busca do
prazer.
Empática
“Nós”
Egocêntrica
“Eu”
Modelo criado por: Wilson Pedreira de Cerqueira – psicanalista
e elaborado por Silvia de Souza
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7.0 – Jung e o Inconsciente Coletivo
Carl Gustav Jung: foi um psiquiatra
suíço e fundador da psicologia
analítica, também conhecida como
psicologia junguiana.
Os assuntos com que Jung ocupouse surgiram em parte do fundo
pessoal que é vividamente descrito
em sua autobiografia, "Memórias,
Sonhos, Reflexões" (1961). Ao longo
de sua vida Jung experimentou
sonhos periódicos e visões com
notáveis características mitológicas e
religiosas, os quais despertaram o
interesse por mitos, sonhos e a
psicologia da religião. Ao lado destas
experiências, certos fenômenos
parapsicológicos emergiam, sempre
para lhe redobrar o espanto e o
questionamento.
Por muitos anos Jung sentiu possuir
duas personalidades separadas: um
ego público, exterior, que era
envolvido com o mundo familiar, e um eu interno, secreto, que tinha uma proximidade especial para
com Deus. Ele reconhecia ter herdado isso de sua mãe, que tinha a notável capacidade de "ver
homens e coisas tais como são". A interação entre esses egos foi o tema central da sua vida pessoal
e contribuiu mais tarde para a sua ênfase no esforço do indivíduo para integração e inteireza.
O pai, um reverendo, já deixou-lhe como herança uma fé cega que se mantinha a muito custo com o
sacrifício da compreensão. A tarefa do filho seria responder a ele com uma fé renovada, baseada
justamente no conhecimento tão rejeitado. Além disso, Jung viria a usar as escrituras como
referência para a experiência interior de Deus, não como dogmas estáticos à espera de devoção
muda, castradores do desenvolvimento pessoal. Ele lamentava que à religião faltasse o empirismo,
que alimentaria a sede da personalidade:
n.º 1, É que às ciências naturais, que também tanto o fascinavam devido ao envolvimento com a
realidade concreta, faltasse o significado, que saciaria a personalidade.
18
n.º 2. Os dois aspectos, religião e ciência, não se tocavam, daí sua constante insatisfação, devido ao
desencontro das duas instâncias interiores. E foi dessa tentativa de saciar tanto um aspecto quanto
ao outro, de fazer justiça ao ser como um todo, que decidiu formar-se em psiquiatria: "Lá estava o
campo comum da experiência dos dados biológicos e dados espirituais, que até então eu buscara
inutilmente. Tratava-se, enfim, do lugar em que o encontro da natureza e do espírito se torna
realidade".
Ao longo da sua juventude interessou-se por filosofia e por literatura, especialmente pelas obras de
Pitágoras, Empédocles, Heráclito, Platão, Kant e Goethe. Uma das suas maiores revelações seria a
obra de Schopenhauer. Jung concordava com o irracionalismo que este autor concedia à natureza
humana, embora discordasse das soluções por ele apresentadas.
Já estudante de medicina, decide dedicar-se à, então obscura, especialidade de psiquiatria, após a
leitura ocasional de um livro do psiquiatra Krafft-Ebing. Em 1900, Jung tornou-se interno na Clínica
Psiquiátrica Burgholzli, em Zurique, então dirigida pelo psiquiatra Eugen Bleuler, famoso pela sua
concepção de esquizofrenia.
Seguindo o seu treino prático na clínica, ele conduziu estudos com a associação de palavras. Já
nessa época Jung propunha uma atitude humanista frente aos pacientes. O médico deveria "propor
perguntas que digam respeito ao homem em sua totalidade e não limitar-se apenas aos sintomas".
Desde cedo ele já adiantava a ideia do que hoje está ganhando força em todos os campos
com o nome de "Holismo", o ponto de vista do homem integral. A seus olhos "diante do
paciente só existe a compreensão individual". Por isso evitava generalizar um método, uma
panaceia para um determinado tipo de anomalia psíquica. Cada encontro é único e, sendo assim,
não pode incorrer em qualquer tipo de padronização.
Anterior mesmo ao período em que estavam juntos (Freud e Jung), Jung começou a desenvolver um
sistema teórico que chamou, originalmente, de "Psicologia dos Complexos", mais tarde chamando-o
de "Psicologia Analítica", como resultado direto de seu contato prático com seus pacientes. O
conceito de inconsciente já está bem sedimentado na sólida base psiquiátrica de Jung antes de seu
contato pessoal com Freud, mas foi com Freud, real formulador do conceito em termos clínicos, que
Jung pôde se basear para aprofundar seus próprios estudos. O contato entre os dois homens foi
extremamente rico para ambos, durante o período de parceria entre eles. Aliás, foi Jung quem
cunhou o termo e a noção básica de "complexo", que foi adotado por Freud.
Utilizando-se do conceito de "complexos" e do estudo dos sonhos e de desenhos, Jung passou a se
dedicar profundamente aos meios pelos quais se expressa o inconsciente. Em sua teoria, enquanto
o inconsciente pessoal consiste fundamentalmente de material reprimido e de complexos, o
inconsciente coletivo é composto fundamentalmente de uma tendência para sensibilizar-se com
certas imagens, ou melhor, símbolos que constelam sentimentos profundos de apelo universal, os
arquétipos: da mesma forma que animais e homens parecem possuir atitudes inatas, chamadas de
instintos ("fato" este negado por correntes de ciências humanas, como por exemplo em antropologia
19
o culturalismo de Franz Boas ), também é provável que em nosso psiquismo exista um material
psíquico com alguma analogia com os instintos.
Jung descobriu que todos nós carregamos uma herança psiquica tanto quanto genética. Ele define o
inconsciente coletivo como essa parte da pisiquê, que deve sua existência exclusivamente à
heridetariedade, e não a experiencias pessoais da história do indivíduo. Sua observação desse
fenômeno se deve a sua pesquisa e estudos com o material dos sonhos de seus pacientes e de si
próprio, bem como dos motivos relogioso, míticos e simbólicos da cultura.
Desse modo, Jung diferencia-se radicalmente de Freud, que via o incosciente como um aspécto do
psiquismo formado unicmente por conteúdos relacionados com a história individual, sendo o
resultado dos recalques e pulsões reprimidas na primeira infância e constituindo o núcleo dos
complexos.
Para Jung, o consciente e o inconsciente são elementos de igual importância, mas o consciente é
“descendente, nascido da psiquê incosciente”, o que significa que, primeiramente, há um “eu” em
estado de incosciencia e indiferenciação, e desse estado começa a se formar um “ego”, constituido
pelas identificações, projeções e auto-imagens, e que irá fazer parte da consciencia.
Jung construiu sua própria casa de campo em Bollingen, para local de meditação. O trabalho
teve início em 1923 terminando em 1955. Nenhum pedreiro foi chamado. Alguns parentes o
ajudaram no início, mas assim que a obra foi se tornando mais transparente ele não pediu mais
ajuda a ninguém. A famosa torre da construção foi inspirada na arquitetura africana, continente que
conheceu em 1920. Para ele a casa era “a representação em pedra dos meus mais íntimos
pensamentos e dos conhecimentos que adquiri”. Está aí o processo de individuação. Não havia luz
ou água encanada. O fogão era à lenha e só havia uma única e encardida panela de ferro para fazer
toda a comida. E Jung era conhecido como um grande cozinheiro.
Para Jung a religião era um fenômeno genuíno, uma função psíquica natural com múltiplas
manifestações e sua importância no funcionamento da psique. Freud dizia que a religião era um
derivado do complexo paterno e uma das sublimações do instinto sexual. Jung escreveu: “Entre
todos os meus doentes, na segunda metade de suas vidas, isto é, com mais de 35 anos, não houve
um só cujo problema mais profundo não fosse a questão religiosa. Todos, em última instância,
estavam doentes por ter perdido aquilo que uma religião viva sempre deu em todos os tempos a
seus adeptos, e nenhum curou-se realmente sem recorrer a atitude religiosa que lhe fosse própria”.
Sobre Deus: “Como cheguei a minha certeza sobre Deus? (…) Não se trata de uma idéia, de algo
que fosse fruto de minhas reflexões. (…) Por que certos filósofos pretendiam que Deus fosse uma
idéia? É perfeitamente evidente que Ele existe. (…) Para mim Deus era uma experiência imediata
das mais certas”. Em uma entrevista para a BBC de Londres às vésperas de completar 80 anos
declarou: “Não necessito crer em Deus. Eu sei”.
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Últimos dias:
Carl Gustav Jung faleceu em 6 de junho de 1961, aos 86 anos, em sua casa, margens do lago
de Zurique, em Küsnacht após uma longa vida produtiva, que marcou - e tudo leva a crer que ainda
marcará mais - a Antropologia, a Sociologia e a Psicologia, e também, em outros campos como a
Arte, a Literatura e a Mitologia.
Na casa em Küsnacht, onde morou de 1909 até o fim da vida, está gravado em pedra no alto da
porta o oráculo de Delfos: Invocado ou não, Deus está sempre presente.
8.0 – Maslow e a “Pirâmide de Maslow”
Abraham Maslow: foi um Psicólogo
norte-americano, criador da hierarquia
de necessidades, conhecida como a
“Pirâmide de Maslow”.
Uma das muitas coisas interessantes
que Maslow descobriu quando
pesquisava o comportamento de
macacos, logo no início de sua
carreira, é que algumas necessidades
têm mais prioridade que outras. Por
exemplo, se você sente fome e sede,
a tendência é tentar resolver a sede
primeiro. Afinal, você pode ficar sem
comida por semanas, mas apenas
sobreviverá por alguns dias se não
beber água. Por isso, a sede é uma
necessidade “mais forte” que a fome.
Do mesmo modo, se você está com
muita sede e alguém impede você de
respirar, o que é mais importante? A
necessidade de respirar é claro. Por
outro lado, sexo é a necessidade
mais fraca de todas essas. Afinal, você não vai morrer se ficar sem fazer sexo.
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Na psicologia, defendeu a idéia de que as necessidades fisiológicas devem ser saciadas para que
posteriormente sejam saciadas as necessidades de segurança, e na ordem as sociais, de
autoestima e a auto-realização, etapa final da felicidade do ser humano.
Maslow foi um pensador surpreendentemente original, pois a maioria dos psicólogos antes dele
estava mais preocupada com a doença e com a anormalidade. Maslow queria saber o que constituía
a saúde mental positiva. A psicologia humanista, corrente impulsionada por ele, deu origem a
diversas diferentes formas de psicoterapia, todas guiadas pela idéia de que as pessoas possuem
todos os recursos internos necessários ao crescimento e à cura e o objetivo da terapia é remover os
obstáculos para que o indivíduo consiga isso. A mais famosa dessas técnicas foi a terapia centrada
na pessoa, desenvolvida por Carl Rogers. Maslow foi também um dos grandes impulsionadores do
movimento transpessoal em psicologia.
O modelo de hierarquia de necessidades foi desenvolvido entre 1943 e 1954, e sua primeira
publicação extensiva ocorreu em 1954, no livro Motivação e Personalidade. Nessa época, o modelo
de hierarquia de necessidades era composto de cinco níveis, esses que apresentamos aqui. Mais
tarde, em seu livro Introdução à Psicologia do Ser (1962), que acabou por se tornar o mais popular,
Maslow já apresentava uma noção mais ampliada das necessidades humanas e já incorporava
elementos do que seriam a semente do pensamento transpessoal em Maslow, em especial a
noção de transcendência. Estudiosos da obra de Maslow posteriormente refizeram a clássica
pirâmide, que passou então a ter oito camadas:
22
Pirâmide de Necessidades de Maslow - 8 níveis
No fim de sua vida, Maslow inaugurou o que ele chamou de Quarta Força em psicologia. O
behaviorismo era a primeira força; A psicanálise freudiana e demais “psicologias profundas”
constituíam a segunda; sua própria Psicologia Humanista, incluindo os existencialistas europeus era
a terceira força. A Quarta Força é representada pela Psicologia Transpessoal que, buscando
inspiração nas filosofias orientais, pesquisa assuntos como meditação, níveis superiores de
consciência, e mesmo fenômenos parapsicológicos. Talvez o psicólogo transpessoal mais conhecido
atualmente seja Ken Wilber, autor de livros como O Projeto Atman e Uma Breve História de Tudo.
Maslow depositava uma esperança otimista nessa nova corrente da psicologia. Vejamos suas
próprias palavras, no Prefácio à segunda edição de “Introdução à Psicologia do Ser”:
“Considero a Psicologia Humanista, ou Terceira Força em Psicologia, apenas transitória, uma
preparação para uma Quarta Psicologia ainda “mais elevada”, transpessoal, trans-humana, centrada
mais no cosmo do que nas necessidades e interesses humanos, indo além do humanismo, da
identidade, da individuação e quejandos. [...] Esses novos avanços podem muito bem oferecer uma
satisfação tangível, usável e efetiva do “idealismo frustrado” de muita gente entregue a um profundo
desespero, especialmente os jovens. Essas Psicologias comportam a promessa de desenvolvimento
de uma filosofia de vida, de um substituto da religião, de um sistema de valores e de um programa
de vida cuja falta essas pessoas estão sentindo. Sem o transcendente e o transpessoal ficamos
doentes, violentos e niilistas, ou então vazios de esperança e apáticos. Necessitamos de algo
“maior do que somos”, que seja respeitado por nós próprios e a que nos entreguemos num
novo sentido, naturalista, empírico, não-eclesiástico [...]’.
23
Maslow não chegou a ver fundado a Associação de Psicologia Transpessoal (Association for
Transpersonal Psychology), o que só ocorreu em 1972, dois anos após sua morte.
Pensamentos de Maslow
“Não acredito que a ciência mecanicista (que na psicologia corresponde ao behaviorismo) esteja
incorreta, mas apenas que seja estreita e limitada demais para que sirva como uma filosofia geral ou
abrangente.” — A. H. Maslow, Psychology of Science: A Reconnaissance
“Se você planeja ser qualquer coisa menos do que aquilo que você é capaz, provavelmente você
será infeliz todos os dias de sua vida.” — A. H. Maslow
“Fui um garoto tremendamente infeliz… Minha família era miserável e minha mãe era uma criatura
horrível… Cresci dentro de bibliotecas e sem amigos… Com a infância que tive, é de se surpreender
que eu não tenha me tornado um psicótico”. (Maslow apud Hoffman, 1999, p. 1)
Abraham Maslow faleceu em 8 de junho de 1970, aos 62 anos, de ataque cardíaco - após anos de
problemas de saúde. Ele passou os anos finais de sua vida em semi-reclusão na Califórnia até 08 de
junho de 1970, quando morreu de ataque cardíaco.
9.0 – KEN WILBER e a Psicologia Integral
Ken Wilber: (Kenneth Earl Wilber Jr.),
nascido em 31 de Janeiro de 1949,
Oklahoma City (EUA), é um famoso
pensador e criador da Psicologia
Integral, e de forma mais geral do
Movimento Integral.
Sua obra concentra-se basicamente na
integração de todas as áreas do
conhecimento (ciência, auto-ajuda, arte,
ética e espiritualidade). A preocupação em
unir ciência e religião apoia-se em sua
própria experiência e na de diversos
místicos de algumas das grandes tradições
de sabedoria, tanto ocidentais quanto
orientais; aliado à sua releitura transpessoal
da psicologia analítica de Carl Gustav Jung.
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Mesmo sendo considerado um fundador da escola da Psicologia Transpessoal, desde então ele se
dissociou dela. Em 1998 Wilber fundou o Instituto Integral (Integral Institute), organização que reúne
os inúmeros pensamentos nas questões sobre a ciência e a sociedade de maneira integral. Ele tem
sido pioneiro no desenvolvimento da Psicologia Integral, da Política Integral - e, mais recentemente,
de uma nova Espiritualidade Integral.
Em seus novos trabalhos, Wilber dedica-se à prospecção de uma "Teoria de Tudo", um metamodelo
do conhecimento já produzido que possa unificar e estruturar a visão do que chama de Kosmos:
físico, vida, mente, alma e espírito.
Em "Uma Teoria de Tudo" (A Theory of Everything), texto introdutório ao paradigma integral, Wilber
sintetiza suas teorias e ferramentas, e propõe uma visão integral - e unificável - para os negócios, a
política, a ciência e a espiritualidade.
Em "Espiritualidade Integral", Wilber expande sua visão Integral para formular uma nova teoria para
a espiritualidade, propondo um papel inovador para a religião, transcendência e sua aplicação no
cotidiano.
Seguindo a tradição de muitos escritores de auto ajuda, Ken Wilber possui também uma obra de
ficção (Boomerite: Um Romance que deixará você livre), onde seus questionamentos e conceitos
podem ser absorvidos didaticamente ao serem retratados no cotidiano de um homem de seu tempo.
Ken Wilber: 1ª entrevista brasileira (por Felipe Cherubin - em 29/08/2010 | Cultura, Entrevistas e perfis)
Sobre psicologia transpessoal
Quando eu comecei a escrever, era comum dizer que haviam quatro escolas de psicologia:
psicanalítica, behaviorista, humanista e a transpessoal. Eu comecei escrevendo como psicólogo
transpessoal, mas ao longo de dez anos eu pude constatar que a psicologia transpessoal
apresentava muitas deficiências, não abria espaço para incluir muitas das verdades importantes das
outras escolas.
Então eu formalmente me distanciei da psicologia transpessoal e passei a chamar aquilo que estava
fazendo de psicologia integral. Naquela época, nos Estados Unidos, entre um terço e talvez a
metade dos psicólogos transpessoais vieram a mim e passaram a se identificar como psicólogos
integrais. O termo integral foi selecionado para tentar dar uma indicação de que incluíamos todas
aquelas escolas de psicologia na tentativa de desenvolver modelos mais abrangentes.
Sobre um livro chamado “Uma Teoria de Tudo
O título foi uma brincadeira que fiz. A razão porque escolhi esse título é que, de fato, no mundo da
física existe uma busca daquilo que se convencionou chamar “Uma Teoria de Tudo”. O que eu quis
fazer foi dizer:
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Espere um pouco, o que vocês estão chamando de “tudo” na realidade engloba uma parte muito
pequena do mundo. Ao chamá-la de tudo e ao dizer que vocês têm uma teoria para tudo, vocês
estão sendo incrivelmente reducionistas, ligando-se a um materialismo incrivelmente limitado onde
não há espaço para o mundo interior: a consciência, as emoções, os valores, o bem e a beleza.
Vocês reduzem o mundo a quatro forças – força nuclear forte, força nuclear fraca, força
eletromagnética e força gravitacional –, alegam que essas são as únicas forças que existem na
natureza e assim, na teoria de tudo, vocês mostram apenas como essas forças interagem.
Bem, não resta dúvida de que seria uma descoberta importante se, de fato, fosse possível criar um
único modelo físico que englobasse toda a realidade do mundo em que vivemos. Contudo, eu dei
esse título para caçoar dessa noção de que você pode reduzir tudo a um punhado de partículas.
Uma outra razão porque eu usei esse título foi porque, se você quer uma teoria que vai falar sobre
tudo, então eu ofereço um modelo que, pelo menos, engloba muito mais aspectos da realidade. Este
meu livro foi, portanto, uma maneira de chamar a atenção para o fato de que a busca desse tipo de
materialismo científico é, na realidade, uma filosofia muito pobre. Um alerta para que as pessoas
tenham cuidado com esse reducionismo simplista.
Sobre religião, ciência e espiritualidade
Eles são claramente três das mais importantes disciplinas que os seres humanos abraçam e são
variações do Bem, da Verdade e da Beleza (ou Moral, Ciência e Arte).
A ciência, naturalmente, é muito importante por causa dos insights e a verdade que ela propicia nas
dimensões objetiva e intersubjetiva. As ciências trouxeram uma contribuição enorme ao mundo
moderno e pós-moderno nos dando de tudo, desde a cura de doenças até nos colocar na Lua. É
claramente uma parte importante do esforço humano no mundo.
Já a espiritualidade e a religião são interessantes porque ambas estão se tornando cada vez mais
separadas. É comum para as pessoas nos Estados Unidos dizerem que “São espirituais, mas não
religiosas”, ou seja, elas estão separando ambas, elas se identificam com o espiritual mas não com
a religião, existe algo sobre a religião que eles não apreciam e existe algo na espiritualidade que
eles gostam e esta é a razão deles se definirem daquela forma.
A espiritualidade significa uma consciência mística de uma experiência imediata, que passa
diretamente por alguma forma de experiência que não pode ser descrita como parte de alguma
mitologia ou dogma, mas pura e simplesmente uma experiência imediata. A religião para essas
pessoas significa as formas institucionais de religião e seus mitos, crenças e dogmas; e elas não se
sentem mais confortáveis com esse tipo de religião mas se sentem confortáveis com aquilo que eles
denominam de espiritualidade, que consiste em não acreditar em dogmas e sim em um processo
que emerge na consciência pessoal.
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Claramente ambas existem e são importantes para os seres humanos. Provavelmente cerca de 60%
da população mundial freqüenta algum tipo de religião institucional, seja ela islamismo, judaísmo,
cristianismo, budismo ou hinduísmo, eles acreditam em seus fundamentos, sendo muito importante
o significado de tudo isso em suas vidas.
Essas questões são centralmente importantes para a condição humana e , assim, continuo a
escrever sobre ciência, espiritualidade e religião em uma tentativa de mostrar como elas se fundem
e como elas podem ser incluídas em uma visão de mundo coerente.
Sobre as principais características do novo milênio
É interessante notar que pela primeira vez na história os principais problemas mundiais são globais
e são essencialmente provocados pela ação do homem – e isso inclui coisas como a crise global
financeira, a crise ambiental das mudanças climáticas e o terrorismo.
Essas questões são de fato globais, são tendências transnacionais e não há nada que uma nação
individualmente possa fazer. Então, estamos enfrentando não apenas problemas que são globais
em sua natureza, mas que exatamente por isso as suas soluções precisam, também, ser globais.
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CAPÍTULO III
Psicologia Transpessoal: Uma nova abordagem
10.0 – Equilibrando os aspectos intelectuais, emocionais, físicos, sociais e espirituais
A Psicologia Transpessoal é a abordagem mais atual dentro da psicologia. Esta nova forma de
pensamento psicológico consolidou-se como tal na segunda metade do século XX. A maioria de
seus expoentes ainda estão vivos, produzindo novos trabalhos e ampliando o conhecimento desta
nova abordagem.
A abordagem transpessoal é uma forma de ver o homem. As psicologias anteriores viam o homem
como individuo que devia que se adaptar a sociedade na qual estava inserido; adaptar seu ego, sua
forma de ser. Os conflitos do homem eram vistos como dificuldades dessa adaptação. As terapias
visavam promover mudanças nos indivíduos para que conseguissem viver de forma harmônica com
cultura da sociedade.
A psicologia transpessoal dá um passo a mais. Não nega as psicologias anteriores, as integra dentro
de uma nova visão do homem. Confirma a necessidade de o homem viver em sociedade de forma
harmônica e amplia essa necessidade de harmonia para com a natureza que o cerca, com o planeta
(ecologia) e vai alem. Vê a necessidade de o homem viver em harmonia como grupo, como
humanidade que se integra com o resto da Existência. É uma mudança paradigma como foi a de
Galileu em que o planeta Terra deixou de ser o centro e viu o Sol como tal. Essa mudança de
paradigma é uma ampliação de consciência, uma ampliação da percepção: ver o homem inserido
num sistema muito maior, interagindo e ampliando a sua consciência.
A ampliação de consciência nas psicologias anteriores significa ver, perceber ou de alguma forma
assumir comportamentos, sentimentos, padrões de pensamentos e posicionamentos íntimos que
estavam produzindo conflitos no individuo. Essa consciência habilita ao homem a promover
mudanças nele para atingir uma situação mais confortável e socialmente mais adaptada.
Na psicologia transpessoal isso ainda continua valendo, só que o objetivo já não é a adaptação do
individuo à cultura da sociedade, e sim a integração do indivíduo numa realidade maior, numa
realidade social e ecológica. É o individuo fazendo parte e servindo a algo maior que ele. Para
produzir essa integração é necessário entender o que é a visão transpessoal do homem.
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11.0 – Visão Transpessoal do Homem
A psique humana impulsiona o individuo a vivenciar uma experiência. O sujeito sente desejos,
vontade de fazer algo na sua realidade, que inclui família, outros indivíduos, instituições e natureza
em que ele habita. O homem está inserido nesses sistemas que estão interligados entre si, e toda
ação que ele pratique tem seu reflexo nesses sistemas.
Dessa interação é que surgem os conflitos, da expressão não tão acertada do desejo do individuo no
sistema em que ele atua. Para esclarecer o que é um sistema consideremos o primeiro sistema em
que nascemos, ou seja, a família. Outro sistema é o bairro, a cidade, o estado, o pais em que
vivemos. E nesses locais fazemos parte de outros sistemas: instituições de ensino por onde
passamos, empresas nas quais trabalhamos, etc.
As psicologias anteriores ajudam ao individuo a adaptar seus desejos e vontades numa expressão
harmônica com esses sistemas através da ampliação de consciência, e pára por ai.
A Psicologia Transpessoal olha pro homem como um Ser integrado nos sistemas. Dos
conflitos vividos, da percepção da sua própria expressão e da reação do sistema surgem novas
formas de ação mais comprometidas com a realidade que o cerca, com os sistemas aos quais se
pertence. Nasce a consciência transpessoal, alem de sua pessoa.
Esta é a consciência de que seu desejo serve a um propósito maior, ao propósito do sistema
ao qual ele pertence. Transcende a percepção de sua atuação para um nível em que ele faz parte
de algo maior.
A evolução da consciência consiste na percepção de nossa inserção nos sistemas, das
conseqüências de nossas ações e do saber da expressão das vontades. Quando o individuo
progride, o sistema progride através dele. Quando o individuo se harmoniza na sua expressão, o
sistema se harmoniza.
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CAPÍTULO IV
Considerações Finais
12 - Uma experiência transpessoal pessoal...
A prática de servir ao desenvolvimento do outro cria um vínculo tão poderoso que, quando a pessoa
(paciente), atinge seus objetivos, é como se o próprio terapeuta (transpessoal), estivesse no “pódio”.
E de verdade está, pois o objetivo do terapeuta é assegurar que o paciente produza os resultados
desejados.
Na vida não somos treinados para escutar e sim para não dar ouvidos aos outros... Por isso, o
curador transpessoal tem por dever saber calar a sua pessoa, para ouvir a sua Alma e do seu
paciente; se não, também imerso em seus barulhos internos, ele vai ouvir seus próprios barulhos
projetados no outro que está diante de si.
Na maioria das vezes, visualizamos um propósito de vida poderoso à medida que realizamos
projetos intermediários, ou seja, entre aquilo que eu tenho como valioso para mim e aquilo que
atende exclusivamente aos desejos e necessidades dos outros. Esta é a própria dialética da
construção. Só que, para descobrir que eu queria de fato dedicar-me a transformação humana
(do outro), eu precisei transformar-me algumas vezes. Hoje entendo que sem conhecer o
caminho da transformação pessoal, fica difícil (se não impossível), facilitar a transformação
dos outros.
Percebo-me como uma pessoa privilegiada porque trabalho naquilo que gosto e que me estimula a
dar o meu melhor para as pessoas. A minha busca por novos e conhecimentos e técnicas é uma
forma de servir/retribuir tudo que tenho recebido das pessoas, pacientes, clientes, enfim... da vida!
13 - Contribuição da Psicologia Transpessoal para mim...
Tenho procurado aplicar nos meus atendimentos ou sessões, o método da Psicologia Transpessoal,
ou seja, uma abordagem intercultural, inter-religiosa e interdisciplinar.
As técnicas relacionadas ao Psicodrama, Arteterapia, 4 Elementos, Cone Hindu, Transpedagogia,
Relaxamento e Meditação, até então desconhecidas por mim, contribuiram muito no
aperfeiçoamento do meu trabalho.
A utilização de cada uma delas no momento e com o cliente/paciente apropriados, tem trazido
resultados muito positivos.
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CONCLUSÃO
14 - Conclusão
Você já notou que na história de praticamente todos os Grandes Homens e Mulheres ligados à
espiritualidade, nas mais diversas tradições da humanidade, sempre há uma narrativa sobre o
deserto e a montanha?
Eu, Você, Nós, precisamos de muita energia para atravessar “o deserto” e subir a “montanha”.
Há períodos de “aridez” e “escalada” na vida de todos nós. Para vencê-los, precisamos associar
energia física, mental e espiritual.
Todos os grandes atletas, artistas e gênios da humanidade, sempre foram unânimes em afirmar que
precisamos estar de “corpo e alma” naquilo que fazemos, para fazê-lo bem.
Tudo que existe precisa de nutrição para continuar a existir. Precisamos nutrir o corpo, a mente e a
alma, se quisermos possuir a energia necessária para vencer todos os obstáculos.
Desprezar as necessidades do corpo, cedo ou tarde, ele cobrará o seu preço. Um corpo sem
energia pode não impedir-nos de todas as nossas realizações, mas seguramente, tornará muito
mais difícil atingi-las.
Uma mente exaurida, desnutrida não consegue manter-se ativa e focada por muito tempo. E um
espírito afastado da luz, perde seu próprio brilho.
Lembre–se de alimentar seus três tipos básicos de existência: físico, mental e espiritual.
Cuidando do espírito
Nossa existência não possui apenas características passíveis de explicação somente pela ciência ou
pela lógica formal; independente de qualquer vinculação a essa ou aquela doutrina religiosa, as
repercussões da força espiritual, ético/moral do Homem, são inegáveis.
Observe o poder da oração e suas repercussões, e comprove por si mesmo, a fantástica
característica transcendente de sermos humanos, conectados à Fonte da Vida.
Amor, Entusiasmo, Coragem e Fé, são os verdadeiros remédios para a alma; nenhum mal pode
resistir à ação conjunta desses gigantes.
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Dedique mais tempo a cuidar da vida em seus três aspectos propostos. Se você acredita não
possuir tempo para todos, certamente não é problema de tempo, e sim de prioridade. Se ainda
assim você preferir se defender dizendo que lhe falta tempo para tudo, ao menos não se esqueça de
de um deles: o amor.
Em algum momento você precisará de muita energia para atravessar o deserto e subir a montanha.
Acredite, a travessia valerá a pena, e a escalada revelará cenários inesquecíveis e reflexões
fundamentais.
Lembre-se que: Seus filhos crescem, os amigos partem, o corpo envelhece, o sexo se modifica e a
oportunidade para amar, ainda que sempre exista, nunca contará com a mesma quantidade de
tempo disponível.
Então, para ser um Ser Integrado e Integral, precisamos cuidar de nós, sem esquecer o
nosso próximo.
E como podemos acabar com o nosso egocentrismo?
Mudando o foco do em mim, para o foco do em Deus, o EU SOU!
Ninguém. Nem mesmo Deus fez Deus. “Desde os dias mais antigos eu sou” (Bíblia Sagrada – Isaias
43:13). Por essa razão, temos Deus fazendo afirmações como “antes de Abraão nascer, Eu Sou!”
(Bíblia Sagrada – João 8: 58).
Deus nunca diz “eu fui”, porque ele ainda o é. Ele é – agora – nos dias de Abraão e até o final dos
tempos. Ele é eterno. Ele não vive momentos seqüenciais, dispostos em uma linha do tempo, um
seguido do outro. Seu mundo é um momento ou, melhor dizendo, sem momentos. Ele não vê a
história como uma progressão de séculos, mas como uma única fotografia. Ele captura sua vida, sua
vida inteira, em apenas um olhar. Ele vê seu nascimento e sua morte em uma moldura só. Ele
conhece seu começo e seu fim, porque ele não tem nenhum dos dois.
ELE permite que você sobressaia, para que você possa Fazê-lo ser percebido.
Pensemos agora no que havia em nossa percepção cinco minutos atrás. A maioria das sensações
fisicas mudou e, provavelmente a maior parte do ambiente também mudou. Mas algo não mudou.
Algo em você permanece agora sendo o mesmo que cinco minutos atrás. O que está presente agora
que esteve presente cinco minutos atrás?
O “Eu sou”. O sentimento-percepção do “Eu sou” continua presente. Eu sou essa percepção sempre
presente. Essa percepção está presente agora, esteve presente um instante, 1 minuto, 5 minutos, 5
horas, 5 anos, 5 séculos atrás.
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É uma percepção que está sempre presente, radiante, aberta, vazia, clara, ampla, transparente,
livre. Sempre se autoconhecendo, se auto-reconhecendo e se auto-avaliando.
Todos os meus pensamentos mudaram, todas as sensações do meu corpo mudaram, o ambiente ao
meu redor mudou, muitos objetos apareceram e desapareceram, tantos sentimentos vieram e se
foram, muitos pensamentos surgiram e foram embora, muitos dramas e terrores e amores e ódios
vieram, ficaram por um tempo e se foram. Mas uma coisa não veio nem foi embora. O que é essa
coisa? Essa percepção intemporal sempre presente do “Eu sou” .
Toda pessoa tem essa mesma percepção do “Eu sou” – porque ela não é um corpo, não é um
pensamento, não é um objeto, não é o ambiente circundante, não é nada que possa ser visto, mas é
antes Aquele que Vê, o Observador sempre presente, o Testemunho constante, aberto e vazio de
tudo que está surgindo em toda e qualquer pessoa, em qualquer mundo, lugar e tempo em todos os
mundos até o fim dos tempos...
E o que esteve presente 5 milenios atrás?
Antes de Abraão existir, EU SOU. Antes de o universo existir, EU SOU. Esta é a minha Face
original, a face que eu tinha antes de meus pais nascerem, a face que eu tinha antes de o universo
nascer, a Face que eu tive por toda eternidade...
Antes de Abraão existir, EU SOU.
EU SOU não é nada mais do que o Espírito na primeira pessoa, o Ser último, sublime e radiante
criador de tudo e de todo o Cosmos, presente em mim, em você, nele, nela e neles – como a
persepção sempre presente do “Eu Sou” que todo e cada um de nós sente.
Vida é tempo! Viva a vida na plenitude, viva com energia. Cuide do seu corpo, da sua mente e do
seu espírito!
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
14 - Referências Bibliográficas
ALVAREZ, Mani, Apostila a Evolução da Consciência na Civilização, Campinas, março/2011.
ALVAREZ, Mani, Apostila a Mitos e Arquétipos: Uma Introdução ao Pensamento de Jung,
Campinas, março/2011.
ALVAREZ, Mani, Apostila o Sistema Energético Humano e Novo Paradigma Holístico na Saúde.
Campinas, abril2011.
ALVAREZ, Mani, Apostila a Catografia da Consciência, Campinas, outubro/2011.
ARAÚJO, Ane, Coach um parceiro para seu sucesso, Ed. Gente, 1999.
GOLEMAN, Daniel, Espírito Criativo, Ed.Cultrix, São Paulo, 1999-2000.
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Abraham_Maslow
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http://www.watchtower.org/t/bh/article_07.htm
http://www2.uol.com.br/vyaestelar/atitudes_mente_corpo.htm
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