CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU Uma parceria entre o CLASI e a FAVI – Faculdade Vicentina de Curitiba Trabalho de Conclusão do Curso SER HUMANO: UM SER INTEGRADO E INTEGRAL SILVIA DE SOUZA Campinas - 2011 1 Ser Humano: Um Ser Integrado e Integral EU Corpo ”Quem olha para fora, sonha, e quem olha para dentro, acorda”. Jung REFLEXÃO “Servir é conhecer quem a outra pessoa é, e ser capaz de tolerar, dar passagem ao seu lixo. O que a maioria faz é deixar passar a qualidade da pessoa para lidar com o seu lixo. De fato, você deveria fazer exatamente ao contrário. Lidar com quem elas são, e deixar passar seu lixo. Interaja com elas como se fossem Deus. E, cada vez que você receber lixo delas, deixe o lixo passar e volte a interagir com elas como se fossem DEUS.” Werner Erhard 2 AGRADECIMENTO Uma das qualidades que muito aprecio nas pessoas, e particularmente nos clientes ou pacientes, é a gratidão. Agradecer com um coração verdadeiro fortalece o vinculo, uma vez que o que está por trás desta gratidão, é o comprometimento das partes envolvidas. Como pessoa e profissional, sou imensamente grata a todos os mestres, líderes que tive e ainda tenho na vida, e aos clientes e pacientes que confiaram e confiam em mim, contribuindo para o meu aperfeiçoamento dia a dia. Agradeço aos meus pais (in memoriam), pelo compromisso incansável que eles tiveram para comigo, e principalmente com o Meu compromisso como ser humano. Apesar de alguns percalços ao longo do curso, e que julgo ter sido todos eles para nossa evolução, quero agradecer de coração a toda equipe de apoio e coordenação, e em especial, à Mani, por esta possibilidade e oportunidade. Silvia de Souza 3 SUMÁRIO Contra capa..................................................................................................................................... 01 Reflexão........................................................................................................................................... 02 Agradecimento................................................................................................................................ 03 Sumário............................................................................................................................................ 04 Prefácio............................................................................................................................................ 05 Introdução........................................................................................................................................ 06 CAPÍTULO I - Ser Humano: Um Ser Integrado e Integral Corpo, Mente e Espírito: Uma trindade em evolução...................................................................... 07 O que é ser Integral?........................................................................................................................ 09 A evolução da consciência................................................................................................................10 Figura: O desenvolvimento psicológico e envolvimento................................................................. 14 CAPÍTULO II - Grandes Contribuições: FREUD – JUNG – MASLOW e KEN WILBER Freud e a Psicanálise....................................................................................................................... 15 Figura: Aparelho psíquico ou Estrutura psíquica............................................................................. 18 Jung e o Inconsciente Coletivo........................................................................................................ 19 Maslow e a “Pirâmide de Maslow”................................................................................................. 23 Ken Wilber e a Psicologia Integral ................................................................................................... 27 CAPÍTULO III - Psicologia Transpessoal: Uma nova abordagem 10.0 Equilibrando os aspectos intelectuais, emocionais, físicos, sociais e espirituais................11 Visão Transpessoal do Homem.......................................................................................... 32 CAPÍTULO IV - Considerações Finais 12.0 Uma experiência transpessoal pessoal............................................................................... 33 13.0 Contribuição da Psicologia Transpessoal para mim........................................................... 33 14.0 Conclusão............................................................................................................................ 34 15.0 Referências Bibliográficas.................................................................................................... 37 4 PREFÁCIO Sou assistente social e psicanalista, com atuação na área de RH há aproximadamente 20 anos, e, em consultório há aproximadamente 06 anos. Meu compromisso pessoal desde o início da minha carreira profissional tem sido o de apoiar/ajudar as pessoas a atingir seu maior poder de realização na vida: Acreditar Em Si Mesmas, que é o que eu também acredito! Sou grata a todas as pessoas que me ajudaram a elaborar e amadurecer minha visão profissional. Além disso, duas metodologias que contribuíram mais especificamente para a minha experiência como terapeuta: Capacitação em Hipnose e Hipnoterapia com ênfase nas Neurociências da Cognição e do Comportamento Humano, e, a Psicologia Transpessoal Integrativa e suas aplicações na Saúde e na Educação. Silvia de Souza 5 INTRODUÇÃO Este trabalho tem como finalidade atender as exigências curriculares do Centro Latino Americano de Saúde Integral e Faculdade Vicentina, para a obtenção da certificação do curso de Especialização: A Psicologia Transpessoal Integrativa e suas Aplicações na Saúde e na Educação. O TCC deve expressar também a experiência individual de autotransformação vivenciada durante todo o processo do curso, a partir das 04 dimensões da existência: 1.0 - O Saber Pensar 2.0 - O Saber Fazer 3.0 - O saber Conviver 4.0 - O saber Ser Quero ressaltar que o meu interesse pela Pós em Psicologia Transpessoal, se deu por três razões importantes: primeiramente por tratar-se do estudo da consciência, como instrumento divino que nos aproxima da Consciência Absoluta que é DEUS, em seguida por contribuir para a evolução e transformação interior do homem, como ser humano, e por fim, por poder utilizar o método como recurso de intervenção terapêutico/pedagógica. O tema por mim escolhido Ser Humano: Um Ser Integrado e Integral, objetiva mostrar a minha apreciação pela evolução contínua do homem, frente à vida. Silvia de Souza 6 CAPÍTULO I 1.0 – Corpo, Mente e Espírito: Uma trindade em evolução O que é Mente, Corpo e Espírito Corpo, vem do latim corpu, que significa a “estrutura física do homem ou do animal”, “tudo que tem extensão e forma”; “porção da matéria (definição química). Mente, vem do latim, que significa “faculdade de conhecer”, “inteligência”; é o estado da consciência ou subconsciência que possibilita a expressão da natureza humana. 'Mente' é um conceito bastante utilizado para descrever as funções superiores do cérebro humano relacionadas a cognição e comportamento. Espírito, do latim spiritu, que significa “Princípio animador que dá vida aos organismos físicos”; “sopro vital”; “alma”; “as faculdades mentais do homem em contraposição à sua parte física”; “Inteligência”. O princípio do Equilíbrio O princípio do Equilíbrio afirma que, onde quer que várias partes formem um todo (um sistema), devemos prestar atenção e nos dedicar a cada parte, sob pena de que tanto as partes não atendidas quanto o todo sofram ou tenham problemas por isso. Por exemplo, se você estuda e tem 7 disciplinas e não se dedica devidamente a todas, isto irá afetar as disciplinas negligenciadas e todo o curso que está fazendo. Se você tem 2 filhos e dá mais atenção a um, o outro sofrerá por isso, seja no futuro próximo ou no longo prazo, e a família pode ser afetada pelo problema. Ainda na família, há interesses que são de seus membros e outros da família em si. A tentativa de fazer prevalecer interesses individuais em detrimento dos familiares pode provocar desavenças e brigas. Se somente o interesse familiar predominar, os membros podem ser prejudicados. Entre marido e mulher, requerem equilíbrio fatores variados, como a distância (nem próximos nem distantes demais) e a possessividade. Como ser humano, você tem corpo, mente e espírito. No nível do Corpo: se você se dedicar muito ao corpo e ao espírito, esquecendo a mente, será forte, integrado e irá se dedicar a outras pessoas, mas com poucos conhecimentos e outros recursos racionais. Sua nutrição requer alimentos, ar e prazer (fique sem para ver). A alimentação por si requer variação para ser equilibrada. 7 Mesmo o desenvolvimento do corpo requer equilíbrio. Se você for para a academia e fizer peso para um só braço, ou desenvolver mais a parte muscular em detrimento da aeróbica podem imaginar o que vai acontecer. No estágio do Corpo, denominado pela realidade Física, há uma busca por impulsos visando a sobrevivência, sensações e prazeres. Neste estágio prevalece o lado egocêntrico do “Eu”. No nível mental, uma pessoa pode se desequilibrar dedicando mais atenção ao passado (lembranças boas ou ruins), e esquecer os planos. Pode ficar sonhando com o futuro ou preocupando-se com ele (ânsia por mudanças imediatas e necessidade de antecipá-lo para livrar-se de ter de enxergar e, mais ainda, experimentar as dores do passado), e esquecer sua experiência. Ou pode ainda planejar e lembrar-se, esquecendo-se de estar no presente e usufruir das coisas boas que conquistou. E as pessoas que parecem que tomam decisões baseadas somente em emoções? Ou aquelas que parecem que são lógica pura? Tem também aquelas que só agem por necessidade, quando é preciso, enquanto que outras sabem temperar devidamente o “tenho que”, com o “quero”. No estágio da Mente, denominado pela realidade Emocional/Racional, o indivíduo se expande para além do corpo e começa a compartilhar relações com muitos outros, com base talvez em valores comuns, interesses mútuos, ideais ou sonhos comuns. Como eu posso usar a minha mente para assumir o papel de outro – colocar-me em sua pele e sentir como é estar em seu lugar... Neste caso, a minha identidade passa do “Eu” para o “Nós”. No nível do Espírito: o corpo precisa do espírito assim como um rádio, para funcionar, precisa da eletricidade. Pense num rádio a pilha, por exemplo. Ao colocarmos pilhas nele e ligá-lo, a eletricidade armazenada nas pilhas dá vida ao rádio, por assim dizer. Sem as pilhas o rádio não funciona. O mesmo se dá com um rádio elétrico, quando desligado da tomada. De modo similar, o espírito é a força que dá vida ao nosso corpo. Quando os nossos três corpos inferiores (físico, emocional e mental), perdem o vinculo com o (espírito), eles se desintegram... No estágio do Espírito, o corpo, a mente, o todo, é denominado por uma força impessoal, porque assim como é a eletricidade, que não tem a capacidade de sentir ou de pensar, o espírito o é. Neste caso, sem Este espírito, ou Esta Força de Vida, o nosso corpo “expira”. “Se você fosse cego, surdo, mudo, sem nariz e com o tato insensível, ainda estaria vivo dentro de si mesmo”. Somos um espírito, que opera uma mente, que opera um cérebro, que opera um corpo. O desequilíbrio, como podemos ver, pode ocorrer em todos os níveis, do mais genérico ao mais específico, e, portanto pode parecer crítico lidar com eles, o que não é necessariamente complicado. 8 Por isso é importante estarmos em equilíbrio e evolução. Estar em equilíbrio e evolução, não é só cuidar do corpo físico... Muitas vezes resulta do cultivo e prática de certos valores, como cooperação, perdão e até hábitos perceptivos. É por isso que recebemos um ensinamento que tem o equilíbrio como eixo: “Amai ao próximo como a ti mesmo”. Na etiqueta chinesa, por exemplo, há uma tradição de cada um manter a xícara do outro cheia de chá. Isto faz com que as pessoas, além de praticar o cuidar, também treinem o hábito de olhar de vez em quando para o ambiente e para o outro, ao invés de manter a atenção exclusivamente em si. As pessoas precisam evoluir cuidando do seu corpo, da sua mente e do seu espírito, Qualquer fixação num dos níveis provoca desequilíbrio, infelicidade e doenças. Ocorre que por vezes o Mental (realidade Emocional/Racional), exige autoridade em tudo que diz. Logo, se instala um conflito, um barulho interno, que pode gerar a desintegração entre os corpos inferiores e conseqüentemente provocar doenças. Nesta realidade confusa e incompreendida, precisamos ouvir outra voz, a voz da nossa Alma... Para ouvir nossa Alma (Energia Divina, existência além da matéria,), temos de calar o barulho do medo em nossos três corpos inferiores e aprender a lei do silêncio. Do esvaziamento de nós mesmos, do ego, da pessoa. A idéia Zen da mente vazia, por exemplo, diz o professor Kenneth Kraft, estudioso budista da Universidade Lehigh, que a “Mente é símbolo do próprio universo; que na verdade, a mente do indivíduo e a mente do universo são consideradas como uma só coisa. Assim, quando esvaziamos nossa mente pessoal e menor,perdendo a arraigada autoconsciência, conseguimos mergulhar na mente universal, maior e mais criativa”. “A mente vazia não é a mente inconsciente; ao contrário, é uma percepção lúcida, durante a qual não se é perturbado pela costumeira tagarelice interior”. 2.0 - O que é ser Integral? Integral – esta palavra significa integrar, reconciliar, juntar as partes, unir, abarcar. Ela não tem o sentido de uniformidade, nem relações com a tentativa de eliminar todas as extraordinárias diferenças, a multiplicidade de cores dos diferentes matizes do arco-íris humano. Essa palavra remete à idéia de unidade na diversidade, de compartilhar atributos comuns e respeitar nossas incríveis diferenças. Buscar, não só na humanidade, mas no Kosmos como um todo, uma visão mais abrangente, uma Teoria de Tudo (T.T.), que garanta um espaço legítimo para a arte, para a moral, para a ciência e para a religião. 9 Uma conduta integralmente informada levará todas essas dimensões em consideração e, com isso, chegará a uma abordagem mais abrangente e eficiente. A questão é: será que é possível manter uma visão integral nos dias de hoje, dentro do clima de guerra cultural, de política da integridade, de um milhão de paradigmas conflitantes, do pósmodernismo descontrutivista, do relativismo pluralista e da política do eu? É possível que sim, só depende de “nós”. Uma prática de vida integral não dispensa conhecimentos, ideologias, sonhos, fé... Ao contrário, favorece o crescimento, o desenvolvimento na vida real, a transformação pessoal, mudança social, excelência nos negócios, consideração pelos outros ou simplesmente felicidade na vida. Como diz o mestre e doutor Taunay Daniel, “o conhecimento integral não invalida o conhecimento técnico... O conhecimento técnico não necessariamente transforma o conhecedor... O conhecimento Integral você esquece para transformar... Ele incorpora à pessoa e transforma... O conhecimento técnico é o que está fora, é igual ao TER... O conhecimento Integral é o que está dentro, é igual ao SER. Somos mais do que conhecimento técnico... Somos o que somos aqui e agora!” Talvez as massas estejam mais inclinadas à guerras tribal e à limpeza etnocêntricas; mas e se as próprias elites culturais tiverem essa mesma inclinação? Estamos falando, em outras palavras, sobre a ponta da lança da própria evolução da consciência, e se mesmo essa vanguarda estaria verdadeiramente pronta para uma visão integral. Consciência: um Instrumento divino que nos aproxima da Consciência Absoluta, que é DEUS. 3.0 – A evolução da consciência Mas o que é Consciência e como surgiu? Como surgiu? Esta é uma pergunta para qual não há uma resposta. Admite-se, há muitos séculos, que existe um certo nível de consciência em todas as formas vivas, desde os minerais, passando pelos vegetais e animais até se tornar uma consciência auto-reflexiva como no ser humano. Um grande filósofo grego disse que “a consciência dorme no mineral, sonha no vegetal, desperta no animal e se torna consciência de si mesma no homem”. A questão fica ainda mais complexa quando entendemos que, no ser humano, a consciência se desdobra em níveis ou estágios bem diferenciados, que podem ser subconscientes e supra conscientes. Numa era extremamente voltada ao materialismo e avessa a tudo que indique a presença da subjetividade humana, devemos a Freud a descoberta da existência de níveis mais 10 profundos e desconhecidos da mente, e que, não obstante, exercem enorme influencia em nosso modo de ser. Para a Neurociência, a Consciência faz parte do cérebro e que resulta da combinação dos milhões de neurônios que produzem efeitos eletroquímicos e que portanto a consciência é como algo que aparece quando o homem sente que ele um ser em si mesmo. Quando pode guiar a imaginação e conduzir a criatividade por meio dessa consciência. Quando compreende o que é a dor, o sofrimento, e também o prazer das outras pessoas. Sendo assim, consciência é fruto da necessidade básica de nos mantermos vivos; é aquele estado em que a pessoa está ciente de suas ações físicas e mentais. Para a Psicologia, a consciência em si refere-se à excitabilidade do sistema nervoso central aos estímulos externos e internos sob o ponto de vista quantitativo e, também, à capacidade de integração harmoniosa destes estímulos internos e externos, passados e presentes, sob o ponto de vista qualitativo. Para a Psicanálise, a consciência é o conjunto de mecanismos psíquicos que se opõem à expressão das pulsões primárias. A primeira forma de consciência passa pelas interdições parentais recalcadas pela criança e conseqüente formação do superego. A consciência reflete sempre a individualidade e unidade do ser humano e é obviamente lugar de todas as percepções, pensamentos e emoções do indivíduo. A cada conteúdo psíquico, a cada estado e processo psíquico, corresponde num momento um certo grau ou nível de consciência. Este nível de consciência pode modificar-se com o tempo, independentemente do conteúdo. Assim, reconhecemos modificações quantitativas da consciência. Quanto à qualidade das vivências conscientes, embora sejam suscetíveis de transformação ilimitada, estão associadas às propriedades e capacidades individuais. Para a Psicologia Transpessoal, a consciência não é igual ao ego. Pelo contrário possui um estatuto mais abrangente, e representa um saber Absoluto, o Todo, e quando se individualiza, tornase um saber que vai se sabendo, uma auto percepção que vai se constituindo e se alargando, como uma luz que vai abargando cada vez mais um espaço maior na escuridão do não-saber. É oportuno considerar aqui, um conceito importantíssimo que a psicologia Transpessoal herdou de Jung, A INDIVIDUAÇÃO, que implica na idéia de uma continuidade progressiva da consciência em direção a um estado de plenitude ao qual ele chamou de Self. Esse movimento dinâmico da consciência foi chamado por Jung de “processo de individuação”, e significa um caminhar universal, autônomo, inconsciente, em busca do equilíbrio dos conteúdos psíquicos conscientes e inconscientes, das dualidades, dos princípios feminino e masculino, de luz e sombra. 11 Desse modo, a individuação leva a personalidade, gradualmente, de um estado inicial de indiferenciação originária a uma diferenciação crescente, até chegar à supremacia do ego, e daí começa a sutilização crescente de um estado de unidade com o todo, até chegar no Self. Mas afinal, quem somos? De onde vivemos? Para onde vamos? Porque o mundo existe? Qual o sentido da existência? Essas perguntas existem desde a infância da humanidade e as respostas que foram dadas, constituem o núcleo das grandes tradições espirituais do planeta, sabedoria tradicional que já foi desprezada em nome da ciência, mas agora vem recebendo notáveis confirmações por parte da moderna pesquisa cientifica da consciência. Estamos vivendo um momento de crise social e planetária como nunca aconteceu antes na história. O nível de desequilíbrio físico, moral e social atingiu um grau de ameaça tamanho, que não só a vida humana está em perigo, como a do próprio planeta. Por muito tempo se acreditou que o máximo que podíamos chegar em termos de evolução, era conquistar um diploma universitário, ter uma família bem sucedida, um cargo de chefia ou uma posição de destaque na sociedade. Esse ideal de evolução já não satisfaz mais algumas mentes mais exigentes, que acreditam que para além dessas metas culturais, existem outras que nascem do interior e apontam para um desenvolvimento do Ser, e não da pessoa (persona, ego). Algo nessas mentes, busca ir além daquilo que lhes foi ensinado como sendo a vida. Buscam algo que dê sentido ao viver. Não se contentam com o modelo de consumo, sucesso e status que é vendido como sendo aquilo que precisamos para ser felizes. Este novo cenário está diretamente relacionado com uma visão integral, isto é, temos em nós matéria, corpo, mente, alma e espírito, e com o modo como ela será recebida no mundo de hoje. Existem centenas de diferentes pesquisadores tratando do crescimento e desenvolvimento da mente – o estudo do desenvolvimento interior e da evolução da consciência. É claro que existem muitos desacordos e detalhes conflitantes, mas todos, em geral, contam uma história parecida do crescimento e do desenvolvimento da mente como uma série de estágios ou ondas que se desdobram. Uma coisa interessante com respeito aos estados de consciência é que, assim como vêm, eles vão embora. Até mesmo experiências de pico ou estados alterados de consciência, por mais profundos que sejam, surgem permanecem por um instante e desaparecem. Por mais maravilhosas que sejam suas capacidades, elas são temporárias. Não obstante, ainda que os estados de consciência sejam temporários, os estágios de consciência são permanentes. Os estágios representam as conquistas efetivas alcançadas em termos de crescimento e desenvolvimento. Uma vez que você tenha alcançado um estágio, ele se torna uma 12 aquisição permanente... Uma vez que tenha atingido um estágio estável de crescimento e desenvolvimento, você terá acesso às capacidades desse estágio – como uma consciência maior, amor mais abrangente, mais responsabilidade ética, mais inteligência e percepção – em praticamente qualquer hora que desejar. Estados passageiros tornam-se características permanentes. Quantos estágios de desenvolvimento existem? Existem modos infinitos de fatiar e mensurar o desenvolvimento e, portanto existem modos infinitos de conceber os estágios, segundo Ken Wilber. De acordo com o sistema do chakras da filosofia do yoga, por exemplo, existem sete principais estágios ou níveis de consciência. Para o célebre antropólogo Jean Gebser, existem cinco estágios: arcaico, mágico, mítico, racional e integral. Eu em particular, gosto de um exemplo bem simples e eficaz colocado por Ken Wilber, que envolve três níveis ou estágios: Egocêntrico, etnocêntrico e mundicêntrico. Se tomarmos o desenvolvimento moral, por exemplo, constatamos que, ao nascer, a criança ainda não foi socializada nos valores éticos e convenções da cultura; esse estágio é chamado de estágio pré-convencional. É também chamado de egocêntrico, porque a percepção do bebê está em grande parte voltada para si mesmo, portanto centrada no “eu”. Mas assim que a criança começa a assimilar as regras e normas de sua cultura, ele vai entrando no estágio convencional da moralidade. Esse estágio é também chamado de etnocêntrico (tradicional ou conformista), uma vez que está centrado no grupo, tribo, clã, ou nação em que a criança está inserida e tende, portanto, a excluir os que não pertencem a esse grupo. Mas no importante estágio seguinte de desenvolvimento moral, o estágio pós-convencional, a identidade da criança volta a se expandir, dessa vez para incluir a consideração e a preocupação com todas as pessoas, independentemente de sua raça, cor, sexo ou credo, motivo pelo qual esse estágio é também é chamado de mundicêntrico. Aqui a identidade pessoal se expande novamente, só que dessa vez, do “nós” para o “todos nós” ou todos os seres humanos. E se o desenvolvimento prosseguir, o próximo estágio será o do desenvolvimento moral, ao qual Carol Gilligan chama de integrado, e depois... Transformar-se não é negar as experiências e os conhecimentos anteriores, e sim aplicá-los cada vez melhor. É mudar de atitude, e, isso começa em cada pessoa, para que seja realidade no grupo, na empresa e no país. 13 4.0 – Figura: O Desenvolvimento psicológico e envolvimento Corpo = Eu = Egocêntrico Mente = Nós = Etnocêntrico e Espírito = Todos nós = Mundicêntrico. 14 CAPÍTULO II Grandes Contribuições: FREUD – JUNG – MASLOW e KEN WILBER 5.0 – Freud e a Psicanálise Sigmund Schlomo Freud: austríaco, formado em medicina e especializado em tratamentos para doentes mentais, foi o pai da psicanálise. ID, EGO e SUPEREGO: uma topografia hipotética do aparelho psíquico. Freud criou o termo "psicanálise" para designar um método para investigar os processos inconscientes e de outro modo inacessíveis do psiquismo. A psicanálise, apesar de ter surgido apenas como um método de tratamento das neuroses, se configurou posteriormente em uma teoria geral da mente, uma terapia para os problemas anímicos, um instrumento de investigação e uma profissão. Trata-se de um complexo fenômeno intelectual, médico e sociológico. (WARD, ZÁRATE, 2002). Como um teoria da mente humana, ela fornece uma topografia hipotética do aparelho psíquico dividido em três sistemas, a saber: inconsciente, pré-consciente e consciente. Mas como afirma Tallaferro (1996), eles não devem ser concebidos como estruturas rígidas e delimitados em três planos distintos. Antes, devem ser considerados como forças, como investimentos energéticos que se deslocam de certa forma, que têm um tipo de vibração específico. 15 Dentro desses campos ou “regiões”, encontram-se as três instâncias chamadas id, ego e superego. O ID é a instância psíquica mais arcaica e se encontra totalmente no inconsciente. É onde se localizam as pulsões, e tem conexão íntima com o biológico. (TALLAFERRO, 1996). Segundo Mednicoff (2008), “o id está voltado a satisfazer nossas necessidades básicas desde o começo da vida. A atividade dele consiste em impulsos que buscam o prazer. Ele procura adquirir gratificação imediata e não suporta frustração. É aquele nosso lado instintivo que não mede as conseqüências dos atos para se satisfazer.” Já o EGO, assim como o superego, é formado a partir do id. Segundo Tallaferro (1996), o ego nada mais é, para Freud, “do que uma parte do id modificado pelo impacto ou a alteração das pulsões internas e dos estímulos externos”. De acordo com Mednicoff (2008), para compreender a formação do ego a partir do id devemos observar a vida dos bebês. Quando estão com fome, sujos ou com alguma necessidade, eles choram e quase que imediatamente seus cuidadores atendem aos seus pedidos. Mas à medida que crescem, percebem que nem sempre podem conseguir tudo o que desejam, e dessa forma precisam se adaptar às exigências e condições impostas pelo meio em que vivem. Isso mostra que enquanto o id é regido pelo chamado “princípio de prazer” (satisfação imediata, sem pensar nas conseqüências), o ego é regido pelo “princípio de realidade” (o que é possível alcançar em determinada situação, como alcançar, quais as conseqüências, etc.). O ego tem como principal papel, portanto, “coordenar funções e impulsos internos, e fazer com que os mesmos possam expressar-se no mundo exterior sem conflitos.” (TALLAFERRO, 1996). O SUPEREGO, por sua vez, começa a se formar à medida que a criança percebe que existem normas, regras e padrões morais que ela ouve tanto dos pais quanto da sociedade. Ela começa a ser ensinada sobre o que é feio, o que é vergonhoso, etc., e acaba incorporando essas crenças à estrutura psíquica, dando forma, assim, ao superego. (MEDNICOFF, 2008). Segundo Tallaferro (1996), ele é aquilo a que normalmente damos o nome de “consciência” ou “voz da consciência”. O superego, da mesma forma que nossos pais faziam, nos observa, guia e ameaça, sendo formado pela introjeção do pai repressor. Ainda de acordo com Tallaferro (1996), seu mecanismo de formação pode ser explicado pelo fato de que, com a incorporação do pai no ego, o filho introjeta a atitude “má” daquele com o intuito de conservar o pai “bom” no mundo exterior. Isso é, o filho abstrai a parte “má” do pai, a introjeta em sua consciência para manter o pai “bom” disponível no mundo real. Assim ele escapa do perigo do pai “mau” e obtém, ao mesmo tempo, a proteção representada pela imagem paterna “boa”. O superego é o responsável por nos infligir aquilo que denominamos “remorso” ou “peso na consciência”. É por essa razão que verificamos que pessoas que tiveram pais muito rígidos também são muito rígidas consigo próprias, mesmo que não percebam isso. Essas instâncias psíquicas (id, ego e superego) não ficam, cada uma, localizadas especificamente dentro ou do inconsciente, ou do pré-consciente ou do consciente. O ego, por exemplo, se localiza dentro dessas três regiões, assim como o superego. São campos de limites imprecisos, dentro dos quais essas instâncias adquirem características próprias desse nível da atividade psíquica. 16 (TALLAFERRO, 1996). E é dentro desse aparato, dessa topografia hipotética do aparelho psíquico, que se dá lugar toda a dinâmica do psiquismo. Sigmund Schlomo Freud (que em 1877 abreviou seu nome para Sigmund Freud), morreu em 23 de setembro de 1939, aos 83 anos. 6.0 – Figura: Aparelho psíquico ou Estrutura psíquica (Aparelho) ESTRUTURA PSÍQUICA SUPEREGO CONSCIENTE V A T O P V A L O R E S Moral Consciente O EGO recebe estímulos através dos 5 sentidos INCONSCIENTE Censura Tu Moral Inconsciente Mudinho Contra - investe Investe EGO Ao agir, o EGO consulta os valores do indivídu o! EU Busca a adequação da Psiquê à realidade do meio • ambiente, aos padrões sociais, morais, educacionais , etc. ID É uma voz que te acusa, cobra e provoca Culpa. Não acusa diretamente, mas produz Distonias Emocionais, como: insônia, taquicardia, falta de ar, dor de cabeça, nos ombros e costas, fobia, pânico, etc... RECALQUE Complexo de: * Mágoas * Culpas * Sentimento de Inferioridade Tendências * Etc... INSTINTO Fonte dos impulsos que influencia m o ego a agir na busca do prazer. Empática “Nós” Egocêntrica “Eu” Modelo criado por: Wilson Pedreira de Cerqueira – psicanalista e elaborado por Silvia de Souza 17 7.0 – Jung e o Inconsciente Coletivo Carl Gustav Jung: foi um psiquiatra suíço e fundador da psicologia analítica, também conhecida como psicologia junguiana. Os assuntos com que Jung ocupouse surgiram em parte do fundo pessoal que é vividamente descrito em sua autobiografia, "Memórias, Sonhos, Reflexões" (1961). Ao longo de sua vida Jung experimentou sonhos periódicos e visões com notáveis características mitológicas e religiosas, os quais despertaram o interesse por mitos, sonhos e a psicologia da religião. Ao lado destas experiências, certos fenômenos parapsicológicos emergiam, sempre para lhe redobrar o espanto e o questionamento. Por muitos anos Jung sentiu possuir duas personalidades separadas: um ego público, exterior, que era envolvido com o mundo familiar, e um eu interno, secreto, que tinha uma proximidade especial para com Deus. Ele reconhecia ter herdado isso de sua mãe, que tinha a notável capacidade de "ver homens e coisas tais como são". A interação entre esses egos foi o tema central da sua vida pessoal e contribuiu mais tarde para a sua ênfase no esforço do indivíduo para integração e inteireza. O pai, um reverendo, já deixou-lhe como herança uma fé cega que se mantinha a muito custo com o sacrifício da compreensão. A tarefa do filho seria responder a ele com uma fé renovada, baseada justamente no conhecimento tão rejeitado. Além disso, Jung viria a usar as escrituras como referência para a experiência interior de Deus, não como dogmas estáticos à espera de devoção muda, castradores do desenvolvimento pessoal. Ele lamentava que à religião faltasse o empirismo, que alimentaria a sede da personalidade: n.º 1, É que às ciências naturais, que também tanto o fascinavam devido ao envolvimento com a realidade concreta, faltasse o significado, que saciaria a personalidade. 18 n.º 2. Os dois aspectos, religião e ciência, não se tocavam, daí sua constante insatisfação, devido ao desencontro das duas instâncias interiores. E foi dessa tentativa de saciar tanto um aspecto quanto ao outro, de fazer justiça ao ser como um todo, que decidiu formar-se em psiquiatria: "Lá estava o campo comum da experiência dos dados biológicos e dados espirituais, que até então eu buscara inutilmente. Tratava-se, enfim, do lugar em que o encontro da natureza e do espírito se torna realidade". Ao longo da sua juventude interessou-se por filosofia e por literatura, especialmente pelas obras de Pitágoras, Empédocles, Heráclito, Platão, Kant e Goethe. Uma das suas maiores revelações seria a obra de Schopenhauer. Jung concordava com o irracionalismo que este autor concedia à natureza humana, embora discordasse das soluções por ele apresentadas. Já estudante de medicina, decide dedicar-se à, então obscura, especialidade de psiquiatria, após a leitura ocasional de um livro do psiquiatra Krafft-Ebing. Em 1900, Jung tornou-se interno na Clínica Psiquiátrica Burgholzli, em Zurique, então dirigida pelo psiquiatra Eugen Bleuler, famoso pela sua concepção de esquizofrenia. Seguindo o seu treino prático na clínica, ele conduziu estudos com a associação de palavras. Já nessa época Jung propunha uma atitude humanista frente aos pacientes. O médico deveria "propor perguntas que digam respeito ao homem em sua totalidade e não limitar-se apenas aos sintomas". Desde cedo ele já adiantava a ideia do que hoje está ganhando força em todos os campos com o nome de "Holismo", o ponto de vista do homem integral. A seus olhos "diante do paciente só existe a compreensão individual". Por isso evitava generalizar um método, uma panaceia para um determinado tipo de anomalia psíquica. Cada encontro é único e, sendo assim, não pode incorrer em qualquer tipo de padronização. Anterior mesmo ao período em que estavam juntos (Freud e Jung), Jung começou a desenvolver um sistema teórico que chamou, originalmente, de "Psicologia dos Complexos", mais tarde chamando-o de "Psicologia Analítica", como resultado direto de seu contato prático com seus pacientes. O conceito de inconsciente já está bem sedimentado na sólida base psiquiátrica de Jung antes de seu contato pessoal com Freud, mas foi com Freud, real formulador do conceito em termos clínicos, que Jung pôde se basear para aprofundar seus próprios estudos. O contato entre os dois homens foi extremamente rico para ambos, durante o período de parceria entre eles. Aliás, foi Jung quem cunhou o termo e a noção básica de "complexo", que foi adotado por Freud. Utilizando-se do conceito de "complexos" e do estudo dos sonhos e de desenhos, Jung passou a se dedicar profundamente aos meios pelos quais se expressa o inconsciente. Em sua teoria, enquanto o inconsciente pessoal consiste fundamentalmente de material reprimido e de complexos, o inconsciente coletivo é composto fundamentalmente de uma tendência para sensibilizar-se com certas imagens, ou melhor, símbolos que constelam sentimentos profundos de apelo universal, os arquétipos: da mesma forma que animais e homens parecem possuir atitudes inatas, chamadas de instintos ("fato" este negado por correntes de ciências humanas, como por exemplo em antropologia 19 o culturalismo de Franz Boas ), também é provável que em nosso psiquismo exista um material psíquico com alguma analogia com os instintos. Jung descobriu que todos nós carregamos uma herança psiquica tanto quanto genética. Ele define o inconsciente coletivo como essa parte da pisiquê, que deve sua existência exclusivamente à heridetariedade, e não a experiencias pessoais da história do indivíduo. Sua observação desse fenômeno se deve a sua pesquisa e estudos com o material dos sonhos de seus pacientes e de si próprio, bem como dos motivos relogioso, míticos e simbólicos da cultura. Desse modo, Jung diferencia-se radicalmente de Freud, que via o incosciente como um aspécto do psiquismo formado unicmente por conteúdos relacionados com a história individual, sendo o resultado dos recalques e pulsões reprimidas na primeira infância e constituindo o núcleo dos complexos. Para Jung, o consciente e o inconsciente são elementos de igual importância, mas o consciente é “descendente, nascido da psiquê incosciente”, o que significa que, primeiramente, há um “eu” em estado de incosciencia e indiferenciação, e desse estado começa a se formar um “ego”, constituido pelas identificações, projeções e auto-imagens, e que irá fazer parte da consciencia. Jung construiu sua própria casa de campo em Bollingen, para local de meditação. O trabalho teve início em 1923 terminando em 1955. Nenhum pedreiro foi chamado. Alguns parentes o ajudaram no início, mas assim que a obra foi se tornando mais transparente ele não pediu mais ajuda a ninguém. A famosa torre da construção foi inspirada na arquitetura africana, continente que conheceu em 1920. Para ele a casa era “a representação em pedra dos meus mais íntimos pensamentos e dos conhecimentos que adquiri”. Está aí o processo de individuação. Não havia luz ou água encanada. O fogão era à lenha e só havia uma única e encardida panela de ferro para fazer toda a comida. E Jung era conhecido como um grande cozinheiro. Para Jung a religião era um fenômeno genuíno, uma função psíquica natural com múltiplas manifestações e sua importância no funcionamento da psique. Freud dizia que a religião era um derivado do complexo paterno e uma das sublimações do instinto sexual. Jung escreveu: “Entre todos os meus doentes, na segunda metade de suas vidas, isto é, com mais de 35 anos, não houve um só cujo problema mais profundo não fosse a questão religiosa. Todos, em última instância, estavam doentes por ter perdido aquilo que uma religião viva sempre deu em todos os tempos a seus adeptos, e nenhum curou-se realmente sem recorrer a atitude religiosa que lhe fosse própria”. Sobre Deus: “Como cheguei a minha certeza sobre Deus? (…) Não se trata de uma idéia, de algo que fosse fruto de minhas reflexões. (…) Por que certos filósofos pretendiam que Deus fosse uma idéia? É perfeitamente evidente que Ele existe. (…) Para mim Deus era uma experiência imediata das mais certas”. Em uma entrevista para a BBC de Londres às vésperas de completar 80 anos declarou: “Não necessito crer em Deus. Eu sei”. 20 Últimos dias: Carl Gustav Jung faleceu em 6 de junho de 1961, aos 86 anos, em sua casa, margens do lago de Zurique, em Küsnacht após uma longa vida produtiva, que marcou - e tudo leva a crer que ainda marcará mais - a Antropologia, a Sociologia e a Psicologia, e também, em outros campos como a Arte, a Literatura e a Mitologia. Na casa em Küsnacht, onde morou de 1909 até o fim da vida, está gravado em pedra no alto da porta o oráculo de Delfos: Invocado ou não, Deus está sempre presente. 8.0 – Maslow e a “Pirâmide de Maslow” Abraham Maslow: foi um Psicólogo norte-americano, criador da hierarquia de necessidades, conhecida como a “Pirâmide de Maslow”. Uma das muitas coisas interessantes que Maslow descobriu quando pesquisava o comportamento de macacos, logo no início de sua carreira, é que algumas necessidades têm mais prioridade que outras. Por exemplo, se você sente fome e sede, a tendência é tentar resolver a sede primeiro. Afinal, você pode ficar sem comida por semanas, mas apenas sobreviverá por alguns dias se não beber água. Por isso, a sede é uma necessidade “mais forte” que a fome. Do mesmo modo, se você está com muita sede e alguém impede você de respirar, o que é mais importante? A necessidade de respirar é claro. Por outro lado, sexo é a necessidade mais fraca de todas essas. Afinal, você não vai morrer se ficar sem fazer sexo. 21 Na psicologia, defendeu a idéia de que as necessidades fisiológicas devem ser saciadas para que posteriormente sejam saciadas as necessidades de segurança, e na ordem as sociais, de autoestima e a auto-realização, etapa final da felicidade do ser humano. Maslow foi um pensador surpreendentemente original, pois a maioria dos psicólogos antes dele estava mais preocupada com a doença e com a anormalidade. Maslow queria saber o que constituía a saúde mental positiva. A psicologia humanista, corrente impulsionada por ele, deu origem a diversas diferentes formas de psicoterapia, todas guiadas pela idéia de que as pessoas possuem todos os recursos internos necessários ao crescimento e à cura e o objetivo da terapia é remover os obstáculos para que o indivíduo consiga isso. A mais famosa dessas técnicas foi a terapia centrada na pessoa, desenvolvida por Carl Rogers. Maslow foi também um dos grandes impulsionadores do movimento transpessoal em psicologia. O modelo de hierarquia de necessidades foi desenvolvido entre 1943 e 1954, e sua primeira publicação extensiva ocorreu em 1954, no livro Motivação e Personalidade. Nessa época, o modelo de hierarquia de necessidades era composto de cinco níveis, esses que apresentamos aqui. Mais tarde, em seu livro Introdução à Psicologia do Ser (1962), que acabou por se tornar o mais popular, Maslow já apresentava uma noção mais ampliada das necessidades humanas e já incorporava elementos do que seriam a semente do pensamento transpessoal em Maslow, em especial a noção de transcendência. Estudiosos da obra de Maslow posteriormente refizeram a clássica pirâmide, que passou então a ter oito camadas: 22 Pirâmide de Necessidades de Maslow - 8 níveis No fim de sua vida, Maslow inaugurou o que ele chamou de Quarta Força em psicologia. O behaviorismo era a primeira força; A psicanálise freudiana e demais “psicologias profundas” constituíam a segunda; sua própria Psicologia Humanista, incluindo os existencialistas europeus era a terceira força. A Quarta Força é representada pela Psicologia Transpessoal que, buscando inspiração nas filosofias orientais, pesquisa assuntos como meditação, níveis superiores de consciência, e mesmo fenômenos parapsicológicos. Talvez o psicólogo transpessoal mais conhecido atualmente seja Ken Wilber, autor de livros como O Projeto Atman e Uma Breve História de Tudo. Maslow depositava uma esperança otimista nessa nova corrente da psicologia. Vejamos suas próprias palavras, no Prefácio à segunda edição de “Introdução à Psicologia do Ser”: “Considero a Psicologia Humanista, ou Terceira Força em Psicologia, apenas transitória, uma preparação para uma Quarta Psicologia ainda “mais elevada”, transpessoal, trans-humana, centrada mais no cosmo do que nas necessidades e interesses humanos, indo além do humanismo, da identidade, da individuação e quejandos. [...] Esses novos avanços podem muito bem oferecer uma satisfação tangível, usável e efetiva do “idealismo frustrado” de muita gente entregue a um profundo desespero, especialmente os jovens. Essas Psicologias comportam a promessa de desenvolvimento de uma filosofia de vida, de um substituto da religião, de um sistema de valores e de um programa de vida cuja falta essas pessoas estão sentindo. Sem o transcendente e o transpessoal ficamos doentes, violentos e niilistas, ou então vazios de esperança e apáticos. Necessitamos de algo “maior do que somos”, que seja respeitado por nós próprios e a que nos entreguemos num novo sentido, naturalista, empírico, não-eclesiástico [...]’. 23 Maslow não chegou a ver fundado a Associação de Psicologia Transpessoal (Association for Transpersonal Psychology), o que só ocorreu em 1972, dois anos após sua morte. Pensamentos de Maslow “Não acredito que a ciência mecanicista (que na psicologia corresponde ao behaviorismo) esteja incorreta, mas apenas que seja estreita e limitada demais para que sirva como uma filosofia geral ou abrangente.” — A. H. Maslow, Psychology of Science: A Reconnaissance “Se você planeja ser qualquer coisa menos do que aquilo que você é capaz, provavelmente você será infeliz todos os dias de sua vida.” — A. H. Maslow “Fui um garoto tremendamente infeliz… Minha família era miserável e minha mãe era uma criatura horrível… Cresci dentro de bibliotecas e sem amigos… Com a infância que tive, é de se surpreender que eu não tenha me tornado um psicótico”. (Maslow apud Hoffman, 1999, p. 1) Abraham Maslow faleceu em 8 de junho de 1970, aos 62 anos, de ataque cardíaco - após anos de problemas de saúde. Ele passou os anos finais de sua vida em semi-reclusão na Califórnia até 08 de junho de 1970, quando morreu de ataque cardíaco. 9.0 – KEN WILBER e a Psicologia Integral Ken Wilber: (Kenneth Earl Wilber Jr.), nascido em 31 de Janeiro de 1949, Oklahoma City (EUA), é um famoso pensador e criador da Psicologia Integral, e de forma mais geral do Movimento Integral. Sua obra concentra-se basicamente na integração de todas as áreas do conhecimento (ciência, auto-ajuda, arte, ética e espiritualidade). A preocupação em unir ciência e religião apoia-se em sua própria experiência e na de diversos místicos de algumas das grandes tradições de sabedoria, tanto ocidentais quanto orientais; aliado à sua releitura transpessoal da psicologia analítica de Carl Gustav Jung. 24 Mesmo sendo considerado um fundador da escola da Psicologia Transpessoal, desde então ele se dissociou dela. Em 1998 Wilber fundou o Instituto Integral (Integral Institute), organização que reúne os inúmeros pensamentos nas questões sobre a ciência e a sociedade de maneira integral. Ele tem sido pioneiro no desenvolvimento da Psicologia Integral, da Política Integral - e, mais recentemente, de uma nova Espiritualidade Integral. Em seus novos trabalhos, Wilber dedica-se à prospecção de uma "Teoria de Tudo", um metamodelo do conhecimento já produzido que possa unificar e estruturar a visão do que chama de Kosmos: físico, vida, mente, alma e espírito. Em "Uma Teoria de Tudo" (A Theory of Everything), texto introdutório ao paradigma integral, Wilber sintetiza suas teorias e ferramentas, e propõe uma visão integral - e unificável - para os negócios, a política, a ciência e a espiritualidade. Em "Espiritualidade Integral", Wilber expande sua visão Integral para formular uma nova teoria para a espiritualidade, propondo um papel inovador para a religião, transcendência e sua aplicação no cotidiano. Seguindo a tradição de muitos escritores de auto ajuda, Ken Wilber possui também uma obra de ficção (Boomerite: Um Romance que deixará você livre), onde seus questionamentos e conceitos podem ser absorvidos didaticamente ao serem retratados no cotidiano de um homem de seu tempo. Ken Wilber: 1ª entrevista brasileira (por Felipe Cherubin - em 29/08/2010 | Cultura, Entrevistas e perfis) Sobre psicologia transpessoal Quando eu comecei a escrever, era comum dizer que haviam quatro escolas de psicologia: psicanalítica, behaviorista, humanista e a transpessoal. Eu comecei escrevendo como psicólogo transpessoal, mas ao longo de dez anos eu pude constatar que a psicologia transpessoal apresentava muitas deficiências, não abria espaço para incluir muitas das verdades importantes das outras escolas. Então eu formalmente me distanciei da psicologia transpessoal e passei a chamar aquilo que estava fazendo de psicologia integral. Naquela época, nos Estados Unidos, entre um terço e talvez a metade dos psicólogos transpessoais vieram a mim e passaram a se identificar como psicólogos integrais. O termo integral foi selecionado para tentar dar uma indicação de que incluíamos todas aquelas escolas de psicologia na tentativa de desenvolver modelos mais abrangentes. Sobre um livro chamado “Uma Teoria de Tudo O título foi uma brincadeira que fiz. A razão porque escolhi esse título é que, de fato, no mundo da física existe uma busca daquilo que se convencionou chamar “Uma Teoria de Tudo”. O que eu quis fazer foi dizer: 25 Espere um pouco, o que vocês estão chamando de “tudo” na realidade engloba uma parte muito pequena do mundo. Ao chamá-la de tudo e ao dizer que vocês têm uma teoria para tudo, vocês estão sendo incrivelmente reducionistas, ligando-se a um materialismo incrivelmente limitado onde não há espaço para o mundo interior: a consciência, as emoções, os valores, o bem e a beleza. Vocês reduzem o mundo a quatro forças – força nuclear forte, força nuclear fraca, força eletromagnética e força gravitacional –, alegam que essas são as únicas forças que existem na natureza e assim, na teoria de tudo, vocês mostram apenas como essas forças interagem. Bem, não resta dúvida de que seria uma descoberta importante se, de fato, fosse possível criar um único modelo físico que englobasse toda a realidade do mundo em que vivemos. Contudo, eu dei esse título para caçoar dessa noção de que você pode reduzir tudo a um punhado de partículas. Uma outra razão porque eu usei esse título foi porque, se você quer uma teoria que vai falar sobre tudo, então eu ofereço um modelo que, pelo menos, engloba muito mais aspectos da realidade. Este meu livro foi, portanto, uma maneira de chamar a atenção para o fato de que a busca desse tipo de materialismo científico é, na realidade, uma filosofia muito pobre. Um alerta para que as pessoas tenham cuidado com esse reducionismo simplista. Sobre religião, ciência e espiritualidade Eles são claramente três das mais importantes disciplinas que os seres humanos abraçam e são variações do Bem, da Verdade e da Beleza (ou Moral, Ciência e Arte). A ciência, naturalmente, é muito importante por causa dos insights e a verdade que ela propicia nas dimensões objetiva e intersubjetiva. As ciências trouxeram uma contribuição enorme ao mundo moderno e pós-moderno nos dando de tudo, desde a cura de doenças até nos colocar na Lua. É claramente uma parte importante do esforço humano no mundo. Já a espiritualidade e a religião são interessantes porque ambas estão se tornando cada vez mais separadas. É comum para as pessoas nos Estados Unidos dizerem que “São espirituais, mas não religiosas”, ou seja, elas estão separando ambas, elas se identificam com o espiritual mas não com a religião, existe algo sobre a religião que eles não apreciam e existe algo na espiritualidade que eles gostam e esta é a razão deles se definirem daquela forma. A espiritualidade significa uma consciência mística de uma experiência imediata, que passa diretamente por alguma forma de experiência que não pode ser descrita como parte de alguma mitologia ou dogma, mas pura e simplesmente uma experiência imediata. A religião para essas pessoas significa as formas institucionais de religião e seus mitos, crenças e dogmas; e elas não se sentem mais confortáveis com esse tipo de religião mas se sentem confortáveis com aquilo que eles denominam de espiritualidade, que consiste em não acreditar em dogmas e sim em um processo que emerge na consciência pessoal. 26 Claramente ambas existem e são importantes para os seres humanos. Provavelmente cerca de 60% da população mundial freqüenta algum tipo de religião institucional, seja ela islamismo, judaísmo, cristianismo, budismo ou hinduísmo, eles acreditam em seus fundamentos, sendo muito importante o significado de tudo isso em suas vidas. Essas questões são centralmente importantes para a condição humana e , assim, continuo a escrever sobre ciência, espiritualidade e religião em uma tentativa de mostrar como elas se fundem e como elas podem ser incluídas em uma visão de mundo coerente. Sobre as principais características do novo milênio É interessante notar que pela primeira vez na história os principais problemas mundiais são globais e são essencialmente provocados pela ação do homem – e isso inclui coisas como a crise global financeira, a crise ambiental das mudanças climáticas e o terrorismo. Essas questões são de fato globais, são tendências transnacionais e não há nada que uma nação individualmente possa fazer. Então, estamos enfrentando não apenas problemas que são globais em sua natureza, mas que exatamente por isso as suas soluções precisam, também, ser globais. 27 CAPÍTULO III Psicologia Transpessoal: Uma nova abordagem 10.0 – Equilibrando os aspectos intelectuais, emocionais, físicos, sociais e espirituais A Psicologia Transpessoal é a abordagem mais atual dentro da psicologia. Esta nova forma de pensamento psicológico consolidou-se como tal na segunda metade do século XX. A maioria de seus expoentes ainda estão vivos, produzindo novos trabalhos e ampliando o conhecimento desta nova abordagem. A abordagem transpessoal é uma forma de ver o homem. As psicologias anteriores viam o homem como individuo que devia que se adaptar a sociedade na qual estava inserido; adaptar seu ego, sua forma de ser. Os conflitos do homem eram vistos como dificuldades dessa adaptação. As terapias visavam promover mudanças nos indivíduos para que conseguissem viver de forma harmônica com cultura da sociedade. A psicologia transpessoal dá um passo a mais. Não nega as psicologias anteriores, as integra dentro de uma nova visão do homem. Confirma a necessidade de o homem viver em sociedade de forma harmônica e amplia essa necessidade de harmonia para com a natureza que o cerca, com o planeta (ecologia) e vai alem. Vê a necessidade de o homem viver em harmonia como grupo, como humanidade que se integra com o resto da Existência. É uma mudança paradigma como foi a de Galileu em que o planeta Terra deixou de ser o centro e viu o Sol como tal. Essa mudança de paradigma é uma ampliação de consciência, uma ampliação da percepção: ver o homem inserido num sistema muito maior, interagindo e ampliando a sua consciência. A ampliação de consciência nas psicologias anteriores significa ver, perceber ou de alguma forma assumir comportamentos, sentimentos, padrões de pensamentos e posicionamentos íntimos que estavam produzindo conflitos no individuo. Essa consciência habilita ao homem a promover mudanças nele para atingir uma situação mais confortável e socialmente mais adaptada. Na psicologia transpessoal isso ainda continua valendo, só que o objetivo já não é a adaptação do individuo à cultura da sociedade, e sim a integração do indivíduo numa realidade maior, numa realidade social e ecológica. É o individuo fazendo parte e servindo a algo maior que ele. Para produzir essa integração é necessário entender o que é a visão transpessoal do homem. 28 11.0 – Visão Transpessoal do Homem A psique humana impulsiona o individuo a vivenciar uma experiência. O sujeito sente desejos, vontade de fazer algo na sua realidade, que inclui família, outros indivíduos, instituições e natureza em que ele habita. O homem está inserido nesses sistemas que estão interligados entre si, e toda ação que ele pratique tem seu reflexo nesses sistemas. Dessa interação é que surgem os conflitos, da expressão não tão acertada do desejo do individuo no sistema em que ele atua. Para esclarecer o que é um sistema consideremos o primeiro sistema em que nascemos, ou seja, a família. Outro sistema é o bairro, a cidade, o estado, o pais em que vivemos. E nesses locais fazemos parte de outros sistemas: instituições de ensino por onde passamos, empresas nas quais trabalhamos, etc. As psicologias anteriores ajudam ao individuo a adaptar seus desejos e vontades numa expressão harmônica com esses sistemas através da ampliação de consciência, e pára por ai. A Psicologia Transpessoal olha pro homem como um Ser integrado nos sistemas. Dos conflitos vividos, da percepção da sua própria expressão e da reação do sistema surgem novas formas de ação mais comprometidas com a realidade que o cerca, com os sistemas aos quais se pertence. Nasce a consciência transpessoal, alem de sua pessoa. Esta é a consciência de que seu desejo serve a um propósito maior, ao propósito do sistema ao qual ele pertence. Transcende a percepção de sua atuação para um nível em que ele faz parte de algo maior. A evolução da consciência consiste na percepção de nossa inserção nos sistemas, das conseqüências de nossas ações e do saber da expressão das vontades. Quando o individuo progride, o sistema progride através dele. Quando o individuo se harmoniza na sua expressão, o sistema se harmoniza. 29 CAPÍTULO IV Considerações Finais 12 - Uma experiência transpessoal pessoal... A prática de servir ao desenvolvimento do outro cria um vínculo tão poderoso que, quando a pessoa (paciente), atinge seus objetivos, é como se o próprio terapeuta (transpessoal), estivesse no “pódio”. E de verdade está, pois o objetivo do terapeuta é assegurar que o paciente produza os resultados desejados. Na vida não somos treinados para escutar e sim para não dar ouvidos aos outros... Por isso, o curador transpessoal tem por dever saber calar a sua pessoa, para ouvir a sua Alma e do seu paciente; se não, também imerso em seus barulhos internos, ele vai ouvir seus próprios barulhos projetados no outro que está diante de si. Na maioria das vezes, visualizamos um propósito de vida poderoso à medida que realizamos projetos intermediários, ou seja, entre aquilo que eu tenho como valioso para mim e aquilo que atende exclusivamente aos desejos e necessidades dos outros. Esta é a própria dialética da construção. Só que, para descobrir que eu queria de fato dedicar-me a transformação humana (do outro), eu precisei transformar-me algumas vezes. Hoje entendo que sem conhecer o caminho da transformação pessoal, fica difícil (se não impossível), facilitar a transformação dos outros. Percebo-me como uma pessoa privilegiada porque trabalho naquilo que gosto e que me estimula a dar o meu melhor para as pessoas. A minha busca por novos e conhecimentos e técnicas é uma forma de servir/retribuir tudo que tenho recebido das pessoas, pacientes, clientes, enfim... da vida! 13 - Contribuição da Psicologia Transpessoal para mim... Tenho procurado aplicar nos meus atendimentos ou sessões, o método da Psicologia Transpessoal, ou seja, uma abordagem intercultural, inter-religiosa e interdisciplinar. As técnicas relacionadas ao Psicodrama, Arteterapia, 4 Elementos, Cone Hindu, Transpedagogia, Relaxamento e Meditação, até então desconhecidas por mim, contribuiram muito no aperfeiçoamento do meu trabalho. A utilização de cada uma delas no momento e com o cliente/paciente apropriados, tem trazido resultados muito positivos. 30 CONCLUSÃO 14 - Conclusão Você já notou que na história de praticamente todos os Grandes Homens e Mulheres ligados à espiritualidade, nas mais diversas tradições da humanidade, sempre há uma narrativa sobre o deserto e a montanha? Eu, Você, Nós, precisamos de muita energia para atravessar “o deserto” e subir a “montanha”. Há períodos de “aridez” e “escalada” na vida de todos nós. Para vencê-los, precisamos associar energia física, mental e espiritual. Todos os grandes atletas, artistas e gênios da humanidade, sempre foram unânimes em afirmar que precisamos estar de “corpo e alma” naquilo que fazemos, para fazê-lo bem. Tudo que existe precisa de nutrição para continuar a existir. Precisamos nutrir o corpo, a mente e a alma, se quisermos possuir a energia necessária para vencer todos os obstáculos. Desprezar as necessidades do corpo, cedo ou tarde, ele cobrará o seu preço. Um corpo sem energia pode não impedir-nos de todas as nossas realizações, mas seguramente, tornará muito mais difícil atingi-las. Uma mente exaurida, desnutrida não consegue manter-se ativa e focada por muito tempo. E um espírito afastado da luz, perde seu próprio brilho. Lembre–se de alimentar seus três tipos básicos de existência: físico, mental e espiritual. Cuidando do espírito Nossa existência não possui apenas características passíveis de explicação somente pela ciência ou pela lógica formal; independente de qualquer vinculação a essa ou aquela doutrina religiosa, as repercussões da força espiritual, ético/moral do Homem, são inegáveis. Observe o poder da oração e suas repercussões, e comprove por si mesmo, a fantástica característica transcendente de sermos humanos, conectados à Fonte da Vida. Amor, Entusiasmo, Coragem e Fé, são os verdadeiros remédios para a alma; nenhum mal pode resistir à ação conjunta desses gigantes. 31 Dedique mais tempo a cuidar da vida em seus três aspectos propostos. Se você acredita não possuir tempo para todos, certamente não é problema de tempo, e sim de prioridade. Se ainda assim você preferir se defender dizendo que lhe falta tempo para tudo, ao menos não se esqueça de de um deles: o amor. Em algum momento você precisará de muita energia para atravessar o deserto e subir a montanha. Acredite, a travessia valerá a pena, e a escalada revelará cenários inesquecíveis e reflexões fundamentais. Lembre-se que: Seus filhos crescem, os amigos partem, o corpo envelhece, o sexo se modifica e a oportunidade para amar, ainda que sempre exista, nunca contará com a mesma quantidade de tempo disponível. Então, para ser um Ser Integrado e Integral, precisamos cuidar de nós, sem esquecer o nosso próximo. E como podemos acabar com o nosso egocentrismo? Mudando o foco do em mim, para o foco do em Deus, o EU SOU! Ninguém. Nem mesmo Deus fez Deus. “Desde os dias mais antigos eu sou” (Bíblia Sagrada – Isaias 43:13). Por essa razão, temos Deus fazendo afirmações como “antes de Abraão nascer, Eu Sou!” (Bíblia Sagrada – João 8: 58). Deus nunca diz “eu fui”, porque ele ainda o é. Ele é – agora – nos dias de Abraão e até o final dos tempos. Ele é eterno. Ele não vive momentos seqüenciais, dispostos em uma linha do tempo, um seguido do outro. Seu mundo é um momento ou, melhor dizendo, sem momentos. Ele não vê a história como uma progressão de séculos, mas como uma única fotografia. Ele captura sua vida, sua vida inteira, em apenas um olhar. Ele vê seu nascimento e sua morte em uma moldura só. Ele conhece seu começo e seu fim, porque ele não tem nenhum dos dois. ELE permite que você sobressaia, para que você possa Fazê-lo ser percebido. Pensemos agora no que havia em nossa percepção cinco minutos atrás. A maioria das sensações fisicas mudou e, provavelmente a maior parte do ambiente também mudou. Mas algo não mudou. Algo em você permanece agora sendo o mesmo que cinco minutos atrás. O que está presente agora que esteve presente cinco minutos atrás? O “Eu sou”. O sentimento-percepção do “Eu sou” continua presente. Eu sou essa percepção sempre presente. Essa percepção está presente agora, esteve presente um instante, 1 minuto, 5 minutos, 5 horas, 5 anos, 5 séculos atrás. 32 É uma percepção que está sempre presente, radiante, aberta, vazia, clara, ampla, transparente, livre. Sempre se autoconhecendo, se auto-reconhecendo e se auto-avaliando. Todos os meus pensamentos mudaram, todas as sensações do meu corpo mudaram, o ambiente ao meu redor mudou, muitos objetos apareceram e desapareceram, tantos sentimentos vieram e se foram, muitos pensamentos surgiram e foram embora, muitos dramas e terrores e amores e ódios vieram, ficaram por um tempo e se foram. Mas uma coisa não veio nem foi embora. O que é essa coisa? Essa percepção intemporal sempre presente do “Eu sou” . Toda pessoa tem essa mesma percepção do “Eu sou” – porque ela não é um corpo, não é um pensamento, não é um objeto, não é o ambiente circundante, não é nada que possa ser visto, mas é antes Aquele que Vê, o Observador sempre presente, o Testemunho constante, aberto e vazio de tudo que está surgindo em toda e qualquer pessoa, em qualquer mundo, lugar e tempo em todos os mundos até o fim dos tempos... E o que esteve presente 5 milenios atrás? Antes de Abraão existir, EU SOU. Antes de o universo existir, EU SOU. Esta é a minha Face original, a face que eu tinha antes de meus pais nascerem, a face que eu tinha antes de o universo nascer, a Face que eu tive por toda eternidade... Antes de Abraão existir, EU SOU. EU SOU não é nada mais do que o Espírito na primeira pessoa, o Ser último, sublime e radiante criador de tudo e de todo o Cosmos, presente em mim, em você, nele, nela e neles – como a persepção sempre presente do “Eu Sou” que todo e cada um de nós sente. Vida é tempo! Viva a vida na plenitude, viva com energia. Cuide do seu corpo, da sua mente e do seu espírito! 33 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 14 - Referências Bibliográficas ALVAREZ, Mani, Apostila a Evolução da Consciência na Civilização, Campinas, março/2011. ALVAREZ, Mani, Apostila a Mitos e Arquétipos: Uma Introdução ao Pensamento de Jung, Campinas, março/2011. ALVAREZ, Mani, Apostila o Sistema Energético Humano e Novo Paradigma Holístico na Saúde. Campinas, abril2011. ALVAREZ, Mani, Apostila a Catografia da Consciência, Campinas, outubro/2011. ARAÚJO, Ane, Coach um parceiro para seu sucesso, Ed. Gente, 1999. GOLEMAN, Daniel, Espírito Criativo, Ed.Cultrix, São Paulo, 1999-2000. WILBER, Ken, Uma Teoria de Tudo, Ed.Cultrix, São Paulo, 2003. WILBER, Ken, A Visão Integral, Ed.Cultrix, São Paulo, 2009. MEDNICOFF, Elizabeth. Dossiê Freud. São Paulo: Universo dos Livros, 2008. TALLAFERRO, Alberto. Curso básico de Psicanálise. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996. WARD, Ivan; ZÁRATE, Oscar. Psicoanálisis para principiantes. JUNG, C. G.. Phénomènes occultes. Paris: Ed. Montaigne, 1939. ROCHA FILHO, J.B. Física e Psicologia. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003, 4a ed. (Google Books) LUCADO, Max, Você Não Está Sózinho, Ed.Thomas Nelson, Rio de Janeiro, 2010. Internet: http://pt.wikipedia.org/wiki/Abraham_Maslow http://www.portaldomarketing.com.br/Artigos/Maslow_Biografia.htm http://www.watchtower.org/t/bh/article_07.htm http://www2.uol.com.br/vyaestelar/atitudes_mente_corpo.htm 34 35