PRODUÇÃO DE LEITE PASTEURIZADO NO ESTADO DE GOIÁS
Thaysa dos Santos Silva¹*, Edmar Soares Nicolau², Antônio Nonato de Oliveira2,
Marília Cristina Sola¹, Nayana Ribeiro Soares3, Priscylla Paulina Ferreira3, Lara Kelly
Rosa Estevam3.
¹Mestranda, UFG, Escola de Veterinária, Programa de Pós-graduação em Ciência
Animal, Goiânia, Goiás, Brasil. ² Doutor, UFG, Escola de Veterinária, Departamento de
Medicina Veterinária, Goiânia, Goiás, Brasil. ³Graduanda de Engenharia de Alimentos,
UFG. *Endereço para correspondência: [email protected]
INTRODUÇÃO
O Brasil vem se destacando no cenário nacional em função ao seu crescimento
econômico e aumento de produtividade em diversos setores. A pecuária leiteira nacional
tem se desenvolvido acentuadamente nos últimos anos e hoje ocupa a quarta posição
mundial. Este sistema de exploração encontra-se distribuído por todo o país e o estado
de Goiás caracteriza-se como uma das principais regiões produtoras de leite
(SIQUEIRA & ALMEIDA, 2010).
Entende-se por leite pasteurizado, o produto submetido a um processamento
térmico sob temperatura de 72 a 75°C, durante 15 a 20 segundos, resfriamento imediato
a 2 -5 °C, seguido de envase. Pode ser classificado quanto ao teor de gordura, podendo
ser integral, padronizado, semi-desnatado ou desnatado, devendo se enquadrar nos
parâmetros físico-químicos e microbiológicos estabelecidos pelas legislações vigentes
(POLEGATO & RUDGE, 2003).
Atualmente, a maior parte do leite produzido no país destina-se ao mercado de
leite fluido e a produção de derivados lácteos, destacando-se os queijos. Dentro do
segmento de leite fluido, o leite longa vida tem se apresentado com maior
expressividade, talvez por se encaixar melhor ao novo perfil do consumidor, visto a
busca por produtos de qualidade e maior vida útil. Para que haja uma retomada do
crescimento tanto na produção, quanto no consumo do leite pasteurizado, torna-se
essencial a melhoria da qualidade do leite, visando tanto à segurança do alimento quanto
uma maior vida de prateleira do produto final (GOMES et al., 2001).
Visto a representatividade da cadeia produtiva do leite na economia nacional e
principalmente para o estado de Goiás, objetivou-se com este estudo caracterizar a
produção do leite pasteurizado no estado, a partir do número de indústrias de laticínios
em atividades, sob fiscalização federal e estadual, bem como a distribuição espacial
destas empresas frente às mesorregiões do estado.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram realizados levantamentos de dados a partir de relatórios disponibilizados
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) do estado de Goiás
pela Agência Goiana de Defesa Agropecuária do estado de Goiás (AGRODEFESA).
Foram analisados dados referentes ao número de indústrias de laticínios que produzem
leite pasteurizado, estas sob fiscalização do serviço de Inspeção Federal (SIF) e
Estadual (SIE) levantamento realizado no período compreendido entre 2009 e 2010
(parcial até julho), número de empresas inativas e localização nas mesorregiões do
estado. Empregou-se a estatística descritiva, com distribuição de freqüências para as
variáveis consideradas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir da Figura 1, pode-se observar a divisão do estado de Goiás em cinco
mesorregiões e o percentual correspondente das 60 indústrias de laticínios responsáveis
pela produção de leite pasteurizado, ativas em 2010 (dados parciais), sob fiscalização do
Serviço de Inspeção Federal e Estadual.
Mesorregiões
36,67
38,33
SIF (%)
SIE (%)
Total (%)
1) Norte de Goiás
0
7, 84
6,67
2) Noroeste de Goiás
3) Leste de Goiás
4) Centro de Goiás
5) Sul Goiano
0
5,88
5,00
0
44,44
55,55
15,7
35,29
35,29
13,33
36,67
38,33
FIGURA 1: Distribuição das indústrias de laticínios produtoras de leite pasteurizado
ativas, sob fiscalização federal (SIF) e estadual (SIE), por mesorregiões de Goiás,
parcial de julho de 2010.
Fonte ilustração: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mesorregi%C3%B5es_de_Goi%C3%A1s
Estes dados refletem a estrutura de produção do leite pasteurizado em Goiás e a
evidente concentração de produção nas regiões centro e sul goiano, principalmente por
empresas sob fiscalização federal. Estas mesorregiões podem ser consideradas de maior
representatividade econômica para o setor lácteo, no que diz respeito à produção de leite
pasteurizado e contribuição no fortalecimento do setor, índices estes que se assemelham
aos encontrados por NOVAES (2000) e LIMA (2006), cuja afirmativa foi de que estas
regiões são responsáveis por aproximadamente 82% da produção do leite do Estado.
Na Tabela 1 estão dispostos os dados referentes ao número e produção das
indústrias de laticínios produtoras de leite pasteurizado nos anos de 2009 e 2010.
TABELA 1: Indústrias de laticínios produtoras de leite pasteurizado em Goiás,
2009/2010.
Descrição do Item
N° de indústrias de laticínios registradas em 2009
N° de indústrias de laticínios ativas no primeiro
semestre de 2010
N° empresas fechadas ou paralisadas em 2010
Produção de leite pasteurizado/dia (2009)
SIF
Quant.
%
10
16,39
9
15
SIE
Quant.
%
51
83,61
51
85
1
80.000
0
48.290
100
63,36
0
37,64
Total
61
60
1
128.290
No ano de 2009, cerca de 10 indústrias de laticínios produtoras de leite
pasteurizado estavam cadastradas no SIF. Deste total, apenas 9 permaneceram ativas no
primeiro semestre de 2010, constatando-se a paralisação de 1 estabelecimento. Quanto
aos dados fornecidos pela AGRODEFESA, contabilizou-se em 2009, o funcionamento
de 51 indústrias de laticínio produtoras de leite pasteurizado, mantendo este número no
primeiro semestre de 2010. Esta redução total de 1 indústria produtora de leite
pasteurizado, na esfera federal, pode ser explicada pelas exigências quanto à
fiscalização do estabelecimento, crise no setor lácteo e fusão de empresas de laticínios,
o que torna o mercado mais competitivo.
Com relação ao número de empresas pode-se verificar que apesar das indústrias
de laticínios sob SIE apresentarem-se em maior número quando comparadas às
indústrias sob SIF, existe uma maior expressividade quanto à produção de leite
pasteurizado em estabelecimentos submetidos à Inspeção Federal. Aproximadamente
85% de todas as indústrias de laticínios produtoras de leite pasteurizado registradas em
Goiás em 2010, estão sob fiscalização estadual, contra 15% do SIF, porém a quantidade
de leite pasteurizado produzido pelas empresas sob fiscalização do SIF por dia
representa 63,36% de todo o leite pasteurizado produzido em todo o estado, enquanto o
SIE participa com apenas 37,64%. Uma das justificativas está na facilidade de registro
de empresas e o cumprimento da legislação vigente no âmbito estadual quando
comparado às determinações do MAPA.
No levantamento de dados, as indústrias produtoras de leite pasteurizado no
Estado de Goiás foram dispostas em grupos conforme a quantidade de leite pasteurizado
beneficiado por dia (média), sendo classificadas de A a D, sendo o grupo A
caracterizado por recebimento de até 5 mil litros de leite e o grupo D até 50.000 litros de
leite por dia (Tabela 2). Das 9 indústrias cadastradas no SIF, 5 pertencem ao grupo A, 2
ao grupo B, e apenas 1 nos grupos C e D cada. Das 51 indústrias cadastradas no SIE,
todas pertencem ao grupo A. Visto isso, é possível observar que as indústrias de leite
pasteurizado do estado de Goiás vão de pequeno a médio porte, concentrando a maioria
no primeiro grupo.
TABELA 2: Classificação das indústrias de laticínios que produzem leite pasteurizado
em Goiás em 2010
Legenda
A
B
C
D
Total
Intervalos (Produção em L de leite/dia)
Até 5000
5000–10.000
10.000 – 20.000
20.000 – 50.000
SIF
5
2
1
1
9
%
55,55
22,22
11,11
11,11
100
N° de Empresas
SIE
%
Total
51
100
56
2
1
1
51
100
60
%
93,33
3,3
1,7
1,7
100
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atualmente, as indústrias produtoras de leite pasteurizado registradas no Estado
de Goiás encontram-se sob fiscalização federal (MAPA) e estadual (AGRODEFESA).
O estado de Goiás possui produção de leite pasteurizado em todas as suas mesorregiões,
porém observa-se uma maior concentração no centro e sul goiano. As indústrias de leite
pasteurizado do estado de Goiás puderam ser caracterizadas como pequeno a médio
porte, destacando-se a primeira categoria como a principal. As indústrias de laticínios
sob fiscalização do SIE apresentam-se em maior número, porém são responsáveis por
uma menor produção de leite pasteurizado quando comparadas às indústrias sob SIF,
fato este justificado pela facilidade de registro de empresas e o cumprimento da
legislação vigente no âmbito estadual quando comparado às determinações do MAPA.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GOMES, A. T.; LEITE, J. L. B.; CARNEIRO, A. V.
.
Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2001. 262p.
LIMA, W. M. A indústria do leite em Goiás. SEPIN - Superintendência de Estatística,
Pesquisa e Informação / SEPLAN / Governo de Goiás. 2006. Disponível em:
http://www.seplan.go.gov.br/sepin/pub/conj/conj6/03.htm. Acesso em: 10 mai. 2010.
NOVAES, E. A. Economia do setor lácteo do Estado de Goiás. SEPIN - Superintendência
de Estatística, Pesquisa e Informação / SEPLAN / Governo de Goiás. 2000. Disponível em:
http://www.seplan.go.gov.br/sepin/pub/conj/conj9/04.htm. Acesso em: 10 jun. 2010.
POLEGATO, E. P. S.; RUDGE, A. C. Estudo das características físico-químicas e
microbiológicas dos leites produzidos por mini-usinas da região de Marília – São Paulo/
Brasil. Revista Higiene Alimentar, São Paulo, v. 17, n. 110, p. 56-63, 2003.
SIQUEIRA, K. B.; ALMEIDA, M. F. Projeções para o mercado lácteo mundial. Panorama
do Leite online- Centro de Inteligência do Leite- Cileite. Ano 4, n. 43, junho de 2010.
Disponível em: http://www.cileite.com.br/panorama/conjuntura42.html. Acesso em: 22 jun.
2010.
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