1 Vultos Negros, Heróis da Abolição. Jorge Luís Rodrigues dos Santos1 Bolsista da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense, PENESB Este artigo pretende discutir a “exaltação à branquitude da história brasileira” e destacar a participação de personagens negros na Abolição, um momento importante da história nacional. Analisar a “invisibilização dos personagens negros”, como Luis Gama, André Rebouças e José do Patrocínio e a mitificação dos “heróis brancos”, como a Princesa Isabel e Joaquim Nabuco. A luta contra a escravidão teve a participação de “diversos personagens, de todas as camadas sociais“. A abolição foi fruto de anos de lutas, embates, esforços (individuais e coletivos). A campanha promovida pela imprensa, as ações na justiça em busca da liberdade, a promoção de rebeliões e fugas, foram algumas das ações empreendidas por estes “heróis negros” e que contribuíram para o sucesso da campanha abolicionista. Resgatar as contribuições destes personagens, as suas biografias, bem como discutir o “processo de invisibilização historiográfica” que os transforma em “vultos negros”, e que atribui a Abolição, historicamente, apenas a atuação dos “heróis brancos”. Palavras chaves: Escravidão; Abolição; Branquitude. Black vultures, Heroes of Abolition. This article discusses the "excitement to the whiteness of Brazilian history and highlight the participation of black characters in Abolition, a pivotal moment in national history. Analyze the "invisibility of the black characters," as Luis Gama, André Rebouças and Jose do Patrocinio and myth of the "white heroes", as Princess Elizabeth and Joaquim Nabuco. The fight against slavery was attended by "several characters, from all walks of life." Abolition was the result of years of struggles, conflicts, efforts (individual and collective). The campaign promoted by the press, lawsuits seeking freedom, the promotion of rebellions and escapes, were some of the actions taken by these "black heroes" and contributed to the success of the abolitionist campaign. Redeem the contributions of these characters, their biographies, as well as discuss the "process of historiographical invisibility" that turns them into "black bodies", and it attaches to Abolition, historically, only the action of "white heroes". Keywords: Slavery; Abolition; whiteness. 1 Graduado em Letras, Especialista em Estudos Afro-Diaspóricos, Pós-graduando em Psicopedagogia e Orientação Educacional. Professor de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira da Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro. E-mail: [email protected] 2 A Exaltação à Branquitude da História Brasileira No ano de 2010, comemoram-se 122 anos da Abolição da escravatura no Brasil. O dia 13 de maio, dia em que oficialmente foi sancionada a lei que garantia aos negros a sua liberdade, diferentemente de ser uma data a ser efusivamente comemorada, contemporaneamente ainda é cercada de contradições e resistências por parte da população negra. Um dos motivos é não ver na Lei Áurea, uma ação que dignifique a imagem dos negros em sua busca por liberdade. A Historiografia oficial registra em diversos documentos, que a abolição foi um ato da Princesa Isabel, proposto por Joaquim Nabuco que a anunciou da sacada do Paço da cidade em 13 de maio de 1888: “O Brasil está livre do trabalho escravo. Na tarde de ontem, a Princesa Isabel sancionou a lei que pôs fim a mais de 300 anos de escravidão. Conforme o senador Sousa Dantas, havia no país 600 mil escravos. Levantamento do Império mostra que, no ano passado, eram mais de 700 mil. A Lei João Alfredo, mais chamada de Lei Áurea, foi aprovada em tempo recorde na Câmara dos Deputados e no Senado, apesar dos protestos dos poucos parlamentares contrários à abolição. Calcula-se que cerca de 5 mil pessoas se concentraram diante do Paço da Cidade,para acompanhar a solenidade de assinatura. O povo irrompeu em aplausos quando o deputado Joaquim Nabuco, de uma sacada, comunicou que não havia mais escravos no Brasil. Em uma das janelas, Dona Isabel foi aclamada pelos manifestantes.”2 Pode-se perceber que na História oficial, nos registros históricos e documentos alusivos à abolição, aos detentores do poder é dado todo o crédito pela promulgação do ato. A Princesa Isabel, em ato de nobreza, sanciona o projeto proposto pelo parlamentar Joaquim Nabuco e foram ambos, portanto, os grandes responsáveis pela Lei Áurea, que encerrava a escravidão no Brasil. A referida lei, de modo explícito, registra que: LEI nº 3.353, de 13 de maio de 1888 - LEI ÁUREA Declara extinta a escravidão no Brasil A princesa Imperial, Regente em Nome de Sua Majestade o Imperador o Senhor D. Pedro II, faz saber a todos os súditos do Império que a Assembléia Geral Decretou e Ela sancionou a Lei seguinte (grifos nossos) Art. 1º É declarada extinta desde a data desta Lei a escravidão no Brasil. Art. 2º Revogam-se as disposições em contrário. A exaltação às figuras da Princesa Isabel e Joaquim Nabuco, como os promotores da abolição perdura até hoje. A criação do mito em torno destes personagens acabou ofuscando uma leitura realista do episódio, e todos os demais 2 Jornal do Senado, Edição comemorativa dos 120 anos da Lei Áurea – Jornal do Senado – 12 a 18 de maio de 2008 – Ano XIV – Nº 2.801/172. Disponível em http://www.scribd.com/doc/19659293/Encartesobre-a-Abolicao-da-Escravatura. Acesso em 19/08/2009. 3 protagonistas que tiveram importantes participações durante todo este processo, que culminou na promulgação da lei, acabaram sendo esquecidos. A História, entretanto, não é neutra e muitas vezes é usada para legitimar e validar a “versão oficial dos fatos”, que muitas vezes não encerra a “veracidade dos fatos”. Como bem afirma Rojas:3 (...) Como refletiu com perspicácia o filósofo alemão Friedrich Hegel (1770-1831), as coisas não se revelam apenas em seu resultado, mas em todo processo complexo que conduz ao dito resultado. Então, os”fatos consumados” não têm sentidos sem a reconstrução dessas múltiplas linhas de histórias alternativas e em conflito, que só depois de se oporem e de se combaterem até o fim para se imporem sobre as outras, terminam por “decidir-se” em tal ou qual sentido específico. E assim, como debaixo desses passados os vencedores estão, todavia, vivos e atuantes, e os muitos passados estão vencidos, a História, que atende apenas aos primeiros, termina forçosamente prestando culto aos atuais dominadores, encobrindo-se em uma impossível e nada inocente “neutralidade”(...) A utilização da História como estratégia de dominação de um grupo é uma das formas que permite a manutenção do controle de outro grupo. A difusão de uma história sem grandes personagens, grandes feitos ou contribuições de relevância acaba por transmitir uma imagem de incompetência e inferioridade, inculcando um sentimento de menos valia no grupo em questão, que no caso do Brasil, é a população negra. A respeito do papel importante desempenhado pela história sobre uma pessoa ou grupo, a escritora nigeriana Chimamanda Adichie 4observa: “(...) É impossível falar sobre única história sem falar sobre poder. Há uma palavra, uma palavra da tribo Igbo, que eu lembro sempre que penso sobre as estruturas de poder do mundo, é a palavra “Nkali”. É um substantivo que livremente se traduz:”ser maior do que o outro”. Como nossos mundos econômico e político, histórias também são definidas pelo princípio do “Nkali”. Como são contadas? Quem as conta? Quando e quantas histórias são contadas? Tudo realmente depende do poder”. (...) Poder é a habilidade de não só contar a história de uma outra pessoa, mas de fazê-la a história definitiva daquela pessoa”. A História tem uma relação estreita com o Poder e aqueles que dele usufruem. E para a manutenção do Poder utiliza-se, muitas vezes, a História como ferramenta. Neste aspecto, Bernd5 (1994, 24) declara: 3 ROJAS, Carlos Antonio Aguirre. Profissão :Historiador, in, Leituras da História, Ano II, No. 18, 2009, pg.6. 4 ADICHIE, Chimamanda. O perigo da história única. Disponível em: http://www.ted.com/talks/lang/eng/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_single_story.html. Acesso em 22/03/2010. 5 BERND, Zilá. Racismo e Anti-racismo. São Paulo: Moderna, 1994. 4 “ Uma poderosíssima estratégia de negação do “outro” é justamente o silêncio. Deixar de registrar os feitos de uma comunidade é relegá-la ao esquecimento. O que não é evocado, deixa de existir. Assim, a escritura da história é feita, como sabemos, pelos vencedores, que passam a deter o controle da enunciação, elidindo (isto é deixando cuidadosamente de mencionar) tudo que poderia engrandecer o vencido.(...) Muitos dos preconceitos em relação aos negros têm sua origem nas negligências da história, que ou silenciou a participação heróica dos escravos em rebeliões e guerras ou minimizou essa participação(...) Realizar uma releitura da “História Oficial” se faz necessária, para que se possa compreender em profundidade, e com clareza, a realidade dos fatos narrados. A respeito desta faceta da História, Rojas6 observa: “(...) Essa História que só conhece “grandes heróis” e ”façanhas gloriosas”, e que se confunde com a biografia dos líderes políticos, militares ou intelectuais, registrando sobretudo epopéias, grandes batalhas, lendas fundadoras, origens e tradições veneráveis- de mais a mais sempre inventadas- é uma História que se esquece das massas populares e das classes sociais. Uma História vazia e oficial, que só serve para sustentara justificação do presente por meio do passado, construindo falsas memórias, que glorificam artificialmente aqueles “ancestrais” que se quer exaltar, para constituílos como os precursores brilhantes desse presente que se quer legitimar”. A origem nobre da Princesa Isabel e de Joaquim Nabuco, suas relações e posicionamentos políticos, acabam por fazer deles heróis em potencial. Schwarcz7 a respeito da visibilidade dada à figura da Princesa Isabel como “A Santa”, assinala: “(...) Em meio a uma sociedade de marcas pessoais e de culto ao personalismo, a abolição foi entendida e absorvida como uma “dádiva”. Um belo presente que merecia, portanto, troco e devolução. Isabel converte-se em a “Redentora” e o ato transformase em mérito de “dono único”(...) Nos jornais e nas imagens de época, Isabel passa a ser retratada como uma santa a redimir os escravos, que aparecem sempre descalços e ajoelhados, como a rezar e a abençoar a padroeira. (...) Aos escravos recém-libertos só restaria a resposta servil e subserviente, reconhecedora do tamanho do “presente” recebido.” Esta visão sobre a Princesa Isabel ainda permanece nos dias de hoje. Podemos perceber que, segundo a “História Oficial”, coube aos “nobres brancos” a “dádiva da abolição”. A revisão desta História atualmente, porém, demonstra que estas afirmações e mitos podem ser desconstruídos. Outros pontos de vista podem descortinar “novas verdades”, dependendo do modo de se olhar a questão. 6 ROJAS, Carlos Antonio Aguirre. Profissão :Historiador, in, Leituras da História, Ano II, No. 18, 2009, pg.7. 7 SCHWARCZ, Lilia Moritz. A Santa e a dádiva, in, Especial Abolição 120 anos. Revista de História da Biblioteca Nacional, Ano 3, No. 32, Maio de 2008, pg.20. 5 Em 2008, quando da comemoração dos 120 anos da abolição, algumas publicações e artigos foram veiculados, pela imprensa oficial e a mídia em geral. Em artigo no jornal O Globo, Miriam Leitão8 declara: “A luta contra a escravidão foi um movimento cívico de envergadura. Misturou povo e intelectuais, negros e brancos, republicanos e monarquistas. Foi uma resistência que durou anos. Houve passeatas de estudantes e lutas nos quilombos. Houve batalhas parlamentares memoráveis e disputas judiciais inesperadas. Os contra a abolição reagiram nos clubes da lavoura, na chantagem econômica e nos sofismas. O país se dividiu e lutou. Venceu a melhor tese. Pena o país ter feito o reducionismo que fixou na memória coletiva apenas o instante da assinatura da lei pela Princesa. Tudo foi varrido. Do povo em frente ao Paço à persistência para se aprovar a lei que tornou extinta a escravidão no Brasil. (...)Lutou-se com a poesia e o jornalismo. Com a política e o Direito. Lutou-se na Justiça com as Ações de Liberdade, incríveis processos que escravos moviam contra seus donos. Os negros lutaram de forma variada: com a greve negra em Salvador, com rebeliões e quilombos.(...) (grifos nossos) No Jornal do Senado9 (2008;1), alusivo a comemoração dos 120 anos da abolição, em edição comemorativa, destacamos as seguintes afirmações: “O abolicionista Joaquim Nabuco relata que o movimento pelo fim do trabalho servil no país concentrou- se inicialmente em clubes, lojas maçônicas, associações, cafés e jornais, e só aos poucos estendeu-se à população. Nesse período, que durou de 1879 a 1884, diz ele, “os abolicionistas combateram sós, entregues aos seus próprios recursos”. (...) Os republicanos, praticamente todos eles, eram abolicionistas, mas nem todo defensor do fim do trabalho escravo preferia a República. Joaquim Nabuco, Ruy Barbosa e Castro Alves são grandes nomes do abolicionismo, que contou também com negros ilustres, como André Rebouças, José do Patrocínio, Luís Gama e Tobias Barreto. Luís Gama chegou a ser vendido, aos dez anos, como escravo, e se transformou em símbolo do movimento em São Paulo (...)”. (grifos nossos) Podemos verificar que o próprio Joaquim Nabuco destaca a participação de abolicionistas negros na luta, e estes não foram poucos. Ainda no mesmo Jornal do Senado (2008;6), encontramos a seguinte declaração: “A abolição da escravatura foi um processo secular resultante de mobilizações sociais – inclusive dos próprios negros –, morais, políticas e econômicas. Da assinatura da Lei Eusébio de Queirós, que proibiu o tráfico negreiro, já se passaram 38 anos de intensa campanha abolicionista que se finda agora com a Lei Áurea. Com exemplos europeus de abolição da mão-de-obra escrava, por um bom tempo, o processo da crítica abolicionista no Brasil concentrou-se em espaços como clubes, 8 9 LEITÃO, Míriam. in, Ora Direis! Coluna Panorama Econômico, Jornal O Globo, 25 de Maio de 2008. Jornal do Senado, Edição comemorativa dos 120 anos da Lei Áurea – Jornal do Senado – 12 a 18 de maio de 2008 – Ano XIV – Nº 2.801/172. Disponível em http://www.scribd.com/doc/19659293/Encartesobre-a-Abolicao-da-Escravatura. Acesso em 19/08/2009. 6 lojas maçônicas, associações, cafés e jornais e, aos poucos, estendeu-se à população”(...). O que podemos considerar interessante é que apesar de considerar a abolição como “um processo”, que teve a participação de vários segmentos sociais e foi conseqüência de diversos fatores (sociais, econômicos e políticos), a exaltação dos “personagens brancos” é veemente. O referido Jornal do Senado, na sua página 6 apresenta (organizadas em duas colunas), destacadamente à esquerda as imagens dos “Grandes defensores da Abolição” Joaquim Nabuco, Ruy Barbosa e Castro Alves, com as suas biografias destacando as suas atuações em favor da abolição. Na coluna à direita, mais discretamente, apresenta “Os Abolicionistas Negros”, André Rebouças, José do Patrocínio, Luis Gama e Tobias Barreto, sem destacar porém, de modo grandioso, os seus feitos. Por que será que os negros não foram considerados, também, “Grandes defensores da Abolição”? Por que os “negros” eram apenas abolicionistas? A Gramática da Invisibilidade: Heróis ou Vultos? Recorrendo ao dicionário, encontramos para as palavras “Herói” e “Vulto” os seguintes significados : “Vulto10 , sm ( lat vultu ) – Figura indistinta . Homem notável, notabilidade, pessoa de grande importância . Consideração, ponderação . Interesse.” “Herói11 , sm ( lat heros, do grego héros) – Homem que se distingue por sua coragem extraordinária na guerra ou diante de outro qualquer perigo . Homem que suporta exemplarmente um destino incomum, como por exemplo um extremo infortúnio ou sofrimento, ou que arrisca sua vida abnegadamente pelo seu dever ou pelo próximo. Personagem preeminente ou central que, por sua parte admirável em uma ação ou evento notável, é considerado um modelo de nobreza. O protagonista de qualquer aventura histórica ou drama real. O que, por qualquer motivo, se distingue ou sobressai”. A invisibilidade em que os negros são lançados, é de certa forma conseqüência dos enraizados preconceitos e da difusão massiva de estereótipos negativos a respeito da etnia negra. Os Negros são notáveis, tem uma grande importância, porém, “a sua figura é indistinta” – não reconhecida com clareza. Os negros são colocados em situação de invisibilidade. 10 MICHAELIS 2000: Moderno Dicionário da Língua Portuguesa – Rio de Janeiro: Readers Digest; São Paulo: Melhoramentos, 2000. volume 2, pág. 2220. 11 MICHAELIS 2000: Moderno Dicionário da Língua Portuguesa – Rio de Janeiro: Readers Digest; São Paulo: Melhoramentos, 2000. volume 1, pág.1084. 7 Analisando-se as biografias destes “Abolicionistas Negros”, podemos perceber que suas trajetórias de vida estão plenamente caracterizadas na definição de heróis Homens que se distinguiram por sua coragem extraordinária na guerra ou diante de outro qualquer perigo. Homens que suportaram exemplarmente um destino incomum, como por exemplo um extremo infortúnio ou sofrimento, ou que arriscaram sua vida abnegadamente pelo seu dever ou pelo próximo. André Rebouças, José do Patrocínio e Luis Gama, hoje tendo suas histórias de vida resgatadas pela historiografia; mais que vultos, podem ser considerados heróis, importantes na “História da Abolição”. Entretanto, é necessário que estas histórias de vida possam ser resgatadas, incluídas e difundidas na História Oficial. O que, segundo Rojas12 deve ser: “Uma História que, como ensinou o filósofo alemão Walter Benjamin (1892-1940), distancia-se criticamente das versões oficiais e de glorificação dos vencedores e dos poderes dominantes, para incluir também o ponto de vista dos oprimidos e das vítimas. Uma História que, recuperando o registro essencial de todas as classes sociais, restitui o papel da criatividade e da resistência dos setores populares, abarcando não só os líderes, mas ainda as massas, não só a política, mas também o poder e o político, olhando sempre em direção ao econômico, ao social e ao cotidiano por debaixo do espetacular e do ruidoso dos dramas históricos. Uma História atenta aos múltiplos vestígios da História profunda e estrutural das civilizações e das sociedades que, sendo genuinamente crítica, desconfia das verdades e dos mitos, recompondo perante esses homens de carne e osso, o papel do acaso e da contingência na História, e as múltiplas encruzilhadas abertas de nosso presente. Uma História nem banal, nem banalizada, que aceita sem conflito sua condição de arma do presente e que a utiliza para ajudar conscientemente a iluminar, a partir do presente, o futuro” Muitas das vezes, estamos impregnados de preconceitos e pautamos nosso comportamento com base em estereótipos e “falsas verdades“, internalizadas em nosso consciente pela “prática social“. É preciso analisar as situações, buscar o conhecimento e questionar as “verdades absolutas“, que muitas vezes não são “verdades“ ou são, até mesmo, “meiasverdades“. As Histórias influenciam significativamente as nossas vidas. São através delas que são construídos referenciais que nos orientam nas nossas escolhas. Chimamanda Adichie13, sobre a importância da história destaca: “.(...) A única história cria estereótipos. E o problema com estereótipos não é que eles sejam mentira, mas que eles sejam incompletos. Eles fazem uma história tornar-se a única história”.(...) A conseqüência de uma única história é essa: ela rouba das 12 ROJAS, Carlos Antonio Aguirre. Profissão :Historiador, in, Leituras da História, Ano II, No. 18, 2009, pg.8. 13 ADICHIE, Chimamanda. Op.Cit. 8 pessoas a sua dignidade. (...) Histórias importam. Muitas histórias importam. Histórias tem sido usadas para explorar e tornar maligno. Mas histórias podem também ser usadas para capacitar e humanizar. Histórias podem destruir a dignidade de um povo, mas histórias também podem reparar essa dignidade perdida”. O resgate destas Histórias é de extrema importância. Pestana14 com relação a usurpação (ou falsificação) da História da Abolição no Brasil declara: “ Mesmo desmistificada por muitos historiadores, a farsa da abolição da escravatura se configurou nos livros escolares, seja na omissão da luta que desencadeou o ato oficial pondo fim ao escravismo, ou por encobrir, por exemplo, que em 1881, o governo já financiava a vinda de europeus ao país para substituir os negros escravizados. (...) Ainda assim, o dia 13 de Maio tem sua importância simbólica, não só por aqueles que lutaram e morreram pelo fim do escravismo, mas como registro de como a história pode ser usurpada pelos detentores do poder no Brasil. “ Este resgate, de modo efetivo, pode e deve ser feito através da Educação. A Educação de modo particular tem um papel importante na formação da identidade dos cidadãos. È no espaço escolar que são disseminados os saberes, valores e práticas sociais e culturais da nação. E no caso brasileiro, a escola de modo especial desempenhou um papel de elevada importância, como destaca Muller15 (2008,32): “A escola primária brasileira teve um papel fundamental na construção da identidade e do sentimento nacional. A afirmação dos símbolos pátrios, a execução dos rituais cívicos, assim como a difusão dos mitos de origem e dos heróis a serem reverenciados e imitados foram realizadas através da escola. Vultos Negros : Heróis Invisíveis nas Sombras da História A figura de Joaquim Nabuco, como “Herói da Abolição”, é efusivamente exaltada. Na comemoração do centenário de sua morte, completados em 2010, a mídia16 destaca-o como “Estadista, historiador, diplomata e sedutor. E, acima de tudo, o homem que encabeçou a mais justa de todas as causas: a batalha da opinião pública que terminou por convencer a sociedade brasileira a se mobilizar para acabar com a escravidão”. Porém, a historiografia atual já registra variadas faces do Joaquim Nabuco, e elas permitem avaliar a sua real participação no processo da Abolição. 14 15 PESTANA, Maurício. Usurpação Histórica in Revista Raça Brasil ,No. 132, Maio de 2009, pág.7) MULLER,Maria Lúcia Rodrigues.Educadores & alunos negros na Brasília:Ludens; Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2008, pg. 32. 16 Primeira República. GRYZINSKI, Vilma. Herói nacional, para sempre in Revista Veja, Edição 2147,13 de janeiro de 2010. Disponível em http://veja.abril.com.br/130110/heroi-nacional-sempre-p-100.shtml. Acesso em 18 de março de 2010 9 A sua origem nobre, sua elevada cultura, bem como as relações de proximidade de seu pai com o poder constituído, favoreceram grandemente seu desenvolvimento na carreira diplomática e política. A este respeito Alonso17 destaca: “(...) Mais conhecido por seu ativismo abolicionista, Nabuco foi vários: dândi, namorador, jornalista e político, intelectual monarquista e pai de família católico, embaixador e poeta. Sua primeira vida foi de dândi. Muito alto, encorpado, de olhos vivos e vastos bigodes, Joaquim Aurélio Nabuco de Araújo era, antes de tudo, um homem bonito, que a educação aristocrática lustrou com elegância, boas maneiras e erudição. (...)Foi então transportado para a vida de corte e o mundo da política, no qual seu pai, o senador José Thomaz Nabuco de Araújo (1813-1878), se destacava. Como rebento da elite imperial, Nabuco estudou nas melhores escolas – o Colégio Pedro II e as Faculdades de Direito de São Paulo e Recife –, que o prepararam para a carreira política. Teve uma juventude desocupada, dedicado aos versos, aos salões e às viagens, às roupas finas e às conquistas amorosas.Enquanto isso, o pai tramava seu futuro.(...) (...) Na entressafra política, o pai conseguiu para Joaquim o posto de adido diplomático em Washington, de 1876 a 1877. Ocupação compatível com o gosto por viagens que acalentou a vida toda. (...) Entre 1882 e 1884 viveu em Londres, com seu bom gosto espremido pelos pequenos ganhos de jornalista e consultor jurídico de empresas inglesas com negócios no Brasil. Para dar conta das funções, acompanhava a economia, a geopolítica e as sessões do Parlamento britânico. Encantou-se com William Gladstone (1809-1898), o grande reformista do período, e tornou-se membro ativo da British and Foreign Anti-Slavery Society, a já então famosa organização antiescravista inglesa. Para o Brasil, enviou artigos, uma petição sobre a abolição e um livro de propaganda, O Abolicionismo, no qual denunciava a escravidão como o alicerce da sociedade, da economia e da política imperiais. Quando os abolicionistas conseguiram a abolição no Ceará e se formava um gabinete liberal simpático à causa – o de Manuel de Souza Dantas (1831-1894) – Joaquim Nabuco voltou. (...) O abolicionismo recrudescia e a resistência esmorecia. João Alfredo Corrêa de Oliveira (1835-1915) chegou ao gabinete determinado a resolver de vez a questão, antes que o Império afundasse com ela. Apesar de conservador, teve apoio dos abolicionistas. Nabuco o ajudou a apressar o processo legislativo e aprovar num domingo, 13 de maio, o fim da escravidão no país. Nabuco foi então consagrado herói nacional, coberto por flores e chapéus atirados pela multidão. Diferentemente de Nabuco, os “Abolicionistas Negros”, em sua maioria, não contaram com condições tão favoráveis em suas trajetórias. A começar pelas suas origens, e lutas que tiveram de enfrentar para adquirir conhecimento e formação, nada foi conquistado com facilidade. Ferreira18, a respeito de Luis Gama declara: 17 ALONSO,Angela. As várias vidas de Nabuco. Disponível em : http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=2434 . Acesso em 18 de março de 2010 18 FERREIRA, Ligia Fonseca. Luiz Gama: um abolicionista leitor de Renan. Disponível em : 10 ““(...) Poeta, jornalista e advogado, Luiz Gama é um dos raros intelectuais negros brasileiros do século XIX, o único autodidata e o único, também, a ter vivido a experiência da escravidão antes de obter "ardilosa e secretamente", conforme assinala numa correspondência, as provas de ter nascido livre. Provar e conservar a liberdade não é algo evidente para um negro no século XIX. Mas esse é apenas um capítulo isolado de uma "biografia de novela" (Fausto, 1994, p.219), pontuada por momentos candentes do Segundo Império e na qual se sucedem catástrofes e reviravoltas. O caminho trilhado pelo ex-escravo analfabeto alçado ao status de cidadão foi longo e árduo. É preciso lembrar que, antes de 1889, a palavra "cidadão" não era apenas sinônimo de "homem livre". Empregava-se também por oposição a "súdito" no vocabulário dos antimonarquistas de extração liberal ou republicana que, como Luiz Gama, atacavam com virulência o governo de Dom Pedro II. Por volta de 1880, o prestígio de Luiz Gama, então com cinqüenta anos (ele falecerá seis anos antes da Abolição e sete anos antes da Proclamação da República), era alto e ultrapassava as fronteiras de São Paulo, onde era considerado um dos "melhores cidadãos" (Mendonça, 1880, p.50) da cidade onde viveu por 42 anos. Nascido em 1830 em Salvador, Gama é fruto de uma mistura luso-africana, ou seja, de uma "raça inferior" com uma "raça nobre", conforme escreve Renan em carta ao teórico das desigualdades raciais, Arthur de Gobineau. Tratava-se de uma "imisção" nefasta suscetível de "envenenar a espécie humana", tese da qual o híbrido brasileiro se revelaria um perfeito contra-exemplo.(...)” “(...) Pode-se estranhar o fato de Luiz Gama jamais ter mencionado o nome de Joaquim Nabuco em nenhum de seus escritos. É também curioso que esses dois destacados líderes da luta antiescravista aparentemente nunca se tenham encontrado, embora durante seus estudos em São Paulo Nabuco tivesse, como Rui Barbosa, freqüentado a Loja América, bem como outros círculos, literários ou políticos, dos quais participava Luiz Gama (Ferreira, 2001, p.326). Seguindo os conselhos que lhe prodigalizara Renan, Nabuco (1988, p.90-2 e 28) faz-se historiador e escreve uma vasta crônica do abolicionismo, na qual, partidário da emancipação dos escravos pela via parlamentar, menciona en passant a atuação do abolicionista negro, sem destacar-lhe nenhum papel pioneiro. Por parte de Luiz Gama, pesa o mesmo estranho silêncio, originado sem dúvida pelo fato de colocar o conselheiro Nabuco de Araújo, ex-presidente da província de São Paulo e pai de Joaquim Nabuco, entre as autoridades anuentes com a escravização ilegal de africanos. Quanto aos métodos de luta, os pontos de vista dos dois abolicionistas são diametralmente opostos, quiçá em virtude do locus socioeconômico e racial a partir do qual pensam, falam, agem e enxergam a mais grave e complexa questão do Brasil.(...)” Sobre André Rebouças, que teve uma participação importante na estruturação das propostas e projetos abolicionistas, Gaspar19 declara: ““(...) André Rebouças sempre foi muito discreto quanto a considerações relativas a sua cor e ao preconceito que sofria. Poucas vezes falou sobre o assunto e http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142007000200021&script=sci_arttext. Acesso em 16 de março de 2010. 19 GASPAR, Lúcia. André Rebouças. Pesquisa Escolar On-Line, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://www.fundaj.gov.br>. Acesso em:16 de março de 2010 11 quase não há referências ao problema no seu Diário, utilizado pelos pesquisadores como importante fonte de informação histórica. (...) Bacharelou-se em Ciências Físicas e Matemáticas, em abril de 1859, na Escola de Aplicação da Praia Vermelha, obtendo o grau de engenheiro militar, em dezembro de 1860. (...) Rebouças foi convocado para a Guerra do Paraguai, na qualidade de engenheiro militar, nela permanecendo durante o período de maio de 1865 a julho de 1866, quando teve que retornar ao Rio de Janeiro, por motivos de saúde. Dirigiu a Companhia das Docas da Alfândega do Rio de Janeiro, de 1866 a 1871, trabalhando na elaboração de projetos técnicos para novos portos, entre os quais o de Cabedelo, na Paraíba, do Maranhão, do Recife, de Salvador e, também, no abastecimento d`água da cidade do Rio de Janeiro, durante a seca de 1870. Em 1871, assumiu a direção da Companhia Docas Pedro II. Participou dos projetos da ferrovia Paraná-Mato Grosso (Princesa Isabel); da estrada de ferro da Paraíba (Conde d’Eu) e da Companhia Florestal Paranaense. Na década de 1880, se engajou na campanha abolicionista, assim como também o fez Joaquim Nabuco, com quem trocou significativa correspondência (...) Rebouças participou da criação de algumas sociedades anti-escravagistas, como a Sociedade Brasileira contra a Escravidão, a Sociedade Abolicionista e a Sociedade Central de Imigração. Como abolicionista, contribuiu não apenas como intelectual para o ideário da abolição, mas também na efetiva atuação no movimento.(...) (...) André Rebouças tinha grande prestígio pessoal junto a Dom Pedro II. No período compreendido entre a Abolição da Escravatura, 13 de maio de 1888 e a Proclamação da República, 15 de novembro de 1889, o imperador atribuiu-lhe importantes encargos, tendo assim participado amplamente dos acontecimentos políticos do País. (...) Abatido pelo exílio e por um estado de saúde precário, morreu no dia 9 de maio de 1898. Seu corpo foi resgatado, na base de um penhasco de cerca de 60 metros de altura, próximo ao hotel em que vivia. A respeito de José do Patrocínio, Carvalho20 destaca: “(...) O filho do padre João Carlos Monteiro e de sua escrava de 13 anos, Justina Maria do Espírito Santo, nascido em Campos em 1853, conhecido oficialmente como José Carlos do Patrocínio, que era Zeca para os amigos, Zé do Pato para o povo, Proudhomme para os combatentes da abolição, foi um homem complexo que viveu na fronteira de mundos distintos, se não conflitivos. A começar pela fronteira étnica: pai branco, mãe negra, um mulato, como se dizia na época, cor de tijolo queimado, em sua própria definição. Depois, a fronteira civil: mãe escrava, pai senhor de escravos e escravas. A fronteira do estigma social, a seguir: oficialmente registrado como exposto, só mais tarde constando o nome da mãe, nunca legalmente reconhecido pelo pai. (...) Ainda: a fronteira intelectual de uma formação superior mas de baixo prestígio, a de farmacêutico, convivendo com a formação dos bacharéis em direito, medicina e engenharia. Por fim, a fronteira entre o reformismo e o radicalismo políticos. (...) Acima de tudo, estava sua paixão pela causa abolicionista, nascida talvez já em Campos no convívio com a mãe escrava..(...) 20 CARVALHO, José Murilo de. COM O CORAÇÃO NOS LÁBIOS. Disponível em : http://www.direitos.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1199&Itemid=25 Acesso em 16/03/2010 12 (...) O ano de 1880 foi ainda particularmente importante por outras razões.(...) Foi criada por Nabuco, Rebouças, João Clapp, Patrocínio e outros a Sociedade Brasileira contra a Escravidão, inspirada na British and Foreign Society for the Abolition of Slavery. Como produto da Sociedade, começou a ser editado o jornal O Abolicionista.(...) Do ponto de vista da propaganda, a iniciativa mais importante de 1880 foi o início das Conferências Abolicionistas organizadas pelos mesmos lutadores da Sociedade. Não era ainda a rua, mas eram os teatros do Rio que se tornavam arena de luta, ampliando e democratizando o que até então se passara dentro do limitado espaço das Câmaras. (...) Patrocínio apenas ajustou-se às condições da luta. Combinou a perspectiva da elite ilustrada da época com seu toque popular. Distinguia-se de Nabuco e Rebouças pelo lado popular, pelo gosto do contato com o povo na praça pública, pela volúpia de agitar as multidões. Era um agitador dionisíaco em contraste com o organizador estóico que era o extrardinário Rebouças.(...) (...) Era inegável a paixão de Patrocínio pela liberdade dos escravos. Havia aí um lado pessoal, gravado na cor da pele e no fundo da alma, que estava ausente, por exemplo, em Nabuco. Não se duvida da sinceridade do abolicionismo de Nabuco, mas nele tratava-se de uma batalha filantrópica e política antes que pessoal. Ou melhor, o lado pessoal não era nele tão profundo, tão vital, como em Patrocínio. (...) Ficou, no entanto, como marca registrada de Patrocínio a paixão com que se dedicou de corpo e alma à luta abolicionista; ficou sua contribuição insubstituível em levar para a rua uma batalha até então limitada ao parlamento; ficou seu papel central na criação do primeiro grande movimento político popular da história do país. Podemos perceber que, as trajetórias destes ativistas negros, em favor da causa da Abolição, mais que ideológica, foi parte fundamental de suas vidas. As contradições com as quais tiveram de se defrontar, as concessões, os dilemas, bem como o sofrimento a que foram submetidos em virtude de suas escolhas acabaram provocando em todos, perdas irreparáveis de ordem pessoal. Enfrentaram as perdas e adversidades com determinação e coragem, pois tinham uma missão que não podiam deixar de cumprir: a conquista da liberdade de um povo. Mudaram a História, e de protagonistas, passaram à coadjuvantes no processo. Considerações Finais Completaram-se em 2010, 122 anos da Abolição da Escravatura no Brasil. E o preconceito e a discriminação a que estes “Heróis Negros” foram submetidos ainda persistem. A construção do racismo brasileiro tem uma natureza sócio-histórica. A negação da sua existência acaba por dificultar o seu combate (e sua conseqüente eliminação). Homogeneizando a “identidade nacional”, impondo “valores únicos”, e invizibilizando (e inviabilizando) a existência das diferenças, tenta-se eliminar o problema. O diferente (o outro) deve ser negado, assim como a sua história, seus valores, seus saberes. E negando-se, deve assumir a identidade hegemônica ou submeter-se aos que são “superiores”, por serem detentores da identidade ideal. 13 “Ser negro” é ser desprovido de virtudes, é não ter direito a História. Como diz Pinheiro21, citando Luis Gama: “Em nós, até a cor é um defeito. Um imperdoável mal de nascença, o estigma de um crime. Mas nossos críticos se esquecem que essa cor é a origem da riqueza de milhares de ladrões que nos insultam; que essa cor convencional da escravidão. tão semelhante à da terra, abriga sob sua superfície escura, vulcões, onde arde o fogo sagrado da liberdade." Resgatar a História dos negros, seus heróis, difundir seus valores, e valorizar sua identidade é um desafio, em busca de uma sociedade mais justa e igualitária. Além de gozar de liberdade, a população negra do Brasil deve poder ter seus feitos e sua participação na construção desta sociedade reconhecida, valorizada e difundida. Possuir referenciais positivos em que se espelhar, e perceber as suas competências e capacidades aceitas, em condições de igualdade. Perceber que a “história única” não é a única possibilidade, vislumbrar uma nova História, sentir-se parte de uma construção social, como bem declara Chimamanda Adichie22: ”(...) Eu gostaria de finalizar com esse pensamento: quando nós rejeitamos uma única história, quando percebemos que nunca há apenas uma história sobre nenhum lugar, nós reconquistamos um tipo de paraíso”. E não esquecer a frase de Januário Garcia23, que tem extrema importância em nossos dias: “Existe uma história do negro sem o Brasil; o que não existe é uma história do Brasil sem o negro”. 21 PINHEIRO, Amilton. A vida em camadas de Luis Gama. Disponível em http://racabrasil.uol.com.br/cultura-gente/140/imprime161049.asp. Acesso em 12/04/2010 22 ADICHIE, Chimamanda. O perigo da história única . Extraído: http://www.ted.com/talks/lang/eng/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_single_story.html. Acesso em 22/03/2010. 23 SILVA, Luciano Pereira da. Consciência e Identidade - a diversidade cultural como representação de resistência da cultura negra.Extraído: http://cultura.to.gov.br/noticia.php?id=352. Acesso em 28 de Maio de 2010 14 Referências Bibliográficas ADICHIE, Chimamanda. O perigo da história única. Disponível em: http://www.ted.com/talks/lang/eng/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_single_story .html ALONSO,Angela. As várias vidas de Nabuco. Disponível em : http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=2434. BERND, Zilá. Racismo e Anti-racismo. São Paulo: Moderna, 1994. CARVALHO, José Murilo de. COM O CORAÇÃO NOS LÁBIOS. 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