UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA 4ª Semana do Servidor e 5ª Semana Acadêmica 2008 – UFU 30 anos JORGE LUÍS BORGES VERSUS LEIBNIZ: OS MUNDOS POSSÍVEIS Ana Carolina Gomes Araújo1 Universidade Federal de Uberlândia/Departamento de Filosofia Av. João Naves de Ávila, 2121 – Bairro Sta. Mônica – Bloco 1U Campus Sta. Mônica 38400-902 – Uberlândia/MG [email protected] Resumo: Jorge Luís Borges em seu livro Ficções, especificamente no conto O Jardim de Caminhos que se Bifurcam, nos coloca uma problemática filosófica a partir do personagem Ts’ui Pen. O objetivo é explorar a compreensão de que Borges personifica em Ts’ui Pen o filósofo que fará uma releitura dos Mundos Possíveis de Leibniz. O sinólogo Albert, também personagem do conto, após a morte de Ts’ui Pen resume sua hipótese de que O Jardim de Caminhos que se Bifurcam não tratava apenas de um romance caótico escrito por Ts’ui Pen, muito menos um “experimento caótico mundano, mas respondia a uma inquietação metafísica, a uma questão filosófica maior que o ocupara ao longo de toda sua vida” e que a obra “é uma imagem incompleta, mas não falsa, do universo tal como o concebia”. Essa passagem do conto remete às categorias filosóficas de Leibniz, fundamentalmente os conceitos de Bifurcação e Incompossibilidade. Albert ainda em sua hipótese nos apresenta que o romance caótico é a demonstração de que Ts’ui Pen opta, simultaneamente, por todas as alternativas existentes para um indivíduo quando este se vê num dilema. Ora, Ts’ui Pen apresenta que ao se decidir por uma alternativa, não necessariamente se opta apenas por um mundo e que a alternativa não escolhida transforme-se num outro mundo do qual o indivíduo poderia ter optado como apresenta Leibniz, mas que em seu mundo, Ts’ui Pen abarca todas as alternativas enquanto Mundos Possíveis. Borges portanto nos apresenta a possibilidade de filosoficamente pensar um mundo onde o ponto bifurcante seja inclusivo, permitindo a coexistência de alternativas divergentes, num confronto direto com a categoria de Incompossibilidade de Leibniz cuja coexistência de mundos divergentes não se faz possível. Palavras-chave: Jorge Luís Borges, Leibniz, Mundos Possíveis, Incompossibilidade, Bifurcação. 1. INTRODUÇÃO Jorge Luis Borges Acevedo, ou artisticamente Jorge Luis Borges, nasceu em Buenos Aires Argentina, datado de 24 de Agosto de 1899 e faleceu em Genebra - Suíça, datado de 14 de Junho de 1986. Figura na sua biografia descrições de escritor, poeta, tradutor, crítico, ensaísta e leitor de enciclopédias. Possuidor de diploma de Bacharel e registro oficial como Diretor da Biblioteca Pública Nacional da Argentina no período de 1937 a 1946. Borges apresenta em suas obras temas sedutores cujas problemáticas emergem-se num ambiente filosófico propício ao diálogo com a metafísica e outras áreas. Narrativas que talvez não despretensiosamente abram espaços para experiências racionais, cujo limite entre imaginário e real nem sempre se apresenta retilíneo. No clima borgeano do livro Ficções, especificamente no conto Os Jardins dos Caminhos que se Bifurcam de 1941 encontramos a personificação do filósofo à moda borgeana Ts’sui Pen que versará como o fiel condutor do diálogo de Borges com o filósofo Leibniz. Gottfried Wilhelm von Leibniz, nascido em Leipzig - Alemanha, 1 de julho de 1646 e falecido em Hanôver – Alemanha, 14 de novembro de 1716. Filósofo, cientista, matemático, 1 Discente do Curso de Filosofia na Universidade Federal de Uberlândia. diplomata e bibliotecário alemão. Leibniz na História da Filosofia ocupa um espaço como filósofo moderno que assim como outros desse período também manteve um diálogo próximo com o físico Isaac Newton. Por hora utilizaremos da filosofia leibniziana a discussão dos Mundos Possíveis. O livro Ficções (tradução do título original em espanhol, Ficciones) é uma coleção de contos considerado uma das obras-primas da literatura latino-americana do século XX. Divide-se em duas partes, sendo, primeira parte: O Jardim de Caminhos que se Bifurcam (1941) e, segunda parte: Artifícios (1944). Neste trabalho opta-se pela leitura da primeira parte do livro Ficções, especificamente o conto “O Jardim de Caminhos que se Bifurcam”2. Um primeiro aspecto a se considerar na obra de Borges remete ao que Umberto Eco nos apresenta em Obra Aberta ao se referir a poética de uma obra aberta como “a peculiar autonomia executiva concedida ao intérprete, o qual não só dispõe da liberdade de interpretar as indicações do compositor conforme sua sensibilidade pessoal, mas também deve intervir na forma da composição” (ECO, 1976, p. 37) Essa abordagem é interessante ao se notar que Borges em “O Jardim de Caminhos que se Bifurcam” nos deixa algumas pistas da precisão de participação do leitor para compreensão da obra a que se propôs apresentar. Logo ao início do conto, no final do primeiro parágrafo, Borges parece deixar um chamativo ao leitor, criando um abismo entre a introdução e o desenrolar da história ao destacar a ausência de duas páginas, cito: “A seguinte declaração, ditada, relida e assinada pelo Dr. Yu Tsun, antigo catedrático de inglês na Hockschule de Tsingatao, projeta uma insuspeita luz sobre o caso. Faltam as duas páginas iniciais.” (BORGES, 1972, p. 95) Curioso ainda é que Borges após o desfecho do primeiro parágrafo anunciando a ausência de trechos, inicia todos os outros parágrafos com aspas, permitindo ao leitor a possibilidade de enxergar o conto como um quebra-cabeças, cujas partes podem ser remontadas. Na perspectiva abismática que Borges presenteia seus leitores no início do conto, depareime com uma manifestação autônoma frente à abertura da obra de Borges. Intitulado Uma Releitura para El Jardin des Senderos que se Bifurcam o leitor Nei Guimarães Machado aventura-se fazer o desfecho do primeiro parágrafo que Borges deixara suspenso ao anunciar a perda de duas páginas3. No desenrolar do conto percebe-se a simultaneidade de histórias, hora um conto policial, hora a vivência do próprio labirinto de Ts’ui Pen, hora os relatos do sinólogo Albert; o certo é que Borges propositalmente nos apresenta a abertura de sua obra mesmo no interior do próprio escrito: [...] Não conjeturei outro processo que o de um volume cíclico, circular. Um volume cuja última página fosse idêntica à primeira, com possibilidade de continuar indefinidamente. Recordei também aquela noite que está no centro das Mil e Uma Noites (BORGES, 1972, p. 104) Sendo assim Borges não só nos deixa pistas para a leitura do conto, mas além, nos mostra o estatuto de sua obra, uma narrativa aberta, uma obra circular onde uma história aparece dentro de outra história4. Há de se considerar o que Umberto Eco ainda nos apresenta sobre a abertura de uma obra e a permanência de sua singularidade frente os leitores: […] uma obra de arte, forma acaba e fechada em sua perfeição de organismo perfeitamente calibrado, é também aberta, isto é, passível de mil interpretações diferentes, sem que isso redunde em alteração de sua irreproduzível singularidade. 2 A tradução utilizada de ‘El jardin de los senderos que se bifurcan’ traz ‘O jardim de caminhos que se bifurcam’, porém tem-se conhecimento da tradução publicada pela Editora Cia das Letras na 1ª edição em 2007 como ‘O jardim das veredas que se bifurcam’. 3 Disponível em: <http://ngmachado.blogspot.com/2006/03/uma-releitura-para-el-jardin-de.html> Acesso em 04/07/2008. 4 Texto trabalhado pelo prof. Dr. Jairo Dias para aula de 27/06/08 – 1ºsem/2008 – Disciplina Estética 6: Apontamentos sobre Inland Empire. 2 Cada fruição é, assim, uma interpretação e uma execução, pois em cada fruição a obra revive dentro de uma perspectiva original (ECO, 1976, p. 40) Ainda que sendo obra aberta, o conto de Borges tem como eixo central uma problemática filosófica: a Incompossibilidade dos Mundos Possíveis. Segundo Deleuze: [...] como um discípulo de Leibniz, Borges, invoca um filósofo-arquiteto-chinês, Ts’ui Pen, inventor do ‘jardim das veredas que se bifurcam’: labirinto barroco cujas séries infinitas convergem e divergem e que forma uma trama de tempo abarcando todas as possibilidades (DELEUZE, 1991, p. 108). O conto, considerado pelo autor como policial, narra a história de um personagem do seu quarto até o jardim em que comete um assassinato como estratégia de sua missão de espionagem. No entanto, no decorrer do conto Borges desenvolve noções filosóficas leibnizianas a cerca dos Mundos Possíveis. Em Leibniz a categoria Incompossibilidade5 nos é apresentada como a não possibilidade de coexistência de séries, com seus elementos e relações, que pertencem a totalidades seqüências interrelacionais diferentes de séries, elementos e relações de outros mundos possíveis. No acontecer do conto percebemos a permanente tentativa de Borges para apresentar sua releitura da incompossibilidade leibniziana, misturando séries que não compossíveis mas que no seu jardim passam à coexistência: [...] infinitas séries de tempos, numa rede crescente e vertiginosa de tempos divergentes, convergentes e paralelos. Essa trama de tempos que se aproximam, se bifurcam, se cortam ou que secularmente se ignoram, abrange todas as possibilidades (BORGES, 1972, p. 107) Ts’ui Pen, o filósofo borgeano, apresenta que ao se decidir por uma alternativa, não necessariamente se opta apenas por um mundo, e que a alternativa não escolhida transforme-se num outro mundo do qual o indivíduo poderia ter optado. Em seu mundo, o filósofo Ts’ui Pen abarca todas as alternativas enquanto mundos possíveis. Borges, portanto nos apresenta neste conto a possibilidade de filosoficamente pensar um mundo onde o ponto bifurcante seja inclusivo, permitindo a coexistência de alternativas não convergentes. Mais uma vez percebemos Borges utilizando categorias de Leibniz. Bifurcação enquanto categoria leibniziana significa: [...] a existência de um ponto em que há a disjunção de séries, um nó de rede, um ponto onde ocorre um dilema que produz uma divergência na seqüência da série. Há sempre pontos de retrocesso, de inflexão, desfiladeiros, nós, núcleos, centros, pontos de fusão, de condensação, de ebulição, pontos de choro, de alegria, de doença, de saúde, de esperança, de angústia, pontos sensíveis relacionados aos acontecimentos. Esses pontos implicam bifurcações onde se produzem caminhos e séries divergentes (CARVALHO, 2008) O autor apresenta uma reflexão do tempo a partir de bifurcações temporais: passado, presente e futuro: "refleti que tudo aquilo que acontece com alguém, acontece agora, precisamente agora. Séculos de séculos e apenas no presente ocorrem fatos; inumeráveis homens no ar, na terra e no mar e tudo o que realmente sucede, sucede a mim" (BORGES, 1972, p. 96). Há ainda a noção de um tempo múltiplo, cuja idéia é central do conto, cuja contribuição literária do escritor permite elucidar a existência de várias possibilidades no mesmo mundo, na perspectiva de que o ponto dilemático não seja exclusivo, ao contrário traga ao mundo a coexistência de séries divergentes. 5 Texto trabalhado pelo prof. Dr. Jairo Dias na aula de 14/03/08 – 1ºsem/2008 – Disciplina Estética 6: A arte e mundos possíveis. 3 Deleuze em “A Dobra” nos apresenta Bifurcação como sendo um ponto do qual as séries divergem, portanto um ponto cujos indivíduos se encontram frente a um problema que apresenta não apenas uma alternativa, mas duas ou mais. Ao decidir, e assim continuar para além do problema, o indivíduo opta por uma alternativa, e assim opta por uma série, ou na discussão que Deleuze nos apresenta, opta por um mundo. Assim o entendimento desta categoria filosófica Bifurcação é fundamental para que se possa compreender porque o romance de Ts’ui Pen é a construção de um mundo que converge as alternativas existentes num ponto bifurcante. Ao chegar numa casa de portão alto, o protagonista é recebido por sua futura vítima, Stephen Albert, sujeito que fora encarregado de decifrar um enigma do livro escrito por Ts’ui Pen. Este, que era um antepassado do próprio personagem principal, tinha abandonado sua próspera vida (era governador de sua província, doutor em astronomia, em astrologia, enxadrista, calígrafo e famoso poeta) para compor um labirinto e um livro. No entanto, o enigma revelado por Albert é justamente que o livro e o labirinto são o mesmo objeto. A chave para a descoberta estava num fragmento de uma carta deixada por Ts’ui Pen, constando: "Deixo aos vários futuros (não a todos) meu jardim de caminhos que se bifurcam" (BORGES, 1972, p. 105). [...] Antes de exumar esta carta, eu tinha me perguntado de que maneira um livro pode ser infinito. Não conjeturei outro processo que o de um volume cíclico, circular. Um volume cuja a última página fosse idêntica à primeira, com possibilidade de continuar indefinidamente... Nessa perplexidade, remeteram-me de Oxford o manuscrito que o senhor examinou. Detive-me, como é natural, na frase: ‘Deixo aos vários futuros (não a todos) meu jardim de caminhos que se bifurcam’. Quase de imediato compreendi: o jardim de caminhos que se bifurcam era o romance caótico; a frase vários futuros (não a todos) sugeriu-me a imagem da bifurcação no tempo, não no espaço. A releitura geral da obra confirmou essa teoria. Em todas as ficções, cada vez que um homem se defronta com diversas alternativas, opta por uma e elimina as outras; na do quase inextricável Ts’ui Pen, opta – simultaneamente – por todas. Cria, assim, diversos futuros, diversos tempos, que também se proliferam e se bifurcam. Daí as contradições do romance (BORGES, 1972, p. 104-105). Logo em seguida, o personagem Albert mostra que é justamente o problema do tempo o que mais incomodava Ts’ui Pen e que este fora o grande tema do Jardim. Albert relata que ao fazer a tradução do livro constatou que o autor em nenhum momento usa a palavra tempo e que isso era uma explicação de que “O Jardim dos Caminhos que se Bifurcam” é uma imagem incompleta, mas não falsa, de como Ts’ui Pen concebia o universo. Ao explicar a questão ao protagonista, coloca: [...] Diferentemente de Newton e de Schopenhauer, seu antepassado não acreditava num tempo uniforme, absoluto. Acreditava em infinitas séries de tempos, numa rede crescente e vertiginosa de tempos divergentes, convergentes e paralelos. Essa trama de tempos que se aproximam, se bifurcam, se cortam ou que secularmente se ignoram, abrange todas as possibilidades (BORGES, 1972, p. 107). O conto termina com o assassinato de Albert pelo personagem principal como uma estratégia de sua missão. No entanto, muito mais do que o fim, o que interessa é justamente o que está no desenvolver, ou seja, como Borges oferece, a possibilidade de um espaço que pode se realizar fora de um tempo absoluto, um enredo que pode tomar várias trajetórias convergentes num mesmo mundo. 2. REFERÊNCIAS ALBERT, P. P. O tempo não-reconciliado. In: Gilles Deleuze: Uma vida filosófica/Org. Eric. Alliez. SP. Ed.34. 2000. p. 85-97. 4 BORGES. J. L. Ficções. Trad. Carlos Nejar. Coleção Os Imortais da Literatura Universal . 50. Ed. Globo. Porto Alegre. RS. 1972. CARVALHO, J. D. Arte e Mundos Possíveis. Texto para aula14/03 - Disciplina Estética 6. Departamento de Filosofia. Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, 2008. ___________. Ficção dos Mundos Possíveis. Texto para aula 18/04 - Disciplina Estética 6. Departamento de Filosofia. Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, 2008. ___________. A Comunicação das Séries Incompossíveis, a Bifurcação e a Ramificação, a Repetição e as Identidades Vagas. Texto para aula 02/05 - Disciplina Estética 6. Departamento de Filosofia. Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, 2008. ___________. Apontamentos sobre Inland Empire. Texto para aula 27/06 - Disciplina Estética 6. Departamento de Filosofia. Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, 2008. DELEUZE, G. A dobra: Leibniz e o Barroco. Trad. Luiz B. L. Orlandi. Campinas. SP: Papirus, 1991. 103-130. Disponível em: <http://ngmachado.blogspot.com/2006/03/uma-releitura-para-el-jardin-de.html> Acesso em 04/07/2008. SILVA, Ângela Maria. Guia para normalização de trabalhos técnico-científicos: projetos de pesquisa, trabalhos acadêmicos, dissertações e teses/Ângela Maria Silva, Maria Salete de Freitas Pinheiro, Maira Nani França. 5 ed. rev. e ampl. EDUFU. Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, 2006. JORGE LUIS BORGES VERSUS LEIBNIZ: THE WORLDS POSSIBLES Ana Carolina Gomes Araújo6 Federal University of Uberlandia/ Department of Philosophy Av. John Naves de Avila, 2121 – B. Sta. Monica – Bloco 1U Campus Sta. Monica 38400-902 – Uberlandia/MG [email protected] Abstract: Jorge Luis Borges in his book fiction, specifically in the story The Garden of paths that split in poses a philosophical problem from the character Ts'ui Pen. The objective is to explore the understanding that Borges personifies Ts'ui Pen in the philosopher who makes a rereading of all possible worlds of Leibniz. The sinologist Albert, also character in the tale, after the death of Ts'ui Pen summarizes his hypothesis that the Garden Paths of that split is not just a novel written by chaotic Ts'ui Pen, much less a "chaotic experiment mundane But responding to a concern metaphysics, to a larger philosophical question that will throughout the rest of his life "and that the work" is an incomplete picture, but not false, of the universe as conceived. " This passage refers to the tale of philosophical categories of Leibniz, mainly the concepts of Bifurcation, and 6 Student Course of Philosophy at the Federal University of Uberlandia. 5 compossibility incompossibility. Albert still in its assumption that gives us the chaotic novel is proof that Ts'ui Pen goes, simultaneously, by all alternatives to an individual when he sees a dilemma. However, Ts'ui Pen shows that when deciding on an alternative, not necessarily opting for a just world and that the alternative chosen not turn up in another world to which the individual could have chosen as presents Leibniz, but who in his world, the philosopher Ts'ui Pen covers all alternatives as possible worlds. Borges therefore presents us an opportunity to think philosophically a world where the point bifurcante is inclusive, allowing the coexistence of different alternatives, in a direct confrontation with the category of incompossibility of Leibniz whose coexistence of different worlds is not possible. Keywords: Jorge Luis Borges, Leibniz, Worlds Possibles, Incompossibility, Bifurcation. 6