PARA LAS SEIS CUERDAS: AS MILONGAS-CONTOS DE JORGE LUIS BORGES Heloisa Sousa Pinto Netto* Professor responsável: Rita Lenira Bittencourt RESUMO: O presente trabalho pretende apresentar, em um primeiro momento, um breve histórico da origem do gênero musical denominado milonga, seu surgimento, os aspectos culturais a ele ligados e sua transmissão de forma oral e de raiz popular. A seguir serão feitas algumas considerações sobre a obra Para las seis cuerdas, de Jorge Luis Borges, de 1965, na qual o escritor argentino adotou a métrica característica das milongas em seus poemas. Por fim, entendendo a milonga como um texto híbrido, este trabalho apontará conceitos de teoria do conto, que servirão de parâmetro para uma análise das referidas milongas da obra em questão. PALAVRAS-CHAVE: Borges, milonga, conto. RESUMEN: Este trabajo pretende presentar, en un primer momento, una breve historia del origen del género musical llamado milonga, de su aparición, los aspectos culturales vinculados a la misma y de su transmisión en las raíces orales y populares. A continuación se presentan algunos comentarios sobre el libro Para las seis cuerdas, de Jorge Luis Borges, 1965, en lo que el escritor argentino adoptó la característica métrica de las milongas en sus poemas. Por último, comprendendo la milonga como un texto híbrido, en este trabajo se presentan los conceptos de la historia, que sirven como parámetros para el análisis de estas milongas de la obra en cuestión. PALABRAS CLAVE: Borges, milonga, cuento. Introdução O Rio da Prata, abertura do continente sul americano para o Atlântico, objeto de disputa, mas também de confluência, foi palco de trocas e trânsito de toda sorte de bens materiais e culturais entre europeus, africanos e autóctones. Como consequência, a região tornou-se um espaço etnicamente diversificado. A população negra, de presença predominantemente banta, no sentido de afirmar suas origens, constituiu locais em que práticas culturais asseguravam os elos preexistentes e configuravam o novo ideário social. Uma destas práticas de afirmação da memória cultural se deu através da milonga. *Graduanda em Letras pela UFRGS. [email protected] O escritor Jorge Luis Borges escreveu, em 1965, Para las seis cuerdas, obra que alinha uma série de poemas utilizando a métrica característica das milongas. A referida obra é constituída de composições que apresentam aspectos comuns ao gênero conto, a brevidade, a concisão, mas principalmente a especificidade da voz do narrador, carregada de oralidade. A partir de um breve exame de traços da obra borgeana e da seleção de duas das milongas compostas pelo autor argentino, este trabalho pretende analisar alguns destes aspectos comuns utilizando-se, para tal, de conceitos sobre o gênero conto presentes nas obras de autores como Edgar Allan Poe e Julio Cortázar. 1 A milonga O termo milonga, que denomina hoje um gênero musical bastante difundido no sul do continente americano, é também nome de uma das cidades de onde provinham muitos dos africanos que desembarcaram na região do Prata, situada, hoje, na República Democrática do Congo, antigo Império Lunda. O surgimento do referido gênero deu-se na zona de grande miscigenação cultural supracitada e as primeiras notícias que se tem de milonga como uma variedade dentro do universo musical referem-se ao Uruguai, nas últimas décadas do século XIX. Era, fundamentalmente, ligada a três aspectos culturais: denominava-se milonga um baile com dança de pares comum nas periferias urbanas, também as payadas de contraponto, espécies de desafios entre trovadores, e finalmente, denominava-se milonga canções compostas em poesias rimadas e acompanhadas de violão, estas mais restritas ao âmbito urbano, ao contrário da anterior ligada normalmente ao gaucho payador. No entanto, bem antes disto, em 1800, encontramos um gênero chamado estilo, uma mistura de milonga e payada, que era praticado no Rio da Prata. No mesmo momento, fazia grande sucesso no Uruguai um poema também intitulado "Milonga", uma referência, talvez, à cidade no Congo, ou ainda à ideia de 'palavra falada', que é a tradução do termo milonga do idioma quimbundo para o português. O referido texto oral surgiu na antiga localidade uruguaia de Minas (fundada em 1783) e sua transmissão, sempre oral então, demonstrava fortes traços da trova provençal o que pode atestá-la como uma variante da mesma, que era praticada duzentos anos antes. MILONGA¹ Digo que siento desvelo Digo que siento aflicción Digo de corazón Digo que llorar no puedo Digo que en mi triste suelo Digo que padezco, si Digo que puesto a sufrir Digo que dentro de un lecho Digo que dentro ‘e mi pecho Siento y no siento sentir Salvo estoy de mi entender Salvo de hacer exigencias Salvo de correspondencia Salvo me tiene un deber Salvo de todo placer Salvo estoy porque comprendo Salvo de una dicha vengo Salvo de un buen porvenir Salvo vivo de morir De un sentimiento que tengo Quisiera que el más cantor Quisiera un consejo darme Quisiera nunca acordarme Quisiera tener valor Quisiera en este dolor Quisiera hacer dividir Quisiera para vivir Quisiera el alma serena Quisiera apartar las penas Que he sentido sin sentir Tengo en el sentido valor Tengo cambiado el pesar Tengo que recuperar Tengo la esperanza en dios Tengo en este gran dolor Tengo el alma batiendo Tengo que vivir sufriendo Tengo una pequeña duda Tengo en mi mente segura Que estoy sin sentir sintiendo Siento y no siento sentir De un sentimiento que tengo Que he sentido sin sentir Que estoy sin sentir sintiendo ¹ O compositor e escritor gaúcho Vitor Ramil musicou e gravou Milonga, a qual faz parte de seu CD Ramilonga, de 1997. A voz adquire peso fundamental na medida em que representa a atitude poética do indivíduo, ele afirma a posição do dizer "digo que siento..." e a partir disto dirá o que vem depois, caracterizando uma atitude de aparente independência que solidificará a imagem do payador como constituinte da nova nação. Ele será o orillero ou o compadrito solitário que entoando milongas dentro da nova ordem social, legitimará este gênero como uma das mais importantes expressões de arte poética nas periferias. Com isso, pode-se verificar que a milonga e a payada entrelaçaram-se em suas origens e tem em comum o traço da oralidade, no qual o indivíduo é quem toma a palavra, numa atitude poética singular, o que não exclui, no entanto, o elo coletivo, de afirmação, de pertencimento, de criação de uma nova identidade, fruto da miscigenação cultural. Conforme Ludmer (2002, p.198), "existe uma zona da literatura e da cultura que transcende muitas vezes os enunciados", adquirindo formas de entonação e postura diversas, ressoando ritmos e gestos representativos de grupos, podendo tornar-se representações identitárias, não raro intraduzíveis aos que do mesmo não fazem parte. São assim transmitidos como forma de perpetuar a cultura e condensar as saudades para os que desta se afastam. Em sendo assim, pode-se pensar que a dupla condição da milonga, de se desenvolver em forma oral e de estar enraizada no popular, permite aproximá-la de outro gênero, o conto. 2 De Borges para as seis cordas Borges traça um dos modelos da literatura argentina, ao construí-la no cruzamento da cultura européia com a “inflexión rioplatense del castellano en el escenario de un país marginal” (SARLO, 2003 p. 47). É possível observar, em parte de sua obra, principalmente na sua fase inicial, a convivência de temas universais com a tradição dos compadritos e dos orilleros, dos duelos com punhais, dos crimes. Naqueles anos, o termo las orillas designava os bairros distantes e pobres, limítrofes com a planície que cercava a cidade. O orillero, morador desses bairros, muitas vezes trabalhador dos matadouros e frigoríficos onde ainda se estimavam as destrezas rurais no manejo do cavalo e da faca, inscreve-se numa tradição criolla de maneira muito mais plena do que o compadrito suburbano (de quem Borges não propõe nenhuma idealização), cuja vulgaridade denuncia o recém chegado, o imitador de costumes que não lhe pertencem. O orillero arquetípico é de linhagem hispano-criolla, e sua origem é anterior à imigração; o compadrito suburbano, ao contrário, traz as marcas de uma cultura baixa e faz alarde de coragem ou ousadia para imitar as qualidades que são naturais ao orillero. O compadrito é vistoso; o orillero é discreto e taciturno: "essa mistura de zombaria e cortesia, essa humildade exagerada, sobretudo quando estava a ponto de provocar alguém para um duelo". (SARLO, 2003, p. 48) Mesmo que compadritos e orilleros estivessem perdendo suas características agressivas mais marcantes, é a partir desses temas marginais que Borges, muitas das vezes, elabora sua literatura, numa poética que se alimenta da diferença. Em alguns de seus contos é assim, e não é diferente em seus poemas. Nestes introduz, por vezes, uma particularidade: o cânone da poesia popular argentina, com estrofes compostas de quatro versos, sendo estes octassílabos utilizando a métrica ao gosto dos payadores- ou seja, como são as milongas. Tais características aproximam o milonguero de modo singular à forma de transmissão essencialmente oral. Sobre as milongas que escreveu, falou em entrevista concedida à Ignacio Zuleta, em 1981: Milongas, sim, escrevi muitas, e tratam todas de homens reais. Quer dizer, de cuchilleros, ou de um de meus bairros, de Palermo, sobretudo do lado da Penitenciária, dos fundos da Recoleta, o que chamavam “a terra do fogo”. E outras mais recentes, de cuchilleros de Turdera, próximo de Adrogué, próximo de Lomas. Ou seja, do Norte e do Sul. (BORGES In http://www.revista.agulha.nom.br) Para Ludmer (2002, p. 204), em Borges "não há oposição entre literatura e vida, mas entre modos diversos da literatura e da língua e modos diversos da vida". Se por vezes ele inscreve sua literatura no espaço urbano-criollo, demonstrando interesse particular pelas vozes dos indivíduos locais, também entende que a verdade não está entre os homens rudes, entre orilleros e compadritos, mas sim no que deles é ouvido. A matéria literária para o autor, como diz Josefina Ludmer (2002. p.204) é "um misto que produz choque e confronto". A milonga é uma das conversações de Buenos Aires, o truco é a outra, e a morte dá o velório, conversadeiro geral que a ninguém fechou a porta.(...)A matéria da literatura argentina encontra-se em certos momentos conversados da cultura daqueles que não têm literatura; nos momentos ouvidos que tiram do cotidiano e cortam o tempo e o espaço: no truco e sua conversação feita de desafios, onde o idioma é outro de repente, no ritmo de guerra e festa conversada da milonga, nas narrações de duelos e vinganças que dizem entre si os pobres(...) (LUDMER, 2002, p.203) No prólogo de seu livro Para las seis cuerdas (1965), obra composta somente de milongas, que lhe permitiram improvisações que divagam sobre a vida e a morte, Borges cria o ambiente e descreve o indivíduo, o payador, que as entoaria “En el modesto caso de mis milongas, el lector debe suplir la música ausente por la imagen de un hombre que canturrea, en el umbral de su zaguán o en un almacén, acompañándose con la guitarra. La mano se demora en las cuerdas y las palabras cuentan menos que los acordes.” Não criando fronteiras entre os meios considerados periféricos e centrais, Borges escreve sobre o homem dos arrabaldes de Buenos Aires, não sobre o gaucho de seus antecessores, nem tampouco sobre o homem 'civilizado' da cidade. O homem escolhido por Borges é o que se apresenta híbrido, por sua condição de não pertencimento que lhe permite transitar por civilização e barbárie. A morte apresenta-se entremeada em seus versos, nos quais a voz dos que estão à margem toma um aspecto de portadora de um 'ouvir falar', configurando ao indivíduo escolhido, desta maneira, o papel de narrador oral, o que transmite a tradição. Como nos diz Walter Benjamin (1975, p.64) “a experiência transmitida oralmente é a fonte de que hauriram todos os narradores. E, entre os que transcreveram as estórias, sobressaem aqueles cuja transcrição pouco se destaca dos relatos orais dos muitos narradores desconhecidos”. Borges talvez tenha sido o principal crítico de seu próprio trabalho, revisou por várias vezes suas obras condenando os 'excessos' de linguagem oral, suprimindo palavras consideradas por ele demasiado criollas. No entanto identificamos, por exemplo, no conto "Historia de Rosendo Juarez" fortes traços da linguagem coloquial, típica dos compadritos, traços que também suas milongas apresentam. 3 A aproximação da milonga ao conto A questão da temática, já citada, permite que se faça uma aproximação bastante significativa entre os contos e os poemas-milongas de Borges. Também a característica de oralidade possibilita o mesmo tipo de análise. O 'ouvir falar', que dá a voz aos olvidados, é o destaque alcançado pela participação do narrador que evidencia o teor reflexivo: desde o primeiro parágrafo ou verso, é possível reconhecer a voz de um narrador que tem plena consciência do ato que o executa de contador de histórias, bem como da recorrência deste exercício, realizado por outros narradores que já haviam contado esta mesma história. Para Julio Cortázar, o trabalho com a linguagem é o cerne da construção da intensidade e da tensão de um conto. A partir desta elaboração da linguagem, o escritor argentino acredita que o conto promove a transcendência de um acontecimento particular para a exploração de aspectos essenciais da condição humana. Borges, ao promover no interior de suas obras uma reflexão intelectual e crítica sobre questões essencialmente humanas, abre caminho para a discussão sobre o processo de construção literária e sua relação com a linguagem, seja em seus contos ou milongas, já que estes apresentam traços coincidentes. O mesmo Cortázar tece uma interessante comparação entre fotografia e conto podendo-se incluir aqui a milonga -, dizendo que fotógrafos definem sua arte como um aparente paradoxo ao “recortar um fragmento da realidade, fixando-lhe determinados limites” e isso é feito de tal modo que “este recorte atue como uma explosão que abre de par em par uma realidade muito mais ampla, como uma visão dinâmica que transcende espiritualmente o campo abrangido pela câmera.” (CORTÁZAR, 2008, p.151) Edgar Alan Poe, o precursor de toda a discussão acerca do gênero conto, entende que este não deve nem ser longo nem breve demais, deve equilibrar-se em um meio-termo, deve ser produto de extremo domínio do autor que tem por objetivo a conquista do efeito único. A busca deste intento inicia na primeira frase, a qual, segundo Poe, deve estabelecer esta impressão total. A palavra deve estar a serviço deste propósito, um mínimo de meios para um máximo de efeito. Julio Cortázar afirma que o autor americano compreendeu que a eficácia de um conto depende de sua intensidade como acontecimento puro, isto é, que todo comentário ao acontecimento em si (...) deve ser radicalmente suprimido(...) cada palavra deve confluir para o acontecimento, para a coisa que ocorre e esta coisa que ocorre deve ser só acontecimento e não alegoria (...) ou pretexto para generalizações psicológicas, éticas ou didáticas. (2008, p. 122) Para melhor compreensão de como as características do gênero conto, acima apontadas, aparecem nas milongas de Borges, será feita uma breve análise de duas destas milongas, a saber: Milonga de Albornoz e Milonga de Manuel Flores.² MILONGA DE ALBORNOZ Alguien ya contó los días, Alguien ya sabe la hora, Alguien para quien no hay Ni premuras ni demora. ² Tendo conhecido as milongas de Jorge Luis Borges ainda adolescente, Vitor Ramil musicou aos dezenove anos a milonga borgeana intitulada Milonga de Manuel Flores. Entretanto, foi em 2009, com o disco délibab, que outras sete milongas do autor argentino receberam a música do compositor gaúcho. A gravação do referido CD foi realizada na cidade de Buenos Aires. Albornoz pasa silbando Una milonga entrerriana; Bajo el ala del chambergo Sus ojos ven la mañana, La mañana de este día Del ochocientos noventa; En el bajo del Retiro Ya le han perdido la cuenta De amores y trucadas Hasta el alba y de entreveros A fierro con los sargentos, Con propios y forasteros. Se la tienen bien jurada Más de un taura y más de un pillo; En una esquina del Sur Lo está esperando un cuchillo. No un cuchillo sino tres, Antes de clarear el día Se le vinieron encima Y el hombre se defendía. Un acero entró en el pecho, Ni se le movió la cara; Alejo Albornoz murió Como si no le importara. Pienso que le gustaría Saber que hoy anda su historia En una milonga. El tiempo Es olvido y es memoria. MILONGA DE MANUEL FLORES Manuel Flores va a morir. Eso es moneda corriente; Morir es una costumbre Que sabe tener la gente. Y sin embrago me duele Decirle adiós a la vida, Esa cosa tan de siempre, Tan dulce y tan conocida. Miro en el alba mis manos, Miro en las manos las venas; Con extrañeza las miro Como si fueran ajenas. Vendrán los cuatro balazos Y con los cuatro el olvido; Lo dijo el sabio Merlín: Morir es haber nacido. ¡Cuánta cosa en su camino Estos ojos habrán visto! Quién sabe lo que verán Después que me juzgue cristo. Manuel Flores va a morir. Eso es moneda corriente; Morir es una costumbre Que sabe tener la gente. As duas milongas, ou como pretende este breve artigo, os dois contos em versos, apresentam uma temática muitas vezes adotada por Borges em seus contos em prosa, a qual foi abordada anteriormente, os arrabaldes de Buenos Aires e seus tipos que permeiam os versos carregados de oralidade. O narrador coloca-se, desde o início, como o contador de histórias, aquele que sabe porque viu ou porque lhe disseram. Não há qualquer tipo de floreio, a objetividade toma conta do relato, como nos versos iniciais de "Milonga para Manuel flores": Manuel Flores va a morir, eso es moneda corriente. A palavra está a serviço do propósito, contar a morte da personagem. Não há palavras a mais, nem a menos, a realidade está implícita nos fragmentos apresentados, são os instantâneos dos quais nos fala Cortázar, e com eles pode-se muito bem imaginar o cenário, a rua ou bairro, a noite, a esquina. O conto em verso, ou poema rimado, por preservar o caráter épico, pode ser considerado superior ao conto em prosa no que diz respeito ao efeito único, sendo este alcançado através de extremo domínio do autor sobre seu material narrativo. Os versos que constituem as milongas de Borges carregam em suas linhas o universo que o autor quis retratar, sem que, no entanto, se utilize de excesso de palavras; desta forma, faz jus a outra característica de construção de contos apontada por Edgar Alan Poe, a economia dos meios narrativos. Entretanto, por se tratar de poética, essa economia de meios considera outros elementos, como repetições, pontuação, e explora elementos mais musicais que a prosa. Jorge Luis Borges mantém o leitor ligado às narrativas que compõem suas milongas, seja ao dar-nos o aviso de que Manuel Flores vai morrer, o que nos deixa em constante expectativa e curiosidade sobre o fato, seja ao discorrer sobre Albornoz e seus entreveros, de onde se pode supor um possível desfecho trágico. Ao mesmo tempo em que nos conta sobre as mortes das personagens de maneira concisa, direta e fria, tece considerações sobre a fragilidade da condição humana. O autor argentino faz isto habilmente, de maneira fluida mas intensa, não obedecendo, obrigatoriamente, aos preceitos tradicionais de início, meio e fim, mantendo, assim mesmo, a estrutura do texto organizada através da relação perfeita entre as partes constituintes e criando possibilidades para que o próprio texto desvende sua alma. Entendendo as milongas, ou os contos em versos como as mesmas foram denominadas até aqui, como textos híbridos, verifica-se que estas podem participar tanto do espaço teórico do conto quanto do da poesia. Assim, um estudo como esse, que as aproxima do conto, pretende expandir suas possibilidades de leitura, incluindo outro ponto de vista, menos explorado. REFERÊNCIAS ÂNGELO, Andréa Lúcia Paiva Padrão. Borges e o conto policial metafísico: "El jardins de los senderos que se bifurcan" In www.periodicos.ufsc.br/index.php/fragmentos/article/ acesso de 20/09/11 a 13/10/11 BENJAMIN, Walter. 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