DESAFIOS PARA O DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÔMICO DA MICRORREGIÃO BRAGANTINA NO ESTADO DO PARÁ Jones Nogueira Barros1, Isabel Cristina dos Santos2, Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira, Fabio Ricci3 1 Mestrando em Gestão e Desenvolvimento Regional, do Programa de Pós-graduação em Gestão e Desenvolvimento Regional, da Universidade de Taubaté. Rua Expedicionário Ernesto Pereira, 225, Portão 2 CEP 12.020-030- Taubaté/SP - Brasil. [email protected] 2 Orientadora - Professora Pesquisadora do Programa de Pós-graduação em Gestão e Desenvolvimento Regional da Universidade de Taubaté - [email protected] 3 Professores Pesquisadores do Programa de Pós-graduação em Gestão e Desenvolvimento Regional da Universidade de Taubaté –– [email protected]; [email protected] Resumo: Este artigo apresenta o uso de metodologias de análise das oportunidades de desenvolvimento sócio-econômico na microrregião bragantina. Para tanto, descreve um case study, baseado na aplicação de metodologia e fórmulas disponíveis nos campos das Ciências Humanas e Sociais, tais como a caracterização das manifestações culturais e as relações entre essas manifestações e a produção cultural, avaliação da cadeia produtiva a partir do produto básico principal de um município da microrregião, apuração do índice de especialização produtiva da microrregião e de cada um dos municípios e o predomínio das atividades urbanas ou rurais para cada deles. A microrregião estudada é a Bragantina no Estado do Pará. Os resultados apontam para a suficiência da aplicação das metodologias propostas para a caracterização da região e para subsidiar a análise e propostas de políticas de desenvolvimento regional, com apropriação imediata das vocações locais. Palavras chave: Desenvolvimento regional. Metodologia de Análise. Microrregiões do Pará. Área do Conhecimento: VI- CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS Introdução A intensificação com que o Brasil vem se inserindo no cenário econômico mundial tornou urgente a definição de metodologias de diagnóstico dos potenciais locais e regionais de desenvolvimento, e a criação de mecanismos e de políticas públicas que garantam o fomento necessário para a instalação das atividades econômicas. Nesse sentido, novas metodologias de análise e de avaliação das potencialidades locais devem ser desenvolvidas e apropriadas, de imediato, estabelecendo núcleos de pesquisas em torno das microrregiões brasileiras, creditando assim, às metodologias e ferramentas de análise, o arcabouço clássico da pesquisa orientada ao desenvolvimento das localidades. Desse modo, acrescenta-se ao debate teórico acerca do desenvolvimento concentrado, o componente de viabilidade de desconcentração do crescimento e sustentabilidade das microrregiões. Mais comumente às discussões sobre o desenvolvimento econômico, a concentração recrudesce as assimetrias, uma vez que, no conceito atual de desenvolvimento regional, temse observado que as regiões, ao longo do tempo, se diferenciam e se distanciam cada vez mais, em especial nas economias periféricas, caracterizadas por “enclaves” formados desde o período colonial e que tem sido enfrentado com políticas intervencionistas que, em muitos casos, são insuficientes para gerar sustentabilidade. Contradizendo à lógica predominante ao desenvolvimento por concentração, esse estudo examina as oportunidades de desenvolvimento de uma microrregião do Estado do Pará, tendo como referência o uso de metodologias de análise, disponíveis às áreas do conhecimento das Ciências Humanas e Sociais, a partir da caracterização das localidades. Procedimentos Metodológicos Trata-se de um estudo de caso, delimitado à microrregião Bragantina, localizada no estado do Pará, norte do país. O estudo em questão abrigou os seguintes procedimentos: a) análise históricobibliográfica, b) apresentação e descrição das metodologias de análise; c) cotejamento entre os dados obtidos e as metodologias; d) caracterização dos municípios inseridos na microrregião; e) identificação das oportunidades de desenvolvimento, observadas na microrregião; f) proposição dos setores e das atividades de desenvolvimento local e regional imediato. Desenvolvimento Regional no Brasil O desenvolvimento regional no Brasil esteve, em grande parte, associado aos interesses econômicos e políticos de grupos econômicos, não raro, estrangeiros. Algumas exceções, como a XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 1 indústria aeronáutica brasileira, se destacam no esforço de geração de autonomia tecnológica, tendo um projeto nacional de desenvolvimento, apontam Santos e Amato Neto, 2005. Porém, a forma de gestão, entrecortada por mudanças bruscas de governos locais e especificidade das relações destes com o poder central, via representação partidária, contribuiu para o recrudescimento das desigualdades regionais, econômicas e sociais, ao mesmo tempo em que contribui para a concentração de riqueza e crescimento nas áreas de seu interesse. De acordo com Amin (1988, apud BANDEIRA, 2004), as políticas adotadas de desenvolvimento regional tanto nos países desenvolvidos quanto nos do terceiro mundo eram padronizadas, no sentido de influenciar as decisões de localização das empresas, baseadas em incentivos fiscais e financeiros e dirigidas exclusivamente pelo Estado. Segundo ao autor, os resultados dessa ação foram modestos e pouco estimulo trouxeram à melhoria contínua na competitividade econômica das regiões menos desenvolvidas. Ainda que tenham ajudado a aumentar o nível de emprego e a renda nas áreas mais pobres, elas não geraram aumentos de produtividade, como ocorreu nas regiões mais ricas. Ou seja, elas não criaram um processo de desenvolvimento sustentável em relação aos recursos locais. Segundo Amin, o desenvolvimento regional deve ser pautado pelas particularidades da região, suas necessidades específicas e capacidade de produção, associada a sua disponibilidade de mão-de-obra e o nível de qualificação desta, para engajamento nos novos empreendimentos estimulados pela gestão pública. E ainda, segundo ele, o modelo de desenvolvimento regional adotado sofreu desgaste, gerando novas opções de desenvolvimento no campo das políticas regionais, tal como a mobilização do potencial endógeno das áreas menos desenvolvidas. O desenvolvimento regional não pode ser pensando como um esforço do Estado, mas pela interação deste com os agentes econômicos locais, na disponibilidade de planos de desenvolvimento institucionais. E contemplar as especificidades da região, de modo a gerar desenvolvimento com crescimento econômico, com aumento de postos de trabalho e renda, para a região e as pessoas que nela habitam. A equação mais completa do desenvolvimento regional é combina uma relação de crescimento entre Estado, região, empresa e a sociedade. A Sociedade e o Desenvolvimento Regional. O Programa de Desenvolvimento Integrado e Sustentável de Mesorregiões Diferenciadas do Ministério da Integração propôs um modelo de desenvolvimento pautado nos atores locais, criando uma nova orientação de modelo. O novo paradigma de desenvolvimento regional, ao considerar as bases sociais, pode vislumbrar uma possibilidade de se planejar na região uma proposta de desenvolvimento local que efetivamente promova o seu crescimento com a valorização de suas peculiaridades, pode-se pensar em um modelo humanizado, uma vez que a concepção centro-periferia atende ao capitalismo exploratório e acirrar as diferenças sócio-regionais. Essas diferenças são reforçadas pela falta de reconhecimento das especificidades regionais, sobretudo quanto ao modo de vida e ao espaço regional. (LEMOS, 2004). Conhecimento e o Desenvolvimento Regional As condições locais devem ser determinantes para o planejamento regional. De modo que os objetivos estabelecidos sejam alcançados e de acordo com o autor possibilite a capacidade de gerar novos conhecimentos, tornando a região mais produtiva, inovadora com condições de competitiva interna e externamente. Para Diniz (2004, p. 119) “desenvolvimento está enraizado nas condições locais e que em uma sociedade do conhecimento e do aprendizado, a capacidade de gerar novo conhecimento constitui o elemento central no processo de produção, competição e crescimento”. Entende-se que o planejamento focado nas condições locais deve ser o meio para que as regiões, tanto ricas quanto pobres, possam se desenvolver de forma saudável e humanizada. De acordo com Diniz (2005), ao analisar a relação entre sociedade do conhecimento e o desenvolvimento regional brasileiro, as sociedades capitalistas mais desenvolvidas vem passando por mudanças estruturais de redução da importância de seus ativos tangíveis e o crescente aumento da importância dos ativos intelectuais ou do conhecimento. Essa transição revela que as précondições de desenvolvimento já tenham sido atingidas. Assim, considera-se que as mudanças sejam também decorrentes dos processos industriais, co-responsáveis pela criação da infraestrutura de base, junto com os governos locais. Durante séculos o que diferenciava as nações ricas das pobres era o processo de produção. Portanto, o acúmulo de riquezas que cada uma conseguia, desde suas relações comerciais, bem como das relações de exploração de suas colônias, era responsável pela diferenciação. Observa-se que essa diferenciação, mais recentemente, é dada pela produção de conhecimento, e claramente, da capacidade de rápida aplicação deste em produtos e serviços, XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 2 fator que tem servido para distinguir as nações e os espaços regionais e nacionais. Em alguns casos, a transição do modelo agrícola para o industrial, que aquele considerado como aquele que agrega conhecimento, apresenta restrições distintivas, o seria equacionado pela geração de conhecimento tecnológico. Santos e Luz (2007, p. 117) destacam que “o atual projeto de desenvolvimento nacional com base na produção de commodities primárias ou secundárias, tais como, grãos, minérios, madeiras nobres, gusa, alumínio e outros metais e outros, o que não proporciona as taxas de crescimento que o país necessita, nem a oferta desejada de empregos. Isto pode ser facilmente verificado comparando-se as taxas de desenvolvimento de países que estão empreendendo o ‘take-off’ tecnológico a exemplo da China, Coréia, Índia, em contraste com o Brasil.” Ainda assim, em consonância às idéias de Diniz (2005), o conhecimento aumenta reforçando a importância das localidades, em função dos atributos materiais, culturais, humanos e históricos de cada localidade, cabendo-lhe desta maneira, o desenvolvimento de conhecimento que tenham como base as suas peculiaridades e sejam promotores de desenvolvimento econômico com crescimento, rompendo antigas relações. Globalização e Desenvolvimento Regional As condições para geração de conhecimento criam um paradoxo, que ao invés de reduzir as distâncias econômicas e sociais entre países e localidades, a sociedade do conhecimento com o processo de globalização, faz com que sejam aumentadas as diferenças entre os espaços regionais, especialmente para os países pobres. Para Diniz (2005, p. 133) o processo de criação de conhecimento que resulta na caracterização dos países, pode ser analisado, “em primeiro lugar, esse processo dificulta e subordina o desenvolvimento dos países emergentes ou de industrialização recente, a exemplo do Brasil, na medida em que a dotação de ativos intelectuais e da capacidade de realizar investimentos em pesquisa é altamente diferenciada, gerando um efeito retroalimentar de difícil superação. Em segundo ligar, e na mesma linha de raciocínio, dificulta a redução das desigualdades regionais em um país como o Brasil, no qual o capital acumulado, a renda gerada e os ativos intelectuais e de pesquisa estão fortemente concentrados em poucas localidades, especialmente na região Centro-Sul e, no estado de São Paulo.” A caracterização de sociedade do conhecimento também cria dificuldades e subordina os países em desenvolvimento, a exemplo do Brasil, a um crucial paradoxo: de um lado, o país congrega regiões bastante desenvolvidas e ricas, com concentração de parques industriais e de tecnologias, que possuem estrutura de transformação, capaz de gerar produto conhecimento; e, de outro lado, possui regiões ricas em matérias primas, tão somente para exportação, contribuindo para o crescimento da balança comercial do país, ao mesmo tempo em que não dispõem de estrutura institucional suficiente que gere conhecimento, sendo importadora de produtos e serviços, ou seja, vivencia-se, uma nova forma de exploração, a da produção de conhecimento. Diante de tais disparidades regionais e de uma sociedade globalizada, o desafio do desenvolvimento demanda ações das empresas, da administração pública e sociedade civil organizadas em criar uma estrutura produtiva que possibilite conhecimento e inovação, que permita competir interna e externamente. O desafio em desenvolver o espaço regional vai ao encontro desta caracterização que serve para submeter regiões pobres às regiões ricas, senão no sentido econômico, claramente, no sentido das desigualdades de inserção no conhecimento de ponta, lembrando que, uma gama extensa de pesquisas ocorre nas áreas do território amazônico, onde se concentra a microrregião estudada, porém com baixo poder de spill over, ou difusão, para a sociedade local. As intensas disparidades do Brasil entre o Norte, pobre e o Sul, rico, faz do Brasil, apesar de seu estágio de desenvolvimento intermediário, um país que tem sua economia fortemente afetada pelas mudanças tecnológicas em curso, contribuindo para caracterizar suas regiões. Para Diniz (2005) assiste-se a uma réplica do processo de globalização: unifica e fragmenta ao mesmo tempo, com tendência ao aumento das desigualdades regionais e sociais, questões estas que somente podem ser superadas com a adoção de um modelo de planejamento regional, que priorizem políticas públicas, de apoio ao setor privado e às organizações da sociedade civil, para a busca da redução das desigualdades regionais e sociais do desenvolvimento brasileiro, com a adoção dos elementos básicos de uma sociedade cada vez mais dependente do conhecimento. A desigualdade é acirrada pela competição, que é cada vez mais marcante na sociedade do conhecimento, neste sentido o sucesso econômico de cada região, e das empresas, passa a depender de sua capacidade de se especializar naquilo que consiga estabelecer vantagens comparativas efetivas e dinâmicas, decorrentes do seu estoque de atributos e da capacidade continuada de sua inovação. Inovação, que é resultante de conhecimento e, portanto, para que ocorra é preciso investimento em estrutura de criação de conhecimento. XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 3 A mudança de paradigma, contudo, depende das condições de cada localidade, segundo Diniz (2005, p. 136), uma vez que os padrões evolucionários são distintos, e, na maioria das vezes, irreproduzíveis, como um fato histórico. Segundo o autor, as interações sociais e institucionais estão enraizadas naquele ambiente. Elas que criam e sustentam as redes inovadoras, “nas quais a comunicação, a cooperação e a coordenação dos atores agem como elementos facilitadores do processo de inovação.” À medida que a inovação induza à especialização, a região passa à produção de artigos diferenciados, tornando possível a conquista de mercado e a instalação de um ciclo de desenvolvimento regional concebido em bases sociais locais, que defina um novo desenho socioeconômico da região. Resultados Obtidos No estudo de caso apresentado a cultura está direcionada para as relações de produção e sua transformação em produto de consumo. A cultura, nesse caso, é classificada como popular, de elite e de massa, conforme a decrição de Bosi (1987): • Cultura popular: Cultura cíclica e de raiz, baseada na experiência da produção repetitiva de bens feitos em ambiente pré-moderno; • Cultura erudita: Cultura sistematizada e contínua, apoiada na elaboração crítica, na pesquisa e desenvolvimento, e produtos feitos em ambiente refinado, urbano, moderno, mediante o conhecimento formalizado; • Cultura de massa: Cultura que se renova continuamente. Apóia-se na cultura popular para legitimar-se num ambiente urbano, pósmoderno e sua reprodução é contínua e descartável, alimentada pela indústria cultural. A manifestação cultural de maior expressão da microrregião Bragantina é a festa da Marujada que ocorre no município de Bragança, na última semana do mês de dezembro. De acordo com estudos historiográficos, os negros dedicados à lavoura só tinham folga para comemorar as bênçãos de São Benedito, nos meses de dezembro, período dos festejos natalinos e, sem “misturar” à comemoração católica dos senhores no dia 25, por isso, o dia 26. A festa aponta para a resistência da cultura negra, pois insere seus referenciais como a dança sensual, os enfeites, os instrumentos musicais. A marujada é uma festa profana e sagrada. O negro se veste de marujo pela promessa que fez, e dança para homenagear o santo. É um momento de liberdade e em que os negros podiam ascender socialmente, pois, apesar de pedir licença aos seus senhores, os negros eram servidos pelos seus senhores brancos, recebiam esmolas deles e estavam sempre em posição de maior importância fosse ela na dança ou na mesa de alimentos. Havia, porém, um controle por parte dos senhores tanto no âmbito do trabalho quanto no das manifestações culturais. A marujada é uma dança tradicional popular. É ligada ao empirismo, ao senso comum, pois trata do cotidiano do povo trabalhador. Constitui-se uma expressão, por meio da qual o homem expressa sua luta pela sobrevivência e auto-afirmação. As transformações ao longo do tempo tornaram a festa da marujada um produto de massa, pois o que era apenas uma manifestação de um grupo de pessoas, hoje faz parte do calendário cultural do município e do Estado do Pará. Nos festejos, a cidade se organiza. Os hotéis, restaurantes, bares e pensões ficam lotados. Até mesmo o transporte de passageiros rapidamente durante o período esgota os assentos, demandando compra antecipada das passagens. Os balneários da cidade lucram mais com os turistas. O comércio aquece suas vendas e para dar mais impulso à tradição foi construído o Museu da Marujada, um prédio que reúne os adereços e a história da marujada ao longo do tempo, com exposição permanente aos turistas. A Cadeia Produtiva da Mandioca na Região Os efeitos de encadeamento, linkages effects, é uma técnica de indução às atividades econômicas bastante difundidas, via da CEPAL, no pós-II Guerra mundial, sob a égide da política econômica desenvolvimentista. Os pressupostos principais desenvolvidos por Hirschmann (1981) indicam que a partir do incremento gerado por um produto básico de exportação ocorre a dinamização das atividades econômicas, fortalecendo o mercado interno. Além do efeito na cadeia produtiva, há os efeitos multiplicadores na cadeia de consumo. A proposta é que seja estudado o produto básico e examinadas as oportunidades de agregação de valor à região, antes e depois da obtenção do produto básico, fazendo com que mais recursos sejam apropriados dentro da região. Os municípios da microrregião sobrevivem da agricultura, conforme aponta a Tabela 1: Tabela 1: Produção das Lavouras Temporárias Produtos Arroz (em casca) Cana-de-açúcar Feijão (em grão) Fumo (em grão) Malva (fibra) Mandioca Milho (em grão) Produção (t) Valor (Mil Reais) 1994 1995 1996 1994 1995 1996 780 562 555 195 149 127 200 200 4 3 3.122 3.536 5.400 2.029 2.210 2.700 81 150 160 109 375 536 90 60 60 27 18 24 212.5 255.0 240.0 11.15 18.48 10.80 00 00 00 6 7 0 2.580 2.580 2.970 516 567 653 Fonte: IBGE/PAM; SEPOF/DIEPI/GEDE (2009) XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 4 A mandioca foi o produto agrícola de maior valor agregado à microrregião no período. A Tabela 2 analisa o desempenho dos mesmos produtos agrícolas, desta vez no quadriênio de 1997 a 2000. Tabela 2: Produção das Lavouras Temporárias Produtos Algodão Herbáceo (em caroço) Arroz (em casca) Feijão (em grão) Quantidade Produzida (t) Valor (Mil Reais) 1997 1998 1999 2000 1997 1998 1999 2000 4 2 2 1 ... 348 1.080 Fumo (em folha) Malva (fibra) Mandioca 30 42 250.000 Milho (em grão) 600 312 337 12 58 71 70 3 864 1.215 1.57 680 950 607 1.103 5 30 25 40 83 78 66 114 30 35 3 14 12 14 0 79.00 70.00 33.0 9.000 3.160 2.800 1.320 0 0 00 240 492 330 120 52 108 86 • Verticalização da produção. Índice de Especialização dos Municípios O principal objetivo é identificar qual atividade econômica é predominante e qual o seu potencial de crescimento e desenvolvimento. A perspectiva é a superação da especialização do produto básico como ponto de partida do processo de desenvolvimento regional, respeitando a construção histórica do espaço regional e potencializá-lo, partindo de suas próprias produções, sendo essa a proposta que norteia o desenvolvimento. (SEN, 2000). A base do estudo é o PIB regional e municipal calculado pela seguinte operação: Fonte: IBGE/PAM; SEPOF/DIEPI/GEDE (2009) O plantio da mandioca perde força no quadriênio de 1997-2000, caindo de 250.000 toneladas produzidas para 70.000 toneladas, sem corresponde substituição do produto ou outro item da pauta agrícola local. A Tabela 3 revela a redução da oferta de produtos de origem agrícola, confirmando a tendência de estabilização na produção da mandioca, no biênio 2001-2002: Tabela 3: Produção das Lavouras Temporárias em 2001 e 2002 Produtos Arroz (em casca) Feijão (em grão) Fumo (em folha) Malva (fibra) Mandioca Milho (em grão) Quant. Produzida (tonelada) 2001 2002 159 177 2.672 4.120 18 11 30 35 70.000 70.000 480 600 Valor (mil reais) 2001 40 2.458 58 27 4.200 125 2002 62 4.985 55 26 5.600 168 Fonte: IBGE/PAM; SEPOF/DIEPI/GEDE (2009) A atividade da agricultura na microrregião, no período de 1994 a 2002, foi marcada pelo cultivo de culturas temporárias, mas que exerceram grande importância para a economia local. O produto que mais se destacou na economia da região é a mandioca que é cultivada em todos os municípios da microrregião. É um produto que, de acordo com os dados, contribui significativamente para gerar o desenvolvimento da microrregião. A consolidação da cadeia produtiva da mandioca na microrregião Bragantina, demanda: • Estrutura Material: Aquisição e preparação das terras, aquisição de mudas, de material de trabalho e proteção, e a construção de alojamento e local para guarda da farinha; • Recursos Humanos: Agricultores e Fornecedores, Previsão de Clientela; Onde, • • • • IEM é o índice de Especialização do Município, PIB Setor representa o valor total do PIB do setor de atividade do município; PIB Município é igual ao PIB total do município; PIB Total Região é a soma de todos os PIB dos municípios daquela região. Com isso, avalia-se quanto aquela dada atividade é importante para o município e o quanto aquele setor é importante dentro da região. (RIEDL e MAIA, 2007) De posse dos resultados, são avaliadas as características dos municípios da seguinte forma: a) Um índice superior a 1 indica especialização; b) Um índice superior a 0,25 para a indústria pode indicar potencial para a atividade Uma elevada participação do setor de serviços pode expressar a estruturalidade da crise produtiva da economia regional, se este for não especializado. A Tabela 4 aponta o Índice de Especialização dos Municípios da microrregião Tabela 4: Índice de Especialização dos Municípios Nota: A coluna comércio representa a soma dos resultados dos setores de comercio e serviços. Fonte: Os autores XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 5 Na microrregião, concentração da atividade em dez dos treze municípios indica a especialização no setor da agropecuária. Apenas Capanema tem vocação industrial. Assim, questões infraestruturais deverão ser debatidas, caso seja planejada uma transição de base econômica para a economia industrial, na localidade. No setor de setor de serviços foi constatado que sete em treze municípios têm vocação para a atividade nesse setor. Uma intensificação do relacionamento entre os municípios poderá criar condições favoráveis de apoio a indústria ou à agropecuária da região como um todo. Os dados coletados do ano de 2000 dos 13 municípios da microrregião bragantina revelam que em 10 dos seus municípios a atividade da agropecuária apresenta índice superior a 1, enquanto que na área da industria 2 e no serviço 7 municípios apresentam índices acima de 1. No ano de 2005 dos municípios que constituem a microrregião, para a atividade da agropecuária 9 apresentam índice superior a 1, na indústria 2 e na área de serviço 8 municípios. Observa-se, que na atividade da agropecuária, a maioria dos municípios a tem como atividade básica, ou seja, produzem mais do que consomem e devem abastecer os demais municípios. A atividade industrial é inexpressiva. Apenas dois municípios apresentam índice superior a 1, o que demonstra que os municípios importam tudo que precisam. Quanto a atividade de serviço percebe-se que grande parte dos municípios apresentam índice superior a 1, mas deve ser um setor que usa mãode-obra não especializada, evidenciando a precariedade da emprego. A análise indica que a microrregião precisa de um planejamento estratégico de pequeno, médio e longo prazo, para se desenvolver com crescimento econômico que gere benefícios sociais. Pois, se a maioria dos municípios da microrregião produz em excedente, a agropecuária é estratégica para o crescimento econômico sustentável da região. Conclusão Foram descritas as características da microrregião Bragantina, do Estado do Pará e os municípios de Bragança, Bonito, Augusto Correa, Capanema, Peixe-Boi, Santa Maria do Pará, Igarapé-Açú, Nova Timboteua, Primavera, Quatipurú, Santarém Novo, São Francisco do Pará e Tracuateua, mediante a aplicação de metodologias de avaliação e análise de contexto e de potencialidades de desenvolvimento regional. Observou-se que o município de Bragança possui potencial de desenvolvimento do turismo cultural na atividade festiva da Marujada. O município de Bragança possui o produto básico da mandioca que pode ser dinamizado e verticalizado, o que traria grandes oportunidades de emprego e renda. Quanto ao índice de especialização ou locacional o resultado aponta para a predominância da atividade da agricultura. As relações rurais e urbanas nos mostraram que a microrregião tem significância rural. Conclui-se que as metodologias aplicadas ampliam o conhecimento e permitiram descrever a caracterização e avaliação das especificidades locais e regionais. É importante destacar que as avaliações e as possibilidades de se pensar o desenvolvimento estão relacionadas com a experiência vivida, de opções já feitas e que levam em consideração processos sociais de integração da população como agentes do processo. Esse pressuposto é fundamental no processo de desenvolvimento com sustentabilidade, uma vez que considera a liberdade de escolha como um pilar do desenvolvimento. Referências Bibliográficas BANDEIRA, P. S. As Mesorregiões no Contexto da Nova Política Federal de Desenvolvimento Regional: Considerações Sobre Aspectos Institucionais e Organizacionais http://www.cedeplar.ufmg.br/pesquisas. BOSI, A. Cultura Brasileira. Temas e situações. 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