DESAFIOS PARA O DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÔMICO DA MICRORREGIÃO
BRAGANTINA NO ESTADO DO PARÁ
Jones Nogueira Barros1, Isabel Cristina dos Santos2, Edson Aparecida de Araújo
Querido Oliveira, Fabio Ricci3
1
Mestrando em Gestão e Desenvolvimento Regional, do Programa de Pós-graduação em Gestão e
Desenvolvimento Regional, da Universidade de Taubaté. Rua Expedicionário Ernesto Pereira, 225, Portão 2
CEP 12.020-030- Taubaté/SP - Brasil. [email protected]
2
Orientadora - Professora Pesquisadora do Programa de Pós-graduação em Gestão e Desenvolvimento
Regional da Universidade de Taubaté - [email protected]
3
Professores Pesquisadores do Programa de Pós-graduação em Gestão e Desenvolvimento Regional
da Universidade de Taubaté –– [email protected]; [email protected]
Resumo: Este artigo apresenta o uso de metodologias de análise das oportunidades de desenvolvimento
sócio-econômico na microrregião bragantina. Para tanto, descreve um case study, baseado na aplicação de
metodologia e fórmulas disponíveis nos campos das Ciências Humanas e Sociais, tais como a
caracterização das manifestações culturais e as relações entre essas manifestações e a produção cultural,
avaliação da cadeia produtiva a partir do produto básico principal de um município da microrregião,
apuração do índice de especialização produtiva da microrregião e de cada um dos municípios e o
predomínio das atividades urbanas ou rurais para cada deles. A microrregião estudada é a Bragantina no
Estado do Pará. Os resultados apontam para a suficiência da aplicação das metodologias propostas para a
caracterização da região e para subsidiar a análise e propostas de políticas de desenvolvimento regional,
com apropriação imediata das vocações locais.
Palavras chave: Desenvolvimento regional. Metodologia de Análise. Microrregiões do Pará.
Área do Conhecimento: VI- CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
Introdução
A intensificação com que o Brasil vem se
inserindo no cenário econômico mundial tornou
urgente a definição de metodologias de
diagnóstico dos potenciais locais e regionais de
desenvolvimento, e a criação de mecanismos e de
políticas públicas que garantam o fomento
necessário para a instalação das atividades
econômicas. Nesse sentido, novas metodologias
de análise e de avaliação das potencialidades
locais devem ser desenvolvidas e apropriadas, de
imediato, estabelecendo núcleos de pesquisas em
torno das microrregiões brasileiras, creditando
assim, às metodologias e ferramentas de análise,
o arcabouço clássico da pesquisa orientada ao
desenvolvimento das localidades.
Desse modo, acrescenta-se ao debate teórico
acerca do desenvolvimento concentrado, o
componente de viabilidade de desconcentração do
crescimento e sustentabilidade das microrregiões.
Mais comumente às discussões sobre o
desenvolvimento econômico, a concentração
recrudesce as assimetrias, uma vez que, no
conceito atual de desenvolvimento regional, temse observado que as regiões, ao longo do tempo,
se diferenciam e se distanciam cada vez mais, em
especial nas economias periféricas, caracterizadas
por “enclaves” formados desde o período colonial
e que tem sido enfrentado com políticas
intervencionistas que, em muitos casos, são
insuficientes para gerar sustentabilidade.
Contradizendo à lógica predominante ao
desenvolvimento por concentração, esse estudo
examina as oportunidades de desenvolvimento de
uma microrregião do Estado do Pará, tendo como
referência o uso de metodologias de análise,
disponíveis às áreas do conhecimento das
Ciências Humanas e Sociais, a partir da
caracterização das localidades.
Procedimentos Metodológicos
Trata-se de um estudo de caso, delimitado à
microrregião Bragantina, localizada no estado do
Pará, norte do país. O estudo em questão abrigou
os seguintes procedimentos: a) análise históricobibliográfica, b) apresentação e descrição das
metodologias de análise; c) cotejamento entre os
dados
obtidos
e
as
metodologias;
d)
caracterização dos municípios inseridos na
microrregião; e) identificação das oportunidades
de desenvolvimento, observadas na microrregião;
f) proposição dos setores e das atividades de
desenvolvimento local e regional imediato.
Desenvolvimento Regional no Brasil
O desenvolvimento regional no Brasil esteve,
em grande parte, associado aos interesses
econômicos e políticos de grupos econômicos,
não raro, estrangeiros. Algumas exceções, como a
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
1
indústria aeronáutica brasileira, se destacam no
esforço de geração de autonomia tecnológica,
tendo um projeto nacional de desenvolvimento,
apontam Santos e Amato Neto, 2005.
Porém, a forma de gestão, entrecortada por
mudanças bruscas de governos locais e
especificidade das relações destes com o poder
central, via representação partidária, contribuiu
para o recrudescimento das desigualdades
regionais, econômicas e sociais, ao mesmo tempo
em que contribui para a concentração de riqueza e
crescimento nas áreas de seu interesse.
De acordo com Amin (1988, apud BANDEIRA,
2004), as políticas adotadas de desenvolvimento
regional tanto nos países desenvolvidos quanto
nos do terceiro mundo eram padronizadas, no
sentido de influenciar as decisões de localização
das empresas, baseadas em incentivos fiscais e
financeiros e dirigidas exclusivamente pelo
Estado. Segundo ao autor, os resultados dessa
ação foram modestos e pouco estimulo trouxeram
à melhoria contínua na competitividade econômica
das regiões menos desenvolvidas. Ainda que
tenham ajudado a aumentar o nível de emprego e
a renda nas áreas mais pobres, elas não geraram
aumentos de produtividade, como ocorreu nas
regiões mais ricas. Ou seja, elas não criaram um
processo de desenvolvimento sustentável em
relação aos recursos locais.
Segundo Amin, o desenvolvimento regional
deve ser pautado pelas particularidades da região,
suas necessidades específicas e capacidade de
produção, associada a sua disponibilidade de
mão-de-obra e o nível de qualificação desta, para
engajamento
nos
novos
empreendimentos
estimulados pela gestão pública. E ainda, segundo
ele, o modelo de desenvolvimento regional
adotado sofreu desgaste, gerando novas opções
de desenvolvimento no campo das políticas
regionais, tal como a mobilização do potencial
endógeno das áreas menos desenvolvidas.
O desenvolvimento regional não pode ser
pensando como um esforço do Estado, mas pela
interação deste com os agentes econômicos
locais, na disponibilidade de planos de
desenvolvimento institucionais. E contemplar as
especificidades da região, de modo a gerar
desenvolvimento com crescimento econômico,
com aumento de postos de trabalho e renda, para
a região e as pessoas que nela habitam. A
equação mais completa do desenvolvimento
regional é combina uma relação de crescimento
entre Estado, região, empresa e a sociedade.
A Sociedade e o Desenvolvimento Regional.
O Programa de Desenvolvimento Integrado e
Sustentável de Mesorregiões Diferenciadas do
Ministério da Integração propôs um modelo de
desenvolvimento pautado nos atores locais,
criando uma nova orientação de modelo.
O novo paradigma de desenvolvimento
regional, ao considerar as bases sociais, pode
vislumbrar uma possibilidade de se planejar na
região uma proposta de desenvolvimento local que
efetivamente promova o seu crescimento com a
valorização de suas peculiaridades, pode-se
pensar em um modelo humanizado, uma vez que
a
concepção
centro-periferia
atende
ao
capitalismo exploratório e acirrar as diferenças
sócio-regionais. Essas diferenças são reforçadas
pela falta de reconhecimento das especificidades
regionais, sobretudo quanto ao modo de vida e ao
espaço regional. (LEMOS, 2004).
Conhecimento e o Desenvolvimento Regional
As condições locais devem ser determinantes
para o planejamento regional. De modo que os
objetivos estabelecidos sejam alcançados e de
acordo com o autor possibilite a capacidade de
gerar novos conhecimentos, tornando a região
mais produtiva, inovadora com condições de
competitiva interna e externamente.
Para Diniz (2004, p. 119) “desenvolvimento
está enraizado nas condições locais e que em
uma sociedade do conhecimento e do
aprendizado, a capacidade de gerar novo
conhecimento constitui o elemento central no
processo
de
produção,
competição
e
crescimento”.
Entende-se que o planejamento focado nas
condições locais deve ser o meio para que as
regiões, tanto ricas quanto pobres, possam se
desenvolver de forma saudável e humanizada.
De acordo com Diniz (2005), ao analisar a
relação entre sociedade do conhecimento e o
desenvolvimento regional brasileiro, as sociedades
capitalistas mais desenvolvidas vem passando por
mudanças estruturais de redução da importância
de seus ativos tangíveis e o crescente aumento da
importância dos ativos intelectuais ou do
conhecimento. Essa transição revela que as précondições de desenvolvimento já tenham sido
atingidas. Assim, considera-se que as mudanças
sejam também decorrentes dos processos
industriais, co-responsáveis pela criação da infraestrutura de base, junto com os governos locais.
Durante séculos o que diferenciava as nações
ricas das pobres era o processo de produção.
Portanto, o acúmulo de riquezas que cada uma
conseguia, desde suas relações comerciais, bem
como das relações de exploração de suas
colônias, era responsável pela diferenciação.
Observa-se que essa diferenciação, mais
recentemente, é dada pela produção de
conhecimento, e claramente, da capacidade de
rápida aplicação deste em produtos e serviços,
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
2
fator que tem servido para distinguir as nações e
os espaços regionais e nacionais.
Em alguns casos, a transição do modelo
agrícola para o industrial, que aquele considerado
como aquele que agrega conhecimento, apresenta
restrições distintivas, o seria equacionado pela
geração de conhecimento tecnológico. Santos e
Luz (2007, p. 117) destacam que “o atual projeto
de desenvolvimento nacional com base na
produção
de
commodities
primárias
ou
secundárias, tais como, grãos, minérios, madeiras
nobres, gusa, alumínio e outros metais e outros, o
que não proporciona as taxas de crescimento que
o país necessita, nem a oferta desejada de
empregos. Isto pode ser facilmente verificado
comparando-se as taxas de desenvolvimento de
países que estão empreendendo o ‘take-off’
tecnológico a exemplo da China, Coréia, Índia, em
contraste com o Brasil.”
Ainda assim, em consonância às idéias de
Diniz (2005), o conhecimento aumenta reforçando
a importância das localidades, em função dos
atributos materiais, culturais, humanos e históricos
de cada localidade, cabendo-lhe desta maneira, o
desenvolvimento de conhecimento que tenham
como base as suas peculiaridades e sejam
promotores de desenvolvimento econômico com
crescimento, rompendo antigas relações.
Globalização e Desenvolvimento Regional
As condições para geração de conhecimento
criam um paradoxo, que ao invés de reduzir as
distâncias econômicas e sociais entre países e
localidades, a sociedade do conhecimento com o
processo de globalização, faz com que sejam
aumentadas as diferenças entre os espaços
regionais, especialmente para os países pobres.
Para Diniz (2005, p. 133) o processo de criação
de conhecimento que resulta na caracterização
dos países, pode ser analisado, “em primeiro
lugar, esse processo dificulta e subordina o
desenvolvimento dos países emergentes ou de
industrialização recente, a exemplo do Brasil, na
medida em que a dotação de ativos intelectuais e
da capacidade de realizar investimentos em
pesquisa é altamente diferenciada, gerando um
efeito retroalimentar de difícil superação. Em
segundo ligar, e na mesma linha de raciocínio,
dificulta a redução das desigualdades regionais
em um país como o Brasil, no qual o capital
acumulado, a renda gerada e os ativos intelectuais
e de pesquisa estão fortemente concentrados em
poucas localidades, especialmente na região
Centro-Sul e, no estado de São Paulo.”
A
caracterização
de
sociedade
do
conhecimento também cria dificuldades e
subordina os países em desenvolvimento, a
exemplo do Brasil, a um crucial paradoxo: de um
lado, o país congrega regiões bastante
desenvolvidas e ricas, com concentração de
parques industriais e de tecnologias, que possuem
estrutura de transformação, capaz de gerar
produto conhecimento; e, de outro lado, possui
regiões ricas em matérias primas, tão somente
para exportação, contribuindo para o crescimento
da balança comercial do país, ao mesmo tempo
em que não dispõem de estrutura institucional
suficiente que gere conhecimento, sendo
importadora de produtos e serviços, ou seja,
vivencia-se, uma nova forma de exploração, a da
produção de conhecimento.
Diante de tais disparidades regionais e de uma
sociedade
globalizada,
o
desafio
do
desenvolvimento demanda ações das empresas,
da administração pública e sociedade civil
organizadas em criar uma estrutura produtiva que
possibilite conhecimento e inovação, que permita
competir interna e externamente.
O desafio em desenvolver o espaço regional
vai ao encontro desta caracterização que serve
para submeter regiões pobres às regiões ricas,
senão no sentido econômico, claramente, no
sentido das desigualdades de inserção no
conhecimento de ponta, lembrando que, uma
gama extensa de pesquisas ocorre nas áreas do
território amazônico, onde se concentra a
microrregião estudada, porém com baixo poder de
spill over, ou difusão, para a sociedade local.
As intensas disparidades do Brasil entre o
Norte, pobre e o Sul, rico, faz do Brasil, apesar de
seu estágio de desenvolvimento intermediário, um
país que tem sua economia fortemente afetada
pelas
mudanças
tecnológicas
em
curso,
contribuindo para caracterizar suas regiões.
Para Diniz (2005) assiste-se a uma réplica do
processo de globalização: unifica e fragmenta ao
mesmo tempo, com tendência ao aumento das
desigualdades regionais e sociais, questões estas
que somente podem ser superadas com a adoção
de um modelo de planejamento regional, que
priorizem políticas públicas, de apoio ao setor
privado e às organizações da sociedade civil, para
a busca da redução das desigualdades regionais e
sociais do desenvolvimento brasileiro, com a
adoção dos elementos básicos de uma sociedade
cada vez mais dependente do conhecimento.
A desigualdade é acirrada pela competição,
que é cada vez mais marcante na sociedade do
conhecimento, neste sentido o sucesso econômico
de cada região, e das empresas, passa a
depender de sua capacidade de se especializar
naquilo que consiga estabelecer vantagens
comparativas efetivas e dinâmicas, decorrentes do
seu estoque de atributos e da capacidade
continuada de sua inovação. Inovação, que é
resultante de conhecimento e, portanto, para que
ocorra é preciso investimento em estrutura de
criação de conhecimento.
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
3
A mudança de paradigma, contudo, depende
das condições de cada localidade, segundo Diniz
(2005, p. 136), uma vez que os padrões
evolucionários são distintos, e, na maioria das
vezes, irreproduzíveis, como um fato histórico.
Segundo o autor, as interações sociais e
institucionais estão enraizadas naquele ambiente.
Elas que criam e sustentam as redes inovadoras,
“nas quais a comunicação, a cooperação e a
coordenação dos atores agem como elementos
facilitadores do processo de inovação.”
À medida que a inovação induza à
especialização, a região passa à produção de
artigos diferenciados, tornando possível a
conquista de mercado e a instalação de um ciclo
de desenvolvimento regional concebido em bases
sociais locais, que defina um novo desenho
socioeconômico da região.
Resultados Obtidos
No estudo de caso apresentado a cultura está
direcionada para as relações de produção e sua
transformação em produto de consumo.
A cultura, nesse caso, é classificada como
popular, de elite e de massa, conforme a decrição
de Bosi (1987):
•
Cultura popular: Cultura cíclica e de raiz,
baseada na experiência da produção repetitiva
de bens feitos em ambiente pré-moderno;
•
Cultura erudita: Cultura sistematizada e
contínua, apoiada na elaboração crítica, na
pesquisa e desenvolvimento, e produtos feitos
em ambiente refinado, urbano, moderno,
mediante o conhecimento formalizado;
•
Cultura de massa: Cultura que se renova
continuamente. Apóia-se na cultura popular
para legitimar-se num ambiente urbano, pósmoderno e sua reprodução é contínua e
descartável, alimentada pela indústria cultural.
A manifestação cultural de maior expressão da
microrregião Bragantina é a festa da Marujada que
ocorre no município de Bragança, na última
semana do mês de dezembro.
De acordo com estudos historiográficos, os
negros dedicados à lavoura só tinham folga para
comemorar as bênçãos de São Benedito, nos
meses de dezembro, período dos festejos
natalinos e, sem “misturar” à comemoração
católica dos senhores no dia 25, por isso, o dia 26.
A festa aponta para a resistência da cultura negra,
pois insere seus referenciais como a dança
sensual, os enfeites, os instrumentos musicais.
A marujada é uma festa profana e sagrada. O
negro se veste de marujo pela promessa que fez,
e dança para homenagear o santo. É um momento
de liberdade e em que os negros podiam ascender
socialmente, pois, apesar de pedir licença aos
seus senhores, os negros eram servidos pelos
seus senhores brancos, recebiam esmolas deles e
estavam sempre em posição de maior importância
fosse ela na dança ou na mesa de alimentos.
Havia, porém, um controle por parte dos senhores
tanto no âmbito do trabalho quanto no das
manifestações culturais.
A marujada é uma dança tradicional popular. É
ligada ao empirismo, ao senso comum, pois trata
do cotidiano do povo trabalhador. Constitui-se uma
expressão, por meio da qual o homem expressa
sua luta pela sobrevivência e auto-afirmação.
As transformações ao longo do tempo tornaram
a festa da marujada um produto de massa, pois o
que era apenas uma manifestação de um grupo
de pessoas, hoje faz parte do calendário cultural
do município e do Estado do Pará.
Nos festejos, a cidade se organiza. Os hotéis,
restaurantes, bares e pensões ficam lotados. Até
mesmo o transporte de passageiros rapidamente
durante o período esgota os assentos,
demandando compra antecipada das passagens.
Os balneários da cidade lucram mais com os
turistas. O comércio aquece suas vendas e para
dar mais impulso à tradição foi construído o Museu
da Marujada, um prédio que reúne os adereços e
a história da marujada ao longo do tempo, com
exposição permanente aos turistas.
A Cadeia Produtiva da Mandioca na Região
Os efeitos de encadeamento, linkages effects,
é uma técnica de indução às atividades
econômicas bastante difundidas, via da CEPAL,
no pós-II Guerra mundial, sob a égide da política
econômica desenvolvimentista.
Os pressupostos principais desenvolvidos por
Hirschmann (1981) indicam que a partir do
incremento gerado por um produto básico de
exportação ocorre a dinamização das atividades
econômicas, fortalecendo o mercado interno.
Além do efeito na cadeia produtiva, há os
efeitos multiplicadores na cadeia de consumo. A
proposta é que seja estudado o produto básico e
examinadas as oportunidades de agregação de
valor à região, antes e depois da obtenção do
produto básico, fazendo com que mais recursos
sejam apropriados dentro da região.
Os municípios da microrregião sobrevivem da
agricultura, conforme aponta a Tabela 1:
Tabela 1: Produção das Lavouras Temporárias
Produtos
Arroz (em casca)
Cana-de-açúcar
Feijão (em grão)
Fumo (em grão)
Malva (fibra)
Mandioca
Milho (em grão)
Produção (t)
Valor (Mil Reais)
1994 1995 1996 1994 1995 1996
780
562
555
195
149
127
200
200
4
3
3.122 3.536 5.400 2.029 2.210 2.700
81
150
160
109
375
536
90
60
60
27
18
24
212.5 255.0 240.0 11.15 18.48 10.80
00
00
00
6
7
0
2.580 2.580 2.970
516
567
653
Fonte: IBGE/PAM; SEPOF/DIEPI/GEDE (2009)
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
4
A mandioca foi o produto agrícola de maior
valor agregado à microrregião no período.
A Tabela 2 analisa o desempenho dos mesmos
produtos agrícolas, desta vez no quadriênio de
1997 a 2000.
Tabela 2: Produção das Lavouras Temporárias
Produtos
Algodão Herbáceo
(em caroço)
Arroz (em casca)
Feijão (em grão)
Quantidade Produzida (t)
Valor (Mil Reais)
1997
1998 1999 2000 1997 1998 1999 2000
4
2
2
1
...
348
1.080
Fumo (em folha)
Malva (fibra)
Mandioca
30
42
250.000
Milho (em grão)
600
312 337
12
58
71
70
3
864 1.215 1.57 680
950
607 1.103
5
30
25
40
83
78
66 114
30
35
3
14
12
14
0
79.00 70.00 33.0 9.000 3.160 2.800 1.320
0
0
00
240 492 330 120
52
108
86
•
Verticalização da produção.
Índice de Especialização dos Municípios
O principal objetivo é identificar qual atividade
econômica é predominante e qual o seu potencial
de crescimento e desenvolvimento.
A perspectiva é a superação da especialização
do produto básico como ponto de partida do
processo
de
desenvolvimento
regional,
respeitando a construção histórica do espaço
regional e potencializá-lo, partindo de suas
próprias produções, sendo essa a proposta que
norteia o desenvolvimento. (SEN, 2000).
A base do estudo é o PIB regional e municipal
calculado pela seguinte operação:
Fonte: IBGE/PAM; SEPOF/DIEPI/GEDE (2009)
O plantio da mandioca perde força no
quadriênio de 1997-2000, caindo de 250.000
toneladas produzidas para 70.000 toneladas, sem
corresponde substituição do produto ou outro item
da pauta agrícola local.
A Tabela 3 revela a redução da oferta de
produtos de origem agrícola, confirmando a
tendência de estabilização na produção da
mandioca, no biênio 2001-2002:
Tabela 3: Produção das Lavouras Temporárias
em 2001 e 2002
Produtos
Arroz (em casca)
Feijão (em grão)
Fumo (em folha)
Malva (fibra)
Mandioca
Milho (em grão)
Quant. Produzida
(tonelada)
2001
2002
159
177
2.672
4.120
18
11
30
35
70.000
70.000
480
600
Valor (mil reais)
2001
40
2.458
58
27
4.200
125
2002
62
4.985
55
26
5.600
168
Fonte: IBGE/PAM; SEPOF/DIEPI/GEDE (2009)
A atividade da agricultura na microrregião, no
período de 1994 a 2002, foi marcada pelo cultivo
de culturas temporárias, mas que exerceram
grande importância para a economia local.
O produto que mais se destacou na economia
da região é a mandioca que é cultivada em todos
os municípios da microrregião. É um produto que,
de
acordo
com
os
dados,
contribui
significativamente para gerar o desenvolvimento
da microrregião. A consolidação da cadeia
produtiva
da
mandioca
na
microrregião
Bragantina, demanda:
•
Estrutura Material: Aquisição e preparação
das terras, aquisição de mudas, de material de
trabalho e proteção, e a construção de alojamento
e local para guarda da farinha;
•
Recursos
Humanos:
Agricultores
e
Fornecedores, Previsão de Clientela;
Onde,
•
•
•
•
IEM é o índice de Especialização do Município,
PIB Setor representa o valor total do PIB do setor
de atividade do município;
PIB Município é igual ao PIB total do município;
PIB Total Região é a soma de todos os PIB dos
municípios daquela região.
Com isso, avalia-se quanto aquela dada
atividade é importante para o município e o quanto
aquele setor é importante dentro da região.
(RIEDL e MAIA, 2007)
De posse dos resultados, são avaliadas as
características dos municípios da seguinte forma:
a) Um índice superior a 1 indica especialização; b)
Um índice superior a 0,25 para a indústria pode
indicar potencial para a atividade
Uma elevada participação do setor de serviços
pode expressar a estruturalidade da crise
produtiva da economia regional, se este for não
especializado. A Tabela 4 aponta o Índice de
Especialização dos Municípios da microrregião
Tabela 4: Índice de Especialização dos Municípios
Nota: A coluna comércio representa a soma dos resultados
dos setores de comercio e serviços.
Fonte: Os autores
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
5
Na microrregião, concentração da atividade em
dez dos treze municípios indica a especialização
no setor da agropecuária. Apenas Capanema tem
vocação industrial. Assim, questões infraestruturais deverão ser debatidas, caso seja
planejada uma transição de base econômica para
a economia industrial, na localidade.
No setor de setor de serviços foi constatado
que sete em treze municípios têm vocação para a
atividade nesse setor. Uma intensificação do
relacionamento entre os municípios poderá criar
condições favoráveis de apoio a indústria ou à
agropecuária da região como um todo.
Os dados coletados do ano de 2000 dos 13
municípios da microrregião bragantina revelam
que em 10 dos seus municípios a atividade da
agropecuária apresenta índice superior a 1,
enquanto que na área da industria 2 e no serviço 7
municípios apresentam índices acima de 1.
No ano de 2005 dos municípios que constituem
a microrregião, para a atividade da agropecuária 9
apresentam índice superior a 1, na indústria 2 e na
área de serviço 8 municípios.
Observa-se, que na atividade da agropecuária,
a maioria dos municípios a tem como atividade
básica, ou seja, produzem mais do que consomem
e devem abastecer os demais municípios.
A atividade industrial é inexpressiva. Apenas
dois municípios apresentam índice superior a 1, o
que demonstra que os municípios importam tudo
que precisam.
Quanto a atividade de serviço percebe-se que
grande parte dos municípios apresentam índice
superior a 1, mas deve ser um setor que usa mãode-obra não especializada, evidenciando a
precariedade da emprego.
A análise indica que a microrregião precisa de
um planejamento estratégico de pequeno, médio e
longo prazo, para se desenvolver com crescimento
econômico que gere benefícios sociais. Pois, se a
maioria dos municípios da microrregião produz em
excedente, a agropecuária é estratégica para o
crescimento econômico sustentável da região.
Conclusão
Foram descritas as características da
microrregião Bragantina, do Estado do Pará e os
municípios de Bragança, Bonito, Augusto Correa,
Capanema, Peixe-Boi, Santa Maria do Pará,
Igarapé-Açú,
Nova
Timboteua,
Primavera,
Quatipurú, Santarém Novo, São Francisco do Pará
e Tracuateua, mediante a aplicação de
metodologias de avaliação e análise de contexto e
de potencialidades de desenvolvimento regional.
Observou-se que o município de Bragança
possui potencial de desenvolvimento do turismo
cultural na atividade festiva da Marujada. O
município de Bragança possui o produto básico da
mandioca que pode ser dinamizado e
verticalizado, o que traria grandes oportunidades
de emprego e renda. Quanto ao índice de
especialização ou locacional o resultado aponta
para a predominância da atividade da agricultura.
As relações rurais e urbanas nos mostraram que a
microrregião tem significância rural.
Conclui-se que as metodologias aplicadas
ampliam o conhecimento e permitiram descrever a
caracterização e avaliação das especificidades
locais e regionais. É importante destacar que as
avaliações e as possibilidades de se pensar o
desenvolvimento estão relacionadas com a
experiência vivida, de opções já feitas e que levam
em consideração processos sociais de integração
da população como agentes do processo. Esse
pressuposto é fundamental no processo de
desenvolvimento com sustentabilidade, uma vez
que considera a liberdade de escolha como um
pilar do desenvolvimento.
Referências Bibliográficas
BANDEIRA, P. S. As Mesorregiões no Contexto
da Nova Política Federal de Desenvolvimento
Regional:
Considerações
Sobre
Aspectos
Institucionais
e
Organizacionais
http://www.cedeplar.ufmg.br/pesquisas.
BOSI, A. Cultura Brasileira. Temas e situações.
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CEDEPLAR - Centro de desenvolvimento e
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desafios para o desenvolvimento sócio-econômico da