Carlos Rigotti
A Casa Verde resgata
a história da Baqueria de Los
Pinhales (1765) à Vacaria (2008)
Vacaria
Açores
Carlos Rigotti
VACARIA AÇORIANA
243 Anos da Colonização Açoriana
nos Campos de Cima da Serra
Francisco Appio - Deputado Estadual
Dezembro 2007
Discurso proferido pelo Deputado
Appio em 13/12/2007
2008 – ANO AÇORIANO DE VACARIA
Chegamos ao final de ''2007 – ANO GARIBALDINO - Lei 12.715”. A lei de nossa
iniciativa amparou atividades culturais da Assembléia Legislativa na
promoção, divulgação e resgate da história de extraordinários italianos,
filhos e descendentes de Garibaldi, sua mulher Anita, filho Menotti e seus
seguidores. Escrevemos sobre Valdomiro Bocchese, Synval Guazzelli e outros
filhos de imigrantes, que deram importante contribuição ao Estado. Em 2008
registraremos os 243 Anos dos Açorianos nos Campos de Cima da Serra, que
serão comemorados com várias iniciativas do Projeto Esperança, com ênfase
à cultura açoriana. Previstas ações, como:
1) Concurso para descendentes de açorianos (janeiro a maio). Prêmio:
viagem aos Açores.
2) Museu da cultura açoriana no Porão Cultural da Casa Verde.
3) Projeção de filme com imagens e depoimentos regionais.
4) Festival de Música para autores e intérpretes do Ensino Fundamental e
Médio.
5) Fórum de debates sobre a imigração açoriana na região e no Estado.
6) Edição de livro em fascículos, resgatando a Vacaria Açoriana de 2008.
7) Em Janeiro, a história do Pioneiro José Campos de Bandemburgo, o Pai
Adão de Vacaria e do Patriarca ANTONIO BORGES VIEIRA e sua mulher
TERESA RODRIGUES DE JESUS.
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8) Em fevereiro destaque para os descendentes dos Borges Vieira, em cargos
públicos: José Camargo, Médico/Cirurgião - Paulo Tigre, Presidente da
FIERGS - Fernando Lemos, Presidente do Banrisul - Onix Lorenzoni, Osmar
Terra, Deputado Federal e Secretário Estadual da Saúde - Paulo Borges,
Deputado Estadual – Renato Marques, Embaixador – Elin Saturnino Dutra,
Embaixador no Cairo ex-deputados Caetano Peruchin, Ecléa Fernandes,
Jarbas Lima, Porcínio Pinto, Eloar Guazzelli, Getúlio Marcantonio, Adão
Brum Vianna, Avelino Paim, ex-governador Synval Guazzelli, ex-prefeito
Protásio Guazzelli, ex- Senador Firmino Paim Filho, ex-deputado Federal
Manoel Duarte, cujo 50º de sua morte lembramos em novembro passado.
Colabore com informações através de e-mail ou carta.
9) No dia 06/12 o Tribunal de Justiça do Estado promoveu Simpósio Cultural
Açoriano, com a presença do governador da Ilha dos Açores, Dr. Carlos
Manoel Martins do Vale. No mesmo Plenário, o historiador Luiz Antonio
Alves (São Francisco de Paula), promoveu o lançamento do “Memorial da
Colonização Açoriana”, com 27 volumes. O evento contou ainda com
pesquisadores e historiadores que retrataram a cultura açoriana. No dia
seguinte foi inaugurada a CASA DOS AÇORES, consulado cultural, em
Gravataí. Veja as fotos do evento na página central.
10) No dia 18/12 foi agraciado com a Medalha do Mérito Farroupilha o médico
cirurgião José Camargo, um dos profissionais mais respeitados da saúde
pública brasileira. Camargo é descendente dos pioneiros da colonização
açoriana nos Campos de Cima da Serra.
Dezembro 2007
Francisco Appio – Deputado Estadual
FONTE VIRTUAL - Como suporte às pesquisas dos participantes do concurso literário, produzimos
a versão digital dos livros “Rainha do Planalto”, 1959, do Professor José Fernandes de Oliveira,
“Vacaria dos Pinhais”, 1996, de Fidélis Dalcin Barbosa, “Genealogia da Família Borges Duarte”,
1981, por Theodoro Carneiro Duarte, o livro “No Planalto” de Manuel Duarte editado em 1930,
sobre Vacaria e o relatório de Sátiro Dornelles Oliveira Filho, 1994. Na próxima edição desta
pesquisa/reportagem serão divulgados Regulamento/Premiação/Julgamento do concurso que
será realizado de janeiro a abril, resultados em maio/2008.
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MANUEL DUARTE escreveu “NO PLANALTO” em 1930, pela Editora da Livraria
Globo de Porto Alegre. Pesquisa nas livrarias da capital localizou o único
exemplar, muito bem conservado, apesar das páginas amarelas. Mergulhar na
leitura da Vacaria de 77 anos atrás, aguça a curiosidade, e desperta a vontade de
devorar suas 126 páginas, a começar pelo prefácio do erudito historiador Dr.
Affonso de E. Taunay. Este mostra-se extasiado pelas descrições que Manoel
Duarte faz de sua terra e sua gente. Verdadeira relíquia literária, de valor
inestimável às páginas 41 a 50, Manoel Duarte publica vocábulos gerados na
inventiva graciosa ou bárbara, do meio. A disputa pela Fazenda do Pinheiro
Grosso, a fundação da Fazenda do Socorro e a conquista do Planalto, são temas
de grande valor histórico.
FIDÉLIS DALCIN BARBOSA nasceu em Montenegro em 14/12/1915. Foi
professor de Literatura e Língua Portuguesa em Pelotas, Caxias do Sul, Canela e
especialmente em Lagoa Vermelha. Estagiou por cinco anos em Portugal, para
estudos e pesquisas aprofundando seu conhecimento sobre a influência
portuguesa no sul do país. Foi jornalista, correspondente de vários jornais, mas
especialmente escritor. Seu conhecimento da realidade regional o levou as
incursões literárias sobre a História do Rio Grande do Sul, com a primeira edição
em 1985. Estudou os indígenas, colonos, imigrantes, não descuidou da
literatura, do folclore e dos costumes que marcam a alma gaúcha. Aos seus
alunos no Ginásio Duque de Caxias, despertou o interesse pela leitura e pela
escrita. Entre outras obras, publicou Semblantes dos Pioneiros, Prisioneiro da
Montanha, Prisioneiros do Abismo, Prisioneiros dos Bugres, Anjos Prisioneiros,
Campo dos Bugres, Fanáticos de Jacobina, que remontam histórias e lendas dos
Aparados e mais 50 outras publicações temáticas, além de Vacaria dos Pinhais
em 1978. Até os últimos dias de sua vida em Lagoa Vermelha, leu e escreveu com
verdadeira paixão pela língua de Camões, para expressar sentimentos.
JOSÉ FERNANDES DE OLIVEIRA exerceu o magistério por quase quarenta anos
em Vacaria, foi Diretor de Escola Pública, integrado à comunidade, participou
desde a construção da Catedral, até as memoráveis comemorações do
Centenário de Vacaria em 1950. Escreveu sobre tudo e sobre todos, menos sobre
ele mesmo, sua modéstia não permitiu. O professor é lembrado em sua terra,
identificando um dos estabelecimentos de ensino mais tradicionais e
respeitados, a Escola Estadual José Fernandes de Oliveira – Zezinho. Um dos
fascículos de nossa série de reportagens em 2008 resgatará a vida e a obra do
autor de Rainha do Planalto–1959 da Editora São Miguel, reconhecida como a
mais completa pesquisa sobre os Borges Vieira, pioneiros da colonização
açoriana de 50 municípios da Região Nordeste.
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VACARIA DA COXILHA GRANDE
Limitados por um lado pelo rio Pelotas, pelo outro pelo rio das Antas, que
correm por entre escarpas e penhascos, os Campos de Cima da Serra formam
um planalto que tem outros dois grandes obstáculos limítrofes, ao sul os
Aparados da Serra e ao norte o Mato Castelhano, inexpugnável nos
primórdios, fortaleza dos indígenas no enfrentamento dos bandeirantes,
tropeiros e invasores. Como divisora das águas, a Coxilha Grande inicia nos
Ausentes, percorrendo de leste a oeste com os nomes de Xaxim, Santa Cruz,
Capão Ralo, Dois Capões, Pinheiro Grosso, Moirão, Baú, Morro Agudo, Lomba
Chata, Vila Velha, Morro da Espera, Tijuco Preto, Capão da Herança, Saltinho,
Leão (altitude de 1.080 metros), Extrema, Santa Rita, Capão Bonito. A Coxilha
Grande separa a bacia oriental da ocidental, pois deste lado os rios deságuam
no Pelotas, que alimentará o rio Uruguai. De outro servirá o rio das Antas, que
dará na bacia do Taquari, desaguando no Guaíba.
(Coxilha: Campina com pequenas e contínuas elevações, arredondadas,
típica da planície gaúcha – Aurélio Buarque de Holanda)
VACARIA ESPANHOLA
A Baqueria de Los Pinhales, assim denominada pelos Jesuítas Espanhóis
(fundada em 1697), entrou em novo ciclo histórico com o Tratado de Madri
(1750), que devolveu o domínio territorial aos portugueses. Os Jesuítas
povoaram a região com grandes rebanhos de gado, que serviam aos índios
guananás, coroados ou caigangues, estes nômades, liderados pelos
espanhóis, estiveram localizados na serra das Antas. Enquanto isso, os
guananás ocupavam as abas do rio Pelotas e foram os primeiros conquistados
pelos padres jesuítas, a quem serviram especialmente nas lidas pastoris. Os
guananás deram-se bem no manejo do gado da Vacaria dos Pinhais,
desempenhando as funções atribuídas pelos jesuítas, que regularmente
visitavam a região.
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O Padre Cristóvão de Mendonza é reconhecido pelos historiadores como o
introdutor do gado nos Campos de Cima da Serra. Tem registro que mesmo
antes do Tratado de Madri, portugueses da Colônia do Sacramento faziam
investidas por couro, sebo e graxa. Por outro lado, os bandeirantes percorreram
a região, como Francisco de Sousa e Faria que em 1729, pelo caminho de
Curitiba-Laguna, conseguiu aventurar-se pela serra chegando até o Morro dos
Conventos e depois até Vacaria. Seguindo por entre penhascos da serra, o Cel.
Cristóvão Pereira de Abreu, em 1738, percorreu o planalto até o Mato
Castelhano. Fez relatos brilhantes aos açorianos de Laguna sobre os belos
campos e paisagens, despertando o interesse pelas terras e pelo gado.
Não foi pacífica a substituição do domínio espanhol pelo português, obrigando
a Monarquia a distribuição das terras em sesmarias, bem como a incentivar a
migração para ocupar o território. Pelo Tratado, os espanhóis deixaram a região
com todos os seus móveis, pertences e feitos, levando consigo os índios para se
aldearem em outras terras da Espanha. Nem todos os indígenas assim
procederam. Em 1754, sob comando de Sepé Tiarajú, atacaram Rio Grande e
Rio Pardo. Sepé foi preso, mas conseguiu fugir das forças comandadas por Pinto
Bandeira. Tombou ferido de morte, no confronto de 1756, às margens do rio
Vacacaí, fulminado por tiro de pistola, disparado pelo governador de
Montevidéo, José Joaquim Viana. No arroio Caiboaté, morreram 1200 índios .
Rafael Pinto Bandeira notabilizou-se no enfrentamento com os indígenas
resistentes ao Tratado de Madri e no combate aos castelhanos invasores, como
em 1776, onde após grande vitória ocupando o Forte de Santa Tecla,
monumental fortaleza há cinco quilômetros de Bagé, foi imortalizado pela fama
que correu a América Portuguesa e Lisboa. Rafael Pinto Bandeira recebeu em
Lisboa o título de General do Exército Português e o comando do Rio Grande do
Sul, como governador. Morreu com apenas 54 anos.
VACARIA DAS SESMARIAS
As primeiras quatro sesmarias foram concedidas em 1752 no Distrito da Serra,
tendo prioridade nestes Atos Governamentais o Coronel Cristóvão Pereira de
Abreu, legendária figura, um nobre fidalgo português que, ainda solteiro,
chegou ao Rio de Janeiro em 1700. Aos 42 anos arrematou, em leilão promovido
pelo Rei, o monopólio de couros do sul do Brasil, pagando impostos.
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Transformou a Colônia do Sacramento no maior empório mundial da época,
comércio e contrabando de couro, ao exportar 500 mil peças/ano, sendo um
dos primeiros tropeiros a transportar tropas para o mercado das minas de
ouro no centro do Brasil. Foi o primeiro grande estancieiro do Rio Grande.
Cristóvão associou-se ao lagunense Francisco de Sousa Faria para abrir
caminho pela serra, desde o Morro dos Conventos em Araranguá, até
Sorocaba, cruzando pelos campos de Vacaria e Lages em 1727. Foi por este
caminho que conduziu em 1729 a primeira leva de centenas de cavalos e
mulas. Na segunda viagem, que durou 14 meses, com 130 tropeiros, levou
3000 animais à Feira de Sorocaba. Cristóvão Pereira de Abreu recebeu a
incumbência, em 1736, com 160 homens de, em cinco meses, dominar o sul
do continente, edificando fortificações para repelir ataques dos castelhanos,
preparando a fundação oficial do Rio Grande do Sul, o que se deu em
19/02/1737.
O ciclo dos tropeiros facilitou a ocupação portuguesa, pois além da sesmaria
concedida a Cristóvão Pereira de Abreu, outra foi destinada ao lagunense
Francisco de Sousa e Faria, Sargento Mor, e ao Capitão Pedro da Silva Chaves.
A fazenda Sousa, em Caxias do Sul, era sede de uma das sesmarias concedidas
a Francisco de Sousa e Faria, segundo deduziu o escritor Mário Gardelin,
pelas escrituras de vendas (Raízes de Vacaria - 1996). Concedida a sesmaria,
era condição essencial que o donatário nela se domiciliasse, não podendo
fazê-lo de imediato, devia ao menos tomar posse para assegurar o seu
direito.
Nem todos assim agiram, alguns sesmeiros abriram mão e as terras foram
arrematadas em leilão, na ausência dos donatários, originando o nome de
Ausentes, antigo distrito de Bom Jesus, atual município de São José dos
Ausentes. Assim, o paulista José Campos de Bandemburgo foi um dos
primeiros a reclamar a posse da Fazenda Nossa Senhora do Perpétuo
Socorro, em 1770. Em áreas que ele conhecia desde 1753, segundo alguns
registros, estabeleceu-se com pecuária, mas sem atividade regular. É
lembrado como Pai Adão de Vacaria, o primeiro proprietário rural, como
veremos neste Capítulo.
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PASSO DE SANTA VITÓRIA
Os tropeiros procedentes das Missões a caminho de Sorocaba, principiaram suas
jornadas, cruzando o rio Pelotas entre Bom Jesus e Lages, pelo Passo de Santa
Vitória, assim denominado na Revolução Farroupilha. Em 26/05/1780 foi
instalado o Registro, para a cobrança de impostos. Cinco anos depois, para fugir do
pagamento, tropeiros abriram caminho pela barra do Marombas, no Passo do
Pontão, entre Barracão e Campos Novos, na BR 470, oficializado em 1818 pelo
bandeirante Atanagildo Pinto Martins.
Em 04/03/1848 o Registro de Santa Vitória foi transferido para o Barracão. No local
Passo de Santa Vitória, onde Anita Garibaldi ficou grávida do filho Menotti, que
nasceu nove meses depois em Mostardas, o Governo Federal pretende construir a
Usina Hidrelétrica de Paiquere. Neste local, nas comemorações do aniversário de
nascimento de Anita, o prefeito Geraldo Grazziotin de Bom Jesus, o deputado
Francisco Appio, a historiadora Elma Sant'Ana e uma grande caravana afixaram
uma placa comemorativa junto às taipas do antigo Registro.
LAGUNA, o primeiro porto de desembarque para a maioria dos açorianos que
cruzaram o Atlântico, foi o ponto de planejamento e partida dos pioneiros que se
estabeleceram na antiga Vacaria.
COLONIZAÇÃO AÇORIANA
Descoberto pelos portugueses, o Arquipélago dos Açores foi colonizado a partir de
1439, por colonizadores de Portugal, Holanda, Espanha, França, além de árabes e
judeus. No seu livro “História do Rio Grande do Sul”, 4ª edição – 1995, o escritor
lagoense Fidélis Dalcin Barbosa resgata que em 1620 as ilhas estavam
superpovoadas e a população vivia em penúria. Antes da vinda dos casais
imigrantes, açorianos avulsos chegavam ao território riograndense, como em 1748
em Laguna, 1749 em Rio Grande, 1752 no Porto de Viamão, depois denominado
Porto dos Casais.
O número de 4 mil casais da Ilha dos Açores aparece em documentos oficiais. Em
1780 havia no Estado 10.503 açorianos, constituindo 55% da população.
Destinados a ocupar as terras, cuja conquista se dera pelo Tratado de Madri, os
portugueses introduziram um revolucionário sistema de pequenas propriedades,
na Grande Porto Alegre, ao invés de sesmarias. No Planalto, mais tarde
denominado Campos de Cima da Serra, entretanto, a concessão de sesmarias fora
feita ainda em 1738.
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No Arquivo Público, consta que entre 1780/1800 foram feitas concessões a mais
de cem proprietários rurais.
Fidélis escreve que os açorianos formavam a elite do povo português, o elemento
mais excelente da península, pertencente à nobreza portuguesa. Dotado de
natural vivacidade, trabalhador, liberal, hospitaleiro, generoso, alegre, expansivo,
caritativo, vigoroso, sóbrio, mas inimigo da vida militar.
As mulheres eram em geral belas, esbeltas, virtuosas, inteligentes, de olhos
castanhos, de extrema vivacidade e meiguice. Muitas eram de tez alvíssima e de
olhos azuis, denunciando a influência flamenga dos povoadores dos Açores.
Distinguiam-se pela profunda religiosidade, pela devoção ao Divino Espírito
Santo, em cuja honra faziam novenas.
Lages, Viamão e Laguna eram os pontos mais próximos da Vacaria, que já existia
como ponto de referência, pela ocupação espanhola, mas estava isolada por falta
de estradas e qualquer outro meio de comunicação. O fato dificultou a fixação de
numerosas famílias, agravado pela substituição dos espanhóis pelos portugueses,
não assimilada pelos habitantes indígenas. Ferozes e vingativos, escreveu o
professor José Fernandes de Oliveira (Rainha do Planalto-1991), os índios ficaram
revoltados com as mudanças do homem branco. Resistiram, impuseram revezes,
até serem dominados e colocados em áreas a eles reservadas, em Cacique Doble,
Charrua, entre outros.
No ano de 1760, as terras da Capitania do Rio Grande de São Pedro eram divididas
em quatro “províncias”, conforme observa a carta geográfica do Alferes Antonio
Inácio Rodrigues de Córdova, engenheiro auxiliar no Tratado de Santo Ildefonso
(1777). As quatro eram: Nossa Senhora da Oliveira da Vacaria (Campos de Cima da
Serra e Planalto), Viamão (Núcleo central, sede do governo e capital do
Continente do Rio Grande), Rio Grande de São Pedro (fronteira no extremo
meridional) e Rio Pardo.
Em 1803, o Príncipe Regente de Portugal oficializou a divisão administrativa e
judiciária em quatro municípios. Vacaria ficou pertencendo a Santo Antonio da
Patrulha, um dos primeiros municípios.
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MIGRAÇÃO EM 1765
Em torno de “Fortes” e “Capelas” formaram-se pequenos núcleos. A capela de
Nossa Senhora da Oliveira, cuja imagem fora descoberta em 08/09/1750, foi
oficialmente criada em 20/03/1761, a criação da Freguesia em 20/09/1768.
Destruídas as reduções Espanholas, exterminados os indígenas, expulsos os
Jesuítas, o gado de suas imensas estâncias e de Vacaria foi se criando alçado e sem
dono ao longo da campanha.
Com a descoberta desta fabulosa riqueza, pelos bandeirantes e Tropeiros Birivas,
surgiram os caçadores de gado. Cavalos e mulas eram levados para São Paulo e
Minas Gerais, para o serviço e transporte da extração de minérios. O gado era
vendido para aproveitar couro, graxa e sebo.
Foi nestas condições que chegaram os Pioneiros, entre os quais o patriarca de
Vacaria, ANTONIO BORGES VIEIRA, nascido em Lisboa e sua mulher TERESA
RODRIGUES DE JESUS, nascida em Laguna, onde também nasceu o primogênito
Antonio Borges Vieira, em 1764.
No ano de 1765 o casal deixou Laguna, na companhia de Manoel Rodrigues de
Jesus, sua mulher Clara Jorge da Silva, Francisco e José Rodrigues de Jesus, para a
grande empreitada. Manoel, Francisco e José Rodrigues de Jesus eram irmãos da
Teresa Rodrigues de Jesus. Clara Jorge da Silva, a filha única de José de Campos
Bandemburgo, o Pai Adão de Vacaria, cujo histórico abordaremos na Segunda
Parte desta reportagem.
O BERÇO DE LAGUNA
No livro “ANITA – A GUERREIRA DA REPÚBLICA”, o ex-prefeito e escritor Adílcio
Cadorin escreveu que a partir de Laguna organizaram-se diversas expedições
visando à ocupação meridional do território, em nome da Coroa Portuguesa.
Último povoado do Sul teve importância estratégica para ocupar o território do Rio
Grande do Sul, ameaçado que estava pela colonização espanhola. Para tomar
posse e colonizar a região, depois conhecida como Colônia de S. Pedro e parte da
Colônia do Sacramento, centenas de lagunenses, na maioria das vezes
acompanhados de suas esposas e familiares, participaram destas expedições, o
que fez com que, em diversos momentos da sua história, Laguna ficasse com uma
população reduzida a crianças, idosos e poucas mulheres.
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Famílias tradicionais, cujos membros e sucessores foram posteriormente os
responsáveis pela construção da história e epopéia rio-grandense como os
Peixoto, Amaral, Silva, Almeida, Pinto, Antunes, Magalhães, Pereira, Silveira,
Andrade, Abreu, Salvador, Souza, Cabra, Melo, Dias, Azevedo, Bento, Ribeiro,
e muitas outras, partiram do antigo povoado de Santo Antônio dos Anjos da
Laguna para o inicio da construção da epopéia sulista.
A ocupação sulista a partir de Laguna tinha o claro propósito de plantar novos
centros populacionais nos imensos espaços vazios e cumprir o desejo de
Lisboa de garantir a posse da ainda inabitada área. Este vasto território era
rico em gado e cavalares, cujas matrizes haviam sido trazidas e ali soltas para
criarem-se alçadas pela casa de Castela e pelos jesuítas das reduções
missionárias que estabeleceram-se na região banhada pelo Rio Uruguai.
Foi no início de 1700 que os primeiros lagunenses estabeleceram-se em
Viamão, onde formaram as primeiras estâncias sem arramados, dali fazendo
incursões até às proximidades de Maldonado, no Uruguai de hoje, para
recolherem o abundante gado xucro existente nas pradarias que
encontraram. Ao peso de muitas vidas, enfrentaram com sucesso os
primitivos proprietários da terra, os índios charruas e os minuanos, que anos
antes já haviam repelido tentativas de ocupação que foram realizadas pelo
Governador do Paraguai, na época sede dos domínios de Castela, que
compreendia a vasta área entre Buenos Aires e o Peru.
A epopéia lagunense, ainda não conhecida e devidamente difundida pela
maioria dos livros e currículos escolares, é reconhecida por expoentes
pesquisadores e nativistas riograndenses, unânimes em reconhecer que o
tipo gaúcho foi fecundado com o sêmen da coragem lagunense e gestado no
ventre do espírito libertário dos índios charruas, carijós e minuanos. A
expressão contida na bandeira do atual Município de Laguna traz uma
inscrição latina que traduz toda a gloriosa epopéia de seu pioneiro povo,
afirmativa de que para o sul levou o Brasil: “Ad Meridiem Brasiliam Duxi”.
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ANITA AÇORIANA
No início do século passado não existiam os cartórios de registro civil nos moldes
de hoje. Tal função era feita exclusivamente pela Igreja Católica, que lavrava em
registros próprios os atos da vida civil, em forma de fatos religiosos, de cada uma
de suas respectivas paróquias.
Diversas foram as pesquisas feitas para desvendar as origens dos pais de Ana
Maria de Jesus Ribeiro, depois conhecida como Anita Garibaldi, todas, porém
sem muito sucesso, tendo em vista a distância de tempo ocorrida entre o início e
o final destes cinco séculos de nossa história, associado ainda pela precariedade e
quase inexistência dos registros públicos da estrutura organizacional das
capitanias hereditárias e do vice-reinado brasileiro.
Embora alguns historiadores e pesquisadores tenham tentado, não foi possível
até o presente momento encontrar as origens familiares mais distantes de Bento
Ribeiro da Silva, o pai de Anita. Sobre ele descobriu-se apenas que era brasileiro,
natural de S. José dos Pinhais, no Paraná, e que era filho de Manoel Colaço e de
Ângela Maria. Melhor sorte foi obtida quando foram pesquisadas as origens da
mãe de Anita, D. Maria Antonia de Jesus Antunes, restando comprovado ser filha
de Salvador Antunes e de Quitéria Maria de Souza.
Os Antunes haviam migrado de S. Paulo, onde nasceu Salvador, tendo fixado
residência em S. José dos Pinhais em data desconhecida. Quitéria Maria de Souza
era filha de Antônio José de Souza, originário da Ilha de São Miguel, nos Açores.
Adilcio Cadorin relata ainda em suas pesquisas que, segundo o historiador
Amádio Vetoretti, em 1803 as plantações de Salvador Antunes, localizadas nas
margens do Rio Tubarão, teriam sido atacadas por índios. Em 1807, o mesmo
Salvador Antunes teria recebido uma sesmaria de terras, por doação, naquelas
cercanias. Seu registro de óbito consta que faleceu em 05/10/1830, em Laguna.
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Por dedução lógica, tais fatos levam o autor a acreditar que Bento Ribeiro da Silva
conheceu Maria Antônia de Jesus Antunes nas cercanias onde encontra-se a
cidade de Tubarão, levando-a para esposar em Lages. A origem da cidade de
Tubarão está ligada à construção de uma estrada que ligava a Vila de Lages à Vila de
Laguna. Talvez porque a tivesse encontrado no caminho da Laguna/Lages durante
suas tropeadas, ou talvez porque a conheceu em Lages, após para lá ter migrado, a
verdade é que Bento Ribeiro da Silva, em 13/06/1815, na "Freguesia de Nossa
Senhora dos Prazeres de Lages", casou-se com Maria Antônia de Jesus Antunes,
natural da então Vila da Laguna, que após o casamento ficou sendo conhecida pela
alcunha de "Maria Bento".
PATRIARCA
Antonio Borges Vieira, com Teresa Rodrigues de Jesus, formam o marco inicial
entre os pioneiros, com a união dos ramos portugueses e brasileiros tiveram 82
descendentes diretos casando-se entre 1911 e 1930. Aqui chegando em 1765,
fixou residência no centro do planalto, onde formou sítio de duas léguas de fundo,
por uma de frente, a qual chamou de Fazenda Sant'Ana, mais tarde Fazenda dos
Órfãos. O desafortunado casal viveu pouco tempo, mas o suficiente para ter mais
nove filhos. Antonio faleceu em 10/12/1776 e Teresa logo depois em 08/04/1777.
O casal deixou dez filhos menores sob os cuidados de Manoel Rodrigues de Jesus e
Clara Jorge da Silva, na Fazenda do Socorro. O mais velho, Antonio Borges Vieira, foi
o único que não nasceu em Vacaria e tinha 12 anos quando seu pai morreu. Maria
Borges Vieira foi a primeira a nascer em Vacaria, tão logo seus pais lá chegaram.
Depois dela, João Borges Vieira, Paula Borges Vieira, Teresa Borges Vieira, José
Borges Vieira, Antonia Maria Vieira, Rosa Borges Vieira, Francisco Borges Vieira e a
caçula Ana Borges Vieira de 5 meses na morte do pai. Estes casaram e
multiplicaram-se.
Em 1779 houve grande conflito com os coroados, que infligiram continuado
tormento às famílias açorianas, pelos ataques que praticavam contra propriedades
e pessoas. Atentados, seqüestros, incêndios, matança geral, obrigaram o
deslocamento de muitas famílias para Lages, outras para a região das missões em
busca de sossego. Muitas não regressaram, nem mesmo depois da ação rápida e
fulminante do Coronel Joaquim José Pereira, nomeado pela Corte para proteger os
portugueses, deslocando os índios para pontos remotos.
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Permaneceram seis casais considerados pioneiros e troncos vetustos das famílias.
ANTONIO BORGES VIEIRA E TERESA RODRIGUES DE JESUS
JOSÉ DE CAMPOS BANDEMBURGO E MARIA DO REGO MELO
MANOEL RODRIGUES DE JESUS E CLARA JORGE DA SILVA
MANOEL DE SOUSA DUARTE E MARIA RODRIGUES DE JESUS
ANTONIO MANOEL VELHO E IGNÁCIA DE JESUS VELHO
IGNÁCIO FERNANDES DOS REIS E PÁSCOA GONÇALVES DE JESUS
Os casais eram ligados entre si por laços de família, como Manoel de Sousa Duarte,
cunhado de Manoel Rodrigues de Jesus. Manoel, por sua vez era genro de José
Campos de Bandemburgo, irmão de Teresa Rodrigues de Jesus e cunhado do
patriarca Antonio Borges Vieira. José Campos de Bandemburgo, o Pai Adão, era o
pai de Clara Jorge da Silva, casada com Manoel Rodrigues de Jesus, cunhado do
Patriarca Antonio Borges Vieira. Antonio Manoel Velho e Ignácio Fernandes dos
Reis eram casados com irmãs de Teresa Rodrigues de Jesus.
Estes seis casais não abandonaram seus domínios, nem mesmo durante os
conflitos com os indígenas.
No livro “Rainha do Planalto”, 1959, o professor e pesquisador José Fernandes de
Oliveira resgata a formação do tronco BORGES VIEIRA – RODRIGUES DE JESUS,
considerado marco inicial de numerosas famílias, ligados aos Pinto Ribeiro, Teles de
Sousa, Correia de Almeida, Leme de Sousa, Domingues Vieira, Cordeiro e Rego. A
descendência gerou laços familiares com as famílias Teixeira, Pinto, Duarte,
Almeida, Soares, Morais, Siqueira, Rodrigues, Amaral, Batista, Lisboa, Figueiredo,
Ferreira, Carneiro, Pereira, Fernandes, Bueno, Xavier, Góis, Pimentel, Nunes, Paixão
e outras tantas, segundo o saudoso professor, autor da única fonte de pesquisa
sobre os pioneiros de Vacaria.
O professor Fidélis Dalcin Barbosa escreveu “Vacaria dos Pinhais”, 1998,
acrescentando relatos e informações. Antes o Dr. Manoel Duarte, no livro
“Planalto”, relatou sobre fatos e pessoas. Os filhos, quatro homens e seis mulheres,
de Antonio Borges Vieira e Teresa Rodrigues de Jesus tiveram grande descendência.
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1) Antonio Borges Vieira, o primogênito nascido em Laguna, casou em Vacaria com Teresa
Ribeiro de Lima e morreu em 12/12/1849, deixando em testamento 5 filhos legítimos
Apolinária, Vasco, Elias, Leonilda e Bertolina e cinco filhos naturais reconhecidos, Paulo,
Felicio, Manoel, Emiliana e Maria Gertrudes (página 26 de Rainha do Planalto);
2) Maria Borges Vieira nasceu em Vacaria em 1765, casou com Rafael Pinto de Figueiredo,
natural de São Paulo (p. 29);
3) João Borges Vieira nasceu em Vacaria em 1766, casou com Francisca Xavier Ribeiro,
cujos pais eram naturais de Curitiba e Minas Gerais. O casal teve 10 filhos, Manoel Borges
Vieira, Rosa Borges Vieira, Bárbara Borges Vieira, Donaciana Borges Vieira, Rita Borges
Vieira, Inácia Borges Vieira, Felisberta Borges Vieira, Ana Borges Vieira, João Borges Vieira
e Antonio Borges Vieira (p. 32);
4) Paula Borges Vieira, nascida em Vacaria em 1767, casou com o lageano Manoel
Joaquim do Rego e teve uma filha Josefa, nascida em 1796 (p. 106);
5) Teresa Borges Vieira, nascida em Vacaria em 1768, casou e residiu em Campos Novos
(páginas 106/107);
6) José Borges Vieira nascido em Vacaria em 1769, casou e residiu em Soledade, onde
deixou descendência (p. 107);
7) Antonia Maria Vieira, nascida em Vacaria em 1770, casou em 05/12/1789 com João
Inácio do Amorim e residiu em Laguna (p. 107);
8) Rosa Borges Vieira nascida em Vacaria em 1771, casou e residiu em Curitibanos, onde
deixou descendência (p. 107).
9) Francisco Borges Vieira nasceu em 1773, casou com a prima Inácia, que passou a
chamar-se Inácia Rodrigues Vieira, filha de Manoel Rodrigues de Jesus e de Clara Jorge da
Silva. Por escritura em 1847, Francisco Borges Vieira e Inácia R. Vieira, doou a área da
cidade de Vacaria. Francisco morreu em 1853, deixou 9 filhos: Luís Borges Vieira, José
Borges Vieira, Lúcio Borges Vieira, Herculana Borges Vieira, Gabriela Borges Vieira, Josefa
Borges Vieira, Florisbela Borges Vieira, Filisbina Borges Vieira e Balbina B. Vieira (p. 107);
10) Ana Borges Viera, nascida em Vacaria em 1777, pouco antes da morte de sua mãe e
pouco depois da morte do pai. Ana ficou órfã com apenas 5 meses de idade. Casou com
José Vieira Cordeiro e após o nascimento do primogênito Rogério Vieira, fixou residência
em São Joaquim, onde deixou descendência (p. 143).
14
A VACARIA DOS BORGES
O tronco Borges Vieira – Rodrigues de Jesus, obteve a maior descendência em
Vacaria com Antonio Borges Vieira, João Borges Vieira, Francisco Borges Vieira
que deram 24 netos ao patriarca Antonio Borges Vieira, que nasceram e a grande
maioria, aqui permaneceu.
Maria Borges Vieira de Figueiredo foi das filhas, a única que permaneceu em
Vacaria e deu-lhe uma neta, Eufrásia Pinto de Figueiredo, que por sua vez casou
com seu sobrinho José Rodrigues de Jesus, neto do Pai Adão de Vacaria, José
Campos de Bandemburgo, deixando grande descendência, gerando as famílias
Rodrigues de Sousa, Teles de Sousa, Rodrigues Neri, Morais, Barbosa, Xavier,
Fonseca, Almeida, Figueiró, entre outras. As outras cinco filhas casaram e foram
residir em Lages, Campos Novos, Laguna, Curitibanos e São Joaquim.
Paula Borges Vieira do Rego, a segunda filha casou em Lages, deu-lhe uma neta,
Josefa Borges Vieira do Rego. Teresa Borges Vieira, a terceira filha, casou e foi
residir em Campos Novos. Antonia Vieira Amorin, a quarta filha, casou e foi
residir em Laguna. Rosa Borges Vieira, a quinta filha, casou e residiu em
Curitibanos. Ana Borges Vieira Cordeiro, a sexta filha, casou com José Vieira
Cordeiro e residiu em São Joaquim. José Borges Vieira foi o único filho do
patriarca que deixou Vacaria, casou e residiu em Soledade, onde deixou
descendência.
Antonio Borges Vieira, o filho mais velho do Patriarca, casou com Teresa Ribeiro
de Lima, teve forte descendência nas famílias em Cruz Alta pela filha Apolinária,
casada com Antonio Pereira Borges. Pelo filho Vasco, casado com Mauricia
Antonia de Siqueira. Pelo neto Vasco, casado com Teresa Pinto Rodrigues. Pelo
filho Elias, Alferes, casado com Laura Maria Ribeiro, em segundas núpcias com
Apolinária Carolina do Amaral. Pela filha Leonilda que casou com Antonio Teles
de Sousa. Pela filha Bertolina, casada com Claudino de Oliveira Rosa. Por Manoel
Borges Vieira, filho natural reconhecido que casou e residiu em São Borja. Pela
Emiliana, filha natural reconhecida, casada com Pedro Ribeiro. Pela neta Maria
Borges Vieira, casada com Joaquim José da Cunha, com onze filhos.
15
Estas publicações serão utilizadas na
reportagem comemorativa aos 243 anos da
chegada dos açorianos nos Campos de Cima
da Serra e encontram-se na íntegra no site
www.appio.com.br
Na contracapa, fotografia atual da
1ª Estância de Vacaria, conhecida
como Fazenda Nossa Senhora do
Perpétuo Socorro ou simplismente
“Fazenda do Socorro”
que
pertenceu ao pioneiro José
Campos de Bandenburgo.
Deputado Appio, Governador
Carlos Manoel Martins da Ilha dos
Açores e Desembargador Vasco
Della Giustina
Deputado Appio, Governador e
Cassiano Paim
Deputado Appio e Luis
Antônio Alves
João Borges Vieira o segundo filho do patriarca, casado com Francisca Xavier
Ribeiro, teve dez filhos, que geraram descendência entre as famílias Correia de
Almeida, Teles de Sousa, Rodrigues Barbosa, Morais Borges, Broglio, Rigon,
Paim, Lorenzi, Zamboni, Vieira de Sousa, Vieira de Camargo, Vieira Soares,
Carneiro, Burger, Petersen, Lança, Oliveira, Moreira Leite, Lopes, Faccioli,
Vepo, Gonçalves, Rodrigues de Siqueira, Fernandes Borges, Neri dos Santos,
Ramos Camargo,Sousa Duarte, Borges dos Santos.
Na mesma linha de descendência estão: Branco de Camargo, Vieira Dutra,
Pereira de Camargo, Kramer, Pereira Boeno, Texeira Pinto, Teixeira Borges,
Cabral, Pires, Ferrazzi, Paim Borges, Mota, Pacheco, Gonzaga, Lima, Fernandes
da Fonseca, Azambuja, Moojen, Dip, Meireles, Fernandes de Oliveira, Chedid,
Marcantonio, Murici, Totti, Michielin, Araponga Paim, Fernandes Martins,
Fernandes de Morais, Giuriolo, Dias, Gualdi, Roxo, Cunha, Reali, Paim de Lima,
Guazzelli, Paglioli, Kramer da Fonseca, Duarte Dornelles, Palombini,
Estrazulas, Correia, Atti, Rizzo, Morais Varela.
E ainda as famílias: Branco de Abreu, Barcelos, Pilati, Fernandes dos Santos,
Monteiro, Guerreiro, Bolsoni, Faustino de Oliveira, Viterbo de Oliveira,
Rodrigues Dàvila, Terra, Paim de Andrade, Andrade, Alves Borges, Tamagno,
Machado, Rodrigues de Campos, Costa, Berta, Prado, Lacerda, França,
Batalha, Borges dos Santos, Góis Vieira, Pato, Marques, Teixeira Lemos,
Teodoro Duarte, Troglio, Schereschewsky, Guerra, Sutil, Brum Viana, Krause,
Baggio, Tigre, Cunha Lima, Augusto Branco, Orsi, Lemos, Boeira, Gomes Paim,
Menezes, Kneip Ramos, Grossi, Berthier, Valmórbida, Pimentel, Nunes,
Acauan, Dolzan, Tigre, Aguirre, Laizer, Hoffmann, entre outras famílias.
FRANCISCO BORGES VIEIRA, filho de Antonio Borges Vieira, casou com Inácia
Vieira, neta de José Campos de Bandemburgo. O casal doou a área da cidade
em 1847, seis anos antes de sua morte em 1853. Deixou 9 filhos e
descendência nas famílias Teixeira Pinto, Guerreiro, Martins, Morais, Duarte
Borges, Schuler, Pioli, Morais Lobo, Jacoby, Rigon, Amaral Oliveira, Borges
Coelho, Fernandes Borges, Pereira, Michielin, Silveira, Torres, Pinto, Peixoto,
Borges Pinto, Dutra, Ferreira, Baggio, Atti, Varela, Pachedo, Paim de Andrade,
Caon, Kramer da Luz, Guazzelli, Claro de Lima, Faccioli, Alves Paim, Carneiro
Borges, Carneiro Lobo, Bochese, Verdi, Azambuja, Soares Borges, Borges dos
Santos, Dorneles de Oliveira, Lorenzoni,Moreira Paz, Ramos, Carvalho, Zonta,
Holsbach, Borges Pereira, Batalha, Santos, Caon, Borges do Amaral, Gargioni,
Zingalli, Neri dos Santos, Domingues Boeira, Pires, Zacchera, Peruchin,
Lisboa, Coelho e outras.
16
SEGUNDA PARTE
O PIONEIRO BANDEMBURGO
Em Vacaria a família Campos figura entre os primeiros povoadores da sesmaria de
Nsa. Sra. do Perpétuo Socorro. Entre 1911 e 1930, casaram em Vacaria 109
descendentes de José Campos Bademburgo e Escolástica Moreira, conforme a
Mestra em História Social Maria Neli Ferreira Borges “Raízes de Vacaria”, 1996.
Em 1753, aqui se estabeleceu o pai Adão de Vacaria - José de Campos Bandemburgo
- cuja ascendência procede da Bélgica, da Espanha, de Portugal e de São Paulo, tendo
como pais o Capitão Domingos Jorge da Silva e Margarida de Campos Bicudo.
Avós paternos: Capitão Salvador Jorge Velho e Margarida Silva. Avós maternos:
Manoel de Campos Bicudo e Luzia Leme de Barros.
Bisavós paternos: Domingos Jorge Velho e Izabel Pais de Medeiros. Pascoal Leite Pais
e Maria da Silva Brito.
Bisavós maternos: Felipe de Campos Bandemburgo e Margarida Bicudo. Antônio
Pedrozo de Barros e Maria Pires de Medeiros.
Trisavós paternos: Simão Jorge e Francisca Alvares Martins; Salvador Pires de
Medeiros e Inês Monteiro de Alvarenga. Pedro Dias Pais Leme e Maria Leite da Silva;
Domingos Brito Peixoto e Sebastiana da Silva.
Trisavós maternos: Felipe Van Der Borg e Antônia de Campo; Capitão Manoel Pires e
Maria Bicudo; Valentim de Barros e Catarina de Góis e Siqueira; Salvador Pires de
Medeiros e Inês Monteiro de Alvarenga.
Tetravós paternos: Simão Jorge e Agostinha Rodrigues; Marcos Fernandes e Maria
Afonso; Salvador Pires e Mecía Fernandes; Fernando Dias Pais e Lucrecia Leme;
Pascoal Leite Furtado e Izabel Domingues de Prado.
Tetravós maternos: Beatriz Pires. Antônio Bicudo Carneiro e Izabel Rodrigues. Pedro
Vaz de Barros e Luzia Leme. Jorge de Araújo Góis e Angêla Siqueira.
Quintavós paternos: Garcia Rodrigues e Izabel Velho. Salvador Pires e Maria
Rodrigues. Pedro Leme e Izabel Pais. Gonçalo Martins Leite e Maria da Silva.
Fernando Dias Paes e Lucréia Leme. Gaspar de Araújo e Catarina Góis.
Quintavós maternos: Sebastião Pedroso de Barros e Leonor de Siqueira. Antônio
Fernandes e Antônia Rodrigues.
17
NASCEU EM SÃO PAULO
José de Campos Bandemburgo, o pai Adão de Vacaria, nasceu em Itu, uma das
principais vilas da então Capitania de São Paulo. Seu pai, o Capitão Domingos
Jorge da Silva, foi condecorado nas batalhas por serviços prestados contra os
franceses, em 1711.
Bandemburgo casou-se em primeiras núpcias com Escolástica Moreira, natural
do Arraial da Barra em Minas Gerais, havendo dessa união a filha única, Clara
Jorge da Silva. Em segundas núpcias, no ano de 1749, em Itu, casou-se com
Maria de Melo, filha de Pedro de Melo e Sousa e Maria de Siqueira, sem filhos.
Em Vacaria, foi o descobridor dos maravilhosos campos onde fundou a “Fazenda
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro" com três léguas de comprimento, por uma
e meia de largura. Foi donatário da mesma, em posse confirmada por despacho
do Brigadeiro Governador José Marcelo em 1770. Entretanto, nela estava
estabelecido desde 1753. Já viúvo pela segunda vez, faleceu em 1813, deixando
todos os seus bens à herdeira universal Clara Jorge da Silva, casada com Manoel
Rodrigues de Jesus, cunhado do patriarca Antonio Borges Vieira.
Sua última esposa, que faleceu muito antes de 1813, deixou em testamento, ao
marido e testamenteiro, a determinação de alforriar metade dos escravos
daquele opulento solar planaltino. Talvez seja dona Maria do Rego Melo a mais
forte abolicionista do século XVIII. Embora só tivesse uma filha, escreveu o
professor José Fernandes de Oliveira no “Rainha do Planalto”, 1959, o paulista
José Campos de Bandemburgo, pela grande descendência, foi reconhecido
como Pioneiro e Pai Adão de Vacaria.
A filha Clara tornou-se herdeira da Fazenda do Socorro. Casou com o lagunense
Manoel Rodrigues de Jesus, com quem teve nove filhos, que constituem com os
Borges Vieira e Rodrigues de Jesus o tronco de fundadores de Vacaria:
Maria Rodrigues de Jesus, Gabriel Rodrigues de Campos, José Rodrigues de
Jesus, Manoel Elias de Jesus, Amaro Rodrigues de Campos, Inácia Rodrigues de
Jesus, Ana Joaquina Rodrigues de Jesus, Leonor Rodrigues de Jesus e Angela
Rodrigues de Jesus, todos netos do Pioneiro José Campos de Bandemburgo e
sobrinhos do patriarca Antonio Borges Vieira e Teresa Rodrigues de Jesus, irmã
de seu pai Manoel Rodrigues de Jesus.
18
MARIA RODRIGUES DE JESUS nasceu em Vacaria, casou com Manoel de Sousa
Duarte, natural da Ilha da Madeira, com quem teve cinco filhos: Teodoro Sousa
Duarte, Manoel de Sousa Duarte, Inácia de Sousa Rodrigues, Alberto de Sousa
Duarte e Manoela de Sousa Rodrigues.
O filho mais velho, Teodoro de Sousa Duarte, casou com a prima Herculana Borges
Vieira. O outro filho, Manoel de Sousa Duarte, casou em Passo Fundo com
Prudencia Ana de Jesus, em primeiras núpcias, abrindo grande descendência
naquele município com oito filhos. Em segundas núpcias, casou com Gertrudes
Leme de Sousa Vieira, com quem teve mais oito filhos. Um de seus filhos, Ângelo,
casou com Alexandrina Borges Pereira, com quem teve sete filhos, uma das quais
Simplicia, casou com Manoel Borges dos Santos, com quem teve a filha Cesarina,
esta casou com Sebastião Jacoby, pais de Adautina Jacoby, que casou com Jacinto
Pioli Schuler, pais de Dilermando Schuler, advogado, ex-vereador.
Outra filha de Maria Rodrigues de Jesus e Manoel Sousa Duarte, Inácia, casou com
Urbano Antonio de Morais, com quem teve um filho, Manoel em 1825. A filha mais
nova, Manoela casou em São Borja, onde deixou descendentes, entre eles o
General Valdomiro Lima, seu neto.
Outra filha, Ana Joaquina, casou com o lageano Francisco Borges Pereira, com quem
teve quatro filhos. Um deles, Pedro Borges Pereira, casou com Felisberta Teles de
Sousa, com quem teve sete filhos. Uma delas, Emerenciana casou com João
Teodoro de Sousa Duarte . Outra, Paulina, casou com Estevão Borges dos Santos.
Uma neta, Felisberta Borges de Almeida, casou com José Osório Guerreiro, filho de
Francelino Guerreiro e Etelvina Pilar de Almeida. A filha Etelvina casou com Vitório
Faccioli, unindo portugueses com italianos.
Leonor Rodrigues de Jesus, filha de Manoel Rodrigues de Jesus e Clara Jorge da
Silva, neta de José Campos Bandemburgo, teve quatro filhos de seu casamento com
o paulista Delix Rodrigues de Campos. Sua trineta, Arlinda Borges de Lima, casou
com Vitório Caon, com quem teve uma filha, Clorí de Lima Caon, que casou com Luiz
Waltrick Filho.
19
Outra trineta, Neura Rodrigues de Campos, casou com Diogo Santos
Paganella. Sua irmã Clélia Rodrigues de Campos, pentaneta do pioneiro José
de Campos Bandemburgo, casou com Adelar Boeira, um dos baluartes do
Esporte Clube Brasil. A outra irmã Sirley casou em 1953 com Sergio Reali.
Os nove filhos de Manoel Rodrigues de Jesus e Clara Jorge Silva, netos do
pioneiro Bandemburgo, tiveram grande descendência, unindo seus laços
sanguíneos com inúmeras famílias.
Estas informações foram extraídas do livro “Rainha do Planalto”, 1959, onde
seu autor, o professor José Fernandes de Oliveira, fez extraordinária
pesquisa em documentos e relatos pessoais, sempre alertando para a
possibilidade de estarem incompletos. Da mesma forma que o autor de 48
anos atrás, renovamos o interesse por mais informações sobre os
descendentes de Antonio Borges Vieira e Teresa Rodrigues de Jesus.
Envie informações para:
E-mail [email protected]
Endereço : Praça Marechal Deodoro, 101 - 11º Andar
Sala 1105 - Porto Alegre / RS - CEP: 90.010-300
Capa: Pintura a óleo de Carlos Rigotti (2006) retrata o primeiro ambiente com que
se depararam os açorianos na chegada à Vacaria em 1765. Os belos campos e
paisagens impressionavam pela magestade do Pinheiro, Pinha e Pinhão. No detalhe
a Casa Verde, sede do Projeto Esperança do deputado Francisco Appio. Em 2005 e
2006 promoveu a Inclusão Digital nas Escolas Municipais, na Periferia e Sala Virtual.
Em 2007 Troca-troca de Livros e projeção de filmes nos Bairros. Em 2008 será a sede
do Projeto Vacaria dos Borges.
Nota do Autor: Esta reportagem está incompleta e necessita de constante aperfeiçoamento.
Colabore com os registros históricos de Vacaria e sua gente, por carta ou e-mail
20
DATAS HISTÓRICAS DE VACARIA
1454, ano do TRATADO DE TORDESILHAS.
1634, introdução dos primeiros rebanhos, pelos jesuítas espanhóis nos 7 Povos.
1692, marco de pedra indica a penetração dos jesuítas na região. Exposto no
l
Museu Municipal.
1697, fundação da Baqueria de Los Pinhales, pelos jesuítas espanhóis.
l
Introduzem da primeira vez 42 mil vacas, depois 20 mil, um ano depois mais 18 mil.
1718, aportam os portugueses em busca de couro e graxa.
l
1727, aberto caminho pela serra da Rocinha, ligando Araranguá com os Campos
l
de Cima da Serra, Lages e Sorocaba, por Cristóvão Pereira de Abreu e Francisco de
Souza Faria.
1731, Cristóvão abriu outra rota através do Vale do Rolante. Por este caminho
l
foram criadas as povoações de Santo Antonio da Patrulha, São Francisco de Paula,
Vacaria, entre outras.
1737, em 19 de fevereiro o brigadeiro José da Silva Pais proclama a fundação do
l
Rio Grande do Sul.
1738, concedidas as Semanas a José Ferreira Chaves, João da Silva Sousa e
l
Manuel Alves, os quais não efetivaram a posse, surgindo o nome de AUSENTES.
1738, em 18 de fevereiro fundada a cidade de Rio Grande.
l
1738, o coronel Cristóvão Pereira de Abreu passa pelos Campos de Cima da
l
Serra, Mato Português e abre o caminho das tropas para as Missões, pelo Planalto.
Os jesuítas foram os precursores deste caminho, unindo o Planalto/Missões.
1740, chegaram os açorianos, vindos de Laguna. Este é marco da ocupação pelo
l
homem branco no Estado, com a posse de terras em Porto Alegre, por Jerônimo de
Ornelas Menezes e Vasconcelos.
1750, em 13 de janeiro assinado o TRATADO DE MADRID, pelo qual a Espanha
l
devolve as terras da região ao domínio português. Jesuítas deixam Vacaria, mas
ensinam os indígenas a lidar com o gado.
1750, em 8 de setembro, durante a queima-de-campo, descoberta a imagem de
l
Nossa Senhora da Oliveira.
1752, concedidas as primeiras sesmarias ao Coronel Cristóvão Pereira de Abreu,
l
ao Sargento Francisco de Sousa Faria e o Capitão Pedro da Silva Chaves. Por morte
de Pereira de Abreu, João Batista Feijó arrematou em hasta pública.
1753, ano em que chega a Vacaria um de seus fundadores, José de Campos
l
Bandemburgo, nascido em Itu/SP.
1754, beneficiados com sesmarias José Ferreira Chaves, João da Silva Souza e
l
Manoel Alves, não tomaram posse e não se instalando foram declarados
AUSENTES.
l
l
21
1761, em 21 de março criada e em 21 de dezembro inaugurada a primeira
Capela de Nossa Senhora da Oliveira.
1764, nasce em Laguna Antonio Borges Vieira, o primogênito de Antonio
l
Borges Vieira e Teresa Rodrigues de Jesus.
l
1765, chegam a Vacaria Antonio Borges Vieira, sua mulher Teresa Rodrigues de
Jesus, seu filho Antonio Borges Vieira, cunhados Francisco, José e Manoel
Rodrigues de Jesus, este com sua esposa Clara Jorge da Silva, filha de
Bandemburgo.
l
1765, nasce a primeira vacariana, Maria Borges Vieira, filha de Antonio Borges
Vieira.
l
1766, nasceu o primeiro vacariano, João Borges Vieira, filho de Antonio Borges
Vieira.
l
1768, em 20 de dezembro criada a Paróquia de Nossa Senhora da Oliveira, com
o primeiro pároco João da Costa Barros.
l
1769, chega o primeiro sacerdote, João Ferreira Roris, para residir no centro da
sesmaria de Manoel Rodrigues de Jesus.
l
1770, José de Campos Bandemburgo consegue o direito de posse da Fazenda
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, com 3 léguas de comprimento, por uma e
meia de largura. Sua única filha Clara Jorge da Silva casou com o lagunense Manoel
Rodrigues de Jesus, com o qual teve nove filhos, formando a primeira família
vacariana: Maria Rodrigues de Jesus (casou-se com Manoel de Sousa Duarte),
Gabriel Rodrigues de Campos, José Rodrigues de Jesus, Manoel Elias de Jesus,
Amaro Rodrigues de Campos, Inácia Rodrigues de Jesus, Ana Joaquina Rodrigues
de Jesus, Leonor Rodrigues de Jesus e Angela Rodrigues de Jesus. José de Campos
Bandemburgo é reconhecido como o Pai Adão de Vacaria.
l
1779, ataque dos coroados provoca a fuga de famílias inteiras para Lages, mas
seis permanecem no povoado.
l
1780, em 26 de maio instalado o Registro no Passo de Santa Vitória, no rio
Pelotas em Bom Jesus. Mais tarde transferido para o Pontão no Barracão, pois
para lá se deslocaram os tropeiros, para fugir da cobrança de impostos.
l
1780, são divididas em quatro “províncias” as terras da Capitania do Rio
Grande de São Pedro. 1 - Nossa Senhora da Oliveira da Vacaria (Cima da Serra e
Planalto), 2 - Rio Pardo (fronteira ocidental), 3 - Viamão (núcleo central, sede do
governo e capital do Continente do Rio Grande) e 4 - Rio Grande de São Pedro
(extremo meridional).
l
22
VACARIA NO SÉCULO XIV
1809, em 27 de abril são elevadas à categoria de Vila as povoações de Rio
Grande de São Pedro, Santo Antonio da Patrulha, Rio Pardo e Porto Alegre.
=
1822, criado o município de Cachoeira do Sul e, treze anos depois, Alegrete,
Caçapava, Cruz Alta, Jaguarão, Pelotas, Piratini, São Borja, São José do Norte e
Triunfo.
=
1835, explode a Revolução Farroupilha e ao final dela, dez anos depois, são
reconhecidos mais 14 municípios. No final do século em 1900 totalizaram 65.
=
1837, em 18 de novembro criado o Corpo Policial, que mais tarde deu lugar à
Brigada Militar.
=
1840, oficializada a doação da área central da vila, pelos herdeiros de
Manoel Rodrigues de Jesus e Clara Jorge da Silva, sua filha Inacia Rodrigues de
Jesus e seu esposo Francisco Borges Vieira.
1842, José Luiz Teixeira, de Cachoeira do Sul, casa-se com Rosa Borges Vieira,
=
neta do português Antonio Borges Vieira. No ano seguinte, José Luiz Teixeira é
nomeado Coronel da Guarda Nacional e chefe dos distritos de Vacaria e São
Francisco de Paula, pertencentes a Santo Antonio da Patrulha.
1843, o casal ergue faustosa mansão no local onde situa-se a antiga “Casa de
=
Saúde Dr. Elias Saadi”, que transforma-se no centro social da vila, pela intensa
atividade social do casal José Luiz Teixeira e Rosa Borges Vieira, com seus dez
filhos.
1847, em 30 de agosto a primeira escola pública, com o professor Luiz
=
Augusto Branco, numa das salas da mansão de José Luiz Teixeira, onde mais
tarde foi construída a Casa de Saúde Dr. Elias Saadi.
1850, 22 de outubro, emancipação e instalação da Vila de Vacaria, criada
=
pela Lei Provincial 185 de 22 de outubro daquele ato. O presidente da Câmara de
Vereadores de Santo Antonio da Patrulha, Manoel Joaquim de Carvalho Neto,
deu posse aos vereadores eleitos: Padre João Antonio de Carvalho, o mais
votado eleito presidente, Tenente Coronel José Luiz Teixeira, Estevão Malaquias
Paes de Figueiredo, José Joaquim Ferreira, Antonio Francisco Rodrigues, Miguel
Joaquim de Camargo e Mâncio Ivo da Fonseca. Na mesma sessão foi nomeado
procurador Rodrigo Antonio Moreira, encarregado da cobrança dos impostos,
José Joaquim de França Vasconcelos Júnior como encarregado, Francisco
Rodrigues Barbosa como fiscal e o cargo de primeiro porteiro e contínuo para
Antonio Felix do Sacramento.
1856, a cólera faz mais de 5 mil mortos no Estado, de uma população de 280
=
mil almas.
=
23
1857, em 16 de janeiro um episódio político inédito com o “desvilamento”
l
da Vila de Vacaria, passando a sede do município para Lagoa Vermelha, elevada
a categoria de freguesia. O conflito político transferiu-se para a Assembléia
Estadual, em acirrados debates, especialmente com o autor do projeto
deputado Moraes Junior, morador de Cruz Alta. O incidente inicia uma série de
conflitos políticos entre as duas povoações, ainda hoje lembrados, alimentando
uma rivalidade inexplicável. A solução “acomodando as partes” foi devolver
Vacaria e Lagoa Vermelha à Comarca de Santo Antonio da Patrulha, em 26 de
novembro de 1857. Com difícil acesso ao governo da sede a região, retomou o
movimento emancipacionista.
1876, em 12 de abril pela Lei Provincial 1.108 foi criado o município com
l
15.000 km2, com sede em Lagoa Vermelha.
1878, em 1º de abril pela lei Provincial 1.115 a sede do município foi
l
transferida para Vacaria, até a emancipação de Lagoa Vermelha, em 10 de maio
de 1880.
1878, instalada a Comarca de Vacaria, sendo juiz o Tenente Coronel Manuel
l
Batista Pereira Bueno.
1882, formado no Estado o Partido Republicano, por brilhantes advogados
l
formados na Faculdade de Direito de São Paulo, entre eles Julio de Castilhos,
Assis Brasil, Ramiro Barcelos, Venâncio Aires, Barros Cassal, Ernesto Alves, José
Pinheiro Machado, Salvador Pinheiro Machado, Lauro Prates e Homero Batista.
1884, em 19 de setembro fundado o Clube Abolicionista, com Israel Antonio
l
da Paixão, Manoel Batista Pereira Bueno, João Antonio Jacques e Amândio
Borges de Albuquerque, que em muito contribuiu para a libertação dos
escravos.
1886, chegam os primeiros imigrantes italianos ao município,
l
estabelecendo-se no distrito de Antônio Prado. O desenvolvimento que esta
leve de italianos despertou levou à emancipação em 1899. Os italianos ainda
fundaram Ipê, Segredo, São Paulino, Campestre, São Manoel, São Bernardo e
em menor número se estabeleceram em Muitos Capões, Vila Ituim, Refugiado e
Vila Esteira.
1888, em 1 de julho explode o surto da Varíola e dizima metade da
l
população. Famílias perdem todos os filhos pela doença. Atingiu especialmente
os escravos e os mais pobres. Morreram no estado 3971 pessoas.
1888, abolida a Escravatura. Em Vacaria, segundo o historiador Percio
l
Moraes Branco, era muito grande a população negra. Mas os escravos foram
libertos antes de 1888, bem antes em 1884, com 152 cartas de liberdade
expedidas.
24
1889, em 15 de novembro o Marechal Deodoro da Fonseca proclama a
República. No Estado, o presidente da Província Gaspar Silveira Martins é preso
e deportado. Defendia monarquia e parlamentarismo.
l
1892, em 31 de março em Bagé, Silveira Martins fundou o Partido
Federalista, defendendo o Parlamentarismo.
l
1892, em 15 de outubro extinta a Guarda Cívica e criada a Brigada Militar.
l
1893, estourou a Revolução Federalista, que termina dois anos depois com
mais de dez mil vítimas. Enquanto a Revolução Farroupilha fora motivada por
razões econômicas, a de 1893 ocorreu por desavenças políticas. Foi a mais
sangrenta página da degola de nossa história, com muitas vítimas na região,
entre chimangos (pica-paus) e maragatos. Gaspar Silveira Martins retorna ao
Rio Grande do exílio na França e bate-se contra Júlio de Castilhos. É preso e
exilado no Uruguai, onde morreu em 1901. Na região, ao ser deflagrado o
movimento federalista, o coronel Avelino Paim de Souza destacou-se na vitória
das forças legalistas. Fundou o Partido Republicano Municipal e dirigiu Vacaria
por oito anos, até 1917, quando eleito passou para a Assembléia Estadual, como
deputado pela região.
l
1899, em 6 de janeiro fundada Nova Roma do Sul, distrito de Antônio Prado.
Nova Roma do Sul, com a chegada dos imigrantes, foi dividida em oito linhas e
construídas doze capelas. Numa delas, em Nova Treviso, estabeleceu-se o
patriarca da família Appio, Antonio Appio, pai de José, avô de Luiz, bisavô de
Francisco Appio, trisavô de Eduardo e Daniela, pentavô de Pedro Appio
Varaschin e Valentina Appio. Por Nova Roma passa a rodovia Júlio de Castilhos,
ligação obrigatória de Vacaria com a capital, passagem de caminhões, ônibus e
carretas. Emancipou-se em 30/11/1987.
l
VACARIA NO SÉCULO XX
1900, em 14 de janeiro lançada a Pedra Fundamental para a Catedral de
Vacaria, formada a comissão, sob comando do Coronel Libório Rodrigues, que
presidiu os trabalhos até 1931, data do seu falecimento. Primeiro foi Frei
Pacífico e logo depois o Padre Efrén, que alterou o projeto original para
acompanhar o estilo gótico. Sempre com a direção do Coronel Libório Rodrigues
e com o apoio do Coronel Teodoro Camargo dos Santos, de Firmino Paim Filho e
Manoel Duarte, que ingressam na carreira política, deixam a cidade e são
substituídos pelo professor José Fernandes de Oliveira e Abtino de Lima Pereira.
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1900, marca a chegada de italianos, como José Gasparetto, Samuel
Guazzelli, Orestes Broglio, Francisco Guerra, Dante Mondadori, Atilio Giuriolo,
João Palombini, Constante Gualdi, Eugenio Adami, Germano Dotti, Camilo
Marcantonio, Luiz Marcantonio, Atilio Marcantonio, Pedro Grazziotin, José
Bolsoni, José Bedin, Antonio Citton, Antonio Scotti, Boschi, Demétrio Gualdi,
Mario Zambelli, Carlos Zachera, Fernando Anelo.
=
1901, em 11 de fevereiro inaugurado o serviço de correios com telegrafista.
=
1903, em 3 de maio chegam as irmãs de São José, Ana Teresa, Luiza,
Teodora, Francisca e Albina, lideradas pela Madre Joana Vitória, que fundaram
no dia seguinte o Colégio São José.
=
1903, ano da chegada dos Padres Capuchinhos.
=
1903, em 24 de outubro morre Julio de Castilhos com 43 anos, vítima de
anestesia mal aplicada.
=
1907, o ano da chegada do Dr. Attilio Giuriolo, médico residente em
Veranópolis, que pouco antes chegou ao Brasil procedente de Azzignano, perto
de Vicenza, para dar apoio aos compatriotas imigrantes. Junto à Praça Central,
construiu bela residência e de imediato se colocou na vanguarda pela Escola
São Carlos, dos Irmãos Lassalistas.
=
1907, ano da Ponte do Korff. A ponte metálica, importada da Alemanha,
deveria ser instalada no Passo do Zeferino, entre Antônio Prado e Flores da
Cunha, mas por influência do Cel. Avelino Paim, foi para a travessia do Rio das
Antas, entre São Manoel e Criúva, na Estrada Rio Branco.
=
1912, Borges de Medeiros, à frente do governo do Estado, destaca uma
unidade da Brigada Militar para proteger Vacaria e a fronteira com Santa
Catarina durante a Guerra do Contestado (1912-1915).
=
1912, em 1º de outubro nasce na Capela da Luz a maior expressão literária
de Vacaria, por muitos desconhecido, o escritor Gevaldino Ferreira, crítico
literário dos jornais Diário de Notícias e A hora, em Porto Alegre, onde presidiu
a Academia Riograndense de Letras.
=
1914, as obras da Catedral com pedra moura, assentada uma por uma, já
sobe a quatro metros de altura. Cinco anos depois está fechada ao redor e
coberta, permitindo o primeiro culto.
=
1917, apresenta o cinema mudo, numa casa da Marechal Floriano com Júlio
de Castilhos. Era o Cinema Rio Branco, propriedade de Jango Santos. Precursor
do Cine Lira na Rua do Vinagre, em 1927 mudou o nome para Cine Guarani.
=
1918, a Gripe Espanhola mata 1.816 gaúchos (população de dois milhões de
habitantes).
=
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1919, em 30 de agosto as imagens sacras que eram guardadas na Igreja Velha,
construída em 1870 da Casa Inca, foram transferidas para o templo em construção.
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1919, em 5 setembro firmado convênio da Comunidade com a Congregação dos
Irmãos Maristas, que em janeiro de 1920 iniciam com três professores na antiga
Igreja de Madeira, até a construção do Colégio São Francisco de Assis. O
empreendimento enfrentou dificuldades, pois a Europa envolvida na Primeira
Guerra Mundial provocou a baixa do preço do gado. Para complicar, a Revolução de
1923 separou as lideranças e causou adiamento da obra. A construção esteve a
cargo do Frei Pacífico, com direção do Coronel Libório Rodrigues, que faleceu em
1931, substituído pelo Coronel Avelino Paim Filho.
1919, com apenas 24 anos chega a Vacaria e aqui se estabelece como advogado e
l
jornalista, o poeta e escritor Cassiano Ricardo, mais tarde integrante da Academia
Brasileira de Letras. Morreu em 15 de setembro de 1974 e repetidas vezes escreveu
que “maragateou” em Vacaria.
1920, na noite de 19 de março violento incêndio destruiu as casas da Rua do
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Vinagre, calçada com nó-de-pinho.
1920, marca a chegada de novo leva de italianos, que até 1940 juntam-se com as
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famílias Roveda, Bortolon, Rech, Soldatelli, Zanella, Frozzi, Leonardelli, Paganella,
Fadanello, Gavioli, Giordano, Siliprandi, Sgarbi, Spinelli, Bortolini, Campetti, Lutti,
Bergamaschi, Rigon, Gasperin, Capra, Deon, Lovatto, Atti, Cestaro e Cibelli.
1920, coloca moradores de Campestre e São Bernardo na empreitada de abrir
l
passagem para São Marcos, abrindo caminho do que em 1941 seria a BR 116,
asfaltada três anos depois. Até então a passagem era por São Manoel - Criúva, com a
Ponte do Korff.
1922, no dia 11 de abril instalado o Grupo Escolar, cujas aulas iniciaram em 10 de
l
maio, mas foi em 1950 que o Decreto 1.619 de 02 de dezembro designou a antiga
Escola em Escola Estadual Padre Efrén.
1923, explode outra vez o ódio entre chimangos e maragatos, que já fizera
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milhares de mortos na revolução de 1893. Nas eleições do Estado, Borges de
Medeiros é reeleito, em meio à fraude, onde por falta de fiscalização votava-se
várias vezes. As urnas de Antônio Prado, reduto pica-pau (relato do fiscal Cassiano
Ricardo, jornalista e poeta que residia em Vacaria), onde Borges nunca perdera, a
vitória foi de Assis Brasil, surpreendentemente.
1923, em 24 de janeiro, véspera da posse de Borges de Medeiros, iniciam-se as
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insurreições no Estado, começando por Passo Fundo. Destacaram-se os
comandantes republicanos Firmino Paim Filho, Flores da Cunha à frente de oficiais e
praças da Brigada Militar. Foram nove meses, com 21 combates de dia inteiro de
lutas, sacrificando mais de mil vidas. O Estado fica sabendo de Batista Luzardo,
Honório Lemes, Filipe Portinho, Zeca Neto e Menna Barreto.
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1923, em 21 de julho, na Fazenda dos Gregórios (Pinhal da Serra), verificou-se o
grande combate entre as forças do General Firmino Paim Filho e o Coronel
Demétrio Ramos. Perto dali, em Capão Bonito, no dia seguinte o General Filipe
Portinho enfrentou a Brigada do Nordeste do General Paim Filho, e quase morreu,
ao ser morto o cavalo que montava.
l 1923, em 21 de setembro na Encruzilhada, próximo da Extrema, o General
Portinho derrotou o General Francisco de Paula Feijó e feriu seu filho, feito
prisioneiro. O líder maragato, no dia seguinte entregou o prisioneiro a seu pai no
Hotel Gaspareto em Vacaria.
l 1923, em 14 de dezembro o fim dos conflitos com assinatura do Tratado do
Castelo de Pedras Altas, de Assis Brasil. No dia seguinte o Tratado foi assinado por
Borges de Medeiros em Porto Alegre.
1927, nas eleições do Estado, sucedendo a Borges de Medeiros é eleito Getulio
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Vargas, empossando em janeiro de 1928 juntamente com o vice João Neves da
Fontoura e os secretários Osvaldo Aranha (Interior e Exterior) e Firmino Paim
Filho (Fazenda). Getúlio foi candidato único, apoiado por chimangos e maragatos.
Logo fundou o Banco do Estado.
1930, nova Revolução, com os gaúchos iniciando a insurreição, tendo a frente
l
Osvaldo Aranha, Lindolfo Collor, Batista Luzardo, Flores da Cunha, João Neves da
Fontoura e Siqueira Campos, que morreu em acidente aviatório, quando foi à
Buenos Aires convidar Luiz Carlos Prestes para o movimento. Os gaúchos iam
desistir da Revolução, quando foi assassinado João pessoa, no Recife, provocando
uma onda de revolta. Os quartéis federais foram tomados, comandantes presos e
24 horas o Rio Grande estava em pé de guerra, com 30 mil homens em armas. Por
Vacaria passaram milhares de homens, unindo-se às forças revolucionárias que
levaram Getúlio Vargas ao Rio, na condição de presidente, ao depor Washington
Luiz, deixou no Estado seu cargo com Osvaldo Aranha.
1930, em 26 de novembro nasce Eny Ferreira Camargo, grande artista, soprano,
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nascida em Vacaria. Ao mudar-se para Porto Alegre fez brilhante carreira,
participando de cursos no exterior. Divulgou a música brasileira no exterior e, ao
retornar a Porto Alegre, integrou a OSPA.
1930, o General Firmino Paim Filho, Senador da República, garantiu lealdade ao
l
presidente Washington Luiz. Sentiu-se traído por Getúlio Vargas, seu compadre
que lhe garantiu que não haveria revolução. Disposto a levantar sua gente contra a
volta, retornou a Vacaria, mas ao chegar em Florianópolis, soube que os
vacarianos estavam mobilizados com Getúlio. Ficou em Florianópolis
comandando a defesa da capital catarinense.
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1930, no dia 23 de outubro as tropas revolucionárias entraram triunfalmente
no Rio de Janeiro e amarraram seus cavalos no Obelisco da Avenida Rio Branco.
l 1932, nova Revolução pois o Partido Republicano e os Libertadores estavam
comprometidos com os paulistas na Revolução Constitucionalista contra Getúlio
Vargas. Batista Luzardo iniciou a revolta por Vacaria, mas foi contido pelas forças
de Flores da Cunha, na Extrema onde rendeu-se.
l 1932, em 4 de novembro, fundados os Hospitais Dom Frei Vital de Oliveira e
Nossa Senhora da Oliveira, pelo Padre Pacífico e por José Fernandes de Oliveira.
l 1932, em 26 de junho foi fundada a Associação Rural de Vacaria.
l 1934, em 24 de novembro chega a Vacaria o Batalhão Militar, procedente de
Cachoeira do Sul. O grupo de sapadores deu início ao levantamento topográfico
para abertura da BR 116, denominada Rodovia Getulio Vargas. Em quatro anos faz
a ligação de Vacaria com o Passo do Socorro. Depois construiu a rodovia
Vacaria/Lagoa Vermelha/Passo Fundo e retornou para a construção da ferrovia
em 1950.
l 1934, em 30 de janeiro, com a chegada de cinco Irmãos Maristas, entre estes o
Primeiro Diretor Irmão Artur Francisco, o prédio construído pela comunidade é
entregue à Congregação, inaugurado naquela data.
l 1934, 8 de setembro, criada pelo Papa Pio XI a Prelazia de Nsa. Sra. da Oliveira.
l 1934 marca o início da BR 116, com serviços de terraplenagem a Lages e da BR
285 a Lagoa Vermelha, pelo 3º Batalhão de Engenharia. Quinze anos depois foi
substituído pelo 3º Batalhão Rodoviário.
l 1935, em 4 de maio inaugurado o Hospital Nossa Senhora da Oliveira, mantido
pelas Irmãs de São José. São médicos fundadores os doutores Tauphick Saadi,
Francisco Guerra Homero Ribeiro e Antonio Dias.
l 1935, em 20 de abril, na cripta da Catedral Metropolitana, o bispo Dom João
Becker, com a presença do governador Flores da Cunha, entregou a Bula Papal ao
professor José Fernandes de Oliveira, presidente da Comissão de Instalação da
Prelazia, com o Dr. Tauphic Saadi, Romualdo Luis da Silva, Elisiário Camargo
Branco, Frei Pacífico e Padre Efrén.
l 1936, em 21 de novembro Flores da Cunha assinou Decreto 6332, elevando a
Vila de Vacaria para Cidade.
l 1936, 4 de novembro, sagração da Catedral Nossa Senhora da Oliveira, pelo
bispo Dom José Baréa com a sagração e posse do primeiro Prelado de Vacaria, Frei
Candido Maria Bampi.
l 1936 , fundado o primeiro Clube da cidade, Clube do Comércio.
l 1936, inaugurado o prédio da Escola Estadual Padre Efrén.
l 1937 iniciou o Cinema União no Clube União Operária de Mútuo Socorro.
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1938, conclusão da Catedral de Vacaria, erguida ao longo de 26 anos. É colocado o
piso, inaugurada com sua beleza indescritível, colunas cilíndricas, encimadas por
artísticos capitéis, que servem de base a ogivas, da suntuosa abóboda, decoradas
com medalhas que simbolizam as ladainhas de Nossa Senhora.
1939, em 19 de abril Vespasiano Julio Veppo instalou a primeira rodoviária do
país. Depois fundou a de Porto Alegre.
1941, início das atividades da Casa de Saúde Dr. Elias Saadi.
1944 começou o Cine Real e, no mesmo ano, foi contratada a construção do novo
prédio para o Cine Guarani, inaugurado em 21 de julho de 1945, moderno e com
poltronas confortáveis, que funcionou até 1986.
1946, início dos serviços de abastecimento de água com a Hidráulica.
1946, em 24 de outubro inaugurado o Serviço telefônico entre Vacaria e Porto
Alegre. A discagem direta foi inaugurada em 1975, pelo governador Guazzelli. E a
telefonia celular em 1994.
1950, marca um novo surto de desenvolvimento com a chegada do 3º Batalhão
Rodoviário do Exército, para asfaltamento da BR 116.
1950, o início das obras da ferrovia Troncosul.
1952, ano do novo Cinema Central, mais tarde Cine Querência, adquirido por
Francelino Bortolon.
1953, em 25 de maio inaugurada a Casa de Saúde Nossa Senhora Auxiliadora,
pelo Dr. Clementino Barros Wanderley.
1953, fundado o Jockey Club, com sede própria na cidade e Vila Hípica para
carreiras em cancha reta.
1954, com a construção do aeroporto a Companhia Aerovias inicia operações de
transporte aéreo Porto Alegre/Vacaria/São Paulo, três vezes por semana. Mais tarde
passou a operar com o nome de Real.
1954, em 25 de outubro fundado o Asilo Santa Isabel, pelos capuchinhos da
Ordem Terceira Franciscana. Em 1960 é criado o Lar Divina Providência para
menores, e em 1978 a creche, junto ao Lar.
1955, em 23 de julho fundado o CTG Porteira do Rio Grande.
1956, em 15 de novembro a fundação do Grêmio Esportivo Glória.
1957, em 18 de janeiro o Papa Pio XII publica a Bula Pontifícia, criando a Diocese
de Nossa Senhora da Oliveira, com sede em Vacaria. É nomeado o 1º Bispo de
Vacaria, Dom Augusto Petró.
1957, em 16 de Agosto, Dom Augusto Petró foi recepcionado pelo Prefeito
Nicanor Kramer da Luz e esposa Alpha Mariano da Rocha Luz e pela comunidade. As
comemorações foram organizadas pelo Frei Lauro de Cacique Doble, Cura da Sé de
Vacaria. No dia seguinte, foi saudado pelo vice-prefeito Synval Guazzelli.
1959, fundação do Clube Guarani.
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1960, o ano da Escola Estadual José Fernandes de Oliveira – Zezinho, fundada em
2 de maio no Padre Éfren, depois no Ione Campos, formando em 1963, a primeira
turma de ginasianos. Em 1964 nova mudança, desta vez para o Colégio São
Francisco, com Curso Científico em 1965, e o endereço definitivo foi na Ramiro
Barcelos em 1971. O nome da Escola é de 1972, por Decreto Estadual,
homenageando José Fernandes de Oliveira que esteve presente em todos os
grandes acontecimentos sociais e culturais. Um de seus alunos foi Breno Caldas,
fundador do Correio do Povo, quando este residiu em Vacaria.
1964, em 17 de julho assumiu o bispo dom Henrique Gelain.
1964, a fundação do Clube União da Glória.
1964, 14 de março inauguração do Cine Querência na rua Dr. Flores.
1966, marca a inauguração da nova Ponte do Passo do Socorro, construída
após a enchente e nevasca de julho de 1965. Tem 509 metros de comprimento,
143 metros de altura, vigas de 4 metros, inaugurada por Castelo Branco.
1967 Perachi Barcelos levou Nicanor Kramer da Luz para Secretário da Fazenda.
1967, em 5 de março os Padres Capuchinhos instalam-se na Igreja de Fátima.
1967, no dia 28 de abril fundada a Rádio Fátima.
1969, em 24 de março inaugurada a Troncosul pelo presidente Costa e Silva. Entre
o Rio Pelotas e o Rio da Prata, 134km de extensão, 57 túneis e 46 pontes.
1969, início do Ensino Superior como Extensão da Universidade de Caxias do Sul,
no Colégio São José, depois no antigo Hospital do Batalhão, por iniciativa do
prefeito Darci Rech. A Mantenedora Associação Pró Ensino Superior dos
Municípios de Cima da Serra foi criada em 31 de outubro e o Campus da UCS
transferiu-se definitivamente em 2000 para a moderna área do Lomba Chata.
1971, o governador Euclides Triches nomeia Victor Faccioni para a Casa Civil.
1972 inicia o ciclo da Maçã com os pioneiros Angelin Pegoraro, Honorino de Rossi,
Armindo Della Giustina, Aldrovando Guazzeli, Dante e Salvador Baldin. O
agrônomo Genor Mussato e o Secretário Enore Mezari, na administração de
Marcos Palombini, foi o grande idealizador da nova cultura.
1975, eleito pela Assembléia Legislativa é empossado como governador Sinval
Guazzelli, que convidou Getulio Marcantonio para a Secretaria da Agricultura.
1983, ano do retorno de Carlos Rigotti, uma das maiores expressões plásticas de
Vacaria, homenageado nas comemorações do 157º aniversário do município.
1988, inaugurada a Casa do Povo, projeto arquitetônico de Oscar Niemayer, em
setembro com show de Chitãozinho e Chororó, na parte externa do prédio. A Casa,
único projeto de Niemayer no Estado, está interditada, não resistiu e mostrou
rachaduras por infiltrações logo após sua construção.
(1988-2007 são mais 19 anos que precisam ser revisados. Farão parte de outro
capítulo da “ Vacaria do Século 21” próxima publicação).
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Colaboraram Cassiano Paim, Valéria Moreira, Jeferson de Lima, João Antônio Záquera, Felipe
Borges Bonella, Lucas Ferreira, Anelise Donazzolo, Daniela Rigon, Leonardo Prado, Rubens
Paganella Prado, Francisco Dias, Elma Sant’Ana, Jéferson de Lima, Carlos Roberto Vargas de Lima,
José de Oliveira e Silva e Luiz Antônio Dutra.
Bibliografia e Obras consultadas.
NO PLANALTO - 1930 - Manoel Duarte
RELATÓRIO DO MUNICÍPIO - 1944 - Sátiro Dornelles de Oliveira Filho
RAINHA DO PLANALTO – 1959 - José Fernandes de Oliveira
VACARIA DOS PINHAIS – 1978 – Fidélis Dalcin Barbosa
A DIOCESE DE VACARIA - 1984 – Fidélis Dalcin Barbosa
HISTÓRIA DO RIO GRANDE DO SUL - 1985 – Fidélis Dalcin Barbosa
LAGOA VERMELHA e municípios vizinhos – 1993 – Pércio de Moraes Branco
RAIZES DE VACARIA - 1996 – Diversos autores
Obras publicadas e distribuídas gratuitamente pelo deputado Francisco Appio
1996
Simpósio Sobre Roubo de Cargas – 1996
Casa Verde – 2002
O Massacre dos Caminhoneiros – 2002
1998
Centenário das Irmãs de São José – 1998
Garibaldi Heróis de Dois Mundos – 1998
2003
40 Anos de São Marcos – 2003
Sos Caminhoneiro – História do Transporte
MENOTTI – Juntamente com Elma Sant’Ana 2003
2000
Relatório da CPI do Crime Organizado – 2000
Moises Mondadori Pioneiro Em Discos – 2000
Lagoa Vermelha – 2000
Tropeirismo Biriva – Juntamente com Paixão
Cortes - 2000
Pinheiro Pinha e Pinhão – 2000
2001
Sos Caminhoneiro, Cartilha de Prevenção - 2001
Pan–Americano de 1956 – 2001
Queima de Campo – 2001
14° Aniversário de Ipê – 2001
Vacaria – 151° Aniversário – 2001
III Fórum Estadual da Agroturismo – 2001
2002
Ronda Crioula - Paixão Côrtes – 2002
Flores da Cunha – 2002
Lalau Ferreira – 2002
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2004
Synval Guazzelli – 2004
Desafio da Inclusão Digital – 2004
2005
Projeto Esperança – 2005
Caixa Preta dos Pedágios – 2005
2006
E Agora Lula, E Agora Yeda – 2006
Garibaldi Pai e Filho - 2006
Sem Medo da Inclusão Digital – 2006
Desafio da Inclusão Digital – 2006
Inclusão Digital Na Periferia – 2006
2007
Queima de Campo – 2007
Garibaldi Pai e Filho – 2007
Homenagem a Carlos Rigotti – 2007
Sede da Fazenda do Socorro - 2008
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VACARIA AÇORIANA - Francisco Appio