(Tradução) Interpelação escrita Segundo as notícias, a sede do Instituto de Acção Social (IASM), situada na Estrada do Cemitério, vai ser demolida para dar lugar a um alto edifício de escritórios. Esse plano deu já origem a comentários vários do público. Com a reconversão económica e as transformações sociais por que Macau tem vindo a passar, são cada vez mais as situações que requerem a intervenção do IASM, enquanto órgão com competências para assegurar a assistência social. Daí a situação de falta de espaço, o que é compreensível. A actual sede do IASM situa-se num edifício com características muito peculiares, e há 30 ou 40 anos, quando esse espaço era ocupado pela Provedoria de Assistência Social, como não era muita a população de Macau e eram poucos os que recorriam aos seus serviços, o problema não se colocava. Contudo, com o desenvolvimento social, as instalações do IASM foram deixando, gradualmente, de conseguir satisfazer as necessidades. Por esta razão e para facilitar o acesso dos residentes aos seus serviços, o IASM tem vindo a estabelecer, nestes últimos anos, vários escritórios em diversas zonas da cidade. Assim, a sede passou a funcionar apenas como centro administrativo, onde se encontram os gabinetes dos directores, sendo então rara a sua intervenção directa nos casos de pedido de assistência. Face ao exposto, parece não haver justificação suficiente para reconstruir a sede daquele Instituto, por forma a aumentar o espaço. 1 O IASM, enquanto órgão que apoia os grupos sociais mais fragilizados, assumiu uma atitude correcta quando distribuiu as suas tarefas pelos diversos escritórios espalhados pela cidade, e também os altos dirigentes do Instituto não devem permanecer sempre nos seus gabinetes. Se realmente se trata duma questão de falta de espaço nas referidas instalações, o Instituto deve solicitar ao Governo da RAEM a construção de um novo edifício, mas numa zona onde a população recorra mais aos seus serviços. Por outro lado, os escritórios devem estar localizados junto da população e nunca acima das massas. Para além disso, apesar da sede do IASM não estar inscrita na lista de património mundial e não se trate dum edifício protegido, as suas características arquitectónicas captam muitas atenções, o edifício faz já parte da memória colectiva das gentes de Macau e só não foi inscrito na lista do património mundial porque essa lista não tem sido actualizada ao longo dos anos. Contudo, embora o edifício do IASM, caracterizado pela sua pequena dimensão e estilo elegante, não faça parte da lista do património cultural, faz parte do coração dos residentes de Macau, razão pela qual a notícia da sua demolição resultou logo num enorme descontentamento social. Já que o Centro Histórico de Macau foi, felizmente, inscrito como património mundial, cabe ao Governo da RAEM proteger melhor o seu património cultural e os edifícios com valor histórico, pois a demolição de um qualquer edifício com valor de património ou apenas a simples manutenção da sua fachada devem ser a última opção. O património cultural da nossa cidade deve ser protegido através da sua conservação integral, mantendo-se, o mais 2 possível, o seu estado original. Pelo exposto, não pode a sede do IASM ser demolida, assim com tanta facilidade. Sendo assim, apresento as seguintes questões à Administração: 1. Nos últimos anos, o IASM tem criado vários escritórios em diversas zonas de Macau para responder às necessidades do desenvolvimento social e ao elevado número de cidadãos que recorrem aos seus serviços. A sede do IASM passou a funcionar apenas como centro administrativo, sendo então rara a sua intervenção directa nos casos de pedido de assistência. Sendo assim, será que há necessidade de demolir a actual sede para construir um alto edifício de escritórios? Se for realmente necessário ampliar o espaço das instalações, não deverá o Governo, de acordo com a natureza e a particularidade das tarefas do IASM, procurar instalações numa zona de acesso mais fácil para a população? 2. Embora a sede do IASM não faça parte do património cultural protegido, é um edifício caracterizado pela sua pequena dimensão e estilo elegante, merecedor de ser apreciado, e que faz já parte da memória colectiva das gentes de Macau. É sabido que as características do edifício serão destruídas, mesmo que a fachada se mantenha. Será que a única opção que resta ao Governo da RAEM é a demolição do edifício? 3. Como a lista do património cultural de Macau não tem sido actualizada ao 3 longo dos anos, algumas das mais magníficas construções de Macau foram desaparecendo, uma a uma. Após a inscrição do património cultural de Macau na lista do património mundial, não deveria o Governo da RAEM pensar em actualizar a referida lista? Quanto ao património, com a sensibilização e o contributo de todos, o Governo não acha bem que se proceda a uma auscultação pública, para saber que construções devem ser conservadas e de que forma devem ser protegidas? 08 de Junho de 2006. O Deputado à Assembleia Legislativa. Au Kam San 4