2007 CADERNOS DE EXCELÊNCIA LIDERANÇA SÉRIE CADERNOS DE EXCELÊNCIA © RESPONSABILIDADE Antônio Tadeu Pagliuso – Superintendente Geral Sérgio Queiroz Bezerra – Gerente Técnico COLABORAÇÃO C. Adriano Silva Christiane Rodrigues Correia PROJETO E PRODUÇÃO GRÁFICA REDAÇÃO Inah de Paula Comunicações COORDENAÇÃO Paulo Sergio Duarte de Almeida Valladares AGRADECIMENTOS EQUIPE Caio Márcio Becker Soares Carlos Amadeu Schauff Cesarino Carvalho Júnior Francisco Paulo Uras Joaquim Emanuel Santini Jorge Emanuel Reis Cajazeira Mauro Sergio Sguerra Paganotti Odair Mesquita Quintella Ricardo Motta Rodolfo Cardoso Ronaldo Darwich Camilo A equipe de redação agradece a Jairo Barreto dos Santos pelas críticas e sugestões ao Caderno Liderança. São Paulo, janeiro de 2007 © DIREITOS RESERVADOS Proibida a reprodução total ou parcial desta publicação sem o prévio consentimento, por escrito, da FNQ. Publicado por REVISÃO ORTOGRÁFICA E GRAMATICAL Fernando Pachi Odair Mesquita Quintella MISSÃO VISÃO Disseminar os fundamentos da excelência em gestão para o aumento de competitividade das organizações e do Brasil. Ser um dos principais centros mundiais de estudo, debate e irradiação de conhecimento sobre a excelência em gestão. Fundação Nacional da Qualidade Cadernos de Excelência: Liderança / Fundação Nacional da Qualidade. - São Paulo : Fundação Nacional da Qualidade, 2007. (Série Cadernos de Excelência, n.1.) Inclui bibliografia ISBN 978-85-60362-43-1 1. Critérios de Excelência. 2. Fundação Nacional da Qualidade. 3. Gestão da Qualidade Total. 4. Excelência empresarial. 5. Liderança CDD 658.562 APRESENTAÇÃO Este Caderno compõe a série Cadernos de Excelência, que tem por finalidade divulgar o Modelo de Excelência da Gestão® (MEG) da FNQ - Fundação Nacional da Qualidade. Destina-se a esclarecer as dúvidas de seus usuários sobre o Modelo e a satisfazer aqueles que desejam aprofundar seus conhecimentos sobre seu conteúdo. É uma valiosa ferramenta para quem pretende aperfeiçoar-se como membro da Banca Examinadora, aprimorar a gestão de sua organização ou preparar uma candidatura ao Prêmio Nacional da Qualidade® (PNQ). O Modelo de Excelência da Gestão® (MEG) está apresentado na publicação Critérios de Excelência, editada, anualmente, pela FNQ. Para uma leitura mais eficaz dos Cadernos desta série, recomenda-se que seja efetuada em conjunto com os Critérios de Excelência. Os Cadernos de Excelência são publicados na forma de “fascículos”, de modo a tornar a leitura mais agradável e a facilitar seu manuseio. A série está organizada em dez volumes: • • • • • Introdução ao Modelo de Excelência da Gestão® (MEG) Liderança Estratégias e Planos Clientes Sociedade • • • • • Informações e Conhecimento Pessoas Processos Resultados Auto-avaliação e Gestão de Melhorias Escritos em linguagem acessível, os Cadernos de Excelência descrevem como os requisitos dos Critérios de Excelência podem ser implementados a partir de soluções práticas, sem caráter prescritivo. Como ilustração, são apresentados exemplos de empresas finalistas ou vencedoras do PNQ, revelando o quanto podem ser proativas, refinadas ou inovadoras as abordagens adotadas. No caso da sua utilização por organizações públicas, alguns conceitos como cliente, mercado e concorrência precisam ser adaptados. Espera-se que o leitor seja estimulado a consultar os Cadernos sempre que necessário e que se beneficie com os exemplos apresentados. A série está disponível também em meio eletrônico - www.fnq.org.br. Equipe de Redação Liderança | Cadernos de Excelência . FNQ | 3 LIDERANÇA SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ......................................................................................... 3 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 5 O CRITÉRIO LIDERANÇA ........................................................................... 6 Sistema de liderança ............................................................................ 6 Cultura da excelência ........................................................................ 17 Análise do desempenho da organização .......................................... 29 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 38 4 | Cadernos de Excelência . FNQ | Liderança INTRODUÇÃO Para que uma organização possa buscar a excelência com sucesso, é essencial que as pessoas que a integram se envolvam e se comprometam com esse ideal. O estímulo a esse envolvimento exige da Direção dessa organização uma série de práticas para convergir esforços e validar e liderar as ações necessárias à busca da excelência do desempenho. A participação pessoal, ativa e continuada da Direção é que proporciona clareza e unidade a tal propósito na organização. O exercício da liderança pressupõe que a Direção sirva de exemplo para todos, a partir de seu comportamento ético e transparente, de suas habilidades de planejamento, comunicação e análise. Isso é que estimula as pessoas a buscarem a excelência. A organização voltada para a excelência busca o engajamento de todos os líderes, para que eles possam sensibilizar todos os demais colaboradores da organização. O levantamento e o mapeamento de riscos buscam minimizar a probabilidade de eventos adversos aos objetivos dos projetos da organização, ampliando-se assim as chances de sucesso. Desenvolver a competência do líder nesta área é requisito fundamental para a governança da organização. As grandes mudanças que estão ocorrendo nos mercados, no perfil dos clientes, e nas demandas da sociedade e na tecnologia, por exemplo, têm exigido o envolvimento e o comprometimento de todas as pessoas que fazem parte da organização, direta ou indiretamente. A liderança deve ser entendida como um conjunto de práticas e ações em todos os níveis da organização, e não a manifestação exclusiva e pessoal de um único executivo de escalão superior. As ações dos líderes devem conduzir ao estabelecimento e manutenção de relações com todas as partes interessadas, de forma a obter comprometimento para concretizar a visão da organização. Estabelecer um sistema de governança e estruturar um processo para levantamento e mapeamento de riscos é uma ação fundamental da Direção para minimizar a probabilidade de eventos adversos aos objetivos da organização e proteger os interesses de todas as partes interessadas. A liderança se torna fundamental na medida em que é um caminho para se levar para dentro das organizações a possibilidade de que todos os seus profissionais tenham acesso ao modelo da organização e possam, juntos, ir em busca da excelência. Élcio Aníbal de Lucca (Fonte: FNQ: Classe Mundial, 2004) Liderança | Cadernos de Excelência . FNQ | 5 O CRITÉRIO LIDERANÇA O Critério Liderança traduz, essencialmente, o fundamento da excelência Liderança e Constância de Propósito, que preconiza o comprometimento dos líderes com os valores e princípios da organização com as estratégias, com o sistema de gestão para a excelência e com a criação de um ambiente organizacional que estimule as pessoas a realizar um propósito comum e duradouro. O Critério está organizado em três itens: 1.1 Sistema de Liderança aborda os elementos necessários ao desenvolvimento e implementação de um sistema de liderança. Seus requisitos incluem a forma de exercício da liderança, a interação da direção com as partes interessadas, a implementação da governança, a gestão de riscos e o processo decisório, assim como as práticas relacionadas à identificação, formação e desenvolvimento de líderes. 1.2 Cultura da Excelência aborda a cultura da excelência, representada por um conjunto de valores e princípios que são utilizados como guia e inspiração para toda a organização na implementação dos processos e práticas de gestão, definindo padrões de trabalho e assegurando o seu cumprimento por meio de mecanismos de controle estruturados; orienta o desenvolvimento de estratégias (ver Caderno Estratégias e Planos); destaca a gestão das mudanças culturais necessárias ao alinhamento organizacional e à concretização das estratégias; descreve o sistema de aprendizado da organização; e debate o desenvolvimento da inovação. 1.3 Análise do desempenho da organização aborda como os líderes analisam o desempenho da organização, o que inclui a avaliação do atendimento das necessidades de todas as partes interessadas, em alinhamento com a estratégia organizacional. 6 | Cadernos de Excelência . FNQ | Liderança SISTEMA DE LIDERANÇA Este item trata do exercício da liderança da organização, da interação da Direção com as partes interessadas, da implementação da governança, do gerenciamento dos riscos empresariais, da forma como as decisões são tomadas e do desenvolvimento gerencial. Para obter sucesso, as organizações devem estabelecer um sistema de liderança que permita entender as demandas do negócio e atuar, de forma competitiva, no alcance dos seus objetivos e metas. O sistema de liderança define como a liderança é exercida na organização de modo a promover o pleno exercício de orientação e de direcionamento para os negócios. Esclarece como as principais decisões são tomadas, comunicadas e conduzidas em todos os níveis da organização. Essas decisões, normalmente, são tomadas por meio de um conjunto de reuniões estruturadas, com finalidades e freqüências próprias, que contam com a participação das lideranças nos diversos níveis. Um sistema estruturado de liderança deve basear-se em valores claros e em princípios organizacionais que sustentem as decisões e permitam guiar e inspirar a organização, engajando seguidores no alcance dos seus objetivos. Deve também abranger todos os líderes da organização, mesmo aqueles designados para liderar equipes perenes ou temporárias, fora da estrutura hierárquica, como as equipes multifuncionais, comitês, comissões, times e projetos. Este item, de forma geral, relaciona-se com todos os demais itens dos Critérios de Excelência, já que define um sistema de liderança que é aplicado para analisar e tomar decisões associadas aos temas neles tratados, de modo particular. O quadro 1 mostra as principais interrelações do item 1.1 Sistema de Liderança com os demais itens dos Critérios de Excelência. Quadro 1: Principais inter-relacionamentos do item 1.1 Fonte: FNQ, 2006 Liderança | Cadernos de Excelência . FNQ | 7 A) EXERCÍCIO DA LIDERANÇA A ação da Direção e dos demais líderes deve conduzir ao equilíbrio e à harmonia no relacionamento com todas as partes interessadas, de forma a assegurar o comprometimento e o consentimento geral para concretizar a visão da organização. Assim, esta ação deve considerar as necessidades de todas as partes interessadas, de modo a poder encontrar a melhor forma de atendê-las. Para tanto, é fundamental que essas necessidades sejam adequadamente identificadas e entendidas, para que possam, efetivamente, ser consideradas pela organização. Naturalmente, as necessidades das partes interessadas, muitas vezes, são conflitantes. Ou seja: os acionistas requerem a redução dos custos e o aumento de preços para maximizar a lucratividade e o retorno a eles próprios; os clientes querem produtos cada vez mais baratos e serviços cada vez mais completos; os fornecedores querem faturar cada vez mais com seus produtos e serviços, aumentando com isso, os custos da organização; os colaboradores desejam remunerações mais atraentes, melhores condições de trabalho e oportunidades de desenvolvimento, o que certamente demanda mais investimentos e gastos com os recursos humanos; a sociedade exige que as organizações não causem impactos ambientais e sociais; e o governo, define leis que afetam a carga tributária, onerando o negócio das organizações. Além disso, para preservar os ecossistemas e promover o desenvolvimento sustentável, somas respeitáveis devem ser investidas pelas organizações. As partes interessadas, normalmente, possuem interesses legítimos no sucesso da organização. Assim, é fundamental que os líderes tenham competência para entender e analisar esses interesses e determinar em que grau eles podem ser atendidos de maneira harmônica e balanceada, de forma a criar valor e manter um nível de satisfação adequado desses públicos. 8 | Cadernos de Excelência . FNQ | Liderança Uma organização que define objetivos estratégicos para todos esses públicos e estabelece indicadores e metas para cada um deles, utilizando, por exemplo, a metodologia do BSC (Balanced Scorecard), estaria buscando balancear as necessidades e procurando atendê-las de forma harmônica. O Comitê Temático da FNQ “Planejamento do Sistema de Medição do Desempenho”, por exemplo, sugere que os objetivos estratégicos de uma organização e seus respectivos indicadores sejam definidos, de forma equilibrada, nas seguintes perspectivas: financeira; clientes/mercado; inovação; processos; pessoas; responsabilidade pública; aquisição/ fornecedores; e ambiente organizacional. A Belgo Juiz de Fora 1 definiu objetivos estratégicos e indicadores de desempenho que atendessem as partes interessadas, buscando com isso tomar decisões que consideram os impactos que poderiam ser causados a cada uma delas. As perspectivas do BSC da Belgo são: finanças (acionista), clientes e mercado, processos internos e fornecedores, e pessoas e responsabilidade social (sociedade). É fundamental que a Direção da organização interaja diretamente com as partes interessadas, para que possa identificar, de forma objetiva e sem filtros, as possibilidades de atender às novas necessidades que elas possam vir a ter. A presença da Direção atesta o comprometimento da organização com as partes interessadas. É muito importante, portanto, que dedique uma parcela considerável do seu tempo a atividades estratégicas e à busca de oportunidades futuras para a organização, delegando responsabilidade pelas atividades operacionais aos demais gerentes e supervisores. Exemplos de práticas que podem ser conduzidas pela Direção para demonstrar comprometimento com as partes interessadas são mostrados no quadro 2. 1. Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2004 Quadro 2: Exemplos de práticas de interação da Direção com as partes interessadas Fonte: FNQ, 2007 Na Dana Albarus - Divisão Cardans2, a interação da liderança com todas as partes interessadas, seja para comunicar informações e decisões, ou para desenvolver oportunidades de negócio, ocorre por diversos meios, destacando-se aqueles apresentados no quadro 3. Quadro 3: Práticas de interação com as partes interessadas da Dana Albarus - Divisão Cardans Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2003 2. Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2003 Liderança | Cadernos de Excelência . FNQ | 9 B) GOVERNANÇA Para que o sistema de liderança estabelecido tenha o foco efetivo na manutenção da confiança e na proteção dos interesses das partes interessadas, a organização deve estruturar sua governança. A governança se caracteriza por um sistema de gestão e controles exercidos sobre a administração da organização. Compreende as responsabilidades dos acionistas, proprietários, conselhos de administração, Diretoria e presidente. Acordos corporativos, estatutos e políticas documentam os direitos e as responsabilidades de cada parte e descrevem como a organização será dirigida e controlada para assegurar: 1) a prestação de contas aos acionistas, proprietários e outras partes interessadas; 2) a transparência nas operações; e 3) o tratamento justo de todas as partes interessadas. O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), organização dedicada a promover a governança corporativa no Brasil, descreve em seu Código Brasileiro das Melhores Práticas de Governança Corporativa os princípios básicos de uma boa governança (quadro 4), ou seja, transparência, eqüidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa. A governança pode incluir processos como aprovação dos objetivos estratégicos, avaliação e monitoramento do desempenho da Direção e da organização como um todo, planejamento da sucessão, auditorias independentes, financeiras, de informática, de riscos ou de processos, internas e externas, estabelecimento de benefícios e compensações aos executivos, gestão de riscos (ver marcador c), divulgações e relatos financeiros. Assegurar a eficácia da governança é importante para assegurar a confiança das partes interessadas e de toda a sociedade, assim como para a eficácia organizacional. Quadro 4: Princípios básicos de uma boa governança (IBGC) Fonte: Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, 2006 10 | Cadernos de Excelência . FNQ | Liderança A Companhia Paulista de Força e Luz3 possui uma assessoria de governança corporativa que propõe, implementa, aperfeiçoa e acompanha as práticas de governança corporativa propostas por entidades nacionais e internacionais. A estrutura de governança da empresa é composta por uma Assembléia Geral, Conselho de Administração, Conselho Fiscal e Diretoria Executiva. Para assessorar o Conselho de Administração, assegurando um processo decisório eficaz e transparente, conta com seis comitês compostos por conselheiros e representantes dos acionistas da empresa: Comitê Executivo, de Remuneração, de Auditoria, de Serviços Financeiros, de Obras e de Compra e Venda de Insumos. C) GESTÃO DOS RISCOS EMPRESARIAIS É essencial a implantação de mecanismos para identificar, classificar, analisar e tratar os riscos empresariais mais significativos que possam afetar a imagem e a capacidade da organização de alcançar os seus objetivos. A gestão de riscos é considerada um importante elemento da governança corporativa (ver marcador b), portanto, colabora para a proteção dos interesses das partes interessadas. Risco é a combinação da probabilidade de ocorrência e da(s) conseqüência(s) de um determinado evento nãodesejado. São práticas importantes o mapeamento, classificação e a avaliação dos riscos e o desenvolvimento de mecanismos para minimizar ou impedir ocorrências adversas e/ ou planos de contingência e sistemas de prontidão. A figura 1 apresenta um exemplo de classificação de riscos e, a partir destes, sugestão de ações a serem implementadas para tratamento dos riscos. 3. Fonte: FNQ:Relatório da Gestão, Companhia Paulista de Força e Luz, 2005 Figura 1: Impacto versus Probabilidade. Fonte: COSO 4: COSO Enterprise Risk Management Integrated Framework, 2004 Na avaliação dos riscos, recomenda-se a classificação dos mesmos de acordo com o grau de impacto e o grau de probabilidade de ocorrência, Esses graus podem ser classificados, por exemplo, em alto, médio e baixo, ou por qualquer outra escala que exprima a criticidade do impacto e chance de ocorrência do evento de risco. Preferencialmente, esses graus devem estar associados a uma escala numérica como, por exemplo, um impacto de perdas significativas de receitas estaria associado a um nível de mais de 40% ou uma probabilidade alta de ocorrência estaria associada a um nível de mais de uma vez por semana. No tratamento dos riscos devem ser definidas ações de eliminação ou minimização de ocorrência do risco e implementados controles para monitorar o grau de exposição do risco. A prática de simulação de ocorrência de riscos a partir de possíveis impactos adversos é uma ação verificar proativa para evitar impactos indesejáveis na operação das organizações. 4. COSO - Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Comission Liderança | Cadernos de Excelência . FNQ | 11 O risco pode ser encontrado nas organizações por meio de várias derivações em função do sentido de avaliação, por exemplo, risco de saúde e segurança, risco ambiental, risco financeiro, risco legal, risco empresarial, risco do negócio, risco tecnológico, risco operacional, risco externo, risco interno, dentre outros. O IBGC, dentro de uma proposta inicial, classifica os riscos conforme mostrado no quadro 5. Uma pesquisa realizada com 269 executivos de empresas globais revelou os riscos que mais desafiam os negócios. Estes riscos estão apresentados no quadro 6. A gestão de riscos pode ser entendida num contexto mais amplo, como o processo contínuo de aprimoramento dos controles internos. Alguns benefícios de uma prática estruturada de gestão de riscos são: • permite maior controle dos riscos assumidos (quantificação da incerteza), por meio do mapeamento de riscos e a inclusão de barreiras contra adversidades e planos de contingência; • minimiza a ocorrência de crises e dos impactos da sua gestão, por meio de manutenção de planos de contingência e sistemas de pronta-resposta; • minimiza a ocorrência de surpresas e problemas, por meio da introdução de mecanismos de prevenção; • protege a organização contra perdas catastróficas, por meio de política de seguros e planos de recuperação de desastres; Quadro 5: Classificação de riscos segundo o IBGC Fonte: Comitê de Riscos do IBGC, 2004 A Companhia Paulista de Força e Luz5 classifica seus riscos empresariais em quatro categorias: financeiro, operações, regulatórios e estratégicos. Os riscos podem estar associados a: investimentos em novos produtos e novos mercados, investimentos em países instáveis, compra e venda em moedas distintas com susceptibilidade a variações cambiais, operações que envolvem potenciais impactos ambientais e sociais, ausência de fornecedores qualificados e inadimplência, entre outros fatores. 5. Fonte: FNQ:Relatório da Gestão, Companhia Paulista de Força e Luz, 2005 12 | Cadernos de Excelência . FNQ | Liderança • assegura o atendimento à regulamentação, por meio de acompanhamento da evolução do acervo legal e regulamentar; • possibilita maior previsibilidade e melhor alavancagem de resultados, por meio da antecipação a adversidades e potencialização de ocorrências benéficas; • aumenta a probabilidade de sucesso da organização. D) TOMADA, COMUNICAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE DECISÕES Um componente significativo do sistema de liderança é o processo decisório da organização, o qual deve assegurar que as decisões sejam tomadas, comunicadas e implementadas de forma estruturada. “A participação dos diretores em uma série de reuniões e eventos periódicos marcou um novo tempo para a tomada de decisões na Politeno. O fato dos executivos estarem mais presentes e atuantes refletiu diretamente no aspecto motivacional e de transparência das metas e objetivos traçados.” (Fonte: FNQ, Classe Mundial 2002) As organizações excelentes definem claramente, de acordo com o tipo de reunião, a forma de tomar suas decisões: por consenso ou por vontade da maioria, da Direção ou do principal executivo. Para que sejam eficazes, é fundamental que as reuniões decisórias adotem mecanismos de funcionamento bem definidos, como um programa claro que combine adequadamente pautas fixas e variáveis, duração coerente com as pautas propostas, atas com os registros das decisões tomadas, periodicidade adequada, definição de participantes e possíveis suplentes. Quadro 6: Riscos que mais desafiam os negócios Fonte: The Economist - Intelligence Unit, 2006 A estruturação do processo requer que sejam definidos eventos específicos em que os líderes se reúnam e possam tomar as decisões que gerem grandes impactos na organização, como grandes mudanças estratégicas, aprovação de grandes compras, aquisição de novas tecnologias e desenvolvimento e produção de novos produtos. A estruturação do processo requer que sejam definidos eventos específicos em que os líderes se reúnam e possam tomar as decisões que gerem grandes impactos na organização, como grandes mudanças estratégicas, aprovação de grandes compras, aquisição de novas tecnologias e desenvolvimento e produção de novos produtos. Para assegurar o cumprimento dos padrões de trabalho dos eventos de tomada de decisão, recomenda-se que haja um calendário formal de reuniões e que este esteja claramente inserido nas agendas dos líderes. O processo decisório deve estar claramente contemplado pelo sistema de governança da organização, definindo limites de autoridade e cadeias de aprovação. Isso é fundamental para assegurar que as decisões sejam tomadas de forma transparente, considerando-se os anseios das partes interessadas e contemplando os riscos associados. As decisões tomadas pela Direção e demais líderes, ressalvadas aquelas que, pelo seu caráter estratégico, devem ser tratadas como reservadas, como a formação de alianças e a aquisição de empresas, devem ser criteriosamente comunicadas à força de trabalho e demais partes interessadas, quando pertinente. Liderança | Cadernos de Excelência . FNQ | 13 A forma de comunicação depende do teor da decisão e do público-alvo. Para decisões de maior relevância, que podem requerer explicações detalhadas, a comunicação interna pode ser feita por meio de palestras feitas diretamente pelo principal executivo da organização, ou em cascata, por meio de reuniões conduzidas pelos participantes dos eventos decisórios com suas próprias equipes. A comunicação interna poderá ser feita também por e-mail ou ata das reuniões, via intranet. Para o público externo, as organizações utilizam as mais variadas formas de comunicação, como reuniões, palestras, cartas ou e-mail. São exemplos clássicos os fóruns anuais para comunicação das estratégias aos fornecedores e as palestras para as comunidades em ocasiões especiais, como o “Dia do Meio Ambiente”. Em todos os casos, o conteúdo das informações deve ser definido a priori, de tal forma que a organização possa assegurar a sua clareza e autenticidade. As decisões podem ser implementadas pelos próprios participantes do processo decisório, por pessoas especificamente designadas ou, ainda, por equipes ad hoc, especialmente montadas com esse propósito. É muito importante que sejam definidos os mecanismos de acompanhamento das ações implementadas. profissionais com esses indícios para liderar equipes de projeto, times de melhoria ou assemelhados pode ser prevista para avaliar o seu desempenho objetivamente, por meio de alcance de resultados pretendidos quanto à capacidade de mobilizar pessoas para alcançar os objetivos empresariais. Desde 1993, a Gerdau Aços Finos Piratini6 utiliza os programas de trainees e estagiários universitários como principal fonte de recrutamento de executivos. A empresa oferece várias oportunidades para os funcionários operativos evidenciarem traços de liderança. Essas evidências são identificadas pelos facilitadores e gestores, que estimulam e preparam as novas lideranças e indicam processos de seleção interna quando há oportunidades de crescimento. Na Eaton – Divisão Transmissões7, o processo de desenvolvimento do futuro líder segue uma ou mais das práticas apresentadas no quadro 7. Quadro 7: Práticas de desenvolvimento de líderes potenciais da Eaton E) IDENTIFICAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE LÍDERES POTENCIAIS Existem diversas práticas para se identificar potencial líderes; por exemplo, a utilização das avaliações formais de desempenho. Se o colaborador já exerce função de liderança, o grau em que as competências de liderança são demonstradas pode evidenciar o potencial. Se o colaborador ainda não exerce a função de liderança, a avaliação pode considerar algumas competências de liderança, cabendo ao gerente avaliador identificar a presença de indícios ou evidências reais do potencial de liderança. A designação de 6. Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2002 7. Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2001 14 | Cadernos de Excelência . FNQ | Liderança Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2001 F) AVALIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE LÍDERES A excelência do desempenho requer que as organizações estejam sempre na vanguarda e demonstrem o senso de continuidade em suas operações. O sucesso nessa jornada, necessariamente, tem início na forma como elas identificam e desenvolvem as suas lideranças. A organização deve contar com líderes capazes em todos os níveis, com perfil adequado e com habilidade para motivar e engajar as equipes na causa da organização e no alcance de suas metas. As habilidades, os conhecimentos e as atitudes dos líderes, que podem mudar ao longo do tempo, sob influência de novos valores e princípios e das estratégias, devem ser reconhecidos. Um dos atributos importantes de um líder é exatamente a capacidade de desenvolver novos líderes. No entanto, esta competência deve ser utilizada de forma estruturada e igualitária dentro da organização para evitar que preferências pessoais sejam utilizadas como critério para a identificação dos colaboradores que têm potencial de liderança. Para poder exercer a liderança nas organizações, seus líderes devem estar preparados e possuir as competências necessárias. Algumas competências são genéricas e definem perfis genéricos de um líder, por exemplo: agente de mudança, comunicador, criador de cultura, motivador e inspirador, facilitador, participativo e estrategista. Contudo, cada organização, em função de sua origem e cultura, incluindo seus valores e princípios, os mercados em que atuam e suas estratégias, podem definir um perfil de liderança específico e, portanto, estabelecer competências de liderança muito específicas. A Politeno 8 divide as competências em básicas, diferenciadoras e estratégicas. O quadro 8 descreve os tipos e apresenta as competências de liderança. Quadro 8: Competências de liderança na Politeno Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2002 A definição clara dos atributos ou competências para uma liderança eficaz e a existência de indicadores da eficácia do exercício da liderança ajudam na avaliação das habilidades de liderança. Assim, os líderes devem ser avaliados e desenvolvidos em relação às competências de liderança desejadas pela organização. Essas avaliações podem ser feitas de diversas formas, porém a mais completa envolve um processo participativo em que chefes, subordinados e pares possam expressar suas opiniões. A mais comum é a avaliação 360 graus. A identificação e o desenvolvimento das habilidades dos líderes da Serasa9 são realizados por meio das ferramentas apresentadas no quadro 9. 8. Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2002 9. Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2000 Liderança | Cadernos de Excelência . FNQ | 15 Quadro 9: Descrição das ferramentas para apuração das habilidades de liderança na Serasa Na Joal Teitelbaum10, as competências de liderança foram estabelecidas em função da Política da Qualidade e Meio Ambiente, Saúde e Segurança (PQMASS) e do seu plano estratégico, em workshop realizado com a presença de todos os membros da Direção. O quadro 10 mostra perfil desejado de líder na Joal Teitelbaum. Quadro 10: Perfil do líder Joal Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2000 Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2003 10.Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2003 16 | Cadernos de Excelência . FNQ | Liderança CULTURA DA EXCELÊNCIA Este item trata da forma como são estabelecidos e atualizados os valores e os princípios organizacionais e como as mudanças culturais necessárias para apoiar a concretização das estratégias são estimuladas. Além disso, aborda uma questão fundamental quando trata de estruturar as práticas de gestão e de criar as condições necessárias à busca da excelência pela organização: os mecanismos utilizados para estabelecer padrões de trabalho, para controlar as práticas de gestão, para verificar o cumprimento dos padrões e a implementação do sistema de aprendizado para avaliar e melhorar as práticas e padrões. Finalmente, trata de como a inovação é desenvolvida na organização. Como trata do estabelecimento de padrões de trabalho, dos mecanismos globais de controle e do sistema de aprendizado da organização, este item se inter-relaciona com todos os demais itens de enfoque e aplicação, ou seja, 1.1 a 7.3. Uma gestão coerente deveria assegurar que todas as práticas de gestão seguissem as orientações preconizadas neste Item. O quadro 11 explicita as principais inter-relações existentes do item 1.2 com os demais itens dos Critérios de Excelência. Quadro 11: Principais inter-relações do item 1.2 Fonte: FNQ, 2006 Liderança | Cadernos de Excelência . FNQ | 17 A) ESTABELECIMENTO DOS VALORES E PRINCÍPIOS ORGANIZACIONAIS Para que se promova a cultura da excelência na organização, é necessário que haja convergência nas ações relativas a todos os setores, unidades e processos, levando-se em consideração as necessidades de todas as partes interessadas. Para tanto, é fundamental que a Direção da organização estabeleça um conjunto de valores e princípios organizacionais que definam o rumo a ser seguido e balizem as decisões e as ações das pessoas da organização. Esses princípios contemplam as orientações que a organização deve seguir, por exemplo: missão, visão, políticas, princípios gerenciais, compromissos com partes interessadas e códigos de conduta. Eles sintetizam claramente a causa da organização e são fundamentais para o êxito do exercício da liderança – o principal motor da motivação profissional nas organizações é a causa pretendida. Isso decorre do fato de os valores e os princípios mais perenes formarem a identidade organizacional. Ou seja, com eles as pessoas se identificarão, alinhandose em um mesmo rumo. De acordo com J. Collins e J. Porras11, os valores são crenças que influenciam o comportamento, as relações e o processo decisório de uma organização, devendo ser utilizado para responder perguntas como: • Como queremos conduzir nosso negócio? • Como queremos tratar nossas partes interessadas? • O que valorizamos? • Em que acreditamos? 11. COLLINS, James C. e Porras, Jerry I - Feitas para Durar - Editora Rocco 18 | Cadernos de Excelência . FNQ | Liderança A missão é a expressão da razão de ser de uma organização; enfim é o seu propósito. Por outro lado, a visão representa um estado futuro desejado, um direcionamento para a organização. De forma implícita ou explícita, a visão deve definir um conjunto de metas audaciosas. Para ser válida, a visão não deve mudar a cada ciclo de negócio, pois as estratégias serão formuladas para torná-la real no longo prazo. As organizações visionárias definem estados futuros desafiadores que visam estimular o seu crescimento, progresso e perpetuação, mas preservando seus valores. Para tanto, deve alinhar seu sistema de liderança e suas ações e decisões com esses valores e princípios. Segundo Collins e Porras, construir uma organização visionária requer 1% de visão e 99% de alinhamento. Os valores e princípios, normalmente, são estabelecidos por ocasião da elaboração do planejamento estratégico pela Direção da organização ou em eventos especialmente definidos com esse propósito, normalmente fora de suas instalações. Consultas envolvendo a força de trabalho e outras partes interessadas são usualmente utilizadas pelas organizações para que se tenha um processo mais participativo em termos de criação ou atualização dos valores e princípios. Quando esse processo é participativo, muito provavelmente, a disseminação dos valores e princípios será mais fácil e a adesão da força de trabalho será mais rápida. Alguns exemplos de valores e princípios organizacionais estão descritos nos quadros 12, 13 e 14. Quadro 12: Valores e princípios da Belgo Juiz de Fora Quadro 13: Identidade da Petroquímica União Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2005 Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2004 Liderança | Cadernos de Excelência . FNQ | 19 Quadro 14: Valores e princípios da Belgo – Juiz de Fora A concretização das estratégias, usualmente, requer um processo estruturado de mudança. Na verdade, a partir da conclusão do plano estratégico, os fatores críticos de sucesso e as iniciativas ou planos de ação definem as mudanças culturais necessárias. Por exemplo, uma organização pode definir como objetivo estratégico a internacionalização das suas operações, entendendo que para isso é fundamental a realização de parcerias em outros países. Se nunca trabalhou com parceiros, especialmente de outros países, certamente, terá de promover uma mudança cultural na forma de fazer negócio e de relacionar-se com outras culturas organizacionais. Assim, as mudanças necessárias a serem implantadas na cultura organizacional devem ocorrer de forma cuidadosa e estruturada, assegurando-se que sejam entendidas, aceitas e bem-vindas. As mudanças, normalmente, geram desconforto e provocam resistência. Dessa forma, um processo de gestão da mudança que reflita as complexidades envolvidas deve ser considerado. Fonte: Revista Classe Mundial, 2004 B) MUDANÇAS CULTURAIS A implementação de uma cultura de excelência, com novos padrões de comportamento, novos desafios, uma nova visão de longo prazo, novos valores ou adequação nos existentes, novas estratégias, enfim, novas diretrizes, freqüentemente, requer a mudança de algumas ou de muitas atitudes e paradigmas organizacionais. 20 | Cadernos de Excelência . FNQ | Liderança Os líderes devem entender o processo de mudança e atuar como facilitadores e catalisadores ou seja, como agentes dessa mudança; devem ser os primeiros a aceitar e implementar as mudanças, para que possam ajudar seus colaboradores, nesse aspecto; devem ser pacientes e entender que as mudanças não ocorrem da noite para o dia e que as pessoas passam por um ciclo de mudança que compreende negação, resistência inicial, exploração, aceitação e implementação. Algumas ações importantes que podem ser executadas pelos líderes para facilitar o processo de mudança: • implementar alguma ação simbólica mas coerente e alinhada com a mudança requerida, como remover alguns símbolos de status, por exemplo restaurantes diferentes e vagas reservadas para gerentes; • implementar alguma mudança estrutural na organização, como eliminação de salas fechadas para gerentes, diminuição de níveis hierárquicos e redução de assinaturas de aprovação; • envolver as pessoas solicitando opiniões sobre as mudanças, incluindo-as no processo de definição de missão e visão e no processo de planejamento estratégico e implementando equipes multifuncionais para inovação e melhoria de processos; • implementar ações mais abrangentes e mais focadas na busca da excelência, como a introdução da gestão por processos e a utilização de auto-avaliações anuais segundo os Critérios de Excelência. C) COMUNICAÇÃO DOS VALORES E PRINCÍPIOS ORGANIZACIONAIS Não basta somente a mera declaração dos valores e dos princípios organizacionais. Sem a participação efetiva dos líderes no estabelecimento, disseminação e na garantia do entendimento pela força de trabalho e demais partes interessadas, a cultura da excelência não se forma ou não se mantém. “A excelência não está no fim do caminho, mas em cada passo dado, em cada conquista, na vitória de cada dia...” Cláudio Horta Mendes - Diretor da Belgo Juiz de Fora (Fonte: FNQ: Classe Mundial 2004) A comunicação dos valores e princípios é um aspecto crítico para a adesão da força de trabalho e, conseqüentemente, para a sua efetiva utilização de modo a orientar a execução do trabalho e a tomada de decisão. O reforço dos valores e diretrizes implica demonstrar como as decisões e ações organizacionais estão alinhadas ou desalinhadas a eles. Isso pode ser feito em reuniões gerenciais, em reuniões departamentais ou em grandes fóruns com a presença massiva de colaboradores, em que a direção da organização menciona exemplos reais de decisões ou ações que reforçaram ou que contrariaram os valores e diretrizes organizacionais. Se um dos valores de uma organização é, por exemplo, busca da inovação, as últimas ações inovadoras devem ser mencionadas, celebradas e identificadas como ações alinhadas a este valor. A comunicação, de forma geral, é uma das responsabilidades básicas dos líderes. A comunicação com todas as partes interessadas é necessária para estabelecer confiança, criar uma relação de transparência, fixar compromissos mútuos e criar oportunidades para a organização. O princípio básico de uma boa comunicação é que a mesma constitua um processo de mão dupla, ou seja, que haja entre transmissor e receptor uma sintonia adequada. Alguns cuidados que devem ser tomados pelos líderes para assegurar uma boa comunicação são: • o propósito da comunicação deve ser claro; • os colaboradores devem saber o que está sendo comunicado e por quê; • os mecanismos utilizados devem ser adequados ao público-alvo e à relevância do assunto, ou seja, se um assunto deve ser tratado em uma reunião, o envio deste por e-mail pode não ser adequado; • o momento da comunicação deve ser adequado. Comunicar uma nova visão seis meses depois de ter sido criada e de os objetivos estratégicos terem sido definidos e incluídos nos programas de remuneração variável ou bônus pode ser tarde demais; Liderança | Cadernos de Excelência . FNQ | 21 • os colaboradores devem ter oportunidade de discutir o que está sendo comunicado. Quadro 15: Forma de comunicação na Joal Teitelbaum Uma boa comunicação é, certamente, um fator de sucesso nas organizações. Da mesma forma, a má comunicação pode acabar com um negócio. Se os líderes não deixam claro quais são os valores e os princípios da organização, os colaboradores e demais partes interessadas poderão assumir qualquer definição para os mesmos. Por exemplo, um hospital onde não houvesse uma liderança forte e princípios organizacionais claros e explícitos, todos na organização poderiam assumir que a missão do hospital é “curar doenças”. Como resultado, todos os serviços e ações estariam voltados para fornecer um bom tratamento. No entanto, os pacientes (clientes) certamente prefeririam não estar doentes! Assim, o hospital deveria exercer um papel importante de prevenção. Além disso, nem todos os pacientes se recuperam de suas enfermidades. Assim, o hospital também precisaria prover serviços de apoio psicológico, assistência social, aconselhamento etc. Certamente, os líderes deveriam ter identificado que a missão do hospital talvez fosse “prover serviços para melhorar a saúde da população”. Isso faria diferença! Os principais mecanismos utilizados são: reuniões e encontros, murais, cartilhas e folders, intranet e internet, gestão à vista etc. A Serasa12, por exemplo, utiliza os seguintes mecanismos: TV SER SERASA, Correio Eletrônico, Mural (Em Dia, Gente SERASA, Qualidade de Vida), Aplicando Qualidade/Informando Qualidade, reuniões de Repasse, Mural Eletrônico, Café da Manhã e Quadro de Valores Compartilhados Serasa. Na Joal Teitelbaum13, a comunicação é feita de acordo com o quadro 15. 22 | Cadernos de Excelência . FNQ | Liderança Fonte: Joal Teitelbaum, 2003 O principal mecanismo de comunicação da Dana Albarus - Divisão Cardans é o PROGRID - Processo de Gerenciamento dos Recursos de Informação Dana14, sob a responsabilidade do Comitê Estratégico, que tem como objetivo sistematizar e alinhar todos os subprocessos de comunicação existentes e os respectivos meios de comunicação. 12. Fonte FNQ: Revista Classe Mundial, 2000 13. Fonte FNQ: Revista Classe Mundial, 2003 14. Fonte FNQ: Revista Classe Mundial, 2003 Destaca-se, também, o canal de interação Agentes da Melhoria (I e II), importante meio de disseminação das diretrizes e valores, e da busca do comprometimento com a excelência. É um programa de participação voluntária e aberto a todos os funcionários e estagiários, composto de 16 palestras ministradas pela Equipe de Liderança e técnicos, com módulos de disseminação e entendimento dos valores e do DQLP (Dana Quality Leadership Process), criatividade e atitude próativa. D) ESTABELECIMENTO DE PADRÕES DE TRABALHO A implementação de uma cultura de excelência requer a definição de um processo de gestão que assegure que todas as práticas de gestão relevantes sejam estruturadas, controladas e melhoradas continuamente. O diagrama da gestão (figura 2) apresenta a seqüência necessária para definir, implementar, controlar e melhorar uma prática de gestão, ou processo da organização. Figura 2: Diagrama de gestão Nos Agentes da Melhoria, o gerente da planta apresenta o planejamento estratégico, e os valores organizacionais. Então, faz exercícios envolvendo o Estilo Dana, com levantamento dos pontos positivos e negativos atendidos, e o padrão de conduta, por meio de três estudos de caso, que devem ser discutidos pelos participantes em pequenos grupos e, depois, apresentados a todos. Como foi explicado, qualquer processo de comunicação requer um feedback sobre o entendimento do que se deseja comunicar. Assim, é fundamental que a organização tenha mecanismos para assegurar que os valores e princípios organizacionais sejam entendidos e praticados por a toda força de trabalho. Os principais mecanismos utilizados são reuniões e encontros, pesquisas específicas ou gerais como a de avaliação do clima organizacional e avaliações das atitudes e ações da força de trabalho no dia a dia. Fonte: Critérios de Excelência da FNQ, 2007 Vale destacar que prática de gestão é o mesmo que processo de gestão, cuja natureza é essencialmente gerencial e não operacional. Portanto, uma prática de gestão, por definição, também é um processo. Liderança | Cadernos de Excelência . FNQ | 23 Todos os processos e práticas de gestão devem ter padrões de trabalho - regras de funcionamento - que orientem a sua execução de forma adequada. Esses padrões, assim como nos processos operacionais, visam garantir a repetitividade dos processos gerenciais, a fim de garantir sua qualidade. Os processos gerenciais transformam informações em decisões e, quando suportados por métodos padronizados, são mais eficazes em alcançar seus objetivos. A padronização das práticas permite aumentar a confiabilidade, diminuir a variabilidade, proteger o conhecimento e de facilitar a sua gestão. É fundamental, portanto, que a organização defina critérios capazes de estabelecer os padrões de trabalho, em termos tanto de conteúdo como de apresentação. Alguns critérios importantes que devem ser considerados incluem: atendimento das necessidades das partes interessadas, valores e princípios, normas e diretrizes organizacionais, objetivos estratégicos e metas a serem alcançadas, leis existentes, e referenciais comparativos internos e, principalmente, externos. A Gerdau Aços Finos Piratini 15 estabelece os padrões de trabalho das principais práticas de gestão existentes por meio do Padrão de Gerenciamento (PG), que inclui: fluxo de gerenciamento (utilizando o PDCA), atividades e responsáveis, itens de controle (indicadores, metas, origem da meta, freqüência de acompanhamento e responsável, tipo do indicador - controle ou aprendizado), ações para o ano, seus responsáveis e prazos, e atividades de controle e aprendizado. O estabelecimento dos principais padrões de trabalho na Gerdau Aços Finos Piratini é orientado por padrões externos, tais como: normas NBR ISO 9000, QS 9000 (atual ISO/TS 16949) e NBR ISO 14001, 15. Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2002 16. Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2003 24 | Cadernos de Excelência . FNQ | Liderança Modelo DNV de Segurança, Critérios de Excelência, práticas do TQC, metodologia Seis-Sigma e regulamentos da Fepam. Entre os principais padrões da Gerdau Aços Finos Piratini, incluem-se as diretrizes organizacionais e o Sistema Gerdau de Gestão, que compreendem: Gestão com Foco no Operador, Sistema de Segurança Total, Sistema de Gestão Ambiental e Diretrizes Éticas Gerdau. Na Dana Albarus - Divisão Cardans16, a definição, o estabelecimento e a implementação dos padrões de trabalho ocorrem principalmente em atendimento às diretrizes corporativas da Dana, aos requisitos das normas dos sistemas da qualidade e gestão ambiental, e às regras da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Os padrões de trabalho podem ser comunicados por meio de procedimentos gerenciais ou operacionais, de um sistema informatizado de padronização, ou de páginas de Intranet organizadas por processos ou departamentos, entre outras. E) VERIFICAÇÃO DO CUMPRIMENTO DOS PADRÕES DE TRABALHO Conforme o diagrama da gestão apresentado na figura 2, uma vez estabelecidas, as práticas, bem como os seus respectivos padrões, devem ser executados de forma a gerar os resultados desejados. É muito importante que a organização estabeleça um sistema de controle que possa assegurar que os padrões sejam cumpridos. Muitas organizações definem práticas e processos com padrões excelentes e, até, criam procedimentos para documentar esses padrões, mas não têm mecanismos para verificar o cumprimento dos mesmos e implementar as ações corretivas necessárias. Os mecanismos de controle podem ser globais ou específicos. Os mecanismos globais aplicam-se a um conjunto de práticas e processos dos mais variados tipos, como as auditorias dos sistemas da qualidade ou dos sistemas integrados de gestão e reuniões de análise de desempenho. O controle também pode se dar no nível da documentação, como preconiza a ISO 9001, e, portanto, exercer um papel preventivo, evitando-se a utilização de padrões desatualizados. Isso pode ser feito, por exemplo, retirandose de circulação os documentos obsoletos. Essa etapa de melhoria preconizada pelo diagrama da gestão representa o Aprendizado Organizacional, que é um dos fundamentos da excelência, sendo definido como: “a busca e o alcance de um novo nível de conhecimento para a organização por meio da percepção, reflexão, avaliação e compartilhamento de experiências” que podem ser traduzidos em resultados tangíveis. Os mecanismos específicos aplicam-se exclusivamente a uma prática ou conjunto limitado de práticas. Neste caso, podem ser citados: monitoramento da elaboração do planejamento estratégico, por exemplo, pelo acompanhamento do seu cronograma; monitoramento feito pelo supervisor de RH com relação ao cumprimento das avaliações de desempenho dos colaboradores pelos gerentes, por meio de uma ferramenta informatizada; e acompanhamento do retorno das pesquisas de satisfação dos clientes, por meio do indicador "taxa de retorno da pesquisa", realizado pelo analista de marketing. O aprendizado organizacional deve ser uma intenção estratégica e estar internalizado na cultura organizacional, tornando-se parte do trabalho diário em quaisquer atividades, em todos os níveis da organização. Uma cultura organizacional que tenha internalizado esse conceito busca eliminar a causa de problemas, permite a experimentação, utiliza o erro como instrumento pedagógico, dissemina suas melhores práticas, compartilha informação e conhecimento, desenvolve soluções e implementa melhorias e inovações de forma sustentada. Na Dana Albarus - Divisão Cardans16, todos os padrões estabelecidos são monitorados por auditorias, internas e externas. A eliminação de não-conformidades encontradas acontece a partir do recebimento do relatório da auditoria, com a definição de um plano de ação corretiva e preventiva. F) SISTEMA DE APRENDIZADO Seguindo o diagrama da gestão apresentado (figura 2), as práticas de gestão devem ser avaliadas periodicamente, para assegurar que estão atualizadas em função das mudanças de requisitos, tecnologia, melhores práticas, novas estratégias e novos desafios, enfim, em relação às condições de negócio atuais. Caso não estejam, melhorias devem ser implementadas. Essas melhorias podem ser incrementais ou de ruptura, sendo que a sua definição deve dar-se em função da complexidade das mudanças requeridas. A organização que avalia periodicamente as suas práticas, processos, padrões, estratégias e seu sistema de gestão e que implementa as melhorias necessárias adapta-se mais facilmente às mudanças e tem mais condições de atingir e manter a excelência no desempenho e aumentar a competitividade. Para melhorar as suas práticas de gestão e padrões de trabalho, a organização deve implementar um sistema de aprendizado organizacional capaz de reunir os mecanismos organizacionais que, de forma estruturada, questionem a forma como o trabalho é feito e proponham ações de mudanças. Constituem exemplos os seguintes mecanismos: • Avaliações da gestão, internas ou externas, com base em modelos de gestão reconhecidos, como o Prêmio Nacional da Qualidade®, Rumo à Excelência, premiações setoriais ou regionais e outros desenvolvidos de forma específica para as organizações. Promove uma profunda reflexão sobre possíveis lacunas existentes no sistema gerencial, induzindo a criação, expansão ou melhoria de práticas de gestão; 16. Fonte: FNQ: Classe Mundial 2003 Liderança | Cadernos de Excelência . FNQ | 25 • Avaliações da gestão, internas ou externas, com base nos modelos citados. Possibilita a identificação de lacunas a partir da avaliação de relatos da situação atual do sistema gerencial, contribuindo para a independência da avaliação; • Reuniões de análise crítica. Promovem a discussão sobre erros e acertos da gestão, proporcionando uma revisão periódica dos processos gerenciais, levandose em conta resultados alcançados; • Prática do benchmarking para identificar e incorporar as melhores práticas gerenciais. Promove a captação de práticas bem-sucedidas em outras organizações; • Auditorias genéricas ou específicas, internas ou de terceira parte. Submetidas aos questionamentos emanados de padrões auditados, as organizações identificam lacunas em seus sistemas de gestão (não-conformidades maiores), induzindo ajustes em seus padrões; • Pesquisas que avaliam a satisfação das partes interessadas. Podem induzir a ajustes nos padrões de gerenciamento de maneira a que busquem atender aos verdadeiros anseios das partes interessadas; • Mecanismo de geração de idéias e inovações. Estimula a criatividade gerencial para tornar padrões mais eficientes e eficazes por meio de idéias inovadoras; • Comitês temáticos (clientes / sociedade / planejamento / RH / governança / TI / outros). Possibilitam o intercâmbio de idéias entre atores de processos gerenciais, trazendo novas idéias e novos insights; • Fóruns de reflexão. Promovem o intercâmbio multiprofissional para a análise de padrões gerenciais, possibilitando a discussão de novas visões e novas soluções gerenciais que considerem vários campos do conhecimento em alinhamento com os Critérios de Excelência. 17. Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2004 26 | Cadernos de Excelência . FNQ | Liderança “A Politeno buscou o aperfeiçoamento em todas as áreas, utilizando-se dos relatórios de avaliação emitidos pelos examinadores do PNQ e transformou cada oportunidade de melhoria em um desafio a ser vencido...” Jaime Sartori - Diretor Superintendente da Politeno (Fonte: FNQ: Classe Mundial 2002) Naturalmente, este sistema de aprendizado deve considerar a existência de práticas de aprendizado com propósitos muito específicos, como workshop de melhoria do planejamento estratégico, reuniões para melhoria de pesquisas de clima ou de satisfação de clientes e lições aprendidas em projetos. Na busca pela melhoria contínua, a Belgo Juiz de Fora criou e implementou os Times de Aprendizado e Criatividade (TAC)17 Responsáveis pelas melhorias/inovações das práticas de gestão, os times conciliam os resultados obtidos com o valor agregado para as partes interessadas, seguindo a metodologia geral de aprendizado. Oportunidades de melhoria identificadas no relatório de avaliação (RA) da FNQ, resultados dos indicadores de desempenho, resultados das auditorias internas e relatórios de visitas de benchmarking servem como subsídios para as reuniões semestrais dos times. Quando o TAC identifica uma necessidade de melhoria, indica um líder, cuja responsabilidade é formar uma equipe para estudar as propostas e estabelecer um plano de ação para a implementação da melhoria. Após a aprovação, os padrões de trabalho são atualizados e, em seguida, há a comunicação às partes interessadas. Os times são os seguintes: Liderança, Planejamento Estratégico e Capital Intelectual, Clientes, Responsabilidade Social, Informações e Comparações, Pessoas, Processos e Fornecedores. Para aprender, a Bahia Sul Celulose utiliza a sistemática consolidada no MABS - Modelo de Aprendizagem Bahia Sul18. O modelo compreende um processo baseado em três níveis, conforme apresentado no quadro 16. Quadro 16: Modelo de Aprendizagem Bahia Sul (MABS) Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2001 O aprendizado da gestão visando à excelência na Dana Albarus - Divisão Cardans19 ocorre, desde 1996, a partir do DQLP, sistema de gestão utilizado pela Dana mundialmente, que adota os critérios do Prêmio Americano Malcolm Baldrige como referência para a avaliação da sua gestão. A pontuação atingida no DQLP permite comparar o nível de excelência entre as divisões da Dana no mundo todo, bem como promover a troca de melhores práticas. O desenvolvimento da cultura da excelência ocorre também nos diversos eventos de análise, pela atuação dos comitês e subcomitês da estrutura de liderança e pela constante utilização da ferramenta de benchmarking, implementada segundo procedimento específico. G) DESENVOLVIMENTO DA INOVAÇÃO A inovação é percebida, hoje, como o fator mais importante para a manutenção de vantagem competitiva. Porém, para que essa vantagem competitiva se torne sustentada é preciso que a organização possa gerar inovações de forma intencional e contínua, e que essas inovações sejam não só de tecnologia, produtos/serviços e processos, como tem sido a ênfase a partir da década de 1990, mas também de negócios e de gestão. Assim, é necessário um processo estruturado que estimule a geração, captação e análise de idéias e que as transforme em soluções inovadoras. Essas soluções podem estar associadas a processos, ferramentas, práticas de gestão ou produtos inovadores. O Fórum de Inovação da FGV-EAESP está desenvolvendo uma metodologia de diagnóstico de organizações inovadoras que avalia seis dimensões internas da organização como sendo as características necessárias para que ela possa sustentar um meio inovador interno. Essas características são habilidades que precisam estar presentes na organização inovadora, de forma semelhante às habilidades avaliadas pelo PNQ, que denotam a excelência em gestão. As seis habilidades para a inovação são assim enunciadas: interpretação de sinais; predisposição para alianças; modelo de gestão; liderança e intenção estratégica para inovação, processos de inovação e cultura para inovação. Segundo essa visão mais ampla, a inovação passa por todas as áreas de competência da organização, da mesma forma que a gestão da qualidade total, porém com enfoques diferentes. 18. Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2001 19. Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2003 Liderança | Cadernos de Excelência . FNQ | 27 “A inovação não é invenção, nem descoberta. Ela pode requerer qualquer das duas - e com freqüência o faz. Mas o seu foco não é o conhecimento, mas o desempenho - e numa empresa isso significa desempenho econômico. A inovação é aplicável à descoberta do potencial do negócio e à criação do futuro. Mas sua primeira aplicação é como estratégia, para tornar o dia de hoje plenamente eficaz e para levar a empresa existente para mais perto do ideal.” Peter Drucker O processo de inovar não deve ser confundido com o de inventar. O indivíduo que inventa é aquele que produz algo novo que surge de suas idéias, normalmente sem uma metodologia, e que não está necessariamente ligado a um processo de pesquisa. O que se manifesta neste momento é a sua criatividade, o que leva a criações que nem sempre terão alguma aplicabilidade imediata ou está diretamente voltado ao mercado. Sendo assim, organizações que planejam aumentar sua competitividade sentem-se motivadas a investir em práticas voltadas ao desenvolvimento sistemático de novas tecnologias e a buscar novas formas de desenvolver suas atividades, seja na criação de novos produtos, serviços ou processos ou, ainda, aperfeiçoando os já existentes. Organização inovadora é aquela que promove inovações de forma sistemática, que busca, deliberada e organizadamente, as mudanças e que analisa as oportunidades que tais mudanças podem oferecer para a inovação econômica e socioambiental. Em outras palavras, a organização inovadora é permeada por um processo contínuo e permanente de produção de inovações de qualquer natureza: de produto, processo, gestão ou de negócios. 28 | Cadernos de Excelência . FNQ | Liderança A Direção e demais líderes têm um papel fundamental na criação de um ambiente favorável à geração de idéias. Parte do tempo dos líderes deve ser ocupado em ações que promovam a inovação, direta ou indiretamente. Na Bahia Sul Celulose20, a inovação e a criatividade são estimuladas de maneira sistemática pelo Programa Click, cujas características básicas são as seguintes: • Consideram-se dois tipos de idéias: aquelas que têm impacto direto nos objetivos estratégicos, incorporando-se ao seu capital intelectual; e aquelas que têm escopo administrativo ou operacional. • Abrangência: podem contribuir com suas idéias todos os colaboradores, estagiários e trainees, exceto gerentes e assessores, que serão premiados indiretamente em função do número e do valor total das idéias originadas nas respectivas áreas. • Premiação: idéias aprovadas são remuneradas com um valor mínimo do prêmio de R$ 50,00, independentemente de estimativas financeiras de retorno. O valor máximo do prêmio é de R$ 10.000,00. Na Dana Albarus - Divisão Cardans21, os seguintes programas visam desenvolver o hábito da melhoria contínua e inovação: • Programa de Idéias; • SOPE, programa de solução de problemas em equipes permanentes, de participação voluntária, com recompensa monetária, como parte do Programa de Participação nos Resultados e sistema de reconhecimento específico (concurso, prêmios e viagens); • Times de Melhoria, programa de solução de problemas em equipes não permanentes, usando a metodologia Seis Sigma, com sistema de recompensa e reconhecimento similar aos do SOPE; 20. Fonte: FNQ: Relatório da Gestão, Bahia Sul Celulose - 2001 21. Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2003 • Prêmio de Engenharia da Dana Mercosul; e • Dana Engineering Achievement Award, que é o programa mundial da Dana. O sistema de aprendizado abordado no marcador F, pela sua própria característica de reflexão, análise e busca de novos patamares de desempenho, pode gerar inovações importantes para a organização. ANÁLISE DO DESEMPENHO DA ORGANIZAÇÃO Este item trata da análise do desempenho da organização, revelando como o alcance das estratégias e objetivos da organização é avaliado. Durante esta análise, conclusões são tiradas e decisões são tomadas. Assim, o item também trata da comunicação dessas decisões, bem como do acompanhamento de sua implementação. A análise do desempenho é fundamental para que a organização identifique se a sua missão está sendo cumprida, se suas estratégias estão sendo alcançadas, ou seja, se os objetivos definidos estão sendo obtidos e, em última instância, se a sua visão de futuro está sendo concretizada. Alguns objetivos adicionais da análise do desempenho incluem: • a análise dos problemas estratégicos de forma proativa; • a tomada de decisão; • a busca de novos caminhos estratégicos para a organização; e • o apoio ao aprendizado da organização, gerando conhecimento e melhorias. A análise do desempenho ocorre, basicamente, nos diversos níveis organizacionais, sendo aquela feita pela Direção, obviamente, a mais abrangente e importante. As análises setoriais, departamentais ou processuais são mais detalhadas e ocorrem com uma freqüência maior (diária, semanal ou mensal), dependendo da criticidade do processo. São, usualmente, semanais ou mensais, mas em alguns casos podem ser diárias. Suas conclusões servem de insumo para a análise nos níveis organizacionais superiores. A análise da organização pela Direção é mais abrangente e ocorre com freqüência menor, porém, muitas vezes, gera decisões que impactam a organização como um todo. Algumas conclusões dessa análise requerem uma investigação mais profunda e detalhada do que normalmente ocorre nas análises setoriais. Os conceitos aqui apresentados se aplicam de forma geral à análise do desempenho da organização como um todo, mas poderão ser contextualizados com algumas adaptações para as análises setoriais. O item 1.3, pela sua característica de análise, tomada de decisão e geração de ações, também interage com todos os itens dos Critérios de Excelência. As principais interrelações existentes com os demais Itens estão apresentadas no quadro 17. Liderança | Cadernos de Excelência . FNQ | 29 Quadro 17: Principais inter-relações do item 1.3 Fonte: FNQ, 2007 30 | Cadernos de Excelência . FNQ | Liderança A) ANÁLISE DO DESEMPENHO DA ORGANIZAÇÃO É importante que a organização tenha um processo estruturado e consistente de análise do seu desempenho, com entradas ou insumos bem definidos, atividades de processamento dessas entradas e agregação de valor e atividades de tomada de decisão e, finalmente saídas ou produtos dessa análise com conclusões e decisões a serem comunicadas e implementadas. A figura 3 mostra uma representação esquemática desse processo. Esse processo define quatro momentos importantes da análise do desempenho: integração de dados e realização de estudos e análises setoriais; análise, tomada de decisão e definição de ações corretivas e preventivas; comunicação das conclusões e decisões; e implementação e acompanhamento das ações definidas. Antes de iniciar a análise do desempenho da organização, é preciso integrar os resultados dos indicadores e as informações qualitativas de todos os setores e processos, realizar estudos e análises dessas informações e gerar conclusões e recomendações para serem utilizados na análise da organização. A integração dos resultados é a grande diferença entre a análise convencional e a análise global e estruturada aqui discutida. A análise convencional é feita indicador por indicador, não permitindo a visão sistêmica. O estágio atual de implementação dos objetivos estratégicos e planos de ação e qualquer alteração nas necessidades das partes interessadas também devem ser consolidadas e utilizadas como entradas para a análise da organização. Os resultados e as informações, conforme descrito mais adiante no marcador “b” deste item, devem abranger informações relacionadas a finanças, clientes e mercados, sociedade, pessoas, produtos, processos e fornecedores. Figura 3: Processo de análise do desempenho Fonte: FNQ, 2007 Liderança | Cadernos de Excelência . FNQ | 31 Um dos principais instrumentos usados para a consolidação e integração das informações nas várias unidades da Eaton - Divisão Transmissões é a disponibilização na rede de computadores do OPeMS (Operational Performance Management System)22, que contém as estratégias, planos de ação, indicadores-chave e indicadores de processo. Os indicadores têm informações sobre sua definição, o modo de cálculo, gráfico de resultados, metas e informações comparativas. Todos os líderes da empresa têm acesso ao sistema, para acompanhamento do desempenho e para servir de apoio à tomada de decisão. Além disso, vários outros relatórios estão disponíveis. A análise é normalmente realizada por intermédio de reuniões específicas conduzidas pela Direção, com o suporte dos sistemas informatizados, contendo as principais informações discutidas na etapa de preparação. A base para a reunião são os resultados dos indicadores de desempenho estratégicos, que refletem os objetivos estratégicos e os principais resultados operacionais. A análise do desempenho da organização deve ser apoiada pela análise do desempenho operacional, executada com uma freqüência maior, usualmente mensal, para verificar o cumprimento dos objetivos estabelecidos para os principais processos do negócio. Tem caráter preventivo, buscando-se antecipar a identificação de potenciais problemas na operação que possam vir a afetar o desempenho dos indicadores de nível mais estratégico. Assim como o direcionamento estratégico deve estar orientado de “cima para baixo” (top down), as análises setoriais ou operacionais são realizadas de “baixo para cima” (bottom up) sinalizando-se as correções de rumo que deverão ocorrer, apoiando-se, assim, a análise e tomada de decisão no nível da organização. A figura 4 ilustra esta situação, complementada pela coleta e análise de informações que ocorrem no dia-a-dia. A utilização do BSC23, definindo indicadores e, portanto, resultados, para as quatro perspectivas genéricas recomendadas ou para perspectivas específicas, como as relacionadas às partes interessadas ajudam muito na condução da análise. As informações e/ou indicadores monitorados pela Direção devem considerar todas as partes interessadas e as estratégias, a fim de possibilitar a avaliação global da organização. Normalmente, a periodicidade das reuniões de análise do desempenho da organização é trimestral, quando se têm elementos suficientes para avaliar a consecução das estratégias. No entanto, a periodicidade dessas reuniões pode variar em função da complexidade da organização e do setor em que ela está inserida, do seu ciclo de negócio e de planejamento estratégico, do estilo de liderança da Direção e do próprio processo de análise definido. Um cuidado especial deve ser tomado para que as mesmas não sejam tão freqüentes, tendendo a torná-las reuniões puramente operacionais, nem raras, ocorrendo somente uma vez ao ano, tornando-as muito reativas e tardias para implementar as mudanças necessárias. 32 | Cadernos de Excelência . FNQ | Liderança Figura 4: Análise do desempenho Fonte: FNQ: Planejamento do Sistema de Medição do Desempenho: Relatório do Comitê Temático da FNQ, 2002 Este é o caso da análise do desempenho na Gerdau Aços Finos Piratini, que é realizada em dois fóruns: um anual, com a participação do Conselho Diretor do Gerdau e representantes da corporação, e outro mensal e interno, com enfoque preventivo. 22. Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2001 23.Kaplan, Robert e Norton, David - A Estratégia em Ação: Balanced Scorecard Editora Campus Na Politeno24, o processo de análise crítica conta com quatro reuniões: a reunião mensal do Programa QTP (Qualidade Total Politeno), a reunião mensal do GPD (Gerenciamento pelas Diretrizes), a reunião semestral do Conselho da Gestão Integrada e a reunião trimestral do Planejamento Estratégico. O desempenho global é realizado nas duas últimas reuniões utilizando o BSC cujos indicadores estão disponibilizados no Sistema de Gestão Estratégica (SGE). Muitas organizações diferenciam as análises de desempenho dos sistemas de gestão (qualidade, ambiental, e segurança e saúde) das análises do desempenho global. Outras como o Sebrae / MS25, consolidaram as análises críticas do sistema de gestão da qualidade com as do desempenho global, criando uma análise única, realizada quadrimestralmente. A nova reunião chama-se Reunião de Análise Crítica do Sistema de Gestão para a Excelência. A análise consiste basicamente em verificar o cumprimento das metas definidas para os indicadores de desempenho, entendendo que essas traduzem os desejos da organização expressos nos seus objetivos estratégicos e operacionais. A figura 5 mostra um exemplo genérico de informações importantes que devem estar disponíveis para análise. Essas informações compreendem a série histórica com o desempenho de anos anteriores; o desempenho mensal, por exemplo, do ano corrente; o nível de desempenho requisitado pela parte interessada (limite PI); as metas de curto e longo prazo; e as informações comparativas como, por exemplo, o benchmark. Figura 5: Processo de análise do desempenho Fonte: Elaboração própria, 2006 Os desvios devem ser entendidos e analisados até se chegar à causa raiz, a partir da qual ações corretivas devem ser implementadas. Essa análise profunda e detalhada pode não ser realizada na própria reunião de análise do desempenho da organização, mas, por exemplo, definida como uma pendência a ser solucionada nos níveis mais operacionais da organização. Várias ferramentas podem ser utilizadas para essa análise desde as mais simples como o Diagrama de Pareto, Diagrama de Ishikawa e gráficos de dispersão e correlação, até as mais sofisticadas como projeto de experimentos. Conforme explicado na etapa de integração de dados, a definição das principais relações de causa e efeito entre os resultados dos indicadores é um insumo fundamental para a análise. Apesar da importância de fatos e dados individuais, estes normalmente não fornecem uma boa base para definição de ações e prioridades. A ação depende do entendimento das relações de causa e efeito entre processos, entre os objetivos estratégicos, e entre os processos e objetivos e os resultados da organização. Portanto, uma das ações importantes da análise é confirmar as relações de causa e efeito e analisar as causas dos problemas (efeitos) identificados. 24. Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2002 25. Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2004 Liderança | Cadernos de Excelência . FNQ | 33 É essencial ter uma base analítica para auxílio na tomada de decisões, uma vez que os recursos para melhoria são limitados na maioria das situações, e que as relações de causa e efeito normalmente não falam por si. De acordo com o Relatório do Comitê Temático da FNQ "Planejamento do Sistema de Medição do Desempenho", existem dois tipos de análise das relações de causa e efeito: • Abordagem do passado. Usar os resultados reais dos indicadores (e os dados que os geraram) para avaliar se as influências antecipadas e seus efeitos de fato aconteceram na magnitude e no tempo previstos. Deve-se entender como os fatores externos participaram dos efeitos obtidos. Nessa abordagem as correlações podem ser analisadas desde a forma mais básica, utilizando-se a experiência e a capacidade de o ser humano integrar informações, simplesmente "olhando" para gráficos, tabelas de indicadores e dados a eles subordinados, avaliando-se os diversos graus de influência de forma qualitativa, ou de forma mais técnica , por meio da aplicação de softwares estatísticos, obtendo os graus de influência de forma numérica, embora ainda tenha que interpretar os dados como no caso anterior. A figura 6 exemplifica essa situação. • Abordagem do futuro. Usar resultados hipotéticos dos indicadores e dos fatores externos para simular a velocidade e a interação dos eventos, com base em funções matemáticas presumidas entre os indicadores. Nessa abordagem, as correlações podem ser analisadas por meio de simulação dinâmica através de softwares especializados (Excel, Powersim, iThink, Vensim etc.) utilizando-se de combinações hipotéticas dos indicadores para prever os possíveis desdobramentos de cenários futuros, com o objetivo de compará-los com os dados reais e identificar padrões de comportamento dos indicadores. Figura 6: Análise de correlações - abordagem do passado. Fonte: FNQ: Planejamento do Sistema de Medição do Desempenho: Relatório do Comitê Temático da FNQ, 2002 B) INFORMAÇÕES CONSIDERADAS NA ANÁLISE DO DESEMPENHO Um conjunto abrangente de informações deve ser utilizado para apoiar e permitir a análise do desempenho da organização. As principais estão apresentadas no quadro 18. Informações relativas às mudanças no ambiente externo incluindo-se aspectos setoriais, mercadológicos, competitivos, tecnológicos, econômicos, políticos e sociais são essenciais para contextualizar a análise, já que o alcance de metas deve ser analisado à luz de novos fatos, que podem ter mudado o cenário externo em relação ao cenário previsto e utilizado no momento do planejamento e estabelecimento de metas. 34 | Cadernos de Excelência . FNQ | Liderança Quadro 18: Principais informações para análise do desempenho da organização deverá assegurar a disponibilidade correta dessas informações. Para mais detalhes sobre as informações comparativas, consultor o Caderno Informações e Conhecimento. Por fim, as principais correlações existentes entre os indicadores de desempenho devem ser preparadas para facilitar o processo de tomada de decisão. Na verdade, as causas e os efeitos não ocorrem entre os indicadores, mas sim entre os conceitos a que eles estão subordinados, por exemplo, a medição de um requisito ou objetivo estratégico. Sendo assim, estudar as correlações entre os indicadores é estudar o grau de influência de um conceito no outro através de dados consolidados, ou seja, indicadores. Fonte: elaboração própria, 2006 Dessa forma é fundamental que a organização obtenha essas informações com uma periodicidade coerente com a freqüência de análise do desempenho organizacional. As mesmas fontes utilizadas na ocasião do planejamento estratégico devem ser utilizadas. Caso as mesmas não disponibilizem essas informações ao longo do ano, novas fontes devem ser identificadas. Normalmente as áreas ou processos associados à inteligência de mercado, relações institucionais e relações governamentais possuem acesso a essas fontes. O mesmo raciocínio vale para as informações associadas ao cenário interno, que também devem ser utilizadas para apoiar a análise do desempenho e o processo decisório da organização. Informações comparativas como melhores práticas e melhores desempenhos de outras unidades ou de outras organizações também devem ser considerados. Essas informações são fundamentais para validar as metas e apoiar o processo decisório. A existência de um processo estruturado de gestão das informações comparativas Para organizações que utilizam a metodologia do BSC, o mapa estratégico define as principais relações de causa e efeito e, portanto, deve ser considerado na análise do desempenho da organização. Outros detalhes relativos à construção de sistemas de medição do desempenho e às relações de causa e efeito entre os indicadores de desempenho podem ser encontradas no Caderno Estratégias e Planos. C) AVALIAÇÃO DO ALCANCE DAS ESTRATÉGIAS A análise do desempenho da organização tem como premissa a verificação do estágio de cumprimento dos objetivos estratégicos e, por conseqüência, dos gerenciais e operacionais. O mapa estratégico e um painel de indicadores tipo BSC certamente facilitarão essa análise. Vale destacar que a análise estratégica, embutida na análise do desempenho da organização, não deve avaliar somente se as metas definidas para os objetivos e indicadores de desempenho estão sendo alcançadas. Liderança | Cadernos de Excelência . FNQ | 35 É importante questionar a própria estratégia e os objetivos e metas definidos. Kaplan e Norton definem essa análise como sendo de aprendizado duplo e enfatizam que o mapa estratégico colabora para esse entendimento. Na verdade, um dos objetivos da análise do desempenho da organização é testar o mapa estratégico e as hipóteses assumidas. A análise pode acusar erros na concepção estratégica ou mostrar que, em função das mudanças de cenários, as premissas utilizadas na formulação das estratégias mudaram e que, portanto, novos objetivos e metas ou adequação nos existentes tornamse críticos para o sucesso da organização. D) COMUNICAÇÃO DAS DECISÕES Os produtos genéricos da análise do desempenho da organização são as conclusões e as decisões, que, normalmente, são expressas em ações. De forma mais específica, essas ações estão associadas às seguintes atividades: • ajustes nos planos de ação existentes; • implementação de novos planos; • ações corretivas e preventivas para assegurar que os planos sejam implementados; • ações específicas nos processos principais e de apoio ou nas atividades dos setores; • mudanças nas metas; • alterações nos próprios indicadores e nos seus métodos de cálculo; • mudanças de rumo, alterando os objetivos estratégicos; e A comunicação pode ser feita de várias formas. As organizações excelentes possuem um sistema integrado de reuniões como parte do seu sistema de liderança que permite que as decisões sejam comunicadas e desdobradas, em cascata e de forma muito rápida, para os colaboradores em todos os seus níveis. Outras formas incluem a publicação da ata da reunião na Intranet, a colocação das principais decisões em murais e a inclusão das ações em sistemas informatizados que permitem o registro e acompanhamento das ações. A Companhia Paulista de Força e Luz26 utiliza uma combinação de práticas para comunicação das decisões da análise do desempenho que incluem a disponibilização das atas na intranet e no sistema Notes e reuniões dos diretores com os colaboradores das suas áreas para repassar e discutir as decisões. Os resultados e informações advindos das análises do desempenho na Joal Teitelbaum27, transcritos nas atas do Conselho de Excelência, são utilizados imediatamente na tomada de decisões e na implementação de ações de melhoria. Servem, também, para verificar como a empresa está seguindo seu planejamento estratégico e para buscar novas oportunidades. As decisões, quando pertinentes, devem ser comunicadas a outras partes interessadas. Por exemplo, se a organização decide em uma reunião de análise de desempenho reduzir sua produção, é muito importante que os seus fornecedores de matéria-prima sejam comunicados imediatamente. Da mesma forma, os representantes da comunidade devem ser informados sobre decisões que possam causar-lhes impactos. • novas diretrizes de uma forma geral. Assim, ao final da análise, duas atividades são fundamentais: a comunicação das conclusões e decisões tomadas, tanto interna, como externamente à organização; e a implementação das ações identificadas. 36 | Cadernos de Excelência . FNQ | Liderança 26. Fonte: FNQ: Relatório da Gestão,Companhia Paulista de Força e Luz, 2005 27. Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2003 E) ACOMPANHAMENTO DA IMPLEMENTAÇÃO DAS DECISÕES A implementação das ações é a materialização das decisões tomadas na análise de desempenho da organização. Assim, para que essas decisões sejam efetivamente operacionalizadas, é muito importante que sejam definidos os responsáveis pelas ações e os prazos, para que as mesmas sejam implementadas com mecanismos rigorosos de acompanhamento das ações. Algumas empresas possuem processos estruturados de implementação que consideram todos os elementos descritos acima. A utilização dos conceitos de gerenciamento de projetos é uma forma estruturada de assegurar a implementação das ações. As organizações excelentes possuem sistemas de informação que registram as ações a serem implementadas e permitem o acompanhamento eletrônico do estágio de implementação das decisões tomadas, muitas vezes integradas no conjunto de planos de ação estabelecidos para se alcançar os objetivos estratégicos da organização. Na Dana Albarus - Divisão Cardans28, as decisões das reuniões de análise do desempenho da organização são registradas, em forma de planos de ação, no sistema SIDI (Sistema de Integração de Dados e Informações), com a indicação dos responsáveis formais ou designados, permitindo-se o acompanhamento da implementação e eventuais ações corretivas. Por fim, nas próprias reuniões que compõem o processo de análise de desempenho da organização é realizado o acompanhamento das ações planejadas nas reuniões anteriores, fechando-se o ciclo de acompanhamento da implementação das decisões. 28. Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2003 Liderança | Cadernos de Excelência . FNQ | 37 BIBLIOGRAFIA 1. ADIZES, Ichak. Gerenciando as mudanças: pó poder da confiança e do respeito mútuo na vida pessoal, familiar, nos negócios e na sociedade. 2a ed. São Paulo: Pioneira, 1995. 2. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 9001: Sistemas de gestão da qualidade : requisitos. Rio de Janeiro, 2000. 3. 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SÉRIE CADERNOS DE EXCELÊNCIA INTRODUÇÃO AO MODELO DE EXCELÊNCIA DA GESTÃO® CADERNOS LIDERANÇA; ESTRATÉGIAS E PLANOS; CLIENTES; SOCIEDADE; INFORMAÇÕES E CONHECIMENTO; PESSOAS; PROCESSOS; E RESULTADOS CADERNO AUTO-AVALIAÇÃO E GESTÃO DE MELHORIAS OBJETIVO Estabelecer um processo de auto-avaliação da gestão, contemplando as diferentes metodologias e práticas de planejamento, controle e gerenciamento das melhorias OBJETIVO Proporcionar uma visão global do Modelo, seus fundamentos e sua aplicação PÚBLICO-ALVO Todos que tenham interesse em utilizar o Modelo, tanto para implementação na sua organização quanto para uma avaliação PÚBLICO-ALVO Todas as organizações que pretendam realizar uma auto-avaliação visando melhorar a sua gestão OBJETIVO Explicar detalhadamente o Modelo, seus requisitos e suas inter-relações PÚBLICO-ALVO Todos que estão implementando o Modelo, utilizando-o para avaliação de uma organização Realização Av. das Nações Unidas, 11.857, 6º andar, conj. 62 Brooklin Novo 04578-000 São Paulo SP Brasil Tel. 55 11 5509-7700 Fax 55 11 5509-7730 www.fnq.org.br FNQ 161/07 - Rev. 0 - jan.07 Patrocínio Apoio Institucional