DIVULGAÇÃO
MARCELO ANDRADE/AT
Mulheres
de sucesso
sofrem mais
no amor >AT2
Cantora Amy
Winehouse é
encontrada
morta >60
Nesta edição,
o pôster do
Mapa-Múndi
R$ 2,00
2ª Edição
VITÓRIA-ES | DOMINGO, 24 DE JULHO DE 2011 | ANO LXXI | Nº 23.870 | FUNDADO EM 22/09/1939 | EDIÇÃO DE 136 PÁGINAS
Novas carreiras com salários
de até 10 mil reais no Estado
São atividades ainda pouco conhecidas, como piloto de robô, pesquisador de tendências,
conselheiro de aposentadoria, engenheiro de energias limpas e designer de videogame. >40 e 41
MARCELO ANDRADE/AT
Pais pedem
ajuda a escolas
para saber se
filho é gay >5
AGÊNCIA ESTADO
JOSÉ SCARAMUSSA, 50, teve de retirar estômago, baço, vesícula, glândulas e parte do esôfago, mas dá graças a Deus a cada dificuldade que enfrenta
Médico vence câncer e quer milagre reconhecido
Ele enviará ao Vaticano a documentação, para que milagre seja atribuído a João Paulo II. >12 e 13
TV TUDO
Bruna Marquezine
faz par romântico
com Fiuk na
próxima novela
das sete.
JORNAL
DA FAMÍLIA
CAETANO
VELOSO
Redes sociais
dão origem a um
novo código
de conduta.
Clarice Lispector
foi uma das
maiores paixões do
meu espírito. >10
TOSTÃO
A maioria dos
brasileiros torce
hoje para o
Uruguai, que tem
melhor time. >70
Fla empata,
é vaiado e
Fogão perde
mais uma >69 e 70
Polícia Militar fecha portões da Ufes para impedir festa com drogas liberadas >29
12
ATRIBUNA VITÓRIA, ES, DOMINGO, 24 DE JULHO DE 2011
Cidades
HISTÓRIAS DE CURA
Médico quer milagre reconhecido
MARCELO ANDRADE/AT
José Eduardo
Scaramussa venceu
um câncer e atribui
sua cura a Deus,
sob a intercessão do
papa João Paulo II
Francine Spinassé
om a frase do papa João
Paulo II estampada na camisa feita por ele na última
Romaria dos Homens, “Consagrado a Cristo pelas mãos de Maria”,
o médico anestesiologista José
Eduardo Scaramussa, 50 anos,
contou sua história de luta contra
um câncer no estômago.
Há quatro anos, oito meses e 21
dias, completados hoje e contados
todos os dias, ele passou por uma
cirurgia que mudou o quadro da
doença e surpreendeu médicos.
Com uma fé quase que inabalável, casado há 21 anos e pai de três
filhas, Scaramussa teve que retirar
o estômago inteiro, o baço, a vesícula, glândulas e parte do esôfago.
Mesmo assim, não tira o sorriso
do rosto e dá graças a Deus a cada
dificuldade que enfrenta.
Agora pretende iniciar um processo de reconhecimento do milagre perante a Igreja Católica. Ele
atribui a cura a Deus sob a intercessão do papa João Paulo II, que
morreu em 2005.
“Quando completar cinco anos
sem câncer, em novembro, vou levar o meu caso de volta aos médicos que participaram do meu tratamento, no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. São eles quem
vão me dizer se houve ou não algo
de diferente no meu quadro clínico, que não tenha uma explicação
científica”, afirmou.
Ele disse que se os médicos
comprovarem que há algo fora do
natural, ele deve mandar ao Vaticano toda a documentação que
reúne ao longo dos anos em uma
espécie de diário, para que seja
atribuído ao papa João Paulo II.
Para ele, não faz diferença que as
pessoas saibam ou não que o que
aconteceu com ele foi milagre,
mas aceita o chamado sempre para testemunhar o poder de Deus.
“Como católico, temos devoções
e intercessores, que pedem por
nós junto ao Pai. Os meus são Nossa Senhora Rainha da Paz e o papa
João Paulo II.”
Em 2009, ele foi longe para a
agradecer pela vida. Foi à Bósnia,
onde há relatos de aparições de
Nossa Senhora Rainha da Paz, de
quem é devoto.
“Hoje, trabalho 30% a menos
para ficar mais com a família e em
casa e para ter mais tempo para
servir a Deus e à Igreja.”
C
“
Temos as nossas
devoções. As
minhas são Nossa
Senhora Rainha da Paz e
o papa João Paulo II
”
José Eduardo Scaramussa, médico
SCARAMUSSA pretende ter milagre reconhecido pelo Vaticano. Ele teve que retirar o estômago inteiro, o baço, a vesícula, glândulas e parte do esôfago
ENTREVISTA JOSÉ EDUARDO SCARAMUSSA
“Estou vivo pela graça de Deus”
A TRIBUNA — Quando descobriu o câncer?
JOSÉ EDUARDO SCARAMUSSA
— Descobri em 2006. Era um câncer muito invasivo, ou seja, que tomava todo o estômago. Na hora,
quando o médico contou que a situação era grave, fiquei calmo e só
respondi “louvado seja Deus por
isso”. Costumo dizer que sou um
homem abandonado em Deus.
> E como foi o tratamento?
Passei por todos os exames, fiz
sessões de quimioterapia. No dia 3
de novembro de 2006, fiz a cirurgia. Foram retirados o estômago,
baço, apêndice, algumas glândulas
e cinco centímetros do esôfago.
> E o que mudou na sua vida?
Parei de trabalhar por um ano e
meio. Emagreci muito, passei de
82,2 kg para 59,2 kg. Mas hoje posso dizer que levo uma vida normal.
Acordo às 5h45, pois demoro uma
hora para fazer cada refeição. Não
sinto mais sede, nem fome. Então
me disciplino para comer.
Outra coisa que mudou é que diminuí o ritmo de trabalho em cerca de 30%. Chego mais cedo em
casa. Fico mais com a família.
> E como foi a sua aproximação com o papa João Paulo II?
Algumas coisas aconteceram
que me levaram a isso. Uma delas
foi uma revelação feita à minha irmã, quando estava em oração, que
eu deveria pedir a cura física através do papa João Paulo II. Como
católico, buscamos intercessores.
Também uso uma relíquia. É
uma medalha de São Bento, que
era usada por João Paulo II e que
ele deu de presente para um amigo
meu, que trabalhou como médico
na Itália. Esse amigo também
atendia no Sírio-Libanês, onde fiz
a minha cirurgia.
Ele me emprestou a medalha,
“
Parei de trabalhar
por um ano e
meio. Emagreci muito,
passei de 82,2 kg para
59,2 kg. Mas hoje levo
uma vida normal
”
depois de ouvir do papa Bento
XVI, anos depois da morte de João
Paulo, que um amigo estaria precisando dela naquele momento. Assim, ela chegou a mim.
> E é por isso que está documentando tudo para levar ao
Vaticano?
Não é simples. Estou documentando tudo o que acontece. Não
preciso provar que foi um milagre
ou não. Para mim, não faz diferença. Mas sinto que tenho um dever
de tentar, caso os médicos digam
que houve algo de sobrenatural na
minha recuperação.
> E quando será isso?
Quando completar cinco anos,
em novembro, vou levar aos médiLEONARDO BICALHO - 30/11/2007
MÉDICO EM 2007, quando estava mais magro: “Pela fé, estou curado”
cos que cuidaram de mim todo o
histórico clínico. São eles que vão
me dizer se há algo diferente.
> E os médicos, já chegaram a
dizer alguma coisa?
Um dos médicos que me operou
no Sírio-Libanês só falou com um
amigo meu que a minha recuperação tinha sido atípica.
Mas tenho outras histórias, tem
um médico que se diz ateu, amigo
meu, que quando completou dois
anos de que eu tinha feito a cirurgia me chamou a ir à missa. Ele
confessou que acreditava que eu
não passaria de dois anos.
> E o que teve de mais anormal na sua recuperação?
Tive quatro sinais de Deus agindo diretamente. Entre eles, o mais
forte acredito que foi quando fiz o
exame Petscan, para diagnóstico
das áreas atingidas pelo tumor. É
um exame moderno e só mostrou
que estava no estômago.
A verdade é que ele já tinha chegado a uma parte do esôfago e se o
médico soubesse disso não teria
operado. Nem chegaria a abrir, como fez. Teria mudado tudo na minha história.
> Se considera curado?
Pela Fé, estou curado, mas pela
Medicina, como médico, não posso afirmar isso, pois a gente sabe os
riscos de um câncer voltar.
Tenho absoluta certeza que estou aqui agora pela graça de Deus.
Ele agiu por meio dos médicos e
da tecnologia.
VITÓRIA, ES, DOMINGO, 24 DE JULHO DE 2011 ATRIBUNA
13
Cidades
HISTÓRIAS DE CURA
JUSSARA MARTINS / AT
Menina de 10 anos
foi desenganada
A
história da primeira cura
reconhecida pelo Vaticano
do Estado é contada com
orgulho pelo médico Carlos Cassiano, 72 anos. Foi ele quem cuidou de Maria José Paixão Oliveira,
então com 10 anos, quando chegou
desenganada até o Hospital Maternidade de São Mateus, no Norte
do Estado, em 1970.
Foram 24 anos com um processo na Igreja Católica de reconhecimento do milagre, que só teve fim
quando o próprio médico foi até
Roma para testemunhar na frente
da equipe de peritos, composta
por três médicos e dois teólogos.
Com a aprovação do Vaticano, o
processo resultou na canonização
do ex-bispo italiano, São Daniel
Comboni, a quem foi atribuído o
milagre e que tem devotos espalhados em todo o mundo.
Falando pela primeira vez sobre o
assunto, Cassiano diz que tinha menos de dois anos de formado quando a menina chegou ao hospital
com uma infecção generalizada.
“Ela era uma menina de família
paupérrima, morava em palafitas
em Conceição da Barra. Chegou a
ficar internada em um hospital da
cidade, depois foi encaminhada
para o de São Mateus. Fiz a cirurgia, que durou seis horas, mas não
tinha o que fazer.”
O médico lembrou que até as
técnicas de suturas foram feitas fo-
DEPOIMENTO
ra do padrão da Medicina.
“Retirei um pedaço do intestino,
mas não tinha jeito e fechei sem
me preocupar com detalhes. Falei
para a irmã (freira) que estava cuidando dela para dar tudo o que ela
quisesse que ela não passaria daquela noite”, disse o médico.
A freira pediu em oração que
Comboni fizesse algo. O santinho
de Daniel Comboni foi colocado
nas mãos de Maria José e a freira
disse a ela: “Esse homem barbudo
pode lhe ajudar. Reze para ele.”
Cassiano afirmou que no outro
dia, em vez da menina estar morta,
ela pediu comida. Depois disso, o
médico passou a cuidar da menina. “Maria José morou comigo em
São Mateus até completar 18 anos,
quando se casou. Depois de ficar
viúva, morar em São Paulo, ela se
casou novamente e, hoje, mora na
Itália, mas mantemos contato. Está muito bem”, relatou o médico.
Ele afirmou, ainda, que nunca
imaginou que ela pudesse engravidar pela situação que presenciou
na cirurgia, mas Maria José ainda
teve dois filhos, já adultos.
“
Falei para a freira
dar a ela tudo o
que quisesse, pois não
passaria daquela noite
Carlos Cassiano, médico
”
“Com uma frase os convenci do milagre”
“O processo do milagre já durava
anos. Então disse ao bispo de São
Mateus, Dom Aldo Gerna, que gostaria de testemunhar pessoalmente, pois só tinham o relato escrito.
Foi tudo arranjado e fui ao Vaticano. Na reunião, fui sabatinado por
horas. Por fim, com uma frase os
convenci do milagre.
Expliquei que na época tinha
pouco tempo de mercado, estava
chegando em São Mateus, uma ci-
dade pequena.
Era muito mais simples dizer que
eu operei e salvei a menina, do que
dizer que era algo especial. Depois
de um tempo saiu a resposta da
aprovação com a fumaça.
Fui recebido com festa na cidade
italiana de Comboni. Participei depois da cerimônia de beatificação.
Foi uma emoção sem igual. ”
O CIRURGIÃO Carlos Cassiano presenciou a cura de menina de 10 anos e participou de processo de canonização
SAIBA MAIS
Dois milagres para reconhecer santo
Processo
> ELE AINDA precisa de um milagre re-
conhecido para ser canonizado.
> UM PROCESSO de canonização pas-
sa por quatro etapas: primeiro ela é
declarada pelo Papa como Servo de
Deus, depois Venerável, Beato e, por
último, a pessoa se torna Santo, ou
seja, é canonizada.
> PARA TER O TÍTULO de beato, é preciso que o Vaticano reconheça um
milagre atribuído.
> JÁ PARA RECEBER O título de Santo,
é necessário pelo menos o reconhecimento de outro milagre.
Congregação
> PROCESSOS SÃO abertos na Con-
gregação para as Causas dos Santos, que é uma das prefeituras do Vaticano, que analisa cada caso.
> A CONGREGAÇÃO é composta por
médicos e teólogos que demoram
anos em investigações para que os
processos sejam reconhecidos. O
mais rápido correu por 11 anos.
Daniel Comboni
> FOI UM BISPO católico italiano que
viveu entre 1831 e 1881.
> SUA CANONIZAÇÃO foi oficializada
em 5 de outubro de 2003, por João
Paulo II.
Milagre
> A CURA MILAGROSA a ele atribuída
PAPA na canonização de Comboni
Papa
> O PAPA JOÃO PAULO II morreu no dia
2 de abril de 2005, e sua beatificação aconteceu em Roma, no dia 1º de
maio de 2011. Seu processo de beatificação foi o mais rápido dos últimos 700 anos.
para o seu processo de canonização
ocorreu em São Mateus, no Norte do
Estado, em 1970.
> A MENINA Maria José Paixão Oliveira
estava internada em um hospital do
município.
> O MÉDICO Carlos Cassiano fez uma
cirurgia no estômago da criança e
ela, mesmo dada como desenganada, se curou.
Fonte: Pesquisa A Tribuna.
Carlos Cassiano, médico
O QUE ELES DIZEM
Fé ajuda na recuperação
Pacientes que têm fé aceitam
melhor os tratamentos, conseguem um conforto a mais na hora
da doença e conquistam uma tranquilidade maior para lidar com as
enfermidades, segundo médicos
entrevistados por A Tribuna.
Para o cardiologista José Aid
Sad, pacientes com algum tipo de
fé aderem melhor ao tratamento,
além de ajudar a controlar a ansiedade da família, que é fundamental na recuperação.
“Eles conseguem superar situações que outros pacientes não
conseguem transpor. Também
transmitem uma tranquilidade para a própria família”, disse.
O cirurgião plástico Saulo Zerbone disse que como médico procura o lado científico, mas sabe
que o paciente que se vê em uma
situação difícil e pensa logo que
não tem mais jeito, não tem fé e fica enfraquecido.
“Deus, para os que acreditam, é
quem conforta as pessoas que passam por situações difíceis”, disse.
O oncologista Cristiano Drumond também já presenciou histórias em que a fé do paciente e da
família fizeram com que a recuperação o surpreendesse.
“Um paciente já com 75 anos
apareceu com um tumor no fígado
muito grande e metástase em outros órgãos. Ele estava com uma icterícia que naquela situação nós já
não poderíamos fazer nada por ele.
Mandei o paciente em casa já preparando a família para o pior. Um
mês depois, ele voltou até mim sem
icterícia e começamos o tratamento. Um ano depois, ele continua em
tratamento e o tumor diminuiu”,
afirmou o médico.
“
Como médico, vejo
o lado científico.
Mas sei que é Deus
quem conforta e faz as
pessoas acreditarem
”
Saulo Zerbone, cirurgião plástico
“
A fé faz a
diferença no
tratamento de doenças,
como o câncer. É uma
força a mais
”
Cristiano Drumond, oncologista
“
Como médico, é
mais fácil tratar
pacientes que têm mais
fé, pois aderem mais
aos tratamentos
”
José Aid Sad, cardiologista
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