CLECIR TEREZINHA ZACCHI INGLÊS INSTRUMENTAL: UM DISCURSO, OUTRA POSSIBILIDADE Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Ciências da Linguagem como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Ciências da Linguagem Universidade do Sul de Santa Catarina - Unisul Orientadora: Profa. Dra. Maria Marta Furlanetto TUBARÃO, 2005 2 CLECIR TEREZINHA ZACCHI INGLÊS INSTRUMENTAL: UM DISCURSO, OUTRA POSSIBILIDADE Esta dissertação foi julgada adequada à obtenção do grau de Mestre em Ciências da Linguagem e aprovada em sua forma final pelo Curso de Mestrado em Ciências da Linguagem da Universidade do Sul de Santa Catarina. Tubarão – SC, 29 de agosto de 2005. ______________________________________________________ Profa. Dra. Maria Marta Furlanetto Universidade do Sul de Santa Catarina ______________________________________________________ Profa. Dra. Maria do Rosário Valencise Gregolin Universidade do Estado de São Paulo – UNESP ______________________________________________________ Prof. Dr. Ingo Voese Universidade do Sul de Santa Catarina 3 4 Dedico esta dissertação às pessoas que, como eu, não desistiram à primeira dificuldade. 5 A minha orientadora, Maria Marta Furlanetto, pela paciência e ajuda. Aos alunos que participaram da pesquisa, À Clair, pela leitura e sugestões À Andrea, que muito me ajudou, À minha grande amiga Cátia, que dividiu muitos do piores e bons momentos desta fase, À UNOESC/Universidade do Oeste de Santa CatarinaSão Miguel do Oeste, À Secretaria de Educação de Santa Catarina. 6 Ao chegar a uma nova cidade, o viajante reencontra um passado que não lembrava existir: a surpresa daquilo que você deixou de ser ou deixou de possuir revela-se nos lugares estranhos, não nos conhecidos. O viajante reconhece o pouco que é seu descobrindo o muito que não teve e que não terá. Ítalo Calvino 7 RESUMO Esta dissertação apresenta um estudo realizado com universitários em fase inicial, na disciplina de Inglês Instrumental. O trabalho busca, através da análise de três textos e suas propostas de leitura em inglês instrumental a partir de obra da autora Rosângela Munhoz, complementada com perguntas elaboradas pela pesquisadora e aplicadas aos acadêmicos, discutir em que medida as estratégias de leitura apresentadas permitem (ou não) a construção de sentidos. Aborda o ensino de inglês instrumental, mais especificamente a leitura e a concepção de língua e linguagem, buscando discutir o entendimento da relação língua/linguagem, sujeito e construção de sentidos. Também discute o papel do inglês no cenário mundial e a necessidade, a partir daí, do aprendizado dessa língua. Apoiando-se em pressupostos da análise do discurso de linha francesa, procura mostrar que a proposta de leitura apresentada pela pesquisa não é suficiente para a construção de sentidos. Por fim, propõe que a leitura e suas estratégias em inglês instrumental possam, em sua prática, ter como referencial teórico os fundamentos da análise do discurso. Palavras-chave: inglês instrumental, leitura, análise de discurso 8 ABSTRACT The present work shows a study did with universities in the initial stage, in the subject English Specific Purpose (ESP). This work finds, through of the analyses of the three texts and theirs proposals of the reading in Specific English Purpose, from authoress Rosângela Munhoz, supplementary with questions did by researcher and applied in the academicians to discuss in the way the reading strategies in the Specific English purpose showed consent (or no) the establishment meaning. This work approaches the teaching de ESP, particularly the reading and the concept of the language, seeking to discuss the understanding of the relation language-subject and the establishment meaning. Also discusses the role of English in the worldwide and the your need, and then, the learning in this language. Taking into consideration the fundamental of the Discourse Analysis (DA) shows that the proposal of reading showed by research isn’t sufficient by the establishment meaning. In sum, recommend that the reading and your strategies in ESP can in their practice have how referential rhetorical the fundamentals of the Discourse Analysis. Keywords: reading, Specific English Purpose, Discourse Analysis 9 SUMÁRIO 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ACERCA DO ENSINO DE INGLÊS INSTRUMENTAL ................................................................................................................. 11 2 FUNÇÕES SOCIAIS DA LÍNGUA: LINGUAGEM E ENSINO .............................. 17 2.1 LÍNGUA MATERNA E LÍNGUA ESTRANGEIRA: SEUS EFEITOS ......................................................................... 21 2.2 PERCURSO DO INGLÊS INSTRUMENTAL COMO DISCIPLINA ACADÊMICA ........................................................ 28 2.3 INGLÊS: ENTRE A LIBERDADE E A POSSIBILIDADE ........................................................................................ 33 2.4 LEITURA: O DESEJO DA DIFERENCIAÇÃO...................................................................................................... 38 2.5 ESCOLA, PROPOSTA CURRICULAR E LEITURA .............................................................................................. 44 3 METODOLOGIA E ANÁLISE DOS DADOS ............................................................ 51 3.1 METODOLOGIA............................................................................................................................................. 51 3.1.1Contexto, participantes e metodologia ................................................................................................ 51 3.2 SUJEITO E CONCEPÇÕES DE LÍNGUA ............................................................................................................. 53 3.2.1 O aluno e a representação da língua.................................................................................................. 64 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................... 85 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 93 ANEXO A - QUESTÕES APLICADAS À POPULAÇÃO-ALVO DA PESQUISA....... 98 ANEXO B - BIBLIOGRAFIA DO CURSO DE INGLÊS INSTRUMENTAL II .......... 116 ANEXO C - INFORMAÇÕES SOBRE O CURSO DE AGRONEGÓCIOS E PERFIL DO EGRESSO ...................................................................................................................... 117 ANEXO D - TEXTOS EXTRAÍDOS DE INGLÊS INSTRUMENTAL: ESTRATÉGIAS 10 DE LEITURA. MÓDULO I, DE ROSÂNGELA MUNHOZ. .......................................... 120 ANEXO E - OUTROS TEXTOS TRABALHADOS DURANTE A APLICAÇÃO DA PESQUISA ............................................................................................................................ 123 11 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ACERCA DO ENSINO DE INGLÊS INSTRUMENTAL Uma abordagem equivale a um conjunto de disposições, conhecimentos, crenças, pressupostos e eventualmente princípios sobre o que é a linguagem humana, LE, e o que é aprender e ensinar uma língua alvo. Como se trata de educação em língua estrangeira propiciada em contextos formais escolares, freqüentemente tais disposições e conhecimentos precisam abranger também as concepções de homem ou pessoa humana, de sala de aula e dos papéis representados de professor e de aluno de uma nova língua. (ALMEIDA FILHO, 1998, p. 17) Historicamente, pode-se dizer que a sociedade brasileira reconhece um valor educacional formativo na experiência de aprender outras línguas. O inglês como língua estrangeira é uma das mais procuradas e estudadas; tornou-se língua universal e, portanto, a mais difundida. Almeida Filho (1998, p. 7) assim se expressa, referindo-se ao crítico Alfredo Bosi, que lamenta a exclusão do ensino de Francês da escola pela predominância econômica norte-americana e “o que sobrou do ensino de línguas modernas”: técnicas pragmáticas do domínio da conversação básica, Ensino Programado mediante esquemas behavioristas, supressão dos estudos de literatura e cultura, a tecnocrática postura de ensinar língua pela língua, a fraqueza do vocabulário culto e a falta de leitura dos grandes autores que se expressam no idioma-alvo. [aspas do original] Discorrer sobre a língua inglesa e suas implicações requer, em princípio, rememorar alguns fatos históricos: como o inglês tomou as proporções que ora tem, como passou a ocupar um lugar de destaque no ensino de línguas estrangeiras, como se tornou veículo acessível de informações acerca do mundo. Para isso, buscamos informações em Schütz, presentes em seu texto O inglês como língua internacional, disponível na rede1. Num primeiro momento, devido ao grande poderio econômico da Inglaterra, no século XIX, alavancado pela Revolução Industrial, e a conseqüente expansão do colonialismo 12 britânico, a disseminação da língua inglesa se deu em proporções gigantescas. Um segundo ponto corresponde ao poderio político-militar dos EUA, a partir da Segunda Guerra Mundial, seguido da marcante influência econômica e cultural daí resultante, que acabou por deslocar o francês dos meios diplomáticos e solidificar o inglês na posição de padrão das comunicações internacionais. Segundo Schütz, ao assumir o papel de língua global, o inglês tornou-se uma das mais importantes ferramentas, tanto acadêmica quanto profissional. Esse fato é incontestável e parece ser irreversível. O inglês acabou tornando-se o meio de comunicação por excelência, tanto no mundo científico como no mundo de negócios. Já é previsível que dinheiro e riqueza material serão substituídos por informação e conhecimento, como fatores determinantes na estruturação da futura sociedade humana, e a proficiência na linguagem de então será essencial para se alcançar sucesso. Dessa forma, no caso de línguas estrangeiras, os fatores políticos e econômicos influenciam a decisão de aprender/saber uma língua em detrimento de outras. Nos últimos tempos a leitura, de modo geral, passou a ocupar um lugar de destaque no ensino de línguas estrangeiras, e, devido a razões políticas e históricas, o ensino de inglês como segunda língua vem se expandindo por todo o mundo desde os anos do Pós-Guerra. Nas últimas décadas, sobretudo da década de 60 do século XX em diante, a concepção de ensino/aprendizagem que norteia a elaboração de manuais didáticos de língua inglesa (bem como de outras línguas), para o público estrangeiro, tem-se mostrado como um campo fecundo para pesquisas. O ensino de inglês modificou-se com a velocidade de informações produzidas por pesquisadores das áreas de aquisição de segunda língua, Sociologia, Análise Textual, Análise de Discurso (AD), entre outras. Com o surgimento e expansão da globalização, espera-se hoje mais que o simples 1 Disponível on-line em <http//www.sk.com.br/ingl-html>. Acesso em 20 dez 2002. 13 domínio de uma língua. Ter o domínio de uma língua estrangeira está se tornando, cada vez mais, uma exigência no mercado de trabalho. Nesse contexto, o inglês aparece em posição privilegiada em comparação com as demais línguas do mundo, pois, considerando a competitividade de mercado e a necessidade da atualização constante de informações científicas e tecnológicas aliadas às dificuldades da tradução de artigos, livros e outras publicações em tempo hábil, o enfoque do ensino de língua estrangeira mudou, passando do estudo sistemático de vocabulário e regras gramaticais para um estudo mais abrangente de textos retirados das próprias fontes de informação. Assim, procurando oferecer a possibilidade de informações tecnológicas e científicas na língua-alvo, busca-se uma nova dimensão para o estudo da língua estrangeira – neste caso, o inglês –, voltando-se para a leitura, a interpretação e a compreensão2 de textos. O ensino de língua estrangeira — Inglês — voltado à leitura vem, justificadamente, readquirindo posição de destaque e sendo oferecida nos currículos das universidades como inglês instrumental ou técnico; “com o passar do tempo, a técnica ESP [Inglês para Propósitos Específicos] passou a ser denominada de Inglês instrumental e adquiriu enfoque mais geral naquilo que se refere à escolha dos textos por área especifica” (CRUZ, 2001) Com essa necessidade crescente, parece viável que este estudo, além de trabalhar as estratégias de leitura própria do inglês instrumental, também focalize o processo histórico, social e inconsciente que constitui o aluno como sujeito3. Porém, há uma grande distância entre a teoria e a prática; não há coerência nem continuidade entre os objetivos estabelecidos e as experiências 2 Entenda-se que o texto, como lugar em que se faz a interação entre autor e leitor, terá em algum grau a característica de legibilidade, que “envolve outros elementos além da boa formação de sentenças, da coesão textual, da coerência [...] é preciso considerar, no âmbito da legibilidade, a relação do leitor com o texto e com o autor, a relação de interação que a leitura envolve” (ORLANDI, 1987, p. 183). A compreensão, para Orlandi, envolve a inteligibilidade e o processo de interpretação, que é uma injunção social. “A questão da interpretação não é só do nível da informação. Faz entrar em conta o processo de interação, a ideologia” (idem, p. 185). 3 O presente estudo assume um sujeito sócio-historicamente constituído (PÊCHEUX,1983/1990) e incapaz de controlar o inconsciente (AUTHIER-REVUZ,1982/1990). 14 educativas proporcionadas. As experiências empíricas que vivenciamos na vida profissional apontam a insuficiência do ensino de língua instrumental, as fissuras e limites que, em muitos momentos, a abordagem da leitura instrumental apresenta, concebendo, ainda, o sujeito como mero reprodutor de informações. O que se percebe é que desde seu surgimento, na década de 1970, até hoje pouca coisa mudou. Daí entendermos que é válida a iniciativa de contribuir para a melhoria do ensino instrumental do inglês na Unoesc (Campus de São Miguel do Oeste). Parte da pesquisa ocupa-se de textos extraídos de um livro didático utilizado na disciplina, propondo algumas questões iniciais: 9 Que concepção de sujeito e linguagem o livro apresenta, através de estratégias de leitura tais como: inferência, scanning, selectivity? 9 Essas estratégias possibilitam discussões acerca do sujeito e da linguagem? 9 Se sim, quando e em que situações? Na seqüência, faz-se necessário refletir sobre o que representa o ensino instrumental de língua, hoje, voltado para o estudo de informações no sentido tradicional, sem preocupação específica com o sujeito e a linguagem, principalmente se levarmos em consideração as palavras de Revuz (1998, p. 223): “O que se estilhaça ao contato com a língua estrangeira é a ilusão de que existe um ponto de vista único sobre as coisas, é a ilusão de uma possível tradução termo a termo, de uma adequação da palavra à coisa” [grifos nossos]. Diante desse quadro, o presente trabalho visa a apresentar uma contribuição para o estudo do inglês instrumental no que diz respeito à leitura. Nesse sentido, assumimos alguns pressupostos da Análise de Discurso da Escola Francesa (v. BRANDÃO, 1994; CORACINI, 1999; ORLANDI, 1996, 1998, 1999; PÊCHEUX, 1997), o que não inviabiliza a intervenção de conceitos provenientes de outras abordagens da área de Estudos da Linguagem. Além disso, 15 busca examinar, via perspectiva da análise do discurso, como se configura a relação texto/leitor em inglês instrumental. Em função dos argumentos expostos é que, a partir do ponto de vista da Análise do Discurso, procuraremos entender como as condições de produção (incluindo a memória discursiva) afetam o sujeito. A relação texto/leitor em língua inglesa, assim, será pensada como lugar de incursão do novo e do inesperado, lugar onde o sujeito se revela em suas práticas discursivas (FOUCAULT, 1969/1955). Algumas perguntas, cujas respostas poderão não ser de todo respondidas – ou nem respondidas –, mas que nos cabe fazer, são: 9 Como tratar a questão da leitura em inglês instrumental com alunos cujas condições sociais e culturais não atendam às exigências de uma sociedade mercadológica e competitiva, mas que trabalha sob essa perspectiva? 9 Que leituras são permitidas a esses leitores fazer? Não é nosso propósito apontar mais uma “nova” abordagem ou método para o ensino de uma língua estrangeira, mas buscar um olhar diferenciado para o que já temos – estratégias de leitura. Dito de outro modo, cabe observar como essa leitura pode (poderia) fazer a diferença, para que o aluno não seja somente um consumidor de informações, mas possa, também, produzilas. Selecionamos, então, a obra Inglês Instrumental – Estratégias de Leitura, módulo I, de Rosangela Munhoz4 (2000), e elegemos três textos da secção Reading Strategies como representativos do discurso presente no referido manual, buscando entender que concepção de sujeito/língua/linguagem é ali veiculado. Daí decorrem questões norteadoras da análise: 9 Que estratégias de leitura são propostas e utilizadas pelo manual (em estudo) 4 Adiantamos que a análise dos textos foi feita não para julgá-los, mas para dar voz àquilo que, neles, é o não-dito no dito. 16 de língua estrangeira para a compreensão de texto? 9 De que forma os alunos reagem a essas propostas apresentadas? O objetivo da pesquisa é, então, avaliar o efeito das concepções de leitura que subjazem às atividades no referido manual, através dos textos escolhidos aliados a perguntas por nós elaboradas em relação às atividades do livro e aplicadas aos acadêmicos do 2º período de Inglês Instrumental do Curso de Agronegócios. Seguindo essa proposta, a presente dissertação discute, depois destas breves considerações iniciais que enfocam o ensino do Inglês Instrumental, em seu capítulo segundo, as funções sociais da língua, pelo viés que relaciona linguagem e ensino, até porque língua e linguagem constituem a prática discursiva que contribui não apenas para reproduzir a sociedade (identidades sociais, cultura, sistemas de conhecimento), mas também para transformá-la. Na seqüência, a prática de leitura põe em evidência o aparente conflito de interesses entre uma formação técnica e uma formação humanística numa sociedade como a nossa. Ainda no mesmo capítulo, buscaremos, à luz da AD, traçar paralelos que permitam compreender como os acadêmicos levados pelas estratégias de leitura produzem certos efeitos de sentido. O terceiro capítulo, na seqüência, focaliza a metodologia utilizada nesta pesquisa, definindo o contexto, os participantes e o método de investigação, buscando discutir as implicações decorrentes da relação entre sujeito e concepções de língua. As considerações finais enfocam nossas conclusões, baseadas na análise do material selecionado, seguidas pelas referências utilizadas no presente estudo para embasá-lo. 17 2 FUNÇÕES SOCIAIS DA LÍNGUA: LINGUAGEM E ENSINO Uma dos grandes dificuldades do ensino é desafiar crianças, jovens e adultos a pensar e perceber o mundo em que vivem, onde os apelos persuasivos da comunicação via língua/linguagem interferem incessantemente no processo de aprendizagem. A informação que recebemos está cada vez mais pasteurizada, fatos recortados da realidade sem contexto, sem memória. A ideologia subjacente a essas informações e as relações que se escamoteiam precisam ser compreendidas. Essa declaração implica também afirmar que a aprendizagem de uma língua estrangeira pode, principalmente nos moldes instrumentais, reduzir ou mesmo aniquilar um questionamento permanente sobre língua, sujeito e ideologia. O conhecimento que se oferece não busca um discurso5 próprio nem problematiza as diferenças. Pensando assim, é urgente a compreensão de que tanto a língua/linguagem quanto a ideologia ocupam lugar de destaque nesse cenário e, nesse processo, faz sentido que Pêcheux funde a noção de discurso na relação que se estabelece entre língua e ideologia, implicada aí a historicidade. O processo do conhecimento é um exercício pleno que só se concretiza quando é possível uma compreensão clara da função social que uma língua/linguagem exerce nas sociedades como um todo. Se for verdade que temos hoje, mais e rapidamente, acesso à informação, percebemos também que novas e sofisticadas formas de controle têm se apresentado. Os discursos veiculados em vários espaços trazem a idéia de que a informação é mais uma das tantas mercadorias que compramos e vendemos. Surge daí a idéia de que quanto 18 mais informação tivermos, mais conhecimento teremos e, portanto, mais poder. A divisão do poder é um problema fundamentalmente político e está vinculado ao saber. Porém, não basta o acesso a ele, é preciso também o domínio desse saber. Queremos falar de um aprendizado fruto da transformação de informação em conhecimento, cujo resultado deva ser o da reflexão. Esse tipo de aprendizado não se dá automaticamente, necessita ser contextualizado, reelaborado, reconstruído. O desenvolvimento da vida social exige que o ser humano cada vez mais tenha acesso a formas multimodais de comunicação (o uso da linguagem verbal, da visual, da eletrônica, enfim, de diversas semioses). Daí decorre, conseqüentemente, a necessidade de compreender o próprio funcionamento e alcance da linguagem: os estudos sobre linguagem, a organização das palavras, a elaboração dos enunciados, a articulação e os efeitos provocados pelos enunciados. A linguagem, que antes era vista como instrumento de comunicação e ajudava a nomear as coisas, passou a ser identificada também como elemento de constituição dos sentidos. E, além disso, instrumento capaz de não apenas representar, mas também de criar realidades, exercendo um papel direcionador das relações sociais. Algumas concepções (relacionadas ao estudo e ao ensino da língua) tratam de assim justificar a linguagem. Conforme Brandão (1994, p. 12) A linguagem enquanto discurso não constitui um universo de signos que serve apenas como instrumento de comunicação ou suporte de pensamento; a linguagem enquanto discurso é interação, e um modo de produção social; ela não é neutra, inocente (na medida em que está engajada numa intencionalidade) e nem natural, por isso o lugar privilegiado de manifestação de ideologia. Uma vez que essas concepções de linguagem estão filiadas a correntes filosóficas mais abrangentes no âmbito educacional, enfatizam-se os métodos interacionistas de ensino da língua, de modo que a linguagem é vista como forma de ação sobre o outro e sobre o mundo. Dessa forma, a linguagem passa a ser estudada também enquanto formação ideológica, que se 5 Entendido aqui sob o ponto de vista da AD de linha Francesa. 19 manifesta como lugar de debate, conflito. Fatos do fenômeno lingüístico desvelam-se e evidenciam-se no caráter ideológico que se supunha neutro no ensino de língua. Entender o potencial e limites que a linguagem instaura, compreender que a língua condiciona não pelo que enuncia, mas pelo modo como enuncia, é compreender que as relações se estruturam como um jogo, cujas regras são determinadas e precisam ser seguidas para que se mantenha e funcione. Isso permite perceber e, em certos casos, controlar o grau de competitividade e os (possíveis) vencedores nas relações discursivas. Os textos, de modo geral, estão presentes diariamente em nossas vidas: discursos da publicidade, do jornalismo, da política, das aulas, das amizades. São textos, enfim, que veiculam idéias, debatem concepções. Em vista disso, são entendidos como mecanismos de comunicação que envolvem os agentes discursivos. Além disso, pretendem produzir efeitos de sentido, ou seja, as palavras, em sua grande maioria, transformam-se em ações. Em resumo, os textos pretendem que seus destinatários correspondam-lhes, segundo uma certa organização persuasiva da linguagem. Assim, a linguagem passa a ser pensada como um complexo desigual-contraditório de variedades lingüísticas, cujo valor se define pela posição sócio-econômica e político-cultural de seus falantes. Como elemento de mediação necessária entre o homem e sua realidade e como forma de engaja-lo na própria realidade, a linguagem é lugar de conflito, de confronto ideológico, não podendo ser estudada fora da sociedade uma vez que os processos que as constituem são histórico-sociais (BRANDÃO, 1994, loc.cit.). Feitas essas observações, é possível dizer que o desenvolvimento do domínio da língua oral e da escrita depende, dentre outros fatores, da lógica, dos conhecimentos lingüísticos, referenciais e de mundo, para o que podem concorrer as contribuições das diversas vertentes do ensino de língua. Nesse sentido, é importante acrescentar que, nas sociedades, o domínio dos interesses, grupos e classes desenvolve-se, também, pelo uso da linguagem. Aprender como a 20 linguagem funciona é defender nossos interesses, uma vez que os discursos – lidos e/ou escritos – podem esclarecer, ou não, as muitas faces da manipulação. Sendo assim, nossa linguagem, em muitas situações, apresenta-se como palco de ambigüidades, de duplos sentidos, de implícitos, por vezes até de silêncios e elipses disfarçadas de palavras. Uma linguagem mostra sua produtividade quando a usamos e a exercitamos. Ela é lugar de ação; corporifica-se na fragilidade de cada fala nossa, na ousadia de cada ato, nos nossos projetos de intervir no mundo e no construir de cada texto. Logo, podemos dizer que a linguagem é indeterminada, como refere Zandwais (1990). A linguagem é, antes de tudo, uma atividade do sujeito, uma forma de interação entre os membros de uma sociedade, que tanto podem usá-la para revelar como para esconder propósitos, pois o sentido não se pode identificar com a verdade, ou seja, não é mais possível enunciar o sentido no singular: o sentido é sempre plural – sentidos. Tem um caráter processual, é uma produção dos interlocutores e a “verdade” resulta de uma interpretação, é “perspectiva obtida” a partir de onde nos colocamos. Identificar um único sentido e fato é esquecer que existem outros lugares, outros olhares, outras verdades. Segundo a perspectiva da AD, a língua é o lugar material em que se realizam os efeitos de sentido. É por meio dela que significamos e produzimos sentidos6. Essa mesma abordagem (AD) busca destacar as relações de produção de sentido, ou seja, o modo como os efeitos de sentido são produzidos por sujeitos historicamente situados. Dessa perspectiva, não podemos entender língua simplesmente como código, mas como estrutura verbal simbólica, cujas marcas formais ganham sentido ao se realizarem em processos discursivos. 6 Para a Análise do Discurso, não existe um sentido a priori, mas um sentido que é constituído, produzido no processo de interlocução, por isso deve ser referido com relação às condições de produção (contexto históricosocial, interlocutores…) do discurso (cf. BRANDÃO, 1994). 21 2.1 LÍNGUA MATERNA E LÍNGUA ESTRANGEIRA: SEUS EFEITOS Eu amo minha língua. Mas, o que é minha língua? Ter uma língua própria como se tem o próprio quarto. Ter uma língua e que antes uma língua materna, uma língua natal. Língua da mãe, dos ancestrais, da família, língua do romance familiar? E as línguas outras, as outras línguas, a língua dos outros, o outro da língua, o outro na língua? […] hoje seria mais […] a disneylíngua. Regine Robin Num primeiro momento, teceremos breves considerações acerca das relações entre as línguas materna e estrangeira, para, dessa forma, considerarmos a questão do sujeito e seu posicionamento como aprendente de uma língua estrangeira (doravante, LE). Constantemente — em encontros de professores e até mesmo em conversas informais —, ouvimos relatos de professores em relação à aprendizagem de uma LE baseados no entendimento de que aprender/ensinar uma língua é conhecer a cultura dessa língua, que significa saber descrever os hábitos, os procedimentos de um povo. Portanto, aprender/ensinar uma LE, nesse caso, servirá para conhecer e/ou alargar as questões culturais e, por conseqüência, elevar o nível cultural do aluno. Ora, essa concepção parte do pressuposto de que a cultura de um povo se restringe à descrição de hábitos, como, por exemplo, o que comem, o que vestem, e até mesmo como se portam numa situação social. Isso é reduzir a cultura, denotando uma visão equivocada, uma vez que cultura vai além dos hábitos de um povo. Trazemos, como exemplo mais concreto, uma situação de uso/aprendizagem desse modelo de entendimento, em uma circunstância de fala entre um falante nativo e um estrangeiro. Nos ambientes de ensino formal, costumamos trazer aos nossos alunos falas fabricadas, com a pretensão de estabelecer contato entre emissor e receptor, deixando de lado a opacidade da 22 língua para alcançar somente a mensagem. Ou seja, privilegia-se a estrutura da língua em detrimento do discurso – acontecimento. E, no momento em que o aluno é abordado por outro, utilizando estrutura diferente daquela cristalizada, fica sem saber o que falar/responder, e, conseqüentemente, vê-se numa situação constrangedora, uma vez que não consegue manter uma fala. Em outras situações, a cultura mostrada aos alunos não passa da retratação de comidas típicas, datas importantes, momentos históricos e tudo o mais que objetiva uma representação ideal da cultura e da língua a ser aprendida/ensinada aos alunos. Em outras, ainda, a cultura estrangeira será objeto de comparação. É vista às vezes como cultura de prestígio, portanto, aprender/saber essa outra cultura se faz necessário. Esse modo de entender cultura é reforçado via manual didático e elementos midiáticos, cuja imagem é a reunião de que o que há de melhor está e é produzido no país em questão, e por extensão, consumido por todos os demais. Tais atitudes revelam o entendimento de alguns professores que acreditam que a aquisição de uma LE significa o acréscimo de uma outra cultura, o acréscimo de status, o acréscimo da falsa idéia de que a cultura do outro (nesse caso, a cultura norte-americana) é melhor que a sua, ou seja, o famoso clichê de que tudo que vem de fora é melhor. E assim vai se perpetuando a idéia que vem ao encontro de um fim utilitarista – cultura-mercadoria: o professor “vende” o produto (língua) e o aluno o consome. Dessa forma, e não raramente, ouvimos depoimentos de professores que, instigados pelos discursos da homogeneização, procuram o aprendiz ideal, dotado de razão e dono absoluto de seu processo de aprendizagem, negando toda e qualquer correlação com sua história. Muitos são os casos em que professores, não encontrando o perfil de aprendiz esperado, buscam acercarse de atitudes que colocam o aluno no papel de preguiçoso, desinteressado e sem aptidão para 23 línguas. Essa atitude acaba gerando desconforto no aluno, deixando-o desmotivado para aprender línguas, ao mesmo tempo em que estabelece e instaura o mito de que só aprende quem é esforçado, não levando em consideração outras variáveis que dificultam a aprendizagem de uma língua. Nesse sentido, percebemos que o ensino centrado na idéia LE/cultura/mercadoria/ aprendiz ideal não considera que uma língua é parte indissociável de nossas experiências, as quais, por sua vez, são determinadas social e culturalmente. Dessa perspectiva, vale referir Melman (apud CORACINI, 2003a, p. 144), estabelecendo a diferença entre “conhecer” e “saber” uma língua: Conhecer uma língua quer dizer ser capaz de traduzir mentalmente, a partir da língua que se sabe, a língua que se conhece. A idéia de língua, como meio de comunicação, se apresenta naturalmente aos imigrantes. Desde então não falamos mais do mesmo lugar, nos comunicamos. […] A língua que se sabe é dita “língua materna”. Ora, Melman deixa claro que conhecer uma língua é falar de outro lugar. Problematizemos esse outro lugar. Quando buscamos palavras para dizer nossas angústias, e/ou medos, quando buscamos intensificar/significar uma determinada situação, muitas vezes não encontramos expressões em nossa língua que poderiam fazer a conexão entre o nosso desejo de ser singular e a possibilidade de provocar uma quebra no sentido já dado; autorizamo-nos, então, a trazer expressões de outra língua, as quais não nos causam nenhum estranhamento, embora não constituam o repertório de nossa língua materna. Dito de outro modo, os valores atribuídos a tais expressões são diferentes. É como se estivéssemos autorizados a escorregar, a deslizar em fronteiras conhecidas, mas sem carregar o peso do sentido já dado, sem sentir o desconforto que esse mesmo conhecido provocaria. Assim, como postula Melman, temos a vontade de significar, de falar de outro lugar, que queremos seja nosso, mas que não é – por conseqüência, apenas nos comunicamos. Coracini (2003a, p. 157) diz: Fica claro, então, que se inscrever numa língua estrangeira significa, sempre e inevitavelmente, provocar confrontos, portadores de conflitos, entre as formações discursivas fundamentais, melhor dizendo, entre os modos de significação introjetados 24 no sujeito, próprios à primeira língua, impregnados, naturalmente, por maneiras próprias de pensar e ver o mundo (aspectos ideológicos), e as formações discursivas ou os modos de significação da segunda língua. Parece-nos, então, coerente a possibilidade de intervenção na própria língua, já que, através dela, ultrapassamos nossos limites. Mas, por outro lado, carregamos o peso do sentido já dado, o que nos torna estrangeiros não do diferente que se apresenta como normal, mas na angústia da possibilidade de não mais nos reconhecermos no conhecido, o que configura um confronto. Numa sociedade onde as informações são cada vez mais rápidas e mediadas pela linguagem, é urgente refletir sobre a produção e a circulação dos sentidos. Assim, o sujeito que enuncia e ocupa aí um lugar reconhece que as relações entre as estruturas da língua e os valores de uma sociedade estão interligados, o que contribui significativamente para que os jogos de saber (que sustentam e legitimam o poder) se reativem e se movimentem, mantendo a “língua” (embora sempre expressando tensão x mudança) e provocando a permanência das posições. Nesse sentido, essa prática nos leva a pensar que olhar para o “mesmo” é embrenhar-se em recursos (leituras) que explodem na mesma direção, mas que também atingem lugares difusos e inesperados. Isso é o que traz a percepção da busca da identidade. Quando aprendemos uma LE, colocamos em cena toda uma relação com o saber, nossa relação com os outros, com o mundo e principalmente com o eu que tem o já-dito, ou seja, como este eu se insere na própria cultura, como a entende, e as imagens que tem sobre atitudes e comportamentos, o desejo e a necessidade de aprender ou não uma LE. Importante salientar que “a língua estrangeira é, por definição, uma segunda língua, aprendida depois e tendo como referência uma primeira língua, aquela da primeira infância” (REVUZ, 1998, p. 215). Embora possamos aceitar e até afirmar que é necessário aprender/saber uma LE – e muitas vozes são representativas dessa necessidade, seja através da mídia, dos livros, do professor, e não raras vezes estereotipadas, contribuindo significativamente para o desejo de 25 pertencer a um dado grupo –, nem sempre encontraremos sujeitos desejosos de se identificar (de maneira positiva ou negativa) com outra língua e com todas as implicações que isso requer. Segundo Coracini (2003a, p. 198), O contato com outras línguas e, portanto, com outras culturas favorece a percepção do estrangeiro que nos habita7 […], pois esse contato provoca o retorno sobre si mesmo, sobre sua própria cultura, criando, assim, um espaço para o questionamento da univocidade e da heterogeneidade aparentes e ilusórias que caracterizam todo discurso e com maior razão ainda o discurso de sala de aula. É corrente a crença de que a aprendizagem de uma LE se pauta pelo limitado exercício de transmitir conhecimento sobre a língua e, subjacente a isso, reside a noção de um bom aprendiz – aquele que vai aprender rápido, dependendo de metodologias, de aptidão e vontade, procurando manter uma relação instrumental ou mesmo utilitarista da língua. Ainda que compreendamos/aceitemos essa relação utilitarista, a língua não é um instrumento, ela “é objeto de conhecimento intelectual, a língua é também objeto de uma prática. Essa prática é, ela própria, complexa” (REVUZ, 1998, p. 216). À medida que fazemos uso de outra língua que não a nossa, essa língua será entendida como objeto de prática – atuação, posicionamento social-histórico como usuário dessa língua – e complexa – ajustamos saberes anteriores e inscrevemo-nos nessa nova língua com todas as suas nuances (heterogeneidade subjetiva), sem perder de vista que esses saberes anteriores interferem na abordagem dessa LE e, portanto, a posição como sujeito dessa prática também será afetada. Sempre que desenvolvemos a aprendizagem de uma LE – venha a ser essa aprendizagem bem ou mal sucedida –, ela nos dá a possibilidade e a descoberta de que nossas manifestações lingüísticas, que marcam o jogo complexo de nossa língua anterior (qualquer língua), e as formulações discursivas (a partir do interdiscurso) que nos são solicitadas nos desarticulam, permitindo-nos perceber que não somos fonte nem origem daquilo que enunciamos. 26 Ocorre que o eu não existe sozinho; encontramo-nos em um grupo e pertencemos a, fazemos parte desse grupo. Somos, portanto, socialmente marcados pela linguagem, e, em específico, a linguagem/língua desse grupo. Essas relações que nos são solicitadas movimentam todo nosso conhecimento e nossa postura diante daquilo que somos e pensamos a respeito de nós mesmos e do mundo. Assim, nossos discursos já vêm marcados, cindidos, porque alguém já falou antes de nós. Dessa forma, já trazemos/temos uma relação, uma história com essa língua (primeira língua), e é a partir dela que continuaremos fazendo relações com outra(s) língua(s). Fica claro, diante disso, que a aprendizagem é determinada muito mais pelo modo de ver e de viver dos sujeitos, do que por certas metodologias e normas. Nessa perspectiva, como é possível continuar pensando que a aprendizagem de uma LE depende apenas de bons aprendizes e boas metodologias? Para melhor esclarecer essa idéia, Coracini (2003a, p. 153) afirma que A questão é compreender que a inscrição do sujeito numa língua estrangeira será portadora de novas vozes, novos confrontos, novos questionamentos, alterando, inevitavelmente, a constituição da subjetividade, modificando o sujeito, trazendo-lhe novas identificações, sem que, evidentemente, ocorra o apagamento da discursividade da língua materna que o constitui. E continua: É preciso, portanto, compreender que a língua estrangeira não é um sistema vazio de sentido: ela traz consigo, à revelia do aprendiz, uma carga ideológica que o coloca em conflito permanente com a ideologia da língua materna, o que é explicitado pela maneira diferente de configurar as cores, os objetos, os fatos, o sistema dos tempos verbais (CORACINI, 2003a, loc. cit.). Isso corrobora a idéia defendida por Revuz (1998, p. 215): “A novidade […] não está no encontro com o fenômeno lingüístico como tal, mas nas modalidades desse encontro”; e ela prossegue dizendo que “[…] toda tentativa de aprender uma outra língua vem perturbar, questionar, modificar aquilo que está inscrito em nós como as palavras dessa primeira língua”. Seguindo esse ponto de vista – língua já-dita, saberes já construídos/construção –, é lícito afirmar que essa outra língua vai suscitar deslocamentos, sim, em especial se levarmos em consideração que o sujeito-aprendiz é marcado no e pelo funcionamento discursivo, atravessado pela 7 A idéia de estrangeiro, aqui, é tomada de Kristeva (1988), na obra Estrangeiros para nós mesmos. 27 interdiscursividade, e que, portanto, se defronta com outros modos de significar. Esse novo modo de significar vai provocar rupturas, estranhamento, desestabilização. Em outras palavras, o conflito e a incompletude. É preciso, então, considerar que a posição a ser tomada diante dessas novas formas de significar implica avaliar, no processo de aprendizagem de LE, as condições de produção do discurso e todos seus efeitos. “Os estudos que não consideram as condições de produção do discurso não se dão conta de que os conhecimentos não são partilhados pelos agentes do discurso mas sim que esses conhecimentos são socialmente distribuídos” (ORLANDI, 1996, p. 138) [grifos do original]. Nesse sentido, podemos dizer que o sujeito-aprendiz “aprende” uma língua, mas nem sempre significa essa aprendizagem. Cabe aqui reiterar o caso da cultura como compreensão de hábitos. Saber citar comidas típicas e atitudes comportamentais de outra língua não significa, necessariamente, compreender a diversidade que decorre dos modos de ser e estar num determinado espaço social-geográfico. Assim como a língua, o aprendiz não possui uma única cultura, um único ponto de referência. Ele é um todo constitutivo de valores, crenças. O que ele diz e ouve tem relação com as condições de produção de seu discurso, com a dinâmica de interação que estabelece na ordem social em que ele vive, com as mudanças e transformações que a língua e a cultura suscitam. Na verdade, saber/aprender uma língua é a possibilidade de significar – e aprender uma LE é também significar, nessa outra língua, um conjunto de valores e crenças, o que implica aceitar e compreender esse conjunto. Entendemos que daí possam surgir certas inquietações, pressupostos necessários para que transformações e deslocamentos que são permeados justamente pelas diferenças possam aparecer. Em outras palavras, significar uma língua é construir novas relações e compreender que essas relações podem e se formam através das forças discursivas entre interlocutores. 28 aprender a falar uma língua estrangeira é, efetivamente, utilizar uma língua estranha na qual as palavras são apenas muito particularmente “contaminadas” pelos valores da língua materna na medida, precisamente, em que não há correspondência termo a termo (REVUZ, 1998, p. 224) [aspas do original]. Daí a aproximação da perspectiva defendida pela AD, que, considera que o sentido (ou a significação) é tomado como requisito básico e só haverá compreensão se for tomado em conjunto e em relação a alguma outra coisa. Dito de outra forma, o sentido não se representa apenas no sujeito, mas na relação que ele mantém com um interlocutor determinado, com finalidades específicas. Partindo dessas observações, traremos outros pontos de discussão, na tentativa de compreender melhor a aprendizagem e alguns dos fatores que são vistos como obstáculos para a aprendizagem de LE, em especial em Inglês Instrumental. 2.2 PERCURSO DO INGLÊS INSTRUMENTAL COMO DISCIPLINA ACADÊMICA Esta seção traz algumas informações sobre o modelo de ensino-aprendizagem ESP – English for Specific Purposes –, centrado em objetivos definidos e específicos. Assim, procuramos explicitar aqui a origem e o objetivo primeiro desse modelo. Conforme John Holmes (1983, p. 1), An ESP reading programme with a methodology originally centered around the teaching of reading strategies in a “communicative/functional” context. The type of course under discussion aims to enable students to read the literature of their specialism in English; it assumes a certain level of background knowledge of the subject but little previous experience in English. This is the situation, most generally encountered in Brazilian Federal Universities8. O caso é que 8 A metodologia do programa de ESP está centrada originalmente na leitura e no ensino de estratégias de leitura em um contexto “comunicativo/funcional”. O objetivo do curso em discussão é possibilitar aos estudantes a leitura de textos de sua área de especialidade em inglês; isso pressupõe um certo nível de conhecimento já adquirido na sua área de atuação, mas pouco conhecimento em inglês. Essa é a situação encontrada na maioria das Universidades Federais Brasileiras [Tradução nossa]. 29 Na denominação English for Specific Purposes, a palavra purpose, finalidade, parece ser o termo crucial, indicando que esse tipo de ensino se concentra nos objetivos que procuramos alcançar. Significa que os diferentes fins para os quais o aluno necessita de inglês podem ser mais facilmente percebidos e definidos, possibilitando, assim, uma visão das diferentes habilidades que serão necessárias à consecução daqueles fins. Possibilita, também, uma concentração de esforços no sentido de se encontrarem maneiras para que o aluno desenvolva aquelas habilidades de modo particular. (CELANI, apud MUNHOZ, 2000, s.p.) Inglês para fins específicos (doravante ESP) não é um termo atual, nem nova a sua metodologia. O ensino de uma língua estrangeira nesses moldes, ou seja, tratada como uma habilidade específica a ser enfatizada, data dos anos 70, e tem como objetivo principal capacitar o leitor, num período relativamente curto, a ler e compreender o essencial para o desempenho de determinada atividade. De acordo com Décio Torres Cruz (2001, p. 12), O Inglês Instrumental surgiu no final da década de 70 a partir da demanda feita aos departamentos de Letras Germânicas ou de línguas modernas por cursos de inglês especializados para vários departamentos de ciências pura e aplicada. Originalmente, o Inglês Instrumental foi concebido e conhecido internacionalmente como ESP (English for Specific Purposes, ou seja, “Inglês para Propósitos Específicos”): a finalidade da leitura era direcionada para as diferentes áreas de atuação do aluno, e era geralmente voltada para ciência e tecnologia. Em algumas universidades, essa disciplina era oferecida como Inglês Técnico. O objetivo era a leitura, interpretação e compreensão de textos e não a conversação ou tradução integral dos textos estudados. [aspas do original] Com o passar do tempo, a técnica ESP passou a ser denominada Inglês Instrumental e adquiriu um enfoque mais geral naquilo que se refere à escolha dos textos por área específica. Vem sendo utilizada não só em universidades, mas também em escolas técnicas, e em cursos preparatórios para candidatos aos cursos de Mestrado e Doutorado. Assim, como inglês específico, objetiva habilitar o aluno para determinada atividade voltada a sua necessidade. O arcabouço metodológico no qual o ensino de Inglês Instrumental está fundamentado, no Brasil, é resultado de mais de vinte anos de pesquisas do Conselho Britânico com o apoio do MEC e colaboração de lingüistas ingleses e brasileiros, principalmente da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUCSP. A metodologia instrumental leva o aluno a descobrir suas necessidades acadêmicas e profissionais dentro de um contexto autêntico, oriundo do mundo real. Portanto, o curso típico de Inglês Instrumental é elaborado a partir do levantamento de situações em que o conhecimento específico da língua inglesa permite ao aluno 30 desempenhar melhor uma função lingüística específica. O Inglês Instrumental, assim, está centrado na leitura e na busca do domínio das habilidades, embora voltado, na maioria das situações, para fatos isolados, que pedem decodificação mecânica de palavras e trabalham com a memorização pela repetição. Nessa perspectiva, o aprendiz permanece desempenhando um papel passivo, de receptor de conhecimentos provenientes de fontes externas. Nesse sentido, destacam-se os estudos centrados na aquisição e no processamento de leitura, na teoria de esquemas e nas estratégias de leitura para o uso instrumental da língua. Parafraseando Souza e Bastos9, as abordagens de ensino de leitura no contexto do Inglês Instrumental, em geral, tendem a centrarse no ensino de estratégias como o meio mais eficiente de formar leitores independentes e aptos a negociar sentidos. Assim, há o abandono de outros aspectos da língua como meio de compensar o leitor, mesmo que ele não seja proficiente na língua estrangeira alvo. E, através do uso de estratégias variadas e conhecimento prévio, passa a ler de forma a ser considerada satisfatória: “Reading comprehension is a link between previous and present Knowledge that may only be altered by the reader in trying to construct the full meaning of a text”10. Sabendo que o acadêmico brasileiro tem necessidade de ler textos em inglês, percebemos que seu conhecimento desse idioma geralmente é deficiente. Para os acadêmicos que têm como objetivo preparar-se para o mercado de trabalho ou para estudos mais avançados, saber ler em inglês ajuda muito em seu conhecimento acadêmico, profissional e, conseqüentemente, pessoal. Porém, um importante aspecto precisa ser apontado: o acadêmico geralmente busca essa leitura por necessidade, não por prazer, e sua leitura está baseada 9 Disponível on-line em <http://lael.pucsp.br/especialist/22_2_2003>. Acesso em 24 abr. 2003. 10 A compreensão em leitura passa a ser um link entre o conhecimento anterior e o atual que só pode ser alterado pelo leitor para a construção do sentido total de um texto [Tradução nossa]. 31 inicialmente na tentativa de alcançar alguns propósitos. Segundo Jordan11, tais propósitos podem ser: a obtenção de informações, como fatos e dados; o entendimento de idéias e teorias; a percepção de pontos de vista e argumentos do autor do texto em situação de leitura, ou seja, tudo aquilo que o auxilia, via leitura, tanto na obtenção de informações na sua área de interesse, quanto na escrita de seus próprios artigos. Para tanto, surge aí a necessidade de aplicar/usar estratégias de leitura, quais sejam: skiming, scanning, inference, flexibility (respectivamente: ler às pressas; exploração de pontos detalhados; leitura rápida para ter-se uma idéia central do texto; leitura com o objetivo de encontrar algumas informações específicas no texto; inferência; flexibilidade) e outras. Assim, ao leitor, em sua leitura de texto, cabe buscar respostas para seus propósitos e descobrir sentidos previamente definidos. No Inglês Instrumental, lerá melhor quem mais se aproximar dos sentidos previamente definidos, ou seja, sentidos que já se atribuíram ao texto. Parece lícito apontar a idéia de que não se trata de o leitor construir sentidos do texto a partir das pistas que este lhe fornece associadas à experiência vivida por ele mesmo, mas sim de o leitor “redescobrir” a leitura desejada, num exercício de adivinhações que não mobiliza a história da vida do leitor (que inclui também outras leituras), mas mobiliza apenas sua experiência escolar, que sempre lhe disse que deve “aproximar-se” do já dado para melhor responder ao que lhe é solicitado. Fica evidente que ao leitor são dadas certas opções. Dependendo do seu objetivo primeiro (ler para descobrir ou localizar informações), ele pode usar determinadas estratégias. Porém, para que tal objetivo – ou parte dele – se consolide, outros fatores importantes se fazem presentes: a necessidade de adquirir um conhecimento lexical básico (a articulação dos aspectos lexicais e semânticos fazem diferença), de ter um conhecimento prévio acerca da sintaxe, de perceber o contexto social e o situacional. Enfim, se faz imprescindível associar várias ordens do 11 JORDAN. Apud CORONEL; TAPIA DE LIENDO; DIAZ. Disponível on-line em <http://lael.pucsp.br/ especialist/23_2_2002>. Acesso em 24 abr 2003. 32 saber a esse processo. Segundo Cruz (2001, p. 12), os pesquisadores de leitura acreditam que o significado não está nas palavras na página: “O leitor constrói significados, fazendo inferências e interpretações. […]. A essência da aprendizagem constitui-se em ligar novas informações ao conhecimento prévio sobre o tópico, a estrutura ou o gênero textual e as estratégias de aprendizagem”. Se a construção de sentidos depende dessas várias ordens do saber, da habilidade do leitor de pensar, compreender e assimilar informações novas que lhe são apresentadas, a leitura, então, requer envolvimento para que o leitor chegue a perceber sentidos outros. Dessa maneira, o leitor não pode ser passivo, ele precisa ser um usuário competente das estratégias e cognitivamente um bom aprendiz – precisa interagir com o texto e o contexto. Por outro lado, quando o aluno escolhe estudar inglês, talvez ele o esteja fazendo apenas por uma imposição do mercado de trabalho. Nesse caso, trata-se de uma motivação instrumental, mas isso não o impede de reconhecer nessa língua uma ideologia, pois “nenhum conhecimento, nenhuma língua e nenhuma pedagogia é neutra ou apolítica” (PENNYCOOK, 1994, p. 301). O ensino de línguas estrangeiras tem sido historicamente marcado por dicotomias, que abrem e fecham inúmeros ciclos, nos mais diferentes recortes. E, de lá para cá, muito temos percorrido no que diz respeito ao ensino da língua estrangeira, em especial no que tange ao processo de leitura, e não é mais possível pensar a leitura como ato apenas de decodificação. É preciso vê-la como um espaço no qual interlocutores se preocupam com os discursos que circulam de modo particular e em como eles os afetam em situações específicas, o que certamente resulta em efeitos de sentido. 33 2.3 INGLÊS: ENTRE A LIBERDADE E A POSSIBILIDADE Angustiado pela necessidade de se fazer profissional de sucesso, o acadêmico busca melhorar seu presente e modificar seu futuro, e procura, nesse contexto, alternativas como as apresentadas pelos cursos universitários, que, em face do mundo globalizado, oferece cursos de formação de “competência técnica” e profissionalizante, o que ao acadêmico soa como possibilidade de um futuro, se não brilhante, no mínimo condizente com o que o mercado procura: profissional especializado, atualizado, que domine ao menos uma língua estrangeira – preferencialmente o inglês. Nesse sentido, o acadêmico que anseia por excelência em sua formação, com o objetivo de conseguir um bom emprego, espera encontrar, na universidade, espaço para desenvolver uma competência técnica: a habilidade de ler e escrever em inglês. Como veículo de comunicação internacional e de informação acerca do mundo, o inglês é a língua de muitas publicações periódicas especializadas e de livros disponíveis no mercado apenas em sua forma original é, portanto, a língua que levará o aluno à fonte das informações. Indica Pennycook (1994, 1995), nas palavras de Cox & Assis Peterson, que a expansão do inglês no mundo, mais que mera expansão de uma língua, é a expansão de um conjunto de discursos, os quais circulam idéias de desenvolvimento, democracia e modernização. Paradoxalmente, na medida em que o acadêmico busca deixar de ser um simples trabalhador, na ilusão de fazer parte da elite cultural, na busca incessante de um lugar ao sol nessa nova ordem, a leitura de textos puramente técnicos, ou melhor, textos lidos com o simples objetivo de buscar informações localizadas, acaba por perpetuar o que tanto se discute: a leitura precisa deixar de ser inócua e ingênua e sem questionamentos por parte do leitor, para se tornar fios que, tramados/construídos diferentemente, poderão fazer a mudança. Em outras palavras, à medida que o leitor se debruça sobre o texto, lança-lhe questionamentos e com ele dialoga, modifica sua história, altera seu ponto de vista e, conseqüentemente, melhora seu presente e muda seu futuro. 34 Freqüentemente, o que vemos não são sujeitos que, querendo modificar sua história, vão em busca de textos e, cheios de perguntas próprias, procuram fazer sua própria história. O que vemos são leitores em busca de informações; leitores que aprenderam somente a retirar do texto informações que são consideradas essenciais por algum currículo ou programa, cujas propostas de leitura e compreensão de textos se apresentam como um jogo de regras que se repetem, que seguem um modelo mecanicista, tradicional, ou seja, caracterizados por transmissão de informações. Nesse caso, caberia ao aluno/acadêmico ouvir e guardar dados para depois devolvê-los nas avaliações que retratam o seu conhecimento e lhe permitem passar de um plano para outro. Dessa perspectiva, o ensino da Língua Inglesa e, mais precisamente, do Inglês Instrumental, mostra-se normativo e estático, ao lançar mão de estratégias que fazem repetir mecanicamente o próprio texto, que nada alteram. O que importa, nesse caso, é que haja emissão, transmissão e recepção. A comunicação acontece de forma automatizada, sem agregar sentidos. Esse ensino tende a tornar a língua reduzida – mero subsídio para tornar os cursos técnicos efetivamente capazes de atenderem às necessidades curriculares, o que não é necessariamente indesejável – já que se voltam às necessidades do programa. Porém, é indubitavelmente insuficiente. Assim tem sido até então: buscar a repetição formal, a “competência técnica”, a língua para aprender. Em aulas de língua estrangeira, geralmente, testes são utilizados como instrumento para avaliar o processo educacional. Esse fato vem sendo discutido por pesquisadores que entendem que julgar a proficiência dos leitores simplesmente através de testes só é possível na visão tradicional logocêntrica de linguagem, numa perspectiva de leitura em que há apenas uma verdade – a do professor, guiado pelo manual – e em que o significado das palavras é monossêmico. Isso supõe que seja aceito “apenas aquele que o professor prestigia e o aluno tenta 35 adivinhar de modo a poder repetir para ter sucesso” (LOPES, apud NUNES, 2000, p. 104). Entretanto, para tecer os fios e modificar a história, é preciso, sobretudo, trabalhar a língua para viver, no sentido de que o sujeito processa o acontecimento da língua nele mesmo – e não a língua como mero instrumento utilitário. Sendo assim, essa visão de leitura mecanicista pode ser substituída pela visão de leitura como recurso para pensar outros olhares, para promover rupturas capazes de levar ao possível redirecionamento no processo de formação de leitores/cidadãos, cujo embasamento teórico abarque noções relevantes para a análise do discurso. Queremos falar da possibilidade de olhar para a leitura em língua inglesa do ponto de vista de uma aprendizagem ativa e consciente – ou de instrumento capaz de questionar a realidade que circunda o leitor. Sendo assim, podemos pensar o ensino do Inglês de duas maneiras, a saber: como língua para aprender e como língua para viver. A primeira delas estaria mais voltada para um trabalho socialmente produtivo, canalizando-a para o consumo, para a competitividade mercadológica, para o comportamento social globalizado; a segunda enfocaria a apreciação pelos feitos humanos nos campos intelectual e social, o desenvolvimento da cidadania, a reconstrução social. Pretendemos refletir, nesse momento, sobre a primeira delas – voltada para um trabalho que canaliza a língua para o consumo, para a competitividade mercadológica: o Inglês Instrumental. Emerge daí a compreensão de que a abordagem metodológica possibilita ao acadêmico utilizar a língua para resolver suas necessidades acadêmicas e profissionais centrados em seus interesses. Assim, o curso típico de Inglês Instrumental é pensado a partir das necessidades do acadêmico, e este vai poder melhor responder a aspectos lingüísticos em situações específicas da língua. Essa forma de ler textos em inglês envolve estratégias tais como: fazer previsões do 36 conteúdo do texto a partir da análise de títulos, gráficos e ilustrações e do acionamento do conhecimento de mundo e conhecimento isolado de cada palavra ou vocábulo desconhecido. Vale referir que geralmente essa abordagem instrumental só aborda uma habilidade da língua, ou seja, uma leitura que transmite informações sobre determinado assunto e que prepara o aluno mais especificamente para a competitividade do mercado. Nesse sentido, podemos constatar que essa abordagem propõe a univocidade, pois ela parece pressupor/manter a concepção de sujeito positivista e racional, buscando a homogeneização, e apagando a emergência da heterogeneidade. Por outro lado, é imprescindível que ao aluno se proponham situações para que ele construa os possíveis sentidos para um texto. Para contribuir nessa reflexão, trazemos Silva (1997, p. 75): A experiência de leitura […] parece exigir mais criticidade por parte de quem a executa. Ao invés de nos “chegar como uma visita”, a fruição de uma obra literária, cientifica ou informativa é função de uma busca de novos significados, é função de uma vontade consciente em conhecer outras possibilidades de existir. Assim, partindo do pressuposto de que o sujeito se constitui como tal na e pela linguagem, através de um processo dialógico, há que se pensar um outro modo de olhar/conceber a leitura no ensino de línguas, ou seja, como uma das linguagens que influenciam no processo constitutivo do sujeito. Com base em Almeida Filho (1998), diga-se ainda que LEM (Língua Estrangeira Moderna) é também um conceito complexo que pode significar a língua dos outros ou de outros, a língua dos estranhos, dos antepassados, dos dominadores, dos surdos-mudos; enfim, LEM pode ser entendida como uma língua que também constrói seu aprendiz na medida em que este a utiliza como reflexo de valores específicos do grupo social em que ela deve ser aprendida para e na comunicação. Importantes também para que aconteça uma aprendizagem em que de fato ocorram mudanças são as alterações – e não só de materiais didáticos e mobiliários, ou de compreensão e aplicação de técnicas, novas teorias e verbalizações. 37 Segundo Leffa12, Quando se estuda uma língua multinacional, tem-se geralmente uma motivação instrumental, onde não cabe mais a idéia tradicional do ensino de línguas estrangeiras baseado na noção de uma língua, de uma cultura […] há a necessidade de uma mudança de prioridades no ensino de línguas estrangeiras. A ausência de consciência da linguagem tem sérias repercussões para o planejamento de curso, produção de materiais e conduta de aula do professor, que precisam ser mais bem estudados. Assim, dialogar e interagir com questões de ensino-aprendizagem é sempre uma possibilidade de intervir nesse processo, contribuindo, de certa forma, para a melhoria desse trajeto. Independentemente da posição ou referencial teórico por que o pesquisador opte ou para o qual direcione seu campo de visão, sempre há uma grande probabilidade de ir e vir, concordar ou discordar, mesclar e, mais do que isso, transgredir a proposta escolhida para, em princípio, aplicar. Nessa perspectiva, afirma Holmes13: “One of the most urgent needs is to work out a common methodology within which the preparation and interchange of materials can take place in a country where vast differences between regions as well as distance tend to emphasizes the dissimilarities”14. Assim, cabe a reflexão: como abordar a leitura em língua estrangeira, levando em consideração situações que envolvam tanto a idéia de língua como consumo, quanto a idéia de língua como reflexão? Refletir essa dualidade significa considerar que o estudo de inglês instrumental pode ser valioso tanto para introduzir valores e conhecimentos que a sociedade considera necessários, como para acelerar o conflito causado pelo autoritarismo homogeneizador, que prefere ignorar as diferenças e limitar possibilidades de trocas. Na tentativa de acelerar as trocas e enfatizar as 12 Disponível on-line em <http://www.leffa.pro.br/formacao.htm>. Acesso em 12 mar 2004. 13 Disponível on-line em <http://lael.pucsp.br/lael/cepril/workingpapers/wp08.PDF>. Acesso em 15 jun 2004. 14 Uma das necessidades mais urgentes é a de desenvolver um método comum em que a preparação e mudança de material possam ser adotadas num país onde diferenças enormes entre regiões tanto quanto a distância tendem a acentuar as dessemelhanças [Tradução nossa]. 38 diferenças, propomo-nos a discutir uma possibilidade: a leitura como desejo de diferenciação. 2.4 LEITURA: O DESEJO DA DIFERENCIAÇÃO Partimos do pressuposto de que ler, e ler textos em língua estrangeira, tem uma constituição histórica no discurso. A interpretação de textos numa língua outra não pode ser pensada independentemente da discursividade que a constitui (e que diz respeito à cultura na qual ela se formou). Nesse sentido, a visão de leitura tem sofrido inúmeras mudanças, em especial na última década do século XX. Leitura pressupõe busca de informação, interpretação e compreensão. Por isso, é entendida, aqui, como processo de produção de sentido em relação ao texto escrito, que depende de – ou utiliza – as várias ordens do saber do leitor e do escritor: conhecimento prévio de mundo, conhecimentos semântico, sintático, lexical, textual e discursivo. Abordar a leitura em língua estrangeira como processo discursivo significa romper com a forma pela qual o ato de ler é tradicionalmente concebido: referir-se ao jogo discursivo representa uma ruptura em relação ao ato de ler como interação leitor/autor via texto. O sujeito não tem clareza sobre os sentidos que ele produz, uma vez que é na historicidade do interdiscurso (memória discursiva) que os sentidos se constituem, ou seja, o texto não é detentor de um significado intrínseco e necessário – é o sujeito que pode conferir materialidade lingüística ao texto. Coracini (1995, p. 17) assim enfatiza a condição de sujeito do leitor, “não na acepção idealista de indivíduo, uno, coerente […] mas enquanto participante de uma determinada formação discursiva, sujeito clivado, heterogêneo”. A leitura, nesse aspecto, será vista não apenas como uma atividade mental, usando a 39 interação das fontes de conhecimento que temos na memória, mas como atividade social, com ênfase na presença do outro. Esse outro pode ser o colega com quem se troca idéias, o professor, os textos. Enfim, ler deixa de ser uma atividade puramente individual para ser comportamento social, admitindo-se que o sentido não está nem no texto, nem no leitor, nem somente nas convenções de interação social, mas resulta de um jogo complexo entre essas instâncias. Sem o domínio das práticas sociais em que está inserido, o sujeito não fará da leitura um instrumento passível de romper com um sentido pretensamente “determinado”, fixo. A escola/universidade, não poucas vezes, trabalha no sentido de abafar as diferentes vozes que constituem o sujeito, tornando-o mero “repetidor” da voz do livro didático ou do professor, seguidor de esquemas e modelos, cujo objetivo parece ser o de dar consciência de um processo que também é construído a partir de generalizações e de modelos ideais do “bom leitor” (CORACINI, 1997, p. 163). Em geral, os livros didáticos propõem trabalhar com textos, mas os usam como pretexto. Mudanças em relação às abordagens textuais e ao livro didático se fazem necessárias. Kleiman (apud SIGNORINI, 1998, p. 281) argumenta: o contexto de ensino e aprendizagem é um contexto em que as interpretações socioculturais podem ser produzidas de forma nova e criativa, nas interações. Mesmo quando a interação está determinada por regras institucionais, a criatividade e a espontaneidade na “produção local de significados sociais” (Fairclough, 1992) seriam possíveis e desejáveis [aspas do original]. Percebemos a significação prática da língua estrangeira: não a memorização de regras, mas a sua busca e aplicação, levando em conta sempre o contexto de uso, a necessidade de busca da idéia de conjunto, não do detalhe da sentença. Geralmente, no entanto, as atividades propostas não permitem o envolvimento do aprendiz de forma a questionar a língua enquanto discurso, e os textos somente são usados como pretexto para o estudo da gramática, do vocabulário ou de outro aspecto qualquer da linguagem que o manual traz, e o professor legitima. Nesse sentido, vale transcrever, aqui, as reflexões de Coracini (2002a, p. 29-30): 40 tem-se o uso quase que exclusivo do livro didático como material, conteúdo a ser consumido, e metodologia a ser seguida em sala de aula. O que torna ainda mais complexo o jogo de ilusões é o fato de que o professor empresta seu corpo, sua voz ao livro didático, de modo a dar a impressão ao seu interlocutor de fidelidade total, objetividade e isenção. Objetividade e isenção que parece também pressupor no livro didático. Esquece-se, então, de que o que diz resulta de um processo de interpretação que sempre ocorre a partir da sua formação discursiva. Além disso, outros encaminhamentos utilizados para o trabalho da leitura permitem pouquíssima reflexão para o real cotidiano do aluno: “Ao aluno-leitor, cerceado ainda mais pela dificuldade da língua, cabe inferir, e, muitas vezes, apenas reconhecer o significado que subjaz às formas lingüísticas. Como se fosse possível ao sujeito significar fora de seu contexto sóciohistórico-ideológico…” (CORACINI, 2002a, loc. cit.). Do mesmo modo, a fragmentação se inscreve em alguns destes livros didáticos – compostos por trechos curtos, lições desligadas umas das outras, atendendo a um item gramatical, temas desvinculados de interesses do aluno. São situações que não permitem considerar outras vozes, além de aumentarem as dificuldades quanto a uma análise crítica da sociedade, inibindo a busca da emancipação e da transformação. Na perspectiva de Coracini (2002a, p. 32), Caberia ao professor […] permitir que se questionem as verdades que parecem “naturais”, inquestionáveis; que se desmistifique o estrangeiro, mostrando as diferenças culturais que asseguram a identidade brasileira, ao invés de anulá-la. […] colaborar com o aluno para que ele tenha a possibilidade de se auto-observar (na medida do possível) e se posicionar criticamente no mundo. Pensar em “verdades” nos remete ao desenvolvimento da “consciência crítica”, que, por sua vez, deve implicar a percepção dos aspectos desenvolvidos na leitura de textos em aula. É imprescindível que o aluno seja estimulado a perceber nos textos os implícitos e subentendidos, as marcas discursivas. Em uma leitura de texto em Inglês Instrumental, os alunos, instigados pelas estratégias de leitura, tendem principalmente a se apoiar nas palavras conhecidas (cognatas ou assimiladas), na tentativa de compreensão do texto, como se o sentido já estivesse no texto pronto, bastando ao leitor competente apenas resgatá-lo. Nas palavras de Grigoletto (2002, p. 86), “O texto seria um conjunto de palavras, algumas conhecidas, outras desconhecidas 41 (sobretudo por se tratar de língua estrangeira) que, no ato da leitura, vão sendo justapostas pelo leitor em uma somatória que resultaria na recuperação do sentido do texto”. Em função dessa visão e prática – texto como aglomerado de palavras que contêm em si todo o significado –, surge a noção de que a tarefa do aluno é ligar as palavras umas às outras e traduzi-las, para chegar à totalidade do sentido. Ora, o trabalho com leitura na escola/universidade deve proporcionar ao aluno a possibilidade de falar consigo mesmo, com os outros, retornar ao texto e, a partir desse diálogo, confrontar idéias e construir novos conhecimentos; deve proporcionar um envolvimento com a produção de significados, de modo que o aluno possa constituir uma nova trama a partir das já existentes e, então, assumir uma autoria. Porém, isso só será possível na medida em que posicionamentos adequados em relação a estratégias e metodologias forem considerados. Precisamos redimensionar nossas concepções de leitura, discurso e língua/linguagem, pois, se quisermos situar a leitura como lugar de produção de sentidos, temos que levar em consideração o fato de que, ao agirem na construção de significados, leitores e escritores estão posicionados social, política e historicamente. Para ilustrar tal afirmação, trazemos Coracini (2002b, p. 15): Há uma outra concepção de leitura que se encontra na interface entre a análise do discurso e a desconstrução, que considera o ato de ler como um processo discursivo no qual se inserem os sujeitos produtores de sentido – o autor e o leitor –, ambos sóciohistoricamente determinados e ideologicamente constituídos. Assim, é o momento histórico-social que “determina” o comportamento, as atitudes, a linguagem e a própria configuração do sentido. Ler, nessa perspectiva, significa explorar como se constrói o sentido de um texto e como ele se articula com a história e a sociedade que o produziu. E a AD fornece elementos para o ensino da leitura em que o professor, como sujeito mediador da relação do aluno/leitor com o texto e seu autor, vai estimulando-o a produzir sentidos, a descobrir as marcas lingüísticas e ideológicas de variadas modalidades textuais. O argumento aqui é, portanto, que a leitura é algo dinâmico, em mudança constante, à medida que 42 autor, leitor e contexto interagem, pois leva em consideração que cada caminho seguido por cada leitor ao longo dos diferentes percursos compõe diferentes leituras (interdiscurso/memória discursiva). O texto, em outras palavras, é construído não só pelo autor ao produzi-lo, mas também pelo leitor ao lê-lo. Na esteira dessas reflexões, trazemos Derrida (1973), o qual entende que os sentidos não estão dados, fechados em si mesmos. Ele afirma que se um texto é colocado no papel e lido por outra pessoa em outro momento, será uma nova “escritura”, pois a primeira trama será desfeita e ao mesmo tempo será urdida novamente – embora formando outros fios e tecendo, a cada fio, a ilusão de prender os sentidos desejados na nova malha. Ao buscar as condições de produção de leitura, tais como os interlocutores e suas histórias, a situação de produção de texto, o contexto histórico, social e ideológico, a AD mostra que a legibilidade de um texto pode variar. De acordo com Orlandi (1996), há as histórias de leituras do texto, pois, para um mesmo texto, determinadas leituras foram possíveis em determinadas datas e não em outras. Parece-nos coerente afirmar que não podemos tocar todos os fios, bem como os fios tocados nunca serão os mesmos entre autor e leitor; sempre haverá relações diferentes, dependendo da formação discursiva em que o sujeito estiver inserido e da posição que ocupe. Assim, os sentidos dados nem sempre coincidem, não são únicos nem definitivos – e não se acabam no fazer de uma leitura: há sempre outras possibilidades, dado que, como explicita Foucault (1969, p. 25), Por mais que se diga o que se vê, o que se vê não se aloja jamais no que se diz, e por mais que se faça ver o que está dizendo por imagens, metáforas, comparações, o lugar onde essas resplandecem não é aquele que os olhos descortinam, mas aquele que as sucessões da sintaxe definem. A leitura em língua estrangeira, entendida como processo discursivo, põe em cena um sujeito que não possui nenhuma “certeza” sobre os sentidos que produz, uma vez que é na historicidade do interdiscurso que os sentidos se constituem. Ou seja, se um texto é exposto num 43 dado momento por alguém e lido por outro num outro momento, será então um novo texto, em função de que, embora apresente unidade, “[…] a relação das partes com o todo – quando se trata de texto – é complexa. O texto não é a soma de frases e não é tampouco soma de interlocutores. Como o texto é um espaço, mas um espaço simbólico, não é fechado em si mesmo: tem relação com o contexto e com os outros textos” (ORLANDI, 1987, p. 160). Em outras palavras, ainda que fisicamente o texto seja o mesmo, o percurso feito por cada leitor resultará em outra leitura. Cabe ao professor, portanto, possibilitar aos alunos a oportunidade de fazerem outras leituras, de lançarem outros olhares para o trabalho com a leitura, uma vez que os textos, a admitirmos a concepção de Foucault (apud CORACINI, 2002b, p. 17), não passam “[…] de grafismos empilhados sob a poeira das bibliotecas, dormindo um sono profundo em direção ao qual não pararam de deslizar desde que foram pronunciados, desde que foram esquecidos e que seu efeito visível se perdeu no tempo.” Nesse sentido, o texto deixa de ser fechado em si mesmo e foge do domínio exclusivo do locutor – detentor da palavra. O texto é, então, entendido como efeito de sentido e construído no processo de interlocução. O que está posto em linguagem oral ou escrita passa a fazer sentido quando da interação com o outro. Os textos nunca são abstratos, ideais, desprendidos de toda materialidade, neutros; são objetos e formas cujas estruturas governam a leitura; por outro lado, também as formas produzem sentido. Dito de outro modo, o texto é tecido por escrituras que dialogam entre si e se concretiza com a participação do leitor, na medida em que este interfere na sua construção e nos seus enunciados. Assim, todo texto é produzido de modo a representar uma declaração de pontos de vista sobre o mundo, uma veiculação de teorias de como o mundo funciona. Nesses termos, parece impossível desconectar linguagem e existência, uma vez que a primeira articula, veicula e legitima a outra. Da mesma forma, vemo-nos frente ao ato de ler como um processo ativo e crítico que deve ser, cada vez mais, trabalhado em sala de aula. O texto, então, passa a ser visto 44 como linguagem materializada em uma unidade de sentido, utilizada em um contexto, com um dado objetivo, refletindo uma perspectiva de mundo, ou melhor, modalidades de construção do mundo. 2.5 ESCOLA, PROPOSTA CURRICULAR E LEITURA Tudo está em movimento, nada permanece o mesmo. Falar, escrever e ler é também estar em movimento. Novas posturas, novos encaminhamentos, necessidades e desejos se mesclam no jogo dinâmico da vida que procura as certezas e que trabalha com as incertezas. Tais posturas são oriundas de um mundo em que transformações “precisam” (e costumam) ser rápidas. Em direção a esse processo, temos debates, pesquisas, documentos que discutem acerca da educação e da aprendizagem. Evidentemente, sempre houve o debate e as propostas e, junto a isso, a procura por melhores alternativas para a educação. À escola compete seguir a(s) proposta(s) que dê(em) conta dos encaminhamentos previstos. Os encaminhamentos a que nos referimos são aqueles em que as diferenças regionais e pessoais sejam levadas em consideração. Ainda que o saber e o conhecimento tenham sido sempre objetivos a serem perseguidos, a preocupação residia muito mais no campo da reprodução do conhecimento. Ora, se tudo está em movimento, a escola também passa por momentos distintos e isso implica dizer que a escola já não pode mais ser vista como espaço onde o conhecimento se repassa. Diferentemente, a educação hoje precisa voltar-se às funções desempenhadas pela linguagem em dada situação comunicativa e no querer dizer do usuário da língua. A necessidade do saber e o desejo do conhecimento são os objetivos a serem alcançados. Na sala de aula, nem tudo se passa de forma previsível e ritualística. Há situações em 45 que se fazem importantes as rupturas, circunstâncias em que um único método não é suficiente. Na verdade, não há métodos bons ou ruins, como também não há maneiras corretas ou incorretas de se aprender/ensinar. Mas pode haver, sim, um maior equilíbrio que torne possível articular língua e linguagens, forma e sentido, gramática e comunicação. Na tentativa de elucidar melhor essa fala, abrimos aqui um parêntese para discorrer a respeito do ensino de língua estrangeira proposto às escolas públicas de Santa Catarina. Em sua maioria, as escolas da rede pública de educação básica de Santa Catarina pautam-se pela Proposta Curricular do Estado, para traçar pontos em comum no que diz respeito à educação. A Proposta busca, através de uma concepção histórico-cultural, fornecer pontos de reflexão e apontar uma linha norteadora para o ensino-aprendizagem como um todo. Nessa discussão, voltar-nos-emos mais especificamente para o ensino de LE (inglês). Assim, em consonância com o Projeto Político-Pedagógico de cada escola, os professores continuam na busca de alternativas para o ensino da língua estrangeira, o qual continua sendo objeto de preocupação. Sabemos que, no decorrer da história, muitos foram os métodos utilizados para o ensino de uma LE15. Também podemos assinalar que muitos desses métodos foram substituídos; alguns ainda se mantêm; outros foram surgindo16. Paralelamente a isso, a escola costuma ser entendida como geradora de saberes e conhecimento. Por extensão, essa escola sustenta a idéia de educação como instrumento fundamental no desenvolvimento de cidadania para as novas gerações. A escola, então, busca promover a igualdade de oportunidades e fornecer os meios necessários à liberação pessoal, como força integrativa, como experiência responsável pelo atendimento de necessidades individuais. Nesse sentido, é válido afirmar que a educação necessita proporcionar o 15 Ver Grève e Van Passel (1973). 16 Ver Proposta Curricular de Santa Catarina (1998, p. 97-98). 46 desenvolvimento das possibilidades humanas dos educandos. E, nesse cenário, a escola é, por excelência, lugar de individualidades e de diferenças. Daí porque não pode ficar indiferente às diferenças dos alunos que a compõem, nem aos problemas de integração que daí resultam. A diversidade é grande em termos étnicos, lingüísticos, religiosos e culturais. Parafraseando Signorini (1998), que cita Moita Lopes, é preciso que o professor reconheça e respeite a herança cultural e o estilo de vida dos seus alunos e se comprometa a adaptar os currículos às diferenças culturais. Respeitar as diferenças, sejam elas quais forem, implica colocar-se na perspectiva do outro, compreender seus valores e atitudes, descobrir suas potencialidades e evitar cumprir a função oculta do sistema educativo, que é o de selecionar, perpetuando determinada realidade social e impedindo que todos tenham acesso a certas posições sociais. Desse modo, na escola, deve-se assegurar o direito à diferença, respeitando as distintas personalidades, os diferentes projetos individuais. É necessário proporcionar uma certa adaptação às necessidades e às realidades sócio-culturais da comunidade em que a escola se insere. À escola, nessa perspectiva, é colocado um grande desafio, que faz com que se repense continuamente suas finalidades, metodologias e estratégias, bem como a relevância das matérias a ensinar (COSTA, 1987). Podemos inferir que a adaptação dos planos de ação, que definem o quadro geral do desenvolvimento das capacidades de cada um – plano e aluno –, promovendo sua aprendizagem e provocando sua relação com o mundo, só pode caber à escola, na medida em que só a escola pode conhecer essas diferenças e se preparar para lidar com elas. Nesse sentido, destacamos a importância das contribuições que certas discussões proporcionam à educação, dentre as quais entendemos ser algumas mais, outras menos direcionadas. A Proposta Curricular de Santa Catarina, que tem por um dos objetivos melhorar a qualidade da educação, contribui com alguns enfoques que passam a ser recortados nesta discussão. 47 No que diz respeito à língua estrangeira (LE), entre muitas considerações, trazemos aquela que parece ser, nesse momento, mais importante nessa discussão, visto que o tema que abordamos – Inglês Instrumental – também se conecta direta ou indiretamente com o modelo de leitura que é proposto às escolas públicas de Santa Catarina (1998, p. 101): “leitura e escritura: construção de sentidos”. O documento salienta a importância de se trabalhar as quatro habilidades da língua: fala/escuta, leitura/escritura; porém, tem claras as limitações que são sentidas, considerando o número de alunos por turma e a carga horária, dentre outros aspectos. Propõe, então, a ênfase no trabalho com a produção de leitura e escritura em LE, na tentativa de viabilizar o aprendizado de pelo menos uma modalidade, sem, no entanto, desconsiderar as demais. A Proposta Curricular de Santa Catarina (1998, p. 101) registra o que segue: Cremos que o trabalho com o texto deva merecer especial atenção por parte do professor. Tratamos de privilegiar o texto porque temos claro que, tendo-o como foco, fazem-se discussões orais sobre sua compreensão e, portanto, desenvolvemos as habilidades fala/escuta, leitura/escritura de forma integrada. Para que o aluno saiba enfrentar situações de leitura com algum sucesso, propomos um trabalho mais demorado com o texto, no sentido de que ele saiba, por exemplo, reconhecer as informações importantes ali contidas […]. Aqui efetivamente deve acontecer a leitura e compreensão desses textos, no sentido de utilidade e informação – respeitando-se, é claro, a realidade da turma [grifos nossos]. Aqui percebemos que a aprendizagem direcionada – nesse caso, o trabalho com o texto, com objetivos claros e definidos voltados a pelo menos uma das modalidades –, parecenos coerente e interessante, uma vez que, como já dissemos em outros momentos nesse trabalho, são muitas as dificuldades de ensinar/aprender uma LE. Interessante, porém, é ter claro que informar é diferente de educar, de promover a busca por novos saberes e oferecer os meios contra toda espécie de manipulação ideológica, política e religiosa, assim como contra os abusos de poder de que o sujeito é vítima. Nesse viés, cabe ressaltar que, quando o texto da Proposta Curricular frisa o trabalho com o texto, ou seja, quando proporciona informação e conhecimento, cabe nos questionarmos. 48 Se, de acordo com nosso entendimento, o texto não tem um único significado, como se configura a abordagem discursiva em LE, na educação básica? Cabe salientar, nesse sentido, que, no contexto escolar, um diferencial se faz presente, ou seja, independentemente de o aluno querer ou não aprender uma LE, o currículo, o plano da escola, a torna obrigatória, e ao aluno resta fazer essa disciplina, que junto com as demais compõem o currículo escolar. Logo, a escola precisa levar em consideração também esse aspecto. Em relação ao contexto escolar, uma das grandes dificuldades enfrentadas pela escola é a de justificar socialmente a presença da LE no âmbito escolar. Embora muito se tenha dito a respeito da importância de aprender/ensinar uma LE no mundo contemporâneo, são poucas as pessoas que de fato se utilizam socialmente dessa outra língua – e isso não significa que não gostariam ou poderiam, apenas assinala que há diferentes circunstâncias. De acordo com Almeida Filho (1998, p. 27), No Brasil, não é incomum tampouco, principalmente em localidades mais isoladas ou em áreas urbanas mais novas e pobres, recebermos nas nossas aulas de LE alunos que nunca tiveram qualquer contato direto com outra língua e muito menos com a experiência formal de aprender. Parece evidente que a situação acima – usar essa língua sempre que possível, em especial na situação de interação verbal – está distante de efetivamente acontecer. Ora, isso não significa que seja esse o motivo para o problema ser ignorado, e que seja usado como justificativa para não levar a língua como ferramenta de reflexão a esses sujeitos que, por motivos diversos, não têm acesso a ela; muito pelo contrário, faz-se necessário pensar ações que se voltem para essa prática. Pensar a língua que sirva à reflexão, e não à mera repetição, requer mudanças por parte de todos os envolvidos. Em outras palavras, no discurso de sala de aula, poucas são as situações em que ao aluno é dado o direito de construir sua própria aprendizagem, de confrontar discursos tidos como científicos, e, principalmente, de romper com o instituído, pois o professor 49 – sujeito investido de “poder” – tem um plano a cumprir, tem os programas do livro didático, convertidos em portadores da verdade, de uma única verdade, representativos do discurso pedagógico, e, sendo assim, isentos de contestação. Coracini (2003a, p. 333) indica que O discurso científico, a educação em geral, a escola, o discurso de sala de aula, são construções inseridas no projeto logocêntrico da modernidade. Nele o professor, no desejo do controle, investido do poder, faz crer que o que diz corresponde ao conhecimento científico, crença ilusória na transparência da linguagem, na racionalidade que tornaria o sujeito transparente. Esquece-se de que é ele que interpreta o que lê no livro didático, de que não há fatos nem fenômenos nem natureza do sujeito. Além da situação citada, defrontamo-nos com outros problemas encontrados numa sala de sala. Não raro são os alunos que vêm com uma expectativa altíssima no sentido de que aprender/ensinar uma língua estrangeira é tarefa exclusiva do professor, e só será possível se o professor tiver bons livros, se criar um ambiente favorável e se ensinar “bem”. Na verdade, ter possibilidade de escolha em relação ao material didático é fator de mais ou menos sucesso, proporcionar um ambiente de confiança também ajuda, contudo, a compreensão do processo de constituição desses alunos/sujeitos é o fator que mais interesse deve merecer. Basta olharmos para a teoria que embasa a Proposta Curricular para constatarmos que ela propõe um trabalho que busca considerar a importância da constituição do sujeito, da cultura e da construção das ideologias. Está claro também na Proposta que a socialização do conhecimento e que a prática social da linguagem são tarefas a serem desenvolvidas de maneira significativa e responsável. Isso mais uma vez implica dizer que muitos são os desafios e mudanças que precisam ser observados. Por outro lado, no contexto universitário, embora o aluno se sinta obrigado a cursar LE, ele é movido pela necessidade, e busca aprimorar seu estudo em relação a uma LE para obter melhor posição no mercado de trabalho. O Inglês Instrumental planejado pelas universidades é oferecido como um método que apresenta uma habilidade a ser melhorada pelos acadêmicos, com o objetivo de proporcionar-lhes melhores chances profissionais. Esse é um objetivo delimitado a ser atingido: fazê-lo empregar a língua em um contexto específico, atingindo suas 50 finalidades primeiras – inserir o sujeito no mercado de trabalho. Mas, sem menosprezar seu contexto social de produção, seu ensino – seja na educação básica, seja no ensino superior – deve ter como referência e preocupação o estudo da LE como forma de evitar a alienação que pode conduzir alunos a atitudes de colonização cultural. Convém ressaltar que há a necessidade de a escola/universidade estar em consonância com os estudos que reconhecem a linguagem como uma realidade social e histórica, como uma atividade inter-humana. Ou seja, que as outras habilidades da língua não sofram cerceamento, e que se viabilize o aprendizado de uma prática discursiva, que pode se dar por meio da leitura/escritura, como a Proposta Curricular salienta. Assim, para que seja possível minimizar um pouco as dificuldades enfrentadas tanto por professores quanto por alunos nessa experiência – aprender/ensinar LE –, é interessante pensar em práticas que proporcionem ao aluno a perspectiva de apropriar-se do conhecimento, para, assim, construir a possibilidade de acessar o diferente. Além do exposto, é importante não esquecer, nesse contexto, que a relação que o professor tem com a LE também vai influenciar essa possibilidade de acessar o diferente, mas essa é uma outra discussão, que poderá ser tema de uma próxima pesquisa. 51 3 METODOLOGIA E ANÁLISE DOS DADOS 3.1 METODOLOGIA Para realizarmos esta dissertação, utilizamo-nos de alguns instrumentos de pesquisa, quais sejam: três textos para estudo extraídos do manual didático em análise e um questionário com perguntas abertas. Cabe esclarecer que, embora sejam esses três textos os utilizados para exame, também outros textos foram trabalhados. Os instrumentos foram aplicados à populaçãoalvo — alunos do 2º período do curso de Agronegócios da Universidade do Oeste de Santa Catarina – Unoesc, Campus de São Miguel do Oeste, no segundo semestre do ano de 2004. Cabe aqui explicitar o porquê da escolha da população-alvo e desse curso. Na Universidade do Oeste de Santa Catarina, o curso de Agronegócios oferece a disciplina de Inglês Instrumental I e II. Tal curso forma um perfil de acadêmicos com competências que possam melhor atender às exigências de um mercado competitivo. Importante também esclarecer que a pesquisa foi realizada no segundo período por entender que os acadêmicos já estariam mais familiarizados com as técnicas específicas do inglês instrumental, podendo melhor contribuir com a pesquisa. 3.1.1Contexto, participantes e metodologia Inicialmente, os três textos – objeto direto da análise – foram trabalhados em sala, seguindo as orientações propostas no manual. Cabe observar que esse manual faz parte das 52 referências citadas pelo ementário da disciplina, razão pela qual optamos por esse manual e não por outro para a realização da pesquisa. Vale ressaltar também que outros gêneros textuais e de fontes diferentes foram trabalhados em sala, aglutinando estratégias próprias do Inglês Instrumental. Depois de fazer reflexões comparativas orais com os alunos sobre outros textos trabalhados que não os do manual em questão, textos de outros livros didáticos e fontes, como periódicos e revistas da área de Agronegócios, aplicamos um questionário com 12 perguntas, para os alunos (convidados), que as responderam por escrito em sala durante meio período de aula, ou seja, em torno de duas horas, no final de um encontro de quatro horas. É interessante mencionar que, antes da aplicação do questionário aos alunos, esclarecemos os objetivos da pesquisa, conscientizando-os no sentido de serem verdadeiros em suas colocações, para que pudéssemos ter claro como as estratégias visando ao processo de compreensão de leitura, aplicadas até então na disciplina de Inglês Instrumental, estariam ou não contribuindo para a leitura de textos. Conseqüentemente, mediante os resultados obtidos, o instrumento poderia ser indicativo de melhoramento para o ensino de LE no meio universitário. Os alunos aceitaram de bom grado participar dessa atividade e manifestaram uma certa expectativa. Dos quarenta (40) alunos matriculados (a população-alvo), trinta e três (33) responderam – sete (7) estavam ausentes nesse dia. Ressaltamos também que algumas das perguntas não foram respondidas por alguns alunos, portanto, algumas “lacunas” ficaram, constituindo-se também em objeto de análise. Como já mencionado anteriormente, foram aplicados aos alunos os três textos do manual, para que respondessem o que lhes era sugerido pelo material, através de perguntas que enfatizavam algumas estratégias de leitura específicas do ESP. Após isso, foram debatidas as respostas dadas pelos alunos, cujas perguntas, em sua grande maioria, eram objetivas. Depois 53 disso, foram feitas oralmente algumas reflexões a respeito dos textos vistos e das perguntas exigidas. Isso aconteceu no decorrer de dois encontros, ou seja, oito horas-aula. Em seguida, foram trabalhados outros textos conforme planejamento. Numa terceira e última etapa, foi aplicado o questionário. Utilizamos essa seqüência por achar que seria menor a interferência de nossa parte como pesquisadora. O instrumento continha questões abertas, das quais surgiram novas respostas e questionamentos que não estavam previstos – o que é normal no desenvolvimento de qualquer trabalho científico, e também muito importante, pois serve de reflexão para futuras pesquisas. Optamos também por interpretar apenas algumas das respostas por entender que muitas, de certa forma, foram repetidas, porém, foram registradas e incluídas neste trabalho sob forma de anexo. Na seqüência, procedemos à análise dos dados, procurando interpretá-los sob a perspectiva da AD; mais especificamente, compreender sua emergência ao lado do que foi silenciado. 3.2 SUJEITO E CONCEPÇÕES DE LÍNGUA O livro didático de língua estrangeira se mostra como materialidade em que circulam diversas formações discursivas17, que estabelecem relações interdiscursivas oriundas de diferentes espaços, não somente da escola. E percebemos que há, independentemente de ambientes, um lugar marcado para o livro didático: é entendido e ressaltado como um depositário do saber definido, correto, legitimado porque já percorreu várias instâncias institucionais antes de chegar à escola. É nele que encontramos um saber homogêneo estabelecido pela definição das respostas propostas pelo livro do professor que interage com o aluno e que aceita a unicidade de respostas. Segundo Coracini (1999, p. 23), supõe-se que “a verdade está aí contida; o saber sobre 17 Cf. Pêcheux (1969). 54 a língua e sobre o assunto a ser aprendido ali se encontra. Desse modo, as perguntas, sempre bem formuladas, evidentemente, só podem ser respondidas de acordo com o livro do professor”. O manual em questão, escrito por brasileiro para brasileiro, numa perspectiva instrumental, apresenta uma variedade de textos que remetem a discursos da mídia, publicitário, instrucional, turismo, enfim, constitui-se em espaço que, aparentemente, entendemos como sendo o da heterogeneidade. Apesar da aparente diversidade do livro didático (manual), composto pelos muitos discursos que o atravessam, é conveniente analisar seu modo de funcionamento, para compreender de que maneira a tentativa de construção de uma única verdade é estabelecida, já que, por meio de diversos mecanismos, os discursos se entrecruzam e funcionam, constituindo sentidos. Inicialmente, cabem dois questionamentos: 9 Que contribuição a instituição superior oferece ao aluno no processo de construção de sentidos na leitura, uma vez que ela tem a oportunidade de fazer-se presente em um espaço que se quer heterogêneo durante os anos de ensino dedicados à leitura de diversas áreas? 9 O que contribui para que o indivíduo produza (ou não) efeitos de sentido no processo da leitura, uma vez que, na maioria das vezes, inicia e continua numa instituição, levado a ler os textos de uma determinada maneira, e permanece dentro de um modelo que é avesso a qualquer transformação? Para iniciarmos nossa discussão, consideraremos que a leitura, nessa perspectiva, é usada para ajustar o pensamento aos olhos do Estado, das instituições que atribuem ao texto o sentido que é determinado por aqueles que estão no poder. Então, partindo da compreensão de texto não como mero produto lingüístico, mas como instância de um processo discursivo do qual 55 fazem parte memórias discursivas e condições de produção (cf. PÊCHEUX, 1997), não é possível entendermos leitura como emaranhado de informações que se localizam na superfície de um texto. Em razão disso, propomo-nos a entender como esses sentidos são construídos – ou deixam de sê-lo. Observando o manual, ele inicia pela apresentação da autora, e, em seguida traz o item Apresentação, que procura informar o leitor sobre o projeto de ESP – Inglês Instrumental – no Brasil. Na seqüência, explica o módulo I, construído com conteúdo para 30 horas-aulas. Logo em seguida, traz uma Introduction, explicando a metodologia do ESP e suas possíveis abordagens. Também situa em que abordagem o módulo em questão foi desenvolvido – leitura –, e traz, de forma sucinta, algumas habilidades e outras estratégias facilitadoras (que serão transpostas quando da análise de texto e de cada técnica proposta pelo manual) para desenvolver a habilidade da leitura. Interessante também referir que a cada unidade – num total de 15 – são mencionados os objetivos propostos. Primeiramente, transcrevemos os objetivos que a unidade IV (primeiros dados de análise) determina que sejam trabalhados: Reconhecer manuais de instruções; Praticar estratégias de leitura: “skimming”, “scanning”, “prediction”, etc; Compreender e utilizar palavras que indicam seqüência; Rever o uso do Imperativo para dar instruções; Praticar vocabulário específico de manuais de instruções (MUNHOZ, 2000, p. 32). O texto FACSIMILE MANUAL, que passaremos a chamar de texto número 1, vem com o habitual Warm up, seguido de Reading Strategies mais Focus on the Language, Exercises, Vocabulary exercises e Critical Reading. Como a parte que mais nos interessa – objeto de nossa análise – é a secção Reading Strategies, ater-nos-emos ao texto e às atividades propostas nessa seção. Algo que merece destaque, logo de saída, é a disposição das atividades desse primeiro texto. A apresentação das perguntas vem em primeiro plano e, em seguida, noutra página, o texto. O texto versa sobre como operar uma máquina eletrônica, seguindo os passos do manual. Essa disposição gráfica quebra a linearidade que estamos acostumados a ver em livros didáticos 56 e com a qual estamos habituados a interpretar um texto. Parece-nos que essa forma estrutural abordada quer criar a imagem do novo, do diferente. Na verdade, o que ocorre é a tentativa de, ilusoriamente, proporcionar ao aluno o conhecimento antecipado das respostas, levando-o a inferir que ele, leitor, pode, de certa forma, controlar o sentido das respostas, uma vez que, tendo conhecimento das perguntas e fazendo a articulação com seu conhecimento prévio sobre o assunto do texto, ele certamente poderá entender o texto como um todo e responder às questões propostas com margem considerável de acertos. Na seção que propomos analisar, Reading Strategies, aparece a subdivisão skimming – leitura rápida para ter-se uma idéia central do texto –, com três perguntas que apelam para a organização esquemática formal do texto em nível micro: “[…] que tipo de texto é esse? Qual é seu objetivo? Quem estaria interessado em ler um texto deste tipo?” (MUNHOZ, 2000, p. 35). É freqüente essa espécie de pergunta, em que se mostra a aparente neutralidade desse tipo de texto e a falsa idéia de autonomia concedida ao leitor, pois, embora ele pense poder intervir no processo de significação, produzindo movimentos diferenciados, o manual conta com apenas uma resposta, o que denota a anulação do processo de significação, pois o manual pré-determina o certo e errado. Mais adiante, na estratégia de scanning – leitura com o objetivo de encontrar algumas informações específicas no texto –, há o trabalho com a visão de leitura como uma atividade que envolve a confirmação de hipóteses, por parte do leitor, sobre o significado que está sendo construído, ao utilizar a estrutura da “preditibilidade” do discurso: “[…] como você deve proceder se precisar enviar mais de 20 páginas? Qual deve ser o primeiro passo para se carregar o aparelho? Qual é o segundo passo? O que poderá acontecer se você tentar remover o documento sem abrir o painel de operação”? (MUNHOZ, 2000, p. 35). Não percebemos, nessa atividade, nenhuma outra forma de ler senão aquela que seleciona a resposta e traz à tona o uso 57 da língua como código. Ao leitor, é dado repetir mecanicamente as respostas já modeladoras. O conteúdo é informacional e um modelo que deve ser seguido por todos. O texto é desenvolvido por meio de estruturas imperativas, o que evidencia a concepção de que ler é apenas um processo de aquisição ou apropriação de uma tecnologia, nesse caso, saber operar uma máquina de fax. Na atividade citada de texto e leitura, o propósito é realmente o de informar, e preconiza o conjunto de estratégias que visa a dizer a única verdade, como se apenas elas fossem capazes de permitir a resposta correta. No segundo texto escolhido, Passenger Killed when Blast Sucks him out of Jetliner, temos como objetivos a ser desenvolvidos: Reconhecer reportagens de jornal; Praticar estratégias de leitura: skimming, scanning, prediction – significa inferir o conteúdo de um texto através de seu conhecimento prévio sobre o tema (background); através do contexto semântico (palavras de um mesmo grupo, por exemplo: hospital, nurse, doctor, ambulance); contexto lingüístico (pistas gramaticais); contexto não – lingüístico (gravuras, gráficos tabelas, números, etc.); conhecimento sobre a estrutura do texto (lay out, título, subtítulo, divisão de parágrafos, etc) –, etc.; Reconhecer palavras com o mesmo significado (MUNHOZ, 2000, p. 94). Como suporte do texto, temos aparentemente a estrutura de um texto jornalístico: layout, figura e disposição gráfica textual nos moldes de uma reportagem. A suposta reportagem relata um acidente aéreo, cuja causa mais provável teria sido uma bomba intencionalmente colocada no avião. Interessante comentar um dos objetivos da unidade: “reconhecer reportagens de jornal”. Partindo do pressuposto de que cada texto tem sua estrutura e cada gênero representa um contexto social determinado, o que supõe um interlocutor específico, precisamos considerar as condições de produção que constituem os discursos. Os discursos, por sua vez, se fazem de outros discursos que significam diferentemente a partir do instante e do lugar em que estejam inseridos. Se pensarmos na formação discursiva, podemos dizer que o sentido não existe em si, mas é determinado pelas posições ideológicas colocadas em jogo no processo sócio-histórico em que as palavras são produzidas. As palavras mudam de sentido segundo as posições daqueles que 58 as empregam. Elas “tiram” seu sentido dessas posições, isto é, em relação às formações ideológicas nas quais essas posições se inscrevem (ORLANDI, 1999, p. 43). Assim, esse texto, embora mantenha a estrutura de uma reportagem, uma vez que apresenta algumas regularidades enunciativas, manifesta-se diferentemente. Isto é, ele é transposto de uma esfera social – leitores de jornal de modo geral, e, especificamente, os da secção policial, espaço discursivo marcado, delimitado –, para o manual – leitores que também têm um espaço específico e com formações discursivas consolidadas, portanto, já um terceiro espaço. Diante desse fato, passamos a ter um outro espaço, cujo objetivo é o de criar um contexto diferente, construir outra situação de produção. Aqui, no caso, isso parece não ser levado em consideração, uma vez que as atividades de leitura, bem como o encaminhamento da compreensão de texto, em nenhum momento abordam tal situação. Atentando para a estratégia de Warm Up , é solicitado ao leitor que observe o layout do texto, o título e a fonte. Ainda que consideremos que o título tenha vocábulos que possam ser conhecidos pelo leitor, tais como: Passenger Jetliner, out, e que ele os possa identificar, isso não nos permite afirmar que o sujeito tenha entendido o texto. O reconhecimento é apenas um dos estágios da aquisição do vocabulário. Através da linguagem visual, a figura de um avião, é possível inferir um provável assunto – viagem, passeio, até mesmo acidente –, porém, é pouco provável que somente usando essa estratégia tenhamos elementos para afirmar que possa tratar-se de um noticiário de acidente e morte causado por uma bomba. Em si, essa atividade já é limitadora, se concluída nesse ponto. Em relação à fonte, outro aspecto que nos chama a atenção é o fato de que, embora tenhamos a fotografia assinada e o nome do jornal citado (informações relevantes), mas não suficientes para que possamos fazer uma leitura mais abrangente das condições de produção. Parece-nos que o objetivo é dificultar o conhecimento e o reconhecimento da presença de outra voz/vozes com o intuito de buscar silenciar possíveis efeitos de sentido que esse discurso poderia mostrar. Saber os modos de produção dessa reportagem e as circunstâncias da enunciação, e assim, por meio do contexto e 59 escolhas lexicais trazidas pelo autor, poderemos construir efeitos de sentido que não os expostos explicitamente. Há um outro detalhe que merece atenção ainda quanto à fonte: para um leitor menos atento, poderia se tratar de uma reportagem brasileira, de um jornal brasileiro, para o povo brasileiro. O que temos, na verdade, é uma revista estrangeira que relata fatos brasileiros em língua inglesa e que está sendo usada para alunos brasileiros. Essa reportagem, bem como o enfoque dado a ela, é fato a ser interpretado por partes. Sabemos que a opção por um determinado assunto passa necessariamente pelo olhar de quem escolhe. Nesse caso, podemos dizer que os textos veiculados correspondem a escolhas da autora do manual didático. Em muitos casos, a preocupação maior na seleção de um determinado texto ou tema é a de oferecer “material autêntico”, sem atentar para a dimensão política que o ensino de uma língua estrangeira traz e, conseqüentemente, seus textos. Poderíamos dizer que muitos dos temas veiculados pelos manuais didáticos não estão preocupados em explorar os efeitos de sentido que tais temas propiciam, porque encaram a língua como um corpo de conhecimentos conscientes que pode ser transmitido mediante instrução explícita. Em muitos dos temas abordados há a demonstração e construção de uma opinião ou posicionamento, cuja intenção é retratar o povo brasileiro como povo cordato, porém ignorante, carente de cultura. Na seqüência, na secção Reading Strategies, aplicando a estratégia Skimming, temos material para a seguinte análise, mediante os questionamentos: Sobre o que é o texto? Você confirmou sua suposição feita no exercício anterior ou teve que reformular sua hipótese? Nesse exercício, é esperado que o leitor possa reconhecer os vocábulos pertinentes que o ajudem a fazer uma leitura mais geral. Logo em seguida, temos a estratégia scanning, com oito perguntas que mais uma vez buscam respostas prontas, pretendendo-se aparentemente afirmar que ao leitor basta saber desempenhar a tarefa da decodificação para responder aos objetivos simplificados da 60 leitura. Dúvidas, incertezas e possíveis reflexões são eventos que não têm espaço nessa leitura. Por meio dessa estratégia, parece-nos que, ao prevenir objeções às respostas, ou seja, ao propor perguntas que buscam apenas uma resposta – aquela descoberta no texto sem muito esforço, aquela que se encontra na superfície –, não há necessidade de discussão e reformulação de idéias. A ilusória sensação de segurança, já que a certeza de que é essa e não outra a resposta, torna-se algo contraditório, uma vez que entendemos que a leitura se constrói também com a pluralidade de idéias, com reflexões conflitantes e, muitas vezes, discordando-se do autor. Voltando ao texto, e parafraseando Orlandi (1999), quando diz que o sentido não existe em si (como se estivesse apenas depositado no texto) e que é determinado pelas posições ideológicas que tampouco são por si determinantes, mas que contribuem para entender a constituição das condições de produção, é interessante observar o processo da produção de sentido que essa reportagem nos causa. O sentido do discurso se constitui também por interpretações, e considerando que a interpretação se faz entre a memória institucional e o interdiscurso, podemos dizer que o efeito de sentido que nos é dado interpretar provoca em nós, por meio dessa reportagem, a imagem de que a falta de segurança dos/nos aeroportos brasileiros é situação típica apenas de países tidos como de terceiro mundo, onde quase nada funciona, lugar onde há falta de leis e punições sérias, bem como descrédito nos policiais por parte da população. Esse exemplo faz sentido na medida em que levamos em consideração que o discurso tem relação com outros dizeres, já expressos em outro momento, isto é, o Brasil é um país de terceiro mundo, não tem tecnologia suficientemente desenvolvida, a segurança é mínima, ou seja, a imagem que temos do Brasil é construída pelas relações discursivas que são ajustadas segundo formações imaginárias e ideológicas – está longe de ser o país dos sonhos, onde tudo é possível, desenvolvido, limpo, em que há o bom gosto, o requinte, onde o povo é civilizado, culto, enfim, sempre qualidades valorizadas no mundo atual e propagadas seja pela imprensa falada e escrita, seja pelos livros didáticos. 61 Na unidade XIII, onde se encontra o último texto de nossa análise, temos Tropical Tragedy. Assim como o texto anterior por nós analisado, temos uma fotografia que mostra uma imagem de floresta, e vem assinada. Sobreposta a ela, temos o texto propriamente dito como recorte de jornal. Nesse, não temos fonte alguma, nem a localização de onde essa reportagem foi editada e em que situação. O assunto em questão versa sobre ecologia – tragédia tropical: um discurso que focaliza a devastação como sendo de domínio sociológico. Teríamos aqui amplas discussões a fazer, se não ficássemos novamente no nível de leitura superficial encaminhada pelas perguntas propostas pelo manual. Na secção reading strategies, parte I, temos, através da estratégia skimming, a pergunta: Qual é o tema central do texto? Na parte II, através do uso da estratégia scanning, a) Onde e quando aconteceu a ‘Conferência da Terra”?; b) Nos anos de 1978-89, a quantidade de floresta tropical cortada ou queimada era de 21.000 km2, o que aconteceu com este número nos anos de 1990-91?; c) A que foi atribuída a mudança dos números acima?;d) o que aconteceu nos anos de 1992-94 em relação ao desmatamento?; e)como foi possível se obter os dados acima (questão d)?; f) O segundo parágrafo trata das medidas tomadas pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, em relação aos números acima. Que medidas foram essas? Essa reportagem oferece uma boa ilustração do uso da linguagem como representativa da ideologia encontrada em muitas outras reportagens em que vemos a imagem do comportamento do brasileiro sob o olhar do colonizador. Está representada nesse discurso a ação positiva e negativa do homem em relação à natureza. Aliás, interessante observar que, na abordagem dessa questão, a figura do brasileiro tem conotação negativa, uma vez que é explicitado que ele queima e destrói a natureza. E mais, ele não está apenas destruindo um espaço seu, mas um espaço mundial – a floresta amazônica, “pulmão do mundo”. Há ecos desse enunciado que ressoam no imaginário do brasileiro e que nos caracterizam como povo que é harmônico e justo, mas que destrói: é ignorante. Interessante observar que o assunto é abordado 62 num congresso sobre o planeta Terra. Nesse cruzamento de discursos, é possível perceber que essa matéria, via livro didático, traz uma leitura cujo efeito de sentido para a floresta amazônica e para os brasileiros poderia ser assim expresso: “Temos em nossas mãos o pulmão do mundo, mas não somos dignos de tê-lo”. Ora, vale considerarmos que, embora o texto pareça trabalhar sob a perspectiva da neutralidade da língua, percebemos, em certos pontos da exposição, traços de uma carga explícita de julgamento. Ao examinar marcas do discurso-outro (heterogeneidade mostrada enquanto voz do enunciador que se põe em cena como um outro), ou como discurso de um outro posto em cena pelo enunciador, é que constatamos a afirmação categórica quando é citado, no texto, um dos mais antigos cientistas defensores do meio ambiente, revelando que até o governo de Fernando Henrique não havia sido feito nada em favor do meio ambiente. Essa análise nos permite depreender, no texto, uma argumentação que vai além de um posicionamento do autor em favor da preservação das florestas tropicais e da floresta amazônica, em processo de destruição. Além de configurar um discurso do qual sobressaem afirmações categóricas, não temos como saber ao certo a data de sua publicação, dado que poderia ajudar a entender as condições de produção desse discurso – aparecem referências que têm como objetivo colocar suspeitas quanto a descaso e ausência de consciência ecológica por parte de outras pessoas. Dito de outra forma, o assunto levantado pela reportagem é problema que pode ser resolvido desde que não se queime mais, ou que se criem novas leis para o caso da destruição. Retomando nossas considerações acerca do imaginário discursivo atuante nas condições de produção desse texto, podemos ler também o que é silenciado, o que não é dito. A impressão que temos, até em função da pergunta “F”, é a de que, mais uma vez, tragédias ecológicas e devastação natural acontecem apenas no Brasil – e bastam medidas governamentais rígidas para coibir tais ações, e que, até então, não haviam sido tomadas. 63 Certas proposições também ajudam a tornar mais convincentes imagens já construídas. Num país de “pouca cultura”, a derrubada e a queima de florestas tropicais (e a floresta amazônica principalmente), mostra-se como esperado, e o texto apresenta um meio ambiente em processo de degradação, cuja responsabilidade recai principalmente sobre os povos que habitam esses locais. Os povos do primeiro mundo são aqueles que “dependem” dos produtos das florestas tropicais, que os compram por “necessidade” e contribuem indiretamente e também diretamente, quando entram clandestinamente para explorar riquezas (isso inclui missionários estrangeiros) para a devastação das florestas, mas não há menção explícita sobre tal possibilidade de leitura. Chama-nos muito a atenção a não-explicitação no texto dos agentes específicos dessas ações de destruição. As generalizações feitas (fotos de satélite mostraram, os cientistas esperam fotos) isentam “pessoas ou companhias/indústrias determinadas” das responsabilidades dessas ações – bem como o autor, de comprometimentos sociais, políticos e ideológicos mais sérios. No entanto, quando o autor faz comparações utilizando dados e mencionando datas, o texto cita como uma das possíveis causas para o declínio da devastação, no período de um ano, a superinflação por que passava o país naquele momento, como a responsável indireta por tal situação (destruição). O texto traz também a consideração do Brasil, observada no último parágrafo, como país carente de uma ação governamental, de recursos financeiros – e ações como a adotada pelo então presidente FHC poderiam ser notícias das mais esperadas a respeito da Amazônia nos últimos anos. Tudo isso, a nosso ver, pode acabar levando o leitor a aceitar afirmações como as apresentadas tanto no texto II, como no texto III, sem questionamentos, sem reflexões, especialmente se ele, nas aulas de leitura, for orientado a entender a leitura como ato de decodificação e apreensão de sentido do texto, que o professor ajuda a decifrar. Para finalizar essas considerações, percebemos que o enfoque dado aos textos por meio das estratégias de leitura revela limitações (da forma apresentada) nas atividades propostas. As estratégias do 64 skimming, scanning, inferências cognatas, layout, entre outras, impedem que o aluno atinja níveis mais substanciais de análise, pois não dão conta da profundidade que se converte na percepção das condições de produção de um texto. Além disso, essas estratégias podem levar alunos e professores a buscar um sentido único, o “correto”. Ainda que essas estratégias ajudem, cabe ressaltar que ler não é identificação exata de perguntas/respostas. O leitor pode fazer uso dessas estratégias para confirmar, rejeitar ou depurar hipóteses, mas, acima de tudo, ler é construir sentidos e conhecimento. Vale aqui uma paráfrase de Coracini (2003a), quando diz que o discurso publicitário atravessa o discurso didático, a fim de prender a atenção do aluno motivando para a aprendizagem da língua estrangeira sem atentar para as conseqüências que essa prática pode trazer. O fato é que esse percurso nos coloca frente a uma questão premente: como produzir efeitos de sentido quando roteiros de leitura produzidos pelo manual didático insistem em manter inalteradas as concepções de língua/linguagem, de sujeito descentrado de história, de língua e discurso? O próximo item focalizará a coleta do material utilizado, buscando evidenciar possíveis respostas para a questão acima formulada. 3.2.1 O aluno e a representação da língua Retomando uma das falas desse documento, aquela em que afirmamos saber quantas são as dificuldades e preocupações que o acesso a uma LE evoca e que muitos dos insucessos vivenciados por seus aprendizes têm causas diversas, desde aspectos que tomam o aluno como modelo de aprendiz não bem sucedido até o uso inadequado de estratégias por parte de seus 65 professores, teceremos algumas considerações que nossa análise permite. No ensino de inglês instrumental, há a idéia de que as estratégias de leitura são ensinadas aos aprendizes para desenvolverem a habilidade da leitura e “motivam” os alunos a usarem as pistas que o texto oferece. Por esta razão, há um interesse acentuado no chamado bom aprendiz. Essa metodologia pressupõe que a leitura seja uma tarefa agradável e que todos terão sucesso – alguns mais cedo que outros –, desde que motivados, no domínio da habilidade de leitura. Em nossos bancos escolares/universitários, a busca e a tentativa de ser um “bom aprendiz” ainda continuam sendo objetivo a ser alcançado, como se o sujeito leitor fosse dono de seu dizer, capaz de controlar seu processo de aprendizagem e ler em LE. Parece que é uma questão de método o que vai transformar a leitura em atividade de oportunidade e prazer ou em atividade que marca o fracasso do aprendiz de uma LE. Para discutir com maior propriedade essas questões, como explicamos anteriormente o modo de realização dessa última etapa da pesquisa, trazemos, agora, brevemente, o perfil dos alunos matriculados no curso de Agronegócios, na tentativa de fornecer elementos para uma melhor compreensão de nossos sujeitos (alunos participantes). São acadêmicos de nível heterogêneo, provenientes de escolas públicas e privadas, muitos com dificuldades de aprendizagem devido ao longo tempo de afastamento de bancos escolares, outros por diversas razões. A idade desses acadêmicos é variada, bem como seus interesses. A deficiência em relação à LE é notória, uma vez que muitos alegam ter tido apenas inglês de escola e não aprenderam muita coisa – afirmação essa que retoma a idéia de que a escola não os ensinou, não teve competência suficiente para isso –; outros não tiveram inglês como língua estrangeira, e alguns, quando concluíram seus estudos, alegaram não ter LE no currículo. Outros, por outro lado, apresentam um conhecimento satisfatório da língua. 66 Assim, os discursos referentes ao conhecimento de uma LE veiculados pela mídia e a propagação da importância do uso e conhecimento da língua inglesa fazem com que não aceitemos de maneira natural o fato de poucos saberem uma LE – ou seja, se ela é, inevitavelmente, o veículo da comunicação internacional, todos precisariam ter esse conhecimento. No entanto, diante do que nos é apresentado, a realidade se mostra diferente e contraditória, como podemos depreender através dos depoimentos dos alunos participantes cujas respostas e nossa análise serão transcritas a seguir. Observemos a pergunta abaixo, componente do instrumento de pesquisa: No passado, ao se pensar na importância de uma LEM, de imediato vinha à mente a idéia única de que essa língua era um instrumento, uma ferramenta útil de ascensão social e de melhores oportunidades na vida acadêmica e profissional. Atualmente presenciamos uma mudança de ponto de vista que direciona o ensino-aprendizagem de uma LEM para a informação e comunicação global, levando-se em conta que o conteúdo, o método, e as razões do ensino constituem variáveis que dependerão das necessidades do aluno e dos aspectos históricos, sociais e culturais de cada situação de aprendizagem. Qual sua posição a esse comentário? Qual delas está sendo vivenciada por você? Dos trinta e três participantes, dezessete apontaram que a LE serve para comunicação global e é vista como fonte de informação. Atentemos para as respostas18: 1.2 A LEM está vivenciada por mim para a informação e comunicação global, visto que nos dias de hoje, num mundo globalizado, precisamos saber alguma coisa do Inglês para não nos perdermos no tempo. 1.3 […] Estou vivenciando um ensino-aprendizagem para a informação e comunicação global. 1.5. Conviver, no mundo globalizado, é entender um pouco de tudo, para tanto precisamos também entender informações em outras línguas. Também temos presente a idéia de que parte dos acadêmicos (sete deles) entendem a LE como um meio para alcançar sucesso profissional, como nas transcrições abaixo: 18 Esclarecemos que as respostas foram transcritas dos instrumentos tal qual foram respondidas, ou seja, não realizamos nenhum tipo de correção na transposição dos textos documentais para esta análise. Os grifos são nossos. 67 1.6. Hoje, precisamos saber uma LEM para podermos nos comunicar com o mundo, os meios existentes de comunicação (computador, web, teleconferência) estão sendo cada vez mais utilizados, a necessidade de uma segunda língua tornou-se evidente, não só para garantir sucesso profissional, mas também para tornar você um profissional. 1.7. Sem dúvida a língua estrangeira é essencial para que possamos conseguir seguir em frente em nossos dias, no meu caso acadêmico de agronegócio penso que sem algum conhecimento de outra língua não vamos poder progredir profissionalmente, pois o agronegócio está ligado diretamente com os outros países. 1.8. Penso que ainda que é de ascensão profissional, pois hoje o mundo gira entorno de um país de língua inglesa onde temos que se adequar a esses métodos para acompanhar o mundo em seu desenvolver. Três acadêmicos sustentam a idéia de que aprender uma LE tem a ver com informação, ascensão profissional, além de a língua inglesa ser vista como língua global: 1.10. A LEM pode ser usada certamente como uma ascensão profissional, mas, mais que isso ela ajuda nós enquanto (estudantes) acadêmicos uma aprendizagem ampla, assuntos que usamos ou convivemos no dia-a-dia que poderão ser mais facilmente utilizadas. Concordo com os dois pontos colocados, pois você aprendendo você terá uma visão e comunicação global ampla que facilitará o lado profissional. 1.17. De uma ascensão profissional e social, hoje ela se tornou necessária para a comunicação global, no meu ver a língua inglesa é necessária. 1.22. Como asenção global e profissional estar por dentro do que acontesa no mundo. Vale destacar uma das respostas, que nos chamou atenção, na qual o inglês recebe outra conotação: 1.7. Eu acho que a língua deve ser aceita para nossa aprimoração social, conhecimento, lazer, prazer, novas culturas, para entendermos como é a vida lá fora, não ficando somente ligados a nossa vida social (brasileira). Para realização pessoal, novas estratégias. Estou vivenciando a 2ª posição. Através desse depoimento, percebemos que, para alguns, a compreensão de uma LE ultrapassa os limites de uma concepção puramente instrumental, de modo que a diferença entre uma e outra se faz necessária e serve para o despertar quanto a outras culturas. Cabe, aqui, trazer a contribuição de Revuz (, 1998, p. 229): “viver com, sem rejeitar nem absorver, significa primeiramente respeitar a língua do outro, depositária insubstituível das identidades individuais e 68 coletivas. […] e uma comunicação criativa na qual podem surgir informações, significações e elaborações novas”. Na mesma linha de raciocínio, verificamos que a resposta abaixo deixa marcas de compreensão de vivenciar o diferente: 1.16. Aquela que está no interesse de conhecer algo novo. Onde você vem com um pensamento. E sai com um conhecimento maior e diferente, como na vida, trabalho etc. Por outro lado, percebemos que a uniformização da língua, vivenciada através dos modos de vida e de produção mundial, persegue-nos e nos força a aceitar o conhecimento da língua como imperativo cada vez mais comum: 1.18. Com certeza o inglês é importante e sempre vai ser, pois todo lugar que vamos, precisamos entender um pouco dele. 1.19. Acredito que atualmente a forma de aprendizagem de uma língua Estrangeira e a assimilação da mesma é de suma importância, levando-se em consideração o contexto em que vivemos, sendo sim este globalizado. Minha vivencia está relacionada a segunda afirmação. 1.20. Atualmente a língua estrangeira é esencial para ascenção social como para vida proficional e ou acadêmica. Pois hoje existem palavras que não são traduzidas para o português e sim ficam com sua língua origem, por isso e outras coisas que é essencial saber pelo menos o básico do inglês, outro exemplo é o computador que se você não entende um pouquinho de inglês você não consegue as vezes manusea-lo. 1.31. Muitas coisas que nós presenciamos, que nós vivemos envolvem o Inglês. Por exemplo: se aumentou o preço de alguma mercadoria, logo retrata EUA, por isso é importante o estudo da LEM. 1.33. Você ter como objetivo o conhecimento é uma das maiores metas, e nos dias de hoje o inglês é nosso maior aliado. O 2° método está ajudando-me para que veja e encare o inglês de uma forma fácil. 1.29. Como comunicação global. A comunicação pelo inglês é mais fácil. Para ser adotado no mundo, já que é uma língua que em todo país algumas pessoas falam. Assim, percebemos que o inglês afeta nossas vidas: mesmo que não saibamos contraargumentar nessa língua, ele é mencionado como ponto determinante em nossas vidas. A questão seguinte do instrumento era: 69 Uma das teorias sobre o ensino de leitura é que o significado está no texto apenas, portanto, é dele que se deve extrair o significado. Você concorda com essa afirmação? Por quê?. Apenas oito dos trinta e três responderam que sim, que o significado do texto está no texto apenas: 2.14.Sim: Por que é dos textos que retiramos o nosso conhecimento e sabedoria. 2.24. Sim, porque o significado tem que estar no texto. 2.25.Sim, porque vamos entender o texto. Grande parte dos acadêmicos – vinte três deles – mostraram-se contrários à idéia de decodificação. Em contrapartida, os demais foram contraditórios em suas respostas, deixando dúvidas. A pergunta não foi compreendida ou a memória coletiva está instalada nesses dizeres? Algumas das respostas evidenciam a compreensão de que para dialogar com o texto é preciso ter conhecimento, ou seja, o caminho percorrido para a busca da compreensão envolve diversos estágios, resultado da relação entre o conhecimento velho e o conhecimento novo. Os depoimentos abaixo permitem expandir a análise. 2.15. Não. Porque muitas vezes achamos que o texto tem um significado, porém uma conversação ou uma reflexão pode nos indicar o real significado. 2.16. São, pois muitas vezes no primeiro momento, o texto pode trazer uma idéia, mas que quando debatida traz um novo rumo. 2 6. Não, pois a compreensão do texto envolve além de conhecer o que está escrito, conhecer o assunto, para fazer inferências, usando o Previous Knowledge. 2. 20. Às vezes sim outras em tanto não, é possível fazer inferências no assunto tratado principalmente quando nós temos mais conhecimento do assunto. 2.21. Não. A partir do significado de um texto pode-se acrescentar coisas novas e viáveis para que o texto seja enriquecido com nosso conhecimento (pessoal). 2.22. Não, porque se pode buscar outras informações além do significado do texto. 2.23. Pensava que era assim mesmo depois das aulas de inglês percebi que existe outras formas. 2.27. Não, nem tudo está no texto, algumas coisas está relacionada ao nosso dia-a dia. 70 2.28. Não. Por que depende de uma interpretação e análize dos dados para uma melhor compreensão. 2.30. Não. porque não é só através de texto que podemos entender a língua com fotos pessoas aprendemos também. Outra análise possível de algumas dessas respostas é a de que o aluno pensa num sentido possivelmente ilusório, mas passa a acreditar num “real significado”. Nessa situação, mais uma vez, fica a crença de que há um significado único para um texto e ele já está definido mas podendo ser alterado com acréscimo de nossas opiniões e com análise de situações extralingüísticas. O próximo questionamento era: Na sua opinião, a leitura de textos na língua inglesa só deveria servir como método para aprender gramática, melhorar o vocabulário ou também deveria servir para produzir sentidos, para poder participar do processo sócio-histórico? Você poderia citar algumas das atividades em que foram evidenciados esses comentários? Percebemos a possibilidade de que os depoimentos seguem a mesma direção da resposta à questão anterior, ou seja, muitos dão conta de que a leitura não é pretexto para ensinar gramática, melhorar vocabulário – situação em que o livro didático aparece como modelo dessa prática –, mas que também serve para produzir sentidos. 3.6. A leitura de textos da língua inglesa deve tornar, ou levar o leitor a formar uma idéia do contexto social relacionado ao assunto descrito, coisa que muitas vezes não acontece. Em outros momentos, a leitura serve para entender gramática e é vista como mescla entre gramática, vocabulário e produção de sentido. 3.10. Entender a gramática é um ponto muito valioso no conhecimento de um (praticante) estudante de LEM, pois através dela, a facilidade de compreensão aumenta e a escrita também se tornará mais prática. E certamente a leitura somente, pode ajudar a compreender melhor as necessidades do dia-a-dia. 71 3.13. O inglês é complexo precisamos da gramática, do vocabulário e dos sentidos para que possamos ter uma melhor avaliação sobre o assunto, todos os métodos são importantes mas o do sentido é o mais importante. 3.19. É esêncial dos dois, porque na maioria das vezes é preciso saber da gramática para traduzir um texto. Fato interessante é que, se voltarmos às respostas da primeira questão, para comparálas às da terceira, cujo entendimento, por parte dos alunos, é de que percebem a LE como comunicação global, desponta a contradição, na medida em que indicam que, para que haja melhor compreensão na LE, os textos precisam estar relacionados à sua área de atuação. Os textos da área são vistos como facilitadores; porém, não podem ser entendidos como sendo globais, uma vez que tratam de temas específicos e muitas vezes regionalizados, muito embora os alunos encontrem neles mais sentido, pois percebem uma relação entre teoria e prática. Dito de outra forma, lerá melhor quem se aproximar dos sentidos previamente definidos (por eles, nesse caso). Vejamos: 3.31. Traduções de textos, discussões sobre o assunto dos textos. 3.33. Com certeza os textos da lingua inglesa devem ser produzir sentidos, para que possamos compreender a matéria relacionada com a prática. Nesses depoimentos, está implícito que, desde que os textos sejam da área, os leitores poderão fazer relações mais adequadas, e, conseqüentemente, perceberão efeitos de sentidos, além de entender a língua como resultado de hábitos sociais. Por exemplo: 3.26.As traduções foram importantes, e os métodos de como se comportar, e costumes nos outros paises que utilizam a lingua inglesa. Em outros momentos, declaram que foi possível compreender melhor o assunto, a importância de certos temas com textos trabalhados em sala sem o uso do livro didático: 3.16. Participar do processo sócio-histórico. Atividades realizadas foi a explanação do texto Agricultura sustentável. 72 3.22. Também para fazer outras leituras. A última atividade que nós apresentamos. 3.25. Na minha opinião como principal a língua Inglesa tem que servir para produzir sentidos e direcionar a um foco educativo, uma atividade que poderia citar é quando tivemos o entendimento Do texto a Saga do Soja. 3.32. Produzir sentido seria o melhor. Sobre o 1° caso não me vem a mente, mas sobre o 2° podemos citar os textos dos últimos encontros. Observemos a questão seguinte: Os textos Facsimile, Passenger Killed when Blast Sucks him out of Jetliner e Tropical Tragedy, do livro Inglês Instrumental – Estratégias de leitura, de Rosangela Munhoz, vistos em aula, seguem um roteiro de atividades, entre elas, Critical Reading. Em sua opinião, essa atividade ajuda/ajudou a torná-lo leitor dos textos que circulam no social, que permitem compreender e perceber outras vozes, ou apenas limitam-no à leitura didática, destinada apenas a ensiná-lo a ler (decodificação) e concordar com a posição expressa pelo autor? Constatamos, mais uma vez, a contradição expressa pelos acadêmicos. Dos 31 que responderam, apenas quatro dizem que a proposta de Munhoz limita, é monótona, conforme se verifica nos enunciados: 4.8. Esses textos ajudaram nós não só no sentido de entender a visão do autor, mas de ter meu próprio ponto crítico. 4.17. Na maioria das vezes fiquei concordando com a posição do autor. 4.21. A leitura gerou em nós uma opinião própria. 4.30. Esse tipo de texto ele te limita a um contexto de interpretação. Mas, por outro lado, é também possível que os respondentes não tenham compreendido a questão. Observemos a questão de número 5: Segundo a teoria de Terzi (1984), o aprendiz de uma LEM deve tomar consciência de que a leitura é um processo ativo de construção de sentido a que o leitor chega por meio de antecipações, confirmações e/ou reformulações de hipóteses, inferências, utilização de conhecimentos prévios, uso de informações não lingüísticas (ilustrações, gráficos, tabelas, pontuação, etc.), e não apenas por intermédio da soma do significado de todas as palavras do texto. As estratégias apresentadas nos textos estudados permitem que isso ocorra? Em que situações? Diante dessa pergunta, temos a confirmação de 19 alunos, ou seja, 50% dos que 73 responderam disseram ser importantes para a compreensão dos textos os aspectos enunciativos, tabelas, gráficos, gravuras, enfim, que o processo de produção de significação se torna mais fácil quando associado a essa ordem de saber. 5.9. Sim, pois o conhecimento prévio e o uso das informações não lingüísticas permitiram e muito na tradução. 5.1. Sim. Primeiramente, em alguns livros, olhávamos as gravuras, palavras chaves, tentando entender o texto e podemos perceber que fazendo isto a leitura e compreensão torna-se mais fácil. 5.2. Sim. Às vezes um simples gráfico ou tabela, vem a nos favorecer na compreensão, do que uma pagina cheia de teoria. 5.3. Sim. Pois analisávamos os textos e dávamos sentido sem precisar traduzir todas as palavras. 5.4. Sim, “a saga da soja”, “Tropical Tragedy”. 5.5. Sim. Pois um exemplo pode ser dado através dos textos vistos em sala de aula, onde antes de ler o texto, interpretávamos as figuras e era possível identificar parcialmente o que abordava o assunto, também foi frizado e praticado o entendimento do texto sem a tradução de todas as palavras, uma vez que, é possível entender o sentido que o autor dá ao texto. Quatro respondentes afirmam ter construído o sentido por meio de antecipações e inferências, dado que confirma a posição expressa por Cruz (2001), que salienta ser a associação das várias habilidades o que o leitor tem e usa para a produção de sentidos. 5.6. O conhecimento prévio é uma realidade que precisa ser utilizada para que haja a compreensão de um texto, e as técnicas de leitura que foram a nós ministradas, levam o leitor a buscar todo o seu conhecimento prévio, a fazer inferências e desta forma compreender o texto ou assunto em questão. 5.16. Sim. Quando já sabe-se algo sobre o assunto, através de certas ilustrações, dentre outras que foram presenciadas em aula. 5.17. Sim, no modo de interpretar o que o autor quis dizer e não expressou com palavras. 5.18. Através da leitura, de uma foto ilustrada, dá para se constatar o que o texto enfatiza. 5.19. Permite porque através das ilustrações, tabelas e outras a gente consegue entender um texto não só pela leitura. Porém, outro aspecto chamou-nos atenção: o baixo índice de respondentes que 74 afirmaram ter podido fazer inferências quando os textos não eram os do livro didático. 5.12. Sim quando os textos não são didáticos, quando os assuntos são abertos. 5.13. Sim. Nas varias situações colocadas em sala de aula. 5.14. Permite sim, em todas as situações em que houve interpretação de textos. Notemos a seguinte questão proposta: Geralmente tem-se o uso do livro didático nas aulas de LEM. Você julga importante que as aulas (professor) tenham como guia um livro didático ou você prefere trabalhar com textos mais específicos voltados à área de interesse e que tenham informações a serem discutidas e problematizadas? Como respostas, temos várias falas que se diferenciam. Alguns afirmam ser importante o uso do livro didático associado a textos da área: 6.12. Segunda opção pois torna mais atrativo. 6.13. Tem de haver os dois: o livro didático e textos específicos, mas no meu ver os textos com assunto especifico fazem com que o aluno tenha novas idéias, opinião própria. 6.24. As duas coisas, a gente pode associar o livro com os textos e tornar as informações em conhecimento. Apesar de a grande maioria optar pelo não uso do livro didático, temos claro que para eles há certa confusão, pois, se entendem que a comunicação é para ser global, conforme respostas à questão 1, como podem afirmar ser relevante e terem preferência por textos da área? Aqui se faz necessário esclarecer que parte dos acadêmicos entendem como textos da área aqueles essencialmente ligados à temática rural e à sua região. Por outro lado, eles parecem não entender como os aspectos locais estão contidos no global. 6.4. Importante o uso do livro. 6.5. Temas mais direcionados na área, para se fazer maiores discussões do assunto. 6.6. Temas direcionados mais a área de interesse. 6.7. Sim, textos de nossa área, permitem maior conhecimento sobre o assunto. 75 6.8. Eu preferi trabalhar com textos relacionados ao curso ou com atualidades que estejam acontecendo. 6.9. Eu prefiro trabalhar com textos mais específicos voltados a área de meu interesse. 6.19 Não concordo com livros: os textos ligados as atividades de interesses são mais produtivas, você pode também usar assuntos da realidade local. O livro traz um contexto geral, poderá ser não ideal para a realidade da região. Assim, podemos constatar que é uma minoria que percebe que a língua pode servir tanto à informação como ao conhecimento. 6.11. Os dois porque assim haverá um maior conhecimento da LEM. 6.13. Tem de haver os dois: o livro didático e textos específicos, mas no meu ver os textos com assunto especifico fazem com que o aluno tenha novas idéias, opinião própria. 6.19. Não concordo com livros: os textos ligados as atividades de interesses são mais produtivas, você pode também usar assuntos da realidade local. O livro traz um contexto geral, poderá ser não ideal para a realidade da região. 6.20. Penso que ambos são importantes pois precisamos do alicerce gramatical para podermos adentrar em textos de interesse. 6.23. No meu ponto de vista é interessante uma mistura dos dois tipos de assuntos pois é preciso estar a par dos acontecimentos do mundo e também sobre o assunto e interpretá-los no nosso ponto de vista. 6.24. As duas coisas, a gente pode associar o livro com os textos e tornar as informações em conhecimento. Temos, ainda, outra visão decorrente dessa proposição: a de que a língua está associada à ascensão social e de que ela só será entendida, compreendida, se o professor souber motivar o aluno. 6.12. Segunda opção pois torna mais atrativo. 6.23. No meu ponto de vista é interessante uma mistura dos dois tipos de assuntos pois é preciso estar a par dos acontecimentos do mundo e também sobre o assunto e interpretá-los no nosso ponto de vista. Praticamente todos responderam afirmativamente à pergunta de número 7: Você poderia afirmar que as perguntas apresentadas pelo livro de Rosangela Munhoz referentes aos textos trabalhados permitem fazer leituras além da palavra? Justifique. 76 Observemos: 7.2. Sim. 7.3. Sim a leitura alem da palavra vem por meio do assunto abordado e pelo nosso conhecimento (pessoal) 7.4. Sim. Alem das palavras tem as figuras e estratégias de leitura. 7.5. Sim a situação em que o autor escreve. 7.18. Sim pois já temos um bom aprendizado das palavras, e muitas são repetidas. Pelo que podemos perceber, as respostas dadas são um tanto contraditórias e vagas, uma vez que se referem à leitura além da palavra, aquela que pode ser feita pelos aspectos enunciativos e pelo vocabulário. Em contrapartida, três respondentes não concordam com as perguntas feitas pelo manual e um deles justifica: 7.7. Não lembro. 7.8. Não. 7.12. Ás vezes, em outros casos, pede somente que se retirem datas, dados do texto. Ainda em relação à produção de sentidos, procuramos discutir o assunto, através da pergunta de número 8: As estratégias de leitura com suas perguntas apresentadas pelos textos Stress, Passenger Killed when Blast Sucks him out of Jetliner e Tropical Tragedy permitem a você opor-se às respostas, permitem discordar das informações apresentadas, permitem a construção de sentidos ou apenas a informação pura e simples? Por quê? Foi possível confirmarmos a posição expressa pela pergunta 7 – e tivemos uma surpresa. Dos 24 respondentes, 16 afirmaram não ser possível fazer outra leitura, e que ela apenas serviu para retirar dados e informações. Mais uma vez esses dados nos surpreendem, pois, se não é possível fazer outras leituras com o uso do livro didático, por que o índice de respostas da questão anterior foi tão significativo? Observemos algumas respostas: 77 8.5. Permitem que se faça uso simplesmente do nosso conhecimento para decifrar as informações. 8.7. Apenas a informação pura e simples, pois nos relata um fato, que desconhecemos, não podendo opinar. 8.8. Ele é limitante deste ponto de vista muitas respostas você encontra no livro. 8.11. Informação pura e simples. 8.12. Informação pura, pois relatou de um acidente. 8.13. Informação pura e simples porque retrata o texto e está escrito nesse texto. 8.14. Não.19 Vejamos a questão de número 9: Você julga importante que a fonte dos textos seja informada, ou não é relevante saber quem escreveu, em que circunstâncias e qual a posição que ocupa? Todos responderam ser necessária a fonte dos textos, uma vez que eles, os leitores, sabendo a fonte, podem aprofundar conhecimentos, além de conferir maior credibilidade ao texto, como podemos constatar nas respostas: 9.1. É importante ter nos textos fontes de informação. 9.2. É importante sabermos de onde foi retirado os textos, pois um dia queremos ler com mais tempo. 9.3. Julgo importante, pois demonstra veracidade. 9.4. Às vezes é preciso saber quem escreve pois assim sabe-se qual é a posição do escritor sobre o assunto e porque ele tomou essa posição. 9.6. Sim porque você vê em que circunstancia foram escritos os textos. 9.16. É importante, para percebermos com mais clareza o assunto abordado. 9.17. É importante ter referências sobre o autor, para ajudar a analisar a opinião do autor. 9.18. Julgo ser importante pois a compreensão se tornara mais fácil, um exemplo são os textos retirados de jornais, estes são fáceis de serem assimilados e é possível identificar de que parte do jornal foram retirados.. 9.19. Sim, pois conhecendo a fonte podemos identificar o tipo de linguagem. 19 Obtivemos mais nove respostas iguais a essa. 78 9.20. Sim para conhecer quem fala e porque argumenta tal assunto (concorda ou não concorda). Parece-nos, mais uma vez, que o imaginário discursivo de nossos leitores, nessas respostas, indica que importa saber o que o autor enuncia e não como ele enuncia. Na seqüência, temos a décima pergunta: Você realizou atividades (leitura, análise) com os textos contidos no manual e outros trazidos pela professora (pesquisadora). Você percebeu diferenças nos textos e nas perguntas sugeridas/elaboradas pelo manual e pelas da professora? Em que situação você percebeu diferenças, se envolveu mais? Atentemos para estas respostas, que indicam o fato de não terem compreendido o que propúnhamos: 10.2. Sim. Pois tendo as perguntas fica mais fácil se situar no texto, sabendo o conteúdo o que ele quer nós transmitir. 10.6. Em algumas perguntas sim, mas o importante é entender o significado sugerido para entender e ter opinião diferenciada a favor e se for o caso argumentar o contrário. Essas respostas permitem dizer que as atividades realizadas provavelmente não foram relevantes e diferentes como planejado, até porque são respostas que se voltam para a intenção do autor, pois a pergunta direciona a resposta possivelmente encontrada no texto. Em contrapartida, percebemos, em outras situações, que a maioria dos alunos preferiu as questões “elaboradas” no decorrer das discussões, evidenciando uma abertura e compreensão diferenciada de leitura, demonstrando a vontade e capacidade de produzir um deslocamento. 10.10. Sim, nas perguntas elaboradas pela professora a exploração das nossas idéias é constante, interpretamos os textos, discutimos as opiniões. 10.11. Sim, pois as perguntas elaboradas pela professora geram mais debates e assuntos. 10.12. Sim. As perguntas são mais voltadas a nos acadêmicos onde assim podemos discutir com mais clareza os temas abordados. 79 10.13. As perguntas da professora são mais discutidas, gera mais debate, em quanto as perguntas formais são aquelas e pronto. 10.14. Sim. As perguntas elaboradas pela professora levavam a um maior debate e as aulas mais dinâmicas e interessantes. 10.15. Sim.As do texto eram mais objetivas. 10.16. Sim, há uma larga diferença pois os textos estudados, geraram uma certa discussão sobre o assunto criando uma serie de outras perguntas. Em relação às atividades propostas, tanto as do livro quanto as perguntas “elaboradas”, todos concordam que é possível fazer “leitura reflexiva”, mesmo as que enfatizam a busca de dados, desde que juntamente sejam oportunizados questionamentos em relação à informação e possíveis posicionamentos diante dessas informações. Para que isso ocorra, citam também a necessidade de um conhecimento maior da língua e retomam a questão enunciativa dos textos, concordando com Moita Lopes (1995, p. 67), “as estruturas e as formas ajudam a produzir sentidos”. Em certos momentos, foram trazidos aos alunos outros textos sem perguntas préestabelecidas, as quais surgiam à medida que a discussão avançava. Em relação a essa questão, podemos constatar divergências de opinião, algumas delas enfatizando a necessidade de ter perguntas direcionadas, ou seja, a crença de que o que está no livro didático ou aquilo que o professor diz é a verdade única, como se a pergunta lhes assegurasse a certeza da resposta. A pergunta era: Nas atividades em que você precisa compreender/interpretar o texto sem roteiros prontos, sem perguntas de localizar informação, ou mesmo outras atividades que apelem à organização esquemática formal do texto, ao esquema de conteúdo, foi possível fazer inferências, pressuposições, foi possível discutir, refletir e argumentar sobre o assunto em questão? Observemos algumas respostas: 11.2.Até podemos refletir sobre o texto, só fica um pouco mais complicado. 11.4. É possível. 80 11.5. Sim em quase todas. 11.6. Sim textos que geram interesse despertam conhecimentos e curiosidades. 11.7. É possível, mas se torna mais complicado. 11.8. É possível e mais interessante, buscar informações e fazer referencias sem um questionário. 11.10. Sim com muito mais facilidade. 11.12.Sim, pois pegando um texto sobre produtividade ou solo, você entende que o solo dependendo do manejo adotado você define a produção e ao mesmo tempo sua estrutura física, podendo assim adequá-lo a necessidade da atividade em questão e ou melhorar praticas de manejo apresentadas pelo texto. 11.14. É mais complicado, mas dá para tirar duvidas e agregar um conhecimento seu! Dá para fazer. Na última questão, buscamos saber em que atividades, segundo eles, foi possível fazer leitura reflexiva: Que atividades realizadas por você permitiram fazer leitura reflexiva? Obtivemos os seguintes comentários: 12.2. Isso depende dos textos, que devo tomar uma posição, assim querendo falar ou não. 12.3. Na verdade em todas, mas em especial em textos da área com perguntas. 12.4. Nos últimos textos da área. 12.5. Na maioria das vezes foi possível fazer leitura critica. Muitos ainda afirmam ter mudado sua maneira de ler e entender textos. Perguntas que lhes permitem outras respostas que não apenas a retirada de dados os fazem pensar e refletir mais. Por exemplo: 12.12. Aqueles textos em que não apresentavam questionários formais do próprio autor (livro). 12.13. Nos textos que não apresentavam um questionário formal do texto. 12.21. Através de textos específicos da área. 81 Percebemos também que, para o aluno, é importante ver concretude no uso da língua, aplicabilidade nas ações. Embora ele expresse a necessidade do inglês como comunicação global, ele deseja que seu uso seja específico, e precisa concretizar o uso da língua. Dito de outro modo, o aluno só percebe sentido nos textos que abrangem situações reais de uso. Observemos: 12.8. Penso que nos textos mais voltados ao agronegócio em si, como textos da goiaba que falam de seu mercado consumidor, possíveis industrializações de mercado, coisas que nos rodeiam. 12.10. Foram em muitas atividades sobre agricultura e outros assuntos que não continham gramática. 12.11. O da goiaba, A Saga da Soja, o conflito entre segurança alimentar e recursos naturais. Desse modo, fica evidente que focalizar as situações reais de uso da língua, para esses acadêmicos, significa manter contato com textos de sua área, o que não surpreende de todo, uma vez que a própria literatura aponta que o estudo da língua torna-se mais acessível se trabalhada com aquilo de que o aluno gosta e precisa. Observando as respostas dadas pelos participantes, em especial às questões que se referem ao uso do manual didático, e em respostas que apontam a importância de ter certeza delas, reconhecemos que os efeitos de sentido produzidos estão inscritos na FD (Formação Discursiva) do sujeito que é reconhecível na FD da escola, e tais efeitos de sentido têm apoio nas práticas materiais instituídas pela ideologia dominante, na instituição escolar/acadêmica, o que nos remete ao já-dito, de acordo com Pêcheux (1997). A FD é, em grande parte, responsável pela indução do sentido, pois é ela que conduz a uma dada interpretação, e aqui, nesse espaço, percebemos que o discurso do manual tem seu sentido instituído e o reproduz, e nem mesmo o professor consegue romper com ele, na medida em que se restringe a representar – e por que não dizer: justificar – o papel de “detentor do saber” , como indica Coracini (1999), perpetuando a sua submissão ao que o manual estipula. 82 Isso colabora para que se institua um efeito de sentido quase evidente, aquele previsto. É pelo repetível do interdiscurso que podemos perceber a presença de uma e outra tendência didático-metodológica na construção dos discursos, mesmo que as tendências não sejam discernidas no discurso. Interessante mencionar que quando os alunos se referem às perguntas elaboradas pela professora, eles estão se referindo às perguntas “informais” feitas pela pesquisadora a eles, tanto com relação aos textos do manual didático como aos textos trabalhados sem a presença explícita de pergunta “certa” para resposta “correta”, realizadas no decorrer dos últimos encontros. Através de alguns desses depoimentos, é perceptível que o papel do professor que busca contribuir para uma possível reflexão, fugindo do pré-estabelecido pelo manual didático e intervindo no processo de construção de sentidos, acaba se tornando sutil, dificultando ainda mais a discussão acerca do sujeito e da linguagem. Os dados mostram que os acadêmicos mantêm a percepção de que poderão aprender, desde que sigam alguns princípios de ensino/aprendizagem, tais como: apelo a estratégias de metacognição relativas ao processo de leitura para facilitar a aprendizagem (tentar descobrir por meio de palavras conhecidas); apelo a estratégias de metacognição relativas à metodologia de ensino de leitura usada (“Mudou porque são estratégias fáceis, onde nós vimos o inglês como um bicho. Mas não é, tem várias formas de escrever e entender”); apelo ao pré-conhecimento que o aprendiz tem (“O conhecimento prévio é uma realidade que precisa ser utilizada para que haja a compreensão de um texto, e as técnicas de leitura que foram a nós ministradas, levam o leitor a buscar todo o seu conhecimento prévio, a fazer inferências e desta forma compreender o texto ou assunto em questão); visão de leitura como uma atividade que envolve a confirmação das hipóteses, por parte” do leitor, sobre o significado que está sendo construído (“no texto você encontra a opinião do autor, mas buscando informações de outros pode-se obter melhor qualidade no que foi informado anteriormente”); visão de leitura que engloba a utilização pelo leitor de dados lingüísticos e não lingüísticos como constitutivos do discurso escrito (“não é só 83 através de texto que podemos entender a língua com fotos pessoas aprendemos também”). Fica claro que a visão desse processo de ensino/aprendizagem de leitura em inglês foi influenciado por concepções teóricas oriundas da tradição do ensino de língua estrangeira e pela compreensão inadequada de alguns aspectos da linguagem. Assim, entendemos que o conhecimento sistemático e formal é necessário, mas não garante a cidadania. Em aulas de Inglês Instrumental, esse conhecimento precisa ir além dos conteúdos programáticos prescritivos. Precisa passar pela articulação desse conhecimento ao contexto social em que vive o acadêmico, para que a informação de que ele dispõe se transforme e para que análises interdisciplinares possam ser feitas. Não basta, portanto, proporcionar aos alunos artigos na língua-alvo, leituras direcionadas a sua área de especialização para uma melhor compreensão. É necessário, sobretudo, que nossos jovens/adultos, induzidos/levados pelo poder do discurso político e econômico, entendam que o simulacro e a representação do real não podem ser substituídos pelo conhecimento refletido. E, mais que isso, cabe ao professor levá-los a perceberem que os discursos mostram-se, também, como relações de poder. Afirma Orlandi (1987, p. 68) que “O sujeito não se apropria da linguagem num movimento individual: há uma forma social de apropriação da linguagem em que está refletido o modo como ele o fez, ou seja, sua ilusão de sujeito, sua interpelação pela ideologia”. E mais: conforme Santaella (1996, p. 330-331), Toda linguagem é ideológica porque, ao refletir a realidade, ela necessariamente a retrata.. […] As linguagens que dão corpo às ideologias, na dimensão de cada cultura historicamente determinada, trazem inevitavelmente as marcas da posição política dos agentes sociais. […] não há linguagem possível, conseqüentemente, que não seja um feixe inicial de tensões políticas. Cremos que, ao reforçar esses esclarecimentos que são fundamentais, os acadêmicos poderão avançar na construção de um saber que, na perspectiva da AD, nos coloca de início em 84 contato com uma disciplina que tem na linguagem, na história e na ideologia um movimento permanente de questionamento, de conflito – movimento esse que permite encontrar espaço para a permanente busca de respostas que venham possibilitar uma nova forma de leitura daquilo que está no texto, mas proveniente não apenas do espaço da linguagem. Nessa esteira, Revuz (1998, p. 228) levanta questões importantes no âmbito do ensino da Língua Inglesa: Qual é o estatuto desse inglês do qual nos é dito que é o veículo inevitável da comunicação internacional? É realmente a língua natural de uma comunidade social ou é um código construído a partir do principio do menor denominador comum para usos tecnicamente, socialmente ou culturalmente delimitados? Aprender inglês é aceder à diferença britânica, americana, neozelandesa etc, ou é dar-se os meios de partilhar com um grande número de pessoas os lugares científicos, econômicos, ideológicos que criam, além das diferenças nacionais, uma semelhança ancorada na hegemonia de um sistema econômico? Essa reflexão, sem dúvida, aponta respostas contraditórias e conflitantes, na medida em que entendemos que a relação entre história e linguagem agrega significados à língua. Ora, se os discursos, por serem lugar de existência do social, apresentam-se em estado de confronto, justifica-se o permanente embate entre, de um lado, a língua estrangeira vista como mercadoria, conhecimento para ser adquirido, e, de outro, como conhecimento para existirmos e fazermos existir. 85 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O movimento dos sentidos oscila e escorrega. As diferenças se apagam e os detalhes passam insignificantes nessa realidade que nos é apresentada hoje: a globalização. As estratégias usadas para dificultar a singularidade que procura despontar em pequenos movimentos feitos por poucos sujeitos são estratégias sutilmente elaboradas. O mundo competitivo, embora defenda a integração de idéias e as diferenças e a inclusão do sujeito em todas as esferas, impõe a presença e a necessidade da competitividade como sinônimo de ascensão social e instrumento de poder, não permitindo espaço para tratar dessa mesma diferença, que propaga, como singular. Orlandi (2001, p. 160-161) indica que Fala-se em “transmissão” de conhecimento. E o efeito de exterioridade fica só em seu efeito, não construindo uma passagem do indivíduo para sua forma de existência social, não havendo possibilidade de uma transferência real em sua forma de existência, em sua participação. Em outras palavras, não há individualização do/no processo social de conhecimento mas serialização, clonagem. Procuramos, nesse trabalho, fazer movimentos em direção ao universal, buscando encontrar pontos de singularidade e, assim, entender como se configura a relação entre uma língua estrangeira vista/disseminada como ferramenta de ascensão social, como um conjunto de discursos que propaga a expansão do progresso, do globalizado, e como instrumento de conhecimento que pode ser buscado também como fonte de prazer e cultura. Quando abordamos o inglês e seu ensino, logo pensamos que ele se faz necessário para consumir informações, tecnologia, e que precisamos (professor, aluno, instituição) encontrar um meio para que ele de fato se consolide. Nessa procura, porém, em muitos 86 momentos esquecemos que, em se tratando de uma LE, outros aspectos precisam fazer-se presentes, um dos quais é o de considerar perguntas e desabafos como: “por que tenho de aprender inglês e por que não outra língua?” ou ainda: “leitura em língua inglesa deveria proporcionar sentido…”. Ora, aí estão discursos que não poderiam passar sem análise, discursos cujos sujeitos precisam ser ouvidos – se não para receberem respostas finalizadoras (que não temos), ao menos para suscitar reflexões. Um dos objetivos propostos para a efetivação desta pesquisa era o de verificar se estratégias de leitura em inglês instrumental poderiam ou não produzir efeitos de sentido. A partir da análise dos três textos do manual didático de Rosângela Munhoz, chegamos à conclusão, por meio de perguntas direcionadas ao próprio manual e respondidas pelos alunos, que nem sempre é possível chegar à construção de sentidos, uma vez que o manual apresenta, em sua grande maioria, perguntas cujas respostas não precisam de muita reflexão – basta retirar informações localizadas no texto. Além disso, observamos também que os textos apresentados pelo manual, e por nós analisados, procuram ocultar e/ou dificultar os movimentos que sustentam o discurso homogeneizador que quer parecer neutro e universal, perceptível no manual didático também pelas perguntas que possibilitam apenas uma resposta, sem margem para discussões. O que poderia resultar na mudança de concepção de sujeito (uno e logocêntrico) por parte da maioria de nossos acadêmicos simplesmente não se verifica. Ora, quando pensamos o manual didático, precisamos ter clareza de que ele atende a certos pressupostos: que não é neutro, que traz nele o olhar da autora, da editora, de um sujeito que está inserido numa dada formação. Mesmo que não possamos delimitar a voz de um e/ou outro nesse livro didático em questão, cumpre salientar que o manual procura atender aos objetivos de um manual de inglês instrumental: ler instrumentalmente. Mas, na verdade, nossa análise indica que esse manual e as estratégias de leitura por ele apresentadas permitem uma 87 leitura que não vai muito além da decodificação da palavra. Por outro lado, cabe registrar outra constatação desta pesquisa: a instituição Universidade, usando modelos de leitura como o sugerido pelo manual, pouco problematiza e pouco contribui para mudanças em relação à construção de sentidos na leitura, uma vez que o manual trabalha com perguntas “fechadas” e “corretas”. Também não podemos deixar de assinalar que quem trabalha com o manual sem procurar problematizar o que nele está inserido também contribui para uma atitude de resignação e controle de conhecimento. Mesmo que o professor ensaie alguns movimentos de ruptura em relação ao estabelecido, ele encontra resistências, seja do próprio sistema institucional, seja do aluno – o que ficou evidenciado por muitas das respostas da pesquisa, e não nos causa surpresa, justamente por entendermos que para o aluno habituado a pensar e levado a agir seguindo o controle dado pelo professor e pelo livro didático, o conteúdo, e para o que ele serve, fica em segundo plano. Porém, nesse mesmo movimento, despontam tímidos gestos de ver e entender leitura como possibilidade de acessar o conhecimento. Prosseguindo em nossa análise, queremos considerar a dificuldade em responder a uma das perguntas de nossa pesquisa, acerca da dificuldade de trabalhar a leitura com acadêmicos que não atendem às exigências de uma sociedade mercadológica e competitiva. Para que nosso leitor não seja tomado pela surpresa, cabe relembrar que a perspectiva do inglês instrumental é preparar o leitor/acadêmico para se tornar competitivamente mais apto a enfrentar o mundo mercadológico, mas, paradoxalmente, em nossa compreensão, essas estratégias de leitura de textos propostos não permitem que o aluno se torne competitivo (no sentido positivo) e se sobressaia, uma vez que não lhe são dadas condições de reflexão e de tomada de posição diante de fatos (como apresentado pelo manual) – muito pelo contrário, a situação perpetua o modelo de leitura que trata o sujeito como incapaz de articular e refletir seu próprio discurso. 88 Se, por um lado, chegamos a essa triste constatação, registramos duas reveladoras situações indicadas por nossa pesquisa: quando procuramos saber se essas mesmas propostas permitiam leituras diferenciadas, se era possível construir efeitos variados de sentido, ou se elas apenas informavam, tivemos respostas interessantes, que nos permitem afirmar que uma parcela significativa de nossos entrevistados – os leitores/acadêmicos – não distingue leitura tratada como estratégia imediatista, de leitura que busca a multiplicidade de sentidos possíveis para leituras possíveis. Isso nos leva a entender que essa situação é oriunda de uma prática que, ao longo dos anos escolares, vem sendo feita, e que já foi citada anteriormente em vários momentos desta dissertação. Mas é preciso também registrar que alguns acadêmicos reconhecem esses dois tipos de leitura e os distinguem, reagindo de forma considerável à proposta apresentada pela pesquisadora (perguntas e discussões que eram construídas à medida que as análises dos textos por eles citados eram feitas – proposta que tinha como objetivo apontar outra possibilidade de leitura), mostrando que é possível obter mudanças significativas com práticas que se voltem contra o “pedagogismo”. Nossa prática procurava problematizar as atividades e refletir sobre as condições de produção de um texto e, com sua aplicação, concluímos que não será a curto prazo que resolveremos uma situação que vivenciamos já há tanto tempo. Neste trabalho, por outro lado, pudemos verificar que a compreensão de leitura, percebida por parte significativa dos alunos, é vista como processo receptivo, lugar em que o significado está no texto, muito embora alguns dos comentários enfatizem o processo de leitura não apenas como o reconhecimento de letras, mas como construção de conhecimento. Foi interessante verificar que, embora pudessem explicar a diferença entre textos do manual e textos outros, em muitas de suas respostas os alunos não conseguiam mostrar coerência na indicação de diferenças entre eles e os materiais trabalhados. Em contrapartida, é 89 oportuno também observar que alguns alunos conseguiram fazer reflexões a respeito das atividades propostas, apesar de demonstrarem dificuldades em diferenciá-las, o que, em nossa análise, se deve ao fato de que o discurso escolar está tão incrustado na memória e no imaginário dos sujeitos, que temos dificuldades em efetuar movimentos de deslocamento, os quais poderiam romper com o estabelecido. Assim, o espaço para discussões, quebras e reconstruções de paradigmas continua sendo abafado pelo projeto logocêntrico da modernização. O encaminhamento que professores em geral dão à língua/linguagem também é alvo de reflexões, pois é ele também que participa e contribui significativamente para o processo de conhecimento que ao sujeito é dado partilhar. Mesmo manifestando alguns traços de singularidade (deslocamento, considerando a tradição), os alunos encontram dificuldades na busca de autoria, uma vez que ainda está enraizada em suas práticas, sustentada tanto pelo manual quanto pelos encaminhamentos dos profissionais da área, a idéia de que a língua estrangeira serve para melhorar sua condição de sujeito no mercado de trabalho, mas não a condição de sujeito capaz de produzir outras vozes, como se uma não dependesse de outra. Importante ressaltar a permanência do antigo vínculo com o cotidiano, que aparece como efeito de sentido, na tentativa de entrar com a prática, “os textos da área”, e na frustração de não conseguir entender a língua como mais uma forma de conhecimento, como elemento de cultura e lazer. Conforme depoimentos, percebemos que ao professor – e, por extensão, às estratégias de leitura – é atribuído um papel motivador, cujo saber e prática determinam o sucesso ou insucesso de aprender uma língua estrangeira. A leitura continua relacionada com a idéia de decodificação, conforme vimos nas respostas analisadas. A idéia que perpassa é a de que os alunos estão desenvolvendo a habilidade de leitura somente como um conjunto de estratégias, como se bastasse usá-las adequadamente para lidarem com o texto e, assim, produzirem sentidos. 90 Nessa perspectiva, corremos o risco de entender e trabalhar leitura como atividade limitadora, que apenas busca reconhecimento de estruturas e informações, sem que ao aluno sejam oportunizados instrumentos que atinjam níveis mais profundos de análise. Vale ressaltar, conforme ficou evidenciado, que aprender uma LE, pela escolha dos textos e seus questionamentos via manual, é uma atividade sem conflitos. E mais: a preocupação com a LE e a sua expansão em grande escala sustentam esse discurso, que é mediado pela mídia: surge como imperativo aprender LE para poder participar do mundo globalizado – como constatado nos depoimentos dos alunos integrantes de nossa pesquisa. Ora, nessa relação precisa ficar claro que o sujeito que os enuncia é marcado ideologicamente e, assim, constitui-se de outros dizeres, na maioria dizeres “autorizados” institucionalmente, o que faz com que todas as respostas dadas pelos respondentes e os comentários por eles feitos e por nós analisados sugiram a imagem que nossos leitores têm da LE, ou seja, de que ela serve apenas para aprender gramática e para se dar bem no mundo dos negócios. Nessa perspectiva, saber uma LE é o mesmo que abrir portas para um mundo melhor, especificamente no caso do inglês, que é a língua dos grandes negócios, lugar onde tudo pode acontecer, lugar de onde o Brasil é falado. A economia gira em torno do estrangeiro; então, para se dar profissionalmente bem, é imprescindível saber uma LE. Também queremos considerar a expansão do inglês no mundo, não meramente como expansão de uma língua, mas como expansão de um conjunto de discursos que fazem circular idéias de desenvolvimento, democracia, modernização. Se assim entendido, o inglês – em específico o inglês instrumental, como vem sendo tratado no meio acadêmico/escolar: leitura como consumo de informações e tecnologias – funciona mais como uma maneira de homogeneizar o pensamento e as ações. Por fim, o Inglês Instrumental trabalha com o factual e mensurável – o contrário do que nos interessa, pois pensamos discurso como possibilidade de 91 inúmeros sentidos. Dessa forma, não fica espaço, ou fica muito pouco, para que aluno/aprendiz signifique nessa língua. Não é o caso, aqui, de apontar uma outra metodologia, até porque ela por si não se basta. O que precisamos é pensar um conjunto de ações. Sendo assim, é imprescindível que professores, de um modo geral, não reduzam o ensino da língua a questões sócio-psicológicas de motivação, a questões metodológicas, a questões meramente lingüísticas. A língua está imersa em lutas sociais, econômicas e políticas – e isso precisa ser discutido no cenário acadêmico/escolar, porque a língua e o discurso não são nunca neutros. Quem ensina inglês não pode ficar indiferente ao discurso dominante que representa a internacionalização do inglês como um bem, um passaporte para o primeiro mundo. É preciso considerar também as relações de seu trabalho com a expansão da língua, avaliando criticamente as implicações de sua prática na produção e reprodução das desigualdades sociais. Para que essa realidade aconteça, é necessário que outras questões anteriormente citadas – escola, universidade, estratégias de leitura, manual, leitura como processo – sejam contempladas. Na verdade, esse conjunto de ações é que é/será responsável pelas mudanças, pelas possibilidades de “deslocamento” e “desordem”. O inglês instrumental tem seu espaço, e até é preciso garanti-lo. O que não é desejável é que continuemos a tratá-lo como mero instrumento de generalização universal que determina quais as técnicas corretas a serem empregadas, capazes de levarem o leitor mais rapidamente ao que o autor “quis dizer” no texto. O manual didático pode ser, e em muitas situações o é, um auxiliar na disseminação do conhecimento. O que é condenável é permitir que apenas ele figure como objeto central nas aulas de língua, determinando o certo e o errado e implicando discursos que não permitem o aflorar dos conflitos tão presentes e que tanto queremos fazer emergir para pensá-los e discutilos. 92 Em relação ao ensino proposto para as escolas públicas estaduais, pensamos ser oportuno lembrar que não basta conhecer a Proposta Curricular; é preciso ir além, é urgente sua aplicação consciente e responsável, pois, em nossa compreensão, possibilitar a aprendizagem é apropriar-se de outras habilidades da língua. Percebemos, também, que a ação da maioria dos alunos no ambiente acadêmico é resultado do ensino médio, ou seja, a idéia de que o ensino do inglês está aí para cumprir programa, precisa-se do professor e do livro didático para avalizar o conhecimento e, mais, basta responder de acordo com o esperado (perguntas adequadas para respostas certas). Daí, a realidade precisa ser repensada em todos os níveis de ensino. Cabe também, nesse espaço, uma reflexão a respeito do papel que a universidade tem nesse conjunto de ações que citamos anteriormente. Embora não possamos afirmar com dados, pois não era objetivo de nossa pesquisa tal abordagem, pudemos perceber que ela ainda não está preparada para lidar com situações que num só tempo trabalhe universalização de conhecimento e singularidade de alunos/leitores. Dessa forma, parece interessante refletir: até que ponto ela está sendo espaço de construção de saberes? Perguntas como essa um trabalho futuro poderá responder. Para finalizar, sabemos claramente que não estamos a salvo de críticas com relação às idéias aqui articuladas. Afinal, o que trazemos são reflexões que necessitam ser disseminadas e ainda mais aprofundadas, para repensar as ações que fazem o ensino de inglês instrumental e o ensino de língua estrangeira serem como são. Queremos fazer desse discurso instrumento de melhoria na compreensão da metodologia, além de um compromisso: o de buscar sempre movermo-nos da posição de falante para a posição de atuante. 93 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA FILHO, J. C. P. DIMENSÕES COMUNICATIVAS NO ENSINO DE LÍNGUAS. CAMPINAS: PONTES, 1998. BRANDÃO, HELENA H. NAGAMINE. INTRODUÇÃO À ANÁLISE DO DISCURSO. 3.ED. CAMPINAS: UNICAMP, 1994. CORACINI, M. J. R. F. A AULA DE LEITURA: UM JOGO DE ILUSÕES. IN: CORACINI, M. J. R. F. (ORG.). O JOGO DISCURSIVO NA AULA DE LEITURA: LÍNGUA MATERNA E LÍNGUA ESTRANGEIRA. CAMPINAS: PONTES, 2002A. P. 27-33. CORACINI, M. J. R. F. LEITURA: DECODIFICAÇÃO, PROCESSO DISCURSIVO…? IN: CORACINI, M. J. R. F. (ORG.). O JOGO DISCURSIVO NA AULA DE LEITURA: LÍNGUA MATERNA E LÍNGUA ESTRANGEIRA. CAMPINAS: PONTES, 2002B. P. 13-20. CORACINI, M. J. R. F. (ORG.). LÍNGUA ESTRANGEIRA E LÍNGUA MATERNA: UMA QUESTÃO DE SUJEITO E IDENTIDADE. IN: CORACINI, M. J. R. F. 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Atualmente presenciamos uma mudança de ponto de vista que direciona o ensino-aprendizagem de uma LEM para a informação e comunicação global, levando-se em conta que o conteúdo, o método, e as razões do ensino constituem variáveis que dependerão das necessidades do aluno e dos aspectos históricos, sociais e culturais de cada situação de aprendizagem. Qual sua posição a esse comentário? Qual delas está sendo vivenciada por você? 2 - Uma das teorias sobre o ensino de leitura é que o significado está no texto apenas, portanto, é dele que se deve extrair o significado. Você concorda com essa afirmação? Por quê? 3 - Na sua opinião, a leitura de textos na língua inglesa só deveria servir como método para aprender gramática, melhorar o vocabulário ou também deveria servir para produzir sentidos, para poder participar do processo sócio-histórico? Você poderia citar algumas das atividades em que foram evidenciados esses comentários? 4 - Os textos Facsimile, Passenger Killed when Blast Sucks him out of Jetliner e Tropical Tragedy, do livro Inglês Instrumental – Estratégias de leitura, de Rosangela Munhoz, vistos em aula, seguem um roteiro de atividades, entre elas, Critical Reading. Em sua opinião, essa atividade ajuda/ajudou a torná-lo leitor dos textos que circulam no social, que permitem compreender e perceber outras vozes, ou apenas limitam-no à leitura didática, destinada apenas a ensiná-lo a ler (decodificação) e concordar com a posição expressa pelo autor? 5 - Segundo a teoria de Terzi (1984), o aprendiz de uma LEM deve tomar consciência de que a leitura é um processo ativo de construção de sentido a que o leitor chega por meio de antecipações, confirmações e/ou reformulações de hipóteses, inferências, utilização de conhecimentos prévios, uso de informações não lingüísticas (ilustrações, gráficos, tabelas, pontuação, etc.), e não apenas por intermédio da soma do significado de todas as palavras do texto. As estratégias apresentadas nos textos estudados permitem que isso ocorra? Em que situações? 6 - Geralmente tem-se o uso do livro didático nas aulas de LEM. Você julga importante que as aulas (professor) tenham como guia um livro didático ou você prefere trabalhar com textos mais específicos voltados à área de interesse e que tenham informações a serem discutidas e problematizadas? 7 - Você poderia afirmar que as perguntas apresentadas pelo livro de Rosangela Munhoz referentes aos textos trabalhados permitem fazer leituras além da palavra? Justifique. 99 8 - As estratégias de leitura com suas perguntas apresentadas pelos textos Stress, Passenger Killed when Blast Sucks him out of Jetliner e Tropical Tragedy permitem a você oporse às respostas, permitem discordar das informações apresentadas, permitem a construção de sentidos ou apenas a informação pura e simples? Por quê? 9 - Você julga importante que a fonte dos textos seja informada, ou não é relevante saber quem escreveu, em que circunstâncias e qual a posição que ocupa? 10 - Você realizou atividades (leitura, análise) com os textos contidos no manual e outros trazidos pela professora (pesquisadora). Você percebeu diferenças nos textos e nas perguntas sugeridas/elaboradas pelo manual e pelas da professora? Em que situação você percebeu diferenças, se envolveu mais? 11 - Nas atividades em que você precisa compreender/interpretar o texto sem roteiros prontos, sem perguntas de localizar informação, ou mesmo outras atividades que apelem à organização esquemática formal do texto, ao esquema de conteúdo, foi possível fazer inferências, pressuposições, foi possível discutir, refletir e argumentar sobre o assunto em questão?” 12 - Que atividades realizadas por você permitiram fazer leitura reflexiva?”. Respostas às questões 1.1 A língua inglesa, não é mais utilizada apenas para a aprendizagem da pronúncia, mas sim para se buscar informações desejadas sobre determinado assunto, podendo-se adquirilas de forma rápida e precisa. 1.2 A LEM está vivenciada por mim para a informação e comunicação global, visto que nos dias de hoje, num mundo globalizado precisamos saber alguma coisa do Inglês para não nos perdermos no tempo. 1.3 A língua inglesa é muito importante para as pessoas que fazem grandes negócios. Estamos aprendendo a nos comunicar, a obter informações tentando compreender os textos ou assuntos sabendo somente algumas palavras chaves. Acho que é um método que faz com que o aluno se esforce mais e também, para nós acredito que vamos ocupar pouco a fala, vamos utilizar no nosso dia-a-dia interpretações ou traduções de textos. 1.4 Concordo com esse comentário, pois o ensino-aprendizagem de uma LEM deve direcionar-se a informação e comunicação global, desde que leve em conta o conteúdo, o método, e as razões do ensino que constituem variáveis que dependerão das necessidades do aluno e dos aspectos históricos, sociais e culturais de cada situação de aprendizagem. Estou vivenciando um ensino-aprendizagem para a informação e comunicação global. 1.5 A língua estrangeira no meu ponto de vista vem para trazer informações e 100 comunicação global, pois é de suma importância a todos saberem mais de uma língua e mesmo porque a língua inglesa está presente diariamente na nossa vida. 1.6 Hoje, precisamos saber uma LEM para podermos nos comunicar com o mundo, com os meios existentes de comunicação (computador, web, teleconferência) estão sendo cada vez mais utilizados, a necessidade de uma segunda língua tornou-se evidente, não só para garantir sucesso profissional, mas, também para tornar você um profissional. 1.7 Sem dúvida a língua estrangeira é essencial para que possamos conseguir seguir em frente em nossos dias, no meu caso acadêmico de agronegócio penso que sem algum conhecimento de outra língua não vamos poder progredir profissionalmente, pois o agronegócio está ligado diretamente com os outros paises. 1.8 Penso que ainda que é de ascensão profissional, pois hoje o mundo gira entorno de um país de língua inglesa onde temos que se adequar a esses métodos para acompanhar o mundo em seu desenvolver. 1.9 A língua Estrangeira deve ser apresentada como instrumento de informação cultural e social-econômica. Não discutir gramática. Eu vivencio informação para aprender a economia na globalização. 1.10 A LEM pode ser usada certamente como uma ascensão profissional, mas, mais que isso ela ajuda nós enquanto (estudantes) acadêmicos uma aprendizagem ampla, assuntos que usamos ou convivemos no dia-a- dia que poderão ser mais facilmente utilizadas. Concordo com os dois pontos colocados, pois você aprendendo você terá uma visão e comunicação global ampla que facilitará o lado profissional. 1.11 O inglês se torna muito importante a partir do momento em que você der valor a ele pois, se você não valorizar o estudo se tornará cansativo. Hoje para a comunicação e o avanço global a língua estrangeira se torna muito necessárias, pois até mesmo em nossas casas nós falamos uma língua estrangeira e não nos damos conta da sua importância. 1.12 O inglês deve ser estudado sim porque é uma matéria muito importante para todos, só não sei se seria ao público pois não tendo tanto conhecimento. 1.13 Como comunicação global. A comunicação pelo inglês é mais fácil. Para ser adotado no mundo, já que é uma língua que em todo país algumas pessoas falam. 1.14 Dê acordo com o interece global, e para que nós possamos extrair mais conhecimento e assim ficando por dentro do que acontece com o mundo. Os aspectos históricos. 1.15 Conviver no mundo globalizado, é entender um pouco de tudo, para tanto precisamos também entender informações em outras línguas. 1.16 Aquela que está no interesse de conhecer algo novo. Onde você vem com um pensamento. E sai com um conhecimento maior e diferente, como na vida, trabalho etc. 1.17 De uma ascensão profissional e social, hoje ela se tornou necessária para a comunicação global, no meu ver a língua inglesa é necessária. 1.18 Com certeza o inglês é importante e sempre vai ser, pois todo que lugar que vamos, precisamos entender um pouco dele. 101 1.19 Acredito que atualmente a forma de aprendizagem de uma língua Estrangeira e a assimilação da mesma é de suma importância, levando-se em consideração o contexto em que vivemos, sendo sim este globalizado. Minha vivencia está relacionada a segunda afirmação. 1.20 Atualmente a língua estrangeira é esencial para ascenção social como para vida proficional e ou acadêmica. Pois hoje existem palavras que não são traduzidas para o português e sim ficam com sua língua origem, por isso e outras coisas que é essencial saber pelo menos o básico do inglês, outro exemplo é o computador que se você não entende um pouquinho de inglês você não consegue as vezes manusea-lo. 1.21 Eu acho que a língua deve ser aceita para nossa aprimoração social, conhecimento, lazer, prazer, novas culturas, para entendermos como é a vida lá fora, não ficando somente ligados a nossa vida social (brasileira). Para realização pessoal, novas estratégias. Estou vivenciando a 2ª posição. 1.22 Como asenção global e profissional estar por dentro do que acontesa no mundo. 1.23 Para comunicação global, ela está presente todos os dias em nossa vida. 1.24 O comentário gera vários tópicos a serem discutidos. Porque eu estou vivenciando no momento as necessidades minhas e procurando resolvelas. 1.25 Comunicação. 1.26 Eu estou naquela em que o inglês traz conhecimento informações e comunicações globais. 1.27 Informações e comunicação. 1.28 Informação e Comunicação global. 1.29 Comunicação global. 1.30 Sim a língua estrangeira tem muito para nos ensinar pois o futuro vem cada dia nos mostrando que a língua estrangeira é muito importante para nós. 1.31 Muitas coisas que nós presenciamos, que nós vivemos envolvem o Inglês. Por exemplo: se aumentou o preço de alguma mercadoria, logo retrata EUA, por isso é importante o estudo da LEM. 1.32 Devemos buscar aprender uma outra língua na minha opinião para podermos nos dar melhor profissionalmente, pra mim melhor oportunidade acadêmica e profissional. 1.33 Você ter como objetivo o conhecimento é uma das maiores metas, e nos dias de hoje o inglês é nosso maior aliado. O 2° método está ajudando-me para que veja e encare o inglês de uma forma fácil. 1.34 A língua estrangeira é muito importante em nossa, mas o que mais me evidencia é a língua estrangeira na vida profissional. 102 2.1 Não, no texto você encontra a opinião do autor, mas buscando informações de outros pode-se obter melhor qualidade no que foi informado anteriormente. 2.2 Não, por que em um texto o autor coloca o ponto de vista dele, o viver do seu dia, sua classe social e sua religião, sendo que pode ser visto, analisado em um outro sentido, às vezes totalmente diferente da opinião do autor. 2.3 Não, por que qualquer um pode colocar o que acha no papel, e isso não quer dizer que esteje correto e tenha que aceitar. Deve-se ter sua opinião e fazer uma crítica comparando vários aspectos. 2.4 Não, porque devemos possuir algum conhecimento sobre o assunto, para então podermos argumentar sobre o tema tratado. 2.5 Não concordo, pois na maioria dos textos trabalhados, principalmente que tratavam sobre agricultura foi possível através de discussões construir opiniões sobre os assuntos, o que torna a aula mais interessante. 2.6 Não, pois a compreensão do texto envolve além de conhecer o que está escrito, conhecer o assunto, para fazer inferências, usando o Previus Knowleage. 2.7 Não, pois como vimos em aula podemos as vezes, obter um significado através não só do texto mas também analisando uma figura ou outros sinais que existam nesse texto. 2.8 Devemos associar textos com o que presenciamos ou conforme seu modo para termos uma melhor leitura e entendimento. 2.9 Não. As justificativas devem estar relacionadas com a realidade de cada um. O importante é definir com clareza. O que é importante para mim, talvez não é prioridade para outros. 2.10 Não, pois se tivemos idéias apenas sobre o texto nossa visão seria muito estreita em relação a capacidade e conhecimento. A discussão e outras informações sobre determinado texto pode as vezes abrir caminhos quando menos esperamos. 2.11 Não, pois você está livre para tirar as conclusões que você achar melhor. Pois é o autor junto com o leitor que irão dar sentido ao texto. 2.12 Em vista sim pois com o texto você tira as dúvidas. 2.13 Sim, mas podemos ser críticos e comparar os dados com o mundo e formarmos nossa própria conclusão. 2.14 Sim: Por que é dos textos que retiramos o nosso conhecimento e sabedoria. 2.15 Não. Porque muitas vezes achamos que o texto tem um significado, porém uma conversação ou uma reflexão pode nos indicar o real significado. 2.16 Não. Por que no livro o autor comenta uma opinião dele, ou até mesmo o que aconteceu ou o que está acontecendo, anos atrás, e não a realidade que está. Cada ano muda tudo 103 de maneira diferente. E até mesmo opinião. 2.17 Sim, mas levando para a realidade (comparação) todo e qualquer texto podemos fazer comparação. 2.18 Sim. Porque o método de ensino como é a leitura é muito importante, ela nos deixa bem mais solta nas palavras, nos aprendemos ainda mais a nos expressar. 2.19 São, pois muitas vezes no primeiro momento, o texto pode trazer uma idéia, mas que quando debatida traz um novo rumo. 2.20 Às vezes sem outras em tanto não, é possível fazer inferências no assunto tratado principalmente quando nós temos mais conhecimento do assunto. 2.21 Não. A partir do significado de um texto pode-se acrescentar coisas novas e viáveis para que o texto seja enriquecido com nosso conhecimento (pessoal). 2.22 Não, porque se pode buscar outras informações além do significado do texto. 2.23 Pensava que era assim mesmo depois das aulas de inglês percebi que existe outras formas. 2.24 Sim, porque o significado tem que estar no texto. 2.25 Sim, porque vamos entender o texto. 2.26 Não concordo com essa justificativa porque o inglês não significa um mero emaranhado de palavras para traduzir mas sim uma fonte de oportunidade. 2.27 Não, nem tudo está no texto, algumas coisas está relacionada ao nosso dia-a dia. 2.28 Não. Por que depende de uma interpretação e análize dos dados para uma melhor compreensão. 2.29 Não, porque não temos todo domínio da língua. 2.30 Não – porque não é só através de texto que podemos entender a língua com fotos pessoas aprendemos também. 2.31 Não: Porque nem tudo que está escrito no papel é igual ao quê aconteceu na realidade. 2.32 Não porque devemos não procurar só nos textos mais em discussões entre a classe discutir o assunto. 2.33 Não, porque se deve fazer uma leitura mais ampla uma “leitura de mundo”. 2.34 Na minha opinião deve-se falar baseado no texto mas compreender também as áreas práticas que a cercam. 2.35 Não, porque a idéia vem do dia-a- dia também. 104 3.1 Também deveria servir para produzir sentidos às situações. Podemos evidenciar estas situações em quase todos os textos, pois todos levaram a alguma discussão sobre ao assunto. 3.2 Deveria servir para produzir sentidos para poder participar do processo histórico, em todos às atividades realizadas em sala de aula, por que em todos os textos foram discutidos e analisados os que o conteúdo do texto nos transmite. 3.3 Em relação as atividades desenvolvidas durante as aulas tivemos um pouco de tudo a acho muito importante você saber um pouco de tudo. Pois tem situações que você não irá utilizar a escrita, ou a fala, mas também interpretar o que querem nos passar. 3.4 Também deveria servir para produzir sentidos, para poder participar do processo. “A saga da soja”. 3.5 Considero importantes os textos em inglês para dar um sentido aos fatos e também para nos sentirmos a par do que acontece no mundo. Uma atividade que trouxe informações sobre acontecimentos foi o texto da floresta e da erosão do solo ou da tragédia com o avião. 3.6 A leitura de textos da língua inglesa deve tornar, ou levar o leitor a formar uma idéia do contexto social relacionado ao assunto descrito, coisa que muitas vezes não acontece. 3.7 Textos com o que vimos em aula sobre a saga do soja, é um texto que além de nos proporcionar conhecimento gramatical, e vocal também nos mostra os caminhos percorridos pelo soja. 3.8 Explicar ou tentar fazê-la como as traduções dos textos da língua inglesa foi importante pois com eles aprendemos não só o significado do palavreado mas o modo de agir e seu daquele povo (cultura). 3.9 As atividades: Agricultura: Revolução Verde, Produtividade, Solo, segurança. 3.10 Entender a gramática é um ponto muito valioso no conhecimento de um (praticante) estudante de LEM, pois através dela, a facilidade de compreensão aumenta e a escrita também se tornará mais prática. E certamente a leitura somente, pode ajudar a compreender melhor as necessidades do dia- a- dia. 3.11 Nem uma pois, em todos os textos nós saímos da gramática. 3.12 Não, com os textos você enriquece a si mesmo na aprendizagem. 3.13 O inglês é complexo precisamos da gramática, do vocabulário e dos sentidos para que possamos ter uma melhor avaliação sobre o assunto, todos os métodos são importantes mas o do sentido conclusão é o mais importante. 3.14 Muitos textos que a professora trouxe para nós foi muito importante, pois é algo novo assim podendo retirar algo à mais para nós. 3.15 O comentário de uma pessoa, muitas vezes comenta-se pela aparencia, e não pela pessoa que ela é, nem falou com ele, nem cumprimentou mas já dá sua opinião. 105 3.16 Participar do processo sócio-histórico. Atividades realizadas foi a explanação do texto Agricultura sustentável. 3.17 Todas essas formas citadas ajudou muito para a fala do inglês, pois com certeza o inglês é muito interessante. 3.18 Segunda afirmação. Isso foi evidenciado em todos as atividades de interpretação de textos. 3.19 É esêncial dos dois, porque na maioria das vezes é preciso saber da gramática para traduzir um texto. 3.20 Não. 3.21 Pra poder interpretar textos e buscar imformações novas. 3.22 Também para fazer outras leituras. A última atividade que nós apresentamos. 3.23 O texto “Grupos de sucesso”. 3.24 Aprender a gramática melhor. 3.25 Na minha opinião como principal a língua Inglesa tem que servir para produzir sentidos e direcionar a um foco educativo, uma atividade que poderia citar é quando tivemos o entendimento Do texto a Saga do Soja. 3.26 As traduções foram importantes, e os métodos de como se comportar, e costumes nos outros paises que utilizam a lingua inglesa. 3.27 Deveria servir para produzir sentidos e participar do processo sócio histórico. 3.28 Não, para ver outros temos em inglês, e praticar também a gramática. 3.29 Texto que tiveram assuntos interessantes. 3.30 Não. 3.31 Traduções de textos, discusões sobre o assunto dos textos. 3.32 Produzir sentido seria o melhor. Sobre o 1° caso não me vem a mente, mas sobre o 2° podemos citar os textos dos últimos encontros. 3.33 Com certeza os textos da lingua inglesa devem ser produzir sentidos, para que possamos compreender a matéria relacionada com aprática. 3.34 Essa atividade possibilitou a leitura de outros textos que circulam no social. 4.1 Ajudou a me tornar leitor em entender, compreender e perceber as diversas posições que um texto pode oferecer. 106 4.2 É interessante saber o que ao autor pensa, mas não é por isso que vamos pensar como ele. Nos ajudou a discutir e trocar idéias. 4.3 Ajudou a compreender e perceber outras posições sobre os temas. 4.4 Esses textos auxiliaram na compreensão de outros elementos que o autor não aborda mas é preciso conhece-los para interpretar e aximilar os fatos-abordados. 4.5 Todos os textos que foram estudados/analizados/compreendidos deixam um conhecimento que posteriormente será com certeza utilizado. 4.6 Ajuda, pois com seu jeito simplificado de leitura, nos passa de certa forma um incentivo com relação a leitura. 4.7 O leitor tem sua opinião sobre o assunto em determinada região, globalizando o conjunto. Não podemos observar e concluir que o leitor tem vivenciado tal situação o que é diferente para aqueles que apenas interpretam o texto. 4.8 Esses textos ajudaram nós só no sentido de entender a visão do autor, mas de ter meu próprio ponto crítico. 4.9 Sempre podemos compreender e perceber outras vozes, afinal nunca nos detemos em um texto sem podermos discuti-lo. 4.10 Pra mim nos textos apresentados foram muitos bons, aonde citamos opiniões ao respeito se tornando quase polemico. 4.11 São textos abertos que oferecem um dialogo com perguntas para compreender e perceber e ter uma própria idéia do assunto comparado com outras situações do mundo. 4.12 O inglês instrumental é uma maneira de aprender em inglês lendo rapidamente só por sima e cuidando as palavras cognotas. 4.13 No meu ver ler algo, compreender e ter uma opinião crítica sobre ao assunto é extremamente importante. Não devemos ser cordeiros. 4.14 No meu ver foram leituras críticas, onde todos podiam expressar sua opinião. 4.15 Com certeza as formas de leitura que foram utilizadas em sala de aula foram bem aproveitadas, e nos passou muitas formas de cada aprender a entender o inglês. 4.16 Ajuda a me tornar um leitor crítico. 4.17 Na maioria das vezes fiquei concordando com a posição do autor. 4.18 Sim. Pois a partir das “outras vozes”, o nosso conhecimento de “mundo” fica bem diferenciado. 4.19 Ajudou a tornar uma leitura mais fácil podendo interpretar o texto ajudando sua tradução. 4.20 Faço leitura das palavras um pouco diferente do que imaginava e costumava fazer. 107 4.21 A leitura gerou em nós uma opinião própria. 4.22 Não me tornou leitor pois entendo muito pouco o inglês. 4.23 Eu acho que o livro de Inglês Instrumental nos ajudou muito para pegar o foco do Inglês mas foi talvez um pouco monótono. 4.24 Os textos foram bem aplicados, juntos com sua tradução, nos ajudou a compreender os assuntos citados, e melhor nosso aprendizado. 4.25 Ajuda a compreender de forma mais fácil, e interpretar certos assuntos vividos em nosso cotidiano. 4.26 Sim, ensinando uma visão ampla do inglês e de praticar leituras. 4.27 Nas vezes que nos mostram a realidade nos textos. 4.28 Primeiramente, temos que entender o quê está escrito em inglês, para depois concordar ou discordar 4.29 Não concordar com o autor, mas sim dar uma opinião sobre o que o autor coloca. 4.30 Esse tipo de texto ele te limita a um contexto de interpretação. 4.31 Ajudaram a compreender mais sobre o circulo social que nos cerca. 5.1 Sim.primeiramente, em alguns livros, olhávamos as gravuras, palavras chaves, tentando entender o texto e podemos perceber que fazendo isto a leitura e compreensão torna-se mais fácil. 5.2 Sim. Às vezes um simples gráfico ou tabela, vem a nos favorecer na compreensão, do que uma pagina cheia de teoria. 5.3 Sim. Pois analisávamos os textos e dávamos sentido sem precisar traduzir todas as palavras. 5.4 Sim, “a saga da soja”, Tropical Tragedy”. 5.5 Sim. Pois um exemplo pode ser dado através dos textos vistos em sala de aula, onde antes de ler o texto, interpretávamos as figuras e era possível identificar parcialmente o que abordava o assunto, também foi frizado e praticado o entendimento do texto sem a tradução de todas as palavras, uma vez que, é possível entender o sentido que o autor dá ao texto. 5.6 O conhecimento prévio é uma realidade que precisa ser utilizada para que haja a compreensão de um texto, e as técnicas de leitura que foram a nós ministradas, levam o leitor a buscar todo o seu conhecimento prévio, a fazer inferências e desta forma compreender o texto ou assunto em questão. 5.7 Permite, pois sintetizam bem as formas de entendimento e compreensão. 108 5.8 Sim quando usamos os argumentos fortes com exemplos que comprovam o ocorrido. 5.9 Sim, pois o conhecimento prévio e o uso das informações não lingüísticas permitiram e muito na tradução. 5.10 Permite fazer uma leitura didática, mas abre para novas idéias e conclusões e explicações às vezes opostas. 5.11 Sim pois desse modo podemos deduzir algo que aparece em inglês não sabendo tudo mas uma boa parte. 5.12 Sim quando os textos não são didáticos, quando os assuntos são abertos. 5.13 Sim.Nas varias situações colocadas em sala de aula. 5.14 Permite sim, em todas as situações em que houve interpretação de textos. 5.15 quanto maior é o seu vocabulário, mais fácil fica a sua compreensão. 5.16 Sim. Quando já sabe-se algo sobre o assunto, através de certas ilustrações, dentre outras que foram presenciadas em aula. 5.17 Sim, no modo de interpretar o que o autor quis dizer e não expressou com palavras. 5.18 Através da leitura, de uma foto ilustrada, dá para se constatar o que o texto enfatiza. 5.19 Permite porque através das ilustrações, tabelas e outras a gente consegue entender um texto não só pela leitura. 6.1 Prefiro trabalhar com livros mais específicos 6.2 Se torna monótono trabalhar dessa maneira, tem mais valia e mais aprendizagem se os assuntos forem do interesse. 6.3 Por textos por que discutindo o assunto a gente aprende mais. 6.4 Importante o uso do livro. 6.5 Temas mais direcionados na área, para se fazer maiores discussões do assunto. 6.6 Temas direcionados mais a área de interesse. 6.7 Sim, textos de nossa área, permitem maior conhecimento sobre o assunto. 6.8 Eu preferi trabalhar com textos relacionados ao curso ou com atualidades que estejam acontecendo. 6.9 Eu prefiro trabalhar com textos mais específicos voltados a área de meu interesse. 109 6.10 Prefiro trabalhar com assuntos que remetem a minha área, mas, não deixando de lado assuntos que por enquanto não trarão algo de concreto para nos num determinado momento. 6.11 Os dois porque assim haverá um maior conhecimento da LEM. 6.12 Segunda opção pois torna mais atrativo. 6.13 Tem de haver os dois: o livro didático e textos específicos, mas no meu ver os textos com assunto especifico fazem com que o aluno tenha novas idéias, opinião própria. 6.14 Voltadas a área de interesse e que tenham informações a serem discutidas e problematizadas. 6.15 É muito importante conhecer o presente, não devemos se ater a didática. 6.16 Particularmente prefiro trabalhar com texto voltado ou assunto que possivelmente possamos discutir. 6.17 Com certeza voltado ao curso. 6.18 Minha preferência seria por assuntos voltados a área do agronegocios, mas se deixarmos para traz alguns pontos pré´-estabelecidos poderemos não compreender assuntos mais detalhistas. 6.19 Não concordo com livros: os textos ligados as atividades de interesses são mais produtivas, você pode também usar assuntos da realidade local. O livro traz um contexto geral, poderá ser não ideal para a realidade da região. 6.20 Penso que ambos são importantes pois precisamos do alicerce gramatical para podermos adentrar em textos de interesse. 6.21 Acredito que não sejam necessários, pois se cada texto ou material usado for relacionado com sua área com certeza haverá uma compreensão por parte dos alunos. 6.22 Os textos relacionados a atividade desenvolvida com certeza são bem mais utilizados. 6.23 No meu ponto de vista é interessante uma mistura dos dois tipos de assuntos pois é preciso estar a par dos acontecimentos do mundo e também sobre o assunto e interpreta-los no nosso ponto de vista. 6.24 As duas coisas, a gente pode associar o livro com os textos e tornar as informações em conhecimento. 6.25 Prefiro trabalhar com textos voltados a área, debatendo o assunto, mas claro, não pode ser sempre. 6.26 Prefiro trabalhar com textos voltados a área, podendo assim haver um debate. 6.27 Trabalhar com textos da área. 110 7.1 Sim. Por que na forma que a autora coloca podemos fazer varias formas de avaliação colocadas em cima dos textos. 7.2 Sim. 7.3 Sim a leitura alem da palavra vem por meio do assunto abordado e pelo nosso conhecimento(pessoal) 7.4 Sim. Alem das palavras tem as figuras e estratégias de leitura. 7.5 Sim a situação em que o autor escreve. 7.6 Sim porque mexe com a imaginação e interpretação. 7.7 Não lembro. 7.8 Não. 7.9 Sim. Porque podemos verificar que há algo escrito nas entrelinhas, mesmo não graficamente 7.10 Sim.Porque não só através das palavras a gente consegue entender o texto. 7.11 Sim, ou seja, às vezes, dependendo da pergunta. 7.12 Ás vezes, em outros casos, pede somente que se retire datas, dados do texto. 7.13 Sim. Pois fazendo uma ampla analise do texto, você poderá mudar sua opinião a respeito do texto. 7.14 Sim podemos perceber coisas alem do que estava escrito. 7.15 Sim. Pois é possível criar uma visão pessoal sobre o assunto e interpreta-los no nosso ponto de vista. 7.16 Sim. Porque sua forma de interpretar está ligado ao conhecimento que você tem no assunto. 7.17 Sim, pois você pode colocar o seu ponto de vista em relação ao texto. 7.18 sim pois já temos um bom aprendizado das palavras, e muitas são repetidas. 8.1 Cada pessoa tem uma forma de pensar, muitas vezes não concorda com algo mais, não fala por ter vergonha, ou, não saber se expressar. 8.2 São perguntas abertas. 111 8.3 As estratégias de leitura nos permitem discordar das informações, não somos ao brigados a aceitar a opinião dos outros. 8.4 Às vezes ocorrem contradições que justamente servem de quebra-cabeça para algumas significações, que ao final se encaixam. 8.5 Permitem que se faça uso simplesmente do nosso conhecimento para decifrar as informações. 8.6 Permite a construção de informações. 8.7 Apenas a informação pura e simples, pois nos relata um fato, que desconhecemos, não podendo opinar. 8.8 Ele é limitante deste ponto de vista muitas respostas você encontra no livro. 8.9 Permite o uso das informações para que nós podemos concordar ou ser contra, opor. 8.10 Pelo motivo de serem textos mais complicados mais de bons assuntos. 8.11 Informação pura e simples. 8.12 Informação pura, pois relatou de um acidente 8.13 Informação pura e simples porque retrata o texto e está escrito nesse texto. 8.14 Não. 8.15 Permite discordar ou concordar 9.1 É importante ter nos textos fontes de informação. 9.2 É importante sabermos de onde foi retirado os textos, pois um dia queremos ler com mais tempo. 9.3 Julgo importante, pois demonstra veracidade. 9.4 Às vezes é preciso saber quem escreve pois assim sabe-se qual é a posição do escritor sobre o assunto e porque ele tomou essa posição. 9.5 Eu acho que sim, pois deve-se ter certeza de que o estudo é correto. 9.6 Sim porque você vê em que circunstãncias foram escritos os textos. 9.7 Me permite concordar ou não. Acho importante saber as fontes. 9.8 É importante, para sabermos que está relatado. 9.10 É bom saber qual a fonte do texto e autor pois se o aluno querer se aprofundar mais 112 no assunto ela já possui referências. 9.11 Acho importante que a fonte seja informada. 9.12 É importante, dá mais credibilidade às palavras. 9.13 A fonte deve ser sempre revelada. Temos que saber quem é o autor do texto que estamos lendo. 9.14 É importante. 9.15 Sim. Porque de repente um Zé Ninguém escreve uma coisa, a gente não analisa e concorda com tudo 9.16 É importante, para percebermos com mais clareza o assunto abordado. 9.17 É importante ter referências sobre o autor, para ajudar a analisar a opinião do autor. 9.18 Julgo sr importante pois a compreensão se tornara mais fácil, um exemplo são os textos retirados de jornais, estes são fáceis de serem assimilados e é possível identificar de que parte do jornal foram retirados.. 9.19 Sim, pois conhecendo a fonte podemos identificar o tipo de linguagem. 9.20 Sim para conhecer quem fala e porque argumenta tal assunto (concorda ou não concorda) 9.21 Depende muito do texto que é abordado, se for um texto da área será muito importante. 9.22 É sempre importante o autor ser conhecido, pois podemos conhecer o assunto conforme o histórico do próprio. 9.23 De certa forma é importante, por outro lado nos força a pensar, desenvolvendo o senso critico. 9.24 Sim é importante ver de onde surgiu. 10.1 Não. São todas parecidas e complicadas. 10.2 Sim.Pois tendo as perguntas fica mais fácil se situar no texto, sabendo o conteúdo o que ele quer nós transmitir. 10.3 As perguntas da professora são mencionadas sobre as idéias do autor, quer nos falar. 10.4 Em partes, pois muitas vezes foi a tradução e do texto e uma pequena discussão sobre ele. 10.5 Sim, várias, pois as perguntas sugeridas e elaboradas tem uma visão diferente sobre 113 o texto. 10.6 Em algumas perguntas sim, mas o importante é entender o significado sugerido para entender e ter opinião diferenciada a favor e se for o caso argumentar o contrário. 10.7 Sim muitas pois podemos ir alem do simples significado das palavras, muitas se tornam interessantes pois são de suspense, ficamos em dúvida do que realmente seria o correto. 10.8 Sim.cada pergunta trata um assunto diferente. 10.9 Não, tudo foi relacionado. 10.10 Sim, nas perguntas elaboradas pela professora a exploração das nossas idéias é constante, interpretamos os textos, discutimos as opiniões. 10 11 Sim, pois as perguntas elaboradas pela professora geram mais debates e assuntos. 10.12 Sim. As perguntas são mais voltadas a nos acadêmicos onde assim podemos discutir com mais clareza os temas abordados. 10.13 As perguntas da professora são mais discutidas, gera mais debate, em quanto as perguntas formais são aquelas e pronto. 10.14 Sim.As perguntas elaboradas pela professora levavam a um maior debate e as aulas mais dinâmicas e interessantes. 10.15 Sim.As do texto eram mais objetivas. 10.16 Sim,há uma larga diferença pois os textos estudados, geraram uma certa discussão sobre o assunto criando uma serie de outras perguntas. 10.17 Há diferenças no questionamento, fazendo perguntas mais diferenciadas. 10.18 Sim. 10.19 Sim.Uma melhor compreensão. 10.20 Sim são muitas diferenças. 10.21 Sim pois as estratégias são ótimas. 10.22 Sim porque cada pergunta pode ser entendida de várias formas. 10.23 Sim. A professora faz perguntas que fazem refletir sobre mais de uma idéia que o texto possa trazer. 10.24 Sim, através das perguntas feitas pela professora elas são mais claras e objetivas. 11.1 Sim se o texto for claro. 114 11.2 Até podemos refletir sobre o texto, só fica um pouco mais complicado. 11.3 Dependendo do texto sim. 11.4 È possível. 11.5 Sim em quase todas. 11.6 Sim textos que geram interesse despertam conhecimentos e curiosidades. 11.7 É possível, mas se torna mais complicado. 11.8 É possível e mais interessante, buscar informações e fazer referencias sem um questionário. 11.9 Sim, pois já possuímos um certo conhecimento, pequeno mais possuímos. 11.10 Sim com muito mais facilidade. 11.11 Sim, pois a breve leitura das palavras nos abre a idéia onde construímos o restante do texto que possa ter. 11.12 Sim, pois pegando um texto sobre produtividade ou solo, você entende que o solo dependendo do manejo adotado você define a produção e ao mesmo tempo sua estrutura física, podendo assim adequá-lo a necessidade da atividade em questão e ou melhorar praticas de manejo apresentadas pelo texto. 11.13 Sim através do conhecimento adquirido. 11.14 É mais complicado, mas dá para tirar duvidas e agregar um conhecimento seu! Dá para fazer. 12.1 Nas traduções de texto. 12.2 Isso depende dos textos, que devo tomar uma posição, assim querendo falar ou não. 12.3 Na verdade em todas, mas em especial em textos da área com perguntas. 12.4 Nos últimos textos da área. 12.5 Na maioria das vezes foi possível fazer leitura critica. 12.6 Nas atividades de análise e interpretação, geralmente você sabendo o título da obra mencionada você pode fazer uma rápida análise, basta então conhecer as palavras chaves. 12.7 Os últimos textos. 12.8 Penso que nos textos mais voltados ao agronegócio em si, como textos da goiaba que falam de seu mercado consumidor, possíveis industrializações de mercado, coisas que nos 115 rodeiam. 12.9 Em todas as atividades foram feitas leituras criticas e reflexivas. 12.10 Foram em muitas atividades sobre agricultura e outros assuntos que não continham gramática. 12.11 O da goiaba, A Saga da Soja, o conflito entre segurança alimentar e recursos naturais. 12.12 Aqueles textos em que não apresentavam questionários formais do próprio autor (livro). 12.13 Nos textos que não apresentavam um questionário formal do texto. 12.14 Em todos os textos lidos e interpretados durante aula. 12.15 Os quatro últimos encontros foram todos eles muito exitantes. 12.16 Nas atividades que foi desenvolvida nos dois último,os encontros, pode se apegar mais nos assuntos gerais, nos conhecimentos que nos já tínhamos. 12.17 Em todos teve um pouco de cada. 12.18 Nas traduções e interpretação de texto. 12.19 Em quase todas elas. 12.20 Em todas as interpretações de texto. 12. 21 Através de textos específicos da área. 116 ANEXO B - BIBLIOGRAFIA DO CURSO DE INGLÊS INSTRUMENTAL II BUSSINESS ENGLISH DICTIONARY. INGLATERRA: LONGMAN. DIAS, R. READING CRITICALLY IN ENGLISH. BELO HORIZONTE: UFMG, 1996. MIKULEKEY, B. JEFFRIES, L. READING POWER. NEW YORK. NEW YORK: ADDISON_WESLEY, 2.ED. MUNHOZ, ROSÂNGELA. INGLÊS INSTRUMENTAL: ESTRATÉGIAS DE LEITURA. MÓDULO I. SÃO PAULO: TEXTONOVO, 2000. PINHO, MANUEL ORLANDO DE MORAES. BUSSINESS DICTIONARY-DICIONÁRIOS DE TERMOS NEGÓCIOS.2.ED. SÃO PAULO: ATLAS, 1997. STRUTT, PETER. MARKET LEADER BUSINESS GRAMMAR AND USAGE. BUSSINESS ENGLISH. LONGMAN. 117 ANEXO C - INFORMAÇÕES SOBRE O CURSO DE AGRONEGÓCIOS E PERFIL DO EGRESSO Curso: Bacharelado em Agronegócios Mercado de atuação: Em organizações de agronegócios, tais como, indústria, comércio e prestação de serviços; órgãos públicos e privados; cooperativas; sistema financeiro; ensino, pesquisa e extensão e propriedades rurais. Objetivos: O Curso de Bacharelado em Agronegócios estuda o setor agropecuário em função das suas funções intersetoriais com a indústria fornecedora e de transformação, o comércio, a distribuição, o armazenamento e o financiamento. Visando acompanhar as tendências contemporâneas, o curso busca a formação de profissionais com uma visão globalizante do setor produtivo no qual está inserido, de forma a aplicar seus conhecimentos em organizações de agronegócios, buscando prever as mudanças de mercado, adotando uma postura pró-ativa de trabalho e antecipando-se aos fatos, estando assim em condições de apresentar soluções para os novos problemas que se apresentam. Perfil do profissional Profissional capaz de compreender as bases gerais, técnico-científicas, sociais e econômicas do agronegócio, de forma a desenvolver uma visão mais ampla da cadeia produtiva, alavancando mudanças de natureza empreendedora. 118 Competências e habilidades As competências e habilidades demonstram um conjunto de saberes e conhecimentos provenientes de varias instancias tais como, de formação geral (conhecimento científico), da formação profissional (conhecimento técnico) e da experiência de trabalho e social (qualificações tácitas). O desenvolvimento do conjunto de saberes e conhecimentos ministrados no Curso, deverá desenvolver, no mínimo as seguintes habilidades e competências: - iniciativa, criatividade, vontade de aprender, abertura às mudanças, consciência da qualidade e das implicações do seu trabalho; - raciocínio lógico, observação, interpretação e análise crítica de dados, informações, bem como conhecimentos essenciais de agronegócios, para identificação e resolução de problemas. - noção dos fatos sociais, culturais, políticos e da economia agropecuária e agroindustrial; - expressão e comunicação com seu grupo, superiores hierárquicos e subordinados, de cooperação, trabalho em equipe, diálogo, exercício da negociação e da comunicação interpessoal; - bom relacionamento com as pessoas, sabendo usar de diplomacia e efetuando negociações de sucesso; - bom relacionamento com os diversos segmentos sociais e atuação em equipes multidisciplinares, na defesa do meio ambiente e do bem estar social; 119 - reconhecimento, definição de problemas e equacionamento de soluções; - pensamento estratégico, introdução de modificações no processo de trabalho, atuação preventiva, transferência e generalização de conhecimentos; 120 ANEXO D - TEXTOS EXTRAÍDOS DE INGLÊS INSTRUMENTAL: ESTRATÉGIAS DE LEITURA. MÓDULO I, DE ROSÂNGELA MUNHOZ. 121 122 123 ANEXO E - OUTROS TEXTOS TRABALHADOS DURANTE A APLICAÇÃO DA PESQUISA 124 125 126 127