Novo enquadramento legislativo da actividade farmacêutica As mudanças em Farmácia Comunitária Oanode2007foipródigonapublicaçãodenovosdiplomas destinadosaregulamentarofuncionamentodasfarmáciascomunitárias. Tendocomopanodefundoaliberalizaçãodapropriedadedasfarmácias, oGovernolevouavanteumpacotelegislativoquealteraasregrasdeatribuição NACIONAL denovasfarmácias,astransferênciaseosserviçosquepodemserprestados. O nOvO regimejurídicO paraas farmácias comunitárias – Decreto-Lei n.º307/2007,publicadoemDiárioda Repúblicaa31deAgosto–estabelece umconjuntodenovasregrasquedevemregeraactividadedasfarmácias comunitárias,revogandotambémodiplomaanteriormenteemvigor–DLn.º 48547,de27deAgostode198.Uma dasprincipaisalteraçõesintroduzidas pelo legislador diz respeito ao fim da reserva da propriedade de farmácias a farmacêuticos. A partir de agora, todas as pessoas singulares e/ou sociedades comerciais, com as devidas excepçõesconsagradasnalei–prescritores,grossistas,produtores,unidades de saúde e subsistemas de saúde–podemserproprietárias,explorar ougerirummáximodequatrofarmácias. As instituições particulares de solidariedade social que actualmente sãodetentorasdefarmáciasterãoum prazodecincoanosparaseconstituir emsociedadescomerciais,deformaa garantir a igualdade fiscal com as demaisfarmácias. Adirecçãotécnicadafarmáciadeve ser assegurada por um farmacêutico director técnico, em permanência e exclusividade, sendo garantida a suaautonomiaeindependênciatécnicaedeontológicaatravésdeumconjuntodedeveresecompetências,cujo controlo também pode ser efectuado pela Ordem dos Farmacêuticos (OF). Para além do director técnico, deve ainda fazer parte do quadro de pessoal da farmácia, pelo menos, mais ROF80 um farmacêutico, de forma a cobrir as ausências e impedimentos do director técnico, embora o diploma re- Serviços de de dispensa de medicamentos ao farmacêuticos alargados domicílio pelas farmácias e locais de vendadeMedicamentosNãoSujeitos Uma outra novidade introduzida aReceitaMédica(MNSRM),passando devem, tendencialmente, constituir com a entrada em vigor do DL n.º aseraceitespedidosnãopresenciais, a maioria dos trabalhadores das far- 307/2007 diz respeito à possibilida- ouseja,feitosatravésdaInternet,por fira que estes profissionais de saúde mácias. Oprocessolegislativo novos critérios para abertura de farmácias O DL n.º 307/2007 define ainda em termos gerais os requisitos e condições para abertura ao público de novasfarmácias,umprocessoqueédescritodetalhadamentepelaPortarian.º 1430/2007.Deacordocomestearticulado,ostrêselementosquecompõem ojúri–umdosquaisindicadopelaOF –graduamosconcorrentesemfunção do número de farmácias detidas, exploradas ou geridas e a atribuição de alvaráresultadarealizaçãodeumsorteio entre os concorrentes graduados A2deMaiode200,duranteumdebate parlamentar sobre política do medicamento, o primeiro-ministro José Sócrates anunciouaintençãodogovernoderever o regime jurídico das farmácias de oficina, adiantando na altura que “a propriedade das farmácias vai deixar de ser um exclusivo dos licenciados em farmácia”. No final desse mesmo ano, o Ministério da Saúdeenviouaosparceirosdosectoruma primeira proposta de lei, abrindo, deste modo,operíododediscussãopúblicaem tornodoarticulado.OdocumentofoiposteriormenteaprovadoemConselhodeMinistroseenviadoparaoParlamentosoba formadeautorizaçãolegislativa,queacabouporserconcedidaemmeadosdeAbril, contandoapenascomosvotosfavoráveis doPartidoSocialista.EmJunho,oConselho de Ministros aprovou a versão final do documentoesolicitouapromulgaçãopelopresidentedaRepública.Nodia31deAgostode 2007foipublicadoemDiáriodaRepública oDecreto-Lein.º307/2007,tendoentrado emvigor0diasmaistarde.Duranteeste período,forampreparadasasportariasque regulamentamonovoregimejurídico,cuja publicação ocorreu a 2 de Novembro de 2007. Por fim, coube ainda ao INFARMED procederàregulamentaçãoque,entreoutros aspectos, viria a definir as áreas mínimas dasfarmácias,ascomunicaçõesobrigatóriasdasfarmáciasaoINFARMED,oscasos dastransferênciasdefarmáciasouastransformaçõesdepostosfarmacêuticosmóveis permanentesemfarmácias. emprimeirolugar.OINFARMEDpoderáprocederàaberturadeumconcurso AposiçãodaOrdem público sempre que se verifiquem os requisitos enunciados – capitação mínimade3.500habitantesporfarmácia aberta ao público no município, salvo quandoafarmáciaéinstaladaamais de 2 km da farmácia mais próxima, umadistânciamínimade350mentre farmáciasede100mentreafarmácia e uma extensão de saúde, centro de saúde ou estabelecimento hospitalar, salvo em localidades com menos de 4.000habitantes.Noentanto,aPortariaconsagratambémahipótesedeas administraçõesregionaisdesaúdeou asautarquiaslocaisrequereremàau- ODecreto-Lein.º307/2007foialvodeuma profundaanáliseporpartedaDirecçãoNacionaldaOrdemdosFarmacêuticos(OF). OsdirigentesdaOrdemreiteraramasua discordânciafaceaalgunsprincípioscontempladosnonovoquadrolegislativopara aactividadedasfarmáciascomunitárias, nomeadamenteemrelaçãoàpossibilidade denãofarmacêuticosseremproprietários, gestoresouresponsáveispelaexploração destas unidades de saúde. No entender daOF,adecisãodeliberalizarapropriedade das farmácias peca pela ausência de evidência técnica e científica, constituindo também uma contradição face à realidadeexistentenagrandemaioriados paíseseuropeus. Estamedidairáprejudicaraqualidadedo serviçoprestadopelasfarmáciasportuguesas,aoquebrarovínculoentreapropriedade eaorientaçãotécnicadaintervençãodos farmacêuticos,caracterizadaporumaindependência,sentidoderesponsabilidadee respeitopelasregraséticasedeontológicas da profissão. Ao contrário das pretensões do legislador,onovoregimejurídicodasfarmáciasconduziráàconcentraçãodosectorea umareduçãodaconcorrência,talcomoestá patentenasexperiênciasdeoutrospaíses. Porestamesmarazão,diversosgovernos, comooespanhol,italiano,austríaco,francês e alemão foram intransigentes na defesa damanutençãodeummodelodefarmácia reservadaafarmacêuticos. toridadereguladoraaaberturadoprocedimentoconcursal. DeacordocomoMinistériodaSaúde,estasalteraçõesàsregrasdedistânciaentrefarmáciasededensidade populacional vão “permitir a criação decercade350novasfarmácias,por concursoindividual,combaseemregrasclaras,processualmentesimples e dificilmente sindicáveis”. Em relação àstransferênciasdelocalizaçãodefarmácias, o diploma refere que podem ocorrer dentro do mesmo município, independentemente de concurso público, o mesmo acontecendo no que diz respeito à transformação de postos farmacêuticos permanentes em farmácias. RegimecontestadopelasMisericórdias AUniãodasMisericórdiasPortuguesasveio aterreirocontestaronovoregimejurídico para as farmácias de oficina, considerando que“violaoartigo5.ºdaConstituiçãoporque não respeita o sector social”. O Decreto-Lein.º307/2007impõeumaalteraçãoà propriedadedasfarmáciasqueactualmente sãodetidaspelasInstituiçõesParticulares deSolidariedadeSocial(IPSS).Deacordo comestediploma,apropriedade,gestãoe exploração das farmácias fica reservada a pessoassingulareseasociedadescomerciais.Nocasodasfarmáciasactualmente detidaspelasIPSS,terãodeserconstituídassociedadescomerciais,“emordema garantir a igualdade fiscal com as demais farmácias”, refere o documento. Luís Rebelo, da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), considera que esta “éumamedidadegrandeinsensibilidade social. Nós temos uma característica de gestãodiferentedadosectorprivado.Não temoslucrosoudividendosparadistribuir pelossócios.Tudooqueconseguimosde resultadossociaispositivosreinvestimosem acção social, nomeadamente em hospitais”. OresponsáveldasUMPacrescentaque“as instituiçõesdeparticularesdesolidariedade socialnãopraticamconcorrênciadesleal, umavezquepraticamososmesmospreços que as farmácias do sector privado”. A instituiçãodetémactualmente35farmácias, afuncionarmaioritariamentejuntoaosrespectivoshospitaisdaMisericórdia. ROF79 ROF80 7 NACIONAL e-mail, telefone ou fax, não estando facultativo, podem ainda ser acres- previstaqualquerrestriçãoàcobrança centadas outras divisões às farmá- podemserinstaladosnoslocaisonde de um valor adicional pela prestação cias, como um gabinete da direcção não exista farmácia ou outro posto destesserviços.Nestecapítulo,aPor- técnica,umazonaderecolhimentoou farmacêuticomóvelamenosde2km taria n.º 1427/2007 define que a en- quarto e uma área técnica de infor- emlinharecta.Paraalémdisso,cada trega ao domicílio deve ser feita sob mática e economato. A Deliberação farmácianãopoderátermaisdedois a supervisão de um farmacêutico, no n.º2473/2007doINFARMEDrefere-se postos farmacêuticos móveis sob a casodefarmácia,oudeumfarmacêu- tambémàaberturaefuncionamento sua dependência. Para abertura de dospostosfarmacêuticosmóveis,que tico ou técnico de farmácia, no caso de local de venda de MNSRM, sendo aplicáveis as mesmas disposições legaisemrelaçãoàobrigatoriedadede apresentação de receita médica e as mesmas regras de transporte previstas nas boas práticas de distribuição demedicamentos. A par da dispensa de medicamentos, as farmácias passam também a poderserprestadorasdeumconjunto de serviços farmacêuticos, nomeadamente apoio domiciliário, administraçãodeprimeirossocorros,administraçãodevacinasnãoincluídasnoPlano NacionaldeVacinação,administração demedicamentos,utilizaçãodemeios complementares de diagnóstico e terapêutica,programasdecuidadosfarmacêuticos,campanhasdeinformação e colaboração em programas de educação para a saúde. Neste âmbito, a Portaria n.º 1429/2007 indica que as farmáciasdevemdispordeinstalações adequadas e autonomizadas e divulgar, de forma visível, nas suas instalaçõesotipodeserviçosprestadoseo respectivopreço. regulamentação específica do INFARMED Ao abrigo da nova legislação, as farmáciasdevemterumaáreaútiltotalmínimade95m2comasseguintesdivisões:saladeatendimentoao públicocom,pelomenos,50m2;armazémcom,pelomenos,25m2;laboratóriocom,pelomenos,8m2;instalações sanitárias com, pelo menos 5 m2; e um gabinete de atendimento personalizado com, pelo menos, 7 m2, onde podem ser prestados os serviços farmacêuticos previstos na Portaria n.º 1429/2007. Estes novos normativos serão aplicados a todos os pedidos que forem apresentados no INFARMED, tanto para a instalação de novas farmácias, ou transferências, como para abertura de postos farmacêuticos móveis. A título 8 ROF80 A nova legislação prevê a prestação de um conjunto diferenciado de serviços farmacêuticos Recursoshumanosnasfarmácias Onúmerodefarmacêuticosemfarmácias de oficina tem vindo a aumentar significativamenteaolongodosúltimosdezanos, tendoregistado,desde1997,umcrescimentode58porcento,passandode3792para 6021 farmacêuticos no final de 2006. DeacordocomosdadosobtidospeloCentrodeEstudoseAvaliaçãoemSaúde(CEFAR),ocrescimentoésemelhantenosdois sexos, embora a profissão continue a ser largamentedominadapelosexofeminino, comasmulheresarepresentaremcercade 80porcentodototaldefarmacêuticosque trabalham nas farmácias de oficina. Aidademédiadosfarmacêuticosquetraba- lhamnasfarmáciastemvindoabaixargradualmente,cifrando-se,nestemomento,em 41,4anos,contracercade45anosem1997. EmsetedosdistritosdePortugalContinental,oráciodefarmacêuticosporfarmácia é já superior a 2, sendo que apenas em dois distritos se verifica que esse valor é inferiora1,5(BejaePortalegre). Emtermosnacionais,amédiarondaos2,23 farmacêuticos por farmácia de oficina. NasRegiõesAutónomasasituaçãoétambém positiva, verificando-se uma média de 1,83 farmacêuticosporfarmácianaRegiãoAutónomadosAçorese2,11farmacêuticospor farmácianaRegiãoAutónomadaMadeira. novos postos podem candidatar-se asfarmáciasdomesmomunicípioou dos municípios limítrofes. Caso apareçamaisdoqueumcandidato,será dadapreferênciaaoproprietáriocom menos número de postos averbados noalvaráe,casoaigualdadesemantenha,serárealizadoumsorteioentre oscandidatosquereúnamasmesmas condições. Naturalmente, a OF apresentou, duranteoperíododediscussãopúblicadestaregulamentação,umconjuntodepropostasesugestõesquevão de encontro às principais preocupações dos farmacêuticos portugueses (vercaixa). Avisãodosdeputados Aoposiçãoacusouogovernodenãopromoverumdebateesclarecedoreaprofundado sobreonovoregimejurídicodasfarmácias comunitárias.OpedidodeapreciaçãoparlamentarapresentadopeloPSDePCPsuscitouumintensodebatesobreonovoenquadramentolegislativodaactividadedas farmácias. O deputado social-democrata CarlosAndradeMirandaconsideraqueexistiu “falta de sensatez” no processo legislativo queconduziuàentradaemvigordonovo diploma,nãoapenasnoqueconcerneaos moldesemquefoiaprovado,queimpossibilitou“umsérioeaprofundadoescrutínio parlamentar”, como também em relação aoseuconteúdo,queogrupoparlamentar doPSDconsidera“violadordeprincípiosde acessibilidade ou de equidade”. Os sociais-democrataspretendemintroduziralgumas alteraçõesaodiploma,comoaadequação doquadrodefarmacêuticosquecompõem osrecursoshumanosdasfarmácias,amanutenção de um regime especial para as farmácias pertencentes às instituições de solidariedade social e introduzir mecanismosdecontrolomaisprecisosemrelação àpropriedadedasfarmácias. Da parte da bancada comunista, o deputado Bernardino Soares recordou que a legislaçãoagoraemvigornãofoialvode um debate atempado, como se justificaria peranteoseuimpactonoacessodapopulaçãoamedicamentos.Olíderdabancada parlamentarcomunistarecordouaorganizaçãodocolóquiosobreo“Enquadramento da Actividade Farmacêutica” como a única iniciativaparlamentaremqueexistiuum debateaprofundadosobreestatemática. Noentenderdoscomunistas,asmedidas desenvolvidaspeloactualexecutivovisaramapenasa“transferênciadecustospara osdoenteseacedênciaaosinteressesdos grandes operadores”, de que é exemplo a instalação de farmácias nos hospitais. Bernardino Soares sublinhou também algumasconsequênciasexpectáveisdestas mudançaslegislativas:“concentraçãoem grandesgruposeconómicosemultinacionais produtoras de medicamentos”, maiores dificuldades em “garantir que com a nova legislação não haverá falsas propriedades” e a “concentração geográfica nas sedes de concelhos”. DapartedoBlocodeEsquerda,odeputado JoãoSemedoreforçouaposiçãodopartido emrelaçãoaonovoenquadramentojurídico daactividadedasfarmácias,considerando que“aliberalizaçãoéumaboaideia,mas uma má lei”, pois não assegura um novo “enquadramento regulado da actividade farmacêutica”. Segundo João Semedo, “a regulamentaçãotransformouasfarmácias emsupermercados,afectandoasqualidades dos serviços prestados”. Para contrabalançarestesfactos,JoãoSemedoacusou o governo de oferecer alguns “rebuçados”, comovoltaramexernasmargensdasfarmácias,permitiraprestaçãodeoutrotipo de serviços ou a instalação de farmácias nos hospitais”. JáadeputadadoCDS-PPTeresaCaeiroconsideraquealiberalizaçãodosectornãoera umaprioridadeparaapopulação,atéporqueosfarmacêuticosgozamdeníveisde credibilidadebastanteelevadosjuntodos seusutentes.Nasuaopinião,alegislação eocompromissoassinadocomaAssociaçãoNacionaldasFarmáciasnãoestãoaser cumpridos,nomeadamentenasreferências àprescriçãoelectrónicaeporDenominaçãoComumInternacionalenadispensaem unidose”. Teresa Caeiro lembrou também queaintençãodogovernodeatribuirnovos alvarásajovensfarmacêuticosfoipreteridacomaregulamentaçãoquedetermina queaatribuiçãodenovasfarmáciaséfeita atravésdeconcursosesorteios. Emdefesadogoverno,odeputadoManuel Pizarrorecordouasiniciativasdogoverno para a área do medicamento, reforçando aideiadequeanovalegislaçãopõecobro ao monopólio da propriedade dos farmacêuticos.Namesmalinhaderaciocínio,o secretário de Estado da Saúde, Francisco Ramos,entendequeoassuntofoidebatidoamplamentenasociedadeportuguesa e que, por fim, o Estado passa a ter uma capacidade reguladora no sector farmacêutico e do medicamento, ao contrário do que acontecia no passado, Francisco Ramos considera que a separação entre apropriedadedasfarmáciaseadirecção técnicanãocomprometeacapacidadeeo rigor técnico de gestão das farmácias. O secretáriodeEstadosublinhouqueaintençãodatutelapassapelacriaçãodemais farmácias, cada vez mais como espaços de saúde, aproveitando o seu valor para prestar mais serviços à sociedade portuguesa e menos burocracia nos processos deaberturaetransferência. ROF79 ROF80 9 NACIONAL RegulamentaçãodoDLn.º307/2007 PrincipaispropostasesugestõesdaOrdemdosFarmacêuticos Portaria n.º 1427/2007 condições e os requisitos da dispensa de medicamentos ao domicílio e através da internet A Ordem dos Farmacêuticos considera positiva a opção minimalista preconizada pelo projecto legislativo que restringe a utilizaçãodetelefoneeInternetaosimplescontactododoente com o profissional de saúde da farmácia; Opresenteprojectodeportariadeveráserreequacionadopara umamelhorcaracterizaçãodaactividadededispensademedicamentosaodomicílio; A definição de uma área geográfica precisa para a entrega ao domicílio reforça a necessária proximidade do utente com a farmáciaquedisponibilizaoserviço,crucialemrelaçãoàrastreabilidadedomedicamentoefarmacovigilângia,eprevinea possibilidadededistribuiçãoalargada,ecomotaldesregulada, portodooterritórionacional. Portaria n.º 1428/2007 Obrigações legalmente previstas de comunicação entre as farmácias e o INFARMED Apropostaapresentadatransmiteapenasumapreocupaçãode comunicaçãocentradanasobrigaçõesdasfarmácias,semcuidar deumaefectivacomunicaçãoentreestaseoINFARMED; Seriarelevanteeprioritárioconsiderarasobrigaçõesdecomunicaçãodasfarmáciasemrelaçãoaumconjuntodesalvaguardas daqualidade,idoneidadeesegurançadaprestaçãodecuidados desaúdepelasfarmácias; Emboradesejável,aOrdemdosFarmacêuticosnãoentendeque asobrigaçõesdecomunicaçãopossamserapenassatisfeitas por meios informáticos, sendo necessário prever o recurso a mecanismostradicionaisdecomunicação,sobpenadediscriminaçãoepenalizaçãoinaceitáveisdefarmáciasdemenordimensão,cujarelevânciasocialétantomaisrelevantepeloserviço deproximidadequedesempenham,nomeadamenteemáreas ruraisenãourbanas. Portaria n.º 1429/2007 Define os serviços farmacêuticos que podem ser prestados pelas farmácias O desenvolvimento de serviços farmacêuticos deverá ser enquadrado por normativos profissionais explícitos que simultaneamente apoiarão os farmacêuticos no seu desempenho e 10 ROF80 constituirãoumreferencialdeadequaçãoevalidaçãodeboas práticas profissionais. Aprestaçãodeserviçosfarmacêuticosdevebalizar-sepelacompetência técnico-científica e pelas boas práticas profissionais que enquadrem positivamente esta realidade no âmbito das farmácias,cuidandodeprevenirsobreposiçõesdecompetências com outros profissionais de saúde e assegurando a qualidade daintervençãodesempenhada. AOrdemdosFarmacêuticosestádisponívelpararegulamentar os aspectos de intervenção profissional e velar pela sua eficaz observânciaeaplicação. Portaria n.º 1430/2007 Procedimento de licenciamento e de atribuição de alvará a novas farmácias, às que resultam de transformação de postos farmacêuticos permanentes e as transferências da localização de farmácias A opção apresentada configura uma redução significativa da capacidadedoEstadoportuguêsdeumaavaliaçãodemérito edequalidadeemrelaçãoàspropostasapresentadasparasatisfaçãodointeressepúblicopara,emalternativa,seoptarpor umaescolhaaleatóriaentrepotenciaisinteressados; AOrdemdosFarmacêuticossustentaosméritosde,perante a verificação de critérios de admissibilidade a concurso, em caso de igualdade, ser efectuada uma valorização objectiva daparticipaçãodefarmacêuticosnaentidadeproprietáriada farmácia; Apossibilidadedevalorizaçãodaintegraçãodefarmacêuticos naentidadeproprietáriacriariaumadequadomixdeconcorrentesdiferenciáveise,porestavia,preveniriaorecursoquase únicoaosorteiocomoformadeatribuiçãodealvaráanovas farmácias; Aprevalênciaderegrasobjectivasemrelaçãoàtransferência de farmácia constitui um importante património que importa preservar.Asatisfaçãodenecessidadesestabelecidapelaaberturadeumconcursodeatribuiçãonãopodeserderrogadapela imediatasolicitaçãodetransferênciadafarmáciasobpenade nãoasseguraromínimocumprimentodafunçãopreconizada; Aindicaçãodezonadeinstalaçãoérelevanteparaassegurar queainstalaçãodeumafarmáciaobedeceàsatisfaçãodeuma necessidade geográfica de cobertura farmacêutica, enquadrada pelacapitaçãodomunicípio. NACIONAL Opiniões de vários quadrantes Colóquio debateu actividade farmacêutica O colóquio sobre o “Enquadramento da Actividade Farmacêutica”, realizado na Sala do Senado da AssembleiadaRepública,reuniumaisdeumacentenadefarmacêuticosparadebateraevoluçãodo sector,nasequênciadonovoquadrolegislativopropostopeloactualgoverno. Especialistaserepresentantesdeentidadesligadasàáreafarmacêuticaapresentaramosseus argumentossobreaactividadedosfarmacêuticos. O cOlóquIO ORgANIzADO pela sumo da política do medicamento do rídicoparaasfarmáciascomunitárias, Comissão Parlamentar de Saúde da actual executivo. O governante abor- entreoutras. AssembleiadaRepúblicasobreo“En- douváriasquestõescomooacessoe quadramentodaActividadeFarmacêu- encargos estatais com medicamen- tica” ficou marcado pela elevada parti- tos, sublinhando a actuação da tute- cêutica e o compromisso com as far- cipaçãotantodefarmacêuticosatítulo la nestas áreas ao longo dos últimos mácias,demonstrandoaindaabertura individual,comodediversasentidades doisanos–liberalizaçãodavendade para o estabelecimento de “um acor- einstituiçõesligadasaosectordasfar- MedicamentosNãoSujeitosaReceita doamploedemuitointeressecomos mácias. Médica(MNSRM),reduçãodopreçoe farmacêuticos,representadospelares- margensdecomercializaçãodemedi- pectiva Ordem”. A natureza especifica- ao ministro da Saúde, António Cor- camentos, abertura de farmácias pri- mentequalitativadasuarepresentação reia de Campos, apresentar um re- vadasnoshospitaisenovoregimeju- e a variedade da sua representação No arranque deste evento, coube 12 ROF80 OministrodaSaúderecordouoprotocoloassinadocomaindústriafarma- ocupacionalfazem-nosfaltanesteedifício. Os nossos esforços acompanharão a disponibilidade para o diálogo”, referiuoministro. Aindaduranteasessãodeabertura do evento, a bastonária da Ordem dos Farmacêuticos (OF), Irene Silveira,realçouosentidodeoportunidade demonstrado pela Assembleia da Repúblicaaoorganizarumasessãodesta natureza, em particular devido às mudanças legislativas que se afiguram nosectordasfarmáciascomunitárias. A representante dos farmacêuticos portugueseschamouaatençãoparaa necessidadede“rentabilizaraperícia O presidente da Assembleia da República e a presidente da comissão Parlamentar de Saúde impulsionaram a iniciativa da Ordem técnico-científica dos farmacêuticos (emfarmáciasehospitais),responsabilizando-ospelosucessoterapêutico Intervençãodabastonária e uso correcto e racional do medicamento”. A bastonária lembrou ainda que, “com a revogação da legislação que restringiaapropriedadeafarmacêuticos,deixoutambémdevigorarnonosso país uma norma intitulada Lei do Exercício Farmacêutico”, aproveitando aoportunidadeparasolicitaraosdeputadospresentesnoevento“umaapreciação formal sobre esta matéria e a soberanapronúnciadaAssembleiada República”. No entender da bastonária, “a necessidadedeumnovoenquadramento do exercício farmacêutico constitui-se numa salvaguarda legal do interesse Em boa hora a Comissão Parlamentar de Saúde correspondeu ao repto e desafio do Sr. Presidente da Assembleia da República para realizar o presente colóquio dedicado à intervenção farmacêutica. De facto, após audiência conjunta entre a Ordem dos Farmacêuticos e a Presidência da Assembleia da República, ficou expressa a intenção e desejo do parlamento de aprofundar o debate sobre a matéria que hoje aqui nos traz. Por este facto, não posso deixar de prestar a devida homenagem ao parlamento, nas pessoas do Sr. Presidente da Assembleia da República, Dr. Jaime Gama, e da Sr.ª Presidente da Comissão Parlamentar de Saúde, Dr.ª Maria de Belém Roseira, e de endereçar-lhes as mais vivas felicitações pela qualidade e excelência do programa que hoje se apresenta. Estou certa de que, nesta casa do debate democrático, hoje todos contribuiremos para que a intervenção farmacêutica espelhe os legítimos anseios e expectativas da população portuguesa. Num momento em que relevantes alterações se operam na face mais visível da intervenção dos farmacêuticos – as farmácias comunitárias – considero esta iniciativa parlamentar como credora de um profundo sentido de oportunidade e demonstrativa da atenção do parlamento em relação à evolução do país. Ao longo da história, a intervenção dos farmacêuticos conheceu uma relevante evolução de paradigma e contribuiu empenhadamente para responder aos desafios em saúde. A profissão farmacêutica está já muito distante de ciências herméticas, quiçá alquímicas, com que se romanceia o seu passado. Nos dias de hoje, os farmacêuticos são profissionais de saúde com sólida formação universitária (apenas comparável em duração e exigência à formação médica) e com compromissos evidentes de melhoria contínua. Detêm os mais elevados índices de confiança da população na sua actividade e apresentam tranquilamente um currículo de inovação, pró-actividade, eficiência e responsabilidade social. Com um Acto Farmacêutico definido e objectivo (aprovado por unanimidade nesta casa em 2001), os farmacêuticos portugueses estão munidos dos saberes e competências adequados a importantes reformas do sistema de saúde e, em par- dos cidadãos em relação à sua segurançanoquadrodautilizaçãoracional e segura dos medicamentos”. No final do seu discurso, a bastonária questionoutambémaformacomoestãoa decorrerosconcursosparainstalação de farmácias privadas nos hospitais, “cujas rendas variáveis têm sido tão elevadas”, que levantam dúvidas sobre “como os proprietários podem deixar deterobjectivosmeramenteeconómicos e possibilitar um exercício farmacêutico qualificado e exigente”. Num painel reservado ao tema “Regulação da farmácia no contexto nacional e europeu”, o presidente da Secção Regional de Lisboa da OF, JoãoMendonça,apresentouváriosdados sobre a actividade farmacêutica em Portugal e o seu enquadramento nopanoramadosrestantespaísesda União Europeia. O presidente da secção regional de Lisboa enunciou os ROF79 ROF80 13 NACIONAL países em que vigora um regime de reservadapropriedadedasfarmácias parafarmacêuticos(1em25países daUniãoEuropeia)erestriçõesàinstalaçãodefarmácias.Noentenderdeste responsável, o fim da reserva da propriedade poderá conduzir a uma “induçãodoconsumodemedicamentos, comoconsequenteimpactonegativo na saúde pública”. Nesta intervenção foiaindarealçadooimpactodasalteraçõeslegislativas,comoainstalação defarmáciasnoshospitais,“umaparticularidadeúnicaaníveleuropeueinternacional” e a possibilidade de prática de descontos sobre o preço dos medicamentos. Ocolóquiocontouaindacomaparticipaçõeseintervençõesdopresidente doPharmaceuticalGroupoftheEuropeanUnion,LeopoldSchmudermaier, dopresidentedoConsejoGeneraldos Colegios Oficiales de Farmacéuticos, Pedro Capilla. O representante dos farmacêuticos espanhóis sublinhou que“afarmácianãoéumcomércio,é umserviçodesaúdeeomedicamentonãoéumprodutocomoosoutros. Daíqueaplicarasleisdemercadoao sector seja uma aberração”. Paraalémdestesresponsáveiseuropeusparticiparamtambémnoevento o presidente do INFARMED, Vasco Maria, do economista da Saúde, Pedro Pita Barros, e dos representantes da Autoridade da Concorrência e da UniãodasMisericórdias.Osrestantes parceirossociaiscomligaçõesaosector farmacêutico, como a Associação NacionaldasFarmácias,aAssociação dasFarmáciasdePortugal,osSindicatosNacionaldosFarmacêuticosedos Profissionais de Farmácia e Paramédicos,bemcomoaAPEF,organizaçãorepresentativadosestudantesdeCiências Farmacêuticas, tiveram também aoportunidadedeapresentarosseus argumentosfaceàevoluçãodosector. Aindaantesdasessãodeencerramento,emqueparticipouapresidenteda Comissão Parlamentar de Saúde, Maria de Belém Roseira, e o presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, os deputados representantes dotodososgruposparlamentaresdebateramasmudançasnosector,tendo uma vez mais ficado patente as correntes de opinião defendidas por cadapartidopolítico. 14 ROF80 Intervençãodabastonária(Cont.) ticular, para uma resposta do sistema de saúde centrada nos cidadãos. Nos dias de hoje, os farmacêuticos focam a sua intervenção no doente, ao invés de apenas se centrarem no medicamento. Como em qualquer intervenção em saúde, os meios colocam-se ao serviço dos fins, para proporcionar melhorias de saúde e qualidade de vida dos doentes. Do mesmo modo, para os farmacêuticos, os medicamentos e produtos de saúde são hoje meios cujo fim é promover a saúde e prevenir a doença dos nossos concidadãos. Sendo os únicos profissionais de saúde habilitados como especialistas do medicamento, os farmacêuticos têm uma grande responsabilidade perante a sociedade. Os medicamentos são a tecnologia de saúde mais utilizada em todos os sistemas de saúde e, como tal, devem ter uma atenção própria e contextualizada em relação à sua utilização. Nos dias de hoje, a sociedade tende a banalizar a sua utilização e a permear facilitismos em relação ao seu consumo. A revolução terapêutica que os medicamentos operaram nos últimos 50 anos abriu horizontes quase infinitos em relação à sua utilização. Temos hoje mais medicamentos centenas de vezes mais potentes e adequados ao combate e prevenção de doenças. Do outro lado da moeda, temos também mais complexidade e risco na sua utilização, consumos excessivos e, sintomaticamente, uma nova doença emergente: “o mau uso dos medicamentos”! Dados científicos norte-americanos informam-nos que: - reacções adversas a medicamentos representam entre a 4.ª e 6.ª causa de morte em hospitais, em valores superiores às causadas por pneumonia ou diabetes; - morbilidade/mortalidade causada por utilização deficiente de medicamentos atinge 136 mil milhões de dólares por ano; - 28% das urgências hospitalares se devem a problemas relacionados com medicamentos, e que 70% destas situações eram perfeitamente preveníveis. Temos assim uma noção clara da dimensão deste verdadeiro problema de saúde que, além de desperdício com medicamentos mal utilizados, acarreta custos sociais e económicos avultados para corrigir. É este paradoxo de possuirmos bons medicamentos e de os utilizarmos deficientemente que temos de enfrentar. Desperdiçamos demasiados medicamentos e, ainda por cima, temos custos acrescidos pela má utilização. É neste ponto que se centra uma das principais responsabilidades em que os farmacêuticos têm de intervir. Esta é uma carência clara dos sistemas de saúde, a que o nosso país não é certamente imune. Contrariamente a muitas das soluções em saúde, cuja complexidade eleva os custos públicos e privados, a problemática relativa à utilização de medicamentos tem soluções perfeitamente sustentáveis e, com a sua implementação, incutem racionalidade e significativas poupanças. Rentabilizar a perícia técnico-científica dos farmacêuticos (em farmácias e hospitais), responsabilizando-os pelo sucesso terapêutico e uso correcto e racional do medicamento, constitui-se numa medida simples, eficaz e com sinergias extraordinárias no âmbito do sistema de saúde. Esta opção não é nova e está documentada já em muitos dos sistemas de saúde mais desenvolvidos. De forma recente, o nosso país operou relevantes alterações legislativas no sector da farmácia comunitária. Todos os presentes conhecem a posição crítica e fundamentada que a Ordem dos Farmacêuticos sempre manifestou sobre opções às políticas encetadas. Com transparência, sinalizámos os riscos e fragilidades que, em nosso entender, eram dispensáveis ocorrer no nosso país. Com rigor técnico-científico, foram produzidos estudos técnico-científicos únicos no nosso país. Contribuímos decisivamente para que hoje se conheça melhor o papel e função da actividade farmacêutica. Assumimos frontalmente que a opção tomada foi contrária à que os farmacêuticos sustentaram. Com humildade democrática, aceitamos a soberania dos órgãos decisores do país, na certeza de que cumprimos a missão institucional de colaborar na emissão de pareceres e estudos fundamentados, apresentando soluções em saúde. Coerentemente, e perante o conjunto de alterações em prática, a Ordem dos Farmacêuticos não deixará de acompanhar, de monitorizar e de avaliar a implementação das alterações para, em tempo útil, propor as medidas que justifiquem a permanente valorização do interesse público, dos interesses dos doentes e da eficaz regulação da actividade farmacêutica. A Ordem dos Farmacêuticos assume assim de forma inequívoca o seu dever estatutário de colaborar activamente com os órgãos de soberania em matéria de interesse público e na promoção de um sistema de saúde ajustado às necessidades dos cidadãos. Perante o novo quadro regulador da actividade das farmácias comunitárias, a Ordem dos Farmacêuticos identifica, desde já, uma necessidade estruturante. Com a decisão política de promover a separação entre a propriedade de farmácia e a Direcção Técnica, exige-se uma adequada ponderação em relação aos mecanismos de independência e autonomia profissional dos farmacêuticos face à entidade patronal doravante difusa e variada. De facto, até este momento, o proprietário farmacêutico era responsabilizável pelos actos profissionais e punível por práticas desviantes da ética e deontologia da Intervençãodabastonária(Cont.) profissão. Com a própria intervenção jurisdicional da Ordem dos Farmacêuticos, foram significativas as sanções impostas a proprietários de farmácia que praticaram, permitiram ou estimularam acções lesivas do interesse público e da saúde dos cidadãos. Até este momento, vigorava também uma hierarquia laboral assente num mesmo conjunto de regulação profissional em vigor para proprietários e colaboradores farmacêuticos nas farmácias portuguesas. Ou seja, ao proprietário farmacêutico estava vedada a possibilidade de desenvolver ou determinar desenvolver intervenções que colidissem com os deveres profissionais dos farmacêuticos. Deste modo, estava estabelecido um equilíbrio entre a legítima remuneração do proprietário pela actividade desenvolvida e o interesse público inerente à dispensa de medicamentos como bens especiais arredados de uma lógica puramente comercial. É esta correlação de forças que, em nosso entender, necessita de ser recolocada. De facto, perante a abertura, e estímulo, da propriedade de farmácias a qualquer cidadão ou entidade empresarial, abre-se também um novo leque de liberdade de intervenção do proprietário que, naturalmente, não dispõe de normativos profissionais ou deontológicos que balizem a sua intervenção. De facto, em momento próximo, será possível que um proprietário de farmácia procure diversificar e ampliar a remuneração do seu capital através de iniciativas que podem, lamentavelmente, fazer perigar conceitos básicos de saúde pública e da protecção do interesse do doente. Por exemplo, neste momento, nada impede que um proprietário de farmácia estabeleça um quadro de incentivos para os seus colaboradores, baseado em produtividade ou rentabilidade. Isto, é, não existe qualquer impedimento em relação à fixação de objectivos explícitos de vendas de medica- mentos a colaboradores farmacêuticos por parte de quem, legitimamente, procura o retorno pelo investimento efectuado. Lamentavelmente, pouco existe que impeça os farmacêuticos da sua aceitação. Entre a ética e o pão, todos sabemos qual a opção humana. Contudo, perante uma indução do consumo de medicamentos desenfreada, estaremos a colocar diariamente em risco a saúde de centenas de milhar de cidadãos portugueses que entram numa farmácia. Associar esta prática à recente introdução da possibilidade de efectuar descontos em medicamentos coloca-nos perante um quadro dramático de desenvolvimento de estratégias de marketing ajustadas pelas práticas comuns aos produtos de grande consumo. Sem querer polemizar ou introduzir sequer a temática referente à venda de medicamentos não sujeitos a receita médica fora de farmácias, suscito apenas interrogações: Reparámos todos que, desde há dois anos, disparou a quantidade e diversidade de anúncios comerciais em relação a medicamentos não sujeitos a receita médica? Existe algum dado epidemiológico que justifique um aumento de problemas tratáveis por automedicação? Estaremos apenas a promover consumo puro de medicamentos? No entender da Ordem dos Farmacêuticos, existe assim necessidade de minorar os riscos que a ausência de quadro claro de intervenção independente do farmacêutico irá causar. Com a revogação da legislação que restringia a propriedade a farmacêuticos, deixou também de vigorar no nosso país uma norma intitulada “Lei do Exercício Farmacêutico”. Deste modo, em paralelo com a Lei de Bases da Farmácia, revogou-se também a legislação que enquadrava a actividade farmacêutica no circuito do medicamento. Esta consequência era inevitável, porquanto o exercício farmacêutico incorporava disposições relativas à responsabilidade do seu exercício como proprietário. Sendo uma norma datada e desenquadrada, impunha-se a sua alteração. Contudo, não uma omissão completa. Estamos hoje, no sítio certo, para suscitar este assunto. É competência desta câmara legislar e regulamentar intervenções profissionais. Deste modo, Sras. e Srs. Deputados, aproveito a oportunidade deste momento para solicitar a vossa apreciação formal sobre esta matéria e a soberana pronúncia da Assembleia da República sobre esta matéria. A necessidade de um novo enquadramento do exercício farmacêutico constitui-se numa salvaguarda legal do interesse dos cidadãos em relação à sua segurança. Este repto funda-se na necessidade de prevenir, enquadrar e dirimir os conflitos entre a entidade patronal e a intervenção técnica sustentada, assegurando o primado da saúde pública como linha orientadora da intervenção farmacêutica em farmácia. Não corporiza assim qualquer reivindicação de cariz privado ou corporativo. Não procura reverter a opção política tomada, nem visamos instituir privilégios ou benefícios farmacêuticos. Deste modo, somos claros no objectivo de conseguir maior responsabilização do farmacêutico na sua actividade, dotando-a de adequação aos novos desafios do sector e, de forma transparente, da modernização necessária à satisfação das necessidades de saúde da população portuguesa. Para a Ordem dos Farmacêuticos, a pior solução será sempre a omissão, deixando o interesse de todos e a confiança dos cidadãos à mercê da discricionaridade. Como profissionais de saúde, conhecemos muito bem as virtudes do ditado “Mais vale prevenir que remediar!” ROF79 ROF80 15 Farmácias nos hospitais Ordem aguarda respostas da Provedoria de Justiça e Autoridade da Concorrência AOrdemdosFarmacêuticosentregounaProvedoriadeJustiçaenaAutoridadedaConcorrência doispedidosdepronúnciasobreaconstitucionalidadeeconformidadecomodireitonacionalda concorrênciadalegislaçãoqueregulamentaainstalaçãodefarmáciasdevendaaopúbliconos NACIONAL hospitaisdoServiçoNacionaldeSaúde. O decretO-Lei n.º 235/2006, de deDezembro, aprovou o regime de instalação, abertura e funcionamento defarmáciasdevendaaopúbliconos hospitaisdoServiçoNacionaldeSaúde (SNS). Desde que esta medida foi anunciada,aOrdemdosFarmacêuticos (OF)temvindoaadvertirparaassuas potenciais consequências negativas. Sobopretextodeaumentaraacessibilidadeamedicamentos,estainiciativa legislativapoderádescaracterizaracoberturafarmacêuticadopaís,comrisco deencerramentodefarmáciasdeproximidade,perdadeequidadenoacessoamedicamentosedemenorquali- Os dirigentes da Ordem consideram que a abertura de farmácias nos hospitais dadedeserviçoprestadoàpopulação representa uma distorção das leis da concorrência portuguesa. nadosacurtosperíodosdetratamento rios como resposta ao carácter “hos- adopção de outras medidas que, pre- (48horasa72horas).Nuncaasolução pitalo-cêntrico” do nosso sistema de servando a acessibilidade a medica- encontradafoiaqueorasepropõe,de saúdeecontrariatambémaevolução mentos, permitissem o acesso facili- instalarumaverdadeirafarmáciaden- preconizadaparaaimplementaçãode tadoamedicamentosemsituaçõesde trodecadahospital. cuidadoscontinuados.Aodesvirtuara A OF sugeriu, em devida altura, a urgência,comoarevisãodoquadrode Não obstante estas consequências serviçosdedisponibilidadecumpridos negativasparaapopulação,aOFtem ecuidadosdesaúde,tendeaconcen- pelasfarmáciasportuguesas.Contudo, também sustentado que o quadro de trarosdoentesnoshospitaisquedis- a opçãogovernativa insistiu na insta- reformaglobaldosectoracarretatam- ponhamdeumafarmáciadevendaao laçãodefarmáciasdevendaaopúbli- bém outras perversões que, no curto público,nãoresolvendo,porisso,asdi- coemhospitais,criandomaisumasin- médio/prazo, configurarão uma entre- ficuldades de acessibilidade em zonas gularidadesemparalelointernacional. gadeumsectorreguladodesaúdeaos ruraiseperiféricas. Aliás, nos países em que se procurou interesses financeiros de corporações ampliaracomodidadedosdoentesem económicas, já visível nas manifesta- tambémprevisíveisaumentosdocon- relação à dispensa de medicamentos çõesdeintençãodeinstalaçãodefar- sumodemedicamentos,comumcon- emsituaçõesdeurgência,assoluções máciasemhospitais. sequente aumento do encargo com equidade de acesso a medicamentos Do ponto de vista económico, são criadasapenasvisaramumaacessibi- No âmbito da política de saúde, a lidadeprioritáriaamedicamentospres- presente medida é uma antítese ao recurso à urgência hospitalar como critosnosserviçosdeurgência,desti- reforçodosCuidadosdeSaúdePrimá- “porta de entrada” no sistema de saú- 1 ROF80 comparticipações e uma indução ao de,emdetrimentodamedicinagerale familiaroudoaconselhamentoprévio dasfarmáciascomunitárias. NaopiniãodaOrdemdosFarmacêuticos,asituaçãomaisgravosadestalegislaçãoresultadacompletaausência taçãodepropostasdeconcessão.Lamentavelmente, não estão previstos quaisquercritériosqualitativosquevalorizemaimportânciadoacessoamedicamentosemcondiçõesdesegurança,qualidadeeracionalidade. da competência do Foto:FarmáciaDistribuição de critérios qualitativos na apresen- Em conferência de imprensa, a bastonária reforçou as dúvidas da Ordem sobre a constitucionalidade do diploma Parlamento Deformacomplementar,analisando distorção da concorrência oprocessolegislativoemcausa,aOF temfundadasdúvidassobreaconsti- pelaOF,éexpectávelqueoimpactode aberturadefarmáciasemhospitaispos- Deigualmodo,foitambémsolicita- saterduasconsequênciaspossíveis:o tucionalidade da medida, dado que a doàAutoridadedaConcorrência(AdC) aumentodecustosdosistemadesaú- criaçãodoregimedeexcepçãoparaas aanálisedomesmodiplomalegal,na deedoscidadãospelainduçãodemaior farmácias a instalar nos hospitais ex- medidaemqueoregimedeexcepção consumodemedicamentos;eacaptura travasa as competências legislativas destasfarmáciasemrelaçãoàsrestan- deprescriçõesmédicasporestasfarmá- do governo, interferindo em matérias tes configura uma distorção de concor- cias, correspondendo a 400 farmácias dacompetênciareservadada Assem- rênciaesituaçõesdeabusodepoderde existentes no país e seu consequente bleiadaRepública. mercado.OsdirigentesdaOFconside- encerramentonaszonasdemenoraces- ramexistirquatrorazõesfundamentais sibilidade.EmambososcasosaOFcon- netejurídicodaOrdemdosFarmacêu- quedeterminamestaatitude:osprin- sidera injustificáveis os riscos e perdas ticos, a “precipitação legislativa” do cípiosassumidospelaAdCquando,em paraoscidadãoseparaasustentabilida- executivo origina a inconstitucionali- 2005,avaliouasituaçãoconcorrencial dedosistemadesaúdeportuguês,razão dade formal e orgânica do citado di- dosectordasfarmácias;asrecomenda- pela qual não deixará, na prossecução ploma,namedidaemqueaalteração çõesque,sobreosectordasfarmácias,a dosseusprincípiosedeveresestatutá- da legislação regente do sector era AdCfez,então,aogoverno;alegislação rios,deacompanharoimpactodasmedi- matériadecompetênciareservadada entretantoproduzida(eaplicada),pelo daslegislativasproduzidaspelogoverno Assembleia da República. De facto, o governo, sobre a concessão da explo- sobre o sector farmacêutico, na pers- própriogovernoreconheceestailegi- raçãodefarmáciasdevendaaopúbli- pectivadadefesadointeressepúblico. timidadeprópriaquando,paraaprova- conoshospitaisdoSNS;ealegislação, çãodelegislaçãoreferenteàdispensa entretantoproduzida,sobreoregimede ciativasqueconsideraradequadaspara deMedicamentosNãoSujeitosaRecei- propriedade,instalação,transferênciae garantiresalvaguardaraqualidadeda taMédica(MNSRM)foradefarmácias funcionamento das farmácias de oficina. coberturamedicamentosaedaassistên- Deacordocomosdadosdeumes- ciafarmacêutica,asegurançadosdo- tudo científico independente solicitado enteseamanutençãodasaúdepública. Deacordocomumparecerdogabi- (DLn.º134/2005,de1deAgosto)e orecenteregimejurídicoquepreconi- Domesmomodo,tomaráoutrasini- zoualiberalizaçãodapropriedadede Númerosefactos farmáciasanãofarmacêuticos(DLn.º 307/2007,de31deAgosto),foramobjecto de respectivas autorizações legislativas conferidas pela Assembleia Deacordocomosdadosdisponibilizadospeloshospitais,noâmbitodoscadernosde encargosdosseisconcursospúblicosjálançados,osvaloresdivulgadosrelativosaonúmerodereceitasemitidaspordianoanode2005foramosseguintes: daRepública. Porestasrazões,aOFentendeuassim solicitar ao provedor de Justiça a análisedestamatéria,tendoremetido aoseucuidadoumaexposiçãosobreo assunto. Confiando na análise ponderadaefundamentadadaProvedoriade Justiça,aOFmanifestaasuaconvicção na emissão de parecer que justifique a apreciaçãodoactolegislativopeloTribunalConstitucional. HospitaldeSantaMaria–988receitas/dia; HospitaldeSantoAndré–420receitas/dia; CentroHospitalardeCoimbra–489receitas/dia; HospitalDistritaldeFaro–432receitas/dia; HospitaldeSãoJoão–1141receitas/dia; HospitalPadreAmérico–470receitas/dia. Onúmerototaldeprescriçõespordiaemitidaspeloconjuntodehospitaisemcausaperfaz1.438.100receitas/ano,númeroequivalenteaodasreceitasaviadasemmédiapor 9farmácias.Alocalizaçãoprivilegiadadasfarmáciasdedispensademedicamentosao públiconoshospitaisdoSNStendeacaptarumuniversomuitíssimoamplodeclientes ouutentesquedeixarãodeseabastecernasfarmáciascomunitáras. ROF79 ROF80 17 Audiência com presidente da República Ordem sintetiza preocupações AOrdemdosFarmacêuticosfoirecebidaemaudiênciapelopresidentedaRepública. AbastonáriaIreneSilveirafez-seacompanhardosmembrosdaDirecçãoNacionalElisabeteFariae Pedro Barosa. Os representantes da profissão farmacêutica transmitiram ao chefe de Estadoasprincipaispreocupaçõesdosfarmacêuticosportuguesesfaceaoconjuntodemudanças NACIONAL emcursonosectordasaúde. O PRESIDENtE DA REPúblIcA eal- e a regulamentação da utilização de tico que permita colmatar as actuais guns elementosda Direcção Nacional medicamentos veterinários foram al- omissõesemrelaçãoamatériasante- da Ordem dos Farmacêuticos estive- gunsdostemasabordados. riormentereguladas–casosdadirec- ramestasemanareunidosemaudiên- No âmbito do novo enquadramen- çãotécnicanadistribuiçãoeindústria ciaparaanalisarasmudançasemcur- tojurídicodaactividadedasfarmácias sonosectordasaúdee,emparticular, comunitárias,aOrdemdosFarmacêu- o novo enquadramento legislativo no ticosexpressouassuaspreocupações cêuticos, levantam-se ainda questões sectorfarmacêutico. comadiminuiçãodaqualidadedoser- relevantes como a ausência de regu- viçoprestado,comainduçãoaocon- lamentaçãomais exigenteem função cedida pelo chefe de Estado à actual sumodemedicamentoseestímulode daseparação da propriedadee direc- DirecçãodaOrdemdosFarmacêuticos. umaactividademeramentecomercial, çãotécnicaedaindependênciatécnica Noencontroestiverampresentes,além bemcomoaregulamentaçãoquepre- dosfarmacêuticos. Esta foi a primeira audiência con- farmacêutica. No entender da Ordem dos Farma- Em relação à instalação de farmácias nos hospitais, a Direcção da Ordemrecordouquesetratadeumaoriginalidadeportuguesaqueiráconduzir a uma concentração da prescrição e dispensa e que conduzirá a um favorecimentoconcorrencialdestasfarmácias.Alémdisso,aOrdemdosFarmacêuticossublinhouqueestasfarmácias obedecemaumregimedeexcepção, visto que não obedecem às mesmas regras de capitação e distância, nem aqualquerlimitaçãoemrelaçãoàsua Foto:PresidênciadaRepública propriedade. A Ordem dos Farmacêuticos reveloutambémterenviadoàtutelauma propostadeconstituiçãodeumacarreirafarmacêuticaassentenadiferenciação e qualificação profissional correspondente a diferentes níveis de O presidente da República ficou a par das principais preocupações da Ordem em torno do sector farmacêutico responsabilidade,permitindoarentabilização da perícia farmacêutica no seiodasequipasmultidisciplinaresde dabastonáriadaOrdemdosFarmacêu- vêaatribuiçãodealvarásparanovas ticos,IreneSilveira,doismembrosda farmácias por sorteio, ao invés de re- DirecçãoNacional,ElisabeteFariaePe- correracritériosqualitativosdeselec- dentedaRepública,aOrdemabordou droBarosa. çãodepropostas. ainda algumas questões relacionadas Onovoregimejurídicoparaasfar- Perante este novo quadro norma- saúde. Duranteesteencontrocomopresi- com a regulamentação da utilização mácias,ainstalaçãodefarmáciasnos tivo, a Ordem dos Farmacêuticos tem de medicamentos veterinários e com hospitais,ainstituiçãodeumacarreira vindo a defender a necessidade de onovoregimejurídicodasassociações farmacêuticanaadministraçãopública uma nova Lei do Exercício Farmacêu- públicas profissionais. 18 ROF80 Próximas reuniões em Março Assembleias aprovam Planos e Orçamentos As Assembleias Regionais e Geral da Ordem dos Farmacêuticos que decorreram no final do mês de DezembroaprovaramosrespectivosPlanosdeActividadeseOrçamentospara2008.Asreuniões contaram com uma elevada afluência de farmacêuticos que aproveitaram a ocasião para reflectir NACIONAL sobreaintervençãodaOrdemduranteopróximoano. AS ASSEMblEIAS REgIONAIS eGeral daOrdemdosFarmacêuticosrealizadas entreosdias10e15deDezembroaprovaramosPlanosdeActividadeseOrçamentosparaoanode2008.AlémdadiscussãoedeliberaçãoemtornodoPlano deActividadeseOrçamento,osfarmacêuticospresentesnestasreuniõestiveramaindaoportunidadedesepronunciarsobreaintervençãodaOrdemdos Farmacêuticosaolongodoanode2008. Neste âmbito, a Direcção Nacional e os respectivos órgãos regionais da Ordem registaram com satisfação as várias sugestões e contributos apresentadospeloscolegasfarmacêuticos, queserãodevidamenteequacionados eadicionadosaoconjuntodeprioridadestraçadaspelosdirigentesdestainstituição. As Assembleias analisaram a conjuntura actual do sector cAlENDáRIO Assembleias Regionais e geral da Ordem dos Farmacêuticos Secção regional de Lisboa 17deMarçode2008 20:30horas Secção regional do Porto 25deMarçode2008 21horas Secção regional de coimbra 24deMarçode2008 20:30horas Assembleia geral 29deMarçode2007 11:00horas nota:AsAssembleiasRegionaisrealizam-senasinstalaçõesdasrespectivasSecçõesRegionais 20 ROF80 eaAssembleiaGeralirádecorrernasedenacionaldaOrdemdosFarmacêuticos Integração profissional de portadores de deficiência NACIONAL Bastonária e presidente da Regional de Lisboa visitam farmácia premiada Tal como havíamos noticiadonaúltimaediçãodaRevista da Ordem dos Farmacêuticos (ROF),oMinistériodoTrabalho edaSolidariedadeSocialdistinguiuaFarmáciaQuintadoCondecomoDiplomadeMéritode 1ª Categoria a nível nacional, umprémioquevisareconhecer ocontributodasentidadesempregadoras para a integração socioprofissional de pessoas com deficiência. AOrdemdosFarmacêuticos, através da sua bastonária, Irene Silveira, e do presidente da SecçãoRegionaldeLisboa,João Mendonça,fezquestãodecongratular o director técnico da farmácia, António Santos, bem comotodaaequipaquecompõe oquadrodepessoaldafarmácia. Os dirigentes da Ordem foram congratular a equipa da Farmácia quinta do conde OsdirigentesdaOrdemdeslocaram-seàQuintadoConde, tivadaFarmáciaQuintadoCon- ciadosatodasasempresas,in- pazes de exercer um conjunto no concelho do Seixal, e tive- deconstituiumexemplo,nãosó dependentementedosectorde de funções de carácter mais ramoportunidadedeconstatar paratodasasfarmáciasdopaís, actividade em que actuam”. administrativo, permitindo as- in loco o funcionamento desta como para todas as empresas farmácia e as funções desem- portuguesas,constituindotam- Lisboa confirma que “os indiví- ticos dedique maior atenção e penhadas pelos empregados bém uma demonstração cabal duosestãoperfeitamenteadap- disponha de mais tempo para portadores de deficiência. Na dosprincípiosderesponsabilida- tados e integrados no seio da oapoioeaconselhamentoaos opiniãodabastonária,“ainicia- desocialquedevemestarasso- equipa e demonstram ser ca- doentes”. OpresidentedaRegionalde simqueaequipadefarmacêu- “A atribuição do prémio foi uma completa surpresa” Revista da Ordem dos Farmacêuticos (ROF):como surgiu a hipótese de contratar indivíduos portadores de deficiência? António Santos (AS):Estávamos a enfrentar sérias dificuldadesparacontratarfarmacêuticosetécnicosparapreencher oquadrodepessoaldafarmácia.Colocámosváriosanúncios, para os quais não obtivemos resposta, mas alguns meses depoisrecebemosumacartada Associação Portuguesa de Deficientesasugeriracontratação dealgumaspessoasportadoras de deficiência. Inicialmente, fizemos um levantamentodasfunçõesquepoderiamserporelasdesempenhadaseconcluímosqueexistiam umconjuntodetarefasadministrativas, como a classificação e arquivodedocumentos,entre osquaisoreceituário,ouoregistodecaixa,quepoderiamvir aserexercidasporessaspes22 ROF80 soas,libertandoassimoscolegasfarmacêuticosparafunções maisenquadradascomassuas competências,comooaconselhamentoeoacompanhamento farmacoterapêutico. Anossaprimeiraatitude,apósa decisãoderecrutamentodestas pessoas,foiadecriarcondições e acessibilidades para que os deficientes motores pudessem circular.Contudo,talacaboupor nãosernecessário,pelomenos porenquanto,poisnenhumdos três colaboradores deficientes quecontratámoseraportador de uma deficiência motora, mas deficiências mentais. ROF: como decorreu a adaptação destes novos funcionários? AS: Comoénatural,tivemosum períodoemquefoinecessário um acompanhamento muito próximodetodososrestantes colaboradores.Houvetambém umanecessidadedanossapar- tedenosadaptarmosàssuas capacidadesecompreenderas suaslimitações. Ultrapassados estes primeiros tempos,entrou-senumarotina detrabalhoquetemsidomuito bemdesempenhadaporestes trabalhadores.Sentimos,aliás, dapartedelesumgrandeempenhonostrabalhosqueexecutam eumagrandemotivaçãopara seaperfeiçoarem. Estouemcrerqueconcedemos a estas pessoas uma oportunidadenãosóparaganharem algumaindependênciaemtermos financeiros como também para se sentirem úteis à sociedade. ROF: E como tem sido a reacção dos utentes? AS: Inicialmente, houve alguma dificuldade em passar a informação aos utentes de que tínhamos contratado pessoas portadoras de deficiência, até porque alguns destes colabo- radoresnãotêmnenhumadeficiência visível. Tivemos ao início alguns episódiosmenosagradáveis,mas desdequeapopulaçãosabeque existemfuncionáriosportadores de deficiência, temos tido um apoioincondicional. Aspessoassãomuitocarinhosas comeles,criaraminclusivamente alguns laços de amizade e dão-nososparabénspelanossa iniciativa.Julgoque,nestafase, tantoosutentes,comooscolaboradoresestãoperfeitamente adaptados a esta realidade e sabemconvivercomela. ROF: E como surgiu a hipótese de concorrer a este prémio? AS:AiniciativapassoupeloInstitutodoEmpregoeFormação Profissional do Seixal, através dadra.PaulaPacheco,quefez oacompanhamentodesterecrutamento.Houvedapartedela umaforteinsistênciaparaque apresentássemosacandidatura a este prémio de mérito, mas como julgávamos que existiriam muitas outras empresas com iniciativas deste género, nunca lhe atribuímos grande relevância. Contudo, mesmo no final do prazoláentregámososdocumentos solicitados e ficámos a aguardar umaresposta,sem,noentanto, termos grandes expectativas. Parasurpresadetodos,fomos contactadospelamesmapessoa ainformarquetínhamossidoos primeiros classificados. ROF: qual foi a vossa reacção? AS:Surpresatotal,pois,como jádisse,existemmuitasoutras empresas que adoptam esta mesma postura. A informação Posteriormente,fomoscontactadospeloMinistériodoTrabalhoedaSolidariedadeSocial,a convidarmo-nosparaumacerimóniadeatribuiçãodoprémio, que deverá ocorrer nos próximosmeses A vasta equipa da farmácia ajudou na integração dos três funcionários portadores de deficiência quenosfoitransmitidafoiade que a proporção de trabalhadores deficientes no universo de colaboradores da farmácia erambemmaisacentuadado que noutras empresas, o que ameuverconstituiumcritério muitocredível. RPF: considera que esta é uma forma de reconhecimento pelo trabalho desenvolvido pela vossa farmácia? AS: Em parte sim, pois trata-se de um motivo de orgulho, nãosóparanós,comoparaos próprioscolaboradores.Quandonosapercebemosdequea oportunidade que estamos a darestáamudaravidadestas pessoas,nemseriaprecisoum prémioparanossentirmosrealizadosereconhecidos. Cientista dedica-se ao estudo das Nanopartículas de Lípidos Sólidos Medalha de Honra para farmacêutica No sentido de promover a farmacêuticas, especializou-se participação das mulheres na em Tecnologia Farmacêutica, ciência, incentivando as mais primeiropeloMestradoemTec- jovensepromissorascientistas, nologiaFarmacêuticadaFacul- eminíciodecarreira,arealiza- dade de Farmácia da Universi- remestudosavançadosnaárea dadedoPorto.Posteriormente, dasCiênciasdaVida,aL’Oreal rumou para a Freie Universi- Portugal, a Comissão Nacional tät Berlin, em Berlim, na Ale- daUNESCOeaFundaçãoparaa manha, onde se doutorou em CiênciaeTecnologiapremiaram Nanotecnologia, Biofarmácia e em2007trêsjovenscientistas Biotecnologia Farmacêutica. A que concluíram recentemen- Nanotecnologiaéumaespécie teoseudoutoramento.Aatri- de design e de concepção de buiçãodasmedalhasdehonra um determinado sistema, mas destina-seàrealizaçãodeestu- à escala nanométrica. Dentro dosavançadosdeinvestigação da Nanotecnologia existe uma científica, ao nível de pós-dou- série de estruturas e, dentro toramento, em universidades destas,ajovemcientistaapai- ou outras instituições portu- xonou-se por aquelas que são guesas de reconhecida idonei- produzidascommateriaismui- dade. toidênticosaosexistentesnos ElianaB.Soutofoiumadas tecidos humanos. “Dito assim, cientistasareceberamedalha parecequenãocausaqualquer de honra. Este prémio consti- impacto,anãosernacomuni- tuiumaformadedarvisibilida- dade científica propriamente A investigação de Eliana Souto na área da nanotecnologia foi deaumaáreaqueeraapenas dita. No entanto, quando me reconhecida pela Fundação para a ciência e tecnologia conhecida ao nível da investi- dediquei ao estudo das Nano- gação científica, e que pode- partículas de Lípidos Sólidos de actuação dessas mesmas mas que são semelhantes aos rátrazermaisinvestimentose (SLN)oobjectivoeraconceber substâncias e não alterá-las. tecidos humanos, ou seja, são mais investigadores.O percur- sistemas à escala nanométri- “O que vamos modificar é a for- substâncias biotoleráveis, bio- sodeElianaSoutonaáreadas ca nos quais incorporaríamos macomoestassubstânciasse compatívies, biodegradáveis e ciênciasexactascomeçoucom substâncias activas já conhe- apresentamaodoente.Quere- têmumriscomuitoreduzidode oingressonocursodeCiências cidas por todos”. Daí retira-se, mosutilizarassubstânciasacti- toxidadeeantigenicidade.Sen- FarmacêuticasnaFaculdadede àpartida,umavantagem:ade vasjáexistentesecujosefeitos do substâncias de natureza li- Farmácia da Universidade de todasaspessoasestaremdes- graves já são mais do que co- pídica,têmenormesvantagens Coimbra.Devidoaoseuinteres- pertasparasubstânciasactivas nhecidos,reduzindo-osomáxi- porquesãoconsideradasparte sepelasáreasdodesignede- comoacortisona,porexemplo. mo possível”. “A inovação está integrante do corpo e não são senvolvimentodenovasformas Oobjectivoéinvestigaraforma na utilização de matérias-pri- rejeitadas pelo organismo”. ROF79 ROF80 23 NACIONAL Cientista do Instituto Gulbenkian de Ciência foi premiada Investigação nacional desvenda estrutura e divisão de células O projecto de investigação O trabalho da investigado- desenvolvido pelo Laboratório ra portuguesa Mónica Betten- de Regulação do Ciclo Celular courtDiasnaáreadamultipli- do Instituto Gulbenkian de Ci- cação celular tem vindo a ser ência identificou um conjunto distinguidocomváriosprémios de moléculas que contribuem de âmbito nacional e europeu paraaformaçãodecentrosso- – Prémio Crioestaminal em In- mas, uma estrutura que regu- vestigação Biomédica 2007, laoesqueletoeamultiplicação que visa distinguir o melhor decélulas,equeestáfrequen- projectodeinvestigaçãobásica temente alterada em doenças desenvolvido em Portugal na comoocancro. área das ciências biomédicas, Em situações normais, cada PrémioEuropeuEppendorf,atri- umadascélulasdocorpohuma- buídoanualmenteaumjovem notemapenasumcentrossoma, cientista europeu com traba- mas,emdeterminadasdoenças, lhos desenvolvidos na área da asuaestruturaéalterada,veri- A investigação tem vindo a ser desenvolvida pelo laboratório biomedicina, e Prémio Pfizer de ficando-se uma desregulação da de regulação do ciclo celular do igc Investigação Básica 2007, em multiplicaçãodascélulas,porse colaboraçãocomasuniversida- gerarem muitos centrossomas. vestigação liderada por Mónica Estadescobertapoderáabrir Atéagora,abiologiaconsidera- Bettencourt Dias concluiu que caminhos para o diagnóstico e va que cada célula tinha ape- oscentrossomaspodemgerar-se tratamentodocancroedainfer- gaçãoforamtambémpublicados nasumaestruturaqueserviade semummodeloeapenascomo tilidade,poisestãorelacionadas em algumas revistas científicas modelo para a estruturação de aumentodaactividadedeuma tantocomaausênciacomocom internacionais, como a Nature, novos centrossomas, mas a in- proteína especifica, a SAK. oexcessodecentrossomas. a Science e a Current Biology. desdeCambridgeeSiena. Osresultadosdestainvesti- “Descobrimos o papel fundamental de uma proteína chamada SAK” Revista da Ordem dos Farmacêuticos (ROF): em que consiste, resumidamente, a investigação do instituto gulbenkian de ciência sobre a formação de centrossomas? Mónica bettencourt Dias (MbD): O grupo de “Regulação do Ciclo Celular” estuda o processodemultiplicaçãodas células no organismo. Este é o fenómeno que permite aos organismosdesenvolverem-se desdeoovo(1célula)atéao estado adulto (100 triliões!); daípartedaimportânciadeste estudo.Poroutrolado,várias doenças estão relacionadas com a multiplicação descontrolada das células: é o caso docancro.Osestudosdesenvolvidosnestelaboratóriocentram-se principalmente nos mecanismosdepolaridadeda célula(nasassimetriasdasua constituição),enaduplicação efunçãodocentrossoma–estruturadacélulaqueregulaa multiplicação e o movimento dascélulas,entreoutrosprocessos.Asnossascélulastêm umesqueletoque,talcomoas estradas de uma cidade, organizaalocalizaçãodosseus diversoscomponentes.Ocen- 24 ROF80 trossoma tem, entre outras funções,ajudarnaorganização desseesqueleto. ROF: Qual a aplicabilidade clínica deste trabalho? que avanços poderão surgir no diagnóstico e tratamento de doenças? MbD: Oscentrossomas,eaformacomoseformamnacélula, sãoestudadoshámaisdeum século,esónosúltimosanos secomeçouasabermais.Nós descobrimosopapelfundamentaldeumaproteína–chamada SAK – na duplicação da formaçãonormaldoscentrossomas na célula. Na ausência da SAK, os centrossomas não são formados;quandoseencontraem excessonacélula,formam-se centrossomasemnúmerosexcessivos.Sabe-sequeoscentríolos(estruturaqueformao centrossoma) são essenciais para o movimento de células com flagelo, como é o caso dos espermatozóides. Estas estruturaspodemestarassim associadasàfertilidademasculina,entreoutrosprocessos.Por outrolado,númeroselevados de centrossomas desregulam amultiplicaçãodascélulas.É comumestasestruturasesta- remalteradasnocancro.Este trabalhonãotemaplicabilidade clínicaimediata,masamelhor compreensãodaformaçãodos centrossomas poderá levar a novos alvos para o desenvolvimentodenovosmétodosde diagnóstico e prognóstico de doenças. ROF: Quais os próximos passos deste projecto? qual a linha de investigação a prosseguir? MbD: Nós estamos a tentar perceber como é que a SAK e outras moléculas envolvidas nesteprocessoexecutamesta funçãonoscentrossomas.Um próximo passo será também perceber se a SAK e outras moléculasenvolvidasnesteprocessotambémestãoalteradasem doençashumanas. ROF: como classifica a investigação nacional na área da saúde? De que forma poderá ser incentivada? MbD: Ainvestigaçãonacional naáreadasaúdetemmelhoradobastante.Julgoessencial conseguirmos atrair mais investigadoresmuitoconhecidos internacionalmente.Asuapresençatornaráosnossoscentros de investigação mais apetecíveis e será assim mais fácil recrutar investigadores excelentes para trabalharem em Portugal.Seriaútiltambémter mais espaço e financiamento para investigação resultante da colaboração entre clínicos einvestigadoresdeciênciabásica.Incentivoscomooprémio Crioestaminal têm um papel muito importante no financiamento e promoção da nossa ciência. Seria excelente que outrasempresastivesseminiciativas semelhantes. A nova lei do mecenato científico deverialevarmaisempresasnessa direcção. ROF: Qual a reputação dos nossos centros de investigação no estrangeiro? MbD: Algunsdosnossoscentros de investigação, como é ocasodoInstitutoGulbenkian deCiência,jásãoconhecidos lá fora por fazerem boa ciência. No entanto, ainda temos muito a melhorar aqui: é essencial publicarmos melhor e organizarmos mais eventos internacionais para pormos o nome de várias instituições portuguesasnomapadaciênciainternacional. NACIONAL IV Encontro de Casos Práticos de Acompanhamento Farmacoterapêutico O evento é organizado anualmente pelo grupo de Acompanhamento Farmacoterapêutico de Évora farmacêuticos portugueses se macêutico legalmente definido, cionadas com o medicamento. sional do farmacêutico mudou têm como expoente máximo o Éumserviçocognitivoqueaso- envolvam no exercício genera- definitivamente de uma envol- acompanhamentofarmacotera- ciedadereclamacrescentemen- lizadodoacompanhamentofar- vente quase exclusiva com o pêutico.Aquiofarmacêuticoco- teequeencontranofarmacêuti- macoterapêutico dos seus do- medicamento para uma preo- laboracomomédico,osoutros co o profissional mais habilitado entes.Comestaspreocupações cupação central com o doen- profissionais de saúde e o doen- a prestá-lo. Face às condições e este raciocínio-base, em fins te. Os cuidados farmacêuticos, te, responsabilizando-se pelas actuais no país, para além de de 2002, um grupo de farma- consubstanciados no acto far- necessidades do doente rela- necessário, é urgente que os cêuticosconstituiu-seemGAFE O foco da prestação profis- TemasdoIVEncontro “Acompanhamento Farmacoterapêutico na equipa de Saúde” – Em que se discutiu autilidadeeanecessidadeda integraçãodofarmacêuticona equipadesaúdedasUnidades deSaúdeFamiliaresrecentementecriadas.Salientou-seaimportânciadainteracçãoentreosdiferentes profissionais de saúde e estabeleceu-seconsensosobre autilidadeeanecessidadedo acompanhamentofarmacoterapêuticoparaosdoentes.Olocal ondeestaactividadedeveráser exercidacarecedemaisampla discussão,tambémnoenquadramentodosresultadosdotrabalhoemcursonumadasUSFde Évoraqueserviudelançamento dadiscussão. “Prevalência de Insuficiências Respiratórias em Farmácia comunitária” –Osresultadosdesteestudo,realizado peloGAFEemváriasfarmácias comunitárias,apontamparauma prevalência de insuficiências respiratóriasdaordemdos5%de utentesdapopulaçãorastreada. 2 ROF80 Estesresultados,aparentemente surpreendentes,estãodeacordo comdadosrecentesdoObservatório Nacional das Doenças Respiratórias.Aosutentesque mostravam insuficiências respiratóriasnotesteerarecomendadaumavisitaaoseumédico parainvestigaçãodasituação. Criticadooestudorealizado,foi recomendada a sua repetição commaisapertadaparametrizaçãoeacompanhamentodos doentesquevenhamaserreferenciadosaomédico. “A Ética na comunicação Farmacêutico-Médico”–Reviram-seosconceitosnaperspectiva decadaumdosparticipantesno painel,deformaçõesdebasee actividades profissionais diferentes.Analisaram-seoslimiaresde competência dos profissionais susceptíveis de gerar conflitos deinteresses.Salvaguardandoa autonomiadecompetênciasea eficiência pretendida, o critério fundamentalquedevepresidir à comunicação entre os filhos deHipócratesedeGalenofoi consensualizada como sendo adomaiorbemdaquelesque virão a beneficiar da sua ciência:osdoentes.O“Jantarcom Ética”, que se realizou a seguir contouaindacomadiscussão deseiscasospráticosquesuscitarampolémicaentreosparticipantes. “generalização do Acompanhamento Farmacoterapêutico” - As intervenções nestepainel,aoponderaremuma possível generalização desta actividadefarmacêuticaaonível nacional, consideraram-na útilenecessária,nointeresse da saúde dos doentes. Se os farmacêuticos a não desempenharem,asociedadeexigirá que outros profissionais surjamparaasuaimplementação. Equacionadas as dificuldades e osestrangulamentosqueseobservam, que justificarão a sua escassa prática actual, outras soluções alternativas deverão serprocuradasparageneralizar oacompanhamentofarmacoterapêutico. “comparação Funcional de equipamento de medida de glicemia capilar” – Quatro equipamentosdemedidadaglicemiacapilarforamcomparativamentetestadosemfarmácias comunitáriaseemlaboratórios de análises clínicas, também contra os valores de glicemia venosa extemporaneamente determinados. Da discussão dosresultadoscomosdiferentes profissionais intervenientes resultaramtrêsrecomendações principais: i)anãoutilizaçãodediferentes equipamentos nas determinações efectuadas por (e com) cadautente; ii) o equipamento deverá ser o adequado às características pessoaisdecadautilizador; iii)asdeterminaçõesaefectuar em instituições (farmácias, centros de saúde, etc.) deverão utilizar o equipamento do própriodoenteparaminimizar eventuaisdiscrepânciasderesultadoseparaavaliaracorrecta utilização do equipamento peloutente. (Grupo de Acompanhamento Farmacoterapêutico de Évora) para, em conjunto, desenvolveractividadesmúltiplasnointeresse da saúde dos doentes quequeremservir.Estasactividades,envolvendoumnúmero cada vez maior de farmacêuticoscomunitáriosehospitalares dosquatrocantosdopaís,têm contado com a colaboração da UniversidadedeÉvora,através do seu curso de Mestrado em Acompanhamento Farmacoterapêutico,ecomaparticipação activadeváriosmédicosquese lhesquiseramassociar.Foinesteenquadramentoquecomeçaramaorganizar-seemÉvoraos Participaram no encontro vários representantes das diferentes áreas de intervenção farmacêutica encontrosdecasospráticosde acompanhamentofarmacotera- cosdemedicinageralefamiliar pêutico. Estes encontros, além edoutrasespecialidades,parti- de permitirem a apresentação ciparam ainda, pela primeira dois painéis “tradicionais” de 14e15deNovembrode2008. decasosdosestudantesdocur- vez, profissionais de enferma- apresentação e discussão de Ospresentesforamconvidados so demestrado,têm sidouma gemquetambémquiseramdar casos práticos do âmbito da ajuntar-seaoGAFEnarealiza- oportunidadeúnicaparaospro- oseucontributo. farmácia comunitária e da far- ção de outros projectos profis- máciahospitalar,principalmen- sionais que justificam de forma fissionais discutirem livremen- Àimagemdosencontrosan- duas centenas de profissionais. O IV Encontro, além dos dooVEncontrodeAcompanhamentoFarmacoterapêuticopara te temas de interesse comum, teriores,oIVEncontrodeCasos teprotagonizadosporestudan- mais significativa a prestação analisarem os resultados dos Práticos de Acompanhamento tes do curso de mestrado que profissional dos farmacêuticos e projectos executados e pers- Farmacoterapêutico, organiza- este ano reforçaram a neces- viabilizam parcerias objectivas pectivaremasactividadesfutu- do pelo GAFE com a colabora- sidade de as actividades dos com os outros profissionais de rasdoGAFE. ção do Curso de Mestrado em farmacêuticos (comunitários e saúde,nointeressedosutentes. Acompanhamento Farmacote- hospitalares) serem cada vez Estãoemfasedepreparaçãoe ticosdeacompanhamentofar- rapêutico da Universidade de maisdirigidas paraosdoentes implementaçãonoterrenopro- macoterapêuticodeÉvoracons- Évora nos dias 9 e10 de No- e suportadas por tecnologias jectosdefarmacovigilânciaac- tituemjáumpontodeencontro vembro, também contou com deinformaçãocrescentemente tiva, rastreio de insuficiências obrigatório entre farmacêuti- o apoio da Ordem dos Farma- automatizadas, contou ainda respiratórias com acompanha- cosemédicos.Noencontrode cêuticos(representadapelasua comváriospainéis(vercaixa). mento e estudo de perfis de Osencontrosdecasos prá- 2007, além de farmacêuticos bastonária)edaAssociaçãoPor- comunitários,hospitalaresedo- tuguesadosMédicosdeClínica tro, foram lidas as conclusões centesuniversitáriosedemédi- Geral. Participaram cerca de queaquiseresumememarca- Antesdeterminadooencon- consumodeestatinas. carlos Sinogas Alegações de concorrência desleal Farmacêuticos interpõem processos judiciais contra farmácias nos hospitais Setentaetrêsdonosdefar- hospitalaresdevidoao“regime cursosdeadjudicação tenham mácias interpuseram colecti- de privilégios diferentes que apresentado propostas de 3 vamente acções judiciais para receberam”, que passam pela por cento do valor da factura- tentarem anular os concursos suaabertura35diasporano ção,comoemCoimbra.Parao de adjudicação de farmácias e24horaspordia. Hospital de Santa Maria, esse Para estes proprietários, o valorfoisuperiora20porcen- Coimbra alegando “concorrên- HospitaldeSantaMariairá,por to,aquesesomam50mileu- cia desleal”, revelaram fontes exemplo, tornar-se num “hi- rosderendamensal. ligadas ao processo. Em Faro, permercado do medicamento, umafarmáciatambéminterpôs aocanalizartodooreceituário tas mencionadas nas acções umprocessocontraaabertura apenas para a sua farmácia, judiciais, são superiores às re- permanenteaopúblicodasfar- através de novos sistemas in- ceitas brutas das farmácias máciasdoshospitais,masagiu formáticos em que a receita é em geral. Entre medicamen- emnomepróprio. enviadapelomédicoparaafar- tos e outros produtos comer- mácia”. cializados, a receita ronda os emhospitaisdeLisboa,Portoe Os proprietários queixam- -seaindaqueháuma“discriminação positiva” das farmácias Os queixosos estranham aindaquevencedoresdoscon- Essesvalores,segundocon- 25 por cento, sobre os quais ainda são deduzidos custos. ROF79 ROF80 27