LUCIENE YUKARI MORITA INTER-RELAÇÃO DA PERIODONTIA COM A ORTODONTIA: REVISÃO DE LITERATURA Londrina 2014 LUCIENE YUKARI MORITA INTER-RELAÇÃO DA PERIODONTIA COM A ORTODONTIA: REVISÃO DE LITERATURA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Medicina Oral e Odontologia Infantil da Universidade Estadual de Londrina, como requisito à obtenção do título de Cirurgiã-Dentista. Orientadora: Profª. Dra. Fernanda Akemi Nakanishi Ito Londrina 2014 LUCIENE YUKARI MORITA INTER-RELAÇÃO DA PERIODONTIA COM A ORTODONTIA: REVISÃO DE LITERATURA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Medicina Oral e Odontologia Infantil da Universidade Estadual de Londrina, como requisito à obtenção do título de Cirurgiã- Dentista. BANCA EXAMINADORA ____________________________________ Profª. Dra. Fernanda Akemi Nakanishi Ito Universidade Estadual de Londrina - UEL ____________________________________ Profª. Ms. Maria Beatriz Bergonse Pereira Pedriali Universidade Estadual de Londrina - UEL Londrina, 14 de Novembro de 2014. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente à Deus, pela força concedida nesta jornada, por esta conquista realizada, e por tudo ainda que ele irá ajudar em minha vida. A minha família, pelo amor e apoio incondicional para que eu pudesse concluir mais esta importante etapa, e em especial ao meu avô Kaoru Ishikawa (in memorian), que com certeza foi uma das pessoas que mais torceu e sempre desejou que esse dia chegasse, obrigada meu avô, saudades eternas, “Na continuidade da vida o exemplo de um grande Homem”. A minha querida orientadora, que dedicou o seu precioso tempo e o seu conhecimento para a realização desse trabalho. Agradeço não só pela constante orientação neste trabalho, mas, sobretudo pela sua amizade. Aos meus colegas de graduação que tornaram esse tempo de convivência mais alegres e agradáveis. Aos professores pelo apoio e valiosos conhecimentos passados a mim no decorrer do curso. Aos funcionários pela simpatia, dedicação e pelo trabalho prestado. Aos pacientes, pela essencial cooperação em nosso aprendizado. A todos, os meus sinceros agradecimentos. Sem sonhos, a vida não tem brilho. Sem metas, os sonhos não têm alicerces. Sem prioridade, os sonhos não se tornam reais. Sonhe, trace metas, estabeleça prioridade e corra riscos para executar seus sonhos. Melhor é errar por tentar do que errar por se omitir! Não tenhas medo dos tropeços da jornada. Não podemos esquecer que nós, ainda que incompleto, fomos o maior aventureiro da história. Augusto Cury MORITA, Luciene Yukari. Inter-relação da periodontia com a ortodontia: revisão de literatura. 2014. 35 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Odontologia) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2014. RESUMO A reabilitação oral do paciente muitas vezes necessita de uma inter-relação entre várias especialidades para permitir uma melhora nas condições da saúde bucal. Hoje, a procura cada vez maior de pacientes adultos para tratamento ortodôntico torna a Periodontia e a Ortodontia duas áreas com relação muito estreita no intuito de oferecer melhores resultados no tratamento odontológico do paciente, através de benefícios advindos da atuação combinada dessas duas especialidades. Sendo assim, o objetivo desse trabalho foi realizar uma revisão de literatura sobre algumas questões relacionadas à inter-relação entre Periodontia e Ortodontia, mostrando temas como o conceito de doença periodontal, as implicações que o tratamento ortodôntico pode causar no periodonto como recessão gengival e aumento gengival e quando se pode tratar o paciente comprometido periodontalmente. Conclui-se que o tratamento ortodôntico somente poderá ser iniciado após efetivo controle da doença periodontal e na ausência de inflamação, estabelecendo um programa efetivo de manutenção da saúde dos tecidos, assegurando mínimos danos aos mesmos durante a terapia ortodôntica. O tratamento é benéfico ao indivíduo e seus riscos estão associados à falta de controle efetivo do biofilme bacteriano, assim como a movimentação ortodôntica na presença de doença periodontal ativa. Apesar das limitações encontradas, quando o tratamento ortodôntico é bem planejado e executado, muitos benefícios podem ser alcançados, capazes de melhorar a autoestima do paciente, sua higienização oral e estabelecer uma oclusão fisiológica, proporcionando maior longevidade aos dentes mesmo comprometidos periodontalmente. Palavras-chave: gengival. Doença periodontal. Movimentação ortodôntica. Recessão MORITA, Luciene Yukari. Interrelationship of periodontics to orthodontics: literature review. 2014. 35 f. Completion of course work (Undergraduate Dentistry) State University of Londrina, Londrina, 2014. ABSTRACT Oral rehabilitation of the patient often requires an inter-relationship between many specialties to allow an improvement in oral health conditions. Today, the growing demand of adult patients for orthodontic treatment become the Periodontics and Orthodontics two areas very closely, in order to better results in the patient`s dental treatment, through the benefits provided by the collaborative work of both specialties. Therefore, the aim of this work was a literature review on some issues related to the interrelationship between Periodontics and Orthodontics, themes showing how the concept of periodontal disease, the implications that orthodontic treatment can cause the periodontal tissue and gingival increase gingival recession and when it can treat periodontally compromised patient. It was concluded that orthodontic treatment can only be initiated after effective control of periodontal disease and in the absence of inflammation, establishing an effective program for health maintenance and assuring minimal tissue damage during the orthodontic therapy. The treatment is beneficial to the patient and risks are associated with the lack of effective control of the bacterial biofilm as well as the orthodontic movement in the presence of active periodontal disease. Despite the limitations encountered when orthodontic treatment is well planned and executed, many benefits can be achieved, able to improve the selfesteem of the patient, oral hygiene and establish a physiologic occlusion, providing greater longevity to periodontally compromised teeth even. Key words: Periodontal disease. Orthodontic movement. Gingival recession. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Aumento gengival ................................................................................... 16 Figura 2 – Recessões gengivais severas ................................................................. 20 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 9 2 DESENVOLVIMENTO .............................................................................. 11 2.1 DOENÇA PERIODONTAL ................................................................................ 11 2.2 AVALIAÇÃO PERIODONTAL PARA O TRATAMENTO ORTODÔNTICO ..................... 13 2.3 AUMENTO GENGIVAL .................................................................................... 15 2.4 RECESSÃO GENGIVAL .................................................................................. 16 2.5 MOVIMENTO ORTODÔNTICO EM PACIENTES COM PERIODONTO REDUZIDO ...... 20 3 DISCUSSÃO ............................................................................................ 26 4 CONCLUSÃO .......................................................................................... 29 REFERÊNCIAS ........................................................................................ 30 9 1 INTRODUÇÃO Atualmente, com o aumento da expectativa de vida e o poder de compra, juntamente com as mudanças dos conceitos em estética, resultou no aumento do número de adultos que procuram por tratamento ortodôntico, combinando benefícios funcionais deste para a estética do sorriso. Devido a essas mudanças, agora, é parte da rotina clínica dos ortodontistas tratar pacientes e lidar com indivíduos com doença periodontal ou seqüelas desta doença (ALVES, 2012), pois a incidência só aumenta com a idade. Muitas destas sequelas podem ser atribuídas ao acúmulo de biofilme devido à dificuldade de manutenção de higiene bucal adequada na presença de bandas e brackets. Consequentemente, o controle de biofilme inadequado pode promover alterações periodontais, que podem ser agravadas pelo tratamento ortodôntico (MAIA et al., 2011). A Periodontia e a Ortodontia se inter-relacionam procurando favorecer os resultados no tratamento odontológico. A Periodontia propicia ao tratamento ortodôntico um ambiente mais favorável à movimentação dentária, prevenindo danos teciduais. Por sua vez, a Ortodontia atua como coadjuvante da terapia periodontal, através da melhora da posição de dentes mal posicionados, criando então um ambiente melhor para higienização bucal e consequentemente para a saúde gengival e do aparato de inserção óssea. (MORAIS, 2008). O tratamento ortodôntico é baseado na aplicação de uma força em um dente, que irá produzir o movimento dentário, à medida que ocorre remodelação das estruturas adjacentes. Dessa forma, nota-se que uma estrutura periodontal sadia é extremamente importante para a movimentação dentária, para que se obtenham resultados satisfatórios (CARRARO; JIMENEZ-PELLEGRIN, 2009). As doenças periodontais estão entre as doenças crônicas mais comuns nos seres humanos, afetando de 5 a 30% da população adulta de 25 a 75 anos de idade, sendo a causa mais frequente de perdas dentárias em adultos. Sabese também que na presença da doença periodontal a saúde geral pode ficar comprometida (CURY et al., 2003). Existem evidências de que as periodontites aumentam o risco de certas afecções sistêmicas, entre elas, algumas doenças cardíacas (PRESSMAN et al., 2013), parto prematuro e baixo peso ao nascer (RODRIGUES et al., 2004). Dessa forma, a prevenção e o tratamento da doença 10 periodontal devem ser necessários e fundamentais não apenas para a manutenção da saúde do periodonto, mas também para evitar problemas de ordem geral (CURY et al., 2003). Sabe-se que após a remoção dos acessórios ortodônticos há expressiva melhora na saúde gengival, ocorrendo uma redução na profundidade de bolsa, o que sugere que as alterações periodontais têm caráter transitório, sem danos permanentes aos tecidos (SALLUM et al., 2004). Porém em alguns casos, embora o quadro inflamatório regrida após a terapia periodontal básica com a remoção do aparato ortodôntico e a orientação de higiene bucal, o aumento gengival pode persistir, comprometendo a estética e dificultando a higiene bucal (PEDRON et al., 2008). Para que a inter-relação entre a Periodontia e a Ortodontia seja efetiva e traga resultados satisfatórios, é fundamental que o profissional realize um bom exame clínico e uma boa anamnese no paciente que será submetido ao tratamento ortodôntico/periodontal. Além disso, durante o transcorrer da correção ortodôntica adequados padrões de higiene bucal devem ser mantidos. Dessa maneira, avaliações do estado periodontal devem ser feitas no pré, no trans e após a terapia ortodôntica (ONG; WANG; SMITH, 1998). O tratamento ortodôntico pode contribuir significativamente para a reabilitação geral (estética e funcional) do sistema estomatognático (ONG; WANG; 2002). E o plano de tratamento final deve ser individualizada e adaptada para atender às necessidades, objetivos e expectativas do paciente em particular (SPEAR; KOKICH; MATHEWS, 2006). Sendo assim, o objetivo desse trabalho foi revisar a literatura acerca das principais questões relacionadas à inter-relação entre a Periodontia e a Ortodontia combinando problemas clínicos periodontais junto com a Ortodontia e abordar de forma resumida as informações básicas que podem ser usadas para melhorar o plano de tratamento. 11 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 DOENÇA PERIODONTAL A doença periodontal representa um dos grandes problemas de saúde pública, pela sua incidência relativamente alta, até mesmo nos países desenvolvidos. É considerada a doença crônica que mais afeta a dentição humana; é a segunda afecção mais prevalente na cavidade bucal (BASTOS et al., 2011). Para entender o que é a doença periodontal, é preciso saber o que é o periodonto. O periodonto se divide em periodonto de proteção e de sustentação, sendo o primeiro composto pela gengiva (gengiva marginal livre, inserida e interdentária) e o segundo, pelo cemento, ligamento periodontal e osso alveolar. O periodonto pode se apresentar de duas formas: saudável (ausência de sinais clínicos inflamatórios) ou doente (presença de sinais clínicos inflamatórios). A doença periodontal é uma doença infecto-inflamatória que acomete os tecidos de proteção e de sustentação. Ela se manifesta através de dois quadros clínicos: gengivite, periodontite (MARIN et al., 2012) ou da combinação de ambas. A gengivite é a inflamação do periodonto marginal, desencadeada pelo acúmulo de biofilme supragengival (BOYD; BAUMRIND, 1992), e a periodontite é a inflamação do periodonto de sustentação desencadeada pelo acúmulo de biofilme subgengival (LINDHE, 1992). Um dos primeiros sinais da doença periodontal começa com uma gengivite e a persistência desta, fará com que a placa bacteriana subgengival ganhe uma composição mais complexa, com a colonização secundária por bactérias Gram-negativas anaeróbias, o que contribuirá para aumentar sua patogenicidade. Assim, e também conforme as respostas imunológicas do hospedeiro, podem se iniciar as variadas formas de periodontite (LINDHE, 1999). Uma das primeiras alterações clínicas causadas pela periodontite é a perda de sustentação dos tecidos periodontais que suportam e protegem o elemento dental com formação da bolsa. Com a superfície dentária livre do epitélio protetor, ocorre acúmulo de placa bacteriana e destruição dos tecidos pela proliferação de microrganismos patogênicos (NANCI; BOSSHARDT, 2006). 12 A doença periodontal grave afeta estruturas mais profundas, causando reabsorção das fibras colágenas do ligamento periodontal, reabsorção do osso alveolar, abscessos, aumento da profundidade das bolsas, maior mobilidade dentária e perda de dentes (SCANNAPIECO, 2004), agravando a estética e a função dentária do paciente. O comprometimento estético é o principal fator de preocupação pelo qual o paciente procura por tratamento ortodôntico (HARFIN, 1999). Essas alterações podem contribuir para o desenvolvimento das más oclusões, pois, com a diminuição do nível de inserção periodontal, o centro de resistência dos dentes afetados desloca-se apicalmente, resultando em um desequilíbrio da posição dentária. Isto leva a uma oclusão traumática que, se associada à placa bacteriana, pode aumentar a destruição periodontal, e, portanto, o tratamento ortodôntico neste caso estaria indicado. (BULGARELLI; FERREIRA, 2002). A doença periodontal é uma infecção polimicrobiana multifatorial, sendo considerada a manifestação patológica da resposta do hospedeiro contra o desafio bacteriano do biofilme na interface dente/gengiva (SANZ, 2011). Evidências atuais tem sugerido que é a resposta inflamatória e imune do hospedeiro, e não uma bactéria específica ou seus fatores de virulência, que determinará o desenvolvimento e a progressão da periodontite (BARTOLD, 2013), sendo ainda influenciada por fatores de risco sistêmicos, ambientais e genéticos (KORNMAN, 2008). De acordo com Lindhe (1992), o tratamento da doença periodontal inclui a eliminação da placa e os fatores de retenção da mesma, bem como o estabelecimento de uma morfologia na região dentogengival que facilite a higienização dos dentes pelo próprio paciente. Bolsas gengivais profundas devem ser eliminadas, e as superfícies radiculares devidamente polidas antes do início do tratamento ortodôntico. Zachrisson (1999) afirmou que o tratamento realizado pelo dentista consiste na eliminação das placas bacterianas e cálculos através de raspagem e alisamento radicular supra e subgengival e instrução de higiene bucal para controle de placa bacteriana, prevenindo a recolonização dos microrganismos. Segundo Masiero (2005), uma vez tratada a doença periodontal, os tecidos não se recuperam integralmente, podendo ficar seqüelas, com exceção das gengivites. A doença periodontal pode deixar como seqüela, alterações estéticas 13 como: deslocamento na posição do dente, recessão marginal tecidual com conseqüente aumento no comprimento do dente. Para Nascimento et al. (2001), existem vários métodos e técnicas para o tratamento da doença periodontal. A escolha do melhor tratamento depende da habilidade e experiência de cada profissional. No entanto, seja qual for a opção, é necessário fazer o paciente entender a doença e aderir ao tratamento proposto. Assim, modificar o comportamento do paciente é, muitas vezes, o maior desafio para o cirurgião-dentista. 2.2 AVALIAÇÃO PERIODONTAL PARA O TRATAMENTO ORTODÔNTICO De acordo com Zachrisson (1999) antes de se iniciar o tratamento ortodôntico, os tecidos periodontais devem ser estabilizados com a criação de um periodonto saudável, livre de doença inflamatória ativa. Em decorrência da crescente demanda de pacientes adultos em busca de tratamento ortodôntico corretivo, torna-se evidente a necessidade do ortodontista em incluir, na consulta inicial, um exame das estruturas periodontais, para que seja possível diagnosticar a doença e, nesse caso, encaminhar o paciente a um periodontista. O encaminhamento é feito com o objetivo de obter um diagnóstico mais detalhado do caso e também para que o paciente apresente um periodonto saudável antes de iniciar a terapia ortodôntica (MENEZES et al., 2003). Uma avaliação periodontal deve incluir um exame clínico com verificação da aparência do tecido gengival (cor, textura e grau de plasticidade, edema), índice de placa bacteriana, sondagem de todas as superfícies de cada dente (profundidade de sulco, nível clínico de inserção, nível de sangramento e supuração), anormalidade mucogengival (perda de gengiva inserida, inserção de freio anormal), mobilidade dentária, grau de recessão gengival, higiene bucal, uma avaliação da oclusão, além de um exame radiográfico (periapical de todos os dentes, panorâmica e interproximais). Isto deve permitir a identificação de pacientes que necessitam de alguma forma de intervenção ou cuidados periodontais preventivos antes do tratamento ortodôntico (SANDERS, 1999). Fatores de risco que possam indicar uma maior tendência de desenvolvimento de doença periodontal e que devem ser determinados mediante uma avaliação individual, permitindo desenvolver estratégias para a prevenção da 14 perda de inserção e a recessão gengival. Alguns dos fatores de risco são: stress psicológico, fatores relacionados ao estilo de vida (dieta, álcool e fumo), deficiência do sistema imunológico, presença de bactéria específica, gênero (a doença atinge mais mulheres), diabetes mellitus, osteoporose, alterações de leucócitos polimorfonucleares e idade (ROCHA et al., 2005). Segundo Lindhe (1992), quando o periodontista confirma a suspeita inicial do ortodontista, com relação à presença de doença, inicia o tratamento realizando a eliminação do biofilme e dos fatores de retenção do mesmo, a eliminação de bolsas gengivais profundas e o polimento das superfícies radiculares. Algumas áreas podem necessitar de tratamento cirúrgico periodontal antes de iniciar o tratamento ortodôntico Um exemplo disso são as áreas com quantidade reduzida de gengiva inserida, as quais devem ser analisadas antes da colocação do aparelho ortodôntico, evitando assim que aumente a recessão gengival durante a mecanoterapia (LEITE, 1994). Quando a doença periodontal é tratada sem cirurgia, uma redução significante da inflamação gengival e do sangramento a sondagem é esperada após 2 a 4 semanas (isto em bolsas menores que 4mm). A resolução de bolsas profundas (maiores que 6mm) torna-se mais longa, de 4 a 6 meses. Deve-se esperar então este tempo para iniciar o tratamento ortodôntico, permitindo que ocorra a cura dos tecidos periodontais e o estabelecimento de uma boa higiene bucal (JOHAL; IDE, 1999). Uma avaliação da oclusão também deve ser realizada antes da instalação do aparelho e as interferências oclusais devem ser controladas durante a fase ativa do tratamento ortodôntico (WAGENBERG, 1988). O plano de tratamento ortodôntico deve ser revisto e adiado na falta de resposta do tratamento periodontal, como desconforto, persistência de profundidade de bolsa, persistência do sangramento e supuração na sondagem, aumento de recessão, mobilidade e perda de dente. Estes pacientes não são candidatos a receber o tratamento ortodôntico (JOHAL E IDE, 1999). O objetivo da manutenção periodontal durante o tratamento ortodôntico é eliminar ou reduzir o acúmulo de placa bacteriana e a inflamação, prevenindo o reaparecimento de áreas ativas da doença periodontal, reforçando a higiene bucal e executando nova instrumentação quando necessário. Durante as consultas do tratamento ortodôntico, os pacientes devem ser motivados para remoção de placa bacteriana. Neste sentido é válida a 15 adoção de diversas medidas, como instrução de técnica de escovação bucal associada ao uso de escovas especiais, o uso de fio dental com passa fio e emprego de agentes químicos, como a clorexidina tópica, com finalidade de ajudar no controle da placa bacteriana. Visitas de manutenção periodontal devem ser realizadas a cada 2 a 3 meses, durante o tratamento ortodôntico, com raspagem subgengival para manter tecido gengival saudável. Devem ser feitos exames radiográficos em intervalos pré-determinados, durante o período do tratamento ortodôntico, para assegurar a descoberta precoce de problemas, e para interceptar efeitos colaterais indesejados. Se os esforços para manter uma condição de higiene de excelente a boa não tiverem êxito, o tratamento ortodôntico deve ser interrompido (ROCHA et al., 2005). 2.3 AUMENTO GENGIVAL O aumento gengival é uma condição que normalmente se desenvolve durante o tratamento ortodôntico (BENOIST et al., 2007). Isso porque, os aparelhos ortodônticos facilitam a retenção de biofilme e dificultam a higienização oral pelo paciente. O aumento gengival (hiperplasia gengival) que acomete pacientes ortodônticos caracteriza-se, geralmente, por crescimento de tecido gengival generalizado ou localizado, iniciando-se pelas papilas interdentárias, às quais adquirem consistência flácida e coloração eritematosa. Tais sinais são compatíveis com o quadro de gengivite induzida por acúmulo de biofilme bacteriano (KAMIN, 1991). Além da inflamação induzida pelo acúmulo de biofilme, essa manifestação pode estar associada também com resposta inflamatória induzida pela corrosão dos aparelhos ortodônticos, principalmente pelo níquel. (GURSOY et al., 2007). Armini et al. (2008) relataram não haver diferença na concentração de cromo e cobalto nas células da mucosa oral de paciente com ou sem aparelhos fixos. No entanto, uma concentração significativamente maior de níquel foi encontrada. Nesse caso, o aumento gengival apresenta uma aparência gengival fibrosa e espessa, sem tendência ao sangramento, diferente da gengiva frágil com margem gengival avermelhada que é vista em lesões gengivais inflamatórias (ZACHRISSON; ZACHRISSON, 1972) decorrentes da presença de cálculo e 16 biofilme dentais. Histologicamente observa-se uma proliferação epitelial proeminente, suportada pelo aumento das fibras colágenas (GURSOY et al., 2007). Os aumentos gengivais são tratados por meio da associação entre a remoção do aparato ortodôntico, orientação de higiene bucal e terapia periodontal básica. Entretanto em alguns casos, embora o quadro inflamatório regrida após a terapia periodontal básica, o aumento gengival pode persistir, comprometendo a estética e dificultando a higiene bucal. Nesses casos, tratamento periodontal cirúrgico pode ser indicado, visando a remoção do tecido hiperplasiado e o restabelecimento do contorno gengival anatômico (KAMIN, 1991; PEDRON et al., 2008; KOURAKI et al., 2005). A intervenção cirúrgica no tratamento de aumento gengival crônico associado a aparelho ortodôntico apresenta resultados previsíveis e estáveis, desde que uma boa higiene bucal seja mantida e um programa de manutenção adequado seja instituído (MAIA et al., 2011). (Figura 1) C e D. Figura 1 – Aumento gengival: A e B) inicial, C e D) após gengivoplastia e gengivectomia. Fonte: Maia et al., 2011. 2.4 RECESSÃO GENGIVAL A recessão gengival figura como um dos principais problemas que acomete os pacientes. Diversos fatores estão associados a sua etiologia, como trauma de escovação inserção anômala de freios e bridas, mau posicionamento dentário, restaurações impróprias e adaptação protética inadequada (LOE, ANERUD E BOYSEN, 1992). 17 Além dessas causas, mais um possível fator predisponente para a recessão gengival é a movimentação ortodôntica dos dentes, especialmente em movimentos dentários vestibular ou lingual para fora do alvéolo, que podem levar à formação de deiscências ósseas (JOSS-VASSALLI et al., 2010). Para Zachrisson (1996), alterações na dimensão mucogengival podem ocorrer durante o tratamento ortodôntico. No entanto, ao contrário do que acreditava-se no passado, essas mudanças são independentes da extensão apicocoronal da gengiva inserida e queratinizada. A integridade do periodonto pode ser mantida durante a terapia ortodôntica mesmo em áreas que tenham uma zona mínima de gengiva queratinizada. Em termos de mudanças na posição da margem do tecido mole e nas dimensões gengivais, os fatores importantes a serem levados em consideração são a direção do movimento dentário e a espessura vestibulolingual da gengiva. Essa hipótese foi corroborada em um estudo realizado em macacos, no qual os autores não encontraram relação entre a extensão apicocoronal inicial da gengiva queratinizada e a tendência ao desenvolvimento da recessão gengival durante movimentação dentária ortodôntica (JOSS-VASSALLI et al., 2010). Por outro lado, a presença do biofilme associada a um processo inflamatório e a espessura vestibulolingual do tecido gengival reduzida caracteriza os possíveis fatores determinantes para o desenvolvimento de recessão gengival e perda de inserção durante o tratamento ortodôntico. Lindhe (1999) afirmou que o movimento dentário ortodôntico por si só não causa a recessão gengival. Entretanto, o movimento ortodôntico vestibular dos dentes pode resultar em deiscência óssea favorecendo a diminuição tanto da espessura como da largura do tecido gengival, criando um ambiente em que a placa bacteriana e/ou o trauma pela escovação possam causar a recessão gengival. Por outro lado, se o tecido gengival permanecer espesso, esta alteração mucogengival raramente se estabelece. As forças ortodônticas produzindo movimentos de corpo e de inclinação dos dentes fora do alvéolo, dentro das circunstâncias citadas anteriormente resultam em recessão gengival (BREZNIAK; BEN-YEHUDA; SHAPIRA, 1993) (Figura 2). Contudo, os movimentos de lingualização e mesmo os de retrusão dentária, reposicionando o dente no interior do alvéolo, não alteram 18 como podem aumentar a largura de gengiva queratinizada e a sua capacidade funcional (MORIARTY, 1996). Alguns estudos sugerem que, independente da direção da movimentação ortodôntica, a presença de tecido gengival delgado pode atuar como um local de mínima resistência para o desenvolvimento de defeitos no tecido mole. Isso significa que, nessas regiões, o paciente deve ser orientado a realizar um controle adequado do biofilme bacteriano, porém, sem ocasionar um trauma mecânico no local (JOSS-VASSALLI et al., 2010). Segundo Sanders (1999), a avaliação clínica da condição periodontal do paciente a ser submetido ao tratamento ortodôntico deve ser realizada por uma íntima colaboração entre o ortodontista e o periodontista, estabelecendo um efetivo programa de manutenção periodontal e assegurar danos mínimos aos tecidos durante a terapia ortodôntica. Analisa-se o aspecto do tecido (cor, textura, forma e grau de plasticidade), a severidade de inflamação (sangramento na sondagem e espontâneo, presença de supuração) e as mudanças condizentes ao nível de inserção dos tecidos moles (recessão gengival, profundidade da bolsa periodontal e nível de inserção). A quantidade de gengiva inserida deve ser analisada antes da colocação ao aparelho ortodôntico evitando que aumente a recessão gengival durante a mecânica (LEITE, 1994). De acordo com Nahás et al. (2000), existem atualmente duas filosofias de tratamento na prevenção e manuseio das recessões gengivais presentes em casos ortodônticos: • Tratamento conservativo - Os escandinavos alegam que se houver um controle rigoroso e adequado da placa bacteriana, fornecido por um programa profilático, associado à ausência de trauma por escovação, a quantidade de gengiva queratinizada não é necessariamente um fator importante na prevenção da recessão gengival (MCCOMB, 1994). • Cirurgia mucogengival - Os americanos abordam uma terapia mais radical ao problema. Uma vez que o controle da placa bacteriana é supercrítico durante o tratamento ortodôntico e que a presença dos aparelhos utilizados dificultam esse controle, desenvolveram- 19 se os procedimentos cirúrgicos visando a estabelecer ou aumentar a gengiva inserida (SEELY, 1993). A cirurgia mucogengival consiste em aumentar a quantidade de gengiva por meio de procedimentos de enxerto gengival anterior ao início da terapia ortodôntica. Isto baseia-se na crença da facilidade e previsibilidade do enxerto antes da perda de inserção do que reparar um defeito após o seu desenvolvimento (PRATO; CLAUSER; CORTELLINI, 1995). O procedimento cirúrgico mucogengival de escolha é o enxerto gengival autógeno livre (LEITE, 1994), ou dependendo do caso realiza-se enxertos de tecido conjuntivo para o recobrimento radicular formando gengiva inserida (NAHÁS et al., 2000). Segundo Lindhe (1999), o tratamento cirúrgico de escolha a ser realizado dependerá da classificação de Miller dos defeitos de recessão: • Classe I: Recessão do tecido marginal que não se estende até a junção mucogengival. Não há perda de osso ou de tecido mole interdentais. • Classe II: Recessão do tecido marginal se estendendo até ou além da mucogengival. Não há perda de osso ou de tecido molde interdentais. • Classe III: Recessão do tecido mole se estendendo até ou além da junção mucogengival. A perda de osso ou tecido mole interdentais é apical em relação à junção cemento-esmalte, porém coronária à extensão apical da recessão do tecido marginal. • Classe IV: Recessão do tecido marginal se estendendo além da junção mucogengival. A perda de osso interdental se estende até um nível apical em relação à extensão da recessão do tecido marginal. O resultado com sucesso do tratamento ortodôntico a longo ou a curto prazo será influenciado pela condição periodontal do paciente antes, durante e após o período ativo (MANSCHOT, 1991). O controle da placa bacteriana e a ausência de inflamações gengivais, bem como as cirurgias de aumento de tecido gengival reagem primariamente o prognóstico completo dos casos ortodonticamente tratados (NAHÁS et al., 2000). 20 Figura 2 – Recessões gengivais severas. Fonte: Nahás et al., 2000 2.5 MOVIMENTO ORTODÔNTICO EM PACIENTES COM PERIODONTO REDUZIDO Diversos estudos têm sido realizados no intuito de avaliar se a movimentação ortodôntica pode ter efeitos deletérios sobre os tecidos periodontais. Em geral, os resultados observados mostram que, desde que a saúde periodontal e um padrão de higiene oral adequados sejam mantidos durante a fase da terapia ortodôntica, nenhuma injúria ou apenas injúrias insignificantes nos tecidos de suporte irão ocorrer (BOYD et al., 1989). Entretanto, se a higiene oral é menos efetiva e a inflamação periodontal está presente durante o tratamento ortodôntico, os estudos têm indicado um risco aumentado de efeitos adversos no periodonto (WENNSTROM et al., 1993). Os estudos têm mostrado que em dentições com periodonto reduzido, na ausência de biofilme, a movimentação ortodôntica não induz a gengivite. Entretanto, na presença de biofilme, forças ortodônticas podem causar defeitos ósseos angulares e perdas de inserção periodontal (ERICSSON et al., 1977). O fator mais importante no início, progressão e recorrência da doença periodontal no periodonto reduzido, é a presença do biofilme bacteriano. Os estudos têm demostrado que com o controle de placa, dentes com periodonto reduzido podem ser submetidos com sucesso à terapia ortodôntica sem ocasionar um comprometimento das estruturas periodontais (ELIASSON et al., 1982). Em uma avaliação clínica longitudinal, 20 pacientes adultos e 20 adolescentes foram monitorados quanto à condição periodontal durante todo o tratamento ortodôntico (BOYD et al., 1989). Dentre os pacientes adultos, dez apresentavam saúde periodontal e dez receberam diagnóstico de periodontite crônica generalizada, sendo que para esse segundo grupo, o tratamento periodontal foi realizado previamente ao início do tratamento ortodôntico. Adicionalmente, todos 21 os pacientes foram submetidos a um programa de manutenção periodontal em intervalos de três meses durante o tratamento ortodôntico. Ao final do estudo, os autores mostraram que: a) o controle de placa pelos pacientes adultos foi mais eficiente especialmente nas fases mais avançadas do tratamento ortodôntico; b) em relação à perda de suporte periodontal, a movimentação dentária em adultos com periodonto reduzido, porém sadio, não resultou em significativa perda de inserção (nenhum dos adultos teve perda de inserção adicional de mais de 0,3 mm); c) pacientes com periodonto reduzido, mas sadio, poderiam receber tratamento ortodôntico após controle da doença periodontal e mediante acompanhamento da higienização realizado pelo paciente, e de revisão trimestral das condições periodontais. Menezes et al. (2003), ressaltaram algumas considerações com relação à movimentação dentária nesses pacientes com periodonto reduzido: 1. As forças ortodônticas mantidas dentro de limites biológicos não causam inflamação gengival em regiões dentárias com tecido periodontal de suporte reduzido, mas não inflamado; 2. O controle do índice de biofilme é fundamental, uma vez que o fator mais importante na determinação, início, progressão e recorrência da doença periodontal é a presença do biofilme microbiano no sulco gengival; 3. A movimentação ortodôntica não resulta em perda de inserção significativa em pacientes com periodonto reduzido, mas em dentes sem saúde periodontal pode ocorrer progressão da perda de inserção, abscessos e até a inviabilidade de permanência na cavidade bucal; 4. Procedimentos de verticalização de molares podem ser realizados em situações de colapsos de furca nos pacientes com periodontite moderada, desde que forças leves intrusivas sejam aplicadas e o periodonto esteja livre de inflamação; 5. Forças de extrusão devem ser cuidadosamente controladas para prevenir a destruição do ligamento periodontal; 6. Forças de intrusão devem ser realizadas sob rigoroso controle de biofilme para não deslocá-lo de uma localização supragengival 22 para uma posição subgengival, predispondo a uma periodontite e ao surgimento de um defeito ósseo vertical; 7. Dentes com giroversões são mais suscetíveis a sofrerem recessão gengival, por isso é importante o controle da mecânica ortodôntica, bem como do biofilme bacteriano; 8. O movimento dentário ortodôntico não tem efeito nos níveis de inserção tecidual conjuntiva quando dentes são movidos ortodonticamente em direção e através da área original do defeito ósseo; 9. A cooperação com relação à higiene oral é crítica para minimizar perda adicional de suporte ósseo periodontal durante o alinhamento de dentes que migraram patologicamente; 10. Dentes com altura normal de suporte periodontal podem ser movidos ortodonticamente para uma área de altura óssea marcadamente reduzida com manutenção da altura das estruturas de suporte. Alguns ensaios pré-clínicos foram realizados com o intuito de avaliar a resposta do tecido conjuntivo periodontal durante a movimentação ortodôntica de dentes com bolsas infraósseas e inflamação periodontal ativa. Os resultados desses estudos mostraram que quando os dentes eram movimentados em direção ao defeito ósseo angular, a taxa de perda de inserção periodontal poderia aumentar. Contudo, nos casos onde a inflamação periodontal foi controlada anteriormente à movimentação ortodôntica, nenhuma perda adicional de inserção conjuntiva foi observada. Em pacientes que possuíam bolsas infraósseas com processo inflamatório ativo, as observações clínica e radiográfica revelaram que, a movimentação ortodôntica em direção às bolsas periodontais infraósseas não se mostrou prejudicial quanto à perda de inserção conjuntiva nos elementos dentais periodontalmente tratados antes do início da terapia ortodôntica (THILANDER, 1996). Bassani, Silva e Caphapcz (2001), relataram que seqüelas de periodontite, como mudanças de posição, migrações, extrusões, inclinações e mesmo perdas dentárias, podem beneficiar-se da Ortodontia como coadjuvante da terapia periodontal. Entretanto, deve-se estar atento, sempre, ao equilíbrio do 23 processo saúde-doença e às conseqüências da movimentação dentária induzida através da utilização de aparelhos ortodônticos. Também observaram que: 1. O plano global de tratamento para um paciente portador de doença periodontal avançada envolve, quase sempre, realinhamento ortodôntico dos dentes, a fim de restabelecer satisfatoriamente a oclusão, a estética e o conforto na mastigação. 2. Mudanças favoráveis do ponto de vista clínico, radiográfico e histológico podem surgir nos tecidos de suporte como resultado da extrusão ortodôntica, como em alguns casos de invasão do espaço biológico. 3. O aumento da largura de gengiva queratinizada pode ocorrer em alguns dentes durante o curso da terapia ortodôntica, especialmente em incisivos inferiores, quando os mesmos são movimentados para lingual. 4. O movimento dentário ortodôntico é um fator estimulador da aposição óssea. 5. A intrusão favorece a reinserção de fibras do ligamento periodontal às superfícies radiculares previamente contaminadas. 6. A verticalização de molares em regiões de defeitos ósseos contribui para restauração do plano oclusal normal, reduz a profundidade dos defeitos periodontais e promove mudanças altamente favoráveis na arquitetura gengival. O movimento de intrusão ortodôntica de dentes tem sido recomendado para a diminuição da coroa clínica de dentes isoladamente e para o tratamento de dentes com bolsas infra-ósseas ou perda óssea horizontal. Por meio da intrusão ortodôntica obtém-se nivelamento das margens gengivais até a posição desejada, para que posteriormente o dente seja restaurado. Já no periodonto comprometido com sequelas da doença periodontal, estudos utilizando movimento ortodôntico intrusivo para realinhar incisivos centrais superiores extruídos em pacientes com doença periodontal avançada e defeitos infraósseos, mostraram significante redução na profundidade de sondagem e ganho no nível clínico de inserção. Corrente et al. (2003) relataram ainda uma redução dos defeitos ósseos em ambas as dimensões radiológicas, horizontal e vertical. O ganho de inserção clínica excedeu a redução na profundidade de sondagem, com uma diminuição da 24 retração gengival provavelmente associada com o movimento intrusivo. Em todos os estudos, o tratamento ortodôntico foi iniciado após terapia periodontal básica e cirurgia a retalho para raspagem. Zachrisson (2005), afirmaram que a extrusão ortodôntica pode ser indicada para diminuir defeitos infra-ósseos e aumentar o tamanho da coroa clínica de um dente isolado. Segundo os autores, o movimento de extrusão dentária leva a um posicionamento coronário do tecido conjuntivo de inserção intacto e os defeitos ósseos se tornam mais rasos. A indicação para o tratamento ortodôntico varia conforme a opinião do profissional. É essencial diferenciar a Ortodontia como uma alternativa de tratamento e a Ortodontia como componente do tratamento, sem a qual o resultado estaria seriamente comprometido (MELSEN; AGERBAEK, 1994). Existe um consenso entre os autores pesquisados de que se deve iniciar a movimentação ortodôntica somente após o controle da doença periodontal, caso contrário, o processo da doença periodontal será acelerado, mesmo com boas condições de higiene bucal, acelerando-se, assim, a perda de inserção. Até mesmo pacientes com condição periodontal satisfatória podem sofrer perdas dentárias se não realizarem a manutenção da higiene bucal durante o tratamento ortodôntico (VANARSDALL JUNIOR, 2002). O tratamento ortodôntico deve ser iniciado na ausência total de inflamação e com um nível adequado de higiene bucal. O cuidado constante durante o tratamento é a base de um resultado favorável, sendo assim, a terapia periodontal deve ser realizada antes da movimentação ortodôntica. O tratamento ortodôntico em indivíduos com periodonto reduzido pode ter como objetivo corrigir a má oclusão de forma ampla, melhorando a estética dentofacial e a função do sistema estomatognático, alcançando uma oclusão normal. Quando isto não for possível, o planejamento será somente a movimentação dentária para melhorar um aspecto particular da oclusão, para permitir uma abordagem multidisciplinar necessária ao controle da doença e restauração da função oclusal (JOHAL; IDE, 1999). Não existem parâmetros que definam a máxima profundidade de bolsa periodontal ou de perda de inserção, na qual seja possível realizar a movimentação ortodôntica. Os trabalhos pesquisados demonstraram que um adequado conhecimento ortodôntico e periodontal, por parte do profissional, deva 25 sempre existir na avaliação da relação da quantidade de suporte ósseo remanescente e do movimento a ser realizado (CARRARO; JIMENEZ-PELLEGRIN, 2009). Um planejamento ortodôntico inadequado e executado em pacientes com doença periodontal ativa pode certamente contribuir para o futuro colapso dos tecidos periodontais. Em particular, a associação de inflamação com forças ortodônticas e trauma oclusal pode produzir uma destruição mais rápida comparada à provocada pelo processo inflamatório isoladamente (KESSLER, 1976). Desta maneira, a saúde periodontal constitui-se um dos fatores fundamentais para garantir um bom prognóstico do tratamento ortodôntico em longo prazo, permitindo, até mesmo, a realização de movimentação dentária extensa em pacientes adultos com periodonto reduzido, porém sadio (ZACHRISSON, 1996). Clinicamente, isso implica em grande ênfase nas instruções de higiene oral, terapia periodontal de suporte realizada pelo periodontista durante o tratamento ortodôntico e um correto planejamento do aparelho ortodôntico a ser instalado (BARBOSA et al., 2012). 26 3 DISCUSSÃO De acordo com o que foi descrito nessa revisão de literatura, a questão do movimento ortodôntico ter ou não ter efeitos prejudiciais sobre os tecidos periodontais foi avaliado em diversos estudos. Estes estudos revelaram que a instalação de aparelhos ortodônticos fixos aumenta a possibilidade de acúmulo de biofilme, principalmente, nos dentes posteriores bandados, podendo provocar alterações adversas nos tecidos periodontais. Estas alterações, em grande parte dos casos, são temporárias e reversíveis, desde que os princípios biológicos da movimentação ortodôntica sejam respeitados, bem como o controle de biofilme seja executado de forma adequada pelo paciente, por meio de boas técnicas de higiene bucal (PÉRET; PACHECO, 1998). Menezes; Quintão e Sampaio, (1999), concordaram com o citado acima, afirmando que quando a higiene oral durante o tratamento é boa, pouco ou nenhum dano é causado ao periodonto. A longo prazo, o tratamento é benéfico aos tecidos periodontais devido à melhora que permite em relação à higiene e função. Porém, quando a higiene durante o tratamento ortodôntico é pobre, um dano mais definido ocorre. Inicia-se um processo destrutivo irreversível dos tecidos periodontais. Proffit (2002) relatou que no exame clinico inicial deveria incluir uma avaliação periodontal completa e qualquer doença periodontal em estado ativo deveria ser tratada antes de entrar no tratamento ortodôntico. Concordando plenamente no que diz respeito ao início do tratamento ortodôntico com plena saúde periodontal podem-se citar vários autores como Harfin, (2000); Zachrisson.(1999); Melsen, (1991); Lindhe,.(1999); Carranza, (1997); Janson e Ferreira (1997) e outros neste critério todos os autores pesquisados são unânimes, ortodontia somente em pacientes com periodonto saudável, mesmo que reduzidos. Após a instalação de aparelhos ortodônticos é muito comum a ocorrência de inflamação gengival, indicada pela presença de sangramento à sondagem e aumento gengival, devido principalmente, às dificuldades de higienização frente ao novo aparato instalado intraoralmente. Assim, quando o paciente se adapta e adquire novos hábitos de higiene bucal, muitas vezes ocorre uma regressão do quadro inflamatório, o que foi observado em muitos estudos (RISTIC et al., 2007). 27 Mesmo apresentando caráter reversível, a inflamação gengival observada em pacientes durante o tratamento ortodôntico pode ocasionar um aumento gengival, de caráter inflamatório (KOURAKI et al., 2005) ou por alergia de contato (GURSOY et al., 2007), que não regride apenas com tratamento periodontal básico, sendo necessária intervenção cirúrgica através de técnicas de gengivoplastia e gengivectomia, as quais apresentam resultados estáveis. No que diz respeito às recessões gengivais e ao tratamento ortodôntico, muito se discute ainda na literatura sobre a influência da quantidade de gengiva queratinizada no desenvolvimento dessas alterações. Alguns autores afirmam que a altura da gengiva inserida é a responsável pelas mudanças na dimensão mucogengival que podem ocorrer com a terapia ortodôntica (WENNSTROM, 1990). Por outro lado, alguns estudos têm mostrado que essas alterações no tecido gengival independem da quantidade de gengiva queratinizada, devendo ser levadas em consideração como fator de risco para possível ocorrência de recessão gengival durante o tratamento ortodôntico, a direção do movimento dentário e a espessura do tecido gengival (ZACHRISSON, 1996). Segundo Nahás et al. (2000), existem duas filosofias de tratamento na prevenção e manuseio das recessões gengivais: um tratamento conservador defendido pelos escandinavos, alegando que se houver um controle rigoroso e adequado de placa bacteriana associado à ausência de trauma por escovação, a quantidade de gengiva queratinizada não é um fator importante na prevenção da recessão gengival. A segunda forma de tratamento seria a cirurgia, defendida pelos americanos, onde procedimentos cirúrgicos são feitos visando a estabelecer aumento da gengiva inserida antes do início da terapia ortodôntica. Mathews e Kokich (1997), argumentaram que se alguma área apresentar recessão ou quantidade de gengiva inadequada, menos que 2 mm de gengiva inserida, os procedimentos cirúrgicos, como enxerto gengival, podem ser feitos antes ou durante a terapia ortodôntica. Prato; Baccetti; Giogetti, (2000), relataram que uma determinada quantidade de tecido queratinizada é necessária para realizar movimentação ortodôntica. Esses autores defendem a realização de cirurgia mucogengival antes do reposicionamento do dente pelo movimento ortodôntico. Janson (2005), afirmou que se houverem recessões, mas estas estiverem relacionadas com o mau posicionamento dentário que será corrigido, ou 28 estiverem margeadas por gengiva inserida, o risco de aumentá-las é pequeno. Então, segundo Nahás et al. (2000), antes de indicar a cirurgia mucogengival deve-se avaliar o tipo de movimento que o dente irá realizar. Com relação ao tratamento em pacientes com periodonto reduzido, ficou demonstrado que a movimentação ortodôntica nesses pacientes somente será benéfica na ausência de doença periodontal ativa e desde que exista um controle de placa bacteriana adequado, respeitando-se os limites biológicos do individuo. O tratamento ortodôntico não é contra-indicado quando executado em conjunto com o periodontista. Contudo, um maior risco de efeitos adversos, sobre o periodonto, pode ser esperado quando movimentos ortodônticos são executados de maneira indiscriminada, na presença de inflamação periodontal e higiene bucal menos efetiva (FRANÇA, 2001). Os autores Santos e Tibério (2005), concordam que o tratamento ortodôntico de pacientes adultos deve utilizar uma abordagem direcionada para eliminar a queixa do paciente e estabelecer uma relação oclusal fisiológica. Pois o ideal ortodôntico nem sempre é possível de ser atingido em adultos com periodonto de sustentação reduzido, uma vez que esses indivíduos já possuem limitações biológicas antes mesmo do início da movimentação dentária e que a manutenção dos resultados obtidos é mais efetiva com a utilização de aparelhos de contenção permanentes e com a manutenção da boa condição de saúde periodontal. De acordo com Lupi, Haldeman e Sadowsky (1996) o tratamento ortodôntico não confere melhor condição periodontal a longo prazo, sem que o paciente mantenha uma terapia periodontal de suporte adequada. Para Janson (2005) é possível alterar os níveis ósseos e gengivais positivamente. Boyer et al. (2011) considera que o tratamento ortodôntico não é prejudicial ao periodonto e não traz perdas ósseas significativas. Maia et al. (2011) acredita que a ortodontia bem planejada é capaz de diminuir defeitos ósseos causados por problemas periodontais. Sendo assim, diante do exposto, vale ressaltar a importância da conscientização e da motivação do paciente submetido ao tratamento ortodôntico quanto ao controle do biofilme bacteriano, a fim de obter um resultado satisfatório do tratamento, sem prejuízo aos tecidos periodontais (BARBOSA et al., 2012). 29 4 CONCLUSÃO Com base na revisão apresentada, é possível concluir que o tratamento ortodôntico em pacientes que apresentam problemas periodontais, pode e deve ser realizado. Sempre lembrando que os tecidos periondontais estejam saudáveis e que haja um controle com um periodontista antes, durante e após o tratamento ortodôntico, assim a movimentação dentária pode ser realizada sem comprometer os tecidos periodontais. Quando bem planejado e executado traz inúmeros benefícios aos pacientes e aumentam a longevidade desses dentes. Para se obter um diagnóstico correto, o primeiro passo a ser realizado é uma anamnese, anotando a queixa principal e o estado global de saúde do paciente. O próximo passo é verificar o estado de saúde bucal, realizando com isso um diagnóstico preciso da condição periodontal atual do paciente, através de um exame clínico e radiográfico. O profissional deve sempre estar atento aos níveis de inserção óssea, e a presença de sangramento gengival não deve existir durante todo tratamento ortodôntico. Portanto, a colaboração do paciente com a higienização oral é indispensável. Os ganhos estéticos e funcionais trazidos por um tratamento ortodôntico bem executado melhoram muito a oclusão e autoestima dos pacientes, e devem ser mantidos com o uso de contenção fixa e com uma terapia periodontal de suporte bem realizada. 30 REFERÊNCIAS ALVES, A.C.A. The impact of orthodontic treatment on periodontal support loss. Dental Press Journal of Orthodontics, Maringa, v. 17, n. 1, p. 18-20, Jan./Feb. 2012. ARMINI, F. et al. In vivo study of metal content of oral mucosa cells in patients with and without fixed orthodontic appliances. 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