REVISÃO DE LITERATURA DO CULTIVO E USOS DA MADEIRA
DO MOGNO (Swietenia macrophylla King.)
BARBOSA, Maurício de Castro Regiani.
MARMONTEL, Caio Vinicius Ferreira.
NUNES, Raphael Layola.
Acadêmicos do curso de Engenharia Florestal da FAEF/ACEG – Garça – SP.
E-mail: [email protected]
NEVES, Monica Bernardo.
Docente do curso de Engenharia Florestal da FAEF/ACEG – Garça – SP.
RESUMO
Entre as espécies exploradas em larga escala pelo setor madeireiro e sob ameaça de extinção
encontra-se o mogno, tendo o êxito dos projetos de florestamento e reflorestamento depende de
vários fatores, exigindo diversas informações sobre a silvicultura da espécie. A presente revisão tem
como objetivo tornar possível uma melhor compreensão sobre as técnicas de silvicultura para atingir
uma qualidade satisfatória do mogno (Swietenia macrophylla King.), tanto como suas características
da madeira. Inicialmente faz-se a coleta dos frutos, após os frutos devem ser colocados sobre uma
lona plástica em local arejado, seco e à sombra, para abertura espontânea. Em seguida as sementes
são separadas manualmente, sendo posteriormente inserido para a germinação das sementes,
quando plântula é necessário água e os nutrientes essenciais para o seu desenvolvimento. Quando
atingir sua ida o campo é necessário que seja feita em época chuvosa, é tolerante a sombra (clímax).
Em relação a madeira (nobre) é a mais valiosa da Amazônia e tem diversas utilidades, e a espécie se
encontra em extinção.
Palavras-chave: beneficiamento, espaçamento, espécie nativa, coleta de sementes, reflorestamento
tratos silviculturais.
Tema Central: Engenharia Florestal.
ABSTRACT
Among the species exploited by large timber and under threat of extrinction is mahogany, with the
success of afforestation and reforestation depends on several factors, requiring different information
on forestry species. This review aims to make possible a better understanding of the silvicultural
techniques to achieve a satisfactory quality of mahogany (Swietenia macrophylla King.), As many
characteristics of wood. Initially it is to collect the fruits, after the fruit must be placed on a plastic film in
a cool, dry and shady, to spontaneous opening. Then the seeds are separated manually, and
subsequently inserted into the seed germination, seedling when it takes water and nutrients essential
for their development. When it reaches the field trip is required to do in the rainy season, is shade
tolerant (climax). Regarding the timber (Noble) is the most valuable of the Amazon and has many
uses, and the species is endangered.
Keywords: processing, space, native species, collecting seeds, reforestation, silvicultural treatments.
Central Theme: Engineering Forest.
1. INTRODUÇÃO
O mogno (Swietenia macrophylla King), espécie pertencente a família
Meliaceae, possui folhas compostas e uma altura variando entre 25 e 30 m. A área
de ocorrência do mogno se estende desde do México, passando pela costa atlântica
da America Central, até um amplo arco da Américo do Sul, incluindo o Brasil,
principalmente na Amazônia e na região sul do Pará. (LORENZI, 1996; RIBEIRO et
al., 1999). É uma espécie arbórea de grande porte que atinge até 70 metros de
altura, com tronco de até 3,5m de diâmetro, o fuste é retilíneo e cilíndrico sem
2
ramificações, apresentando sapopemas bem formadas na base do tronco,
apresentam folhas são compostas de até 10 folíolos com até 15 cm de comprimento,
floresce durante os meses de novembro-janeiro, iniciam a maturação no mês de
setembro, prolongando-se até meados de novembro (BRIENZA JÚNIOR e SÁ, 1994
citado por CARVALHO, 2007).
Entre as espécies exploradas em larga escala pelo setor madeireiro e sob
ameaça de extinção encontra-se o mogno conhecida também como aguano,
araputanga, mogno-brasileiro (LOUREIRO, SILVA e ALENCAR, 1979; LORENZI,
1998). O mogno é, ainda, uma das espécies mais exploradas no país, sendo
portanto, ameaçada de extinção por não estar havendo renovação dos estoques na
mesma proporção da exploração do recurso (TUCCI E PINTO, 2003). A necessidade
de se investir esforços no desenvolvimento de pesquisas sobre a produção de
mudas de mogno para fins de reflorestamento é essencial.
O êxito dos projetos de florestamento e reflorestamento depende de vários
outros fatores (FARIA, DAVIDE e BOTELHO, 1997) das características adequadas
das mudas levadas ao campo (PAIVA e GOMES, 2000). Isto exige informações
sobre a silvicultura das espécies nos diversos campos do conhecimento (NETO,
1999). Grande parte dos cultivos isolados ou consorciados fracassou por problemas
relativos as condições de cultivo, entre os quais a qualidade das mudas
(CARVALHO, 2007).
Assim, a presente revisão tem como objetivo tornar possível uma melhor
compreensão sobre as técnicas de silvicultura para atingir uma qualidade satisfatória
do mogno (Swietenia macrophylla King.), tanto como suas características da
madeira.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 Produção de mudas e plantio
Inicialmente faz-se a coleta dos frutos contendo entre 22 a 71 sementes, que
devem ser coletados com o auxílio de podão quando apresentarem coloração
marrom e antes da deiscência natural. Os frutos devem ser colocados sobre uma
lona plástica em local arejado, seco e à sombra, para abertura espontânea. Em
seguida as sementes são separadas manualmente das partes dos frutos, é
3
conveniente quebrar as partes aladas cerca de 1cm acima da semente, visando
reduzir o volume e facilitar a semeadura (LIMA JUNIOR e GALVÃO 2005).
Verificou-se um pó envolvendo as sementes, removido por lavagem em água
corrente, o que provavelmente evidencia a remoção de inibidores promovendo a
rápida germinação (BARBOSA, ALBUQUERQUE e SOUZA, 1999). O poder
germinativo de sementes frescas varia de 42% a 98%, tem inicio a emergência entre
13 a 86 dias após semeadura que pode ser feita diretamente em sacos de polietileno
ou em tubetes de polipropileno grande, deve-se manter o solo úmido e protegido
contra o sol nos 3 primeiros meses, o fósforo é o elemento mais limitante para o
crescimento das mudas (CARVALHO, 2007).
O plantio das mudas deve ser feito na estação chuvosa, que é fundamental
para garantir o bom crescimento das mudas até o próximo período de estiagem,
onde a sobrevivência tende a ser reduzida. As análises físicas e químicas do solo
são importantes para definir a adubação mais apropriada, durante o primeiro e o
segundo ano é importante fazer o coroamento das plantas para evitar a competição
com as ervas daninhas, plantas com crescimento normal atingem cerca de 2 metros
no primeiro ano (LAMPRECHT, 1990).
O mogno suporta bem as condições normais de estiagem (cerca de quatro a
seis meses), período no qual a planta paralisa seu crescimento, havendo irrigação
suplementar a espécie emite novas brotações mesmo nos meses mais frios do ano.
Sob condições de sombreamento o crescimento da espécie apresenta reduções em
até 50 % da altura em relação aos plantios a pleno sol, a partir dos oito anos de
idade apresenta crescimento rápido, incrementos em diâmetro e abertura da copa
no período que corresponde ao início da frutificação (YARED e CARPANEZZI,
1981).
2.2 Crescimento de produção
O mogno é clímax tolerante a sombra, apesar de ser considerada uma
espécie heliófita, o mogno tem sido reconhecido como tolerante a moderados níveis
de luz, podendo sobreviver sob o dossel (BRIENZA JÚNIOR e SÁ, 1994 citado por
CARVALHO, 2007). Com isso o crescimento do mogno varia de lento a moderado.
Estima-se uma rotação entre 40 e 60 anos, mas as árvores poderão ser
aproveitadas a partir dos 25 anos, cerca de 22 m de altura e 60 cm a 70 cm de DAP
(CARVALHO, 2007).
4
Segundo Lamprecht (1990), os indivíduos apresentam crescimento rápido,
atingindo 10 m a 12 m de altura, com 10 anos de idade. Nas Filipinas, alcança 1,80
m de altura no primeiro ano, de 15 cm a 20 cm de DAP aos 14 anos, em plantações.
Sob condições ótimas, mudas de mogno podem alcançar 3 m de altura em um ano e
6 m em dois anos, quadro 1.
Quadro 1. Crescimento da Switenia macrophylla em plantios no Brasil.
Local
Brasília, DF
Idade
Espaçamento
Plantas
Altura
Diâmetro
(anos)
(m)
vivas (%)
média (m)
média (cm)
2
4x4
100
3
4,5
Fonte
Embrapa
Florestas
Dois
10
3x2
83,7
7,16
12,2
Vizinhos, PR
Silva e
Reichman
Netto (1990)
Rio
8
2x2
---
10
12
Ledo (1980)
6
4x4
75
4,81
6,1
Embrapa
Formoso, PE
Rolândia,
PR
Florestas
2.3 Características e utilidades da madeira
A madeira do mogno moderadamente densa com massa especifica aparente
de 0,48g.com-3 a 0,85g.com-3 entre 12% a 15% de umidade, fácil de trabalhar que
apresenta variações de acordo com o seu habitat, em terreno seco possui lenho
mais duro e compacto, em local permanentemente úmido lenho macio e menos
ornamentado e na capoeira lenho mais avermelhado e duro. O cerne é castanhoclaro, levemente amarelado, quando recém cortado escurecendo do castanho
uniforme para o castanho mais intenso, possui alburno estreito e bem contrastado,
Grã usualmente direita e ligeiramente irregular, textura media e uniforme, cheiro e
gosto imperceptíveis (LORENZI, 1996; LORENZI, 1999; CARVALHO, 2007).
Apresenta uma durabilidade natural moderada, resistente ao apodrecimento,
aos ataques de cupins, ao fendilhamento e empenamento, mais é justamente esta
durabilidade que a torna impermeável ao tratamento com preservativos, portanto não
deve ser empregada em contato com o solo ou em outras condições favoráveis à
deterioração biológica. É muito utilizada na construção civil, construção naval
(assoalhos, acabamentos e ornamentação de iates luxuosos), instrumentos
científicos de alta precisão, instrumentos musicais, entre outros (RIZZINI, 1971).
5
A madeira desta espécie nobre esta entre as mais procuradas para
exportação, onde seu valor comercial no mercado é de R$ 5 mil por m 3, sendo que a
madeira extraída ilegalmente é vendida por apenas R$ 125 por m3, o que levou a
uma exploração descontrolada que chegou nos últimos 10 anos a 4 milhões de m 3
de mogno nativo (CARVALHO, 2007).
3. CONCLUSÕES
Com a possível compreensão da revisão literária é possível concluir que com
as aplicações adequadas das técnicas silviculturais das espécie (mogno) conseguese obter uma qualidade satisfatória da muda no viveiro e um desenvolvimento
relativo bom em campo, porém sempre tendo precauções quanto a adubaçãoe
doenças. Quanto a madeira se for utilizada de forma sustentável se torna de
extrema importância, pois seus produtos são de alta qualidade.
4. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, J. B. F.; ALBUQUERQUE, J. A. A.; SOUSA, I. L. Germinação de
sementes de mogno (Swietenia macrophylla King.). In: CONGRESSO NACIONAL
DE BOTÂNICA, 50., 1999, Blumenau. Programas e Resumos. Blumenau: Sociedade
Botânica do Brasil / Universidade Regional de Blumenau, 1999. p.184.
CARVALHO, P. E. R.. Espécies Arbóreas Brasileiras. Brasília, DF: Embrapa
Informação Tecnológica, vol.1, 1037 p. 2003.
CARVALHO, P. E. R. Mogno – Swietenia macrophylla. Colombo, PR: Embrapa,
2007. 12p. (Embrapa. Circular técnico, 140).
FARIA, J.; DAVIDE, A.; BOTELHO, J. Comportamento de espécies florestais em
áreas degradadas, com duas adubações de plantio. Revista Cerne, 3 (1): p. 1-20.
1997.
LAMPRECHT, H. Silvicultura nos trópicos. Eschborn: GTZ, 1990. 343 p.
LIMA JUNIOR, M. J. V.; GALVÃO, M. S. Mogno – Swietenia macrophylla King.
2005 – Informativo Técnico Rede de Sementes da Amazônia. Disponível em: <
http://rsa.ufam.edu.br:8080/sementes/especies/pdf/doc8.pdf>. Acesso em: 31 set.
2010.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas
arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa. SP: Ed. Plantarum, v.1.1996.
6
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas
arbóreas nativas do Brasil. 2. Ed. Nova Odessa: Plantarum, v.1, 1999, 352 p.
LOUREIRO, A. A.; SILVA, M. F.; ALENCAR, J. C. Essências madeireiras da
Amazônia. Manaus: INPA, 1979, v. 2, 169 p.
NETO, O. Acidez do solo, crescimento e nutrição mineral de algumas espécies
arbóreas, na fase de muda. Revista Cerne, 5 (2): p. 001-012. 1999.
PAIVA, N.; GOMES, M. Viveiros florestais (cadernos didáticos). 2ª Ed.
Universidade Federal de Viçosa - MG. 69 pp. 2000.
RIBEIRO, J. E. Flora da Reserva Ducke: guia de identificação das plantas
vasculares de uma floresta de terra-firme na Amazônia Central. Instituto
Nacional de Pesquisa da Amazônia. Manaus, AM. 375 pp. 1999.
RIZZINI, C. T. Árvores e madeiras úteis do Brasil: manual de dendrologia
brasileira. São Paulo, SP: Ed. Blücher, 294 p.1971.
TUCCI, C.; PINTO, F. Adubação nitrogenada na produção de mudas de mogno. In:
29º Congresso Brasileiro de Ciências do Solo. Ribeirão Preto. CD-ROM do 29º
CBCS. 2003.
YARED, J. A. G.; CARPANEZZI, A. A. Conversão de capoeira alta da Amazônia
em povoamento de produção madeireira: o método “recrû” e espécies
promissoras. Belém: EMBRAPACPATU, 1981. 27 p. (EMBRAPA-CPATU. Boletim de
Pesquisa, 25).
Download

REVISÃO DE LITERATURA DO CULTIVO E USOS DA MADEIRA